Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BIOQUÍMICA ESTRUTURAL Componente Teórica Ano letivo 2017/2018 Escola Superior Agrária Escola Superior de Saúde 1º ano Principal Apoio Bibliográfico Lehninger, A.L., Nelson, D.L., Cox, M.M. (2012). Principles of Biochemistry (6th ed.). New York, NY: W.H. Freeman. Voet D., Voet J., Pratt C. Fundamentals of Biochemistry. John Wiley & Son, 3rd edition, 2008. Berg J.M., Tymoczko J.L., Stryer L. Biochemistry. W.H. Freeman, 6th edition, 2006. Quintas A., Ponces A., Halpern M.J. Bioquímica, Organização Molecular da Vida. Lidel, 2008. Docente responsável: Prof. Doutora Isabel C.F.R. Ferreira BIOQUÍMICA ESTRUTURAL Componente Teórica Ano letivo 2016/2017 Escola Superior Agrária Escola Superior de Saúde 1º ano Principal Apoio Bibliográfico Lehninger, A.L., Nelson, D.L., Cox, M.M. (2012). Principles of Biochemistry (6th ed.). New York, NY: W.H. Freeman. Voet D., Voet J., Pratt C. Fundamentals of Biochemistry. John Wiley & Son, 3rd edition, 2008. Berg J.M., Tymoczko J.L., Stryer L. Biochemistry. W.H. Freeman, 6th edition, 2006. Quintas A., Ponces A., Halpern M.J. Bioquímica, Organização Molecular da Vida. Lidel, 2008. Docente responsável: Prof. Doutora Isabel C.F.R. Ferreira e com ele mesmo! O Proteínas Hidratos de carbono Lípidos Bibliografia: Cap. 10: Estrutura e propriedades dos aminoácidos e péptidos. pág: 141-159. BIOQUÍMICA: Organização molecular da vida (2008). Editora :LIDEL. NAD(P)+ + 2H+ + 2è <―> NAD(P)H + H+ Forma oxidada Forma reduzida FAD + 2H+ + 2è <―> FADH2 Forma oxidada Forma reduzida Vmáx KM Vmáx mantêm-se, Km aumenta -1/KM diminui logo KM aumenta 1/Vmax mantêm-se logo Vmáx mantêm-se Vmáx diminui, Km diminui -1/KM aumenta logo KM diminui 1/Vmax aumenta logo Vmáx diminui Km aumenta, Vmax diminui 1/Vmax aumenta logo Vmáx diminui -1/KM diminui logo KM aumenta do NO produzido Bibliografia: Cap. 19: Cinética Enzimática. pág: 271-283. BIOQUÍMICA: Organização molecular da vida (2008). Editora :LIDEL. Cap. 20: Regulação da Cinética Enzimática. pág: 283-293. BIOQUÍMICA: Organização molecular da vida (2008). Editora :LIDEL. Estrutura base: CH2O Estrutura base: CH2O Forma D Até 50 000 glucoses Bibliografia: Cap. 22: Estruturas e função dos glúcidos. pág: 319-333. BIOQUÍMICA: Organização molecular da vida (2008). Editora :LIDEL. Bibliografia: Cap. 30: Estruturas e função dos lípidos. pág: 449-471. BIOQUÍMICA: Organização molecular da vida (2008). Editora :LIDEL. Prof. Doutora Isabel C.F.R. Ferreira Algumas considerações sobre o programa de Bioquímica Estrutural Os objectivos gerais são identificar os diferentes tipos de biomoléculas e compreender as suas funções. Os principais objectivos específicos são: 1. Descrever a composição elementar e molecular dos sistemas bioquímicos; 2. Entender que as moléculas orgânicas resultam da interligação de unidades básicas responsáveis pela sua estrutura e função; 3. Conhecer a estrutura e propriedades dos aminoácidos proteicos; 4. Saber da existência de aminoácidos não proteicos; 5. Saber desenhar péptidos, representando ligações peptídicas; 6. Conhecer os diferentes níveis de organização estrutural das proteínas; 7. Descrever a estrutura tridimensional de proteínas e compreender a relação com as suas funções; 8. Exemplificar e caracterizar proteínas fibrosas e globulares; 9. Reconhecer a importância de enzimas como catalizadores; 10. Conhecer a nomenclatura e a classificação de enzimas; 11. Aplicar os princípios básicos da cinética enzimática; 12. Compreender a regulação da actividade enzimática; 13. Conhecer a estrutura e representar a estereoquímica de monossacáridos (ou oses); 14. Descrever a estrutura dos polissacáridos e identificar as diferentes funções em que estão envolvidos; 15. Explicar e exemplificar a capacidade redutora de glúcidos; 16. Conhecer a estrutura, nomenclatura e propriedades de ácidos gordos; 17. Distinguir e exemplificar lípidos simples e complexos; 18. Descrever a estrutura e propriedades físicas dos lípidos e compreender o seu papel na formação de membranas biológicas. Análise do Programa No Capítulo introdutório são revistos alguns fundamentos químicos necessários ao estudo das biomoléculas, nomeadamente os elementos químicos da matéria viva, as estruturas dos compostos biológicos, incluindo a sua estereoquímica, os seus grupos funcionais e o seu comportamento durante as reacções (metabólicas). É importante relembrar conceitos das Unidades Curriculares de Biologia Celular, Fundamentos de Química e Química Orgânica. São inicialmente apresentados os principais elementos químicos da matéria viva, distinguindo os mais abundantes dos vestigiais. Uma vez que a química dos organismos vivos se organiza em torno do carbono, constituindo este mais de 50% da matéria seca das células, dá-se especial destaque a este elemento, evidenciando a sua importância nas biomoléculas. São também apresentados os principais grupos funcionais que influenciam as propriedades químicas das moléculas, realçando o facto destas possuírem, normalmente, dois ou mais grupos funcionais. As funções das biomoléculas na natureza são determinadas pelas características químicas dos seus grupos funcionais e, ainda, pela sua estrutura tridimensional. Por outro lado, as reacções das biomoléculas são estereoespecíficas. São, por isso, revistos conceitos de estereoquímica de moléculas, nomeadamente quiralidade, estereoisómeros (em especial enantiómeros), nomenclatura de estereoisómeros (sistema D/L e R/S). Para além das ligações covalentes, muitas das reacções em organismos vivos implicam a formação ou quebra de ligações intra e inter- moleculares não covalentes. Apresentam-se as principais ligações deste tipo: ligações de hidrogénio, ligações electroestáticas (iónicas), ligações por dipolo e forças de Van der Waals. A água é o suporte físico da vida e as suas propriedades físico-químicas condicionam a termodinâmica dos processos biológicos celulares. A água não é um meio ambiente inerte para os sistemas biológicos. É, não só, o solvente biológico que condiciona a conformação das macromoléculas e a forma das membranas, como também participa como reagente ou como produto em muitas reacções biológicas. Aproximadamente 70% da constituição dos organismos vivos é água e, por isso, a maioria das reacções entre biomoléculas dá-se em meio aquoso. A molécula da água e as suas características influenciam profundamente a estrutura e, consequentemente, as funções de todos os componentes celulares, incluindo as biomoléculas. Assim, são apresentadas as principais propriedades da água, explicando como as forças de atracção entre moléculas de água, e entre moléculas de água e outros solutos, afecta a solubilidade das biomoléculas (polares, não-polares e anfipáticas), e revistos conceitos relacionados com a auto-ionização da molécula de água. São também relembradas as características de ácidos e bases fracos uma vez que: - a fase aquosa das células contém este tipo de ácidos e bases e/ou biomoléculas com grupos acídicosou básicos fracos que contribuem para o valor final do pH da célula; - a estrutura e função de muitas biomoléculas celulares (com grupos acídicos e básicos fracos) são extremamente influenciadas pelo pH. São analisados equilíbrios de ionização de ácidos e bases fracos; é apresentada e aplicada a equação de Handerson-Hasselback e, é ainda explorada, a capacidade tampão dos ácidos e bases fracos (a solução da mistura de um ácido ou base fracos com os seus conjugados possui a capacidade de resistir a alterações de pH quando lhe é adicionada uma quantidade moderada de um ácido ou base forte). A capacidade tampão e a sua zona útil são identificadas através da análise de curvas de titulação. Finalmente, são apresentados os tampões de ácidos inorgânicos mais importantes em Bioquímica (tampão fosfato e tampão bicarbonato) e envolvidos na manutenção de um valor constante de pH citosólico (próximo de 7), mantendo as biomoléculas no seu estado óptimo de ionização, e também do pH extracelular nos organismos multicelulares (pH fisiológico 6,9 a 7,4). No capítulo das proteínas são estudados os aminoácidos, constituintes monoméricos das proteínas, os níveis de complexidade estrutural de uma proteína e explorados conceitos relacionados com proteínas fibrosas e globulares/funcionais. Analisam-se as características estruturais e funcionais de aminoácidos e péptidos, a estrutura primária e tridimensional de proteínas. Inicia-se com a apresentação dos aminoácidos como constituintes monoméricos das proteínas, metabolitos energéticos, nutrientes essenciais e, alguns deles, como neurotransmissores. Apresenta-se a estrutura química comum aos α-aminoácidos, a nomenclatura dos aminoácidos proteicos, segundo as recomendações da IUPAC- IUBMB (International Union of Pure and Applied Chemistry and International Union of Biochemistry and Moleular Biology), a estereoquímica dos α-aminoácidos, abordando a sua configuração absoluta e propriedades de rotação específica, e a classificação dos aminoácidos proteicos baseada na polaridade (e carga eléctrica para valores de pH fisiológicos) do grupo R (não polares- aminoácidos com cadeia aromática ou cadeia hidrocarbonada alifática, polares mas não carregados- cadeia com grupos hidroxílicos, amídicos e sulfídrico, polares carregados negativamente a pH fisiológico- cadeia com grupos carboxílicos polares carregados positivamente a pH fisiológico- cadeia com amina primária, grupo guanidínico e grupo imidazólico). São enfatizadas características estruturais particulares de alguns aminoácidos, nomeadamente a estrutura cíclica da cadeia lateral da prolina, numa conformação rígida que reduz a flexibilidade estrutural das cadeias polipeptídicas com este aminoácido (normalmente, este aminoácido é encontrado nas dobras das cadeias enroladas), a alta reactividade do grupo lateral da cisteína, podendo formar ligações dissulfureto, propriedade determinante no enrolamento das cadeias polipeptídicas, ou o valor de pKR da histidina perto da neutralidade. Em solução aquosa os aminoácidos existem na forma de ião dipolar (ou zwiteriónica), possuindo propriedades anfotéricas. Nesta conformidade, são analisados equilíbrios de ionização de aminoácidos evidenciando as suas propriedades de ácido e base fracos e a dependência da estrutura e carga de um aminoácido com o valor de pH da solução aquosa. São apresentados os valores de pKa dos aminoácidos (pK1 referentes ao grupo carboxilo, pK2 referentes ao grupo amina e pKR referentes ao grupo lateral) e o seu ponto isoeléctrico. A equação de Handerson-Hasselback é aplicada para obter as quantidades de ácido e base conjugada para diferentes valores de pH da solução aquosa. São analisadas curvas de titulação de aminoácidos com dois e três grupos com propriedades ácido-base, de forma a retirar informação sobre pK, zonas tampão e ponto isoeléctrico. São ainda apresentadas outras propriedades dos α-aminoácidos, nomeadamente a capacidade de absorção de radiação UV pelos aminoácidos aromáticos e reacções em que participam os grupos amina (p. ex. reacção com ninidrina, fluorodinitrobenzeno), grupos carboxilo (p. ex. reacção com carboxipeptidase) e os grupos laterais (p. ex. reacção do radical da metionina com bromonitrilo). Lembra-se ainda que para além dos aminoácidos padrão existem na natureza outros aminoácidos encontrados apenas em algumas proteínas e outros que nunca foram encontrados em proteínas (p. ex. ornitina e citrulina), mas que possuem funções não menos importantes. Os péptidos resultam da união de vários aminoácidos e desempenham funções metabólicas extremamente relevantes como a sinalização celular. É explicada a formação da ligação peptídica entre dois aminoácidos com perda de uma molécula de água, diferenciando oligopéptidos, polipéptidos e proteínas. Propriedades da ligação peptídica nomeadamente o seu carácter amídico, de pequeno dipolo, de ressonância, com estrutura rígida planar e configuração trans, são apresentadas. São também indicados os ângulos de rotação das ligações N-Cα e Cα-C e analisada a sua relação com conformações permitidas para aminoácidos através de diagramas de Ramanchandran. As proteínas são macromoléculas essenciais para a vasta maioria dos processos bioquímicos subjacentes à vida. Existem vários milhões de proteínas nos sistemas biológicos, que apresentam formas, dimensões e funções diferentes. No estudo das proteínas, começa por se apresentar a enorme diversidade funcional destas biomoléculas, a sua localização e a relação estrutura-função, exemplificando com proteínas do citoesqueleto, proteínas plasmáticas, proteínas da matriz extracelular, enzimas digestivas do tracto gastrointestinal, proteínas do citosol, do núcleo, da mitocôndria e dos cloroplastos, do retículo endoplásmico e do complexo de Golgi, de lisossomas e peroxissomas e da membrana plasmática. Para moléculas grandes como as proteínas, a descrição e compreensão da sua estrutura é feita em vários níveis de complexidade, organizados numa espécie de hierarquia. Assim, apresentam-se os quatro níveis de estrutura proteica: estrutura primária, secundária, terciária e quaternária. Na estrutura primária descrevem-se todas as ligações covalentes (principalmente ligações peptídicas e ligações dissulfureto) entre os resíduos de aminoácidos da cadeia polipeptídica, realça-se a sua importância na determinação da estrutura tridimensional, condicionando assim a sua função e introduz-se o conceito de polimorfismo. Analisam- se as etapas da sequenciação de proteínas, incluindo a separação e purificação das subunidades, clivagem das pontes dissulfureto (métodos de oxidação e redução), determinação da composição das subunidades em aminoácidos, determinação dos resíduos dos terminais amínico e carboxílico, fragmentação das subunidades individuais em pontos específicos de forma a conseguir pequenos fragmentos (métodos químicos e enzimáticos), sequenciação automática dos fragmentos, ordenação de fragmentos e sequenciação da proteína. Na estrutura secundária apresentam-se as hélices α e as cadeias β como as estruturas mais frequentes, as características das estruturas secundárias encontradas em polipéptidos (hélices direitas, esquerdas, folhas β paralelas, antiparalelas e mistas) e a sua relação com os diagramas de Ramanchandran. As características mencionadas englobam a descrição dos ângulos de separação entre aminoácidos, ângulos de rotação φ e ψ, o número de aminoácidos por volta, a formação de ligações de hidrogénio, a distribuição de aminoácidos nos terminais amínico e carboxílico e a presença de aminoácidos que aumentam e diminuem a estabilidade. Como muitos autores fazem referência a um nível de estruturaproteica entre o secundário e o terciário, apresentam- se também estruturas supersecundárias como estruturas mais complexas e, normalmente, formadas pela ocorrência de dobras que ligam entre si as folhas β, hélices α, ou ambos os tipos de estrutura secundária. Na estrutura terciária apresentam-se aspectos de organização espacial de aminoácidos a longa distância e os tipos de ligação que estabilizam a estrutura (iónicas, electroestáticas, pontes de hidrogénio, hidrofóbicas, pontes dissulfureto, etc.). Considera-se este nível de organização para classificar as proteínas em dois grupos principais: proteínas fibrosas (estrutura terciária dominada por um só tipo de estrutura secundária, proteínas estruturais, insolúveis e, na maioria, constituídas por cadeias estendidas ou em hélice, enroladas juntas ou associadas em fibras) e proteínas globulares (normalmente possuem vários tipos de estrutura secundária, embora existam aquelas que possuem um só tipo de estrutura secundária α/α e β/β, as cadeias polipeptídicas enrolam-se de forma esferóide, hidrossolúveis e apresentam geralmente um nível de estrutura terciário e quaternário). Nas proteínas fibrosas apresentam-se os exemplos das queratinas, do colagénio e da fibroína da seda. Analisam-se as principais características das estruturas primária, secundária e terciária de cada uma dessas proteínas. Nas proteínas globulares apresenta- se o exemplo da mioglobina e analisam-se estruturas α/α (p. ex. albumina sérica de Homo sapiens, citocromo B1 de Escherichia coli), estruturas β/β (p. ex. UDP N- acetilglucosamina aciltransferase de Escherichia coli, CD8 de Homo sapiens, lectina aglutinina de Galanthus nivalis), estruturas α/β (p. ex. álcool desidrogenase de Homo sapiens, enoil-CoA hidratase de Rattus norvegicus, fosfofrutocinase de Escherichia coli) e estruturas α+β (p. ex. timidilato sintase de Escherichia coli, pilin de Neisseria gonorrhoeae). Apresenta-se a estrutura quaternária como associação de cadeias polipeptídicas ou subunidades (idênticas ou diferentes) e explora-se o exemplo da hemoglobina como proteína alostérica, analisando a sua função, estrutura, ligação do oxigénio pelos grupos hémicos e a ligação cooperativa do oxigénio molecular à hemoglobina. Analisam-se as variações da estrutura da hemoglobina durante a oxigenação e os tipos especiais de hemoglobina. Em suma, explica-se que com excepção da ligação peptídica, todas as ligações do esqueleto covalente da cadeia polipeptídica podem rodar, permitindo um vasto número de conformações. Contudo, o equilíbrio entre as várias forças envolvidas no processo de enrolamento da cadeia polipeptídica (folding) origina uma conformação tridimensional funcional única, coexistindo conformações alternativas em quantidades percentualmente pouco significativas para situações físico-químicas consideradas normais. Esta estrutura única permite às proteínas desempenharem funções bem definidas e essenciais na maior parte dos processos biológicos dos seres vivos. No capítulo dos enzimas apresentam-se conteúdos relacionados com enzimas, incluindo as suas características gerais, função e especificidades, cofactores enzimáticos e aspectos relacionados com cinética e regulação enzimática. Começam por se apresentar as propriedades gerais dos enzimas (catalisadores biológicos) incluindo aquelas que são comuns aos catalisadores químicos e as mais específicas (p. ex. terem uma actividade sujeita a controlo, baixarem ainda mais a energia de activação, permitindo que as reacções possuam velocidades superiores 106- 1012 às das reacções químicas, permitirem que as reacções biológicas ocorram em condições suaves de temperatura, pressão e pH, possuírem grande especificidade em relação ao substrato e, raramente, produzirem produtos laterais). Apresenta-se o sistema de nomenclatura e classificação de enzimas, com explicação do nome sistemático e do número de classificação mas também, em muitos casos, indicação do nome trivial. Enumeram-se as seis classes de enzimas (oxidorredutases, transferases, hidrolases, liases, isomerases e ligases), explica-se o tipo de reacção catalizada por cada uma delas e dão-se exemplos. Posteriormente, explica-se que o funcionamento dos enzimas pode depender apenas da sua estrutura proteica, ou da sua estrutura proteica e, simultaneamente, da presença de um sistema não proteico, cofactor. Introduzem-se os conceitos de apoenzima e haloenzima, enumeram-se e exemplificam-se os tipos de cofactores: iões metálicos, coenzimas e grupos prostéticos. Apresentam-se as estruturas químicas dos coenzimas mais comuns em Bioquímica (coenzimas das oxidorredutases como nicotinamida- adenina-dinucleótido NAD+, nicotinamida-adenina-dinucleótido-fosfato NADP+, flavina-adenina-dinucleótido FMN e flavina-mononucleótido FAD; coenzimas das transferases como pirofosfato de tiamina, coenzima A, biotina, fosfato de piridoxal, ácido tetra-hidrofólico e coenzimas de cobalamina), as suas principais funções, o modo de funcionamento e a vitamina hidrossolúvel ou factor de crescimento relacionado. Na cinética enzimática estuda-se a velocidade das reacções catalisadas por enzimas, normalmente determinada pela quantidade de produto formado por unidade de tempo. A velocidade da reacção é linear até determinada altura, situação que se verifica quando é transformado pouco substrato e, por isso, a velocidade da reacção inversa é desprezável. Apresenta-se a equação de Michaelis-Menten que traduz a variação da velocidade de reacção em função da concentração de substrato, explicando a fase que segue uma cinética de 1ª ordem (a velocidade é proporcional à concentração de substrato) e a que segue uma cinética de ordem zero (a velocidade é independente da concentração de substrato). Introduzem-se as definições dos parâmetros cinéticos Vmax e KM (característicos para cada enzima) e explica-se a sua determinação experimental a partir da equação de Michaelis-Menten. Deduz-se a equação de Lineweaver-Burk (ou dos duplos reversos) que traduz a linearização da cinética de Michaelis-Menten, explicando as vantagens desta equação e o cálculo dos parâmetros cinéticos a partir dela. Apresentam-se as várias formas de regulação da actividade enzimática: pH e temperatura, inibidores competitivos (inibição específica), anticompetitivos (inibição catalítica) e não-competitivos (inibição mista), interacções alostéricas, modificação covalente reversível, conversão de precursores inactivos e existência de isoenzimas. Explica-se o efeito do aumento da temperatura na actividade enzimática, manifestado inicialmente por uma maior velocidade de catálise e, posteriormente, pelo aumento da desnaturação do enzima o que origina perda de actividade. Quanto ao efeito do pH, explica-se a alteração da estrutura do enzima (desnaturação ou modificação da ligação entre apoenzima e coenzima) e a alteração da ionização do substrato e do centro activo do enzima. Na regulação enzimática por inibidores, distingue-se a inibição irreversível da inibição reversível que pode ser tratada quantitativamente pela equação de Michaelis-Menten. Apresenta-se a cinética e explicam-se os efeitos nos parâmetros cinéticos dos inibidores competitivos, anticompetitivos e não-competitivos. Enumeram- se ainda aplicações de inibidores enzimáticos, nomeadamente como antimicrobianos e antitumorais. Na regulação enzimática por interacções alostéricas, definem-se efectores alostéricos (inibidores ou activadores) e introduz-se o conceito de rectroinibição. Classificam-se os enzimas de acordo com o tipo de efector (heterotrópicos e homotrópicos) e refere-se que têm uma cinética que não obedece à lei de Michaelis- Menten. A actividade de muitas enzimasé regulada por modificações covalentes, que se podem conjugar, ou não, com interacções alostéricas. Exemplificam-se várias modificações covalentes indicando o aminoácido alvo, explorando o caso particular da fosforilação reversível em um ou mais resíduos de serina (ou tirosina, mas menos frequentemente). Na conversão de precursores inactivos de algumas enzimas (zimogénios) em enzimas cataliticamente activas, exploram-se os exemplos da pepsina, tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidase. Refere-se a existência de formas múltiplas de enzimas explicando o conceito de isoenzimas e exemplificando com as isoformas da NO sintase, da lactato desidrogenase (LDH), da creatina cinase (CK) e da álcool desidrogenase (ADH). No capítulo dos glúcidos estudam-se os glúcidos (ou glícidos), apresentando-se conteúdos sobre estrutura e função dos açúcares (monossacáridos, dissacáridos e oligossacáridos) e não açúcares (polissacáridos ou poliósidos). Incluem-se vários exemplos e analisam-se as suas propriedades e bioactividade. Inicia-se com a classificação dos glúcidos em açúcares (massa molecular baixa, simples e solúveis em água) e não açúcares (massa molecular alta, complexos e insolúveis em água). Apresentam-se exemplos de açúcares: monossacáridos- trioses (gliceraldeído, di- hidroxiacetona), tetroses (eritrose, eritrulose), pentoses (ribose, ribulose, xilose, xilubiose, arabinose), hexoses (glucose, frutose, galactose, manose), heptoses (sedo- heptulose); dissacáridos- sacarose, lactose, maltose, trealose, celobiose; trissacáridos- rafinose; tetrassacáridos- estaquiose e não açúcares: homopolissacáridos- pentosanas (arabinanas, xilanas), hexosanas (glicanas- amido, glicogénio, celulose, dextrinas; frutanas- inulina, levana, mananas; galacturanas- ácido péctico; glicosaminas- quitina) e heteropolissacáridos- hemiceluloses, gomas, mucilagens, substâncias pécticas, sulfopolissacáridos e aminopolissacáridos (ácido hialourónico, condroitina e heparina). Explica-se a importância geral dos glúcidos, nomeadamente a utilização do esqueleto de carbonos para produção de energia e síntese de outras substâncias, a afinidade pelo ácido fosfórico para produção de compostos de alta energia (ATP- trifosfato de adenosina), a participação nas estruturas bioquímicas do DNA (ácido desoxirribonucleico) e RNA (ácido ribonucleico) e a presença em certas plantas de glucósidos tóxicos aos animais. No estudo da estrutura e função dos monossacáridos (poli-hidroxialdeídos e poli- hidroxicetonas), estes classificam-se de acordo com a natureza da sua função carbonilo (aldoses e cetoses) e com o número de átomos de carbono (trioses, tetroses, pentoses, hexoses, heptoses). Apresenta-se a estereoisomeria de açúcares (D/L) e explica-se a determinação da sua configuração absoluta por cristalografia de raios-X. Indicam-se as várias formas de representar, no papel, as estruturas tridimensionais dos açúcares: modelo de bolas e varetas, fórmulas de projecção de Fisher e fórmulas em perspectiva. Dão-se, ainda, exemplos e funções biológicas de algumas pentoses (L-arabinose, D- xilose, D-ribose), hexoses (D-glucose, D-frutose, D-manose, D-galactose) e heptoses (D- sedo-heptulose). Apresenta-se a estereoquímica da série das D-aldoses (trioses a hexoses) e D-cetoses (trioses a hexoses), com apresentação dos carbonos quirais, número de esteroisómeros, convenção de Fisher e epímeros. Explica-se que as representações lineares são utilizadas por simplificação, mas que em solução aquosa os monossacáridos com cinco ou mais átomos de carbono ocorrem predominantemente como ciclos (anéis). Explica-se, assim, a ciclização de monossacáridos em solução aquosa através da formação de hemiacetais ou hemicetais (reacção geral entre um álcool e um aldeído ou cetona). Introduz-se o conceito de carbono anomérico e de anómeros α e β. Explica-se a ocorrência das aldo-hesoses como piranoses e das ceto-hexoses como furanoses e descrevem-se as fórmulas em perspectiva de Haworth. Apresenta-se o conceito de mutarrotação para explicar a interconversão, em solução aquosa, dos átomos α e β. Explica-se o poder redutor de monossacáridos, que podem reduzir agentes oxidantes fracos tais como iões férricos ou cúpricos, e formar um grupo carboxílico por oxidação do grupo carbonilo. Finalmente, apresentam-se os derivados de monossacáridos, incluindo aminoaçúcares e derivados (β-D-glucosamina, N-acetil- β-D- glucosamina, ácido N-acetilmurâmico, β-D-galactosamina, β-D-manosamina), açúcares dexosigenados (β-L-fucose e β-L-ramnose) e açúcares ácidos (ácido β-D-glucurónico e ácido β-D-galacturónico). Explica-se a formação da ligação glucosídica a partir da reacção entre um grupo hidroxilo de uma ose e o carbono anomérico de outra ose, com perda de uma molécula de água. Classificam-se as ligações glucosídicas e indicam-se as suas propriedades, nomeadamente a sua resistência a bases. Apresenta-se a estrutura, nome sistemático e ocorrência na natureza dos dissacáridos maltose, lactose e sacarose. Discutem-se as suas propriedades redutoras e indica-se, quando existe, o terminal redutor. Exemplificam-se oligossacáridos nomeadamente trissacáridos (rafinose) e tetrassacáridos (estaquiose), indicando a sua ocorrência na natureza. No estudo da estrutura e função dos não açúcares, começa-se por classificá-los de acordo com a natureza dos monossacáridos constituintes (homopolissacáridos com apenas um tipo de monómeros e heteropolissacáridos com dois ou mais tipos de monómeros) e de acordo com a sua função (polissacáridos de reserva- forma de armazenamento de monossacáridos que são utilizados para a obtenção de energia e polissacáridos de estrutura- elementos estruturais das paredes celulares das plantas ou do exoesqueleto de animais). Inicia-se com o estudo de homopolissacáridos, nomeadamente os polissacáridos de reserva amido e glicogénio e os polissacáridos estruturais quitina e celulose. Apresenta-se a sua ocorrência na natureza, localização celular, composição química, massa molecular, tipos de ligação glucosídica e processos de quebra dessas ligações, e estrutura tridimensional. Exemplificam-se heteropolissacáridos existentes na natureza (maioritariamente polissacáridos de estrutura de origem vegetal e microbiana) tais como hemiceluloses (xiloglucana, xilana, glucomananas e galactoglucomanana) e pectinas com apresentação dos domínios homogalacturonanas (HGA), ramnogalacturonana I (RG-I) e ramnogalacturonana II (RG-II). O capítulo termina com o estudo da utilização de polissacáridos como aditivos alimentares e compostos bioactivos. Muitos deles são úteis na prevenção e tratamento de doenças do foro gastrointestinal, estimulam o sistema imunológico, apresentam capacidades anti-virais, anti-inflamatórias, anti-tumorais, anti-arterioscleróticas, relaxantes etc. (p. ex. polissacáridos pécticos e xilo-oligossacáridos). No capítulo dos lípidos estudam-se os ácidos gordos, os lípidos simples, os lípidos complexos e a sua relação com as membranas biológicas. Começa-se por apresentar a classificação de lípidos, de acordo com a estrutura do seu esqueleto, em lípidos complexos (saponificáveis por possuírem ácidos gordos na sua estrutura; p. ex. acilgliceróis, fosfolípidos, glicolípidos e ceras) e lípidos simples (não saponificáveis; p. ex. terpenos, esteróides e icosanóides). Indicam-se algumas funções destas biomoléculas tais como componentes estruturais de membranas, armazenamento e transporte de metabolitos energéticos, camada protectora na superfície de muitos organismos, componentes da superfície membranar responsáveis pelo reconhecimento de células e da imunidade dos tecidos, cofactores de enzimas, hormonas, transportadoresde electrões, pigmentos de absorção de luz, agentes de emulsão na digestão, mensageiros intracelulares, etc. Apresentam-se as propriedades gerais dos ácidos gordos no que concerne à existência de número par de carbonos, à predominância de ácidos gordos com 16 e 18 C e dos ácidos gordos insaturados, à posição e configuração das ligações duplas e à presença de grupos metileno. Destacam- se os ácidos gordos essenciais e apresenta-se a estrutura, nomenclatura (nome sistemático e comum), ponto de fusão e solubilidade de vários ácidos gordos que ocorrem na natureza (p. ex ácidos láurico, mirístico, palmítico, esteárico, araquídico, lignocérico, palmitoleico, oleico, linoleico, α-linolénico e araquidónico). Apresenta-se ainda a notação simplificada de ácidos gordos que especifica o número de átomos de carbono da cadeia e o número e posição das ligações duplas. Explica-se que as propriedades físico-químicas dos ácidos gordos (e.g. solubilidade e ponto de fusão) são especialmente determinadas pelo comprimento das cadeias e pelo número de insaturações. Na classe dos lípidos complexos estudam-se os acilgliceróis ou acilglicéridos (monoacilglicéridos, diacilglicéridos e triacilglicéridos). Explora-se a estrutura e nomenclatura de triacilgliceróis simples e mistos, as suas propriedades físico-químicas (polaridade, solubilidade, densidade, ponto de fusão, propriedades ópticas e hidrólise com ácidos e bases a quente ou com lipases). Apresenta-se a composição de algumas gorduras e óleos alimentares. Estudam-se também os fosfolípidos, incluindo glicerofosfolípidos e esfingofosfolípidos. Apresenta-se a estrutura geral dos glicerofosfolípidos, as suas propriedades gerais (como componentes membranares de todas as células vivas, propriedades anfipáticas, a presença dum ácido gordo saturado esterificado na posição 1, dum ácido gordo insaturado esterificado na posição 2 e do grupo fosfatidil) e a nomenclatura. Destacam-se a fosfatidilcolina, fosfatidiletanolamina e a cardiolipina. Apresenta-se a estrutura geral dos esfingofosfolípidos, destacando-se a esfingomielina. Apresenta-se ainda a estrutura geral e localização de glicolípidos, incluindo gliceroglicolípidos e esfingoglicolípidos. Na classe dos lípidos simples estudam-se os terpenos apresentando a sua estrutura base e dando os exemplos do β-caroteno (precursor da vitamina A), ubiquinona (transportador de electrões mitocondrial) e plastoquinona (transportador de electrões nos cloroplastos). Estudam-se ainda os esteróides apresentando a sua estrutura base e destacando-os como moléculas estruturais de biomembranas (colesterol) e como moléculas biologicamente activas (hormonas e ácidos biliares). Apresentam-se também os icosanóides: prostanóides (prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos) e leucotrienos. O capítulo termina com o estudo das lipoproteínas, incluindo a estrutura das diferentes apoproteínas e a classificação de lipoproteínas. Bibliografia: Cap. 11: Introdução às proteínas. pág: 161-166. BIOQUÍMICA: Organização molecular da vida (2008). Editora :LIDEL. Cap. 12: Estrutura tridimensional das proteínas. pág: 167-184. BIOQUÍMICA: Organização molecular da vida (2008). Editora :LIDEL. Cap. 14: Relação estrutura-função. pág: 207-223. BIOQUÍMICA: Organização molecular da vida (2008). Editora :LIDEL. .
Compartilhar