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NOÇÕES DE Ciências Sociais
- Introdução à Antropologia - Primeiro Bimestre
Prof. Augusto Mugnai
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Antropologia
A Antropologia vem (do grego anthropos, homem e logos, estudo), é a disciplina responsável pela busca do conhecimento do ser humano em sua totalidade como nos coloca Laplantine (2000), ou seja, suas características biológicas e sócio-culturais. Portanto, procura entender o universo psíquico, das representações sociais e simbólicas bem como a relação entre os indivíduos e culturas, suas histórias, linguagens, valores, crenças ou costumes; incluindo a origem, a “evolução” e as ações da humanidade.
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“evolução”
 O uso da expressão "evolução“ pode ser considerada um equívoco para caracterizar processos sociais ou históricos. Essa expressão assumiu uma carga positivada na percepção social. Sendo assim, "evolução" implicaria uma "melhoria ou avanço" no processo estudado.
Entretanto, para poder dizer que há melhora, ou avanços, teríamos de ter um parâmetro de comparação. Algo que fosse universalmente considerado bom. Ou nossa avaliação será simplesmente marcada pela nossa visão de mundo. Como não existe nada, nem nenhum tipo de organização ou arranjo social que possa ser considerado universalmente "bom", não há como avaliar se um grupo ou sociedade "evoluiu".
Como a evolução implica melhora, e não existem parâmetros que possam ser usados para medir essa melhora, conclui-se que a palavra "transformação" ou “mudança” servem melhor para pensarmos as sociedades ao longo do tempo.
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“evolução”
 Assim, realmente existe uma vertente na Antropologia Social e na Arqueologia que é avessa ao termo "evolução", pois sua principal argumentação é que quando você diz que existem grupos evoluídos automaticamente sentencia que existem grupos atrasados, retrógrados, inferiores, o que torna tal argumentação passiva de críticas, pois quando se faz essa relação se anula as condições de vida e adaptação desses grupos, além dos recursos e limitações existentes para suas existências.
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“evolução”
Portanto, conclui-se quanto aos processos sociais e históricos, que a palavra “evolução” se mostra inapropriada, principalmente por dois motivos:
Primeiro, não há parâmetros de evolução em que todas sociedades humanas concordem, isto quer dizer, o que pode ser algo que melhorou para um determinado grupo, pode representar para outro uma piora. Lembram do exemplo da árvore? Mais árvores em um determinado terreno significa para o ecologista uma melhora, já para o capitalista uma piora, pois a construção de um shopping seria algo mais desenvolvido para um olhar do Capital do que mais árvores.
Segundo, a carga e o significado negativo que esta palavra aplicada à sociedades humanas causa, pois classificar uma sociedade melhor ou mais evoluída que outra, é um posicionamento preconceituoso, enfim, etnocêntrico. 
Portanto, deve-se haver certo cuidado com a palavra “evolução” quanto aos processos sociais, culturais e históricos, na biologia é possível falar em evolução, porém nas ciências humanas nunca. 
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Antropologia
O olhar antropológico: traz uma perspectiva qualitativa para uma análise das ações humanas, especialmente através de seus trabalhos de campo, permitindo que se perceba a complexidade do sistema da saúde, por exemplo, e de qualquer outro sistema. O objetivo da Antropologia, em resumo, é o conhecimento mais profundo da natureza humana: a relação do homem com a sociedade e a cultura.
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Antropologia
Uma poderosa ferramenta para a compreensão das ciências da saúde e de outras de acordo com Duarte (2001) – atividade que tem ganhado cada vez mais rápida expansão nos meios acadêmicos nacionais e internacionais, em centros de pesquisa e pós-graduação em mais variadas vertentes teóricas. Realizando um crescente diálogo entre as ciências sociais/antropologia e as ciências da saúde/saúde coletiva no Brasil.
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cultura
O conjunto de características humanas que são inatas, e que se criam e se preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade. Nas ciências humanas, opõe-se por vezes à idéia de natureza, ou de constituição biológica, e está associada a uma capacidade de simbolização considerada própria da vida coletiva e que é a base das interações sociais.
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cultura
A antropologia encara a cultura como o total de padrões aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano. Segundo a definição pioneira, a cultura seria “o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade.”
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cultura
A compreensão da cultura e seu funcionamento é demasiada importância para todos, em todos os aspectos de vida, uma vez que o poder invisível da globalizarão força uma homogeneizarão crescente do mundo. 
Não é coincidência que a palavra “cultura” tenha, em suas raízes latina (pense em cultivo), uma conexão com a terra.
Pense sobre cultura de modo amplo, de forma a incluir uma variedade de comportamentos sociais e padrões como alimentação, “espaço pessoal”, fazer amor, comprimento do cabelos, etc. A cultura é a cola que mantém a sociedade coesa.
Portanto corresponde, neste último sentido, às formas de organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo.
 
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Origem da cultura
No que se refere à origem da cultura, Claude Lévi-Strauss. Esse destacado antropólogo francês considera que a cultura surgiu no momento em que o homem convencionou a primeira regra, a primeira norma. Para Lévi-Strauss, essa seria a proibição do incesto, padrão de comportamento comum a todas as sociedades humanas. Todas elas proíbem a relação sexual de um homem com certas categorias de mulheres (entre nós, a mãe, a filha e a irmã). Mas muitos antropólogos, considera que a passagem do estado animal para o humano ocorreu quando o cérebro do homem foi capaz de gerar símbolos.
Observa-se que há explicações de natureza física e social para a origem de cultura. Algumas delas tendem implícita ou explicitamente a admitir que a cultura apareceu de repente, num dado momento. Um verdadeiro salto da natureza para a humanidade. O que difere da explanação formulada por alguns pensadores católicos, preocupados com a conciliação entre a doutrina e a ciência, segundo a qual o homem adquiriu cultura no momento em que recebeu do Criador uma alma imortal. Mas o conhecimento científico atual está convencido de que o salto da natureza para a cultura foi contínuo e incrivelmente lento. Em outras palavras, a cultura desenvolveu-se simultaneamente com o equipamento fisiológico do homem.
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relativismo
Pode-se afirmar, em resumo, que o relativismo cultural defende que o bem e o mal ou o “certo” e o “errado” são relativos a cada cultura. O "bem" coincide com o que é "socialmente aprovado" numa dada cultura. Esses princípios descrevem convenções sociais e devem ser baseados nas normas, naquilo que rege em determinda sociedade. Diante da extrema diversidade cultural da humanidade, de acordo com Marconi (2001), compreende cada grupo humano, seus valores definidos, suas exclusivas normas de conduta, suas próprias reações psicologicas frente aos fenômenos do cotidiano. Enfim, suas convenções relativas ao bem e mal, moral e amoral, ao belo e feio, ao certo e errado, ao justo e injusto dentre outras. 
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relativismo
Contudo, pode se afirmar que não existem grupos superiores ou inferiores, mas diferentes, isso é uma postura relativista. Um grupo pode ter menor desenvolvimento tecnológico, como por exemplo, índios que vivem em zonas de reservas ambientais comparado aos habitantes de uma grande metropole. Porém, não pode ser classificada como infeiror, pois o avanço tecnológico e nenhum outro fator é parâmetro para definir se um grupo é "superior" ou “inferior”. De acordo com
Rocha (1985), há tantos símbolos no capitalismo quanto há simbologias e metodologias entre os índios do Amazonas, os nativos da Polinésia e os negros da África Equatorial.
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etnocentrismo
Uma vez vendo os outros por detrás dessas lentes e por meio de uma visão de mundo, em outras palavras, pela a “nossa cultura” haverá uma tendência em considerar nossa forma de ver e fazer as coisas como a mais correta, ou mesmo a única correta, e as dos outros, errada. Isso é chamado de etnocentrismo. A postura etnocêntrica fundamenta-se, resumidamente, em tomar o que é nosso como o verdadeiro, e o que é do outro (e o que é o outro) como digno de reprovação, dando assim aos nossos valores um suposto caráter de universalidade (TODOROV, 1993). 
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etnocentrismo
Uma vez estando ao nosso lado todas as verdades e a certezas, se estaria autorizado a interferir, em nome de nossa bondade e piedade, no que é do outro. Partindo desse pressuposto muitas formas de dominação, e mesmo etnocídios, tentaram ser legitimados, como por exemplo, a exterminação de índios na época da colonização européia na América (o etnocentrismo do colonizador e a “cegueira” do colonizado), a escravidão de negros retirados forçadamente da África, os campos de concentração nazistas e outros diversos exemplos.
o etnocentrismo é uma atitude na qual a visão ou avaliação de um determinado grupo social baseia -se nos valores adotados pelo seu grupo, como referência e padrão de valor, sendo uma atitude discriminatória e preconceituosa. Basicamente, encontra-se em tal posicionamento um grupo étnico considerar-se como superior a outro.
Contudo, pode se afirmar que não existem grupos superiores ou inferiores, mas diferentes, isso é uma postura relativista.
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alteridade
O pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos, chama-se alteridade. Assim, como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, a existência do "eu-individual" só é permitida mediante um contato com o outro (a consciência da diversidade cultural e da pluralidade das culturas ).
Dessa forma o ser apenas existe a partir do outro, da visão do outro, o que permite também compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado, partindo tanto do diferente quanto do próprio ser. Para Leitão (2000), é a partir do reconhecimento do outro que se pode, finalmente, entender quem é? sensibilizado que se é pela experiência do contato.
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Olhar antropológico
Portanto, é por meio do olhar antropológico que se transpõem uma postura etnocêntrica (produtora de preconceitos e descriminações), olhando no outro uma lógica que não é superior nem inferior à nossa, o relativismo cultural. Esse princípio foi estabelecido na pesquisa antropológica de Franz Boas nas primeiras décadas do século 20, e mais tarde popularizada pelos seus alunos. O próprio Boas não usou tal termo, que acabou ficando comum entre os atropólogos depois da sua morte.
Vê-se que o estranhamento do olhar diante do outro, é algo que pode-se dizer, que sempre existiu, e ainda persiste. Frente a alguns exemplos abaixo pode-se proporcionar ao aluno uma reflexão crítica sobre a realidade social, capacitando-o a operar os conceitos antropológicos como: relativismo, etnocentrismo, alteridade, cultura e afins.
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Posicionamento etnocêntrico
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atividade
Com base nas duas reportagens, responda: 
1) Identificar nas duas reportagens trechos de etnocentrismo (preconceito e discriminação) e justificá-los. 
2) Quais são as culturas de cada reportagem que estão em “choque”?
3) Qual seria o problema de se levar a “sério” o relativismo cultural?
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Referências Bibliográficas
BENEDICT, Ruth. O crisântemo e a espada. São Paulo: Perspectiva, 1997.
BERGER, Peter. Perspectiva Sociológica. Petrópolis: Vozes, 1978.
DA MATTA, R. Relativizando: Uma Introdução à Antropologia Social. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC. 1989.
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2000.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura, um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1996. 
 MARCONI, Marina de Andrade. Antropologia: uma introdução. São paulo: Atlas, 2001.
 ROCHA, Everardo. Jogos de Espelhos: Ensaio de Cultura Brasileira. Rio de Janeiro: Mauad Editora, 1996.
 TODOROV, Tzetan. Nós e os Outros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1993.

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