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DIREITO PENAL II Professor Glauber Ferrari Oliveira glauber.oliveira@aedu.com 1 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA HOMICÍDIO QUALIFICADO: Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. (...) Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo fútil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos 22 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA NATUREZA JURÍDICA: Trata-se de causa especial de majoração de pena. Considerado CRIME HEDIONDO, tanto o consumado como o tentado, nos termos do artigo 1º, I, com redação determinada pela Lei 8.930/94. Progressão de regime – “regime integralmente fechado” – Lei 11.464/07. Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (...) § 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado. § 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. 33 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO HOMICÍDIO QUALIFICADO: INCISO I – Mediante paga ou promessa de recompensa, ou outro motivo torpe: Trata-se de qualificadora SUBJETIVA, pois diz respeito aos motivos que levaram o agente à prática do crime. Torpe é motivo moralmente reprovável, abjeto desprezível, que demonstra a depravação espiritual e suscita a aversão ou repugnância geral. Na PAGA, o recebimento do dinheiro antecede a prática do homicídio, o que não se dá na promessa de recompensa, na qual basta um compromisso futuro de pagamento. 44 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO HOMICÍDIO QUALIFICADO: INCISO II – Motivo Fútil: Também se trata de qualificadora SUBJETIVA, pois diz respeito aos motivos. Fútil significa frívolo, mesquinho, desproporcional, insignificante (simples incidente de trânsito, rompimento de namoro etc.); INCISO III – Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: Trata-se de qualificadora OBJETIVA, pois diz respeito aos MODOS DE EXECUÇÃO do crime de homicídio, os quais demonstram certa perversidade. VENENO: Não há uma conceituação exata do que seja substância venenosa, na medida que certas substâncias, embora não consideradas veneno, tendo em vista a sua inocuidade, são capazes de matar em virtude de certas condições da vítima. (açúcar para diabético) – Necessária perícia média p/ constatar. 55 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO FOGO OU EXPLOSIVO: Trata-se de meio cruel para a prática do homicídio. Conforme as circunstâncias, o fogo poderá caracterizar o meio cruel u que resulte perigo comum. O emprego de EXPLOSIVO, refere-se a substância que atua com detonação ou estrondo; é a matéria capaz de causar rebentação. O meio utilizado é a dinamite ou substância de efeitos análogos. É também meio que resulta perigo comum. ASFIXIA: Consiste na supressão da função respiratória através de estrangulamento, enforcamento, esganadura, afogamento, soterramento ou sufocação da vítima, causando a falta de oxigênio no sangue (asfixia mecânica) 66 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO ASFIXIA: Poderá também ser TÓXICA, que é aquela produzida por gases asfixiantes, como o gás carbônico, por exemplo. TORTURA: Suplício ou tormento, que faz a vítima sofre desnecessariamente antes da morte. É o meio cruel por excelência. Geralmente é FÍSICA (mutilar a vítima), mas também pode ser MORAL, desde que exacerbe o sofrimento da vítima (eliminar pessoa cardíaca provocando-lhes sucessivos traumas morais). MEIO INSIDIOSO: É aquele dissimulado na sua eficiência maléfica. Está presente no homicídio cometido por meio de estratagema, perfídia. Somente será insidioso quando a vítima não tiver qualquer conhecimento de seu emprego. (armadilha, sabotagem de freio de veículo etc.) 77 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO 8 MEIO CRUEL: É o que causa sofrimento desnecessário à vítima ou revela uma brutalidade incomum, em contraste com o mais elementar sentimento de piedade humana (pisoteamento da vítima, desferimento de pontapés etc.) MEIO DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM: É aquele que pode expor a perigo um número indeterminado de pessoas, fazendo periclitar a incolumidade social 8 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO 9 INCISO IV – Traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: Cuida-se de qualificadora OBJETIVA, pois diz respeito ao modo de execução do crime. Neste inciso temos recursos obstativos à defesa do sujeito passivo, que comprometem total ou parcialmente seu potencial defensivo. TRAIÇÃO : homicídio cometido mediante ataque súbito e sorrateiro, atingida a vítima descuidada ou confiante, antes de perceber o gesto criminoso (Nélson Hungria). Traição Material ou física: Informada pelo ataque brusco, de inopino, sem discussão, colhendo a vítima muitas vezes pelas costas; Traição Moral: Existe quebra de confiança entre os sujeitos, como no caso do agente que atraí a vítima a local onde existe um poço. 9 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO 10 EMBOSCADA: É a tocaia. O sujeito ativo aguarda ocultamente a passagem ou chegada da vítima, que se encontra desprevenida, para o fim de atacá-la. É inerente a esse recurso a PREMEDITAÇÃO. DISSIMULAÇÃO: Ocultação do próprio desígnio, o disfarce que esconde o propósito delituoso (Magalhães Noronha). QUALQUER OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO: Fórmula genérica do dispositivo, a qual só compreende hipóteses ASSEMELHADAS aos casos anteriormente arrolados pelo inciso IV. - Ameaças, discussões e desentendimentos anteriores, afastam a SURPRESA e, conseqüentemente a qualificadora. 10 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO 11 Inciso V – Assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Qualificadoras SUBJETIVAS, na medida em que dizem respeito aos motivos determinantes do crime. Ligado ao motivo torpe e naquele inciso poderia estar inclusa, mas o legislador preferiu enquadrá-las como conexão teleológica ou conseqüencial. Conexão Teleológica: Ocorre quando homicídio é cometido a fim de assegurar a execução de outro crime. Matar o marido para estuprar a mulher. O que AGRAVA a pena, na realidade, é o especial fim de assegurar a prática de ouro crime. Não é necessária a concretização do fim visado pelo agente. 11 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO 12 Conexão conseqüencial: quando o homicídio é praticado com a finalidade de: 1 – Assegurar a ocultação do crime – O agente procura evitar que se descubra o CRIME por ele cometido (elimina a prova testemunhal do fato delituoso); 2 – Assegurar a impunidade do crime - Já se sabe que um crime foi cometido, porém, não se sabe QUEM o praticou, e o agente, temendo que alguém o delate ou dele levante suspeitas, acaba por eliminar-lhe a vida. 3 – Assegurar a vantagem de outro crime – Garantir a fruição de vantagem, econômica ou não, advinda da prática de outro crime (matar coautor de furto para obter a vantagem indevida) 12 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO 13 A vantagem pode consistirem: a) Produto do crime – quando está diretamente ligada ao crime (objeto furtado); b) Preço do crime – é a paga ou promessa de recompensa; c) Proveito do crime – toda e qualquer vantagem material ou moral que não seja nem produto nem preço do delito. Tanto na conexão teleológica como na conexão consequencial, o homicídio qualificado e o outro crime praticado não formam um delito complexo como no caso do latrocínio. Na realidade constituem delitos AUTONÔMOS, mas uma ligação que os une, sendo aplicável no caso a regra do concurso material. 13 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO 14 I Art. 121 (...) § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é PRATICADO contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. Trata-se de causa especial de aumento de pena porque está prevista em uma determinada norma da Parte Especial do Código Penal. A sua natureza é OBJETIVA, pois leva em consideração a IDADE da vítima. Cuida-se de causa OBRIGATÓRIA de aumento de pena, devendo o juiz agravá-la sempre que constatar que a vítima é menor de 14 ou maior de 60 anos. 14 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO 15 HOMICÍDIO CULPOSO § 3º Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos. Na conduta culposa, há uma ação voluntária dirigida a uma finalidade LÍCITA, mas, pela quebra do dever de cuidado a todos exigidos, sobrevém um RESULTADO ILÍCITO não querido, cujo risco nem sequer foi assumido. Espera-se do cidadão uma conduta normal que, é aquela ditada pelo senso comum. Se a conduta do agente afastar-se daquela prevista na norma social, haverá quebra do dever de cuidado e, consequentemente, A CULPA. Além da quebra de dever de cuidado, para caracterizar a culpa, necessário que as consequências de sua ação descuidada sejam previsíveis. 15 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO TIPO PENAL ABERTO: O crime de homicídio culposo é um tipo penal aberto em se faz a indicação PURA E SIMPLES da modalidade culposa, sem se fazer menção à conduta típica (embora ela exista) ou ao núcleo do tipo. Art. 18 - Diz-se o crime: (...) Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia A Culpa não está descrita nem especificada, mas apenas prevista genericamente no tipo, isso porque é impossível prever todos os modos em que a culpa pode apresentar-se na produção do resultado morte. 16 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO MODALIDADES DE CULPA: IMPRUDÊNCIA: Violação das regras de conduta ensinadas pela experiência. Atuar sem precaução, precipitado, imponderado. Há sempre um comportamento positivo – culpa in faciendo. Concomitante ação e culpa. (manejar aram carregada, dirigir pela contramão etc.); NEGLIGÊNCIA: Culpa na forma OMISSIVA. Implica pois, a abstenção de um comportamento que era devido. O negligente deixa de tomar, antes de agir, as cautelas que deveria. (deixar arma ao alcance de criança que acaba por se matar...); IMPERÍCIA: Falta de conhecimentos técnicos ou habilitação para o exercício de arte ou profissão. (engenheiro que constrói prédio com material de baixa qualidade que resulta desabamento daquele) 17 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO Art. 121 (...) § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. INOBSERVÂNCIA DE REGRA TECNICA DE PROFISSÃO, ARTE OU OFÍCIO: O agente conhece da regra técnica, porém, deixa de observá-la; SE O AGENTE DEIXA DE PRESTAR SOCORRO IMEDIATO à VÍTIMA: Significa abandonar a vítima a própria sorte. O agente após dar causa ao evento ilícito de forma culposa, omite-se no socorro necessário a evitar que a vítima continue a correr perigo de vida ou de saúde. 18 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO Art. 121 (...) Perdão Judicial § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Causa de extinção da punibilidade aplicável culposa do delito de homicídio. Possui efeito extensivo 19 Material e Aula a partir da bibliografiabásica: CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte especial. V.3. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Disponivel em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547217099/cfi/4!/4/4@0.00:0.00 20
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