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Imaginário Europeu
A concepção de África construída e introduzida na sociedade há séculos é a de um continente fraco, sem futuro nenhum que teve “sorte” graças à ação do povo europeu que tomou a iniciativa de ajudar um povo tão carente em diversos âmbitos. O imaginário de um povo de pele negra, primitivo e selvagem, sem cultura, sem Estado, como diz Oliva (2008) “Idéias como o calor intenso e insuportável, as influências causadas pelo clima nas características físicas das sociedades e a crença que abaixo do Equador somente criaturas animalescas poderiam sobreviver...”, foi se repercutindo pelo mundo através dos europeus, que introduzirão o discurso de que era necessário civilizar aqueles povos que se encontravam em estado de abandono. Este imaginário é reafirmado por Oliva (2008), quando ele apresenta:
Sepultados na barbárie e longe da civilização, desprovidos de religião, submetidos aos “desmandos de chefes tirânicos, selvagens e embrutecidos, boçais, indolentes, dados a embriagues e ao roubo”, a escravidão deveria servir como benção para os africanos.
Uma questão que por vezes foi dita em sala de aula e que tinha em grande parte a mesma resposta “padronizada” de que os africanos eram homens de pele negra que era mais grossa que a pele branca e por isso eram mais resistentes ao sol e ao trabalho duro, logo eles seriam mais aptos ao trabalho braçal intenso. Mas esse não era um motivo plausível para se colonizar um povo, havia muito mais por trás disto. No século XIV, um dos motivos de se colonizar a África foi o seu total conhecimento sobre a agricultura, minérios, cultivos em geral. 
Outra questão intrigante é a visão eurocêntrica de mundo, o posicionamento de vários pensadores clássicos que compõem a base de várias ciências possuem esse mesmo pensamento, nesta perspectiva, de acordo com Barbosa (2008): “Existe uma tendência eurocêntrica recorrente, por exemplo, nas Filosofias da História dos séculos XVIII e XIX, a partir de autores clássicos como Voltaire, Vico, Condorcet, Hegel, Marx e Engels.”, onde afirmam que a África não fazia parte da história do mundo, pois os povos africanos não possuíam a filiação de origem na modernidade europeia e não mereciam ser considerados povos deste mundo. Barbosa (2008), traz uma ideia sobre a África de Hegel: “Dizia o filósofo alemão que, ao se analisar a história da África, não se poderia ali encontrar progressos e movimentos históricos. Sua conhecida conclusão, pois, considerou que a África não faria parte da ‘história do mundo’.”
No entanto, mesmo que a visão eurocêntrica apresente a ideia de África como ausente na história, ela se destaca quando os novos estudos mostram sua dinâmica atividade comercial com o Oriente. Já na antiguidade o mundo mulçumano já buscava estabelecer fortes alianças com a sociedade africana: 
[...] as sociedades africanas mantinham em suas relações internas e externas uma intensa e multidirecionada relação comercial/cultural, comunicando seus vários universos com o do mundo muçulmano do médio oriente e de outras sociedades asiáticas. (Oliva, 2008)
Como foi dito acima em um discurso eurocêntrico, o país era habitado por criaturas animalescas, selvagens e primitivos, que foram totalmente esquecidos por Deus, logo cabia aos europeus salvar aquele povo perdido e abandonado, enviando missões para poder evangelizar, cristianizar e civiliza-los, mas levar somente o cristianismo a eles não era suficiente, eles queriam levar o desenvolvimento para o continente africano. Mudimbe (2013) comenta:
Na sua forma padrão, o processo de conversão que é o caminho para uma ‘vida civilizada’ apresenta-se gradualmente: no nível mais inferior encontramos primitivos ou pagãos; estes, infectados pela ‘vontade de se tornarem ocidentalizados’, catecúmenos; o apogeu do seu desenvolvimento atinge-se quando se tornam cristãos ou ‘evoluídos’, ou seja, indivíduos ocidentalizados.
Essa missão civilizadora parecia muito bela vista da forma que foi apresentada, mas aos poucos os africanos puderam conhecer o real objetivo dos europeus que aos poucos foram enviando exploradores para pôr em prática o plano capitalista que estava por trás de tanta “bondade”. É muito complicado não fazer uma ligação das missões na África como uma forma de interesse, pois os missionários religiosos criaram uma base para um processo de domínio, Mudimbe (2013) em seu texto apresenta essa teoria de dominação europeia: “Os missionários, antecedendo ou seguindo uma bandeira europeia, não apenas ajudaram seu país natal a adquirir novas terras, mas também cumpriram uma missão “divina” ordena pelo Santo Padre, Dominator Dominus.” 
- BARBOSA, Muryatan Santana. Eurocentrismo, História e História da África. Sankofa. Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana. Nº 1 jun/2008.
- OLIVA, Anderson Ribeiro. Da Aethiopia à África: as ideias de África, do medievo europeu à Idade Moderna. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais Outubro/Novembro/Dezembro de 2008. Vol. 5 Ano V nº4.
- MUDIMBE, Valentin Y. III. O Poder do Discurso: o discurso do missionário e a conversão de África. In: A Invenção de África: gnose, filosofia e a ordem do conhecimento. Ramada: Pedago, Março de 2013.

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