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Belo Horizonte, 09/10/2018 HIDROLOGIA Prof. Ana Lúcia Maia ESCOAMENTO SUPERFICIAL SEPARAÇÃO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL 1) MÉTODO DO SCS • Um dos métodos mais simples e mais utilizados para estimar o volume de escoamento superficial resultante de um evento de chuva é o método desenvolvido pelo National Resources Conservatoin Center dos EUA (antigo Soil Conservation Service – SCS). • Simplificação: O Método considera a infiltração proporcional à intensidade de chuva. A parcela da chuva que se transforma em escoamento superficial é chamada chuva efetiva. A equação do Método SCS é expressa da seguinte forma: SIaP IaP Q 2 IaP 0Q IaP SIa 2,0 254 25400 CN S Onde: • Q = escoamento superficial direto, em mm; • P = precipitação, em mm; • S = retenção potencial do solo, em mm; • Ia = perdas iniciais, em mm. • CN = Número de curva ou (Curve Number) e varia de 0 a 100. • O parâmetro CN depende do tipo de solo, condições de uso e ocupação do solo e da umidade antecedente do solo. • O SCS distingue, em seu método, quatro grupos hidrológicos de solos: Grupo A solos arenosos, com baixo teor de argila total (inferior a 8%), sem rochas, sem camada argilosa e nem mesmo densificada até a profundidade de 1,5m. O teor de húmus é muito baixo, não atingindo 1%. Grupo B solos arenosos menos profundos que os do Grupo A e com menor teor de argila total, porém ainda inferior a 15%. No caso de terras roxas este limite pode subir a 20% graças a maior porosidade. Os dois teores de húmus podem subir, respectivamente, a 1,2% e 1,5%. Não pode haver pedras e nem camadas argilosas até 1,5m, mas é quase sempre presente uma camada mais densificada que a camada superficial. Grupo C solos barrentos, com teor de argila de 20 a 30%, mas sem camadas argilosas impermeáveis ou contendo pedras até a profundidade de 1,2m. No caso de terras roxas, estes dois limites máximos podem ser de 40% e 1,5m. Nota-se, a cerca de 60cm de profundidade, camada mais densificada que no Grupo B, mas ainda longe das condições de impermeabilidade. Grupo D solos argilosos (30 a 40% de argila total) e com camada densificada a uns 50cm de profundidade ou solos arenosos como B, mas com camada argilosa quase impermeável ou horizonte de seixos rolados. Tabela 5 - Grupos Hidrológicos de Solos Condição I solos secos: as chuvas nos últimos 5 dias não ultrapassaram 15mm. Condição II situação média na época das cheias: as chuvas nos últimos 5 dias totalizaram entre 15 e 40mm. Condição III solo úmido (próximo da saturação): as chuvas nos últimos 5 dias foram superiores a 40mm e as condições meteorológicas foram desfavoráveis a altas taxas de evaporação. Tabela 6 - Condições de umidade do solo Tabela 6.1 - Condições de umidade II Tabela de conversão da condição de umidade IICN IICN IIICN IICN IICN ICN 13,010 23 058,010 2,4 Tabelas extraídas do livro: Drenagem Urbana - Organizado por Carlos E.M. Tucci - Porto Alegre: ABRH/Editora da UFRGS, 1995. Equações para conversão da condição de umidade EXEMPLO DE APLICAÇÃO Qual é o escoamento superficial (Q) resultante de um evento de precipitação total P=70 mm em uma bacia do tipo B e com cobertura de floretas? • O método racional (1889), é o mais simples dentre todos os modelos hidrológicos que promovem a transformação de uma chuva em escoamento superficial. • Amplamente utilizado no Brasil, Estados Unidos e muitos outros países. • A grande aceitação do método deve-se a sua simplicidade e os resultados satisfatórios obtidos, principalmente em pequenas bacias hidrográficas, ou simplesmente, pequenas superfícies de drenagem. • Em termos práticos, classifica-se como bacias pequenas aquelas menores de 3 km2 ou que tenham tempo de concentração menor que uma hora OBTENÇÃO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL MÉTODO RACIONAL Onde: • Qp = vazão de pico (m 3/s); • C = coeficiente de escoamento; • i = intensidade da chuva (mm/hora); • A = área da bacia (km2) 6,3 AiC Qp A equação pode ser reescrita na forma: AiCQp ..278,0 EQUAÇÃO DO MÉTODO RACIONAL Determinar a vazão máxima em uma área de 2,8 km2 de área de drenagem, sabendo-se que: • 40% da área é de superfície arborizada; • 30% da área esta densamente urbanizada com ruas e calçadas pavimentadas e • 30% de área é de subúrbio com poucas edificações; • Intensidade da chuva: i = 85 mm/h. EXEMPLO APLICAÇÃO DO MÉTODO RACIONAL Tabela 2 – Valores de coeficiente C adotados pela Prefeitura de São Paulo (Wilken, 1978) MÉTODO DO HIDROGRAMA UNITÁRIO • Hidrograma Unitário é o hidrograma resultante de um escoamento superficial de volume unitário (1mm). • É uma ferramenta de transformação de dados de chuva em vazão (Função de Transferência). O conceito é atribuído a Sherman e data de 1932. • Considera que a precipitação efetiva e unitária tem intensidade constante ao longo de sua duração e distribui-se uniformemente sobre toda a área de drenagem. • Com a teoria do hidrograma unitário é possível calcular a resposta da bacia a eventos de chuva diferentes, considerando que a resposta é uma soma das respostas individuais. O método apresenta três Princípios Fundamentais, que são: I) PRINCÍPIO DA CONSTÂNCIA DO TEMPO DE BASE: Para chuvas efetivas de intensidade constante e iguais durações, os tempos de escoamento superficial direto são iguais. 0 2 4 6 8 10 12 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Tempo (h) Vaz ão ( m3/ s) 0 10 20 30 40 50 60 Pre cipi taçã o (m m) Constância do tempo de base II) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE DAS VAZÕES: Duas chuvas de mesma duração, mas com volumes escoados diferentes resultam em hidrograma cujas ordenadas são proporcionais aos correspondentes volumes escoados. Princípio da Proporcionalidade III) PRINCÍPIO DE ADITIVIDADE OU SUPERPOSIÇÃO: Precipitações anteriores não influenciam a distribuição no tempo do escoamento superficial de uma dada chuva. O hidrograma total referente a duas ou mais chuvas efetivas é obtido somando-se as ordenadas de cada um dos hidrogramas em tempos correspondentes. Princípio da Superposição de Hidrogramas HIDROGRAMA UNITÁRIO SINTÉTICO MÉTODO RACIONAL No método racional adota-se um hidrograma em forma de um triângulo isósceles, com as seguintes premissas: • A base do triângulo é igual ao dobro do tempo de concentração: 2tc; • A duração da chuva é igual ao tempo de concentração (tc); • A vazão de pico é dada pela fórmula: AiCQp ..278,0 REFERÊNCIAS • VILLELA, S. Marcondes e MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. SP – McGraw-Hill do Brasil, 1975; • Linskey, Ray Keyers – Engenharia de Recursos Hídricos – tradução e adaptação: Luiz Pastorino. SP – McGraw-Hill do Brasil, Ed da Univ. de SP, 1978; • Notas de aula prof. Antenor Barbosa – UFOP/DECIV • PRUSKI, Fernado F. et all. Escaoemento Superficial – UFV, 2004 • Drenagem Urbana - Organizado por Carlos E.M. Tucci - Porto Alegre: ABRH/Editora da UFRGS, 1995. • Drenagem urbana e controle de enchentes – Aluísio Canholi Pardo. São Paulo: Oficina de Textos, 2005.
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