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Desafio micologia clinica

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Guia rápido de coleta, processamento e identificação das principais micoses, diferenciação das técnicas laboratoriais de diagnóstico e aplicação.
1. Orientações para coleta: 
 
Na pele é necessário evitar a utilização de hidratantes, desodorantes e perfumes. 
Nas unhas não se deve cortar as unhas, limpar ou pintar com esmalte por exemplo. 
Fazer a retirada do esmalte 2 horas antes da coleta. 
No couro cabeludo não deve fazer a lavagem do cabelo, não fazer uso de creme, óleos e entre outros, pôr no mínimo 3 dias antes do material ser coletado. 
É necessário suspender o uso de medicação tópica por 4 a 5 dias e oral por no mínimo 20 dias antes da coleta de escamas. 
Suspender o uso de antifúngicos tópico ou sistêmico, afim de evitar resultados falso-positivos. 
 
 
2. Realização da coleta: 
 
Na pele: Primeiro é preciso fazer o raspado com a lâmina de vidro, recolher a maior quantidade de fragmentos do tecido nas bordas das lesões. Lesões com presença de pus deve-se limpar utilizando soro fisiológico e colher com swab seco. Lesões vesiculosas deve-se recolher o teto da vesícula, com o uso de agulha descartável, colhendo um raspado no caso de pele com descamação ou swab. Já as manchas por exemplo “pano branco” sem descamação deve-se colher com o uso de uma fita adesiva transparente, colar na mancha e escarificar com a unha, após isso colar a fita durex na lâmina. 
Nas unhas: Raspar locais das unhas com o uso de uma cureta odontológica nas partes frágeis, descoloridas ou distróficas das unhas. Nas unhas com presença de lesão subungueais, fazer a coletar por baixo da unha com uso da cureta odontológica. Nas unhas com lesão inflamatórias deve-se realizar a assepsia usando soro fisiológico, secar com gaze e coletar com swab. 
No couro cabeludo: Fazer raspagem na borda das lesões em casos de áreas de alopecia, fazer a retirada de fios de cabelo com o uso de uma pinça. Na presença de inflamação fazer higienização com soro fisiológico, aguardar enquanto seca e fazer a coleta com swab seco. 
 
3. Processamento da amostra (Pêlos, cabelos, escamas de unha e pele) após a coleta: 
 
No exame direto para a visualização microscópica, uma fração da amostra deve ser clarificada com solução aquosa de KOH 20-40%. Na cultura, a amostra não deve ter passado por nenhum tratamento prévio, dessa maneira o inoculo é feito exatamente na superfície do meio de cultura. 
 
4. Diagnostico laboratorial: 
 
Exame direto em microscópio: Exame microscópico direto com KOH a 20%: permite a visualização morfológica dos fungos, primeiramente coloca-se uma gota de KOH em uma lâmina microscópica e acrescenta-se uma fração da amostra a ser analisada, cobrindo a preparação com uma lamínula para estimular a clarificação, se aquece no bico de bunsey sem deixar ferver a mistura e analisa-se a preparação após 20 minutos no microscópio; O exame direto com coloração Gram: Permite distinguir elementos fúngicos, ou seja, aspectos morfológicos. A amostra é espalhada com movimentos circulares em uma lâmina microscópica fixada com calor e sujeita a coloração; Exame direto com coloração panotica: Usadas para pesquisas de Histoplasma capsulatum, nesta situação é realizado um esfregaço, fixado com mentol e cora-se dependendo do método escolhido, podem ser corados por imprints de tecidos adquiridos por biopsia; Exame direto com tinta nanquim: utilizada para amostras de líquor, urina, secreções ou exsudatos, primeiramente coloca-se uma gota de tinta nanquim e um gota do sedimento da amostra centrifugada sob uma lamina, cobre-se a preparação com a lamínula e analisar no microscópio. 
Exame em cultivo: Isola os microrganismos para posterior identificação. Os materiais processados devem ser semeados na superfície dos meios de cultura com o uso da alça ou pipeta fazendo movimentos em zig-zag, possibilitando a separação de contaminantes da amostra. Os meios utilizados são: Ágar Sabourand com clorafenicol para leveduras e fungos filamentosos, Ágar chromogenico para Candida ssp., Ágar Batata para fungos filamentosos e Água Mycosel seletivo para fungos patógenos. A temperatura de incubação normalmente é de 28 a 30°C. 
 
5. Principais infecções fúngicas de pele, cabelo e unha e seu diagnóstico 
 
Pitiríase versicolor (“pano branco”) 
Micose superficial da pele ou cabelo (pitiríase capitis) sendo ocasionada pelo fungo Malassezia, natural da microbiota humana. O crescimento desse fungo ocorre em decorrência a condições favoráveis como calor e umidade e o hospedeiro também fornece condições para seu crescimento como: desnutrição, uso continuo de hidratantes, sudorese excessiva, pele oleosa, uso de imunossupressores entre outros. Esse fungo invade a pele e causa lesões bem características como machas esbranquiçadas, vermelhas, marrons, pretas podendo ainda levar a perda dos cabelos do couro cabeludo. 
Coleta: Lesão descamativa: fazer raspagem utilizando a lâmina; Lesão não descamativa: Realizar o procedimento com fita adesiva 
Diagnostico: Exame micológico direto: Presença de várias, algumas ou raras hifas hialinas fragmentadas e elementos leveduriformes agrupados, sendo sugestivo de Malassezia spp. 
 
Dermatofitose 
Infecção fúngica causada por dermatofitos, sendo os agentes etiológicos: Microsporum spp, Trichophyton spp e Epidermophyton floccosum, esses fungos se nutrem da queratina, podendo se localizar na pele, unhas e cabelos. A transmissão se dá pelo contato direto com o indivíduo ou animal infectado, ou objetivos contaminados. As infecções são mais comuns em países de clima quente e úmido. Acomote qualquer indivíduo. 
Coleta: Lesão de pele: Raspagem das lesões preferencialmente das bordas; Lesão de couro cabeludo: Raspagem das bordas da lesão e retirar os fios de cabelo; Lesão de unha: Deva-se raspar com o uso da cureta na região de transição entre a lesão e a unha íntegra. 
Diagnostico: Exame microscópico direto: Revela hifas regulares, hialinas, 
septadas, refrigentes, frequentemente artrosporadas; 
Cultura: Ágar Sabourand: fungo dimórfico 
 
Tinha nigra 
Infecção fúngica que ocorre em lugares tropicais e subtropicais, sendo causada pelo fungo Phaeonnellomyces werneckii. Atinge normalmente pessoas do sexo feminino e geralmente não apresenta sintomas, apresentando apenas lesões de coloração marrom ou negra em forma de macula, frequentemente nas mãos e nos pés. 
Coleta: Fazer o raspado da lesão com lâmina de microscopia. 
Diagnostico: Exame micológico direto, possível observar hifas de coloração castanha, septadas e ramificadas de forma irregular ou a forma leveduriforme: leveduras castanhas com um septo central. 
. 
Piedra branca 
É uma infecção fúngica que acomete os pêlos, sendo causada pelo fungo Trichosporon, os pêlos infectados criam nódulos brancos e macios semelhantes a caspa, que ocasionalmente invadem a cutícula deixando o pêlo frágil. Pode afetar qualquer parte do corpo. 
Coleta: Deve-se fazer o corte dos fios de cabelo com nódulos e colocar em placa de Petri estéril. 
Diagnostico: Exame micológico direto: em KOH pelo encontro de massas de blastos e artroconídios na haste envolvendo o pelo. Cultura: Colônia leveduriforme, fosca, pregueada, cor bege. 
 
Piedra preta 
Infecção fúngica causada pelo fungo Piedraia hortaea, acomete somente os cabelos expondo nódulos visíveis ou não a olho nu. O inicio da infecção se da pela instalação do fungo sob a cotícula dos cabelos, com o crescimento o fungo quebra a bainha do cabelo, desenvolvendo-se ao seu redor e criando o nódulo. 
Coleta: Deve-se fazer o corte dos fios de cabelo com nódulos negros e endurecidos. 
Diagnostico: Exame direto microscópico: microscópio do nódulo se distinguem artroconídeos de coloração acastanhado e ascos. 
Cultura: Colônia filamentosa, aveludada, pretas-esverdeada e ponteaguda.

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