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AP. 3 COMPREENSÃO DE TEXTOS Demo (1)

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1 
 
 
 
O texto abaixo é referência para as questões 01 a 03. 
 
A democracia no Brasil 
 
Democracia é um ideal de sistema político criado no Ocidente, cujo conteúdo e exercício têm passado por 
constantes modificações ao longo da história. Se a definirmos como um conjunto de valores que incluam 
igualdade, liberdade e participação, podemos dizer que os países se alinham de acordo com a maior ou menor 
aproximação desse modelo, tendo cada um seguido um percurso próprio. Idas e vindas devem-se ao fato de que 
os três componentes são muitas vezes incompatíveis. Nesse sentido, não há uma democracia à brasileira. Há um 
percurso brasileiro de busca do modelo, iniciado em 1822. 
Algumas características desse percurso? Primeira: é “looongo”! Segunda: é particularmente falho na parte 
do tripé que corresponde à igualdade. Terceira: é tortuoso, mas vai para a frente. Democracia, ainda que tardia. 
Somos eternos inconfidentes. No caso dos direitos sociais, nossa legislação social foi bastante precoce, 
implantada ao estilo alemão, de cima para baixo. Seu problema hoje é gerencial e financeiro. 
No caso dos direitos civis, estão na constituição desde 1824. Mas são até hoje os menos garantidos. 
Enfrentaram ao longo da história os obstáculos formidáveis da escravidão, do latifúndio e do patriarcalismo, que os 
tornavam letra morta para a maioria da população. Hoje, enfrentam o problema da violência urbana, da corrupção 
policial, da ineficiência do Judiciário. O cidadão do campo, indefeso diante do senhor de terras, continua hoje 
indefeso no mundo urbano diante do crime, do arbítrio policial, da inacessibilidade ao Judiciário. Assim como a 
escravidão era o grande obstáculo à democratização no século XIX, pelo lado da liberdade, da igualdade e da 
participação, a desigualdade é hoje a escravidão que impede o avanço democrático. 
 Assim como o país no século XIX foi muito lento em abolir a escravidão, continuou no século XX 
lentíssimo em reduzir a desigualdade. A liberdade e a participação, em vigor desde 1985, ainda não produziram a 
redução dos índices de desigualdade. Esse é o nó de nossa democracia. 
 
 (CARVALHO, José Murilo de. Cult, n. 85, out. 2004.) 
 
01 - Segundo o texto, é correto afirmar: 
 
a) O Brasil copiou o modelo alemão de legislação social. 
b) Os países democráticos apresentam diferentes modelos de democracia porque o conjunto de valores que 
define esse sistema inclui componentes incompatíveis entre si. 
c) A legislação social no Brasil não foi fruto de amadurecimento a partir de discussões democraticamente 
realizadas. 
d) Existem três tipos de democracia, conforme os valores em que se pautam: um pautado na igualdade, outro na 
liberdade e outro na participação. 
e) O Brasil já resolveu dois dos três aspectos fundamentais do ideal democrático: a liberdade e a participação; só 
falta resolver o problema da desigualdade. 
 
02 - Segundo o texto, a lentidão do percurso brasileiro em direção ao ideal democrático se deve: 
 
a) À falta de leis que garantam o direito de participação a todos os cidadãos. 
b) À redução dos índices de desigualdade. 
c) À falta de programas que diminuam o êxodo rural e evitem que os trabalhadores sofram os problemas urbanos. 
d) À nossa condição natural de “eternos inconfidentes”. 
e) À falta de ações governamentais que ataquem a questão central em cada época. 
 
03 - Indique a alternativa que explicita o sentido que tem no texto a frase “Somos eternos inconfidentes”: 
 
a) Os brasileiros nunca estão satisfeitos com os avanços que a democracia vem proporcionando. 
b) Os brasileiros estão sempre às voltas com atitudes antidemocráticas do governo. 
c) Os brasileiros rejeitam os conselhos de representantes de democracias mais sólidas e buscam construir seu 
próprio sistema de governo. 
d) Os brasileiros não encontraram formas de superar problemas sociais como a violência urbana e a corrupção 
policial. 
e) As manifestações pró-democracia no Brasil não passam de uma farsa, pois o país nunca teve intenções 
autenticamente democráticas. 
 
 
 
 
2 
O texto abaixo é referência para as questões 04 e 05 e para a questão discursiva A. 
 
A atenção para a situação do negro tem o duplo intuito de aprofundar o conhecimento e contribuir para 
proscrever o preconceito. Preconceito que, se é odioso nos países cuja população é predominantemente branca, 
torna-se, além disso, grotesco no nosso caso, isto é, num país onde grande parte dos brancos têm nas veias 
parcelas maiores ou menores de sangue africano, que todavia esquecem, rejeitam ou ignoram, sendo que em 
todos esses casos acabam por comportar-se como opressores dos que são considerados “de cor”. 
A falta de oportunidade econômica e social do negro é acompanhada por toda sorte de consequências 
morais da maior gravidade, como o sentimento de insegurança que corrói a personalidade e é agravado pelas 
situações de humilhação. Ora, é impossível conceber uma sociedade democrática na qual grande parte da 
população é privada nos meios de viver com dignidade por causa da cor da pele, e na qual é submetida a formas 
degradantes de discriminação. A nossa Independência foi uma substituição de estatuto político sem alteração do 
estatuto econômico, e, portanto, nada significou como justiça social. A abolição foi uma mudança legal na situação 
do escravo, quase sem alteração da sua possibilidade social e econômica. Por isso, todo esforço intelectual de 
desmascarar essa situação, mostrando a verdadeira natureza das relações raciais no Brasil, é uma forma de 
radicalidade sociológica, que prepara eventualmente o caminho para as medidas corretoras de natureza política. 
 
 (CANDIDO, Antonio. Vários Escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995. p. 318.) 
 
04 - Indique as afirmações que correspondem ao ponto de vista de Antonio Candido no texto. 
 
I. O preconceito racial é tolerável em países com população majoritariamente branca, mas torna-se uma hipocrisia 
no Brasil, onde grande parte dos brancos tem ascendentes africanos. 
II. A melhor forma de resolver a questão racial no Brasil é evitando formas de radicalidade sociológica. 
III. O primeiro passo para a adoção de medidas políticas retificadoras é desmascarar a existência de discriminação 
racial no Brasil. 
IV. O principal problema decorrente da abolição com relação aos negros foi que, embora tenha mantido seu 
estatuto econômico, alterou-lhes o estatuto político. 
 
Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. 
b) Somente a afirmativa III é verdadeira. 
c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. 
d) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras. 
e) Somente a afirmativa IV é verdadeira. 
 
05 - “A atenção para a situação do negro tem o duplo intuito de aprofundar o conhecimento e contribuir 
para proscrever o preconceito.” O significado da frase acima não é alterado se as expressões grifadas 
forem substituídas respectivamente por: 
 
a) A dupla intuição; limitar 
b) O duplo resultado; prescrever 
c) A dupla objeção; distender 
d) A dupla introspecção; proibir 
e) O duplo propósito; banir 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
QUESTÃO DISCURSIVA A 
 
 
 
 
 
 
 
Os gráficos ao lado apresentam 
informações sobre as vitimas de homicídios 
no Brasil no ano 2000. Use esses dados 
para escrever um texto que dê continuidade 
ao parágrafo abaixo, retirado da revista 
Ciência Hoje (out. 2004, p. 27). 
 
 
Seu texto deve ter de 12 a 15 linhas e 
apresentar uma seqüência coerentepara 
a argumentação do parágrafo inicial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
A cor da morte 
 
 O Brasil escolheu, de longa data, o mito de que somos uma democracia racial e de que a cor da pele não 
faz diferença. Faz. Nos registros de vítimas e homicídios organizados pelo Ministério da Saúde, a partir de dados 
das declarações de óbito, o quesito referente à cor só começou a ser preenchido, em todo o Brasil, a partir de 
1996. Os dados estatísticos ainda são de baixa qualidade, mas permitem algumas conclusões, apesar do alto 
percentual com a “raça ignorada” ou “sem informação”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Limite mínimo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
O texto a seguir é referência para as questões 06 e 07 e para as questões discursivas B e C. 
 
Um debate sobre a vida 
 
 O destino de uma mulher que há quinze anos está em coma na Flórida, nos Estados Unidos, precipitou na 
semana passada mais do que uma batalha ética e política, que envolveu até o presidente Geoge W. Bush. A 
disputa judicial sobre se deveria ou não ser retirada a sonda de alimentação que mantém viva Terri Schiavo, uma 
paciente em coma irreversível, pôs na ordem do dia uma questão que desafia a humanidade há milhares de anos: 
Como pode se traçar o limite entre o corpo e mente? A medicina acredita já ter localizado o ponto exato em que o 
fenômeno da consciência ocorre dentro do cérebro. A descoberta impressiona, mas é suficiente para encerrar o 
debate. 
 O ponto central do dilema que envolve Terri pode ser resumido numa pergunta inicial, da qual decorrem 
todas as outras: uma vez perdida para sempre a consciência, perde-se também aquilo que torna a vida humana 
um bem sagrado? Essa é a questão moral que norteia todas as escolhas relacionadas ao prolongamento da vida 
dos pacientes inconscientes e sem chance de recuperação. No passado, os equipamentos eram tão rudimentares 
que a questão nem sequer existia. A tecnologia atual ampliou essa fronteira entre a vida e a morte ponto de o 
paciente em coma sobreviver de acordo o seu destino genético – como qualquer pessoa. Retirar os aparelhos que 
mantêm as funções vitais de um paciente nessas condições pode ser visto como um ato de misericórdia ou um 
assassinato? O que deve pesar mais: o direito de viver a qualquer custo ou o direito de morrer quando a linha que 
separa um ser humano de um vegetal – a consciência – não existe mais? Como saber o que o paciente, que já 
não pode já não pode se comunicar ou entender a própria condição escolheria? 
 Há uma diferença ética entre a retirada de sonda que alimentava Terri e a eutanásia. A suspensão de 
tratamentos e equipamentos que mantém artificialmente a vida de um paciente é considerada uma maneira de 
deixar a natureza seguir o seu curso, quando as possibilidades de curas já estão esgotadas. O termo técnico para 
isso é ortonásia, algo como “a morte correta”. Já a eutanásia exige uma postura mais ativa do paciente ou do 
médico e nada mais é que um suicídio assistido, normalmente com a injeção de uma droga letal. Para os pais de 
Terri, retirar a sonda de alimentação da filha equivale a uma eutanásia, ou até pior. 
(adaptado de: SCHELP, Diogo. Veja, 30 mar. 2005.) 
 
06 – Segundo o texto é correto afirmar: 
 
a) O fato de a medicina já ter determinado o ponto exato da consciência no cérebro exclui do debate sobre as 
eutanásias as questões de ordem moral. 
b) Do ponto de vista técnico, a eutanásia é aceitável desde que realizada com injeção de uma droga letal. 
c) A eutanásia pode ser definida como um prolongamento da vida de pacientes inconscientes e sem chances de 
recuperação. 
d) A questão ética que envolve a eutanásia diz respeito à garantia de acesso de todos a equipamentos modernos 
de prolongamento da vida. 
e) A discussão sobre a eutanásia se intensifica a partir do desenvolvimento tecnológico na área médica. 
 
07 – Segundo o texto, a questão moral envolve o caso: 
 
a) Resume-se em se decidir se a vida humana caracteriza-se simplesmente pela posse da consciência. 
b) Seria envolvida se definisse melhor a linha entre a misericórdia e o assassinato. 
c) Questiona a descoberta do ponto exato em que o fenômeno da consciência ocorre dentro do cérebro. 
d) Refere-se à defesa de que um paciente em coma sobreviva somente quando tiver as funções vitais 
preservadas. 
e) É resolvida quando sabemos o que o paciente escolheria para definir a própria condição. 
 
 
 
6 
QUESTÃO DISCURSIVA B 
 
Tendo em vista a diferença entre a ortonásia e eutanásia, explique, utilizando no máximo 5 linhas, por que, “para 
os pais de Terri, retirar a sonda de alimentação da filha equivale a uma eutanásia, ou até pior”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O texto a seguir é referencia para as questões 08, 09 e 10 e para a questão discursiva C. 
 
A eutanásia virá 
 
 Quando perdem sua função original, os tabus religiosos e sociais desmoronam. Assim aconteceu com o 
divórcio. Está acontecendo com o aborto, que começa a ser legalmente aceito em certas condições e é certamente 
realizado às escondidas. Acontecerá com a eutanásia, que até hoje só existe proteção da lei em uma dezena de 
paises europeus. 
 A eutanásia é praticada no mundo todo, inclusive no Brasil, em segredo, por decisão de médicos e famílias 
que não aceitam assistir passivamente ao sofrimento de pacientes irrecuperáveis que gostariam de morrer em paz. 
Devido as leis retrógradas e tabus ancestrais, não se leva em conta o interesse da maioria dos pacientes que são 
mantidos em estado vegetativo ou precisam enfrentar dores lancinantes ao fim de uma doença incurável. 
 É ultrajante a situação dessa americana, Terri Schiavo, cuja vida se tornou objeto de disputa judicial e seu 
guardião legal, quer a eutanásia pelo desligamento dos tubos que fornecem alimento e água a doente. Alega que 
ela desejaria isso. Os pais de Terri discordam e a briga na justiça se arrasta há doze anos. Entende-se o confronto 
dos parentes diante uma decisão tão perturbadora como tirar a vida de alguém que se ama, mesmo que por 
piedade. No curso da batalha na justiça, os tubos que mantêm Terri viva foram desligados e religados duas vezes. 
Há uma semana, as sondas foram retiradas pela terceira vez, por ordem da justiça. 
 Terri Schiavo entrou na agenda das organizações que lutam a favor e contra a eutanásia. Usam-na como 
símbolo. Seu caso também entrou no radar dos políticos. Os parlamentares de Geoge W. Bush estão 
pessoalmente empenhados em “salvar a vida” de Terri, para agradar seus eleitores, entre os quais muitos 
religiosos ultraconservadores que abominam o aborto, o casamento de gays, uso de embriões para curar doentes 
e a eutanásia. Pobre Terri. Transformou-se numa bandeira na mão de oportunistas. O governo americano, que sob 
a chefia do presidente Bush invadiu o Iraque e provocou a morte de 100.000 pessoas, sem nenhum aparente 
escrúpulo de moralidade ou algum clarão de consciência religiosa, agora luta para se mostrar contra a eutanásia 
de uma pobre mulher na Flórida. 
 Nos Estados Unidos, a morte assistida por médicos pode ocorrer apenas em um estado, o Oregon. No 
Brasil, o Congresso chegou a receber alguns poucos projetos de lei regulando o assunto. Foram imediatamente 
engavetados parlamentares temem perder votos do eleitorado conservador ou religioso, que associa eutanásia a 
suicídio e até mesmo a assassinato. As pessoas aprenderam que só Deus pode determinar a hora que uma 
pessoa deve morrer. Pergunta: qual dos milharesde deuses criados pelos homens ficaria encarregado de decidir 
sobre a morte de cada um de nós? Netuno? Xangô? Shiva? Alá? Jeová? Na Holanda, cerca de 3.000 pessoas 
morrem a cada ano com a eutanásia. Com o tempo o mundo se curvará ao bom senso. 
(ALVARENGA, Tales. Veja 30 mar. 2005) 
 
08 – Tales Alvarenga declara-se abertamente a favor da eutanásia. Todas as alternativas abaixo são 
argumentos que ele apresenta para defender sua posição. EXCETO: 
 
a) A eutanásia já é praticada, abertamente ou em segredo, no mundo todo. 
b) Os pacientes teriam interesse em findar um estado vegetativo ou evitar dores lancinantes ao fim de uma 
doença incurável. 
c) Em alguns paises, como a Holanda, a eutanásia já é praticada em larga escala. 
d) A aprovação da eutanásia ajuda a angariar votos dos eleitores. 
e) A crença de que só Deus pode tirar a vida de uma pessoa perde a força diante da diversidade religiosa. 
 
 
 
 
 7 
09 – Segundo o texto é correto afirmar: 
 
a) O posicionamento dos políticos americanos, no caso Schiavo, foi condicionado pela estratégia de tirar proveito 
eleitoral da situação. 
b) O congresso brasileiro, diferentemente do posicionamento dos políticos americanos, pautou sua decisão pela 
questão ética. 
c) O Bom senso, para Tales Alvarenga, será alcançado quando se decidir que divindade pode determinar a hora 
em que uma pessoa deve morrer. 
d) Para Tales Alvarenga, casamento de gays e uso de embriões para curar doentes são questões religiosas, ao 
contraio da eutanásia. 
e) Tales Alvarenga acha que não pode aceitar a decisão de familiares que se opõem a eutanásia. 
 
O texto a seguir é referência para a questão 10 e para a questão discursiva C. 
 
Trata-se de um trecho da entrevista publicada na AOL, dada por Débora Diniz, professora de antropologia e 
diretora da Associação Internacional de Bioética. 
 
AOL – Quais são os principais argumentos em favor da eutanásia? 
Débora Diniz – Dois princípios éticos são continuamente citados para fundamentar o direito de deliberar sobre a 
própria morte. O primeiro é o principio da dignidade humana e o segundo, o principio da autonomia. Eutanásia não 
é assassinato e esta é uma fronteira ética importantíssima de ser compreendida. Não estamos falando de médico 
ou enfermeiras que deliberem sobre quando e como uma pessoa enferma deve morrer. Estamos discutindo algo 
bem diferente. É o direto inalienável de cada um de nós de decidir em que momento não queremos mais os 
manter vivos, em que momento estamos com nossa dignidade ameaçada pelo sofrimento, pela dor ou pela 
doença. Eutanásia também não é suicídio no sentido clássico que o compreendemos. Muitas pessoas enfermas 
que solicitam o direito à eutanásia poderiam suicidar-se, mas para elas isso seria indigno. A eutanásia 
compreendida como um direito individual é uma garantia do cuidado a que as pessoas tem direito que inclui o de 
morrer. Assim como precisamos de cuidados para nos mantermos vivos, as pessoas precisam de cuidados para 
nos manter vivos, as pessoas precisam de cuidados também para morrer dignamente. 
 
10 - Indique a afirmativa compartilhada por Tales Alvarenga e Débora Diniz nos textos sobre a eutanásia 
apresentados nesta prova. 
 
a) A eutanásia só se aplica aos casos de prolongamento artificial da vida dos pacientes sobrevivam em estado 
vegetativo. 
b) A eutanásia é uma forma de suicídio ou de assassinato. 
c) As pessoas têm o direito de morrer com dignidade. 
d) As manifestações contrarias a eutanásia cabe ao doente, não aos médicos ou a família. 
e) A opção pela eutanásia cabe ao doente, não aos médicos ou à família. 
 
 
 
 
GABARITO – será fornecido pelo professor 
 
01. 
02. 
03. 
04. 
05. 
06. 
07. 
08. 
09. 
10. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
QUESTÃO DISCURSIVA C 
 
Os textos de Diogo Schelp, Tales Alvarenga e o depoimento de Débora Diniz apresentam diferentes posi-
cionamentos sobre a eutanásia. Identifique, dentre eles, um posicionamento especifico e escreva um texto, entre 
15 e 18 linhas concordando ou discordando dele. O seu texto deve ser organizado da seguinte maneira: 
 
 1º parágrafo: apresente ao leitor o posicionamento que você escolheu, explicando quem é seu defensor e 
como ele o justifica; 
 2º parágrafo: apresente o seu posicionamento (você pode concordar ou discordar da idéia exposta no 1º 
parágrafo), explicando os argumentos que o fazem pensar assim. 
 3º parágrafo: selecione os detalhes do caso de Terri Schiavo e/ou de outros casos que você conheça que 
servem para ajuda-lo a sustentar sua posição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Limite Mínimo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
QUESTÃO DISCURSIVA D 
 
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define nepotismo como “favoritismo para com os parentes, especialmente pelo 
poder público”. A questão do nepotismo foi recentemente notícia na imprensa, a partir de denúncias sobre o excesso de 
contratação de parentes dos parlamentares em cargos de confiança na câmara. A esse respeito, leia a notícia abaixo, que 
inclui algumas declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti. 
 
 O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), voltou a defender nesta segunda-
feira o nepotismo, quando participou da posse de seu filho, José Maurício Valladão Cavalcanti, na 
Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Pernambuco.”Essa história de nepotismo 
é coisa para fracassados e derrotados que não souberam criar seus filhos. Eu criei bem os meus filhos, que têm 
universidade, e agora estou indicando José Maurício”, afirmou o deputado. 
 Severino recorreu à capacidade técnica para defender a indicação do filho ao cargo. “O José Maurício é 
uma pessoa que tem doutoramento. É um economista que já tem um ótimo relacionamento com o ministério da 
Agricultura, em Brasília. Isso vai facilitar o trabalho da superintendência. É tanto que, pela primeira vez, um 
ministro vem empossar um superintendente”, declarou. 
 Questionado sobre o projeto de lei em tramitação no Congresso que propõe o fim das nomeações de 
parentes. Severino afirmou que só apoiará se a lei for para os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). “Se for 
pela metade, eu não vou apoiar”. 
 Sobre a possibilidade de demitir seus parentes caso a lei seja aprovada, o presidente voltou a defender as 
nomeações.” acho que isso é história do passado, é uma repetição. Analisem primeiro o Poder Judiciário e vejam 
quantos filhos de juizes, desembargadores e ministros estão empregados em cargos de confiança. Cargo de 
confiança é pra quem merece confiança. Para mim, que tenho uma família bem constituída, meus filhos merecem 
confiança. Por isso eu os escolhi”, disse. 
(Folha de S. Paulo online, 11 abr. 2005.) 
 
Escreva um texto de 10 a 15 linhas, expondo seu ponto de vista sobre a prática do nepotismo no Brasil. Inicie-o com 
uma apresentação do tema. A seguir, escolha dois dos argumentos utilizados pelo deputado Severino Cavalcanti em 
defesa do nepotismo e procure justifica-los (se sua posição for favorável), ou refuta-los (se for contraria).Faça um 
resumo de 7 a 10 linhas do texto abaixo. Para elaborar o resumo, selecione as afirmações mais relevantes do texto 
original e apresente-as de forma condensada, sem recorrer ao recorte e colagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Limite Mínimo 
 
 
 
 
10 
QUESTÃO DISCURSIVA E 
 
Faça um resumo de 7 a 10 linhas do texto abaixo. Para elaborar o resumo, selecione as afirmações 
mais relevantes texto original e apresente-as de forma condensada, sem recorrer ao recorte e 
colagem.Sobre a obrigação de respeitar os idosos 
 
 A recomendação de respeitar os idosos, frequentemente encontrada perto da porta de saída dos ônibus ou 
em espaços públicos, pode ser entendida como uma louvável preocupação solitária. Há que se considerar, porém, 
a quem se destina. Aqueles que não respeitam ninguém? Não seria uma frase singela como essa que lhes 
incutiria princípios de civilidade e humanismo. Além disso, não acredito que os idosos devam ser considerados 
merecedores de maior respeito do que os demais cidadãos. Necessitam, pelas suas características habituais, de 
cuidados específicos para o seu conforto e bem-estar, mas nem por isso superiores aos destinados a seus 
descendentes. 
 A todos deve ser dado o devido respeito. Recomenda-lo preferencialmente ao idoso é uma forma de 
discriminá-lo, colocando-o à margem da comunidade. Soa como “respeite-o por que ele é idoso”, o que pode ser 
erroneamente interpretado como “não respeite quem não for idoso”. Não é essa a atitude que queremos estimular 
entre os nossos pares. 
 Talvez esse este conselho seja endereçado àqueles que desrespeitam especificamente quem tem muita 
idade. Ao motorista que não pára no ponto em que só os idosos tencionariam a embarcar ou aos passageiros que 
dizer em alta voz que “lugar de velho é no asilo”. Muitos podem desconhecer que isso ocorra, mas, diariamente 
tomamos ciência dos relatos sobre esse tipo de preconceito. Infelizmente, são frequentes na vida de quem habilita 
um “pais de jovens”, em que se acredita que os mais novos têm prioridades e, portanto, devem ser prestigiados no 
acesso ás oportunidades. 
 Tal comportamento é, a um só tempo, descabido e inoportuno. Sabemos que, quanto mais desenvolvida 
for uma sociedade, maior será a idade média da sua população. Embora ainda distantes daqueles chamados 
“paises desenvolvidos”, temos observado nítido e progressivo aumento na expectativa de vida de nossa 
população. Portanto “pais de jovens” deve ser entendido como “país subdesenvolvido” em termos sociais e 
econômicos. Lutamos muito para deixar de sê-lo. Além disso, todos deveriam ter claro que quem hospitaliza o 
idoso esta comprometendo o seu próprio futuro. 
 Felizmente, porém, estamos avançando. Não na velocidade em que gostaríamos de fazê-lo nem na 
abrangência de que necessitamos, mas de forma explicita o suficiente para nos confirmar que estamos na rota 
certa. Um bom exemplo pode ser verificado nos avisos que identificam os lugares preferenciais para idosos em 
ônibus e no metrô. Mostram, de forma estilizada, uma figura alquebrada, apoiada em bengala, identificada com a 
doença e com a limitação. Nessa imagem, criada em São Paulo para ilustrar a lei municipal nº 11.248 (de 
1º/10/92), perpetua-se o conceito mitológico do enigma de Tebas, em que o homem era entendido como o “animal 
que amanhecia sobre quatro pernas, passava o dia sobre duas e ao anoitecer andava com três”. 
Foram necessárias manifestações de indignação e de discordância, além de muita discussão sobre o estereótipo 
decorrente desse símbolo, entre os diferentes segmentos da sociedade, incluindo idosos, para que, a fim de 
identificar a lei federal nº 10.048 (de 8/11/00), fosse criada a imagem de um idoso muito mais parecido com aquele 
que todos poderiam e gostariam de ser quando lá chegarem. Essa pode ser vista nas linhas mais recentes do 
metrô. O mesmo ocorreu com as imagens de mensagens publicitárias de produtos direcionados a essa faixa 
etária. 
 São poucos os exemplos, afirmaram alguns. Incipientes, diriam outros. Embora concorde, vejo-os como 
um fenômeno emblemático. Estamos aprendendo a entender melhor a importância e o papel social dos idosos e, 
com isso, preparando o nosso próprio futuro. Quem envelhecer verá. 
 
(Jacob Filho, Wilson. Foha de S.Paulo, Folha Equilíbrio, 28 abr. 2005. P.2) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Limite Mínimo 
 
 
 
 11 
 
As questões 01 a 03 referem-se ao texto a seguir. 
 
 
Estigma 
 
 Os gregos, que tinham bastante conhecimento de recursos visuais, criaram o termo estigma para se 
referirem a sinais corporais com os quais se procurava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou mau sobre o 
status moral de quem os apresentava. Os sinais eram feitos com cortes ou fogo no corpo e avisavam que o 
portador era um escravo, um criminoso ou traidor – uma pessoa marcada, ritualmente poluída, que devia ser 
evitada, especialmente em lugares públicos. Mais tarde, na Era Cristã, dois níveis de metáfora foram 
acrescentados ao termo: o primeiro deles referia-se a sinais corporais de graça divina que tomavam a forma de 
flores em erupção sobre a pele; o segundo, uma alusão médica a essa alusão religiosa, referia-se a sinais 
corporais de distúrbio físico. Atualmente, o termo é amplamente usado de maneira um tanto semelhante ao sentido 
literal original, porém é mais aplicado à própria desgraça do que à sua evidência corporal. Além disso, houve 
alterações nos tipos de desgraças que causam preocupação. 
(...) 
 Podem-se mencionar três tipos de estigma nitidamente diferentes. Em primeiro lugar, há as abominações 
do corpo – as várias deformidades físicas. Em segundo, as culpas de caráter individual, percebidas como vontade 
fraca, paixões tirânicas ou não naturais, crenças falsas e rígidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir de 
relatos conhecidos de, por exemplo, distúrbio mental, prisão, vício, alcoolismo, homossexualismo, desemprego, 
tentativas de suicídio e comportamento político radical. Finalmente, há os estigmas tribais de raça, nação e 
religião, que podem ser transmitidos através de linhagem e contaminar por igual todos os membros de uma 
família. Em todos esses exemplos de estigma, entretanto, inclusive aqueles que os gregos tinham em mente, 
encontram-se as mesmas características sociológicas: um indivíduo que poderia ter sido facilmente recebido na 
relação social quotidiana possui um traço que pode-se impor à atenção e afastar aqueles que ele encontra, 
destruindo a possibilidade de atenção para outros atributos seus. Ele possui um estigma, uma característica 
diferente da que havíamos previsto. Nós e os que não se afastam negativamente das expectativas particulares em 
questão serão por mim chamados de normais. 
 As atitudes que nós, normais, temos com uma pessoa com um estigma, e os atos que empreendemos em 
relação a ela são bem conhecidos na medida em que são as respostas que a ação social benevolente tenta 
suavizar e melhorar. Por definição, é claro, acreditamos que alguém com um estigma não seja completamente 
humano. Com base nisso, fazemos vários tipos de discriminações, através das quais, efetivamente, e muitas 
vezes sem pensar, reduzimos suas chances de vida. 
 
(GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: LTC, 1988. p. 11-15.) 
 
01 - Segundo o texto, é correto afirmar: 
 
a) Os estigmas físicos e os ligados à personalidade atingem todos os membros de uma família. 
b) Embora diferentes, os três tipos de estigma levam à rejeição do indivíduo pelo grupo social. 
c) As pessoas “normais” devem evitar a convivência com as estigmatizadas, para evitar a contaminação. 
d) Os portadores de características estigmatizantes não têm qualidades que possibilitem sua integração social. 
e) As três formas de estigma são transmitidas hereditariamente de uma geração a outra. 
 
 
02 - Entre os diversos conceitos de “estigma” apresentados no texto, assinale a alternativa que sintetiza o uso mais 
amplo que o termo adquiriu na atualidade. 
 
a) Marcas corporais ocasionadas intencionalmente para indicar características morais do portador. 
b) Sinais produzidos no corpo das pessoas para restringir sua circulação em espaços públicos. 
c) Marcas observadas na pele de alguns indivíduos, atribuídas ao dom divino. 
d) Característicaspessoais usadas socialmente como critérios para a discriminação de alguns indivíduos. 
e) Indícios físicos que levam ao julgamento de que certos indivíduos seriam seres imperfeitos. 
 
03 - A partir do texto, é INCORRETO afirmar: 
 
a) Características inerentes ao indivíduo dão origem a estigmas diversos e facilitam a aceitação dele pelos demais. 
b) O conceito de estigma e o conceito de “pessoas normais” são construídos por oposição um ao outro. 
c) Políticas de ação afirmativa buscam aumentar a integração social de pessoas a que se atribuem diversos tipos de estigma. 
d) Um único estigma basta para obscurecer as qualidades de um indivíduo. 
e) Obras sociais de atendimento a grupos estigmatizados não eliminam o estigma, mas procuram reduzir seus efeitos. 
 
 
 
 
 
 
 
12 
As questões 04 e 05 referem-se ao texto a seguir. 
 
Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão, foi um dos maiores jogadores de futebol que o Brasil já teve, sendo comparado a 
Pelé. Neste trecho de entrevista, concedida em 1993, Tostão relembra momentos importantes de sua vida como jogador. 
 
Entrevistador: Você foi o jogador de fato mais comparado ao Pelé. Eu queria saber qual o peso dessa comparação, já que o 
Pelé é... uma barbaridade. E como é jogar com ele? Você sentiu isso como algo diferente? 
 
Tostão: Sem nenhuma falsa modéstia, eu nunca me aproximei do Pelé. Ele foi um jogador realmente à parte, muito acima de 
todos os outros jogadores de todas as épocas. O Pelé tinha tudo, todas as qualidades. Eu tinha grandes qualidades, mas 
algumas dificuldades. O Pelé não: cabeceava muito bem, tinha velocidade, driblava, era um jogador muito inteligente dentro do 
campo. Apesar de ter sido uma pessoa pobre, ele tinha um físico exemplar de atleta. E eu era um jogador que não tinha grande 
velocidade. Eu tinha um arranque muito bom, mas quando a bola ia a uma distância em que eu precisava de uma velocidade 
maior, eu não tinha. Cabeceava mal, saltava pouco. Eu não tinha a condição física do Pelé, não era um atleta. Lembro até hoje 
que um grande jornalista falou que não sabia como eu jogava, porque eu não tinha nada de jogador de futebol, tinha perna 
curta, não era alto. Não tinha características de um grande jogador. Mas eu tinha grandes qualidades, principalmente a de jogar 
vendo o jogo. No segundo em que a bola chegava em mim, eu já sabia o que fazer, tinha uma visão de jogo muito grande. 
 
04 - “Não tinha características de um grande jogador. Mas eu tinha grandes qualidades, principalmente a de jogar vendo o 
jogo. No segundo em que a bola chegava em mim, eu já sabia o que fazer, tinha uma visão de jogo muito grande.” 
 
Qual é a alternativa que reescreve o trecho destacado do texto, mantendo-lhe o significado? 
 
a) Apesar de não ter grandes qualidades, eu tinha características de um grande jogador. Quando a bola chegava em 
mim, por exemplo, eu rapidamente já sabia o que fazer, pois tinha uma visão de jogo muito grande. 
b) O fato de eu ter uma visão de jogo muito grande, de já saber o que fazer quando a bola chegava em mim, é um 
exemplo das minhas grandes qualidades, embora não tivesse características de um grande jogador. 
c) A rapidez com que eu resolvia as jogadas com uma visão muito grande de jogo não foi suficiente para fazer de mim 
um grande jogador, pois as minhas qualidades não eram muitas. 
d) Sem ser um grande jogador nem ter grandes qualidades, ainda assim eu tinha visão de jogo, pois sabia rapidamente 
o que fazer quando a bola chegava em mim. 
e) Esperava a bola chegar em mim, para depois pensar e armar uma visão de jogo. Essa característica comprova que 
eu era um grande jogador, mas com qualidades específicas dentro de campo. 
 
05 - No texto, a frase: 
 
a) “Ele foi um jogador realmente à parte” significa que Pelé evitava a companhia dos outros atletas, por se sentir acima 
deles. 
b) “Eu nunca me aproximei do Pelé” significa que Tostão não tinha relações de amizade com Pelé. 
c) “Não era um atleta” significa que Tostão valorizava muito as características físicas para definir um esportista. 
d) “Um grande jornalista falou que não sabia como eu jogava” significa que o estilo de Tostão era pouco divulgado pela 
imprensa. 
e) “Mas eu tinha grandes qualidades” significa que Tostão possuía uma qualidade que faltava a Pelé: visão de jogo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
 
QUESTÃO DISCURSIVA 
 
Leia a continuação da entrevista com Tostão, em que ele comenta sua participação na Copa de 1970. 
 
Entrevistador: A Copa de 70 foi usada de um jeito meio sombrio: uma felicidade nacional imensa numa época muito dura do 
país, que marcou talvez o pior momento do regime militar. E a Copa foi, digamos, a estampa desse governo Médici. Como isso 
soava entre vocês, havia conversas sobre isso? Você teve algum tipo de vergonha pessoal pela forma com que a vitória foi 
utilizada? 
 
Tostão: Não houve conversa. Principalmente depois do Saldanha* sair, porque o Saldanha gostava muito de conversar sobre 
essas coisas. É aquilo que eu falei. Acho que houve algum problema político também com ele. Agora, na verdade, a maioria 
absoluta dos jogadores era alheia à situação política do país. 
 
Entrevistador: Pelé também? 
 
Tostão: A princípio, sim. Quer dizer, eu nunca vi uma posição dele assim mais pública, não é? Com raras exceções, a maior 
parte estava preocupada com o problema do futebol, em ganhar o jogo com a sua profissão – problemas políticos à parte. 
Confesso que isso me incomodava demais. Eu tinha na época ideais políticos. Não participava porque, por várias vezes, era 
difícil participar. Mas na intimidade, com meus amigos, minha família, era extremamente contra o regime que tinha no país. 
Agora ali, durante a Copa, os preparativos, minha atenção era toda no futebol. Eu achava que isso não podia atrapalhar minha 
atividade, a minha profissão. Eram duas coisas separadas. A minha intenção ali era fazer o melhor. Depois que passou, que eu 
vi que aquilo foi o que estava sendo, é então que a gente percebe que aquilo teve um valor político grande. Isso me deixou 
muito incomodado. Por exemplo, eu me arrependi muito quando nós voltamos do México e fomos recebidos pelo Médici em 
Brasília, aquele negócio todo. Eu me critiquei muito por ter ido lá. Naquela época, aquilo era o de menos. O que contava era a 
festa, aquele oba-oba, toda a alegria de ter ganho a Copa. Mas... 
 
(Novos Estudos CEBRAP, n. 37, p. 103-112, nov. 1993.) 
 
*João Saldanha era o treinador da seleção brasileira de futebol nas eliminatórias para a Copa de 70. Depois de o time ser classificado, foi substituído por 
Zagalo. Não ficou bem esclarecido, na época, o motivo dessa substituição. Alguns atribuíram essa decisão ao General Médici, então presidente da 
República. 
Esse trecho da entrevista faz o registro do relato dos acontecimentos feito oralmente por Tostão. Sintetize as 
informações contidas nas perguntas e respostas desse trecho, organize-as e apresente-as em um texto de, no máximo, 
10 linhas, redigido em terceira pessoa e em linguagem adequada às normas do português escrito. NÃO atribua título ao 
texto. 
 
Valor da questão: 7 pontos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
06 - Uma das polêmicas políticas deste ano foi a proposta do governo de criar o Conselho Nacional de Jornalismo, 
que teria por função “orientar, disciplinar e fiscalizar” o exercício da profissão de jornalista. A reação de parte da 
imprensa foi apontar que o papel do Conselho seria justamente o da censura. A revista Veja (18 ago. 2004) 
apresentou matéria sobre o tema, na qual constavam opiniões de diversas personalidades a respeito do assunto. 
Dentre elas, podemos encontrar as seguintes: 
I. “O conselho me parece uma estupidez.Eu defendo o princípio da Primeira Emenda americana: a imprensa é livre e 
ponto. Essa idéia de que tudo deve ser regulamentado é fascista.” (Renato Mezan, psicanalista) 
II. “Sou de uma geração muito marcada pela questão da liberdade. Creio que uma opinião pública bem formada, aliada a 
meios judiciais pertinentes, ainda é o melhor antídoto para qualquer excesso da mídia.” (Moacyr Scliar, escritor) 
III. “Jornalismo é exercício de informação, mas também de opinião. E opinião não se tutela.” (Paulo Skaf, empresário) 
IV. “Aquilo que é preciso de verdade, desesperadamente, é cuidar da educação da população para que ela tenha 
discernimento para separar a informação ruim daquela que realmente interessa.” (Zélia Duncan, cantora) 
A 
 
 
14 
V. “Se alguém se sente incomodado com aquilo que a imprensa disse dele pode recorrer à Justiça. E é assim que deve 
ser. Nenhum conselho tem o direito de julgar e controlar o que se diz, se escreve ou se pensa.” (Miguel Falabella, ator 
e dramaturgo) 
 
Com relação aos depoimentos acima, é correto afirmar: 
 
a) Os depoimentos em II, IV e V apresentam formas alternativas para controlar os excessos da mídia e com isso se 
distanciam da proposta do governo. 
b) O depoimento em III apóia a iniciativa do governo, pois entende que só se obtém opinião qualificada mediante o 
exercício seletivo da informação que chega ao público. 
c) A opinião em II defende a medida do governo como um meio judicial pertinente para que alguém possa se precaver 
contra a notícia difamatória. 
d) A opinião em I mostra que o objetivo do governo com a criação do Conselho já está contemplado na Constituição. É 
só fazer valer. 
e) Os depoimentos em III e IV querem dizer que informação é tudo e que o governo precisa garantir que ela seja boa. 
 
 
 
QUESTÃO DISCURSIVA 
 
 
Da mesma reportagem da revista Veja (18 ago. 2004) foram retiradas as duas citações abaixo e um trecho do Editorial. Confira. 
 
 
“Por que deveríamos aceitar a liberdade de expressão e de 
imprensa? Por que deveria um governo, que está fazendo o 
que acredita estar certo, permitir que o critiquem? Ele não 
aceitaria a oposição de armas letais. Mas idéias são muito 
mais fatais que armas.” 
Vladimir Lênin (1870-1924, líder da Revolução Russa) 
________________________________________________________________________________________ 
 
 
“Uma vez que a base de nosso governo é a opinião do 
povo, nosso primeiro objetivo deveria ser mantê-la intacta. 
E, se coubesse a mim decidir se precisamos de um governo 
sem imprensa ou de uma imprensa sem governo, eu não 
hesitaria em escolher a segunda situação.” 
Thomas Jefferson (1743-1826, presidente norte-americano) 
 
 
“Em sua Ética a Nicômaco, o filósofo grego Aristóteles (384-
322
 
a.C.) produziu a definição clássica do papel da imprensa. 
„Alguns poucos cidadãos adquirem o poder de fazer políticas 
públicas. Todos, porém, têm o direito de criticá-las‟, escreveu 
o famoso discípulo de Platão. A sabedoria de Aristóteles 
está principalmente em ter estabelecido que os governos e 
seus críticos, embora façam parte da mesma sociedade, 
ocupam nela esferas inteiramente diferentes. Os primeiros 
têm o poder. Os segundos, o direito. Por essa razão, a 
qualidade da imprensa deve ser sempre medida por seu 
grau de independência nas relações com os governos. Estes 
são tanto melhores quanto mais preservam a liberdade de 
seus críticos.” 
Editorial 
 
 
 
Em um texto de no mínimo 10 e no máximo 15 linhas, confronte as declarações acima, explicitando de que forma elas 
se opõem à liberdade de imprensa ou a apóiam. NÃO atribua título ao texto. 
 
Valor da questão: 10 pontos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Limite Mínimo 
 
 
 
 
 
 
 
B 
 
 
 15 
 
As questões 07 e 08 e a questão discursiva C referem-se ao texto a seguir. 
 
Os tempos são outros 
 
Dentre as muitas coisas intrigantes deste mundo, poucas há tão misteriosas quanto o tempo. A ironia é que 
mal nos damos conta disso. Estando desde o nascimento submetidos a uma mesma noção de tempo, aceita por 
todos à nossa volta em termos sempre idênticos e inquestionáveis, tendemos a achar que ela é a única possível e 
corresponde à própria realidade. Causa um grande choque saber que outras culturas têm formas diferentes de 
perceber e compreender o tempo e também de representar o curso da história. E ainda assim a nossa defesa 
automática é acreditar que elas estão erradas e nós certos. Ledo engano. 
Na nossa própria cultura o tempo foi percebido de formas diferentes. Os gregos antigos tinham uma noção 
cíclica do tempo. Ele se iniciava com as prodigiosas eras de ouro e dos deuses, declinava depois para as eras de 
bronze e de ferro, dos heróis, chegando à crise final com a fraqueza e penúria da era dos homens, após a qual o 
ciclo reiniciava. Para os romanos, o tempo se enfraquecia na medida em que se afastava do mais sagrado dos 
eventos, a fundação de Roma. Na Idade Média prevalecia o tempo recursivo, pelo qual os cristãos acreditavam 
percorrer uma via penitencial, desde a expulsão do Jardim do Éden até a salvação e o retorno ao Paraíso. 
Foi só com a consolidação do capitalismo, a partir do Renascimento, que passou a prevalecer uma noção de 
tempo quantitativo, dividido em unidades idênticas e vazias de qualquer conteúdo mítico, cujo símbolo máximo foi 
o relógio mecânico, com seu incansável tique-taque. Essa foi também a época em que a ciência e a técnica se 
tornaram preponderantes. Nesse contexto, o maior dos cientistas modernos, sir Isaac Newton formalizou o 
conceito do tempo como sendo absoluto. "O tempo matemático, verdadeiro e absoluto flui homogeneamente, sem 
nenhuma relação com qualquer coisa externa". Como pertencemos a esse tempo moderno, é ele que aprendemos 
em casa, na escola e nos relógios ao redor. E achamos, como Newton, que ele é o único verdadeiro! 
Mas o mundo moderno foi se complicando e esse conceito fixo e fechado se tornou cada vez menos 
satisfatório. Assim, já no início do século XX, o filósofo Henry Bergson mudava de novo o conceito declarando: 
"Ou o tempo é uma invenção ou ele é nada." O amplo conhecimento de outras culturas e as grandes 
transformações científicas e técnicas do Ocidente forçaram a admitir que cada povo cria as noções de tempo e 
história que correspondam às suas formas de vida, suas necessidades e expectativas. 
O que é claro no caso da cultura moderna é que nossa percepção do tempo ficou coligada ao desenvolvimento 
tecnológico. Assim, das pás dos moinhos de vento ao velame das caravelas, às máquinas a vapor, às ferrovias, 
aos veículos automotores, aos transatlânticos, aviões, telégrafos, cinema, rádio e tevê, sentimos um efeito de 
aceleração permanente. Foi o que Machado de Assis previu profeticamente ao dizer que, "após a Guerra do 
Paraguai, os relógios passaram a andar mais depressa". O último e mais dramático episódio nesta saga da 
aceleração foi assinalado pela revolução da microeletrônica a partir dos anos 70. Num repente fomos invadidos 
por inúmeros prodígios técnicos: fax, bips, PCs, celulares, TVs a cabo, modems, e-mail... 
Tudo parece convergir para tornar as comunicações mais rápidas, o trabalho mais produtivo e a vida mais 
fácil. Mas, por outro lado, nossa privacidade é mais rápida e facilmente invadida, os espaços públicos se encheram 
de gente falando sozinha e quem trabalha não só pode ser solicitado a todo e qualquer momento como deve estar 
sempre disponível. 
 
(SEVCENKO, Nicolau. ISTOÉ, Edição especial: Vida digital, 1999.) 
 
07 - Segundo o texto, é correto afirmar: 
 
a) Dois fatores são fundamentais na determinação da percepção atual do tempo: transporte e comunicação. 
b) A concepção satisfatória de tempo no século XX é determinada pela tecnologiae independe das formas de vida, 
necessidades e expectativas de cada povo. 
c) A declaração do filósofo Bergson ratifica a concepção de tempo absoluto de Newton. 
d) Os ciclos de tempo previstos pelos gregos na Antigüidade completaram-se antes do surgimento da visão de tempo 
autônomo. 
e) O tempo, no século XX, deixou de interferir na vida dos povos a partir da constatação de Bergson de que o tempo é nada. 
 
 
08 - Para o autor, o conceito mais adequado de tempo é o que o caracteriza como: 
 
a) Mítico, ligado a valores religiosos. 
b) Autônomo e quantitativo. 
c) Cíclico, marcado por reinícios periódicos. 
d) Vinculado a cada cultura. 
e) Recursivo, marcado pelo retorno ao ponto de origem. 
 
 
16 
 
QUESTÃO DISCURSIVA 
 
 
No texto, o autor cita Machado de Assis: “após a Guerra do Paraguai, os relógios passaram a andar mais depressa”. 
Em um texto de até 5 linhas, SEM título, explicite a concepção de tempo que está implícita na frase do escritor. 
Valor da questão: 4 pontos. Os critérios de correção serão divulgados oportunamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A questão 09 e as questões discursivas D e E referem-se ao texto a seguir. 
 
Brasília 
 
Brasília foi construída com base num minucioso planejamento urbano. Apesar disso, o Distrito Federal, onde está a capital 
brasileira, sofre um crescimento desordenado da área urbana, que inclui não apenas a cidade propriamente dita, mas também 
seu entorno. 
Apesar de planejados, Brasília e Distrito Federal apresentam-se como um quadro-resumo da realidade de países em 
desenvolvimento. O inchaço da mancha urbana é uma dessas características marcantes. O plano de instalação da capital 
previa uma população de 500 mil habitantes no ano 2000, mas esse número já superou os dois milhões, criando sérios 
problemas urbanos. 
A periferização é um desses problemas. Diariamente chega ao Distrito Federal um grande contingente de população 
buscando benefícios da política de assentamentos oficial, o que levou ao aparecimento de diversas cidades nos últimos anos. 
Essas novas cidades seriam um indicativo da tentativa de erradicação de invasões existentes no Distrito Federal, mas 
acabaram gerando favelização do território. 
Como efeitos imediatos dessa política, aparecem a pobreza e a violência urbanas centralizadas nas “vilas miséria”. Mas 
essa situação não é sentida tão intensamente em Brasília quanto em outros centros urbanos, em razão da estratégia de 
afastamento dos bolsões de miséria em relação às áreas centrais, como o Plano Piloto, onde vive a população de média e alta 
rendas. Os pobres estão confinados a zonas periféricas. De qualquer maneira, o aumento da favelização já afeta a população 
residente nos espaços centrais. Como se não bastasse, o inchaço da malha urbana do Distrito Federal já tem previsão de 
acomodar em 2015, segundo fontes do BID, uma população acima de 6,6 milhões. É importante salientar que a relação entre 
migrantes e brasilienses natos no crescimento populacional é da ordem de 60% para 40%, respectivamente. 
(Adaptado de: Scientific American Brasil, jan. 2003, p. 55-56.) 
 
09 - Com base no texto, é correto afirmar: 
 
a) Com a periferização, o governo de Brasília está conseguindo evitar que a favelização atinja a população de regiões 
centrais, como o Plano Piloto. 
b) Periferização foi a estratégia adotada pelo governo do Distrito Federal para administrar o inchaço da mancha urbana. 
c) O inchaço da malha urbana é resultado da política de favelização adotada pelo governo do Distrito Federal. 
d) O governo do Distrito Federal já tem a solução para acomodar, em 2015, uma população acima de 6,6 milhões de 
habitantes. 
e) A favelização dos espaços centrais levou os pobres ao confinamento nas zonas periféricas. 
 
As questões discursivas D e E referem-se ao texto a seguir. 
 
Londres 
 
Londres já tinha meio milhão de habitantes em 1660, numa época em que a segunda maior cidade, Bristol, contava cerca 
de 30.000. De 1700 a 1820, a população chegou a 1.250.000. A centralização do poder político, a substituição do feudalismo 
por uma aristocracia rural e, em seguida, por uma burguesia rural, com todos os efeitos subseqüentes sobre a modernização 
da terra, o desenvolvimento extraordinário de um comércio mercantil: esses processos notáveis haviam ganhado um irresistível 
impulso no decorrer do tempo – uma concentração e uma demanda que alimentavam a si próprias. A cidade do século XIX, na 
Grã-Bretanha como em outros lugares, seria uma criação do capitalismo industrial. Em cada etapa, ela ia absorvendo áreas 
cada vez maiores do resto do país: os negociantes de gado trazendo animais do País de Gales ou da Escócia para abastecer a 
cidade de carne; grupos de moças vindas do norte de Gales para colher morangos; e – mais importante ainda do que essas 
viagens organizadas, ainda que extraordinárias – milhares em busca de trabalho ou de um esconderijo; gente que fugia de uma 
crise ou de uma vida rigorosa igualmente intolerável. 
 
(WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade: na história e na literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 205.) 
C 
 
 
 17 
 
QUESTÃO DISCURSIVA 
 
Tomando como base os dois textos acima, compare os motivos da expansão populacional de Londres no século XIX e 
de Brasília. Seu texto deve ter no máximo 10 linhas. NÃO lhe atribua título. Valor da questão: 7 pontos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A questão 10 e a questão discursiva E referem-se ao texto a seguir. 
 
O campo e a cidade 
 
“Campo” e “cidade” são palavras muito poderosas, e isso não é de se estranhar, se aquilatarmos o quanto elas 
representam na vivência das comunidades humanas. O termo inglês country pode significar tanto “país” quanto “campo”; the 
country pode ser toda a sociedade ou só sua parte rural. Na longa história das comunidades humanas, sempre esteve bem 
evidente esta ligação entre a terra da qual todos nós, direta ou indiretamente, extraímos nossa subsistência, e as realizações 
da sociedade humana. E uma dessas realizações é a cidade: a capital, a cidade grande, uma forma distinta de civilização. 
Em torno das comunidades existentes, historicamente bastante variadas, cristalizaram-se e generalizaram-se atitudes 
emocionais poderosas. O campo passou a ser associado a uma forma natural de vida – de paz, inocência e virtudes simples. À 
cidade associou-se a idéia de centro de realizações – de saber, comunicações, luz. Também constelaram-se poderosas 
associações negativas: a cidade como lugar de barulho, mundanidade e ambição; o campo como lugar de atraso, ignorância e 
limitação. O contraste entre campo e cidade, enquanto formas de vida fundamentais, remonta à Antigüidade clássica. 
A realidade histórica, porém, é surpreendentemente variada. A “forma de vida campestre” engloba as mais diversas 
práticas – de caçadores, pastores, fazendeiros e empresários agroindustriais –, e sua organização varia da tribo ao feudo, do 
camponês e pequeno arrendatário à comuna rural, dos latifúndios e plantations às grandes empresas agroindustriais 
capitalistas e fazendas estatais. Também a cidade aparece sob numerosas formas: capital do Estado, centro administrativo, 
centro religioso, centro comercial, porto e armazém, base militar, pólo industrial. O que há em comum entre as cidades antigas 
e medievais e as metrópoles e conturbações modernas é o nome e, em parte, a função – mas não há em absoluto uma relação 
de identidade. Além disso, em nosso próprio mundo, entre os tradicionais extremos de campo e cidade existe uma ampla gama 
de concentrações humanas: subúrbio, cidade dormitório, favela, complexo industrial. (...) 
 
(WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade: na história e na literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 11-12.)10 - Segundo o texto, é correto afirmar: 
 
a) Práticas historicamente constituídas em torno do campo e da cidade contrapõem-se a avaliações cristalizadas, de 
origem emocional, que se associam a esses espaços. 
b) Subúrbios e favelas comprovam que o limite entre cidade e campo é bem definido. 
c) As mais diferentes comunidades campestres constituídas no decorrer da história reafirmam a visão do campo como 
lugar de atraso e ignorância. 
d) Na Antigüidade Clássica ainda não havia uma diferenciação entre vida urbana e vida rural. 
e) Latifúndios, empresas agroindustriais capitalistas e fazendas estatais evidenciam as avaliações do senso comum em 
relação ao campo. 
 
As charges a seguir referem-se à questão discursiva E. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 1 
D 
 
 
18 
 
 
QUESTÃO DISCURSIVA 
 
Considere os subsídios apresentados nas charges de Millôr e nos textos “Brasília”, “Londres” e “O campo e a cidade”. 
 
Valor da questão: 12 pontos. Os critérios de correção serão divulgados oportunamente 
 
Escreva um texto em prosa, de 17 a 20 linhas, que aborde a organização da vida urbana. Você pode tomar a sua cidade 
como referência. Seu texto deverá contemplar pelo menos um dos seguintes tópicos: 
 
 Ocupação do espaço urbano. 
 Infra-estrutura para a população na cidade. 
 Qualidade de vida. 
 Acesso a bens culturais. 
 Verticalização da arquitetura urbana. 
 
Você deverá observar as seguintes orientações: 
 
 Fazer uso de informações ou posicionamentos fornecidos nos textos e charges de referência (à sua escolha). 
 Manifestar de forma clara seu posicionamento pessoal diante do assunto. 
 Dar um título ao seu texto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO – será fornecido pelo professor 
 
01. 02. 
03. 04. 
05. 06. 
07. 08. 
09. 10. 
Limite mínimo 
Título 
E 
 
 
 19 
TEXTO DE REFERENCIA PARA AS QUESTÕES 01 A 07 
 
CRISE DO MERCADO OU CRISE DO SUJEITO? (adaptado) 
Contardo Calligaris, Folha de São Paulo, 08/08/2002 
 
Muitos dizem que a crise de Wall Street em 2001 e 2002 é um efeito da ganância.(...) Minha previsão é um 
pouco diferente. 
Desde o início do século 19, deixamos de calcular o valor social de cada um com base no lugar, na classe e 
na família em que nasceu. Para definir o valor de uma pessoa, suas riquezas começaram a contar mais que sua 
origem. Passamos de uma época que venerava o “ser” (nobre, burguês ou escravo) para uma época que venerava 
o “ter”. A mudança foi democrática: afinal, era difícil escapar do destino que nos reservavam as diferenças de 
nascença (só à força de casamentos), mas, no breve espaço de uma vida, por ventura ou pelo trabalho, um 
indivíduo podia transformar seu status, se esse dependesse apenas de sua riqueza. (...) 
No fim do século 19, as riquezas tornaram-se conspícuas: diferenças de consumo, e não só de carteira. 
Essa nova ostentação era o primórdio de uma mudança da subjetividade que seria exigida poucas décadas 
mais tarde, quando a época do “ter” entrou em crise, em 1929. 
(...) Passamos de uma sociedade organizada pelas diferenças de bens e posses para uma sociedade 
comandada pela aparência. Não se trata mais da necessidade de o rico mostrar sua riqueza. Parecer rico torna-se 
mais importante do que ser rico. Vale mais um pobretão chique do que um ricaço maltrapilho. Essa nova 
hierarquia, fundada nos sinais exteriores de “inviabilidade” mais do que de riqueza, abre possibilidades 
insuspeitadas de consumo e de crescimento. (...) 
Para a subjetividade da época do parecer, não devemos o que somos nem ao berço nem às posses, mas ao 
olhar dos outros. 
(...) Aconteceu o previsível: a subjetividade dominante impôs seu feitio à sociedade inteira, inclusive à 
economia. Na época do “ter” (conspícuo ou não), valiam as empresas que produziam, acumulavam e trocavam 
riquezas reais. Na época do parecer, a economia também preferiu o parecer: valiam as empresas que “pareciam” 
ricas, ou seja, que produziam sobretudo sua própria imagem. 
(...) Obviamente, num mundo em que parecer é mais importante do que ser, as ações da empresa fazem 
parte da fachada. Valorizá-las (mesmo por um embuste contábil) é mais importante do que aumentar a 
produtividade ou equilibrar balanços. 
Essa bolha estourou. Talvez estoure também o tipo de subjetividade que foi a alma da bolha. Assim como 
1929 anunciou o fim da época do “ter”, 2001 e 2002 anunciariam o fim da época do “parecer”. 
(...) Depois da subjetividade do “ser”, do “ter” e do “parecer”, quem sabe, seja a hora de uma subjetividade do 
fazer e do fazer, se possível, as coisas certas. 
 
QUESTÃO 01 
 
Assinale a alternativa INCORRETA sobre o texto. 
a) Todo o texto se organiza em torno da defesa do ponto de vista que acredita que, ao contrário do que afirmam muitos, a 
crise de Wall Street não é um efeito da ganância e sim o fim da época do “parecer”. 
b) Para explicar a crise de Wall Street de 2001 e 2002, o autor analisa três grandes maneiras de calcular o valor social do 
homem: o “ser”, o “ter” e o “parecer”. 
c) A primeira maneira ser era anterior ao século 19, quando o valor social do homem era calculado com base na classe 
social. 
d) Opondo-se ao ser a partir do século 19, o “parecer” propõe uma classificação mais democrática, pois possibilitava a 
todos a ascensão social por meio do trabalho ou da sorte. 
e) O que, num primeiro momento, era algo democrático a passagem do “ser” ao “ter” passou a ser também 
discriminatório, pois mais importante do que “ter” era “ostentar”. 
 
QUESTÃO 02 
 
Assinale a alternativa INCORRETA sobre o texto. 
a) A época do “ter” entra em crise em 1929, quando deixamos a importância do „ter” para adotarmos o “parecer”. 
b) A cada uma dessas maneiras de classificar o homem no sentido de “encaixá-lo” em uma classe corresponde 
também profundas transformações na economia. A época do “ter” inicia-se com a burguesia e termina com a crise de 
1929; a época do “parecer” começa aí e termina com a crise de Wall Street. 
c) A crise de Wall Street deve-se, segundo o autor, a uma transferência para a economia de princípios de classe: mais 
importante que ter bom rendimento é aparentar aos acionistas que se o tem. 
d) O autor afirma que da mesma maneira que a crise econômica de 1929 marcou o fim da era do “ter”, a crise de 2001 e 
2002 marcam o fim da era do “parecer”. 
e) O autor explica a crise de Wall Street valorização de ações por meio de embuste contábil, por exemplo, que resultou na 
falência de muitas empresas por um apego à essência do “parecer” 
 
 
20 
QUESTÃO 03 
 
Leia as seguintes afirmações sobre o texto e, depois, assinale a alternativa correta. 
 
I. O autor propõe um percurso histórico para comprovar sua tese: parte de um problema atual (crise de Wall Street em 2001 e 
2002) e busca a origem desse problema através do tempo (início do século 19, fim do séc. 19, 1929) até chegar ao seu tema 
contemporâneo. 
II. Subentende-se que, para o autor, os problemas econômicos têm um substrato sociológico. 
III. Pela evolução apresentada pelo autor pode-se acreditar que a crise econômica atual leve ao fim da subjetividade do 
“parecer”. 
 
a) Somente I está correta. 
b) Somente I e II estão corretas. 
c) As três estão corretas. 
d) Somente I e III estão corretas. 
e) Somente II e III estão corretas. 
 
QUESTÃO 04 
 
Assinale qual das alternativas abaixo reescreve da melhor maneira possível o seguinte trecho do texto: 
Essa bolha estourou. Talvez estoure também o tipo de subjetividade que foi a alma da bolha. Assim como 1929 anunciou 
o fim da épocado “ter”, 2001 e 2002 anunciariam o fim da época do “parecer”. 
 
a) Essa bolha estourou bem como estourará o tipo de subjetividade que foi a alma da bolha. Assim como 1929 anunciou o 
fim da época do “ter”, 2001 e 2002 anunciam o fim da época do “parecer”. 
b) Essa bolha estourou, estourará também o tipo de subjetividade que foi a alma da bolha. Assim como 1929 anunciou o fim 
da época do “ter”, 2001 e 2002 representam o fim da época do “parecer”. 
c) Essa bolha estourou, assim também estourará o tipo de subjetividade que foi a alma da bolha. 1929 anunciou o fim da 
época do “ter”, 2001 e 2002 sinalizam o fim da época do “parecer”. 
d) Essa bolha estourou, com certeza estourará também o tipo de subjetividade que foi a alma da bolha. Assim como 1929 
anunciou o fim da época do “ter”, 2001 e 2002 marcam o fim da época do “parecer”. 
e) Essa bolha estourou. É possível que estoure o tipo de subjetividade que foi a alma da bolha. Assim como 1929 anunciou o 
fim da época do “ter”, 2001 e 2002 podem representar o fim da época do “parecer”. 
 
QUESTÃO 05 
 
Qual dos provérbios abaixo NÃO tem relação com o tema do período a seguir: 
“Parecer rico torna-se mais importante do que ser rico. Vale mais um pobretão chique do que um ricaço maltrapilho.” 
 
a) “Quem ama o feio, bonito lhe parece.” 
b) “Quem vê cara, não vê coração.” 
c) “O hábito faz o monge.” 
d) “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento.” 
e) “As aparências enganam.” 
 
QUESTÃO 06 
 
Assinale a alternativa que substitui corretamente a palavra sublinhada no trecho a seguir, mantendo o seu sentido 
original. 
Para a subjetividade da época do parecer, não devemos o que somos nem ao berço nem às posses, mas ao olhar dos outros. 
 
a) E sim 
b) Mais 
c) Pois 
d) Todavia 
e) Contudo 
 
QUESTÃO 07 
 
No período “Essa bolha estourou”, do penúltimo parágrafo, a expressão sublinhada refere-se a: 
a) Empresas com problemas contábeis. 
b) Crise econômica resultante da subjetividade do “parecer”. 
c) Embuste contábil. 
d) Ações de empresas de “fachada”. 
e) Imagem de empresas fraudulentas. 
 
 
 21 
QUESTÃO 08 
 
Assinale a alternativa que NÃO é um argumento para a tese do trecho em destaque: 
 
"O Brasil está passando por um grande ajuste das contas externas, de uma magnitude provavelmente maior do 
que a do ajuste de 1999. No setor externo, o próximo governo vai pegar um país muito mais forte." 
 
 (Adaptado de O Estado de S. Paulo, 25/08/02, p. B2) 
 
a) O diretor do Banco Central calcula que a necessidade de financiamento externo em 2003 será de US$ 10 bilhões a US$ 
15 bilhões menor do que os US$ 50 bilhões que eram previstos até pouco tempo. 
b) A redução da vulnerabilidade externa está acontecendo simultaneamente em quase todos os itens relevantes do balanço 
de pagamentos, como comércio exterior, dividendos, juros, etc. 
c) Existe um certo consenso de que a deterioração financeira do Brasil nos últimos meses deve-se a um ambiente 
internacional extremamente adverso aos países emergentes, à vulnerabilidade externa e fiscal do País. 
d) O motor da mudança que está diminuindo a vulnerabilidade externa é o câmbio flutuante. Graças à alta do dólar, não está 
havendo nenhuma fuga de capitais de pessoas físicas. 
e) O turismo também é um item relevante do balanço de pagamentos em que está acontecendo a redução da vulnerabilidade 
externa. 
 
GABARITO – será fornecido pelo professor 
 
01. 
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08. 
 
 
Leia o texto a seguir e responda às questões de 01 a 10. 
 
A NAU DOS INSENSATOS 
 
Bush triunfa num país envenenado pela religião da intolerância e pela moral da incongruência 
 
Na quarta-feira, dia seguinte à vitória de George W. Bush na eleição americana, a Bolsa de Nova York fechou em alta, 
com destaque para a valorização das ações das indústrias farmacêutica e armamentista. Compreende-se. A vitória de Bush é 
garantia de mais guerras. Se haverá mais guerras, mais armas serão comercializadas. Se mais armas serão comercializadas, 
haverá mais violência. Com mais violência, haverá mais ferimentos e mais doenças. E se haverá mais ferimentos e doenças, 
mais remédios serão necessários. Sinal verde, nos próximos quatro anos, para a indústria da destruição e da doença. E, no 
entanto... No entanto, as análises são quase unânimes em concluir que o fator decisivo, para a vitória de Bush, foram as 
"questões morais"! 
(Retrato da América em tempos sombrios. Em fevereiro último, o vôo 34 da American Airlines acabara de decolar de 
Los Angeles, rumo a Nova York, quando o comandante Roger Findiesen tomou a palavra. Quem esperava as habituais 
informações sobre a velocidade, altitude ou a rota a seguir se enganou. O piloto instou os passageiros a uma afirmação de fé, 
levantando os braços em honra a Jesus Cristo. Também pediu aos cristãos presentes que conversassem sobre as maravilhas 
da fé com o eventual descrente sentado ao lado.) 
 As "questões morais" que estavam em jogo na eleição, alardeadas à exaustão durante a campanha, traduzem-se pela 
tríade aborto/casamento gay/pesquisa de células-tronco. Bush opõe-se aos três. Por isso, é considerado um baluarte dos 
"valores tradicionais", e mereceu a confiança da população. Alguns eleitores elevam à condição de "moral" também o combate 
ao terrorismo e a guerra ao Iraque. Os 36% que, segundo pesquisa da rede ABC de televisão, disseram ter votado em Bush 
motivados por "questões morais" incluem tais itens na cesta da moralidade. E no entanto... Mentir a respeito de armas de 
destruição em massa para justificar a guerra contra o Iraque, isso não é imoral. Produzir 100.000 mortos no Iraque, na maioria 
mulheres e crianças, segundo recente levantamento de instituições acadêmicas americanas, não é imoral. 
(Retrato da América em tempos sombrios. Um DVD lançado na convenção republicana, com o título Faith in the White 
House, "Fé na Casa Branca", anunciado como resposta ao Fahrenheit 11 de Setembro de Michael Moore, mostra a 
transformação de Bush, da vida dissipada da juventude à ardente religiosidade da maturidade. Numa das cenas a tela se divide 
para mostrar, triunfalmente, de um lado Bush e do outro Jesus. Noutra cena Bush, interpretado por um ator, reage com 
indignação aos avanços de uma colega de trabalho, ao tempo em que trabalhava para o pai. "Sou um homem casado", diz.) 
 Nunca antes a piedosa América que votou em Bush tinha obtido vitória tão nítida. À confirmação do mandato do 
presidente e ao endosso de suas políticas soma-se a maioria nas duas casas do Congresso, onde despontam tipos tão 
religiosos e "morais" quanto o titular da Casa Branca. A vitória ocorreu desta vez sem fraudes ou o recurso a benevolentes 
instâncias judiciais. E, no entanto... Sobrou do outro lado a sensação de que foi perpetrada fraude maior que todas – o 
seqüestro da própria identidade do país. O colunista Thomas Friedman, do New York Times, lamentou que a eleição tenha sido 
vencida, não por gente a favor de projetos diferentes dos dele – mas de um tipo de América diferente: "Nós não discordamos 
em torno do que a América deveria fazer; discordamos em torno do que a América é". 
 
 
22 
(Retrato da América etc... O general William Boykin, um dos vice-secretários da Defesa, fez campanha nas igrejas, 
pregando que Bush tinha sido escolhido por Jesus para presidir os EUA e identificando o inimigo com Satanás. Uma vez, 
contou a história de um rebelde da Somália que alardeava na TV ter Alá a seu lado. O rebelde acabou capturado. Boykin 
concluía: "Eu sabia que meu Deus era maior que o dele. Sabia que o meu era o Deus verdadeiro, e o dele um ídolo".) 
Oitenta e três por cento dos americanos, segundo sondagem do ano passado, acreditam que Jesus nasceu de uma 
virgem,e 28% crêem na teoria da evolução. Cinqüenta e oito por cento acham que só acreditando em Deus se pode ter senso 
moral. No entanto... A maioria é também a favor da pena de morte e do direito a portar uma arma. Esmagadoras maiorias 
derrotaram, em plebiscitos realizados em onze Estados, em paralelo à eleição presidencial, o casamento entre homossexuais. 
E no entanto... Na festa da vitória, o reeleito vice-presidente Dick Chenney apresentou-se ao palco com toda a família, o que 
inclui a filha lésbica e a companheira dela, que se veste como um hominho e com a qual só acredita que ela não está casada 
quem dá imerecido valor à mera formalidade do papel. Ó América da incongruência, América da moral desatinada e da 
religiosidade perversa, que ceva a intolerância e a mesquinhez de espírito! A nau dos insensatos ganhou mais quatro anos 
para avançar. Salve-se quem puder. 
 (TOLEDO, Roberto Pompeu. A nau dos insensatos: Revista Veja, São Paulo, edição 1879, ano 37, 10 de novembro de 2004, p. 162.) 
 
01- É correto afirmar que o objetivo do ensaio é: 
 
a) A defesa da moral e dos bons costumes. 
b) Criticar a incoerência de parte do eleitorado norte-americano. 
c) Enaltecer a vitória de George W. Bush. 
d) Apoiar a política antiterrorista de George W. Bush. 
e) Discutir a religiosidade do povo norte-americano. 
 
02- No trecho “... E, no entanto... No entanto, as análises são quase unânimes em concluir que o fator decisivo, para a vitória 
de Bush, foram as „questões morais‟!”, o autor mostra-se: 
 
a) Irônico. 
b) Dissimulado. 
c) Contraditório. 
d) Hesitante. 
e) Arrogante. 
 
03- Considere as afirmativas a seguir, cujas palavras sublinhadas estão interpretadas entre parênteses. 
 
I. Se haverá mais guerras, mais armas serão comercializadas... (mais armas). 
II. As “questões morais” que estavam em jogo na eleição, alardeada à exaustão durante a campanha, traduzem-se pela 
tríade... (as “questões morais”). 
III. Bush opõe-se aos três. (Bush). 
IV. [...] o que inclui a filha lésbica e a companheira dela, que se veste como um hominho... (a companheira dela). 
 
Apresentam interpretações corretas apenas as afirmativas: 
 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) III e IV. 
d) I, II e IV. 
e) II, III e IV. 
 
04- Sobre as oposições sugeridas no ensaio “O avanço da nau dos insensatos”, considere as afirmativas a seguir. 
 
I. Indústria da destruição e da doença/questões morais. 
II. Cristão/descrente. 
III. Moral desatinada/religiosidade perversa. 
IV. Deus verdadeiro/ídolo. 
 
Apresentam oposições sugeridas no ensaio apenas as afirmativas: 
 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) III e IV. 
d) I, II e IV. 
e) II, III e IV. 
 
05- Considere as afirmativas a seguir, cujas palavras sublinhadas estão interpretadas entre parênteses. 
 
I. No entanto, as análises são quase unânimes em concluir [...] (concordes). 
II. O piloto instou os passageiros a uma afirmação de fé [...] (pediu). 
III. Por isso, é considerado um baluarte dos “valores tradicionais” (herói). 
IV. América da moral desatinada e da religiosidade perversa [...] (desvairada). 
 
 
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Apresentam interpretações corretas apenas as afirmativas: 
 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) III e IV. 
d) I, II e IV. 
e) II, III e IV. 
 
06- Sobre os valores morais e tradicionais apontados no ensaio, considere as afirmativas a seguir. 
 
I. Ser contrário à pena de morte. 
II. Ser contrário ao casamento gay. 
III. Ser contrário ao aborto. 
IV. Ser contrário à pesquisa com células-tronco. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) III e IV. 
d) I, II e IV. 
e) II, III e IV. 
 
07- Sobre as passagens em que o ensaísta recorre à ironia, considere as afirmativas a seguir. 
 
I. “Eu sabia que meu Deus era maior que o dele.” 
II. Sinal verde, nos próximos quatro anos, para a indústria da destruição e da doença. 
III. Mentir a respeito das armas de destruição em massa para justificar a guerra contra o Iraque, isso não é imoral. 
IV. A nau dos insensatos ganhou mais quatro anos para avançar. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) III e IV. 
d) I, II e IV. 
e) II, III e IV. 
 
08- Sobre as passagens do ensaio que são de autoria de Roberto Pompeu de Toledo, considere as afirmativas a 
seguir. 
 
I. Nós não discordamos em torno do que a América deveria fazer; discordamos em torno do que a América é. 
II. Nunca antes a piedosa América que votou em Bush tinha obtido vitória tão nítida. 
III. Sabia que o meu era o Deus verdadeiro, e o dele um ídolo. 
IV. Cinqüenta e oito por cento acham que só acreditando em Deus se pode ter senso moral. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) II e IV. 
d) I, III e IV. 
e) II, III e IV. 
 
09- O autor do ensaio “O avanço da nau dos insensatos” confere uma série de atributos a uma parcela da sociedade 
norte-americana. Sobre os atributos explícitos no texto, considere as afirmativas a seguir. 
 
I. Desatinada. 
II. Incongruente. 
III. Conservadora. 
IV. Infiel. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
 
a) I e II. 
b) I e IV. 
c) III e IV. 
d) I, II e III. 
e) II, III e IV. 
 
 
24 
 
10- Sobre os fatos entendidos como imorais pelo autor, considere as afirmativas a seguir. 
 
I. As mentiras a respeito de armas de destruição em massa. 
II. A descrença dos passageiros do vôo 34 da Américan Airlines. 
III. A morte de 100.000 pessoas no Iraque. 
IV. A crença de que Jesus Cristo nasceu de uma virgem. 
 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) III e IV. 
d) I, II e IV. 
e) I, III e IV 
 
GABARITO – será fornecido pelo professor. 
 
01. 
02. 
03. 
04. 
05. 
06. 
07. 
08. 
09. 
10. 
 
Leia o texto a seguir e responda às questões de 01 a 08 
 
O stress envelhece 
 
Todos já ouviram histórias como „Fulano envelheceu depois da morte do filho‟ ou „Sicrano ficou de cabelo branco 
quando cuidou do pai no hospital‟. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia, em São Francisco, nos Estados 
Unidos, acaba de demonstrar que há verdade por trás desses clichês. O estudo comprova pela primeira vez que o 
stress acelera o envelhecimento. Além disso, a pesquisa indica a influência direta do estado psicológico sobre a 
longevidade das células do organismo. Pessoas que têm uma percepção elevada do próprio stress envelhecem 
rapidamente. „Existem certas formas de pensar que contribuem para o stress – a idéia, por exemplo, de que os 
problemas com que lidamos são insolúveis‟, diz a psicóloga Elissa Epel, uma das coordenadoras do estudo. 
Elissa e sua equipe examinaram 58 mães de 20 a 50 anos, 39 das quais cuidavam de seus filhos com autismo, 
paralisia cerebral ou outras deficiências. Os cientistas analisaram o grau de envelhecimento de células dos 
sistemas imunológico dessas mulheres. O principal indicador de envelhecimento celular é uma seção na ponta do 
cromossomo – as fitas de DNA que guardam nosso material genético – chamada telômero. Trata-se de uma 
espécie de tampa bioquímica, que tem a função de manter a integridade do DNA, impedindo que a molécula se 
desfaça. Cada vez que uma célula se divide, o telômero fica um pouco menor, até atingir um ponto crítico. A partir 
daí, a célula não se reproduz mais e acaba morrendo. O telômero, portanto, é um indicador de idade celular. Ao 
mostrar que o stress encurta prematuramente os telômeros, a pesquisa indicou uma relação entre ele e o 
envelhecimento. 
A pesquisa comprovou que o desgaste de prestar cuidados intensivos a um filho cobra seu preço. A diminuição 
dos telômeros foi mais acelerada nas mulheres que cuidavam de filhos deficientes. Testes psicológicos revelaram

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