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Crimes Contra Pessoa aula I I Homicídio2018 qualificadoras gerais

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DIREITO PENAL II
Professor Glauber Ferrari Oliveira
glauber.oliveira@aedu.com
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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
HOMICÍDIO QUALIFICADO:
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
(...)
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos
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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
NATUREZA JURÍDICA:
Trata-se de causa especial de majoração de pena.
Considerado CRIME HEDIONDO, tanto o consumado como o tentado, nos
termos do artigo 1º, I, com redação determinada pela Lei 8.930/94.
Progressão de regime – “regime integralmente fechado” – Lei 11.464/07.
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
(...)
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente
em regime fechado.
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes
previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos),
se reincidente.
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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO
HOMICÍDIO QUALIFICADO:
INCISO I – Mediante paga ou promessa de recompensa, ou outro motivo
torpe:
Trata-se de qualificadora SUBJETIVA, pois diz respeito aos motivos que
levaram o agente à prática do crime.
Torpe é motivo moralmente reprovável, abjeto desprezível, que demonstra
a depravação espiritual e suscita a aversão ou repugnância geral.
Na PAGA, o recebimento do dinheiro antecede a prática do homicídio, o
que não se dá na promessa de recompensa, na qual basta um
compromisso futuro de pagamento. 44
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO
HOMICÍDIO QUALIFICADO:
INCISO II – Motivo Fútil: Também se trata de qualificadora SUBJETIVA, pois diz
respeito aos motivos. Fútil significa frívolo, mesquinho, desproporcional,
insignificante (simples incidente de trânsito, rompimento de namoro etc.);
INCISO III – Emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: Trata-se de
qualificadora OBJETIVA, pois diz respeito aos MODOS DE EXECUÇÃO do
crime de homicídio, os quais demonstram certa perversidade.
VENENO: Não há uma conceituação exata do que seja substância venenosa, na
medida que certas substâncias, embora não consideradas veneno, tendo em
vista a sua inocuidade, são capazes de matar em virtude de certas condições
da vítima. (açúcar para diabético) – Necessária perícia média p/ constatar.
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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO
FOGO OU EXPLOSIVO: Trata-se de meio cruel para a prática do homicídio.
Conforme as circunstâncias, o fogo poderá caracterizar o meio cruel u que
resulte perigo comum.
O emprego de EXPLOSIVO, refere-se a substância que atua com
detonação ou estrondo; é a matéria capaz de causar rebentação. O meio
utilizado é a dinamite ou substância de efeitos análogos. É também meio
que resulta perigo comum.
ASFIXIA: Consiste na supressão da função respiratória através de
estrangulamento, enforcamento, esganadura, afogamento, soterramento ou
sufocação da vítima, causando a falta de oxigênio no sangue (asfixia
mecânica)
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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO
ASFIXIA: Poderá também ser TÓXICA, que é aquela produzida por gases
asfixiantes, como o gás carbônico, por exemplo.
TORTURA: Suplício ou tormento, que faz a vítima sofre desnecessariamente
antes da morte. É o meio cruel por excelência. Geralmente é FÍSICA (mutilar a
vítima), mas também pode ser MORAL, desde que exacerbe o sofrimento da
vítima (eliminar pessoa cardíaca provocando-lhes sucessivos traumas morais).
MEIO INSIDIOSO: É aquele dissimulado na sua eficiência maléfica. Está
presente no homicídio cometido por meio de estratagema, perfídia. Somente
será insidioso quando a vítima não tiver qualquer conhecimento de seu
emprego. (armadilha, sabotagem de freio de veículo etc.)
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MEIO CRUEL: É o que causa sofrimento desnecessário à vítima ou revela
uma brutalidade incomum, em contraste com o mais elementar sentimento
de piedade humana (pisoteamento da vítima, desferimento de pontapés
etc.)
MEIO DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM: É aquele que pode
expor a perigo um número indeterminado de pessoas, fazendo periclitar a
incolumidade social
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INCISO IV – Traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso
que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: Cuida-se de
qualificadora OBJETIVA, pois diz respeito ao modo de execução do crime.
Neste inciso temos recursos obstativos à defesa do sujeito passivo, que
comprometem total ou parcialmente seu potencial defensivo.
TRAIÇÃO : homicídio cometido mediante ataque súbito e sorrateiro, atingida a
vítima descuidada ou confiante, antes de perceber o gesto criminoso
(Nélson Hungria).
Traição Material ou física: Informada pelo ataque brusco, de
inopino, sem discussão, colhendo a vítima muitas vezes pelas costas;
Traição Moral: Existe quebra de confiança entre os sujeitos, como
no caso do agente que atraí a vítima a local onde existe um poço.
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EMBOSCADA: É a tocaia. O sujeito ativo aguarda ocultamente a passagem ou chegada da
vítima, que se encontra desprevenida, para o fim de atacá-la. É inerente a esse recurso
a PREMEDITAÇÃO.
DISSIMULAÇÃO: Ocultação do próprio desígnio, o disfarce que esconde o propósito
delituoso (Magalhães Noronha).
QUALQUER OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO
OFENDIDO: Fórmula genérica do dispositivo, a qual só compreende hipóteses
ASSEMELHADAS aos casos anteriormente arrolados pelo inciso IV.
- Ameaças, discussões e desentendimentos anteriores, afastam a SURPRESA e,
conseqüentemente a qualificadora.
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Inciso V – Assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime: Qualificadoras SUBJETIVAS, na medida em que dizem
respeito aos motivos determinantes do crime. Ligado ao motivo torpe e
naquele inciso poderia estar inclusa, mas o legislador preferiu enquadrá-las
como conexão teleológica ou conseqüencial.
Conexão Teleológica: Ocorre quando homicídio é cometido a fim
de assegurar a execução de outro crime. Matar o marido para estuprar a
mulher. O que AGRAVA a pena, na realidade, é o especial fim de
assegurar a prática de ouro crime. Não é necessária a concretização do fim
visado pelo agente.
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Conexão conseqüencial: quando o homicídio é praticado com a
finalidade de:
1 – Assegurar a ocultação do crime – O agente procura evitar que se descubra
o CRIME por ele cometido (elimina a prova testemunhal do fato delituoso);
2 – Assegurar a impunidade do crime - Já se sabe que um crime foi cometido,
porém, não se sabe QUEM o praticou, e o agente, temendo que alguém o
delate ou dele levante suspeitas, acaba por eliminar-lhe a vida.
3 – Assegurar a vantagem de outro crime – Garantir a fruição de vantagem,
econômica ou não, advinda da prática de outro crime (matar coautor de
furto para obter a vantagem indevida)
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A vantagem pode consistirem:
a) Produto do crime – quando está diretamente ligada ao crime (objeto
furtado);
b) Preço do crime – é a paga ou promessa de recompensa;
c) Proveito do crime – toda e qualquer vantagem material ou moral que não
seja nem produto nem preço do delito.
Tanto na conexão teleológica como na conexão consequencial, o homicídio
qualificado e o outro crime praticado não formam um delito complexo como
no caso do latrocínio.
Na realidade constituem delitos AUTONÔMOS, mas uma ligação que os
une, sendo aplicável no caso a regra do concurso material. 13
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO
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I
Art. 121 (...)
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é
PRATICADO contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos.
Trata-se de causa especial de aumento de pena porque está prevista em uma
determinada norma da Parte Especial do Código Penal. A sua natureza é
OBJETIVA, pois leva em consideração a IDADE da vítima. Cuida-se de causa
OBRIGATÓRIA de aumento de pena, devendo o juiz agravá-la sempre que
constatar que a vítima é menor de 14 ou maior de 60 anos.
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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO
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HOMICÍDIO CULPOSO
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Na conduta culposa, há uma ação voluntária dirigida a uma finalidade LÍCITA,
mas, pela quebra do dever de cuidado a todos exigidos, sobrevém um
RESULTADO ILÍCITO não querido, cujo risco nem sequer foi assumido.
Espera-se do cidadão uma conduta normal que, é aquela ditada pelo senso
comum. Se a conduta do agente afastar-se daquela prevista na norma social,
haverá quebra do dever de cuidado e, consequentemente, A CULPA.
Além da quebra de dever de cuidado, para caracterizar a culpa, necessário
que as consequências de sua ação descuidada sejam previsíveis.
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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO
TIPO PENAL ABERTO:
O crime de homicídio culposo é um tipo penal aberto em se faz a indicação PURA E
SIMPLES da modalidade culposa, sem se fazer menção à conduta típica (embora
ela exista) ou ao núcleo do tipo.
Art. 18 - Diz-se o crime:
(...)
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia
A Culpa não está descrita nem especificada, mas apenas
prevista genericamente no tipo, isso porque é impossível prever todos os
modos em que a culpa pode apresentar-se na produção do resultado
morte.
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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO
MODALIDADES DE CULPA:
IMPRUDÊNCIA: Violação das regras de conduta ensinadas pela experiência. Atuar sem
precaução, precipitado, imponderado. Há sempre um comportamento positivo –
culpa in faciendo. Concomitante ação e culpa. (manejar aram carregada, dirigir pela
contramão etc.);
NEGLIGÊNCIA: Culpa na forma OMISSIVA. Implica pois, a abstenção de um
comportamento que era devido. O negligente deixa de tomar, antes de agir, as
cautelas que deveria. (deixar arma ao alcance de criança que acaba por se matar...);
IMPERÍCIA: Falta de conhecimentos técnicos ou habilitação para o exercício de arte ou
profissão. (engenheiro que constrói prédio com material de baixa qualidade que
resulta desabamento daquele)
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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO
Art. 121 (...)
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
INOBSERVÂNCIA DE REGRA TECNICA DE PROFISSÃO, ARTE OU OFÍCIO: O agente
conhece da regra técnica, porém, deixa de observá-la;
SE O AGENTE DEIXA DE PRESTAR SOCORRO IMEDIATO à VÍTIMA: Significa
abandonar a vítima a própria sorte. O agente após dar causa ao evento ilícito de
forma culposa, omite-se no socorro necessário a evitar que a vítima continue a
correr perigo de vida ou de saúde. 18
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - HOMICÍDIO
Art. 121
(...)
Perdão Judicial
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena,
se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão
grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Causa de extinção da punibilidade aplicável culposa do delito de
homicídio.
Possui efeito extensivo
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Material e Aula a partir da bibliografiabásica:
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte especial. V.3. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Disponivel em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547217099/cfi/4!/4/4@0.00:0.00
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