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P r o f a . M . S c . M a r i a V a l é r i a M e l l o V i e i r a T o n i a z z o 9 - COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO DOS SOLOS - Recalques COMPRESSIBILIDADE Compressibilidade é uma característica de todos os materiais de se deformarem quando submetidos a forças externas (carregamentos). Define-se compressibilidade dos solos como sendo a diminuição do seu volume sob a ação de cargas aplicadas. COMPRESSIBILIDADE O que difere o solo dos outros materiais é que ele é um material natural, com uma estrutura interna que pode ser alterada pelo carregamento, com deslocamento e/ou ruptura de partículas. Portanto, a estrutura do solo confere-lhe um comportamento próprio tensão-deformação, o qual depende do tempo. DEFORMAÇÃO Quando o solo é comprimido pela aplicação de uma carga vertical ele se deforma sobre a ação desta carga. A deformação do solo implica na redução de seus espaços vazios e consequente aproximação das partículas sólidas. RECALQUE A determinação das deformações ocorridas no solo (“recalque”) é fundamental para que se avaliem as consequências nas edificações. COMPRESSIBILIDADE O solo é um material natural complexo, constituído por grãos minerais e matéria orgânica, constituindo uma fase sólida, envolvidos por uma fase líquida (água) e uma terceira fase (ar), a qual preenche parte dos poros dos solos não inteiramente saturados de água. COMPRESSIBILIDADE O acréscimo de carga ocasionará uma variação de volume, a qual pode ser devido à compressão da fase sólida, à compressão da fase fluída ou a drenagem dos fluidos dos vazios do solo. COMPRESSIBILIDADE • Nas areias (solos não-coesivos), devido à sua alta permeabilidade, ocorrerá rapidamente, pois a água drenará facilmente. • Nas argilas (solos coesivos) a saída de água é lenta devido à baixa permeabilidade. Portanto as variações volumétricas (deformações/recalques) dependem do tempo, até que se conduza o solo a um novo estado de equilíbrio, sob as cargas aplicadas. Essas variações volumétricas que ocorrem em solos finos saturados, ao longo do tempo, constituem o processo de adensamento. COMPRESSIBILIDADE Processo de adensamento - solos finos saturados A compressibilidade dos solos advém da grande porcentagem de vazios (e = Vv/Vs) em seu interior, pois os níveis de tensão atuantes na engenharia não são capazes de causar variação de volume significativa nas partículas sólidas. Pode-se dizer que a variação de volume do solo é inteiramente resultante da variação de volume dos vazios. Reduções de volume ocorrem com a alteração da estrutura à medida que esta suporta maiores cargas: quebram-se ligações interpartículas e há distorções. Disto resulta um menor índice de vazios e uma estrutura mais densa. RECALQUES Recalque elástico (ou imediato): devido à deformação elástica de solos saturados e não saturados sem qualquer alteração do teor de umidade. Equações da teoria da elasticidade. Recalque por adensamento primário: alteração volumétrica em solos argilosos saturados pela expulsão da água que ocupa os vazios do solo. Recalque por compressão secundária: observados em solos argilosos saturados como resultado do ajuste de deformações plásticas ou residuais do solo. É uma forma adicional de compressão que ocorre sob tensão efetiva constante. RECALQUES O recalque total pode, então, ser dado como: ΔHT = ΔHe + ΔHa + ΔHcs Sendo, ΔHT: recalque total. ΔHe: recalque elástico. ΔHa: recalque por adensamento primário. ΔHcs: recalque por compressão secundária. Por simplificação, neste curso, chamaremos ΔHa de ΔH. Teoria de adensamento de Terzaghi As hipóteses básicas de Terzaghi são: a) o solo é homogêneo e totalmente saturado; b) as partículas sólidas e a água contida nos vazios do solo são praticamente incompressíveis perante a compressibilidade do solo; c) a compressão (deformação) e o fluxo d’água são unidimensionais (vertical); d) as propriedades do solo permanecem constantes no processo de adensamento (k, mv, cv); e) o fluxo é governado pela lei de Darcy (v = k . i); f) o solo pode ser estudado como elementos infinitesimais, apesar de ser constituído de partículas e vazios; g) o índice de vazios varia linearmente com o aumento da tensão efetiva durante o processo de adensamento. COMPRESSIBILIDADE Recalques por Adensamento O recalque total (ΔH) de uma camada de solo compressível de espessura “H” está relacionado à uma variação do índice de vazios (Δe) COMPRESSIBILIDADE ΔH = deformação ou recalque H = espessura da camada compressível Δe = variação do índice de vazios e0 = índice de vazios inicial Ensaio de adensamento Consiste na compressão do solo contido dentro de um molde que impede qualquer deformação lateral. –simula o comportamento do solo quando ele é comprimido pela ação do peso de novas camadas de solo, construção de aterros ou outras cargas externas. No ensaio deve-se utilizar amostra indeformada ou compactada, conservando os seguintes parâmetros: –o índice de vazios; –a umidade; –a estrutura do solo. Ensaio de adensamento A amostra é moldada dentro de um anel metálico ( 5 a 12 cm de diâmetro) e confinada no topo e na base por pedras porosas que permitem a saída de água. Sobre a pedra superior coloca-se uma placa rígida de aço pela qual aplica-se as cargas. – o anel metálico impede as deformações laterais do corpo de prova, permitindo que ocorra apenas o adensamento vertical. Ensaio de adensamento O carregamento é feito por etapas. Para cada carga aplicada, registra-se a deformação em diversos intervalos de tempo, até a sua estabilização. Ensaio de adensamento O processo de adensamento consiste em: –aplicação da carga com consequente expulsão da água dos poros através das pedras porosas; –medida das deformações geradas através de um extensômetro e da variação da altura ao longo do tempo; –aplicação de um novo acréscimo de carga (geralmente, o dobro da carga anterior), realização de novas leituras ao longo do tempo e assim por diante. Ensaio de adensamento Em qualquer leitura tem-se: e = índice de vazios h = altura do corpo de prova hs = “altura” de sólidos ho = altura inicial do corpo de prova eo = índice de vazios inicial Como resultado do ensaio tem-se pares de valores de carga aplicada versus índice de vazios correspondente à deformação final de cada estágio. COMPRESSIBILIDADE Ensaio de adensamento elemento de solo mantido lateralmente confinado carregado em incrementos, com pressão mantida constante em cada incremento excesso de pressão na água dos poros tenha sido dissipado. medidas de variação da altura da amostra são feitas relação entre a pressão efetiva e o índice de vazios evolução das deformações em função do tempo. Ensaio de adensamento - prensa de adensamento - aplicação e manutenção das cargas verticais especificadas, ao longo do período necessário de tempo - célula de adensamento - conter o corpo de prova que deve proporcionar meio para aplicação de cargas verticais, medida da variação da altura do corpo de prova e sua eventual submersão. - Consiste de uma base rígida, um anel para conter o corpo de prova (anel fixo ou flutuante), pedras porosas e um cabeçote rígido de carregamento. EXECUÇÃO 1. Colocação da célula de adensamento no sistema decarga 2. A seguir, aplica-se uma sequência de cargas ao corpo de prova, sendo cada uma o dobro da anterior Cada carga é mantida normalmente por um período de 24 horas ou até que as deformações estabilizem Para cada carga, são realizadas leituras, no extensômetro, da altura ou variação de altura do corpo de prova, imediatamente antes do carregamento (tempo zero) e, a seguir, nos intervalos de tempo 1/8, 1/4, 1/2, 1, 2, 4, 8, 15, 30 min; 1, 2, 4, 8, e 24h. 3. Na sequência é realizado o descarregamento do corpo de prova em estágios, fazendo leituras no extensômetro. RESULTADOS Os resultados são apresentados na forma de gráfico da altura do corpo de prova ou índice de vazios em função da correspondente tensão efetiva O índice de vazios no final de cada incremento de carga (estágio de carregamento) pode ser calculado a partir das leituras feitas no relógio comparador Da curva e-logs’ podem ser obtidos parâmetros que descrevem o comportamento do solo: Cc (índice de compressão) Cr (índice de recompressão) Ce (índice de expansão) s’ad (tensão de pré-adensamento). Resultados do ensaio de adensamento Curva índice de vazios por logaritmo da tensão efetiva • primeiro trecho - recompressão do solo, até um valor característico de tensão, correspondente à máxima tensão que o solo já sofreu na natureza; • segundo trecho - compressão do corpo de prova sob tensões superiores às tensões máximas por ele já suportadas na natureza, com deformações bem pronunciadas (reta virgem de adensamento); • terceiro trecho - descarregamento, com ligeiras expansões. Tensão de Pré-Adensamento A curva tensão x índice de vazios típica dos solos apresenta dois trechos aproximadamente retos e uma curva suave que os une. A tensão na qual se dá a mudança de comportamento é uma indicação da máxima tensão vertical efetiva que aquela amostra já sofreu no passado, sendo denominada de tensão de pré- adensamento do solo (σ’vm = σ’ad). -Defina o ponto a de maior curvatura ou menor raio (inflexão da curva). -Traçar por a uma linha horizontal ab. -Traçar em a uma linha tangente ac. -Traçar a bissetriz ad do ângulo bâc. -Projete a reta virgem gh para interceptar a linha ad em f. -A abscissa do ponto f é a tensão de pré-adensamento. Processo de Casagrande Processo de Pacheco Silva -Desenhe uma linha horizontal ab que passe pela ordenada do índice de vazios inicial do solo. -Prolongue a reta virgem gh para interceptar a linha ab em c. -Trace uma reta vertical por c que intercepte a curva e-logs’ em d. - Trace uma reta horizontal por d até interceptar o prolongamento da reta virgem cg em f. A abscissa do ponto f corresponde à tensão de pré- adensamento. COMPRESSIBILIDADE Índice de pré-adensamento ou “over consolidation ratio” (OCR) onde σ’vo é a tensão efetiva que age na atualidade sobre o ponto do qual foi retirada a amostra COMPRESSIBILIDADE Solos Normalmente Adensados (NA) σ’v0 = σ’vm OCR = 1,0 Solos Pré-Adensados (PA ou SA) σ’v0 < σ’vm OCR > 1,0 recalques insignificantes trecho quase horizontal da curva índice de vazios x logaritmo da tensão efetiva Solos em Adensamento σ’v0 > σ’vm a argila ainda não terminou de adensar sob efeito de seu próprio peso Condições de adensamento das argilas Solos Normalmente Adensados (NA): σ’vm = σ’v0 ΔH = recalque por adensamento σ’vm = tensão de pré-adensamento Δσ’v = acréscimo de tensão efetiva no centro da camada Cc = índice de compressão Cr = índice de recompressão eo = índice de vazios inicial ΔH = recalque por adensamento σ’vm = tensão de pré-adensamento Δσ’v = acréscimo de tensão efetiva no centro da camada Cc = índice de compressão Cr = índice de recompressão eo = índice de vazios inicial Solos Pré-Adensados (PA) com: σ’vo + Δσ’v > σ’vm e σ’vo < σ’vm ΔH = recalque por adensamento σ’vm = tensão de pré-adensamento Δσ’v = acréscimo de tensão efetiva no centro da camada Cc = índice de compressão Cr = índice de recompressão eo = índice de vazios inicial Solos Pré-Adensados (PA) com: σ’vo + Δσ’v < σ’vm e σ’vo < σ’vm Resultados do ensaio de adensamento Curva índice de vazios por logaritmo da tensão efetiva Parâmetros de adensamento av = coeficiente de compressibilidade mv = coeficiente de variação volumétrica D = módulo de compressão edométrica Dev = deformação volumétrica ' e a v sD D ' m vv sD eD v ' D eD sD 1 v e1 e D eD v1v me1a vm 1 D
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