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Sistema de Ensino Presencial Conectado
LETRAS-HABILITAÇÃO: LICENCIATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA E RESPECTIVAS LITERATURAS
AUTORA:
CRISTIANA BATISTA DA COSTA
A ESCOLARIZAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS – EJA 
Picos – PI 
2018
CRISTIANA BATISTA DA COSTA
A ESCOLARIZAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS – EJA 
Trabalho de produção de texto em individual referente ao 3º segundo semestre do curso Letras-Habilitação: Licenciatura em língua portuguesa e respectivas Literaturas, apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção de média bimestral para as disciplinas, Metodologia Científica, Educação Formal e não formal, Educação de Jovens e Adultos.
Orientadores: Thiago Viana Camata; Vilze e Vidotte Costa; Stefany Ferreira Feniman; Jackeline Rodrigues Gonçalves Guerreiro; Mari Clair Moro Nascimento; Renata de Sousa França Bastos de Almeida; Maria Valéria Jacobcci Botelho Beleze.
Tutora eletrônica: Fabyanny de Fátima Ferreira dos Reis Willy.
Picos – PI 
2018
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	3
2	DESENVOLVIMENTO	4
2.1	EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA	4
3	BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS	5
3.1	OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS	7
3.2	RESULTADO E DISCUSSÃO DA PESQUISA	16
4	CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS	22
5	QUESTIONÁRIOS	24
5.1	QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR	24
5.2	QUESTIONÁRIO DO ALUNO	25
6	CONSIDERAÇÕES FINAIS	26
REFERÊNCIAS	28
ANEXOS	29
10
INTRODUÇÃO
Sujeitos que há anos pararam de estudar por diversos motivos, retornam à sala de aula, sendo por vontade própria, ou por "determinação" do mercado de trabalho turbulento dos tempos atuais. Cada sujeito teve um motivo próprio para parar de estudar, e possui um motivo tão próprio para retornar.
Quando retornam, muitos têm muita dificuldade em acompanhar os conteúdos e, em diversos casos, acabam desistindo muito facilmente, sem, ao menos, tentarem entender o que lhes “bloqueia” o aprendizado. .
Este trabalho apresenta uma pesquisa bibliográfica sobre a educação de jovens e adultos quanto a sua definição e histórico, quem são os alunos da educação de jovens e adultos, e como é a aprendizagem desses alunos, perante uma análise psicopedagógica.
A pesquisa sobre a definição e histórico da educação de jovens e adultos servirá de auxílio para a compreensão sobre essa modalidade de ensino que, de certa forma, como poderá ser verificado no decorrer do trabalho recente quando diz respeito a sua formatação atual. 
Em sequência, uma análise sobre quem são os alunos dessa modalidade de ensino e possíveis pressupostos que os fizeram desistir do ensino regular (fundamental e médio) no tempo tido como ideal. Assim, também, como prováveis "causas" que os fazem retornar aos estudos, e as diferenças entre o aluno adulto e o jovem, quanto a questões psicológicas, biológicas e culturais.
Por fim, segue-se a pesquisa e análise sobre como se dá o tempo de aprendizagem desses alunos, na sala de aula, depois de tempo fora dela. Esse tempo pode ser longo ou curto, assim como a própria idade do sujeito, sua cultura e vida social.
Sendo assim, em todos os textos foi feita análise segundo uma visão psicopedagógica, para, na conclusão, fazer uma análise geral da pesquisa descrita a seguir, e de como as análises contribuíram para seu desenvolvimento.
 
DESENVOLVIMENTO
A Educação de Jovens e Adultos - EJA tem por finalidade, proporcionar a educação básica àqueles que não tiveram condições de frequentar, por quaisquer motivos, a escola, na idade tida como "correta". As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos (Parecer CEB n° 11/2000), em concordância com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, apontam três funções como responsabilidade da EJA: reparadora (restaurar o direito a uma escola de qualidade); equalizadora (restabelecer a trajetória escolar); qualificadora (propiciar a atualização de conhecimentos por toda a vida).
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA 
Atualmente a idade mínima para frequentar a EJA é 15 (quinze) anos para o Ensino Fundamental, e 18 (dezoito) anos para o Ensino Médio. No Art. 22 LDB 9.394/1996, está prevista a Educação de Jovens e Adultos - EJA, classificada como parte integrante da Educação Básica: E, assim como a educação regular, é dever do governo disponibilizar educação de jovens e adultos, contudo, também existem instituições privadas, autorizadas a atender esta modalidade de ensino.
Sendo assim, é importante que conheçamos o processo de desenvolvimento da EJA no Brasil, pois a história nos fará compreender as muitas reformulações dessa modalidade educacional, inicialmente definida como "para o trabalhador", e que ainda está em movimento, como todas as outras modalidades da educação.
BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Desde a colonização do Brasil, por Portugal, a preocupação com a escolarização dos adultos é notada. Apesar da denominação "Educação de Jovens e Adultos" ser recente, a preocupação por essa educação é demonstrada pelos portugueses, ao alfabetizar e doutrinar os índios para a conversão da fé católica, por intermédio dos padres Jesuítas. Desse momento em diante, os estudiosos que vinham ou estavam no Brasil, assim como o Governo, continuaram a alfabetizar adultos, até que, em janeiro de 1947, foi aprovado o Piano de Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos, por solicitação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Tal campanha foi idealizada por Lourenço Filho, educador preocupado com a educação social, e agiu fortemente como movimento de mobilização em favor da educação de jovens e adultos analfabetos do Brasil.
Em 1949, foi realizada a I Conferência Internacional de Educação de Adultos, na Dinamarca. Após essa Conferência, a Educação de Adultos passou a ser idealizada como um tipo de Educação Moral. Sendo assim, a escola, não conseguindo superar todos os traumas causados pela Segunda Guerra Mundial, teve como finalidade principal, contribuir para o resgate do respeito aos direitos humanos e a construção da paz. E, no Brasil, em 1963, o Ministério da Educação finalizou a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos e encarregou o professor Paulo Freire de elaborar um programa nacional de alfabetização.
Desde que se iniciaram os "movimentos" para a escolarização de jovens e adultos no Brasil, muitos já foram os sujeitos "beneficiados" por eles, conforme afirmam Lopes e Sousa:
Inicialmente a alfabetização de adultos para Os colonizadores, tinha como objetivo instrumentalizar a população, ensinando-a a ler e a escrever. Essa concepção foi adotada para que os colonos pudessem ler o catecismo 'e seguir as ordens e instruções da corte, os índios - pudessem ser catequizados e, mais tarde, para que os trabalhadores conseguissem cumprir as tarefas exigidas pelo Estado (2010, p. 3).
Conforme o objetivo dos "governantes" sentia-se a necessidade de sujeitos alfabetizados, e assim, a escolarização era direcionada a grupos específicos: índios, colonos, escravos, para o melhor cumprimento de seu trabalho; homens jovens, a fim de prepará-los para as forças armadas; homens adultos, já na época da República, com intuito de terem mais votantes; etc. À medida que os trabalhos de campanhas de erradicação do analfabetismo mudavam de objetivo, os sujeitos atendidos foram mudando.
Segundo Freire apud Gadotti (1979, p. 72) nos anos 40 do século passado, a Educação de Adultos era entendida como uma extensão da escola formal, principalmente para a zona rural. Já na década de 50, a Educação de Adultos era entendida como uma educação de base, com desenvolvimento comunitário. Com isso, surgem, no final dos anos 50, duas tendências significativas na Educação de Adultos: a Educação de Adultos entendida comouma educação libertadora (conscientizadora) pontificada por Paulo Freire e a Educação de Adultos entendida como educação funcional (profissional) (ANJOS, 2007, p.2).
A década de 70 foi marcada com o início (efetivo) do Movimento Brasileiro de Alfabetização, o chamado sistema MOBRAL. Esse sistema, assim como a pedagogia de Freire, foi desenvolvido para atender a população sócio-culturalmente subdesenvolvida. Entretanto, conforme Jannuzzi (1979, p. 21), o MOBRAL:
[...] sentiu necessidade de dar continuidade ao movimento nacional de alfabetização, recorrendo, entretanto, a outra proposta pedagógica, outra forma de organização, o que indicaria a inadequação da pedagogia de Paulo Freire aos novos objetivos políticos do sistema instaurado depois da derrocada do populismo anterior.
E, ao contrário do que defendia a Alfabetização de Paulo Freire, que "[...] implica mudança de atitude da elite e do povo" (JANNUZZI, 1979, p. 71), o MOBRAL tinha por objetivo a formação de um ser humano capaz de compreender ordens e "decifrar" informações, um sujeito que entenda o que lhe é solicitado, mas que não seja questionador. É a visão de que "[...] só a elite é sujeito transformador, o povo deve obedecer" (JANNTJZZI, 1979, p1 71), a educação funcional, a educação para. mão-de-obra.
Em 1985, com a redemocratização no Brasil, o MOBRAL foi extinto, pela "Nova República" que criou a Fundação Educar, que, de acordo com Furlanetti (2001, p. 70, apud COSTA, 2009), “[...] teve o mérito de subsidiar experiências inovadoras de educação básica de jovens e adultos, conduzidas por prefeituras municipais e instituições da sociedade civil que tinham como princípios filosóficos os postulados freirianos”. Entretanto, apesar da "bela" ideia, a Fundação não durou muito tempo, foram apenas quatro anos, até 1990. Após essa data, o Governo Federal esqueceu-se dessa modalidade de ensino, até o ano de 2002. A partir desse ano, a Educação de Jovens e Adultos é retomada, não como propósito do Ministério da Educação, mas como projeto social da então primeira dama Ruth Cardoso (COSTA, 2009).
O então governo federal (FHC) repassou a EJA para os estados e municípios. Contudo, foi esquecido que o recurso destinado a educação, o FUNDEF, não poderia ser utilizado para a EJA, uma vez que seu destino eram despesas do Ensino Fundamental regular.
Sendo assim, estados e municípios formaram escolas de educação básica para Jovens e Adultos, porém, as deixaram um pouco de lado, por não receberem tanto "incentivo" do governo federal. No governo seguinte, Governo Lula, o incentivo à educação de jovens e adultos continuou no mesmo "ritmo". Contudo, após o segundo ano do Governo Lula:
[...] as secretarias estaduais e municipais passaram a receber um percentual maior de recursos, porém o trabalho desenvolvido continuou sendo uma ação educativa pobre para os pobres. Há algumas iniciativas exitosas, mas são experiências isoladas localizadas principalmente no eixo sul/sudeste (COSTA, 2009, p.74):
Através dessa breve retrospectiva da educação de jovens e adultos no Brasil, percebemos que essa modalidade de ensino ainda não é uma pretensão da educação nacional. E necessária uma visão mais metódica do governo, para que seja percebida essa modalidade de ensino como tão fundamental quanto à educação básica de crianças na idade "escolar", pois, apesar das modificações, a educação que antes era necessária para a formação de sujeitos eleitores, atualmente ainda é necessária para formação de sujeitos funcionais, capazes de ler manuais, para executar seu trabalho.
OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Atualmente, o Art. 37 da LDB descreve que “a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. Mas, afinal, o que ainda leva os alunos a desistirem dos estudos?
Falta de interesse nos estudos; pretensão de um emprego para ajudar a família; gravidez precoce (desejada ou não); falta de condições especiais para o deficiente - qualquer que seja sua deficiência; falta, ou pouco incentivo da família aos estudos; a falta de compreensão da importância dos estudos... São vários os motivos que fazem adolescentes e jovens desistirem ou abandonarem o ensino básico na idade regular. De um modo geral, os alunos da EJA são, normalmente, diretamente relacionados ao chamado “fracasso escolar”.
Lopes e Sousa (2010, P. 2), afirmam que “é preciso que a sociedade compreenda que alunos de EJA vivenciam problemas como preconceito, vergonha, discriminação, criticas dentre tantos outros. E que tais questões são vivenciadas tanto no cotidiano familiar como na vida em comunidade”. O jovem e o adulto, aluno da EJA, não é como o estudante universitário, não é o profissional qualificado que frequenta cursos de formação continuada ou de especialização. O jovem e o adulto da EJA, é o trabalhador do chão de fábrica, é a mulher que foi mãe adolescente, é o migrante de áreas rurais que vem à cidade com intuito de "crescer na vida", é o aluno que priorizou trabalhar a estudar, é o deficiente que não conseguiu acompanhar sua turma... Nesse contexto, Ferrari e Amaral (s/a, p. 4) destacam que:
[...] numa sociedade como a nossa, cujo valor social dado à escola é muito grande, o fato de uma pessoa não ter estado na escola, numa fase em que deveria estar, é uma marca distintiva como a da pobreza, é característica da condição de subalternidade, da exclusão oriunda de suas raízes culturais, imposta pelo grupo dos letrados.
Além das questões sociais e históricas; remetidas pelo fato de o aluno estar mais em contato com o censo comum que com o conhecimento científico, como podem afirmar Brandão e Araújo (2009, s/p.), ao escreverem que “o aluno da EJA traz consigo uma bagagem de experiências que envolvem conhecimentos e saberes vividos ao longo dos anos, e ainda sua própria leitura de mundo”, há o fato de serem sujeitos de faixas-etárias, geralmente, muito distintas, estudando em uma mesma turma, cada um com sua capacidade e velocidade de raciocínio e entendimento.
Conforme a própria LDB propõe, a idade mínima para ingressar à EJA é de quinze anos para cursar o ensino fundamental, e dezoito anos para cursar o ensino médio. Sendo assim, fica ao encargo do professor conseguir trabalhar com sujeitos dos dois tipos de desenvolvimento cognitivo: o jovem e o adulto.
O adulto, cujos anos de vida lhe proporcionaram maturidade emocional, intelectual e social, além de uma “certa” independência financeira e pessoal, são mais “aceitos” pelos professores, de forma geral, por achá-Los mais esforçados, e pelo fato do major respeito que o aluno adulto tem para com o professor, como uma hierarquia professor x aluno, inconscientemente imposta desde sua infância (FERRARI e AMARAL, s/a.).
Já para com os jovens, os professores apresentam major “inquietação”, por terem que lidar com “[ ... ] a falta de motivação e de envolvimento do aluno nas tarefas escolares - conversam demais, se movimentam demais, não prestam atenção às aulas, não fazem tarefas [...)" (FERRARI e AIVIARAL, s/a. p.1). No entanto, os professores devem levar em conta que, a maioria desses jovens possuem uma história de vida muito diferente dos jovens de sua idade. Muitos já possuem tanta responsabilidade quanto um aluno adulto, mas, seu psicológico entra em "conflito" por estar passando por uma experiência ainda não maturada em sua mente.
O convívio entre as diferentes faixas-etárias pode ser muito enriquecedor. Contudo, é preciso atentar-se ao fato das "necessidades" do aluno jovem; seu ritmo de aprendizagem, sua “impaciência” em ficar parado, etc. O ideal é propor atividades que estimulem parcerias com culturas, histórias... E que nos envolve em um processo de criação de competências, saberes e habilidades.
A aprendizagem não é um amontoado sucessivo de coisas que se vão reunindo. Ao contrário, trata-se de uma rede ou teia de interações neuronais extremamente complexas e dinâmicas, que vão criando estados gerais qualitativamente novosno cérebro humano. (ASSMANN, 1998, p. 40).
Aprender, nada mais é do que o desenvolvimento do cérebro, da cognição. Segundo Assmann (1998, P. 132), aprender “não se trata apenas de entender conceitos novos, entendidos com ferramentas interpretativas. Trata-se de entender, antes de mais nada, quais são as consequências disso tudo para a transformação das relações pedagógicas". Aprendemos dentro de nós e em relação com o meio, que também aprende conosco.
O modo como aprendemos cada ação, é individual, mas os fatores psicobiológicos, históricos e ambientais, influenciam em como esse processo se dá em nossas mentes. “Em situações distintas, somos requisitados a dar respostas condicionadas ou a construir novas estratégias de resolução de problemas. Ambas, então, são aprendizagens importantes dentro de seus devidos contextos” (LEGAL; DELVAN, 2009, p. 66). Cada sujeito possui sua história de vida e cultura, e isso influi no desenvolvimento de como e quanto tempo levamos para aprender algo.
Há um ditado popular que diz que "não se ensina truques novos a macaco velho". O dito tem como significado que, pessoas mais velhas não podem aprender coisas novas. Contudo, tal ditado está muito equivocado. Sujeitos que estão muito tempo sem contato com o currículo e a rotina escolar, podem sim aprender assuntos de diferentes áreas do conhecimento. Até mesmo das tidas como “difíceis”, que é o caso das exatas, matemática, física e química.
Isso indica que o tempo de aprendizagem diz respeito ao tempo necessário para assimilação de um determinado conteúdo pelo aluno. Esse tempo pode ser disposto como memória de curto prazo, conhecida também como memória de trabalho, e memória de longo prazo (LEGAL; DELVAN, 2009). De acordo com Legal e Delvan (2009) a memória de curto prazo é limitada e dura pouco, além de que é facilmente corrompida, pois essa memória faz uma espécie de "resumo" de todas as memórias de curto prazo, juntando com partes das memórias de longo prazo.
[...] Se nossa memória de curto prazo (trabalho) é limitada, esta limitação deveria ser levada em consideração nos planejamentos de ensino, pois grandes quantidades de informações deveriam ser divididas em partes menores e sequenciadas de modo que a aquisição dos conteúdos significativos de fato possa ocorrer (LEGAL; DELVAN, 2009, p. 82).
Neste sentido, pensar o fator “tempo” é pensar que todas as atividades desenvolvidas precisam ter uma duração adequada para que um estímulo seja assimilado pelo aluno. “Assim sendo, o tempo da aprendizagem é um tempo do aluno, um tempo determinado por uma série de acontecimentos em um sujeito específico” (SILVA, 2009, p. 230). Dessa forma, podemos observar porque, muitas vezes, a assimilação do conteúdo se deu, em alguns casos, em época posterior à entrega da tarefa solicitada.
Não há idade para aprender. No entanto, um fator deve ser levado em conta: as pessoas que estão há muito tempo sem contato com os conteúdos do currículo escolar (tanto de ensino fundamental, quando de ensino médio), ou que não possuem a cultura de lerem materiais diversificados sobre diferentes assuntos (ou não leem nada), estão propícios a terem um raciocínio e aprendizado mais lento.
A interferência do ambiente no sistema nervoso causa mudanças anatômicas e funcionais no cérebro. Assim, a quantidade de neurônios e conexões entre eles (sinapses) mudam dependendo das experiências pelas quais se passa. Antes, acreditava-se que as sinapses formadas na infância permaneciam imutáveis pelo resto da vida, mas ha indícios de que não é assim (SALLA, 2012. p. 54).
Segundo Macedo (2012 apud SALLA, 2012, p. 54), a aprendizagem “[...] não é a mesma para todos, e também difere de acordo com os níveis de desenvolvimento de cada um, pois há domínios exigidos para que seja possível construir determinados conhecimentos”. Como na EJA uma mesma turma pode ter alunos de diversas idades - adolescentes ou adultos - e, assim, com diversas velocidades de raciocínio e aprendizagem, nesse caso, conforme Gohn (2005, p. 101), “são respeitadas as diferenças existentes para a absorção no processo de ensino-aprendizagem”. Esse respeito leva em conta o ritmo que cada sujeito possui nesse processo de ensino-aprendizagem, mas deve-se instigá-lo a esforçar-se, deve-se questioná-lo e “perturbá-lo”.
A educação de jovens e adultos veio para tentar “realinhar” uma nação que saiu da escola antes de concluir o ensino básico, de maneira a sobrar um número quase que insignificante de sujeitos nesse contexto em um determinado prazo. No entanto, esqueceu-se que cada sujeito possui sua história, e cada um possui um “relacionamento” com a escola.
A educação que antes era para ser apenas reparadora, hoje também reaproxima os sujeitos do ensino, e ainda preza para que essa reaproximação seja de um ensino de qualidade, para que ele não se "acomode" após a EJA.
Verificou-se que, por se tratarem de sujeitos que estão ha tempo fora da sala de aula, seu ritmo de aprendizagem não é mais o mesmo, devido aos anos fora da escola ou, até mesmo, a influência que a escola teve em suas vidas.
Todos os sujeitos, sejam velhos ou novos, tem condições de aprender, entretanto, a velocidade com que o mundo evolui, as inúmeras informações que precisamos saber a cada dia e, ainda, o misto de sujeitos de diferentes idades na mesma sala de aula, agrava a situação da “demora” da aprendizagem de alguns alunos.
Contudo, até mesmo em salas de aulas de crianças e adolescentes de uma mesma faixa-etária, que nunca pararam de estudar, que estejam na fase correta para sua idade, terão alunos mais lentos e alunos mais rápidos para aprenderem.
Alguns serão terão facilidade em um ou outro assunto ou matéria, outros têm em todas e outros, ainda, terão dificuldade em todas, mas quem sabe, não perderão o interesse.
Cada caso é um caso. Cada sujeito possui sua cultura, sua história de vida, e sua história escolar. Tudo isso deve ser levado em consideração antes de julgar se um aluno é mais “inteligente” que outro. E isso não se dará da noite para o dia. Às vezes, levarão meses e, ainda assim, alguns, sairão sem que seu “tempo de aprendizagem” tenha sido compreendido.
O presente estudo desenvolvido em uma escola localizada no município de Capitão Leônidas Marques, se trata de uma pesquisa social, e tem como objetivo principal contribuir para a reflexão sobre as práticas pedagógicas dos educadores atuantes nas classes de educação de jovens e adultos, com vistas a esti8muolar a aprendizagem e a conclusão dos estudos por parte dos alunos, possibilitando a análise e discussão reflexiva-crítica-conscientizadora da problemática da educação de jovens e adultos.
Diante disso, buscou-se conhecer as motivações que fazem com que os jovens e adultos de um noturno, mantenham sua frequência às aulas e a analisar a relação entre a prática pedagógica desenvolvida e a frequência ao curso.
Considerando os objetivos, os pressupostos, o referencial teórico e o método de pesquisa, forma delimitados os seguintes critérios para a realização do estudo: sujeitos, participantes de uma turma de alunos inscritos no curso de educação de jovens e adultos e os sujeitos foram denominados por pseudônimos. 
Alunos:
Sujeito 1:
A referida aluna é do sexo feminino, casada, mas no momento está vivendo só. Tem a idade de 51 anos, do lar, está cursando as séries iniciais do Ensino Fundamental.
A mesma não estudou na idade regular, morava no interior do seu município de Praia Grande, no estado de Santa Catarina, longe da cidade e não tinha condições de estudar, pois tinha que ajudar nas tarefas da casa e na lavoura, juntamente com seus pais.
Quando veio com sua família para o estado do Paraná, no município de Medianeira em 1963, vieram a residir numa região em que ainda não era desbravada. Este local ficava a 12 km da escola mais próxima da fazenda onde fixaram residência. 
Com 19 anos, já casada, veio para o município de Capitão Leônidas Marques, com um filho de 5 meses, sempre trabalhando em casa, pois seu marido não permitia queestudasse. Quando seu terceiro filho já estava com 12 anos, começou a estudar, permanecia 2 meses, parava, voltava mais 2 ou 3 meses. Depois que seu marido saiu de casa, por razões não comentadas, tentou um tipo de comércio de apliques para sofás, por falta de estudos e não saber o que era um planejamento, perdeu tudo.
Diante desta situação, a mesma voltou a estudar, e hoje encontra-se dentro de uma sala de aula. Uma de suas alegrias foi quando escreveu o próprio nome e comentou que lê muito a Bíblia.
Hoje, a mesma relata da importância do estudo e a falta que este faz para ela, por não ter tido a oportunidade de estudar e ter que manter a casa.
Sujeito 2:
Do sexo feminino, casada, 36 anos, do lar, está cursando o ensino médio. Ficou vários anos sem estudar depois que terminou a 8ª série. 
O principal objetivo que a fez voltar a estudar foi devido a uma fase de depressão e o médico a aconselhou a fazer alguma coisa, então optou por estudar. Hoje está casada a 16 anos, tem dois filhos. Sente-se feliz gosta de estudar, se recuperou, perdeu a timidez e aconselha que vale apena estudar, inclusive incentivou outros colegas que também voltaram a estudar. A carga horária dificultou, pois leva mais tempo para concluir o curso.
Sujeito 3:
Do sexo feminino, casada, 18 anos, trabalha em um salão de beleza, está cursando o ensino médio.
Terminou a 8ª série e parou de estudar devido às dificuldades socioeconômicas e teve que trabalhar. Porém, a mesma percebeu que sem estudar, as dificuldades também passaram a existir para conseguir encontrar uma boa oportunidade de emprego, para isto, pretende terminar o ensino médio na EJA. 
A mesma sente-se muito bem estudando na Educação de Jovens e Adultos, até aprendeu mais devido ao número de alunos ser bem menor em sala de aula em comparação com o ensino regular.
Estes, são três alunos dos milhões de jovens e adultos que procuram a escola, no entanto, esboçam um pouco da identidade desses alunos e o papel que a escola representa para eles. 
Neste trabalho, procurou-se trazer as vozes deles e dos professores com o intuito de contribuir para melhor compreensão do vasto mundo da educação de jovens e adultos. 
Professores:
Sujeito 4:
Sexo masculino, casado, professor pedagogo. Com relação às dificuldades encontradas, menciono que é trabalhar com os alunos adolescentes, que na maioria dos casos, são ex-alunos do ensino regular, onde não tiveram sucesso. Vieram de reprovação e agora buscam a autoestima. Esta é uma tarefa difícil, pois na maioria dos casos, assistem a aula só até o horário do recreio. 
Sua sugestão é buscar melhorar a autoestima destes alunos, e mostrar que o caminho do sucesso passa pela escola.
“Nós, enquanto escola, estamos dando especial atenção e procurando que os professores motivem suas aulas e mantenham sempre um diálogo franco e aberto. Estamos levando em consideração principalmente atender as expectativas de nossos alunos, dando oportunidades para que eles expressem seus objetivos”.
Sujeito 5:
Sexo feminino, casada, professora de História. Com relação às dificuldades encontradas, menciono que na EJA, os educandos já vem com uma bagagem de conhecimentos que devemos levar em consideração sempre nas nossas práticas, isto é, nas aulas é muito interessante, uma vez que as experiências dos alunos são socializadas e, de acordo com as Diretrizes Curriculares, pode servir como ponto de partida aos assuntos abordados. 
Comenta que não encontra dificuldades em trabalhar os conteúdos, apenas percebe que os mesmos deveriam ter mais entusiasmo, uma vez que chagam cansados, não apresentam muito interesse, apenas estudam porque é preciso para sua vida lá fora. 
Sua sugestão é que deveria ser ofertado aos educandos da EJA, juntamente com as disciplinas afins, um curso profissionalizante, ou que pelo menos mostrasse as diferentes formas de trabalho, possibilidades, dificuldades, oferta no mercado, remuneração, etc. Por exemplo, um pedreiro, aprender a fazer a massa, assentar tijolos etc. “Aproximar mais os alunos ao mundo do trabalho”. 
Sujeito 6: 
Sexo feminino, casada, professora de matemática. Uma das grandes dificuldades encontradas é a questão do trabalho, pois os alunos chegam cansados e isto dificulta o aprendizado. Ainda há a questão das faltas devido ao trabalho, a casa, a família, as responsabilidades que acabam desestimulando.
Em sua opinião, o que deveria melhorar é com relação à idade de ingresso à EJA, a partir de 16 a 18 anos, pois sairão trabalhadores e irão valorizar o que estudaram e aprenderam. 
Com relação aos recursos, diz que está tudo bem, menciona que as apostilas demoram a chegar e com isso, deixa a desejar no processo de ensino-aprendizagem. Sobre as entrevistas realizadas com os professores, os mesmos referem-se às dificuldades encontradas do aluno trabalhador que chega à escola cansado. Há também muitas faltas devido ao trabalho, pois muito tem que fazer horas extras, e se desestimulam e acabam desistindo. A casa, a família, responsabilidades e outros afazeres também acabam desestimulando. Outro fator é a idade que deve ser a partir de 16 a 18 anos, pois sairão trabalhadores e irão valorizar o que estudaram e aprenderam. 
RESULTADO E DISCUSSÃO DA PESQUISA
Esta pesquisa possibilitou um estudo acerca da metodologia trabalhada na educação de jovens e adultos, atualmente muitos educadores se baseiam na metodologia do educador Paulo Freire, precursor da modalidade de ensino EJA. Através desse estudo buscou-se compreender sobre a importância dessa metodologia utilizada no dia a dia e o sentido que ela faz na vida dos alunos, além do docente que atua nessa modalidade de ensino.
Considerando que a modalidade de ensino EJA tem papel essencial na aprendizagem, acredita-se que uma pesquisa contribui para uma melhor compreensão de como e o trabalho realizado no ensino de EJA, sobre as práticas e políticas públicas dirigidas a essa modalidade de ensino que é destinada a jovens e adultos que não tiveram acesso ao ensino em idade correta. Portanto a educação de jovens e adultos deve possibilitar igualdade de condições.
Os dados para essa pesquisa foram coletados na "Escola Municipal Jaime Canet, situada na Rua Ettore Giovine s/n, Jardim São Cristóvão, na cidade de Paranavaí - PR, com turma seriada de ciclo 1 (um) e 2 (dois), 1º a 4º ano do ensino fundamental 1. Foi aplicado questionário fechado aos alunos com perguntas simples, de fácil interpretação, sabendo que são alunos que estão em processo de alfabetização. Ao professor(a) foi aplicado questionário fechado.
A coleta de dados aconteceu por etapas, que em primeiro momento foi feito a visita com observação e diálogo com professora e alunos, para assim dar continuidade. Após foram aplicados os questionários.
Para aplicação aos alunos, acompanhou-se com eles a leitura do questionário, para melhor compreensão do mesmo, destaca-se que o questionário não foi aplicado a todos os alunos, além de considerar que muitos deles não apresentavam, até o momento, habilidades desenvolvidas em relação à escrita, já que estão na fase silábica alfabética. Assim sendo, os alunos foram escolhidos pela própria professora regente da classe, o quo selecionou 10 (dez) alunos, que encontravam-se em condições de responder a questionário, já que haviam desenvolvido a escrita e leitura.
Em seguida foram analisados e interpretados os dados coletados.
Na cidade de Paranavaí – PR, apenas três escolas trabalham com educação de jovens e adultos, segundo informações obtidas junto a Secretária Municipal de Educação, que informa os dados do censo demográfico de analfabetismo e a taxa do matrículas realizadas nas redes de educação na cidade de Paranavaí – PR. Assim segue:
Tabela 1. TAXA DE ANALFABETISMO – MATRÍCULAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS SEGUNDO A DEPENDÊNCIA ADMISTRATIVA – 2012 
	Dependência administrativa 
	Educação de Jovens e Adultos 
	Estadual 
	1780
	Municipal 
	39
	Particular 
	62
	TOTAL 
	1881
Fonte: MEC/INEP;SEED
Essas informações revelam o caráterdominante da rede Estadual quanto à oferta de matrículas para essa etapa de ensino, no entanto, os dados envolvem ensino médio e fundamental, ficando nossa amostra desse trabalho com a menor oferta de matrículas, sendo a caracterizada pela rede municipal de ensino, com oferta hegemônica de ensino fundamental. 
Tabela 2. SEGUNDO FAIXA ETÁRIA – 2010 
	FAIXA ETÁRIA (anos) 
	TAXA (%) 
	De 15 ou mais 
	7,01
	De 15 a 19
	1,12
	De 20 a 24
	0,90
	De 25 a 29
	1,16
	De 30 a 39
	2,42
	De 40 a 49 
	4,49
	De 50 e mais 
	17,37
FONTE: IBGE – Censo Demográfico 
NOTA: Foi considerado como analfabetas as pessoas maiores de 15 anos que declararam não serem capazes de ler e escrever um bilhete simples ou que apenas assinam o próprio nome, incluindo as que aprenderam a ler e escrever, mas esqueceram.
A tabela acima embora demonstre dados contraditórios em relação as informações, pois infere que a faixa etária de 15 anos ou mais corresponde a um número de 7,01%, e os dados abaixo inferem que de 15 a 19 anos correspondem a um número de 1,12%, nos informa sabre a extensa quantidade de alunos jovens que estão ingressando nessa modalidade de ensino, alunos esses que por algum motivo podem ter se evadido da escola, ou ter passado por reprovações que as deixaram impossibilitados de concluir os estudos em idade própria. Outro dado interessante é a quantidade de alunos acima de 50 anos, correspondendo a um total de 17,37% da população, sendo essa a maioria do público atendido por essa modalidade de ensino no Município de Paranavaí, o que confirma as discussões realizadas nesse trabalho, sobre os efeitos tardios das políticas de educação para esse público, mantendo nos dias atuais elevado número de pessoas mais velhas que não tiveram acesso à educação em idade própria.
A turma de EJA, objeto de investigação dessa pesquisa, tem um total de 24 alunos e uma professora: são alunos que moram nas proximidades, em bairros mais distantes, e distritos, sendo 11 alunos do sexo feminino e 13 são do sexo masculino. A idade varia de 17 anos a 63 anos, pela coleta de dados dos dez alunos, seis são casados, e quatro são solteiros.
Gráfico 1. Gráfico de sexo 
			Fonte: Dados coletados pela do número total de alunos 
Gráfico 2. Gráfico de Faixa Etária
Fonte: Dados coletados pela do número total de alunos 
Gráfico 3. Gráfico de Estado civil
Fonte: Dados coletados pela do número total de alunos 
A coleta dos dados ao tratar da ocupação desses estudantes, evidenciou que cinco alunos trabalham, seis alunos não trabalham, e que há também alunos aposentados. As profissões dos alunos são: auxiliar de mecânico, porteiro, encarregado de produção, forneiro, serviços gerais, funileiro, cortador de cana e pedreiro.
Quando perguntado sobre participação em grupos sociais, todos participam de algum, os mais idosos frequentam igreja, clubes de terceira idade, os mais jovens frequentam igreja e praticam esportes, isso leva a observar que há uma boa participação nos grupos sociais.
A professora relatou que a maioria dos alunos tem dificuldades de aprendizagem, motivo esse que os levou a desistir de continuar os estudos na idade apropriada. Além desses motivos foram relatados pelos alunos no questionário aplicado, motivos como trabalho, e o índice de reprovação, como fatores decisivos para que em algum momento da vida abandonassem os estudos, impedindo-os de concluir em idade própria.
Quanto aos motivos que fizeram com que retornasse aos estudos, a maioria responderam que é o desejo de aprender, outros, pelo certificado, carteira de habilitação e a busca por um emprego melhor.
Os alunos tem boa convivência em grupo, a sala é harmoniosa, e todos demonstram estarem focados no conteúdo, o que contribui para o conhecimento, embora seja organizado em sala multisseriada. Como resultado de todo esforço no ano de 2012, um dos alunos dessa sala foi selecionado para publicar sua redação em um projeto municipal chamado “Pequenos Grandes Escritores de Paranavaí”, IV coletânea.
Quando questionados sobre a professora e as impressões que tem dela, os alunos emitiram descrições considerando-a boa e legal.
No ato de aprender o desenvolvimento afetivo e importante, pois permite a consolidação do processo ensino aprendizagem. É necessário desenvolver a efetividade nos alunos da EJA, cabendo ao educador compreender a importância dessa ralação para o melhor aproveitamento de sua prática. Todo processo de educação significa constituição de um sujeito que desenvolve seus aspectos afetivos, cognitivos e motores, que interage com o meio em que vive, para que o estudo seja um meio de inclusão, isso porque a construção de saberes é um processo social. Assim sendo a EJA é um fator de influência positiva para esses sujeitos, já que em contrapartida pode transformar sua visão de mundo, a fim de melhorar sua própria vida. A escola e o espaço onde o aluno se relaciona, é nesse contexto que o professor pode ajudar o seu aluno, a desenvolver seus talentos, suas competências, fazer com que o aluno tenha um conceito positivo de si mesmo, de forma a proporcionar a oportunidade que pode permitir com que esse realize seus desejos, como qualquer ser humano, para participar e construir uma sociedade mais justa e igualitária.
Enfatiza-se dessa forma, a metodologia do educador Paulo Freire (1996), em que a educação é um ato politico. “Não há finalmente educação neutra, nem qualidade por que lutar, no sentido de reorientar a educação, que não implique uma opção política e não demande uma decisão, também política de materializá-la” (FREIRE, 2002, p. 23).
A metodologia do educador Paulo Freire ressalta a importância de conhecer a realidade do aluno, conhecer seu cotidiano, os alunos de EJA são alunos que por algum motivo não concluíram seus estudos, nesse sentido o vínculo afetivo, o reconhecimento do outro, e de suma importância em uma sala de educação de jovens e adultos. A inexistência da distância entre aluno e professor facilita o convívio, a confiança e desinibe, ajuda na cooperação entre todos no aprendizado.
Para tanto, as escolas são espaços de grupos de condições particulares de vivência, sendo importante analisar a vivência de exclusão e entender a escolarização tardia, e a importância da EJA na vida dos sujeitos dessa educação, sem julgamentos, aceitando sua “bagagem”, sua contribuição, de realidade vivida através da criação de espaços de trocas onde o aluno e professor aprendem juntos. A educação é um processo continuo de conscientização, mudanças nas práticas educacionais, e visa estabelecer a relação entre cidadania e educação, de modo a não negar educação àqueles que já foram excluídos da escola na idade regular.
No questionário aplicado à professora, foram coletados dados, que revelaram a qualificação da mesma para trabalhar com esse perfil de aluno. Nota-se que são anos de experiência, com capacitação através de cursos destinados a EJA, e com forte incorporação do conhecimento da metodologia freireana. No entanto, essa não é a metodologia hegemônica aplicada pela professora em sala de aula. A mesma destaca que sua utilização é restrita, embora a utilize.
Um dos maiores obstáculos para sua aplicação é a organização da sala em seriada, ou seja, a professora atende diferentes alunos que encontram-se em series diversas o que exige, muito de sua prática didática. As dificuldades em relação às salas seriadas, se manifestam no lento progresso dos alunos, altos índices de faltas, principalmente nas sextas feiras, a própria aplicação de didáticas específicas para múltiplas series, o que leva a professora a utilizar metodologias de acordo com a dificuldade de cada aluno, com envolvimento de relações afetivas, para que esses alunos não desanimem e venham desistir mais uma vez da escola. São alunos que precisam ser compreendidos em suas dificuldades.
Sobre os recursos utilizados pela EJA, a professora diz que esses ficam a desejar, a dificuldade começa na seriação da turma, e nos limites especiais e subjetivosde cada aluno, a visão da EJA pela professora e que falta recursos compatíveis para trabalhar a realidade dos alunos, seria necessário apoio especial a esses alunos, de forma a contribuir com suas dificuldades de aprendizagens.
No entanto, para garantir a permanência e acesso a EJA é necessária a valorização do professor por meio de formação continuada, além de políticas de incentivo, e valorização do retorno a escola.
Para que haja aprendizagem significativa e preciso que o aluno tenha relação entre o aprendido e o que já sabe, isso o ajuda a ressignificar o que aprende. É preciso acreditar no próprio trabalho e no potencial do aluno, deve ser tornado como partida o conhecimento do sujeito, e com a plena consciência de que cada um tem o sou tempo de aprender.
Contudo, para garantir o acesso a EJA é imprescindível a valorização do professor por formação continuada e políticas de incentivo, bem como valorizar o aluno que em outro momento de sua vida percebe na escola um importante espaço de formação humana, o que o faz retornar a ela.
O presente estudo procurou refletir sobre educação de jovens e adultos na visão de Paulo Freire. Ressaltando que não ha pretensão de criticar a metodologia aplicada nem apontar soluções definitivas, mas sim, contribuir através de dados para uma melhor interpretação e reflexão sobre esse método de ensino.
CONTRIBUIÇÕES DE PAULO FREIRE PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
A educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino amparada pela lei; é voltada para pessoas que não tiveram acesso à escola por alguma situação na idade própria. Segundo Ribeiro (2001), a alfabetização de adultos é uma pratica de caráter político, pois se destina a corrigir ou resolver uma situação de exclusão, que na maioria das vezes faz parte de um quadro de marginalização maio.
No Brasil, pensar em Educação de Jovens e Adultos é pensar em Paulo Freire. O mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais, conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para ele, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno principalmente em relação às parcelas da população desfavorecidas. A educação freireana está voltada para a conscientização de vencer primeiro o analfabetismo político para concomitantemente ler o seu mundo a partir da sua experiência, de sua cultura, de sua história. Perceber-se como oprimido e libertar-se dessa condição é a premissa que Freire (2013, p. 31) defende:
Quem, melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o significado terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, melhor que eles, os efeitos da opressão? Quem, mais que eles, para ir compreendendo a necessidade da libertação? Libertação a que não chegarão pelo acaso, mas pela práxis de sua busca; pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela. Luta que, pela finalidade que lhe derem os oprimidos, será um ato de amor, com o qual se oporão ao desamor contido na violência dos opressores, até mesmo quando esta se revista da falsa generosidade referida.
Freire mostra que é necessário na educação uma pratica da liberdade; quanto mais se problematizam os educandos como seres no mundo, mais se sentirão desafiados e responderão de forma positiva, ao contrário de uma educação bancária, domesticadora, que apenas ‘deposita’ os conteúdos nos alunos. Para Freire, “não há saber mais ou menos; há saberes diferentes” (2013, p. 49). Defensor do saber popular e da conscientização para a participação, Paulo Freire inspirou muitos movimentos sociais que lutaram em busca da equidade social. As premissas de Freire motivam até hoje ações da sociedade civil em prol da efetivação da cidadania.
A atual política de Educação de Jovens e Adultos, fruto das reivindicações de grupos e movimentos sociais de educação popular, diante do desafio de resgatar um compromisso histórico da sociedade brasileira e contribuir para a igualdade de oportunidades, inclusão e justiça social, fundamenta sua construção nas exigências legais definidas pela Constituição Federal de 1988.
Essa Constituição incorporou como princípio que toda e qualquer educação visa o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (Art. 205). Retomado pelo Art. 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, nº 9.394/96), esse princípio abriga o conjunto das pessoas e dos educandos como um universo de referência sem limitações. Assim, a EJA (modalidade que visa, além da escolarização, à inclusão e ao resgate da cidadania e à reparação de anos de segregação educacional) esforça-se em prol da igualdade de acesso à educação como bem social.
O Art. 37 da LDB prevê que “a educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento”; dessa forma, e se realmente acontecesse o que está previsto em lei, teríamos muito mais jovens dentro das escolas. O jovem quer trabalhar, mas faltam qualificação e oportunidades, principalmente a de concluir a Educação Básica e ter parcial domínio das novas tecnologias.
QUESTIONÁRIOS
QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR
Você leciona na EJA por gosto de escolha própria?
( ) Sim	( ) Não 
Comentários: __________________________________________________
Você utiliza:
( ) Metodologia específica para alfabetizar ou 
( ) utiliza práticas metodológicas diferenciadas de acordo com a situação?
Comentários: __________________________________________________
Na sua opinião, a Secretaria de Educação oferece satisfatoriamente formação continuada aos seus professores alfabetizadores?
( ) Sim 	( ) Não 
Comentários: __________________________________________________
Nas suas turmas, o nível de evasão escolar:
( ) é menor que 50%?
( ) está acima de 50%?
Além das metodologias que você utiliza, você adota outros meios como incentivo ao processo de ensino aprendizagem de seus alunos?
( ) Sim 	( ) Não 
Comentários: __________________________________________________
Na sua opinião, o que causa a evasão:
( ) é o desinteresse do aluno?
( ) são motivos causados pela vivência cotidiana?
Comentários: __________________________________________________
Caro aluno, este questionário tem como finalidade subsidiar uma pesquisa de campo para o TCC afim de adquirir um título de graduação em Pedagogia.
QUESTIONÁRIO DO ALUNO
Por qual motivo você ingressou em uma turma de EJA nesta fase da vida:
( ) decisão própria?	( ) não teve condições de permanecer na escola durante a infância?
Você frequenta as aulas com prazer:
( ) Sim		( ) Não 
Você trabalha durante o dia?
( ) Sim 		( ) Não 
Você frequenta as aulas por vontade própria ou por necessidade e/ou obrigação?
( ) Vontade própria 	( ) necessidade e/ou obrigação
Você se arrepende por não ter continuado os estudos na infância?
( ) Sim		( ) Não 
Você deseja:
( ) apenas aprender ler e escrever. 
( ) continuar os estudos e fazer um curso com formação superior.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não se pode refletir sobre a Educação de Jovens e Adultos sem relacioná-la diretamente à forma como a sociedade está estruturada. Os cursos de alfabetização de adultos existem, exatamente, pela falta objetiva de oportunidades educacionais que garantam às crianças o acesso à escola, bem como a sua permanência, haja vista os altos índices de evasão e repetência evidenciados nas estatísticas sociais.
No cenário atual, a sociedade vê a juventude e o adulto analfabeto como sinônimo de problema e motivo de preocupação. Especificamente, a juventude é a fase mais marcada por contradições de elementos de emancipação e subordinação sempre em choque e negociação. O adulto analfabeto defronta-se com a sociedade letrada e necessita de, no mínimo, saber enfrentar a tecnologia da comunicação para que, como cidadão, saiba lutar por seus direitos, pois ao contrário, torna-se vítima de um sistema excludente epensado para poucos.
Com um público específico que traz consigo sequelas de experiências frustradas ao longo da vida, o adulto chega à EJA com uma bagagem cultural diversificada, habilidades inúmeras, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o seu mundo. Muitos se encontram humilhados pela condição de excluídos da escola por diferentes razões: necessidade de trabalho, reprovações sucessivas, por não se terem adaptado às normas da escola, por não terem conseguido aprender o que necessitam com urgência aprender o necessário para sobreviver neste mundo cientifico e tecnológico em que vivem. Chegam e encontram a mesma escola que o excluiu há anos com propostas pedagógicas que não contemplam as suas expectativas e escolas com regras especificas e generalizadas. Este, além de outros aspectos leva ao alto índice de evasão observada nos programas de EJA na atualidade. Esse fracasso pode ser explicado, principalmente, por problemas de concepção epistemológica e pedagógica entre o concebido pelas propostas oficiais e o vivido por esta comunidade no âmbito escolar.
Em meio a um discurso progressista, tem-se conferido a educação escolar a formação do cidadão-trabalhador, centralizando o desenvolvimento socioeconômico na educação, retirando, portanto, dos órgãos governamentais as obrigações educacionais. O progressivo descompromisso do governo, juntamente com as políticas neoliberais, buscam centralizar nas políticas educacionais, a lógica do mercado econômico. Sendo assim, a educação se caracteriza como uma concepção produtivista exigindo do “aluno” competências sociais e cognitivas que marcam um perfil profissional desejado pela sociedade.
O predomínio de uma concepção produtivista nas atuais políticas educacionais, ao mesmo tempo em que se baseia no discurso da equidade e democratização, estimula a exclusão de determinadas modalidades de ensino por meio de desobrigação governamental. E dessa forma que a educação de jovens e adultos vem sendo dimensionada no contexto social.
 
REFERÊNCIAS
AMARAL, N. C. Um novo Fundef: as ideias de Anísio Teixeira. Educação e Sociedade, Campinas, SP, V. 22, N. 75, P. 277-290, 2001.
BRANDÃO, I. (2002). De que se fala quando se fala de didática. I Encontro de Didácticas nos Açores. Universidade dos Açores.
______. BRANDÃO, C. R. (2001). O que é Método Paulo Freire. São Paulo: Brasiliense. 
______. BRASIL, (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial.
______. (1996) Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394, de 20 de dezembro.
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 10 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
_____. MEC. Disponível em: www.mec.gov.br. Acesso em: 10 Mar. 2018
ANEXOS
ALUNOS DA EJA EM SALA DE AULA

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