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Gêneros Textuais e Tipologia Textual

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3ºAula
Os gêneros textuais: um 
novo olhar
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
• utilizar, adequadamente, as teorias em torno dos gêneros textuais de modo que elas sirvam de suporte para a prática 
de ensino da Língua Portuguesa;
• identificar os gêneros textuais presentes no meio social e escolher os que são adequados ao ensino da Língua Portuguesa 
nos anos iniciais;
• planejar as aulas de Língua Portuguesa a partir dos gêneros textuais considerando o tipo textual coerente para o ensino 
nos anos iniciais. 
Nesta aula estudaremos sobre os gêneros textuais, 
cujo conteúdo de estudo é recomendado pelos PCN’s, 
haja vista que temos de formar leitores críticos e 
produtores de texto, reflexivos. Para tanto, também 
estudaremos sobre os tipos textuais, os quais também 
são importantes para que possam ensinar os alunos 
que, para a composição do gênero textual, é necessário 
que conheçam os tipos textuais. 
Bons estudos!
Conteúdo e Metod. do Ensino da Língua Port. e 
Lit. nos anos Iniciais do Ensino Fundamental 22
Seções de estudo
1 - Definição de tipos e gêneros textuais 
2 - Refletindo sobre a tipologia textual 
3 - Os gêneros textuais e o ensino da Língua Portuguesa
4 - Gêneros textuais: características e funcionalidade 
5 - Gêneros textuais e sequências tipológicas
1 - Defi nição de tipos e gêneros 
textuais
2 - Refl etindo sobre a tipologia textual
Os inúmeros textos existentes nos meios sociais de 
comunicação são distinguidos como gêneros textuais, cuja 
lista de exemplos é imensa e infinita, mas podemos identificar 
estes gêneros a partir de sua funcionalidade. 
Em contrapartida, em meio a esta lista infinita de textos 
é importante também destacarmos que no meio escolar 
existem, também, os tipos textuais, os quais são chamados 
por alguns autores como sendo “textos da tradição escolar”. 
A este grupo podemos elencar três tipos textuais, são eles: 
narração, descrição e dissertação (argumentação). 
A principal ideia adotada para a distinção de um tipo diz 
respeito à construção da sequência textual em que ocorre a 
presença de algumas marcas linguísticas, como flexão do verbo 
em modo e tempo e emprego de adjetivos; esses recursos 
ocorrem, com maior frequência, em determinado tipo e, 
com menor frequência, em outro. Como afirma Marcuschi 
(2002, p.27) “(...) entre as características básicas dos tipos 
textuais está o fato de eles serem definidos por seus traços 
linguísticos predominantes”. Algumas dessas referidas marcas 
são comumente utilizadas em determinados textos, onde 
o recebedor consegue ativar seus conhecimentos prévios a 
ponto de identificá-las como pertencendo a um tipo ou outro.
Do ponto de vista pragmático, o funcionamento do tipo 
ocorre mediante sua intencionalidade, visto que cada tipo 
promove, durante a comunicação, uma ação objetivada, como 
narrar/ relatar; explicar; convencer/persuadir; orientar; prever.
A tipologia textual (estudo do tipo) considera de suma 
importância que o seu processo de construção ocorra de 
acordo com aspectos teóricos estabelecidos para esse grupo. 
É importante salientar que enquanto alguns autores 
consideram os tipos textuais como sendo apenas três, outros 
autores como as autoras Koch & Fávero (1987, p. 05), 
enunciam os tipos textuais como sendo: narração, descrição, 
exposição, argumentação, injunção e predição.
Quanto aos gêneros, eles são textos existentes no 
cotidiano sócio-comunicativo, os quais desempenham 
funções determinadas por diferentes situações de emprego. 
O processo de construção ocorre, sobretudo, por meio da 
funcionalidade que esse grupo desempenha no meio social. 
Na tipologia, as marcas linguísticas apresentam-se como 
características definidoras destes textos; ao contrário, no 
gênero, a presença desses recursos ocorre de acordo com a 
exigência de cada texto.
Marcuschi (2002, p. 23), aponta alguns dos inúmeros 
gêneros existentes no cotidiano social como: telefonema, 
bilhete, carta pessoal, lista de compras, inquérito policial, 
piada, edital de concurso, entre outros. Além disso, o mesmo 
autor faz uma breve definição das duas noções: 
a) usamos a expressão tipo textual para designar 
uma espécie de seqüência teoricamente defi nida 
pela natureza lingüística de sua composição 
{aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, 
relações lógicas}. (...);
b) usamos a expressão gênero textual como 
uma noção propositalmente vaga para referir 
os textos materializados que encontramos 
em nossa vida diária e que apresentam 
características sócio-comunicativas defi nidas 
por conteúdos, propriedades funcionais, estilo 
e composição característica. 
As definições feitas sobre tipos e gêneros textuais mostram 
como ocorrem as identificações de dado texto como fazendo 
parte de um grupo ou outro. Porém, é necessário salientar que 
as várias pesquisas realizadas na Linguística Textual mostram 
atualizações de alguns conceitos anteriormente adquiridos. 
Enquanto Koch & Fávero (1987), enumeram os tipos textuais 
como sendo seis (narração, descrição, explicação, argumentação, 
injunção e predição), ocorreu, recentemente, a publicação de 
um trabalho elaborado por Marcuschi (2002), o qual aponta 
os tipos como sendo apenas cinco, já que o último- preditivo-, 
passa a compor o grupo de gênero e não mais o de tipo, isso 
porque os textos preditivos passam a ser analisados como uma 
construção que obedece a uma funcionalidade social. 
No entanto, após a publicação deste trabalho de Marcuschi 
(2002), outros trabalhos foram publicados com vistas a 
repensar as noções de tipo textual e depois de várias discussões 
acerca desta questão, chegou-se a conclusão de que se pode 
considerar tipo textual estes: narração, descrição e dissertação. 
Por isso, adotaremos o conceito acima para darmos 
sequência aos nossos estudos; afinal de contas trata-se de um 
estudo mais recente, por isso, mais atual. 
2.1 - Tipo narrativo 
O texto narrativo diz respeito ao ato de narrar um fato, 
um acontecimento tido como verdadeiro ou fictício. Para 
conceituar um dado texto como sendo uma narração, esse 
tem de obedecer a alguns requisitos característicos de sua 
estruturação: os elementos da narrativa.
(Ilustração de uma cena do conto Chapeuzinho Vermelho de Irmãos 
Grimm- exemplo de um gênero textual Conto- tipo textual narrativo)
Fonte: http://gracitacordel.blogspot.com.br/2011/11/chapeuzinho-
vermelho-cordel.html Acesso em: 15 de janeiro de 2013.
23
Fonte: http://soprodepalavraspequenas.blogspot.com.
br/2010/09/escrevendo.html Acesso em: 20 de janeiro de 2013. 
Primordialmente, a narração tem de apresentar o narrador 
da história. Essa peça fundamental do jogo narrativo pode 
apresentar-se de duas maneiras: se o foco de visão exterior 
ocorrer em terceira pessoa do discurso, então o narrador 
será tido como narrador-observador, mas se o narrador 
desempenhar a função de personagem da história, será tido 
como narrador-personagem enunciado em primeira pessoa do 
discurso.
Outro elemento de suma importância para o texto 
narrativo, tanto quanto o narrador, é o personagem, que 
desempenha funções distintas e pode ser nomeado como 
sendo protagonista, antagonista ou personagem secundário. A 
atuação desse elemento ocorre mediante o desencadeamento 
de fatos na sequência narrativa, obedecendo ao tempo, ao 
ambiente e ao lugar.
A superestrutura do texto narrativo é organizada 
de acordo com uma sequência de acontecimentos que 
desencadeia sempre uma nova ação. Assim, o texto começa 
com a apresentação das personagens e seu cotidiano; em 
seguida, vão surgindo vários problemas em torno das ações 
praticadas pelas personagens e, consequentemente, essas ações 
chegam em um nível superelevado (clímax) em que algo tem 
de ser feito para resolver os problemas - é o que se chama 
resolução. A conclusãodesse tipo de texto exige a formulação 
de um conceito, o qual transmite uma mensagem ao recebedor.
Às vezes, a mensagem do texto narrativo aparece 
explicitamente, em outros momentos sua captação exige do 
leitor /ouvinte maior atenção para que, enfim, possa perceber 
o que está sendo transmitido. 
De acordo com tais características, existem vários estilos 
de textos narrativos e a distinção entre um e outro ocorre em 
consequência da intencionalidade do texto, extensão e estilo.
2.2 - Tipo descritivo
O texto descritivo tem como propósito principal 
caracterizar um lugar, um objeto, uma pessoa ou um 
acontecimento. Tal procedimento ocorre, essencialmente, pelo 
uso indispensável dos adjetivos que retratam e especificam o 
que afinal está sendo descrito. Esse recurso é usado no gênero 
textual apresentado abaixo, o qual se trata de uma crônica 
escrita por Mário Prata, cujo título é “Minha vizinha divina, 
maravilhosa”. O texto em questão apresenta o tipo descritivo 
em sua estrutura de composição. 
Ao lado do meu prédio construíram um enorme edifício de 
apartamentos. Onde antes eram cinco românticas casinhas geminadas, 
hoje instalaram-se mais de 20 andares. Da minha sala vejo a varandas 
(estilo mediterrâneo) do novo monstro. Devem distar uns 30 metros, 
não mais. 
E foi numa dessas varandas que o fato se deu 
(Mário Prata. 100 Crônicas. São Paulo, Cartaz Editorial, 1997).
Esse tipo de texto, em sua elaboração, sugere a inserção 
de outro tipo textual para que se possa construir a descrição, 
como por exemplo, a narração. É como se estabelecesse uma 
cooperação textual, afinal, a tipologia distingue os diversos tipos 
de textos de acordo com a relevância que cada um desempenha 
O texto argumentativo é caracterizado pelo ato de 
defender ou atacar uma ideia, um ponto de vista ou uma 
dúvida sobre dado assunto. Abreu (2003, p. 25), enfatiza 
que essa ação ocorre por meio da mediação de dois outros 
processos, pois “argumentar é arte de convencer e persuadir”. 
Segundo o autor, convencer está relacionado à informatividade 
que o enunciador deve ter para que consiga provar o que está 
dizendo. Nessa sequência, a ação de persuadir refere-se ao 
bom relacionamento que o produtor do discurso deve ter 
junto ao seu público. A ação de argumentar exige, em relação 
às informações, a exploração de argumentos consistentes 
baseados em dados e fatos que acabam por concretizar 
determinado ponto de vista, sendo esse pró ou contra.
A estrutura do texto argumentativo é constituída 
de sequenciarão de argumentos que apresentam sempre 
proposição de causa e efeito. Esse recurso tem função 
interpelativa, pois explicita o ponto de vista do enunciador 
e também as consequências apresentadas através dos 
argumentos.
É importante salientar que o desencadeamento dos 
argumentos requer a organização adequada do enunciado 
apresentado ao longo do texto, assim, a argumentação deve 
apresentar, primeiramente, o tema a ser discutido, seguido 
do posicionamento crítico do enunciador, o qual aponta uma 
ideia favorável ou contrária, mas tudo isso baseado em dados 
concretos que envolvam o recebedor a ponto de convencê-lo 
pela precisão dos argumentos.
Considerando esse tipo de texto como sendo composto 
por elementos reais e não imaginários, o autor trabalha a 
verdade dos fatos, os quais são analisados pelo produtor do 
discurso, de maneira defensiva e crítica. É essencial que haja a 
impessoalidade do autor, caso o tipo textual dissertativo esteja 
compondo o gênero Dissertação (redações do vestibular) 
devendo esse evitar o uso de expressões “eu acho”, “eu 
penso” ou até mesmo “meu ponto de vista é...”. Porém, 
se os argumentos pertencentes à construção da tese forem 
baseados em fonte tão consistente a ponto do produtor do 
discurso conseguir desenvolvê-los de forma adequada, então, 
é permitido o uso da 1ª pessoa do discurso, sem que esse seja 
durante a comunicação, mas é importante salientar que é 
possível e aceitável a presença de um tipo textual em outro 
tipo.
2.3 - Tipo argumentativo/ 
dissertativo 
Conteúdo e Metod. do Ensino da Língua Port. e 
Lit. nos anos Iniciais do Ensino Fundamental 24
um procedimento incoerente. 
Além disso, esse aspecto é relativo, haja vista que outros 
gêneros que apresentam em sua estrutura de composição a 
dissertação permitem que se mostre a pessoalidade no texto. 
Isso porque cada gênero possui características próprias que o 
definem e o classificam. 
Um exemplo de gênero textual que apresenta dissertação 
de forma mais parcial é o editorial. Esse gênero de texto traz 
em sua composição o posicionamento de determinado veículo 
de comunicação que, por sua vez, não tem compromisso com 
a imparcialidade ou objetividade. 
Para que vocês possam visualizar mais claramente a 
distinção entre tipo textual e gênero textual, apresentamos a 
seguir um quadro sinótico apresentado por Marcuschi (2010, 
p. 24):
A partir dos exemplos de gêneros textuais citados acima, 
você pôde perceber que os mesmos podem ser encontrados 
nas modalidades oral e escrita. Mas, cada um destes textos 
possui características bem definidas e estrutura própria. 
Depois de ter estudado um pouco sobre os tipos textuais, 
é necessário tratar um pouco mais sobre os gêneros textuais, 
os quais são frequentemente encontrados no nosso cotidiano. 
As teorias, os conteúdos e as metodologias que envolvem 
estes textos são extremamente importantes, pois desde a 
implantação dos PCN’s, as orientações que envolvem o ensino 
da Língua Portuguesa direcionam que a prática de ensino desta 
disciplina tenha como parâmetro o uso dos gêneros textuais na 
prática de leitura e produção textual (oral e escrita), os quais 
devem ser apresentados em sala de aula a partir de sequências 
didáticas. 
Isso porque o ensino da Língua Portuguesa deve ser 
mais contextualizado, ou seja, é preciso que o aluno perceba a 
linguagem em uso. Para tanto, é preciso trazer estes textos que 
circulam no meio social para a sala de aula, para fazermos com 
que eles os identifiquem-os e possam lê-los reflexivamente e 
produzi-los e reproduzi-los quando necessário. 
O uso dos gêneros textuais em sala de aula possibilita ao 
professor ensinar a Língua Portuguesa a partir de um foco mais 
real, mais próximo da realidade do aluno. Isso porque textos 
que somente existem no contexto escolar não serão produzidos 
fora da escola, já os textos trazidos da sociedade para a escola 
serão lidos, produzidos e reproduzidos no ambiente escolar e 
social. Sobre isso, Bronckart (1999, p. 71), conceitua o texto 
como sendo “toda unidade de produção de linguagem 
que veicula uma mensagem linguisticamente organizada e que 
tende a produzir um efeito de coerência sobre o destinatário”. 
Para tanto, é preciso que haja uma funcionalidade social nele. 
Por isso, não podemos solicitar aos nossos alunos textos 
os quais jamais serão usados. Ao contrário devemos trazer 
os diversos gêneros textuais para a sala de aula. Segundo os 
PCN’s, o uso dos gêneros textuais em sala de aula é uma forma 
de preparar o aluno para “ler o mundo” e, consequentemente, 
produzir textos nos vários contextos comunicacionais. 
E, então? Compreenderam a importância dos gêneros 
textuais para o ensino da Língua Portuguesa? Saibam que estes 
textos nos “abrem um leque” de possibilidades metodológicas. 
Vamos estudar um pouco mais sobre os gêneros textuais 
(características, funcionalidade, estilo, estrutura)? 
Que os tipos textuais são encontrados nos gêneros textuais? E que 
alguns gêneros apresentam um tipo textual com mais predominância 
que outro tipo?
Percebam, caros(as) acadêmicos(as), que acima falamos um pouquinho 
sobre o grupo composto por seis tipos textuais, os quais eram tidos 
como tal, mas que foi repensada sua classifi cação de uns anos para cá. 
Assim, os apresentamos nesta aulaapenas para conhecimento, uma 
vez que é necessário e importante que saibam que hoje consideremos 
tipos textuais apenas o narrativo, o descritivo e o dissertativo. 
Estão percebendo que estou apresentando as teorias que envolvem 
os Estudos da Linguagem e ao mesmo tempo estou contextualizando 
essas teorias, isto é, estou situando-as no contexto escolar, fazendo 
vocês refl etirem, a partir da teoria, sobre a prática? 
Acredito que ao longo de sua vida escolar, em vários momentos foi 
solicitado que vocês produzissem textos ora narrativo, ora descritivo 
e, mais recentemente, textos dissertativos, por isso alguns autores os 
denominam de textos da tradição escolar. 
TIPOS TEXTUAIS 
1. construtos teóricos defi nidos 
por propriedades linguísticas in-
trínsecas;
2. constituem sequências linguís-
ticas ou sequências de enuncia-
dos e não são textos empíricos; 
3. sua nomeação abrange um 
conjunto limitado de categorias 
teóricas determinadas por aspec-
tos lexicais, sintáticos, relações 
lógicas, tempo verbal;
4. designações teóricas dos tipos: 
narração, argumentação, descri-
ção, injunção e exposição. 
GÊNEROS TEXTUAIS 
1. realizações linguísticas concre-
tas defi nidas por propriedades 
sociocomunicativas;
2. constituem textos empirica-
mente realizados, cumprindo 
funções em situações comunica-
tivas;
3. sua nomeação abrange um 
conjunto aberto e praticamente 
ilimitado de designações con-
cretas determinadas pelo canal, 
estilo, conteúdo, composição e 
função; 
4. exemplos de gêneros: telefo-
nema, sermão, carta comercial, 
carta pessoal, romance, bilhete, 
aula expositiva, reunião de con-
domínio, horóscopo, receita culi-
nária, bula de remédio, lista de 
compras, cardápio, instruções 
de uso, outdoor, inquérito poli-
cial, resenha, edital de concurso, 
piada, conversação espontânea, 
conferência, carta eletrônica, bate 
– papo virtual, aulas virtuais etc. 
Tabela extraída de Marcuschi (2010).
3 - Os gêneros textuais e o ensino da 
Língua Portuguesa 
25
Como dissemos anteriormente, a lista de gêneros textuais 
é infinita, pois de tempos em tempos novos gêneros surgem 
no meio social. 
A seguir, apresentaremos alguns exemplos de gêneros 
textuais e, posteriormente, apontaremos algumas possíveis 
atividades a serem aplicadas nos anos iniciais: 
O exemplo acima é uma tirinha da Turma da Mônica, 
cuja temática é a “Crise aérea”. A partir disso, pode-se 
observar que a mesma possui certo nível de informatividade e 
que o referente, neste contexto, é a crise aérea que aconteceu 
no País em 2007. 
Por mais que seja um gênero textual destinado ao público 
infantojuvenil, o tema refere-se a um acontecimento atual, o 
qual é o conhecimento de todos. Portanto, este gênero pode 
ser trabalhado em sala de aula, pois poderá servir de pretexto 
para a leitura e a produção textual. Além disso, poder-se-á 
explicar, também, a diferença entre linguagem verbal e não 
verbal, visto que o gênero possui os dois tipos de linguagens. 
O trabalho com os gêneros textuais não deve ser um 
fim em si mesmo, ou seja, deve ser uma sequência didática 
como já vimos anteriormente. Assim, a partir da tirinha acima 
é possível trabalhar com outros gêneros textuais. Como se 
trata de uma crítica a Crise aérea no Brasil, o professor poderá 
solicitar que os alunos produzam uma Carta de Solicitação a 
alguma empresa aérea para que a mesma faça o reembolso das 
passagens, cujos vôos foram cancelados em razão dos atrasos 
na decolagem ou, dependendo da série, um texto narrativo a 
partir da situação apresentada. 
Sabemos que os gêneros textuais podem ser na modalidade 
escrita ou na modalidade oral. Por isso, o professor poderá, 
a partir do tema da tirinha acima, aplicar uma atividade de 
produção de texto oral. Nesse sentido, poderá ser montado 
em sala de aula um telejornal, por exemplo, ou mesmo um 
jornal impresso, cuja manchete seja a “crise aérea”. 
Lembrem-se, caros(as) alunos(as), que as metodologias 
propostas acima são apenas sugestões, para que vocês pensem 
em atividades, as quais serão aplicadas em sala de aula. 
O gênero apresentado acima pode perfeitamente ser usado 
nas séries iniciais como atividade de interação sócio-discursiva. 
As atividades a serem trabalhadas são várias. Assim, após o 
professor expor as noções de carta pessoal, o aluno poderá ser 
solicitado a escrever uma carta, a qual pode ser endereçada a 
outro aluno da mesma classe ou ainda um grupo social que vive 
em um contexto diferente da turma, pois, isso permitirá que os 
alunos aprendam mais sobre comunidades distintas. 
Ao planejar suas aulas a partir dos gêneros textuais, é preciso 
considerar o nível de conhecimento dos alunos.
4 - Gêneros textuais: características e 
funcionalidade 
Já disse anteriormente que os gêneros textuais têm uma 
função sociocomunicativa. Essa é a principal característica dos 
gêneros, haja vista que em vários momentos nos deparamos 
com eles (os gêneros de texto). Por exemplo: antes de preparar 
uma receita deliciosa de Torta de Prestígio, o que faremos? 
Recorreremos a receita da mesma a fim de encontrarmos nela 
as instruções necessárias para a preparação da torta. Ou, ainda, 
quando enviamos um e-mail para um amigo ou mesmo uma 
carta de amor para a pessoa amada, estamos utilizando os 
gêneros textuais para fazer a comunicação.
Percebeu como os gêneros textuais são presentes no 
nosso cotidiano, mas, nem sempre nos damos conta disso. 
Nesse sentido, é importante que o docente “apresente” estes 
textos para os alunos, de modo que os mesmos percebam que 
a todo o momento estamos nos comunicamos por meio dos 
mais variados textos, visto que a lista de gêneros textuais é 
interminável. 
Por isso, além de trabalhar com os tipos textuais, um 
exemplo são os textos narrativos (fábulas, lendas, contos de 
fadas etc.), os quais são extremamente importantes para a 
alfabetização e a formação do leitor e produtor de texto, é 
necessário também que se trabalhe com os gêneros textuais, os 
quais possibilitam ao docente trabalhar a leitura e a produção 
textual em diversos contextos. 
Para exemplificar melhor este conteúdo, a seguir, 
mostraremos alguns exemplos de gêneros textuais, suas 
características e funcionalidade sócio-comunicativa. 
E-mail: 
Defi nição: O e-mail, como gênero textual, é uma mensagem eletrônica, 
Carta pessoal: 
Defi nição: este gênero textual é utilizado mais frequentemente na 
comunicação com amigos ou parentes. Por sua característica pessoal, 
não existe um padrão deste tipo de carta, haja vista que o tipo de 
linguagem utilizada é a coloquial. 
Característica: a comunicação é breve e pessoal, haja vista que o 
conteúdo é livre. 
Em termos de estrutura, a carta pessoal apresenta estes elementos: 
local, data, vocativo, corpo (conteúdo da carta) e assinatura (identifi cação 
do remetente). Em relação ao tipo de linguagem, ela vai depender do 
grau de intimidade existente entre os interlocutores, por isso, poderá 
ser mais ou menos formal. 
Tira (tirinha de HQ – Histórias em Quadrinhos): 
Defi nição: segundo o Dicionário de Gêneros Textuais, este gênero de 
texto é um segmento ou fragmento de Histórias em Quadrinhos. 
Nesse caso, a comunicação é feita por meio da apresentação dos 
mesmos em jornais e revistas em seções de entretenimento. 
Características: ele é composto de três ou quatro quadros, cuja 
linguagem mescla o visual e o verbal ao mesmo tempo. As tiras são 
produzidas de acordo com o público a que se destina. 
Fonte: <http://www.monica.com.br/hot/criseaeroporto/pag6.htm>.
Conteúdo e Metod. do Ensino da Língua Port. e 
Lit. nos anos Iniciais do Ensino Fundamental 26
a qual é trocada por usuários da internet, por meio do computador ou 
do celular. Ele é denominado de gênero emergente, pois apresenta 
características de outros gêneros textuais já existentes, como: carta,bilhete e recado.
Características: possui marcas linguísticas próprias, isso decorrente do 
processo de comunicação, o qual pode ser mais ou menos formal. 
Diferentemente da carta, a mensagem eletrônica pode ser modifi cada 
e/ ou alterada. Além disso, ela pode ser encaminhada para outros 
usuários e, também, respondida, haja vista a possibilidade de interação 
entre seus usuários. 
Receita culinária: 
Defi nição: este gênero textual tem a funcionalidade de instruir a 
preparação de um alimento. 
Características: neste texto há a predominância de uma linguagem 
instrucional por meio de formas verbais, como: imperativo e infi nitivo. 
Segue sempre a mesma estrutura, assim, é dividido em duas partes: 
Ingredientes e Modo de Preparo.
Receita de Brigadeiro 
 
Ingredientes
1 colher(es) (sopa) de manteiga 
2 lata(s) de leite condensado 
1 xícara(s) (chá) de chocolate granulado
4 colher(es) (sopa) de chocolate em pó
Modo de Preparo
 
Numa panela junte o leite condensado, a manteiga e 
o chocolate em pó. Misture bem até incorporar tudo. Leve 
ao fogo brando mexendo sempre. Utilize panela de fundo 
grosso. Quando a massa começar a se desprender do fundo 
da panela (o tempo varia de acordo com a panela) passe a 
massa para um prato com manteiga e deixe esfriar. 
Unte as mãos com manteiga e enrole os brigadeiros, 
passando-os no granulado. Coloque em forminhas de papel. 
Fonte: http://cadernoreceitasimples.com/receita-de-brigadeiro-simples/. 
Acesso em: 27 de fevereiro de 2013.
A partir do gênero textual receita culinária, poder-se-á 
desenvolver um trabalho interdisciplinar, haja vista que a 
matemática também está presente na receita por meio das 
medidas dos ingredientes. Assim, se o professor achar viável e 
a instituição escolar apresentar espaço físico adequado, poderá 
ser feita uma aula prática em que os alunos “colocarão a mão 
na massa” e farão a receita estudada na aula. 
Ao longo desta aula estudamos acerca de diversos aspectos 
que envolvem o ensino da Língua Portuguesa por meio dos 
gêneros textuais. Sobre isso, é importante destacar que no 
ambiente escolar, segundo os PCN’s (1998), os textos que 
circulam no meio social devem ser trazidos para a sala de aula 
e não o contrário, haja vista que os textos da tradição escolar 
raramente serão solicitados em contextos de comunicação 
social. 
Assim, percebemos que as sequências tipológicas 
(narração, descrição e dissertação) devem ser estudadas a partir 
dos gêneros textuais, visto que cada gênero possui um desses 
tipos textuais ou mais de um. 
Desse modo, percebemos que os gêneros textuais 
ocupam, no âmbito discursivo, um espaço bem mais amplo do 
que os tipos textuais, isso decorre, primeiramente, em função 
da característica infinita dos gêneros e de sua funcionalidade 
no meio social. 
Além disso, é inegável que as sequências tipológicas 
encontram-se no interior dos gêneros, haja vista que elas são 
responsáveis pela composição textual do gênero. 
No entanto, sobre o ensino dos gêneros na escola é 
importante salientar que a produção destes textos deve ter 
um propósito, um objetivo pré- estabelecido, por isso, o 
professor jamais deve propor aos alunos a seguinte situação: 
“produza uma ata!”. Para que haja esta solicitação é preciso a 
contextualização do conteúdo, antes de mais nada é preciso 
explicar o que vem a ser a ata, para que ela serve, em que esfera 
ela é usada. 
Outro ponto importante a ser mencionado é que o 
trabalho com o gênero textual na escola não deve exigir do 
aluno que o mesmo produza determinado texto tal como o é. 
Sobre isso, Schneuwly e Dolz (2010, p. 69) destacam que: 
Para compreender bem a relação entre os 
objetos de linguagem trabalhado na escola e 
os que funcionam como referência é preciso, 
então, de nosso ponto de vista, partir do fato de 
que o gênero trabalhado na escola é sempre uma 
variação do gênero de referência, construída 
numa dinâmica de ensino-aprendizagem, para 
funcionar numa situação cujo objetivo primeiro 
é precisamente este. 
Assim, os modelos didáticos apresentados aos alunos 
devem ser simulações, ou seja, o professor deve propor a 
produção de determinado gênero, mas fazendo com que o 
aluno se imagine na referida prática social. Por exemplo: se 
for solicitar a produção escrita de uma entrevista com uma 
personalidade, é preciso que o aluno se imagine como repórter. 
Entretanto, o professor não deve esperar que a atividade 
resulte em um gênero textual perfeito, haja vista que o aluno se 
colocará no papel de jornalista, mas ele não o é. 
5 - Gêneros textuais e sequências 
tipológicas
27
ATENÇÃO: ao selecionar quais os gêneros devem ser usados em 
sala de aula, é preciso que faça leitura dos Parâmetros Curriculares 
Nacionais – primeiro e segundo ciclos - de Língua Portuguesa, bem 
como aportes teóricos que indiquem quais os gêneros textuais podem 
ser ensinados nos anos iniciais, haja vista que não há necessidade de 
ensinar determinados gêneros, pois os alunos já os dominam. 
No item “leituras”, que está colocado ao fi nal desta aula, constam 
os nomes de autores que abordam sobre esta temática e que 
apresentaram um quadro com indicações dos gêneros que devem ser 
usados em cada um dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e 
funcionalidade. In: DIONÍSIO, Â. et al. Gêneros textuais e 
ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na 
escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004. 
<http://www.revistaletras.ufpr.br/edicao/66/
IaraCosta-GenerosTextuaisETradicaoEscolar.pdf>
<http://www.revistaprolingua.com.br/wp-content/
uploads/2010/01/claudia.pdf>.
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