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REVOGAÇÃO PEÇA (1)

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EXCELENTÍSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 2º VARA DA COMARCA DE PARNAÍBA - PI
JOSÉ RIBAMAR DOS ANJOS, brasileiro, solteiro, marinheiro, residente e domiciliado na Rua do Mar, 1313, Luis Correia – PI, RG nº 31345 – MD-PI, por intermédio de seu advogado infra-assinado (procuração anexa), com escritório na Rua das Orquídeas, nº 28, onde recebe intimações e notificações, requerer 
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA
com fulcro no Art. 316 et seq. do CPP, pelo que passa a expor seus substratos fáticos e jurídicos a seguir delineados:
I - SINOPSE FÁTICA:
Consta do inquérito policial que o ora acusado teria supostamente furtado uma motocicleta, marca Honda Titan 250cc, placa ABC 1230-PI, de propriedade do Sr. MÁRIO MOREIRA LINEU, nas proximidades da praia Pedra do Sal, segundo testemunhas arroladas e ouvidas pela autoridade policial do 1º DP da cidade de Parnaíba – PI. 
Narra ainda que após tomado o depoimento da vítima no I.P., foi expedida ordem para que fosse realizada a condução coercitiva do investigado, que prontamente confessou a autoria do suposto delito, onde alegou: “QUE é vizinho de MÁRIO e que pretendia devolver o veículo ao seu proprietário, sendo, nessa ocasião, indiciado pela autoridade policial como sendo autor do crime de furto”
Houve a devolução do bem por parte do indiciado, e ocorreu a devida restituição do bem à vítima, lavrando-se o competente auto.
O inquérito policial foi concluído e remetido a 2ª Vara da Comarca de Parnaíba(distribuído sob o nº 2134.33.2018.01.4000), oportunidade em que o MM Juiz, ao tomar conhecimento do inquérito e a requerimento da própria vítima, decretou a prisão preventiva do acusado. Proferindo o seguinte despacho: 
“Pela análise perfunctória dos autos, vislumbro a necessidade de se decretar a prisão preventiva do investigado, para garantir a instrução criminal. Registre-se, expeça-se o competente mandado de prisão preventiva e cumpra-se”. 
		O mandado de prisão foi cumprido na data 01/04/2018 e até o presente momento o ora acusado José Ribamar está encarcerado na sela do 1º DP da cidade de Parnaíba – PI. 
Da análise da situação processual do acusado temos que se fazem presentes elementos suficientes que dão ensejo ao relaxamento da prisão preventiva decretada, conforme passaremos a expor.
II -DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
II.1 -DA CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES E DA VIOLAÇÃO A INÉRCIA DA JURISDIÇÃO
O Magistrado decretou a prisão preventiva do acusado com fulcro nos pressupostos do art. 312 do CPP, mais especificamente para garantia da ordem pública, bem como para assegurar a aplicação da lei penal, a fim de evitar a prática de outros delitos.
No entanto, no caso da prisão do acusado, cumpre-nos ressaltar as mudanças trazidas pela Lei nº 12.403/11, em relação às medidas cautelares, em especial o art. 282 do CPP, que reafirmou ser a prisão cautelar entendida como medida mais que excepcional, tendo em vista que a sua natureza pode por vezes se assemelhar a uma verdadeira pena condenatória, antecipando efeitos da mais grave das penas (o recolhimento ao cárcere), necessitando, por isso, que seus pressupostos estejam presentes de forma concreta, certa, além de as outras medidas cautelares se mostrarem inadequadas para o caso.
No contexto de tal modificação do texto legal, surge com brilhantismo a lição do Prof. Luiz Flávio Gomes (Prisão e Medidas Cautelares – Comentários à Lei 12.403/2011. 2ª edição, RT, 2011):
“A prisão preventiva não é apenas a ultima ratio. Ela é a extrema ratio da ultima ratio. A regra é a liberdade; a exceção são as cautelares restritivas da liberdade (art. 319, CPP); dentre elas, vem por último, a prisão, por expressa previsão legal.”(grifo nosso).
Diante da fundamentação supracitada, a prisão preventiva do acusado não se sustenta, pois inexistem os pressupostos exigidos pela lei processual penal para a manutenção da custódia cautela do acusado.
Invocamos a magistral lição do professor Hélio Bastos Tornaghi:
“Não há maior negação de justiça do que o juiz mão pesada: ele não vê o que os outros vêem, não tolera, não concede, não suporta. Não encara o réu com imparcialidade, com equilíbrio”. (p. 313-314).
De início, não podemos esquecer o princípio da presunção da inocência esculpido no Texto Maior, que pugna pela absoluta imprescindibilidade de fundamentação da prisão cautelar, em razão de uma inevitável carga de antecipação de culpabilidade.
Cumpre frisar que o objetivo do processo penal e da pena é a readaptação do indivíduo à sociedade, e é exatamente por isso que a Lei Penal eleva à categoria de Direito Público Subjetivo de todo e qualquer acusado, uma vez cumprindo as exigências legais, ter sua liberdade provisória concedida pelo Estado-Juiz para que venha a responder ao processo em liberdade. 
Ora excelência, em matéria penal, a exigência de proporcionalidade deve ser determinada no equilíbrio que deve existir na relação entre crime e pena, ou seja, entre a gravidade do injusto penal e a pena aplicada. O que não se verifica da respeitável decisão.
Ademais, restou evidenciado a expressa violação do art. 311 e 313, I, do CPP, onde se verificou que no caso em apreço o douto juízo decretou a prisão de ofício do ora acusado, em desconformidade com o que preceitua o TRF da terceira região:
 TRF-3 - HABEAS CORPUS HC 35973 SP 0035973-74.2012.4.03.0000 (TRF-3)
Data de publicação: 05/02/2013
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 33 , "CAPUT", C/C. ART. 40 , I , E ART. 35 , "CAPUT", TODOS DA LEI 11.343 /06. PRISÃO PREVENTIVA DE DECRETADA DE OFÍCIO NA FASE POLICIAL. ART. 311 CPP . ALTERAÇÃO PELA LEI N. 12.403 /11. DECRETAÇÃO DE OFÍCIO SOMENTE NO CURSO DA AÇÃO PENAL. ILEGALIDADE A PRISÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. O Juízo da 2ª Vara Federal de Araçatuba/SP decretou de ofício a prisão preventiva do paciente em 09/10/2012, com fundamento no art. 311 do Código de Processo Penal . 2. Segundo alteração introduzida pela Lei n. 12.403 /2011, a prisão preventiva somente pode ser decretada de ofício pelo magistrado no curso da ação penal, vedando-se a decretação da prisão preventiva de ofício durante a fase de investigação policial. 3. Denúncia ofertada pelo Ministério Público Federal somente em 27/12/2012 (fls. 40/47), a prisão cautelar decretada ex officio em 09/10/2012 não possui respaldo legal. 4. Ordem concedida.
II.2 -DA FALTA DE MANIFESTAÇÃO SOBRE A PRISÃO POR PARTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
	É imperioso destacar que nem sequer o Ministério Público, titular da ação penal, manifestou-se pela prisão preventiva. Resultando em prejuízo ao acusado e nulidade dos atos que ensejaram a prisão nos termos do art. 129, I, CF, senão vejamos o que dizem os tribunais superiores em casos semelhantes: 
TJ-DF - Recurso de Agravo RAG 20160020002233 (TJ-DF)
Data de publicação: 12/02/2016
RECURSO DE AGRAVO. INDULTO PLENO. DECRETO PRESIDENCIAL Nº 8.380/2014. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. NULIDADE POR FALTA DE MANIFESTAÇÃO PRÉVIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PROVIMENTO. I – Para a concessão de indulto ao condenado durante a execução da pena, é imprescindível, sob pena de nulidade, a manifestação prévia do Ministério Público e da Defesa, segundo previsão expressa dos artigos 67 e 112, §§ 1º e 2º, da Lei de Execuções Penais e art. 11, § 5º do Decreto nº 8.380/14. II – Recurso provido.
II.3 - DA EXCEPICIONALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA
Desta forma, a Constituição Federal mostra claramente que a prisão antes da condenação é uma exceção, e que a liberdade é a regra.
Ademais, por não haver julgamento de mérito, o paciente é apenas acusado e merece um tratamento que se coadune com o princípio da dignidade da pessoa humana. Logo, não podemos permitir um cumprimento antecipado de pena não aplicada, contrariando, deste modo, as mais elementares garantias fundamentais do ser humano. 
A seguir, jurisprudência que ilustra o entendimento dos tribunais acerca da matéria:
TRF-1: “HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. 
I - A prisão antes da decisão condenatória tem que ser aplicadacomo medida de exceção, apenas em casos extremos, comprovada sua necessidade, sendo regra o acusado defender-se em liberdade.
II - O paciente possui endereço certo, profissão definida e é primário, razão pela qual faz jus à liberdade provisória. 
III - Ordem que se concede.”
(24013 RR 2009.01.00.024013-6, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL CÂNDIDO RIBEIRO, Data de Julgamento: 02/06/2009, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: 26/06/2009 e-DJF1 p.121, (grifos nossos)
Para que seja decretada a prisão preventiva, além dos indícios suficientes de autoria e prova da materialidade do crime, faz-se necessária também à existência dos fundamentos preceituados pelo artigo 312 do CPP, conforme dito alhures.
II .4- DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
Na legislação adjetiva, encontramos, ainda, como fundamento da prisão preventiva, a garantia da futura aplicação da lei penal. Visa, este instituto, manter como certa e livre de empecilhos a possível execução da sentença penal condenatória.
Desta forma, para se decretar a prisão cautelar deve restar demonstrado, inequivocamente, que o acusado pretende se ocultar aos poderes da justiça, devendo haver risco real de fuga do acusado, como ensina Eugênio Pacceli, ao dizer que:
 “semelhante modalidade de prisão há de se fundar em dados concretos da realidade, não podendo revelar-se fruto de mera especulação teórica dos agentes públicos” (In “Curso de Processo Penal”. Belo Horizonte: Del Rey, 2.002. p. 410).
Com base nisso, cabe ressaltar que em nenhum momento resta cabalmente demonstrada no presente processo a intenção do denunciado em escapar dos ônus processuais ou mesmo de dificultar a instrução probatória, visto que este possui endereço fixo e conhecido, no distrito da culpa, podendo ser localizado a qualquer momento para a prática dos atos processuais.
Quanto ao decreto de prisão preventiva e sua correta fundamentação, trazemos o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça:
STJ: PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA. ORDEM DE HABEAS CORPUS CONCEDIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM PARA REVOGAR A CUSTÓDIA CAUTELAR DO RECORRIDO. PRETENSÃO DE REEXAME DA DECISÃO. SÚMULA N.º 7/STJ.
1. A jurisprudência desta Corte tem proclamado que a prisão cautelar é medida de caráter excepcional, devendo ser imposta ou mantida apenas quando atendidas, mediante decisão judicial fundamentada (art. 93, IX, da Constituição Federal), as exigências do art. 312 do Código de Processo Penal.
2. Verifica-se, no caso, que o Magistrado de primeiro grau ateve-se à gravidade abstrata da infração e a meras conjecturas e presunções de que, em liberdade, o recorrido poderá colocar em risco a ordem pública, não se indicando qualquer dado concreto sobre a imprescindibilidade da medida extrema, o que evidencia o constrangimento ilegal, mostrando-se correto o acórdão hostilizado.
(...)
7. Recurso especial a que se nega provimento.”
(REsp 1186696/MT, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 31/08/2010, DJe 27/09/2010)
Como se vê, não há razão para a manutenção de tal medida, uma vez que inocorrentes as hipóteses que autorizam a prisão preventiva do acusado, eis que não há dados concretos de que ele, caso posto em liberdade, venha a ameaçar a ordem pública, como também, se furtará à aplicação da lei penal, caso sejam condenados, tornando-se assim a coação ilegal, nos termos do art. 648, inciso IV do CPP.
Cabendo ressaltar que se trata-se de réu, com residência fixa, marinheiro de profissão e PRIMÁRIO, nos termos da Súmula 444 do colendo Superior Tribunal de Justiça:
“ É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.”
	Por tudo que restou demonstrado, verifica-se TOTAL INOBSERVÂNCIA do art. 93 da Constituição Federal c/c art. 315 do Código de Processo Penal Brasileiro.
III-DO PEDIDO
“EX POSITIS”, diante de todos os argumentos expendidos, REQUER
a Vossa Excelência, que se digne em REVOGAR A PRISÃO PREVENTIVA de JOSÉ RIBAMAR DOS ANJOS com a consequente expedição de ALVARÁ DE SOLTURA, a fim de ser processado e de responder a todos os atos processuais em liberdade, bem como não se ausentar ou mudar de endereço sem prévia comunicação a esse Juízo, sem prejuízo do regular prosseguimento do feito 
 ALTERNATIVAMENTE, a substituição da prisão do Denunciado por medida cautelar menos gravosa, entre as previstas no Art. 319, também do Código de Processo Penal brasileiro, por ser medida da mais salutar Justiça!
Nestes Termos, 
Pede Deferimento
Parnaíba (PI), 02 de Abril de 2017.
Advogado OAB/....
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