Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sistemas Agrícolas na História da Agricultura e as Relações de Trabalho Expúrias Disciplina: Geografia Agrária Profª Maria Aparecida Tubaldini Agricultura : Atividade recente na história da humanidade • Na maior parte da existência do Homo Sapiens, ele foi nômade e tirou da natureza, através da caça e coleta, os produtos de sua sobrevivência. Em seguida começa a sua sobrevivência através do processo de artificialização do meio natural. Início da Agricultura no mundo e Sistemas Agrícolas • Pelos conhecimentos atuais supõe-se que a primeira atividade agrícola tenha ocorrido na região de Jericó, na Cisjordânia (hoje sob a tutela de Israel), há cerca de 10 mil anos. Elementos que possibilitaram o surgimento da agricultura: Seleção de determinados tipos de alimento para o consumo. A sedentariedade em determinadas regiões onde as condições naturais foram favoráveis ao desenvolvimento de plantas e animais. A princípio em terrenos aluviais. (Oriente médio – Curdistão, Palestina, Síria) A sedentariedade proporcionou a criação de animais Evolução dos instrumentos de trabalho. Os cereais tornam-se cada vez mais base da dieta alimentar do homem, contudo a caça, a pesca e a coleta ainda são fontes importantes de obtenção de alimentos. O consumo de cereais permitiu o crescimento da população, contudo quando a produção não era mais suficiente ocorria a crise do sistema. A solução estava na guerra, disputa entre as tribos, ou as migrações. Com a migração a população se depara com um outro meio natural, a floresta. Sistema Agrário de Floresta Agricultura Itinerante Derrubada da floresta Queimada Semeadura Pousio População – Produção no sistema agrário de Floresta Primeiro ano (cereais – trigo, cevada), (algumas leguminosas-lentilhas) Segundo ano cereal plantado no mesmo lugar – diminuição do rendimento ou a derrubada de uma nova área de mata. Terceiro ano – fertilidade do solo é muito baixa – uso de espécies vegetais menos exigentes. Neste sistema é a floresta que supre o solo em matéria orgânica. Após dois ou três anos de cultura sucessivas é necessário um longo período de pousio. (38 anos) • A distância de uma comunidade a outra é determinada pelo seu raio de atividade. (10 Km) • Para 1ha de floresta derrubada tem-se 0,5ha de terra cultivada Produção de cereais 500kg/ha. 200000kg de cereais por ano – alimento para 1000 pessoas. (o sistema está em equilíbrio) • Quanto maior população maior a área a ser derrubada, menor o ciclo cultural, menor a produtividade. • Colapso de Produtividade qual a Solução? • a)Migração parcial • b) Desenvolvimento de atividades agrícolas menores ao redor da comunidade • c) Aumento da área de desmate • D) Desmate de estratos até então não explorados Consequências Ambientais do Sistema de Floresta A paisagem florestal desapareceu – em seu lugar surge uma paisagem descoberta e um tapete herbáceo numa rotação de cultura de curta duração (5 anos). A agricultura num ecossistema da savana / com pouca biomassa se faz: a)Queima das pequenas árvores, arbustos e ervas. A biomassa mineralizada pelo fogo é pequena. b) Camada superficial do solo cheio de raízes. Rendimento das culturas inferior ao de floresta. Onde a floresta desaparece: Desertificação (Saara, Ásia, oriente Médio) A estepe e o deserto conseqüência em maior ou menor grau do desmatamento Surgimento de sistemas de irrigação (Mesopotânea, Pérsia) Sistema Social na Agricultura Itinerante • A Organização do período da agricultura itinerante era basicamente uma organização tribal: lideranças patriarcais, famílias ampliadas, formando o "clã." • A posse da terra era baseado no direito de uso, utilizando-se a terra conforme o número de "bocas" da família e de "braços" para o trabalho. Este direito era constantemente revisto conforme o desenvolvimento da família e prolongado até o momento de crescimento ou diminuição da família • O território político era definido pela sua população e definido por uma mesma língua, pelas regras de alianças matrimoniais, etc. • Não existia o sentido da propriedade e o importante era o fruto do trabalho e sua repartição tanto com a família ampliada, com a tribo. A propriedade era comunal. • Assim como os nômades criadores são ligados á propriedade de seu gado, e não as amplas pastagens, as técnicas de agricultura itinerante não demandam mais que alguns anos de controle sobre o campo roçado e plantado. Sistema Agrário de Pousio Associado à Tração Animal Sistema agrário que se deslocou das regiões Mediterrâneas (sul da Europa), como sucessor do Sistema Agrário de Floresta Seu surgimento é decorrente do desenvolvimento de instrumentos de trabalhos para destruir o "tapete herbáceo“ que impedia o plantio no sistema anterior; Surgiu nas sociedades fenícia e cartaginesa, nas cidades estados gregas, na antigüidade greco-romana ( 1000 AC) no Império Romano até a Idade Média ( séc. XIV e XV ), se estendendo pela Europa onde persistiu até a Revolução burguesa e industrial. Em algumas partes da Europa, até o Séc. XIX. O Sistema de Produção : A divisão do espaço em 4 partes (fora da Vila): Sistema de rotação entre cereais e pousio O Sistema bienal (duas folhas) foi utilizado no sul da Europa, onde era possível realizar somente um cultivo anual de cereais. (cereal de inverno – trigo e centeio) O Sistema trienal (três folhas) predominou no centro norte da Europa onde era possível realizar dois cultivos anuais de cereais. (Inverno e verão – trigo, centeio, cevada, aveia) Sistema Agrário com Pousio Associado à Criação e Tração Animal -Período Romano • Este sistema Agrário foi marcado por dois momentos históricos importantes para a humanidade, o período do domínio do Império Romano e o Período do Feudalismo, na Idade Média. • No império romano a propriedade privada se institucionalizou; A propriedade privada adquiriu um caráter sagrado. Cada família possuía um direito inalienável que assegurava sua independência, a terra. Assim, o proprietário poderia fazer o que quiser com a terra (um direito absoluto) • O modo de produção era baseado no trabalho escravo. A repartição das terras era em grandes domínios, sob o controle de um latifundiário (latifúndio na antiga Roma significava um grande domínio privado da aristocracia.), • Ocorreram melhorias de tecnologia mecânica em conjunto com tração animal para manejos de solos argilosos; • Com a falta de solução para a falta de mão-de-obra, a solução adotada foi permitir a um casal a exploração de uma parcela de terra. Para o cultivo da terra o dono fornecia os instrumentos agrícolas, e o casal pagava ao proprietário da terra uma fração de sua produção (a Meia, a Terça) • Este sistema foi definitivamente implantado nos séc. III e IV, O "colonato" constitui o embrião da futura sociedade camponesa, baseada no trabalho familiar. Período Feudal • O Fim do Império Romano, séc. V e VI - desarticulação da economia e das relações de comerciais estabelecidas; • Inicio-se um período de saques e pilhagem da produção agrícola e em troca de segurança, os agricultores se vinculavam a bandos armados. Parte da produção era destinada então para manter um exército; • O responsável pelo bando o "Senhor" subjugava os agricultores e artesões, criando assim,os meios para a sua própria proteção, utilizando-se dos artesões para o fabrico de suas armas e construção de seus castelos; • o uso de uma mesmaterra e seus recursos tinha fins sociais diferentes: aos pobres ficava o direito do uso madeira morta das florestas; aos exploradores agrícolas podiam colocar alguns animais para pastagem; ao Senhor Feudal cabia a madeira de aquecer e a madeira de construção; • A partir do séc. X, a hierarquia feudal estava bem constituída e o poder central (o rei) era cada vez mais poderoso; No séc. XI, às atividades comerciais se intensificam na Europa Ocidental e se instituem novos impostos tanto para vilas, como para os senhores feudais e os camponeses livres. • 1/3 do campesinato era livre, enquanto 2/3 eram "servos" dos senhores feudais. Feudalismo e entrada do Capitalismo na agricultura • A acumulação de capital pelos camponeses livres e a aparição de novas forças produtivas (artesões e comerciantes); surge uma nova classe: a burguesia • "abolição" de seus servos pelos senhores feudais e arrendamentos das terras ou pelo sistema de parceria – meação . • Surge o trabalho agrícola com mão-de-obra assalariada; • Ampliação das terras de arrendamento e subordinação do campesinato • a extensão deste modo de exploração da natureza não podia ultrapassar um limite ecológico determinado que, conjugado ao aumento da população, gerou aumento na demanda de alimentos ao qual o sistema não podia responder: aumento da pobreza, fome e epidemias e doenças (a Peste Negra de 1340) • A insuficiência da produção agrícola é a maior preocupação do século XV ao XVIII • Buscam-se alternativas de produtividade agrícola, no comércio e na industria incipiente – paralelo às grandes descobertas e a expansão colonial; • a crise política do Sistema Feudal incapaz de levar desenvolvimento econômico e social à população juntamente com o sistema agrário de Pousio e Tração Animal fecham um ciclo econômico amplo, deixando rastros sociais para serem resolvidos e encontrar soluções para a questão alimentar. 1º Revolução agrícola Contemporânea: Sistema de produção com utilização das terras de pousio • Surgiu no centro-norte da Europa Séc XVIII, implantando-se como sistema de produção dominante no séc. XIX até as primeiras décadas do séc. XX. • O Pousio foi extinto com a introdução da rotação de culturas com novas variedades de plantas, como leguminosas e/ou tubérculos. • O novo sistema provocou um aumento significativo de forragens p/ os animais, ao mesmo tempo, aumentou a fertilidade do solo através incorpora uma quantidade importante de nitrogênio ao Sistema de Plantio 1 - Cereais (trigo) 2 - Cereal (cevada, centeio,aveia) 3 - Floresta 4 – Leguminosas/turbeculos 5 – Capineira Manejos- diversidade vegetal e animal • A maior contribuição deste momento foi a introdução de leguminosas para nitrogenar os solos e aumentar a produtividade; • Criação de manejo de plantio:1º preparo de solo para suportar2º cereais exigentes –3º fertilização com leguminosas e 4º cereais me nos exigentes - • Foram introduzidas novas máquinas e instrumentos mecânicos de tração animal, em decorrência das manufaturas e artesanatos aumentando consideravelmente a produtividade do trabalho; • Ocorram seleção genética de animais mais produtivos e com mais força de tração; • O crescimento das terras de culturas ocorreu em detrimento das terras comunais; • Em poucos decênios houve uma duplicação e uma diversificação da produção vegetal -oferta de alimentação para as cidades cada vez mais populosas e matéria-prima para as indústrias nascentes; Aspectos negativos do Sistema • foi possível nas explorações agrícolas com mão-de-obra abundante; • onde o sistema feudal era forte - mantendo uma série de regulamentações privilegiando a aristocracia - a primeira revolução agrícola só se implantou após uma série de revoluções sociais; • as revoluções burguesas e industriais do séc. XVIII e IX, que aboliram os antigos direitos de propriedade, entre os quais, a propriedade do solo; • Na Inglaterra os burgueses se aliaram a nobreza contra os camponeses. Os campos comunais e as florestas foram fechadas (cercamentos) e declaradas propriedades privadas da aristocracia rural. Mais tarde as terras de cultura também foram fechadas, dando lugar as pastagens, e os camponeses foram expulsos (aldeias inteiras foram destruídas). Nestes espaços foram criadas ovelhas pela aristocracia, que forneciam lã para as indústrias. • Na França, ao contrario, houve uma aliança do campesinato e a burguesia contra a nobreza e o clero. Todas as terras em poder da nobreza e do clero foram tomadas e distribuídas ao campesinato.. Os camponeses livres das taxas e das obrigações, implantaram os métodos da primeira revolução agrícola, até então proibidas pelas nobreza. A II Revolução Agrícola Contemporânea – A industrialização da agricultura. Indústria Maquinas Implementos Sementes Agrotóxicos Agricultura Produtos vegetais (alimentação / matéria prima Indústria Características da Segunda R. Agrícola – Revolução Verde • a motorização como meio de tração. • os adubos químicos como meio de reprodução da fertilidade. (venenos, herbicidas e veterinários) uso da energia do petroleo • o desenvolvimento dos transportes e da conservação dos produtos agrícolas, possibilitando a transformação industrial dos produtos agrícolas ; • a acentuação da divisão social do trabalho, com a maior separação cidade/campo, e também entre trabalho intelectual e manual; • a melhoria genética das plantas e animais; • a relativa unificação dos mercados nacional e internacional, que permitiu uma maior especialização regional de certas culturas e criações. (monocultura) Impactos negativos da II Revolução Agrícola • a maior dependência da agricultura em relação a indústria. • Maior diferenciação entre as regiões • as explorações e as produções menos rentáveis desapareceram • A industrialização da agricultura provoca o surgimento de sistemas de produção simplificados, especializados – MONOCULTURA. • o espaço agrícola não é mais fundamental para a produção de alimentos, mas traz como conseqüência uma série de problemas ambientais/ecológicos e sociais, que acabam impondo restrições ao uso individual absoluto da propriedade: a necessidade da função social da propriedade. • A Segunda Revolução Agrícola (industrialização do campo) e as mudanças nas relações de produção deu-se de forma diferenciada nos países desenvolvidos.
Compartilhar