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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 2018

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Administração Pública: é a atividade mediante a qual as autoridades públicas tomam providências para a satisfação das necessidades de interesse público.
Ilícito Penal (crime) X
Ilícito Administrativo (falta disciplinar)
A independência entre as Instâncias Penal e administrativa é relativa, não absoluta.
O Funcionário público está sujeito às seguintes responsabilidades: administrativa, penal e civil.
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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Conceito de funcionário público, nos termos do art. 327, caput, CP: “Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”.
Esta conceituação é extensiva não somente aos casos previstos no Código Penal, mas em todas as leis penais especiais. Abrange tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo do crime.
Ex.: jurados, mesários de eleições, comissários da infância e juventude etc.
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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Funcionário público por equiparação: art. 327, § 1º, CP: “Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública”.
Estes somente responderão como sujeitos ativos, mas não podem ser considerados funcionários públicos no tocante ao polo passivo do delito. Ex.: Não podem ser desacatados tais funcionários por equiparação.
Empregados de empresas privadas permissionárias ou concessionárias, prestadoras de serviços contratadas ou conveniadas, para a execução de atividade típica de Estado, v.g., funcionário da Auto-Ban.
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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 327, § 2º: “A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público”.
O aumento de pena somente incidirá nos crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração em Geral (arts. 312 - 326, CP).
Crimes funcionais: próprios (só o peculato), e impróprios (peculato ou apropriação indébita).
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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CONCURSO DE AGENTES:
Basta que um dos agentes seja funcionário público, e que este fato seja do conhecimento dos demais, que não são funcionários públicos, para que todos respondam pelo mesmo crime.
O art. 30, CP, diz:
“Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.
A expressão “funcionário público” é elementar do tipo penal de peculato, portanto é uma condição de caráter pessoal que se comunica com os demais agentes.
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PECULATO
Peculato = pecus (bois e carneiros que representavam o comércio da época). Peculatus = subtração de coisa pertencente ao Estado.
Peculato deriva do latim pecunia-peculium, com o sentido de riqueza da Administração Pública.
ESPÉCIES DE PECULATO:
Peculato-apropriação (art. 312, 1ª parte, CP);
Peculato-desvio (art. 312, 2ª Parte, CP);
Peculato-furto (art. 312, § 1º, CP);
Peculato culposo (art. 312, § 2º, CP);
Peculato-estelionato (art. 313, CP).
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PECULATO-APROPRIAÇÃO
Art. 312, caput, 1ª parte, CP.
O funcionário tem a posse do bem que adveio em razão do cargo, mas passa a atuar como se fosse dono da coisa.
Podem praticar esta modalidade delituosa:
Motorista oficial em relação ao veículo que dirige;
Carteiro em relação às correspondências;
Funcionário da repartição arrecadadora em relação aos valores sob sua guarda;
Carcereiro que recebe objetos do preso, e dele se apropria.
Trata-se de crime material.
Excluem-se deste crime:
Prefeitos = art. 1º, I, Decreto-lei nº 201/67;
Tutores, curadores, inventariantes, testamenteiros e depositários judiciais = art. 168, § 1º, II, CP;
Administrador judicial da falência que se apodera do bem da massa = art. 173, Lei nº 11.101/05.
*
PECULATO-DESVIO
Art. 312, caput, 2ª parte, CP.
Desviar é alterar a destinação do bem que está em seu poder. O funcionário público emprega o objeto em um fim diverso de sua destinação original, com o intuito de beneficiar-se, ou a terceiro. Trata-se de crime formal.
Exemplos:
Emprestar dinheiro público de que tem a guarda para ajudar amigo;
Pagar alguém com dinheiro público por serviço não prestado à Administração Pública.
Eventual aprovação das contas da Repartição pelo Tribunal de Contas não exclui o crime.
*
PECULATO-FURTO
Art. 312, § 1º, CP.
O funcionário público se vale das facilidades proporcionadas pelo cargo para a prática do delito. Esta conduta é conhecida como peculato impróprio.
Trata-se de crime material.
Podem praticá-lo:
Funcionário que abre o cofre da repartição em que trabalha para se apossar dos valores nele guardados;
O bem do particular somente poderá ser objeto de peculato quando estiver sob a guarda ou custódia da administração, pois caso contrário, o crime praticado pelo servidor será o de furto.
Funcionário que deixar a porta da repartição destrancada, intencionalmente, para que terceiro à noite entre e furte = concurso de pessoas no crime de peculato; Se o funcionário apenas esqueceu a porta destrancada = peculato culposo, e o que furtou (art. 155, CP).
*
PECULATO CULPOSO
Art. 312, § 2º, CP.
Aqui o funcionário age com descuido, falta de atenção ou cautela, com relação à guarda ou vigilância da coisa pública.
Comete o crime o policial que deixar aberta a porta da viatura na via pública, e dela se afasta, deixando-a sem vigilância, e alguém, que passa pelo local, furta seu radiotransmissor. O funcionário responde por peculato culposo, e quem furtou, por furto. 
Agora, se o policial deixou a porta aberta porque estava em perseguição a criminoso, aí não comete crime, pois estaria escudado por uma excludente de ilicitude.
A reparação do dano no peculato culposo pode ocorrer:
ANTES DA SENTENÇA IRRECORRÍVEL = causa extintiva da punibilidade;
DEPOIS DA SENTENÇA IRRECORRÍVEL = causa de diminuição da pena (1/2).
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PECULATO-ESTELIONATO
Art. 313, CP.
Ocorre quando a vítima entrega o bem ao servidor por estar em erro (não provocado pelo agente), pois caso contrário (provocado pelo agente), o crime seria o de estelionato.
Ocorre quando o funcionário público, no exercício das suas funções, recebe dinheiro indevido, e percebendo o erro da vítima, apodera-se da quantia, não a restituindo ao proprietário. 
Exigível que o agente tenha consciência de que o bem lhe fora entregue por engano.
No peculato-estelionato inexiste a modalidade culposa, uma vez que possui o elemento anímico enganar.
Erro difere da ignorância.
Reparação do dano apenas reduz a pena:
Antes de recebida a denúncia = reduz de 1/3 a 2/3 (art. 16, CP); 
Durante a ação = atenuante genérica (art. 65, III, b, CP).
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PECULATO DE USO
Peculato de uso = De acordo com a jurisprudência do País trata-se de fato atípico, mero ilícito administrativo.
Sujeita seu autor às penas da responsabilidade administrativa ou civil.
Classificação doutrinária do peculato: Trata-se de crime próprio; material; instantâneo e plurissubsistente, que admite a tentativa.
Art. 312, § 3º, diz respeito à reparação do dano no peculato culposo:
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Inserção de dados falsos em sistema de informações
Art. 313-A, CP.
Este delito é conhecido por alguns doutrinadores como peculato eletrônico, embora na realidade não o seja.
Trata-se de crime próprio e formal. Somente funcionário autorizado a manipular o sistema informatizado da Administração é quem poderia praticá-lo. Sendo outra pessoa (hacker), o crime será outro (arts. 171, 299, CP).
Tentativa admissível, pois se trata de crime plurissubsistente.
Vantagem indevida: pode ser de qualquer natureza (obtenção de prestígio, ascenção funcional, troca de favores ou sentimento de vingança), e não apenas a de ordem econômica.Se a finalidade for de caráter eleitoral = art. 72, Lei nº 9.504/97 (princ. especialidade), como no caso do servidor que altera a contagem dos votos para favorecer candidato.
Ocorre o crime quando o funcionário: insere ou facilita a inserção de dados falsos; altera ou exclui dados corretos.
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Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações
Art. 313-B, CP.
Neste delito o funcionário altera ou modifica o sistema de informações da Administração, no delito anterior ele altera ou modifica os dados constantes deste sistema.
Trata-se de crime próprio e formal (de mera conduta para alguns doutrinadores).
Admite a tentativa. Inexiste qualquer elemento subjetivo especial do tipo (fim especial de agir).
O Parágrafo único descreve uma causa de aumento de pena de 1/3 à 1/2, quando da alteração ou modificação do sistema advier dano efetivo à Administração Pública. Isto porque, como o crime é formal, ou seja, se consuma independentemente de qualquer resultado gravoso, havendo o dano a pena será exasperada.
Havendo autorização expressa da autoridade competente para alteração do sistema, o autor não cometerá crime.
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Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art. 314, CP.
O delito ocorre quando o funcionário extraviar, sonegar ou inutilizar livro oficial ou qualquer documento de que tem a guarda em razão do cargo. Se ele não for o responsável pela guarda = art. 337, CP. Se quem inutiliza ou deixa de restituir o documento de valor probatório, que haja recebido na qualidade de advogado ou procurador da parte = art. 356, CP.
Trata-se de crime próprio e formal.
Se o fato não constitui crime mais grave: Trata-se de delito subsidiário, pois somente será o autor apenado pelo art. 314, quando o fato não se enquadrar nos arts. 313-A ou 305, CP, que são apenados de forma mais severa. O art. 305, CP, exige elemento subjetivo especial do tipo, enquanto que o art. 314 o elemento subjetivo é genérico.
Nos verbos extraviar e sonegar o crime é permanente. Já, no inutilizar, o crime é instantâneo.
Se o fim estiver ligado ao pagamento de tributos = art. 3º, I, Lei nº 8.137/90.
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Emprego Irregular de Verbas ou Rendas Públicas
Art. 315, CP.
A lei obriga o administrador a agir conforme o que esta previsto em lei, pois se o mesmo utilizar verbas ou rendas públicas, em favor da própria Administração, fora dos limites traçados em lei, incorrerá neste crime. Mas, se o administrador beneficiar-se das rendas públicas, o crime será o de peculato-desvio.
Neste crime há inobservância da destinação dada ao dinheiro público e violação à lei específica.
Trata-se de crime próprio e material, pois o delito somente se consumará com o efetivo desvio da renda pública.
Sendo o autor Prefeito Municipal = art. 1º, III, Decreto-lei nº 201/67.
Se for Presidente da República, do STF, do STJ, TJ etc = haverá concurso com o crime de responsabilidade, sem que haja um bis in idem.
O estado de necessidade para salvar vidas ou em calamidade pública exclui a ilicitude do comportamento.
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CONCUSSÃO
Art. 316, caput, CP.
Trata-se de uma espécie de extorsão praticada pelo funcionário público, com abuso de autoridade contra o particular, que pode ou não ceder à exigência do agente público, em face do temor que o cargo inspira.
Vantagem indevida: não necessariamente econômica (pode ser outra vantagem: uma promoção, uma condecoração; uma fórmula matemática ou química etc.). Não a sexual.
Vantagem devida = abuso autoridade
O verbo exigir é impor, determinar, constranger. Crime é formal.
Esta forma de exigência pode ser: direta (pelo próprio funcionário), ou indireta (por interposta pessoa). Desnecessidade do funcionário estar no exercício efetivo da função pública; basta que seja em razão dela (podendo ele estar em férias, em licença, ou mesmo que ainda não tenha assumido o cargo, mas tenha sido aprovado e nomeado em concurso público). O agente deve gozar do status de servidor público.
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Excesso de Exação
Art. 316, § 1º, CP.
Neste crime a exigência não se volta a vantagem indevida, mas sim, a tributo ou contribuição social, que sabe ou deva saber indevida. Num segundo momento, o agente emprega meio vexatório ou gravoso na cobrança do tributo ou contribuição social devido. Neste segundo momento, a cobrança é devida, mas o meio eleito para tal é gravoso ou vexatório.
Se o agente cometer os dois atos executórios = concurso crimes.
Trata-se de crime próprio, formal e de forma livre.
Sabe = dolo direto; deve saber = dolo indireto (eventual).
As custas e os emolumentos cartoriais cobrados indevidamente caracterizam este delito.
Qualificadora § 2º = Ocorre quando o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos. Este dispositivo nada tem a ver com a concussão, pois relaciona-se com o excesso de exação do § 1º.
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CORRUPÇÃO PASSIVA
Art. 317, CP.
A corrupção sempre foi punida nas legislações antigas. Na lei mosaica o juiz venal era punido com a flagelação; na Grécia e em Roma, com a pena de morte. Na Idade Média com flagelos. Nas Ordenações do Reino, com o confisco de bens, perda do cargo e degredo para a África. Atualmente, no Brasil, a corrupção é punida até mais severamente que a concussão. Pune-se, também, a pessoa que ofereceu a vantagem (art. 333, CP).
Trata-se de crime próprio e formal (material no verbo receber).
Corrupção e improbidade administrativa constituem-se em espécie e gênero do mesmo ilícito.
A vantagem solicitada deve ser indevida, pois se devida, o servidor poderá responder por prevaricação (art. 319, CP).
A vantagem não precisa ser, necessariamente, patrimonial. 
Se o particular ceder à exigência do funcionário não cometerá nenhum crime, pois não se pune os atos de dar ou entregar.
§ 1º = causa de aumento de pena;
§ 2º - figura privilegiada.
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CORRUPÇÃO PASSIVA
Corrupção passiva tributária = art. 3º, II, Lei nº 8.137/90).
Corrupção passiva de testemunha, perito, tradutor ou intérprete judicial = art. 342, § 1º, CP.
Corrupção passiva militar = art. 308, do Código Penal Militar.
Corrupção eleitoral = art. 299, Lei nº 4.737/65.
Corrupção desportiva = arts. 41-C e 41-D, da Lei nº 10.671/03 (Estatuto do Torcedor), com a alteração da Lei nº 12.299/10. 
Gratificações natalinas de pequeno valor, recebidas por servidor, e nada tendo a ver com a prática de ato de ofício = fato atípico.
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FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO
Art. 318, CP.
Neste delito o agente, servidor público, violando dever específico funcional, facilita o contrabando ou descaminho praticados por um extraneus (art. 334, CP).
Trata-se de crime próprio, pois o agente será o servidor encarregado de fiscalizar a entrada e a saída de bens materiais do Brasil, pois caso contrário, ele será co-autor ou partícipe do art. 344, CP.
Trata-se de crime próprio e formal
instantâneo e de forma livre.
A pena será aumentada de 1/3 se o autor do crime ocupar cargo de direção, comissionamento ou assessoramento.
A tentativa somente seria admitida na forma comissiva, pois na forma omissiva a mesma seria inconcebível.
O crime do art. 318, CP, se consuma com a efetiva facilitação por parte do servidor, que age com consciência de estar infringindo dever funcional. Inexiste a forma culposa do crime.
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PREVARICAÇÃO
Art. 319, CP.
A prevaricação existe desde o direito romano, significando o ato de se desviar do caminho correto.
O agente pode praticar o delito de três formas: 1ª) retardando ato de ofício; 2ª) deixando de praticar ato de ofício; 3ª) praticando ato de ofício em desarmonia com a disposição expressa em lei. As duas primeiras são condutas omissivas, e a terceira é comissiva.
Se a inação se dá por força maior = fato atípico. 
Elemento normativo do tipo: indevidamente = é necessário que seja um não fazer contrário à lei.
Trata-se de crime próprio, formal e instantâneo.
Elemento subjetivo especial do tipo = para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.Interesse pessoal = pode ser material, moral ou patrimonial. Entretanto, se o interesse econômico resultou de anterior acordo entre o funcionário e o particular, o crime será de corrupção passiva; havendo a exigência do funcionário = concussão;
O interesse econômico não deve estar ligado à vantagem do particular em troca da omissão funcional. Há interesse do servidor público na obtenção da vantagem, mas sem qualquer intervenção alheia.
Sentimento pessoal = respeito, ódio, amor, amizade, simpatia, subserviência etc.
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Prevaricação Imprópria
Art. 319-A, CP.
Este dispositivo pune o agente público ou Diretor de Penitenciária, que não impedir ao preso o acesso ao aparelho telefônico, de rádio ou similar, com a finalidade de comunicar-se com o mundo externo ou outros presos. 
Trata-se de crime próprio, material, instantâneo e de forma livre.
O uso de aparelho celular por parte do preso configura falta grave = art. 50, VII, LEP. 
Art. 349-A, CP, pune o carcereiro ou agente penitenciário que ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de celular, radiocomunicador ou similar (iPad, notebook, computador etc), em estabelecimento prisional, sem autorização legal.
Se o preso estivesse na posse do chip do celular, ou sua bateria, já caracterizaria o delito. STJ
Sendo o delito de menor potencial ofensivo, o delegado de polícia lavra o TCO e libera o autor do fato.
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Condescendência Criminosa
Art. 320, CP.
Pune-se o servidor público que, por indulgência, deixa de responsabilizar o subordinado que cometeu infração no exercício do cargo, ou quando não levar tal fato ao conhecimento da autoridade competente.
Caso as condutas impróprias não estiverem relacionadas com a função (embriaguez, vício de jogos) = fato atípico a este delito.
Indulgência = brandura, perdão, compaixão, condescendência.
Ex.: Diretor de Penitenciária que deixa de apurar a responsabilidade do agente penitenciário que omitiu-se na fuga de um preso. 
Pune-se somente o superior hierárquico (Mirabete, Masson e Capez); mas também o colega de serviço que não comunicou a fato ocorrido à autoridade competente para a apuração do mesmo (Estefam).
Trata-se de crime próprio, omissivo próprio, de mera conduta e instantâneo.
Se o agente esqueceu de comunicar = fato atípico.
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Advocacia Administrativa
Art. 321, CP.
A conduta punida consiste em o funcionário público advogar ou postular interesse particular de outrem perante a Administração Pública, seja, ou não, no local onde o servidor exerça suas funções.
Trata-se de crime próprio, formal, instantâneo.
O interesse advogado em favor do particular deve ser legítimo, pois se ilegítimo, caracterizará a qualificadora do Parágrafo único.
Não caracteriza crime advogar o servidor em causa própria.
O que é vedado é que o servidor pratique atos de defesa do particular contra o Estado.
A advocacia administrativa pode ser exercida através de petições ou solicitações a colegas.
Causa de aumento de pena do art. 327, § 2º, CP, quando o agente ocupar cargo diretivo.
Não é necessário que o agente seja advogado.
Neste crime o agente valerá de sua condição de amizade e prestígio perante outros funcionários para defender um interesse alheio.
*
Advocacia Administrativa
Concurso de Crimes:
Advocacia administrativa e crimes contra a ordem tributária = funcionário responderá pelo art. 3º, III, Lei nº 8.137/90;
Advocacia administrativa e crimes de licitações = funcionário responderá pelo art. 91, Lei nº 8.666/93;
Advocacia administrativa e corrupção passiva = na corrupção o servidor solicita ou recebe vantagem para deixar de praticar ato de ofício.
Advocacia administrativa e concussão = são crimes distintos.
Na concussão o servidor visa obter vantagem indevida para si ou para outrem, enquanto que na advocacia administrativa, usa sua influência perante a Administração para beneficiar terceiro interessado.
Advocacia administrativa e prevaricação = da AA o servidor não tem a atribuição de praticar o ato administrativo que beneficiará a terceiro interessado, enquanto que na prevaricação ele não pratica ou retarda ato de ofício para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
*
Violência arbitrária
Art. 322, CP.
Este dispositivo foi revogado tacitamente pela Lei de Abuso de Autoridade – Lei nº 4.898/65, em seu art. 3º, alínea i.
É a posição majoritária na doutrina e na jurisprudência. (Mirabete, Fragoso, Damásio, Nucci, Greco, Victor Gonçalves, Capez, Masson, Dirceu Barros etc.)
*
Abandono de função
Art. 323, CP.
A conduta que se pune consiste no funcionário público deixar o cargo público - criado por lei, com denominação própria, em número certo e pago pelo Erário - (excluído o emprego ou função pública), fora dos casos permitidos em lei (férias, autorização do superior, serviço militar, aposentadoria, licença, exoneração etc).
Não se aplica à este dispositivo o conceito de funcionário público por extensão e por equiparação, previsto no art. 327, CP, como é o caso do jurado e mesário de eleições (função e não cargo). 
O delito somente restará configurado com a possibilidade de dano à Administração.
Sem essa possibilidade de dano = falta disciplinar administrativa.
Qualificadoras: §§ 1º e 2º.
Se ocorrerem as duas qualificadoras ao mesmo tempo, ou seja: se o abandono resultar em prejuízo público, e ocorrer em lugar compreendido na faixa de fronteira, aplica-se apenas a qualificadora do § 2º, restando a do § 1º como circunstância judicial desfavorável (art. 59, CP).
É mister que o servidor se afaste do cargo por tempo juridicamente relevante, que é o necessário a colocar em risco a regularidade dos serviços prestados.
Trata-se de crime próprio, omissivo, permanente e formal.
*
Exercício funcional ilegal
Art. 324, CP.
O crime consiste em o agente entrar no exercício das funções públicas antes de cumpridas as exigências legais (posse); ou, quando o funcionário público que tiver sido exonerado, removido, substituído ou suspenso, continuar praticando atos de ofício inerentes ao cargo que ocupava.
A ciência ao servidor deve ser pessoal, não bastando que seja aquela feita pelo Diário Oficial.
Trata-se de crime próprio, formal e instantâneo. Estefam e Masson entendem trata-se de crime de mão própria (não admite co-autoria).
Quando o servidor ainda não tomou posse, embora aprovado em concurso público, mas que já tenha sido nomeado para o cargo, o crime será este do art. 324; mas se ainda não foi nomeado, será usurpação de função pública (art. 328, CP).
Quando o servidor foi exonerado, removido, substituído ou suspenso, ele não mais estará autorizado a continuar no exercício da função pública (exercício ilegal prolongado).
Aposentadoria compulsória aos 70 anos = se o agente continuar no exercício funcional, não cometerá o crime (Mirabete). Para Estefam e Masson o agente comete o crime.
*
Violação de Sigilo funcional
Art. 325, CP.
A conduta proibida consiste em revelar o funcionário público fato que tem ciência em razão do cargo, e que deva permanecer em segredo; ou facilitar o funcionário público a revelação de fato que tenha ciência em razão do cargo, e que deva permanecer em segredo.
Ex.: Professor de banca examinadora de Universidade Federal que, antecipadamente, fornece cópias das questões a algum aluno.
Trata-se de crime próprio, formal e instantâneo.
A pessoa que toma conhecimento do fato revelado não comete o crime.
“Se o fato não constitui crime mais grave” – delito subsidiário:
Segredo de procedimento licitatório = art. 94, Lei nº 8.666/93;
Segredo de segurança nacional = art. 13, Lei nº 7.170/83;
Segredos relativos a energia nuclear = art. 23, Lei nº 6.453/77;
Segredos de instituição financeira = art. 18, Lei nº 7.492/86;
Segredos do mercado imobiliário = art. 27-D, Lei nº 6.385/76).
Segredos de certames públicos = art. 311-A, caput e § 1º, CP.
*
Violação de sigilo de proposta de concorrência
Art. 326, CP.
Este dispositivo foi tacitamente revogado peloart. 94, da Lei nº 8.666/93, haja vista tratar-se de norma penal mais abrangente, que diz:
“Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-la:
Pena – detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa”.
Essa é a posição da doutrina: Estefam, Capez, Dirceu Barros, Mirabete, Damásio, Masson, Nucci etc.
*
Usurpação de função pública
Art. 328, CP – Usurpação de Função Pública
Usurpar é assumir sem ter o direito, é apoderar-se de uma função de forma indevida.
Trata-se de crime comum, formal e instantâneo. É possível que o próprio funcionário cometa o crime?
Necessidade de que o agente pratique algum ato funcional, pois se apenas intitular-se como funcionário público = art. 45, LCP.
Embriaguez e usurpação de função pública: embriaguez completa e acidental exclui o crime (art. 28, II do CP)
Ausência do animus usurpacioni. 
O delito se consuma com a prática, por parte do usurpador, de pelo menos um ato de ofício.
Desnecessária a produção de dano efetivo à Administração.
Caso o agente auferir vantagem patrimonial, social, política etc, responderá por este crime? Sim, pelo paragrafo único que é qualificadora
Funcionário que está suspenso por decisão judicial, e pratica algum ato administrativo, responde por este crime? Não, responde pelo 359
 E se estiver suspenso por decisão administrativa? Falta disciplinar
Poderia haver concurso com o crime de roubo? 
O estelionato e a usurpação de função pública.
*
RESISTÊNCIA
Artigo 329,CP – Resistência
Opor é colocar obstáculo à execução de ato legal.
A resistência pode ser: ativa (emprego de violência ou grave ameaça à pessoa), que caracteriza o crime; ou passiva (ghândica) que não caracteriza o crime.
Havendo emprego de violência contra coisa, o crime será outro.
Embriaguez voluntária ou culposa do agente.
Funcionário tem que ser competente para a realização do ato; e o ato deve ser legal.
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Portanto, será lícita a resistência a ato ilegal, e a prisão ilegal; e a funcionário não competente para a realização da ordem
Trata-se de crime comum, formal (dispensando-se o resultado pretendido pelo agente, que é a não execução do ato legal).
A resistência absorve a desobediência, a ameaça e o desacato, quando num mesmo episódio (posição da jurisprudência dominante). Não absorve as lesões corporais (concurso material de crimes).
*
Resistência
A violência ou a grave ameaça devem ser empregadas pelo agente para evitar a prática do ato funcional legal, no momento em que este se executa, pois se:
Empregadas com o fim de fugir após a prisão ter sido efetuada, o crime será o do art. 352, CP;
Empregadas após a realização do ato, o crime será de lesões corporais ou ameaça.
Havendo emprego de violência ou grave ameaça contra terceiro que esteja auxiliando o funcionário público na execução do ato legal = o agente que efetuou tal emprego responderá pelo art. 329, CP.
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Resistência
A oposição a ação da autoridade judiciária em ação fiscalizatória em Conselho Tutelar = art. 236, ECA (Lei nº 8069/90);
A oposição a ação do Ministério Público nos casos previstos no Estatuto do Idoso = art. 109 da Lei nº 10.741/03.
Estes dois casos serão aplicados se não houver emprego de violência ou grave ameaça ao servidor; se houver emprego de violência ou grave ameaça = art. 329, CP.
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DESOBEDIÊNCIA
Art. 330 – Desobediência
Trata-se de crime comum, formal e instantâneo.
Funcionário público também pode ser sujeito ativo do delito? Sim
A ordem deve ser: legal; emitida por funcionário público competente; revestida das formalidades legais; e endereçada a quem tem o dever legal de cumpri-la.
Se a autoridade estiver impedida de exercer a função?
Da mesma forma se a ordem for presumida? 
Haverá crime quando o agente se vir obrigado a produzir prova contra si mesmo? Não
Cumprimento de busca e apreensão sem mandado?
Sigilos devem ser respeitados? 
Identificação datiloscópica. Lei nº 12.037/09
Embriaguez exclui o crime de desobediência? Não
Testemunha que não comparece em juízo por haver se enganada quanto à data da audiência, comete este crime? Não
Consumação: no momento da ação ou omissão, ou depois de decorrido o prazo fixado pela autoridade, ou lapso suficiente que caracterize o descumprimento da ordem.
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DESOBEDIÊNCIA
Concurso de crimes:
Art. 307, CTB (Lei nº 9.503/97). Violar a suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código. O agente responde apenas pelo CTB, em face do princípio da especialidade;
Art. 100, EI (Lei nº 10.741/03. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa:
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei.
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for parte ou interveniente o idoso. Aplicam-se estes dispositivos, em face do princípio da especialidade;
Agente que desobedece ordem legal para satisfazer pretensão legítima = art. 345, CP;
Agente que é surpreendido exercendo atividade ou profissão da qual estava suspenso por decisão judicial, não comete este crime, mas sim, o art. 359, CP.
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DESACATO
DESACATO é a ofensa que o agente dirige ao funcionário público, que menospreza a função pública por este exercida. A ofensa pode ser:
IN OFFICIO – no exercício da função;
PROPTER OFFICIUM – em razão da função;
EXTRA OFFICIUM – fora da função.
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DESACATO
Art. 331 – Desacato
Trata-se de crime comum, formal e instantâneo.
O funcionário público pode cometer crime desacatando a outro funcionário público?
Se o agente desacatar mais de um funcionário ao mesmo tempo, como será responsabilizado? Único crime
Desacatar nada mais é que humilhar, menosprezar, desacreditar a função pública desempenhada pelo desacatado, e não sua pessoa.
O Advogado e o desacato (art. 7º, § 2º, Lei nº 8.906/94 e ADIN 1.127 - STF)
Exige-se a publicidade da ofensa? não
Críticas genéricas a uma instituição públicas caracterizam o crime?
Censura exaltada sobre atuação do servidor caracteriza o crime?
Imperioso que o funcionário esteja no exercício de suas funções, ou se, ausente delas, o autor a ela se refira.
É indispensável a presença do funcionário no momento do desacato?
Funcionário fora da repartição configura o delito?
E a ofensa por telefone; e-mail, carta, imprensa ou petição.
Embriaguez do sujeito ativo.
E se o funcionário provocar a ofensa?
O desacato absorve vias de fato e lesões corporais?
Pedido de desculpas do ofensor, pode funcionar como excludente do crime? não
Estado de exaltação e nervosismo podem afetar a caracterização do delito? sim
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Tráfico de influência
Art. 332 – Tráfico de influência
Trata-se de crime comum, formal (nos verbos solicitar, exigir e cobrar, não no verbo obter = material) e instantâneo. Tentativa admitida (na forma escrita).
A doutrina chama este crime de “venda de fumaça”.
É alguém que solicita, exige, cobra ou obtém vantagem a pretexto de influenciar em ato praticado por funcionário público. 
Se a vantagem se destina ao func. públ. = corrupção passiva; se a vantagem é para influir em juiz etc = exploração de prestígio.
Haveria punição para a pessoa que pretendeu comprar o prestígio? 
O funcionário público também poderia ser sujeito ativo do crime? 
Pode que o prestígio veiculado venha a ser realizado junto à terceira pessoa que tenha influência sobre o funcionário público?
Caso o agente realmente tiver a influência que diz possuir, e dela se utilizar, cometerá este delito?
Vantagem pode ser de caráter sexual, por exemplo?
Este delito pode concorrer com os crimes de: corrupção passiva (art. 317,CP) e exploração de prestígio (art. 357,CP).Causa de aumento de pena: quando o agente dá a entender que a vantagem é destinada ao funcionário público.
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CORRUPÇÃO ATIVA
Art. 333 – Corrupção ativa
Trata-se de crime comum, formal e instantâneo.
Elemento subjetivo especial do tipo: “para determiná-lo...”
A carteirada de uma autoridade que queira influenciar ato de ofício de funcionário público configura este delito?
Não se trata de delito bilateral com a corrupção passiva.
Neste crime o particular toma a iniciativa de oferecer vantagem ao funcionário público.
Corrupção e voto = art. 299, Código Eleitoral;
Corrupção de testemunha = art. 343, CP.
Embriaguez do agente 
A oferta por sarcasmo o exclui?
Meio executório livre = o agente pode se utilizar de palavras, atos, gestos, escritos etc.
Sujeito ativo pode ser funcionário público? 
A oferta pode ser feita direta ou indiretamente ao servidor, como no caso do agente efetuá-la por interposta pessoa, que seria coautor do delito.
Oferta feita a funcionário (qualquer dos elencados no art. 327 e § 1º, CP).
Se o agente pede para dar um “jeitinho”, ou “quebra galho”, sem nada oferecer comete o crime?
Natureza da vantagem oferecida pode ser patrimonial ou sexual?
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Crimes praticados por particular contra a Administração em geral
Art. 335 – Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
Este dispositivo foi revogado tacitamente pelos arts. 93 e 95, da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações). O artigo referia-se apenas à concorrência, excluídas as demais formas de licitação. Hoje é qualquer procedimento licitatório.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, inclusive o funcionário público encarregado do certame.
Sujeito passivo: Estado, através do responsável pelo processo licitatório.
Havendo violência = concurso material de crimes.
Art. 93 (crime material, admite tentativa); art. 95 (crime formal, não admite tentativa).
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Crimes praticados por particular contra a Administração em geral
Art. 336 – Inutilização de edital ou de sinal
Trata-se de tipo penal misto alternativo e cumulativo.
Este crime viola a integridade dos selos e sinais empregados para a identificação ou encerramento de qualquer objeto.
Trata-se de crime comum, material, instantâneo, de forma livre, e plurissubsistente.
Edital é o ato emanado de autoridade administrativa ou judicial para dar avisos e intimações (edital de citação; edital de casamento e de hasta pública; edital de concurso e concorrência pública). Transcorrido o prazo do edital o crime não subsiste (ex.: edital vencido que não foi retirado)
Selo ou sinal: é a marca utilizada para identificar alguma coisa. Exs.: lacre de cofre, porta de estabelecimento comercial, ou de testamento; de farmácia pela Anvisa etc.
Trata-se de crime comum, material e instantâneo.
Este crime pode concorrer materialmente com outros visados pelo agente: furto ou fraude processual.
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Crimes praticados por particular contra a Administração em geral
Art. 337 – Subtração ou inutilização de livro ou documento
Livro oficial é aquele criado por lei para registrar interesses da administração (livro de registro de fianças; de inquéritos civis e de sentenças); Processo pode ser legislativo, judicial ou administrativo (inquérito policial; ação penal; ação civil pública; comissão parlamentar de inquérito, sindicâncias etc); Documento é todo escrito de natureza pública ou de particular em serviço público (boletim de ocorrência, termo circunstanciado de ocorrência, prova de candidato em concurso público etc).
Se o crime for praticado por qualquer pessoa que haja destruído documento público ou particular destinado à prova penal, com o fim de obter vantagem: art. 305, CP. (crime mais grave)
Se o agente for servidor público, e não for o responsável pela guarda do objeto: art. 314, CP.
Se o agente for advogado: art. 356, CP.
Trata-se de crime comum, material e instantâneo.
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Crimes praticados por particular contra a Administração em geral
O delito a seguir protege o patrimônio da União através da Seguridade Social, que mantém obras assistenciais e demais necessidades públicas.
Todo o aparato do sistema criminal brasileiro (Polícia, Ministério Público e Justiça Criminal) são chamados a obrigar os sujeitos passivos tributários a adimplir suas obrigações. 
Art. 337-A – Sonegação de contribuição previdenciária
Suprimir quer dizer não pagar a contribuição previdenciária.
O sujeito passivo é o Estado, o INSS.
I – folha de pagamento: é o montante total da remuneração que o empregador irá pagar aos trabalhadores colocados a seu serviço.
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Crimes praticados por particular contra a Administração em geral
Empregado: o que presta serviços de natureza não eventual, mediante salário;
Empresário: o titular de firma individual urbana ou rural;
Trabalhador avulso: o trabalhador sem vínculo, como o rural e o estivador; 
Trabalhador autônomo: o que presta serviços sem relação de emprego: médico, dentista, pedreiro, advogado, taxista etc
Equiparado ao autônomo: ministro religioso.
II – O agente que não fizer constar na contabilidade da empresa as quantias que descontou dos segurados ou devidas pelo empregador ou tomador de serviços, estará sonegando.
III – A receita é o faturamento da empresa ou do empregador, é o ganho bruto das vendas de mercadorias e serviços.
Estes casos todos inferem que o crime é próprio, formal e instantâneo.
Competência: Justiça Federal.
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Crimes praticados por particular contra a Administração em geral
Extinção da Punibilidade: § 1º
“Extingue-se a punibilidade se o agente, de forma espontânea, declara e confessa as contribuições, importâncias e valores e presta as informações devidas à Previdência Social, consoante o definido em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal”. 
A doutrina majoritária entende que o benefício deve ser concedido mesmo que tenha iniciado a ação fiscal, podendo ser, inclusive após o recebimento da denúncia ou queixa subsidiária.
Quando a dívida estiver sendo paga de forma parcelada fica suspenso o prazo prescricional bem como a pretensão punitiva do Estado. A extinção da punibilidade ocorre com a quitação integral do débito.
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Crimes praticados por particular contra a Administração em geral
O § 2º refere-se ao perdão judicial (o juiz deixa de aplicar a pena) e ao privilégio (o juiz aplica somente a multa). Aplicada apenas se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que o valor das contribuições sonegadas sejam, nos termos do art. 20, da Lei n. 11.033/04,de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Na escolha do perdão judicial ou privilégio o juiz levará em conta os critérios do art. 59, CP.
 § 3º - Causa de Diminuição da Pena
A diminuição incidirá quando o empregador não for pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassar a R$ 1.510,00. Neste caso o juiz pode reduzir a pena de 1/3 até a ½ ou aplicar apenas a multa.
§ 4º - Trata do valor do § 3º, que será reajustado nas mesmas datas e nos índices do reajuste da previdência social.
 
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 338 – Reingresso de estrangeiro expulso
Estrangeiro é aquele que possui vínculo com outro Estado soberano, e não é considerado brasileiro.
A Expulsão nada mais é que a exclusão do estrangeiro que apresenta indícios sérios de periculosidade ou indesejabilidade no País (atentado contra a segurança nacional; ordem política ou social;tranquilidade/moralidade pública e economia popular) - (art. 65, Lei n. 6.815/80).
Trata-se de crime de mão própria; formal, instantâneo, que admite tentativa.
Competência para processo: Justiça Federal
A última parte da norma sancionatória (“após o cumprimento da pena”) encontra-se revogada pelo art. 67, Lei n. 6.815/80, uma vez que o E.E. admite que nova expulsão seja decretada antes da integral execução da pena.
O que se pune é o ingresso e não a recusa em sair do país.
Estrangeiro deportado ou extraditado que reingressa ao Brasil: não há crime.
*DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 339 – Denunciação caluniosa
No Império Romano a pena do denunciante caluniador era feita através de talião (a mesma pena do crime falsamente imputado). Esta medida foi adotada no Brasil nos Códigos de 1830 e 1890. 
Para que o delito possa ser caracterizado, dois são os requisitos:
Imputação falsa de um crime a alguém, sabendo-o inocente (conduta); e provocar a instauração de investigação ou processo (resultado).
É uma espécie de calúnia levada ao conhecimento do delegado, juiz ou promotor. Sendo apenas calúnia o delito é do art. 138, CP. Acrescida da comunicação à autoridade = denunciação caluniosa.
O agente imputa um crime ao ofendido, sabendo-o inocente (dolo direto).
Sendo crime o fato imputado = art. 339, caput; sendo contravenção = art. 339, § 2º.
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Denunciação Caluniosa
Também respondem as autoridades se souberem que a pessoa é inocente, e mesmo assim determinarem a instauração de procedimentos policiais, judiciais e administrativos.
O agente pode ele próprio levar o fato ao conhecimento do Delegado de Polícia, ou espalhar a notícia, para que terceira pessoa, não ciente da mentira, comunique o fato à Polícia. Pode, ainda, o fato ser comunicado através de denúncia anônima (neste caso aplicar-se-lhe-ia a causa de aumento do § 1º).
Não caracteriza o delito se a denúncia referiu-se a crime acobertado por causa excludente da ilicitude; culpabilidade; escusa absolutória ou extinção da punibilidade.
Pode ocorrer o crime se o agente imputa a alguém fato mais grave que o praticado (roubo, quando era furto). Recaindo a imputação sobre circunstância de crime, não haverá denunciação caluniosa (motivo fútil ou torpe do homicídio).
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Denunciação caluniosa
Procedimentos legais, constitui um numerus clausus:
Investigação Policial: A maior parte da doutrina entende que não necessita ser o inquérito policial instaurado, basta o início das investigações (Hungria, Noronha, Greco, Maluly, Estefam), como é o caso do Termo Circunstanciado de Ocorrência (crime/contravenção).
Processo Judicial: ação penal, mas abrange também a extrapenal, desde que seja também um crime (dano, cheque sem fundos).
Investigação Administrativa:
Instauração de sindicância administrativa ou processo administrativo disciplinar, desde que a falsa imputação envolva um ilícito penal (ex.: abuso de autoridade; corrupção passiva).
Inquérito Civil: é a investigação instaurada pelo MP visando apurar danos efetivos ou potenciais a interesses difusos e coletivos (crime ambiental).
Ação de Improbidade Administrativa: Definida na Lei nº 8.429/92. Mas, deve também configurar crime (peculato).
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Denunciação caluniosa
Réu ou Testemunha que respondendo a perguntas, imputa falsamente um crime a alguém, responderá apenas pelo art. 138, CP (réu), ou art. 342,CP (testemunha), e não por denunciação caluniosa (que exige que o agente dê causa espontânea à investigação ou processo).
Caso o réu, num processo crime, acusar pessoa que sabe inocente como sendo seu co-autor ou partícipe, responderá por denunciação caluniosa. Sua intenção neste caso não é defender-se, mas acusar falsamente a alguém.
Caso alguém delate um inocente, crendo-o culpado (dolo eventual), não comete este crime.
Sendo o dolo subsequente (soube depois que a pessoa era inocente): Não há crime (Estefam). Há crime (Greco).
Trata-se de tipo penal misto alternativo. Crime é material.
A decisão final no processo contra o denunciante deve aguardar o prévio reconhecimento judicial da inocência do denunciado, quando instaurado processo contra este (Hungria, Noronha e Estefam).
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 340 – Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Conduta: Consiste o delito em comunicar à autoridade pública crime ou contravenção que sabe que não ocorreu. (dolo direto)
Resultado: O delegado (ao elaborar o boletim de ocorrência), o juiz e o promotor (ao requisitarem a instauração de inquérito).
Havendo dúvida quanto ao crime: Inexiste o art. 340, que somente pode ser doloso.
Este crime gera um prejuízo presumido a toda a sociedade, uma vez que desvia o sistema judiciário penal para investigar crime ou contravenção inexistente.
A comunicação pode ser escrita ou oral.
Trata-se de crime comum, material, instantâneo, que admite a tentativa.
Inexiste o crime do art. 340, se o agente comunica um delito que tenha sido alcançado pela prescrição, escusa absolutória etc.
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Comunicação Falsa de crime ou Contravenção
Empregado que falsamente comunica um roubo ao dinheiro que transportava, com o fim de impedir que se descubra que dele se apoderara: Responderá pelo art. 168 + 340, CP (conc.material).
Agente que comunica falsamente o furto de seu veículo para receber o prêmio do seguro veicular:
Responderá pelo art. 171, § 2º, V, CP, em concurso material com o art. 340, CP (Noronha, Fragoso, Mirabete e Rios Gonçalves).
Arrependimento Eficaz (art. 15, CP): Admite-se, se logo após a comunicação , e antes de se praticar qualquer ato executório, o sujeito revela a falsidade da infração comunicada. O agente não responderá pelo crime.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 341 – Autoacusação falsa
É a pessoa que se acusa perante a autoridade, de um crime inexistente ou praticado por outrem.
Esta autoincriminação não abrange as figuras contravencionais.
Autoridade: policial, judiciária ou ministerial.
É mister que o fato chegue ao conhecimento da autoridade.
Não sendo autoridade: atípico.
Pode ocorrer quando o sujeito assume a autoria de um crime praticado por terceira pessoa, com o intuito de acobertá-la, desde que o sujeito não tenha participado do crime como coautor ou partícipe.
Trata-se de crime comum, formal, instantâneo e que admite a tentativa, embora de difícil ocorrência (por escrito).
Atribuir a si e a terceiro a prática de um crime inexistente: arts. 339 e 341, em concurso formal.
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Diferenças
Na denunciação caluniosa o agente imputa falsamente um crime ou contravenção a uma terceira pessoa, que sabe ser inocente, dando causa à instauração de investigação ou processo legal.
Na falsa comunicação de crime ou contravenção, a falsidade recai sobre o fato noticiado, 
sem que o mesmo seja atribuído a alguém.
Na autoacusação falsa, por sua vez, o próprio autor da denúncia atribui a si mesmo a prática de um crime inexistente, ou cometido por terceira pessoa.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 342 – Falso testemunho ou falsa perícia
Nas legislações antigas (XII Tábuas e Manu) e durante a Idade Média era conhecido este delito como perjúrio.
As Ordenações Afonsinas e Manuelinas mandavam açoitar e cortar a língua da testemunha falsa. As Filipinas ordenavam a morte e a perda dos bens.
O Código Criminal do Império tinha-o como crime contra a boa ordem e Administração Pública.
Ocorre o delito quando a testemunha, o perito, o contador, o tradutor ou o intérprete deturpa (afirma uma inverdade), contraria (diz não saber o que sabe) ou omite (silencia a respeito do que sabe) a verdade em processo judicial ou administrativo, inquérito policial ou juízo arbitral.
Trata-se de crime de mão própria, formal. Não admite a tentativa.
Trata-se de tipo penal misto alternativo (pois mais de uma conduta leva a crime único).
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FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA
Sedes do falso testemunho:
Processo judicial: penal, civil ou trabalhista (Justiça Federal);
Inquérito Policial: inquérito policial comum e militar;
Processo administrativo: processo administrativo disciplinar, excluído o inquérito civil;
Juízo arbitral: regulamentado pela Lei nº 9.307/96;
Inquérito parlamentar: art. 4º, II, Lei nº 1.579/52.
Recusar-se a testemunhar nada tem a ver com o falso testemunho.
É necessário que o fato falsificado tenha relevância jurídica para a apuração, pois se for irrelevante para o deslinde da causa, considera-se crime impossível por absoluta ineficácia do meio.
Falso é aquilo quenão corresponde à realidade.
Opinião da testemunha não configura o falso testemunho.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
A testemunha pode estar mentindo para não se autoincriminar, o que seria um direito seu. Ex.: Dizer que estava no bar com amigos, quando estava com a amante.
Compromisso da testemunha em dizer a verdade = Não é elementar do tipo. Esta é a posição respeitada da doutrina, que entende não ser necessário o compromisso para a configuração do delito (Hungria, Noronha, Damásio). Existe posição contrária (Fragoso).
É possível o concurso de agentes no crime de falso?
Co-autoria não, somente a participação (crime de mão própria).
Competência para apuração: Justiça Estadual ou Federal. Quando em carta precatória: cabe ao juízo deprecado, onde foi colhido o depoimento, processar o julgar o crime de falso cometido em carta precatória.
Falso testemunho em inquérito policial: Aplica-se a figura do caput.
Testemunha que mente por estar sendo ameaçada de morte: não há falso testemunho.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Retratação: Havendo retratação do agente que falseou a verdade, ocorrerá causa extintiva da punibilidade do mesmo. Entretanto, é necessário que o agente diga a verdade antes da prolatação da sentença do processo em que mentiu ( § 2º ).
Condição para instauração de inquérito policial ou ação penal pelo crime de falso testemunho ou falsa perícia: A ação pode ser imediatamente proposta, mas deve-se aguardar a decisão do processo onde ocorreu o falso, para depois julgar a ação penal que apura o falso testemunho ou perícia.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 343 – Este delito é uma espécie de corrupção ativa em relação à testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, onde o corruptor dá, oferece ou promete dinheiro ou outra vantagem aos mesmos, para que estes deturpem, contrariem ou omitam a verdade.
A forma tentada somente será admitida no verbo dar. Nas demais condutas, quando forem escritas.
Trata-se de crime comum, formal e instantâneo.
Sendo oficial (func. púb.) o perito, contador, tradutor ou intérprete, o crime será o do art. 333, CP.
Inexiste a retratação.
Este delito é uma exceção pluralista à teoria unitária ou monista quanto à culpabilidade do agente.
Corrupto = art. 343, CP
Corrompido = art. 342, § 1º, CP
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 344 – Coação no curso do processo
Consiste no emprego de violência ou grave ameaça contra a autoridade (juiz, promotor, delegado, desembargador), parte (autor, réu, assistente acusação), ou qualquer outra pessoa chamada a intervir (escrevente, jurado, testemunha, perito), visando o favorecimento de interesse próprio ou alheio (de qualquer natureza).
Processo judicial: penal, civil ou trabalhista (Justiça Federal);
Inquérito Policial: inquérito policial comum e militar;
Processo administrativo: processo administrativo disciplinar, excluído o inquérito civil;
Juízo arbitral: dirimir extrajudicialmente as lides relativas a direitos patrimoniais disponíveis, regulamentado pela Lei nº 9.307/96;
Inquérito parlamentar: art. 4º, II, Lei nº 1.579/52. Se for inquérito parlamentar aplicam-se as penas do art. 329, CP.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Trata-se de crime comum, formal, instantâneo, admite a tentativa.
É condição essencial que o autor esteja de alguma forma vinculado ao processo judicial, inquérito policial, processo administrativo ou ao juízo arbitral.
Caracteriza o crime mesmo quando a intimidação seja utilizada pelo agente no caso de uma conduta ilícita da parte que funcionará na decisão do processo (autor que sabe de um crime praticado pelo juiz).
Havendo violência física = concurso material com o art. 129, CP.
As vias de fato são absorvidas pela elementar violência.
Inexistindo inquérito policial ou processo judicial em andamento ou não estando o autor a eles vinculado = o delito será o de ameaça, lesão corporal, homicídio ou vias de fato.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 345 – Exercício arbitrário das próprias razões
O sentido de fazer justiça restringe-se à visão do agente, e não da sociedade ou do Estado.
O crime é comum, formal, instantâneo. Admite tentativa.
Sendo o autor funcionário público, ou se estiver no exercício da função = o crime será abuso de autoridade.
O objetivo deste artigo é proibir que as pessoas invadam a competência exclusiva do Estado na solução de conflitos, seja a pretensão justa ou injusta.
Exemplos: Furto para pagamento de dívida; dano para reaver objeto; extorsão mediante sequestro para vantagem devida etc.
A lei autoriza fazer justiça pelas próprias mãos no caso do esbulho possessório, da legítima defesa, estado de necessidade etc. (“salvo quando a lei o permite”).
Havendo violência: concurso material de crimes.
Ação penal: em regra será a privada, sendo pública quando houver violência física.
Violência contra coisa = ação privada.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 346 – É um subtipo do art. 345
Consiste em tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria (elementar do tipo) que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção.
Sendo a coisa de terceiro o crime será furto ou dano. Sendo a coisa de uso comum = arts.156 ou 163,CP.
Pode haver erro de tipo ou erro de proibição.
Erro de tipo (agente acredita que cessou o direito do possuidor); Erro de proibição (agente julga de boa fé que tem o direito de tirar a coisa que se encontra com terceiro)
A coisa pertencente ao agente estará em poder de terceiro pelos motivos de: penhora, depósito, aluguel etc.
Exemplos: o locador danifica o imóvel para a retirada do locatário; o autor inutiliza a coisa que esteja em poder do depositário judicial etc.
Trata-se de crime próprio, material. Admite tentativa.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 347 – Fraude processual
O crime consiste em introduzir coisa nova na cena de um crime ou fato, que esteja na pendência de processo penal, civil ou administrativo, com o intuito de induzir a erro o juiz ou o perito.
Exemplos: eliminar impressões digitais; limpar manchas de sangue; colocar uma arma ao lado do cadáver; alterar o aspecto físico do autor através de cirurgia plástica etc.
Trata-se de crime comum, formal e instantâneo. Admite tentativa.
Deve existir má-fé do agente, pois boa-fé exclui crime (tirar o enforcado da corda; mulher que se banha após o estupro)
Se o agente utilizar documento alheio; disfarçar a própria assinatura ou mentir sobre sua identidade, o delito será outro (arts. 304, 307 etc). Delito subsidiário.
Não se concebe inovação grosseira, mal realizada, perceptível à vista. Art. 17, CP.
Se o crime for de Trânsito: art. 312, CTB. Arma de Fogo: art. 16, P.ú., II, Lei nº 10.826/03.
Inquérito policial: a inovação pode ocorrer nessa fase.
Distinção entre a fraude processual e o Estelionato: Neste o objetivo é a obtenção de vantagem, naquele é enganar o juiz ou o perito.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 348 – Favorecimento Pessoal.
Consiste em ajudar alguém a fugir ou esconder-se da ação da autoridade pública (delegado, promotor, juiz) que o busca. O advogado pode cometer o crime. 
O crime praticado pelo autor favorecido pode ser consumado ou tentado, doloso ou culposo. Não inclui a contravenção penal (infração penal). Diferença entre favorecimento e participação: favorecimento é auxiliar após a prática do crime, participação é auxiliar antes do seu cometimento.
Trata-se de crime comum, material, instantâneo, possível a tentativa.
Havendo absolvição não poderíamos falar em favorecimento. Não é crime o morador impedir a entrada da polícia à noite, em sua residência, para prender fugitivo. E se o criminoso for menor de 18 anos? Não restará configurado o delito. Se houver excludente de ilicitude do crime anterior, também não restará configurado este delito. 
Figura Privilegiada: quando ao crimenão for imposta pena de reclusão.
Escusa Absolutória: § 2º, quando o prestador do auxílio for pai, filho, esposa ou companheira, ou irmão do criminoso. 
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 349 – Favorecimento Real.
Consiste em ajudar o criminoso, a tornar segura a vantagem do crime, desde que não tenha ocorrido co-autoria ou receptação. É necessário que o agente preste o auxílio depois da prática do crime, sem qualquer comprometimento anterior. Sendo o auxílio prestado antes da prática do crime, o delito será o de receptação ou furto/roubo/apropriação (co-autoria ou partícipe). Neste crime somente se beneficia o criminoso.
Auxílio anterior = crime de receptação , furto, roubo etc.
Auxílio posterior = crime de favorecimento real.
O objeto material deste crime é o proveito do crime (coisa, valor etc).
Este crime somente será punido a título de dolo, pois se houver favorecimento culposo, por não estar prevista a modalidade culposa, o fato será atípico.
Menores de 18 anos não são considerados criminosos.
Trata-se de crime comum, formal e instantâneo.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 349-A – Facilitar o ingresso de celular em estabelecimento prisional.
Consiste em introduzir ou promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional.
Trata-se de crime comum, formal, instantâneo.
O agente pode ser o funcionário da repartição prisional. O chip do aparelho celular já configura o tipo penal (STJ).
Pena: detenção de 3 meses a 1 ano.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 350 – Exercício arbitrário ou abuso de poder
Este dispositivo foi revogado tacitamente pela Lei nº 4.898/65 – Crimes de Abuso de Autoridade.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 351 – Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança
Pessoa legalmente presa: em flagrante, preventivamente, temporariamente, sent. cond. recorrível, ou prisão civil. A pessoa pode estar dentro ou fora do ergástulo. Pessoa submetida a medida de segurança detentiva: seja o inimputável ou o semi-imputável. O preso não responde por este crime, somente a pessoa que o ajudou. 
Resgate de preso: § 1º
Emprego de Violência à pessoa: concurso material (§ 2º)
Crime próprio: § 3º (crime doloso), absorve o art. 317, CP
Crime próprio culposo: § 4º. Inclui-se a custódia de adolescente infrator. 
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 352 – Evasão mediante violência contra a pessoa.
Consiste na fuga, ou tentativa de fuga, do preso (penal, civil ou administrativo) ou do submetido a medida de segurança detentiva, através do uso de violência contra a pessoa (concurso material de crimes).
Inexistindo a violência física o fato não será punido, por inadequação típica. Trata-se de crime de mão própria, material, instantâneo.
Neste crime a pena de tentativa será a mesma do delito consumado. 
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 353 – Arrebatamento de preso.
Arrebatar o preso é tirá-lo com violência do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda, para (fim especial de agir) maltratá-lo.
Trata-se de crime comum, formal e instantâneo, não se exigindo que o preso seja efetivamente maltratado para a consumação do delito (pois é formal).
Indispensável que o preso esteja custodiado ou legalmente guardado. 
Havendo violência física: concurso material de crimes.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 354 – Motim de presos.
Consiste na revolta de presos (no mínimo três – crime de concurso necessário), que vem a perturbar a ordem (tranquilidade) ou a disciplina (regras e preceitos) da prisão. Inexiste este crime em relação aos sujeitos a medida de segurança. A desobediência ghândica (recusa em voltar para as celas) também caracteriza o crime.
Concurso material de crimes, quando houver violência contra pessoas ou coisas.
Trata-se de crime próprio, material, permanente.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 355 – Patrocínio infiel.
Consiste na deslealdade com que o advogado ou procurador de uma parte age em relação à mesma, prejudicando-lhe interesse em juízo (Exs.: fazer acordo lesivo ao cliente; deixar de recorrer; desistir de testemunha imprescindível etc). Pressupõe a existência de um mandato ou nomeação judicial. Ainda que o advogado não receba qualquer remuneração configurará o delito. O advogado deve estar regularmente inscrito na OAB, ou ser estagiário de advocacia ou procurador municipal etc. (art. 3º, Lei nº 8.906/94). O dever profissional está inserto no art. 2º, do Código de Ética e Disciplina da OAB (1995).
Trata-se de crime próprio, material, instantâneo.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 355 – Parágrafo único
PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO.
Consiste o crime em defender, argumentar na mesma causa (não necessariamente no mesmo processo), partes contrárias. Esta defesa pode ser: simultânea (que ocorre ao mesmo tempo) ou sucessiva (que vem logo em seguida).
Trata-se de crime próprio, formal, instantâneo, que admite a tentativa.
O advogado deve possuir a outorga de mandato ou nomeação judicial.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 356 – Sonegação de papel ou objeto de valor probatório.
Consiste o crime em destruir, total ou parcialmente, ou não devolver autos, documentos ou objeto de valor probatório, recebidos na qualidade de advogado ou procurador do interessado. O primeiro verbo é comissivo e material, o segundo é omissivo próprio e formal. Os documentos ou objetos devem ter relevância para a prova. O advogado deve estar regularmente inscrito na OAB; procurador municipal etc, ou ser estagiário de advocacia.
É imprescindível que haja a intimação para a devolução dos documentos. Trata-se de crime próprio, material ou formal, instantâneo.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 357 – Exploração de prestígio.
Consiste em solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade (joias, ouro, títulos etc), a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário da Justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. A pena aumenta-se de um terço se o agente alega ou insinua que o dinheiro também se destinava àquelas pessoas enumeradas no caput.
Trata-se de crime comum, formal (solicitar) ou material (receber), instantâneo.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 358 – Violência ou fraude em arrematação judicial.
Consiste em impedir (material), perturbar (formal) ou fraudar (material) arrematação judicial, por meio de violência (vis corporalis), grave ameaça (vis compulsiva), fraude (engano) ou oferecimento de vantagem (favor, lucro, ganho).
Quando o leilão, concorrência, licitação, for promovido pelo poder público, aplica-se a Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitação).
Havendo violência (concurso material de crimes).
Trata-se de crime comum, material ou formal, instantâneo. 
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 359 – Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito.
Consiste em desempenhar (crime habitual) função (pública ou privada), atividade (médico, engenheiro, advogado), direito (portar arma de fogo), autoridade (poder de mando: prefeito) ou encargo (curador), de que foi suspenso ou privado por decisão judicial.
A suspensão é de caráter temporário, enquanto que a privação é definitivo.
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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
DIFERENÇAS:
Exercer atividade com suspensão judicial = art. 359, CP
Exercer atividade com suspensão administrativa = art. 205, CP
Exercer atividade médica sem ser diplomado = art. 282, CP
Exercer qualquer outra atividade sem habilitação = art. 47, LCP
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CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
Art. 359-A
Art. 359-B
Art. 359-C
Art. 359-D
Art. 359-E
Art. 359-F
Art. 359-G
Art. 359-H
Art. 360 – Ressalvadasas legislações especiais e os crimes militares, revogam-se as disposições em contrário.
Art. 361 – Entrada em vigor deste Código Penal no dia 1º de janeiro de 1942.

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