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Apostila CONTABILIDADE DE CUSTOS unidade 1 FMU

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1 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
 
CONTABILIDADE DE CUSTOS 
AULA 1 INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Autor: Prof. 
 
 
 
2 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
1.0 INTRODUÇÃO 
ocê já parou para pensar sobre como a contabilidade de custos está presente 
em todas as ações empresariais do dia a dia? Já ouviu na mídia que as 
empresas estão reduzindo os seus custos ─ o que, em muitos casos, é feito por 
meio de demissões de funcionários? Já se perguntou como os preços dos 
produtos são calculados ou como os gestores das empresas fazem para tomar 
decisões sobre lucro, investimentos e outros detalhes relacionados aos objetivos 
financeiros que desejam? 
 
Esta unidade irá abordar os conceitos principais que caracterizam o estudo da 
contabilidade de custos, demonstrar vários assuntos práticos que fazem parte do dia a 
dia das empresas no tocante ao processo de decisões, tratar de temas como a 
classificação dos custos, o cálculo de alguns componentes importantes na apuração 
dos custos empresariais, além de mostrar que a contabilidade de custos não atua 
sozinha, isolada, no processo empresarial, mas integrada a outros ramos da 
contabilidade, como o financeiro e o gerencial. Por fim, fará a descrição dos 
componentes dos custos, como se realiza a sua apuração e a importância da 
contabilidade de custos para a tomada de decisões e para o controle dos gestores no 
complexo processo empresarial. 
Bons estudos! 
 
1.1. Determinação de Custos, Despesas e Preços dos 
Produtos 
Você consegue dizer claramente o que são custos e despesas e se há diferenças entre 
os dois? Sabe o que são custos diretos, indiretos, fixos e variáveis ou como um 
empresário atribui um preço de venda ao seu produto? Essas são dúvidas pertinentes 
no escopo da contabilidade de custos, que se propõe a esclarecer todos esses 
conceitos, bem como a abordar sua aplicação prática no contexto diário das 
organizações. 
Todas as organizações possuem custos, dos mais variados jeitos, formas e aspectos. 
Não há atividades que não desenvolvam custos. Por isso que é tão importante 
conhecê-los e saber qual a sua perfeita classificação, como meio para elaborar e 
interpretar análises que possam servir de aporte a decisões empresariais. 
 
v 
 
 
 
3 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Geralmente, o estudo e a compreensão dos custos envolve o conhecimento de outros 
conceitos, como os de lucro, receita ou faturamento, e preços. Eles precisam trabalhar 
integrados para o pleno estabelecimento de sua análise, produzindo resultados que 
sejam coerentes e sensatos para todos os envolvidos nos negócios empresariais, como 
os próprios empresários, mas também outros agentes, como o governo, os 
fornecedores, os bancos e os clientes. 
1.1.1. Conceitos Fundamentais 
A Contabilidade de Custos é um braço importante da ciência Contabilidade e se 
preocupa com a correta determinação dos custos empresariais, com a finalidade de 
cumprir a enorme legislação governamental que incide sobre as empresas, 
principalmente nos aspectos tributários, em que a perfeita apuração desses e, 
consequentemente, das receitas e lucros, é necessária no processo de recolhimento de 
tributos. Além disso, é uma importante ferramenta gerencial, pois fornece uma gama 
de informações para que os gestores de qualquer tipo de instituição, com ou sem fins 
lucrativos, possam tomar decisões. 
 
 
 
 
 
 
 
A definição de custos é muito complexa e ampla, pois, dependendo da situação, um 
fato que pode parecer custo, na verdade pode ser uma despesa, perda ou 
investimento. Desta forma, primeiramente é muito importante o entendimento dos 
conceitos fundamentais de custo, despesa, gasto, investimento, perda e desembolso 
para o aprofundamento da gestão de custos. Veja as definições a seguir, segundo 
Martins (2010). 
 Custo: pode ser definido como um gasto relativo ao bem ou serviço utilizado na 
produção de outros bens ou serviços. Exemplos: matéria prima, energia 
aplicada na produção de bens, salários e encargos do pessoal da produção. 
 Despesa: são todos os bens ou serviços consumidos na manutenção de 
atividades operacionais e na obtenção de receitas, não vinculadas à produção 
de bens e serviços. Em outras palavras, isto significa: valor gasto com bens e 
Para Refletir... 
Você sabe quando a contabilidade de custos começou a se tornar mais relevante? O 
desenvolvimento da contabilidade de custos obteve o seu grande crescimento após a 
Revolução Industrial, quando foi criada uma linha específica para a sua apuração, chamada 
de contabilidade industrial. 
 
 
 
4 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
serviços relativos à manutenção da atividade da empresa, bem como aos 
esforços para a obtenção de receitas através da venda dos produtos. 
Resumidamente, despesa é bem ou serviço consumido direta ou indiretamente 
para obtenção de receitas. Exemplos: materiais de escritório, salários da 
administração, comissão de representante sobre as vendas efetuadas e folha 
de pagamento do pessoal administrativo (contabilidade, finanças, vendas). 
 
 
 
 
 
 
 
Veja o exemplo de uma padaria que faz pães e roscas. Os gastos com a produção são 
custos. Entram os insumos (como a farinha de trigo e o leite), as pessoas envolvidas 
(salário e encargos do padeiro) e os gastos com embalagem, refrigeração, aluguel e 
transporte para a entrega aos clientes, entre outros. Já as despesas são os gastos que 
não estão relacionados aos produtos, mas que são necessários para a empresa ou para 
o seu negócio. São aqueles que não participam do processo de produção. No caso da 
padaria, as despesas seriam os gastos relacionados a materiais de limpeza e de 
escritório e taxas de limpeza urbana, entre outros. 
Para entender melhor as diferenças entre custos e despesas, observe com atenção o 
quadro a seguir. 
Custos Despesas 
Gastos de produção. 
Vinculados diretamente aos produtos e 
serviços. 
Gastos com o objeto de exploração da 
empresa (atividade-afim). 
Gastos administrativos e de vendas. 
Não se identificam diretamente à produção. 
Gastos em outras atividades não 
exploradas pela empresa (atividade-meio). 
Quadro 1: Diferença básica entre custo e despesa. 
Fonte: Ferreira (2015). 
 
Para Refletir... 
Os custos têm a capacidade de serem atribuídos ao produto final, enquanto as despesas são 
de caráter geral, de difícil vinculação aos produtos obtidos. Na dúvida, reflita: se, 
hipoteticamente, eliminarmos esse gasto, a produção ou obtenção de estoques seria 
diretamente afetada? Se a resposta for afirmativa, trata-se de um custo, pois está vinculado 
à produção. Caso contrário, temos uma despesa. 
 
 
 
5 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
 Gastos: são sacrifícios financeiros com os quais uma empresa, uma pessoa ou 
um governo têm que arcar a fim de atingir seus objetivos (obtenção de um 
produto ou serviço qualquer), utilizados na obtenção de outros bens ou 
serviços. Exemplos: gasto com mão de obra (salários e encargos sociais – 
operadores logísticos e plantonistas), gasto com aquisição de materiais, gasto 
com energia elétrica – aquisição de serviços de fornecimento de energia, 
gasto com aluguel de edifício (aquisição de serviços), gasto com reorganização 
administrativa (serviço), compra de uma casa, compra de bens em geral, etc. 
 
 Investimentos: são gastos ativados (classificados no ativo), que gerarão 
suporte tecnológico, estrutural e operacional, em função da utilidade futura 
de bens e serviços obtidos. São considerados ativados em função de sua vida 
útil ou benefíciosatribuíveis a futuros períodos. Exemplos: aquisição de 
máquinas, móveis, equipamentos, ferramentas e imóveis, contas a receber e 
despesas pré-operacionais. 
 
 Perdas: são gastos incorridos de forma anormal e inesperada, que não 
compreendem o processo de rotina da empresa ou organização. Ou seja, são 
considerados como perda aqueles gastos que não são previstos. Exemplos: 
incêndio, desabamento, atentados, obsolescência de estoques, período 
relacionado a greves, enchentes, furtos e roubos. 
 
 
 Desembolso: pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço. É 
interessante ressaltarmos que o desembolso pode ocorrer antes, durante ou 
após a entrada da utilidade adquirida. Consiste no pagamento do bem ou 
serviço, independentemente de quando o produto ou serviço foi ou será 
consumido. Exemplo: a compra de papel sulfite para o escritório com 
pagamento à vista. Observe que nesse instante, houve um gasto e um 
desembolso, uma vez que tivemos uma obtenção de produto com a entrega 
ou promessa de entrega de ativos (neste caso, dinheiro) e a efetiva entrega 
de ativos (dinheiro), já que o pagamento foi à vista. 
 
 
 
 
 
Para Refletir... 
Gasto com propaganda e publicidade é custo ou despesa? Aplicando a análise acima, 
veremos que, ao cortar gastos com publicidade e propaganda, não teríamos alteração na 
produção de estoques, somente uma possível queda nas vendas. Portanto, trata-se de uma 
despesa. 
 
 
 
6 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Até agora, você compreendeu os conceitos relacionados ao dinheiro que sai da 
empresa. Mas e quanto ao montante que entra? Os custos (e a contabilidade de 
custos) não funcionam se tomados de forma isolada. Um dono de empresa, gestor de 
uma escola pública, curador de um hospital, diretor de uma grande empresa 
multinacional, entre outros tantos, nada pode fazer ao receber relatórios que 
exponham, de forma coerente, somente os custos. Basicamente, não serve para nada 
contabilizar todos os custos de qualquer organização de forma isolada, pois esses só 
são importantes (e muito) quando utilizados juntamente com outros dois conceitos: o 
lucro do exercício e as fontes de receitas, que complementam essas análises e 
fornecem subsídios para que as organizações possam atingir seus objetivos. 
As empresas de qualquer setor ou ramo econômico existem para produzir riqueza para 
os seus acionistas e proprietários, através da produção do lucro, que é obtido após a 
apuração dos custos. Isso é prontamente percebido. As empresas que visam ao lucro 
inserem-se em um mercado, que pode ser local, regional ou até mesmo global e 
realizam uma série de processos produtivos e de outras ações empresariais. Para 
tanto, utilizam várias técnicas administrativas e gerenciais, como forma de produzir e 
comercializar algum produto ou serviço, entregando-o ao mercado para atender a 
alguma necessidade ou desejo de um determinado público consumidor. Esse público 
irá adquirir esses produtos e serviços, dispondo de recursos financeiros que voltam 
para essas empresas na forma de faturamento. 
Com esses recursos, as empresas deverão cumprir todas as suas obrigações 
financeiras. A sobra se transforma em lucro. Desse modo, as organizações 
empresariais sempre buscarão obter o maior lucro, através da redução de custos. 
 
Figura 1 – Quanto maior a obtenção de valor para um produto ou para uma 
empresa, menores serão seus custos e, consequentemente, maiores os seus 
lucros. 
Fonte: Shutterstock (2015). 
 
 
 
7 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
O lucro é o resultado contábil e financeiro que é apurado através de uma série de 
procedimentos, fórmulas e ferramentas, tanto da contabilidade quanto da área de 
finanças, em que se determina qual o valor monetário, geralmente em reais (R$), que 
foi gerado pela empresa com seus negócios em sua atividade. Esse valor financeiro 
consta da riqueza produzida pela empresa e pode ser repassado aos seus acionistas. 
Em linhas gerais, é o ganho líquido que a empresa aufere ao final de um determinado 
período de tempo ao produzir riqueza (se tiver lucro) ou reduzi-la (no caso de 
prejuízos). 
Desse modo, o estudo da contabilidade de custos é imprescindível para que se 
conheça bem cada variável que determina o lucro, que é a diferença entre os valores 
financeiros referentes a todas as suas receitas ou todos os seus faturamentos e os seus 
custos totais. 
É possível encontrar o lucro de uma empresa pela fórmula: 
L = R – C – D, 
 
onde: 
L = Lucro. 
R = Receitas totais ou faturamento total. 
C = Custos totais. 
D = Despesas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para Refletir... 
Como a contabilidade de custos pode atuar em organizações que não têm por objetivo a 
lucratividade, como hospitais, ONGs, institutos governamentais, asilos e escolas? Esse 
tipo de instituição não pode apresentar o lucro líquido em seus relatórios, como no 
balanço patrimonial e no demonstrativo de resultados do exercício contábil, mas 
também possuem faturamento e, concomitantemente, custos. Portanto, compreender o 
processo de contabilidade de custos é totalmente pertinente, afinal, o objetivo dessas 
organizações não é o lucro, mas elas necessitam de capital para conseguir cumprir as 
suas obrigações financeiras. Elas também precisam administrar os seus custos, que são 
particularmente semelhantes aos das empresas com fins lucrativos, como os com 
materiais, as pessoas, os encargos administrativos e tributários, entre outros. 
 
 
 
8 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
No mesmo contexto, também é preciso compreender o que são receitas totais, que é 
todo o montante financeiro que a empresa aufere em determinado período de tempo. 
A grande maioria das empresas produz ou comercializa produtos ou serviços, ou 
ambos, que são entregues para o mercado consumidor que deseja obtê-los. Para isso, 
desempenham ações para atender a um público que esteja disposto a pagar o preço 
deles, em ações de compra e venda, que caracterizam as chamadas receitas. Uma 
receita de vendas é obtida quando a empresa entrega um produto ou um serviço para 
um consumidor e recebe o valor financeiro (dinheiro), no caso de um pagamento feito 
à vista, ou então o direito de receber, no caso de uma venda a prazo, correspondente 
ao valor dado por esse item (preço). 
Quando uma empresa comercializa vários produtos diferentes ou quantidades 
distintas e em grandes volumes, ao longo de um período, ela tem a receita de vendas, 
que corresponde ao total ganho em dinheiro por essas transações. 
De modo geral, as receitas de vendas são apuradas pela fórmula: 
 
R = P x Q, 
 
onde: 
 
R = Receitas. 
P = Preço unitário de venda. 
Q = Quantidade vendida em certo período. 
A empresa negocia os seus produtos e serviços e a cada um deles é atrelado um preço 
de venda, com o qual pode-se encontrar a receita em determinado período. Assim, se 
ela tem um item X que custa, cada um, R$ 10,00, e no ano de 2013 vendeu 140.000 
unidades, para apurar qual foi a receita, basta aplicar esses valores à fórmula, 
encontrando-se o total de R$ 1.400.000,00 (140.000 peças vendidas a R$ 10,00 cada). 
Se uma empresa comercializar vários produtos diferentes, o cálculo é feito do mesmo 
modo para cada um deles. Os resultados finais são somados para se encontrar a 
receita total do período. 
 
 
 
 
 
 
9 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
 
Figura 2 – A diferença entre as receitas totais de uma empresa e os seus 
custos e despesas determina quanto ela teve de lucro em um certo 
período. 
Fonte: Shutterstock (2015). 
 
Além disso,as empresas podem ter outras fontes de receitas, como aluguéis, royalties 
e ganhos no mercado, em aplicações financeiras, em mercados de capitais e 
investimentos diversos, que precisam ser adicionadas para se encontrar o faturamento 
total em determinado período. 
1.1.2. Classificação e elementos dos custos 
Relembre que existem os custos e as despesas e que cada um é aplicado para um tipo 
de gasto. No entanto, de forma geral, tanto os custos quanto as despesas são fontes 
de gastos e de diminuição da riqueza da empresa, pois comprometem a produção de 
lucros e podem atrapalhar os objetivos empresariais. 
 
Para classificar os custos, usam-se duas formas de separação: 
 custos fixos e variáveis; 
 custos diretos e indiretos. 
Os custos fixos e variáveis mantêm uma relação com os produtos e serviços da 
empresa e merecem destaque especial, pois são muitas vezes confundidos. 
 
 
 
10 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
 1) Custos fixos 
São todos aqueles que não têm relação direta com os produtos 
vendidos. São totalmente independentes do volume de produção ou da 
quantidade de vendas em determinado período. Isso quer dizer que se 
uma empresa produzir e comercializar uma certa quantia de produtos 
ou serviços em um mês, por exemplo, e no mês seguinte as vendas 
dobrarem, os custos fixos serão os mesmos. 
Dessa maneira, quando se atribui que um custo é fixo, essa 
nomenclatura é em função do valor financeiro que a empresa irá pagar, 
que não deve mudar. Se houver alteração nos valores em função de 
aumento ou redução da produção ou das vendas, esses custos não são 
nomeados como fixos. 
Existem alguns custos que podem parecer fixos, como os salários. Todo 
mês a empresa é obrigada a pagá-los aos seus funcionários, mas o valor 
muda, pois os empregados podem receber quantias financeiras 
diferentes em função de horas extras, adicional noturno e comissões, 
entre outros. O melhor exemplo para os custos fixos são os aluguéis. A 
empresa deverá pagar ao proprietário do imóvel onde está instalada 
valores financeiros iguais correspondentes à locação. Os custos não se 
alteram por um determinado tempo, geralmente o período de um ano, 
e acontecem apenas as correções inflacionárias constantes nos 
contratos de locação. Portanto, de forma geral, o pagamento de aluguel 
é sempre o mesmo, e isso caracteriza os custos fixos. 
Para que você compreenda melhor, vamos retomar o exemplo da 
padaria. Imagine que o proprietário tenha que pagar um aluguel no 
valor de R$ 1.000,00 mensais. Assim, todo mês o dono da panificadora 
irá pagar R$ 1.000,00 pelo uso do imóvel. O valor não mudará mesmo 
que a padaria produza mais (ou menos) pães e roscas, ou fique fechada 
por 20 dias, sem produção nenhuma. 
 2) Custos variáveis 
Se um custo for em função do volume produzido pela empresa, em que 
se a produção aumenta os custos também sobem, ou o oposto, esses 
são denominados de variáveis, pois se alteram em função da produção. 
Suponha que a padaria de nosso exemplo produza 10.000 pães por mês, 
o que gera um custo variável de R$ 1.500,00 com os recursos utilizados, 
como matérias-primas, energia elétrica, salários e encargos, entre 
outros. Agora, imagine que no mês seguinte ela faça 40.000 pães, o que 
irá gerar um custo variável de R$ 6.000,00, em função do aumento na 
 
 
 
11 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
utilização dos recursos necessários para essa produção. Do mesmo 
modo, se no terceiro mês a produção for de 5.000 pães, gerará um 
custo variável total de R$ 750,00 , com os diversos recursos que serão 
necessários. 
Portanto, pode-se verificar que é o volume de produção dos produtos e 
serviços da empresa que determina os valores dos custos variáveis. 
Além da classificação dos custos em fixos e variáveis, outra é muito 
utilizada na apuração e em todo o processo de análise e interpretação. 
São os custos diretos e indiretos. Essa tipologia considera a forma de 
atuação desses custos, ou seja, como eles entram na composição do 
produto a ser comercializado. 
 1) Custos diretos 
 
São aqueles em que todos os componentes estão diretamente 
relacionados com o produto produzido. No caso da padaria, seriam 
aqueles que entram diretamente na composição dos produtos, como 
todas as matérias-primas utilizadas na produção de pães e roscas, bem 
como os salários dos padeiros e confeiteiros, a energia elétrica das 
máquinas que fabricam esses pães, entre outros tantos recursos. 
 
 2) Custos indiretos 
 
São aqueles que não participam da produção, mas que fazem parte das 
demais atividades empresariais da organização, causam desembolsos 
financeiros pela empresa e, consequentemente, custos, que impactam 
ativamente a lucratividade. No exemplo da panificadora, alguns custos 
indiretos que fazem parte do processo empresarial seriam as taxas de 
limpeza, entre outros tantos com os quais a empresa precisa arcar, mas 
que não participam do processo de produção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para Refletir... 
Para ampliar seus conhecimentos, assista aos vídeos O que são custos variáveis? - Sevilha 
Contabilidade, disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=i5l_hl2SQKg>; 
O que são Custos Diretos? - Sevilha Contabilidade, disponível em 
<https://www.youtube.com/watch?v=hHXNVWU5lDA>; O que são custos fixos?, 
disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=W5uIype5IGk>; e O que são Custos 
Indiretos? - Sevilha Contabilidade, disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=4qut0Wnjq2Y 
 
 
 
12 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Para conseguir alocar corretamente os valores dos custos empresariais e classificá-los 
em fixos, variáveis, diretos ou indiretos é preciso que se faça uma análise de cada um 
dos seus componentes, a fim de verificar em quais características vistas esses custos se 
enquadram. 
Em regra, alguns tipos de custos sempre seguem uma mesma classificação e outros são 
nomeados de uma maneira em um determinado período e de outra em outro 
momento, o que exige cuidado do analista para fazer a sua correta alocação. Há 
algumas características para que se possa fazer essa classificação. 
 Matérias-primas e embalagens: de forma geral, são considerados 
custos diretos, pois entrarão no processo de produção dos produtos e 
são relacionadas com o negócio da empresa. A depender do volume de 
produção, esses itens podem ser classificados em custos fixos ou 
variáveis também. Desse modo, as matérias-primas e embalagens quase 
sempre são classificadas como custos diretos e variáveis, com exceções 
específicas para alguns negócios. 
 
 Materiais de consumo: nesse grupo entram diversos componentes que 
são agrupados de forma a facilitar o entendimento. Cada empresa fará 
constar o que ela entende como materiais de consumo, de acordo com 
a sua atuação. São geralmente classificados como custos indiretos e 
custos fixos, mas podem haver alterações em função do negócio, como, 
por exemplo, uma fábrica que possui uma máquina que usa óleo 
lubrificante nesse processo em específico. Nesse caso, o óleo deverá ser 
classificado como custo indireto. 
 
 
 Mão de obra (pessoas): esse item é de muito difícil classificação, pois as 
pessoas nas empresas ocupam cargos e funções distintas, sendo que 
algumas são consideradas custos diretos e outras, custos indiretos. O 
analista de custos precisa examinar cada cargo, determinar a sua forma 
de classificação e fazer as devidas apropriações para custos diretos e 
indiretos. Assim, se o ocupante do cargo estiver envolvido com o 
processo de produção dos produtos da empresa, os valores financeiroscorrespondentes ao salário, aos encargos, benefícios, impostos, 
adicionais, prêmios e às comissões, entre outros aspectos que podem 
compor a remuneração dos funcionários, devem ser alocados como 
custos diretos. Já se o envolvimento do ocupante de um cargo não for 
diretamente relacionado com a produção dos produtos, a alocação dos 
custos deve ser feita de forma indireta, visto que nem sempre é possível 
mensurar esse custo. Cada situação, entretanto, precisa ser analisada de 
forma isolada, pois um determinado cargo em um tipo de empresa pode 
 
 
 
13 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
ser classificado como pertencente ao custo direto e em outra ser 
alocado como custo indireto. 
 
 Aluguel, depreciação de máquinas, materiais diversos, produtos de 
limpeza, alguns impostos: geralmente, esses componentes dos custos 
são alocados como indiretos, pois não participam do processo produtivo 
ou comercial, mas são gastos necessários para o desenvolvimento dos 
negócios da empresa. Do mesmo modo, é necessário que o analista de 
custos interprete essa avaliação para cada empresa em específico, pois 
podem haver divergências em função do processo de produção ou do 
negócio empresarial desenvolvido 
 
 Energia elétrica: existe o consumo de energia elétrica para o processo 
de produção, movimentando máquinas e equipamentos, entre outros 
diversos aspectos que estão relacionados diretamente ao processo de 
produção, pelos quais os custos de energia elétrica são alocados como 
custos indiretos, quando o consumo é feito pelo processo de produção 
e comercialização. 
 
No próximo quadro, há alguns tipos de componentes de custos, além das despesas, 
com sua classificação em fixos, variáveis, diretos e indiretos: 
 Classificação 
Tipo de custo Valor mensal 
Despesa Custos 
Fixo/ 
Variável 
Custos Direto/ 
Indireto 
Comissões de vendedores R$ 80.000,00 X 
 Salários de fábrica R$ 120.000,00 Variável Direto 
Matéria-prima consumida R$ 350.000,00 Variável Direto 
Salários de administração R$ 90.000,00 X 
 Depreciação da fábrica R$ 60.000,00 Fixo Indireto 
Seguros da fábrica R$ 10.000,00 Fixo Indireto 
Despesas financeiras R$ 50.000,00 X 
 Honorários da diretoria R$ 40.000,00 X 
 Materiais diversos – fábrica R$ 15.000,00 Variável Indireto 
Energia elétrica – fábrica R$ 85.000,00 Variável Direto 
Manutenção – fábrica R$ 70.000,00 Variável Indireto 
Despesas de entrega R$ 45.000,00 X 
 Correios, telefone e internet R$ 5.000,00 X 
 
 
 
 
14 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Material de consumo do escritório R$ 5.000,00 X 
 
Quadro 2 – Exemplos de classificações de componentes de custo. 
Fonte: Marcomini (2014). 
Você já se deu conta que para entender os custos empresariais é necessário utilizar 
vários componentes para depois poder apurar os resultados finais? Consegue 
visualizar quais precisam encontrar primeiro, em um processo de cálculo? Os custos 
são formados por vários elementos e é importante conhecer cada um deles para 
elaborar corretamente a sua contabilidade. Os principais são materiais diretos, mão de 
obra direta e custos indiretos de fabricação. 
Os materiais diretos são a grande maioria dos insumos que são utilizados na fabricação 
dos vários produtos que as empresas desenvolvem e comercializam. Recebem esse 
nome por serem classificados como custos diretos, pois são usados na elaboração dos 
produtos. A sua contabilização é muito simples de ser desenvolvida, pois são eles que 
irão constituir os produtos. Por exemplo: madeira usada na fabricação de móveis; 
tecidos, na feitura de roupas; aço, na montagem de veículos; farinha de trigo, na 
produção de pães, entre outros. 
Lembre-se de que para a contabilização dos custos não são as quantidades dos 
materiais diretos adquiridos e utilizados na produção que você deve usar, mas sim os 
valores financeiros desembolsados pela empresa, em que as quantidades serão 
contabilizadas em sistemas à parte. Desse modo, na apuração dos custos com 
materiais diretos é importante saber a quantidade que foi utilizada na produção e o 
valor financeiro correspondente. Também é preciso analisar os seus estoques, pois 
pode acontecer de certa quantia estar estocada, aguardando o momento para o uso. 
Assim, se uma empresa que fabrica calçados de couro adquiriu 100 mantas ao preço 
de R$ 250,00 cada, o que interessa para a contabilização de custos é o valor total de R$ 
25.000,00, correspondente às 100 peças. Também é preciso considerar a quantidade 
utilizada na fabricação dos calçados em determinado momento, pois parte desse 
material direto pode não ter sido ser utilizada e estar estocada. 
O segundo elemento é a mão de obra direta, que corresponde ao valor da 
remuneração dos funcionários que estejam relacionados diretamente com a 
fabricação do produto. A contabilização desses custos não deve considerar a 
remuneração de todos os empregados, mas apenas daqueles que estão vinculados de 
forma direta ao produto. Dessa maneira, é necessário que seja analisada a participação 
de cada um para se construir uma correta contabilização. Do mesmo modo que nos 
materiais diretos, o cálculo dos custos com mão de obra direta precisa considerar o 
valor total da remuneração nos períodos de análise e devem ser incluídos todos os 
 
 
 
15 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
componentes, como salários, encargos, benefícios, férias, 13º, adicionais, comissões, 
gratificações e outros que existirem. 
Os custos indiretos de fabricação (CIF) podem receber diversos nomes, como custos de 
manufatura, gastos gerais de fabricação e custos indiretos. Basicamente, 
compreendem todos os demais custos do processo de produção de uma empresa, 
desconsiderando-se os com os materiais diretos e com a mão de obra direta. A esse 
grupo de análise pertencem os materiais indiretos (são utilizados pela organização), a 
mão de obra indireta (que são todos os custos relacionados às pessoas que 
desempenham funções, cargos e tarefas em setores ou operações auxiliares de 
fabricação ou produção), a depreciação das máquinas, equipamentos, veículos e 
construções e os gastos com a sua manutenção, iluminação e seguros, entre outros, 
que estejam ligados à produção de um bem ou serviço. 
O último passo é o custo dos produtos vendidos (CPV), que compreende todos os 
demais componentes já descritos. Dessa maneira, para obter o CPV é preciso conhecer 
os custos com materiais diretos (CMD), com a mão de obra direta (CMOD) e com os 
indiretos de fabricação (CIF). Além disso, o CPV também considera os produtos 
acabados em estoque, pois esses passaram pelo processo de produção, mas ainda não 
foram comercializados. 
Para apurar o custo dos produtos vendidos (CPV), pode-se usar a seguinte fórmula: 
 
CPV = EIPA + CPAP – EFPA, 
 
onde: 
 
CPV = Custo dos produtos vendidos. 
EIPA = Estoque inicial de produtos acabados. 
CPAP = Custo da produção acabada no período. 
EFPA = Estoque final de produtos acabados. 
 
Existem diversos mecanismos para calcular e interpretar o custo dos produtos 
vendidos (CPV). Afinal, ele é constituído de muitos outros componentes, que 
consideram vários aspectos do setor produtivo e levam em consideração que o 
processo industrial de fabricação é contínuo e integrado a inúmeros outros. Dessa 
 
 
 
16 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
forma, é preciso conhecer a apuração de alguns componentes importantes para fazer 
o cálculo correto do CPV. 
 
 Custo das matérias-primas disponíveis (CMPD): considerao total das matérias-
primas que serão utilizadas pela empresa, em um período, na produção. Para 
esse cálculo, leva-se em conta o valor dos estoques iniciais de matérias-primas 
(EIMP) com as compras líquidas de matérias-primas (CLMP) no mesmo período. 
É calculado pela fórmula: 
 
CMPD = EIMP + CLMP 
 Custo das matérias-primas aplicadas (CMPA): retira do custo das matérias-
primas disponíveis (CMPD) todos os componentes que interfiram no seu 
cálculo, como os valores de sobras de estoques (EF), das vendas de matérias-
primas (V), de subprodutos acumulados no período (SP) e outros constituintes, 
como baixas por perecimento, furtos e sinistros (O). É calculado pela fórmula: 
 
CMPA = CMPD – EF – V – SP – O 
 Custo primário (C. primário): é aquele que considera todos os gastos da 
empresa com as matérias-primas aplicadas no processo produtivo e também os 
com a mão de obra direta. É diferente dos custos diretos, que além desses dois 
conteúdos, incorporam outros, como embalagens e gastos gerais de fabricação. 
É obtido pela fórmula: 
 
C. primário = MP + MDO 
 Custo de transformação (CT): é o que compreende os gastos com mão de obra 
direta e indireta, ou seja, os custos de mão de obra total (MOT), juntamente 
com os gastos gerais de fabricação diretos e indiretos, exceto matéria-prima, 
ou seja, os gastos gerais de fabricação total (GGFT). É analisado apenas o 
processo de transformação dos insumos em produtos. Sua fórmula é: 
 
CT = MOT + GGFT 
 
 
 
 
 
17 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
 Custo de produção do período (CPP): é o que abrange o total de custos da 
produção em um determinado período na empresa. É encontrado através do 
valor de materiais diretos totais (MDT), juntamente com os custos relacionados 
à mão de obra total (MOT) e mais os gastos gerais de fabricação total (GGFT). 
Nesse cálculo, não são considerados os valores em estoque inicial dos produtos 
em elaboração. É calculado pela fórmula: 
 
CPP = MDT + MOT + GGFT 
 Custo de produção (CP): é obtido através do valor do custo de produção de 
determinado período (CPP) somado aos estoques iniciais dos produtos em 
elaboração (EIPE). É dado pela seguinte fórmula: 
 
CP = EIPE + CPP 
 Custo da produção acabada no período (CPA): é encontrado através da 
subtração dos valores do custo de produção (CP) do estoque final dos produtos 
em elaboração (EFPE). É obtido pela fórmula: 
 
CPA = CP – EFPE 
 Custo dos produtos disponíveis para venda (CPDV): abrange o total dos custos 
de produtos que a empresa produziu em determinado período. É dado pela 
fórmula: 
 
CPDV = EIPA + CPA 
 Custo dos produtos vendidos (CPV): é obtido pela diferença entre o custo dos 
produtos disponíveis para venda (CPDV) e o estoque final de produtos 
acabados (EFPA). Sempre que você for fazer a apuração do custo dos produtos 
vendidos (CPV), será necessário desenvolver os cálculos de todos os 
componentes que o formam. É dado pela fórmula: 
 
CPV = EIPA + CPA – EFPA 
Em alguns casos, como em pequenas empresas, o cálculo do CPV pode ser feito de 
maneira simplificada, considerando-se como materiais diretos as matérias-primas, e os 
demais itens alocados como custos indiretos. Assim, tem-se a seguinte fórmula: 
 
 
 
18 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
 
CPP = MP + MOD + CIF, 
 
onde: 
 
CPP = Custo de produção do período. 
MP = Matéria-prima. 
MOD = Mão de obra direta. 
CIF = Custos indiretos de fabricação. 
 
Veja um exemplo dessas aplicações e o respectivo cálculo do CPV. Imagine uma 
empresa que tenha efetuado as seguintes operações no período, expostas no quadro 
abaixo. 
Receita de vendas: 280.000 
Mão de obra direta: 60.000 
Mão de obra indireta: 77.000 
Depreciação dos equipamentos: 1.500 
Seguros da fábrica: 300 
Energia elétrica da fábrica:1.200 
Compras de matéria-prima: 94.000 
Materiais consumidos pela fábrica (indiretos): 2.600 
 
ESTOQUES Ano O Ano 1 
Matéria-prima 40.000 36.000 
Produtos acabados 32.600 24.900 
Quadro 3 - Resultados da empresa do exemplo. 
Fonte: Marcomini (2014). 
 
 
 
 
 
19 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Assim, serão calculados os vários componentes para que se encontre o valor do CPV. O 
primeiro valor a se apurar é o do custo das matérias-primas disponíveis (CMPD). Então, 
ao se usar a fórmula, tem-se: 
 
CMPD = EIMP + CLMP 
CMPD = 40.000 + 94.000 
CMPD = 134.000 
 
O estoque inicial de matérias-primas (EIMP) é mostrado na tabela como sendo o valor 
dessa no ano 0, e as compras líquidas no período foram de 94.000. Assim, aplicando a 
fórmula, encontra-se que o custo das matérias-primas disponíveis (CMPD) é igual a 
134.000. 
 
O próximo valor a ser calculado é o do custo das matérias-primas aplicadas (CMPA), 
dado pela fórmula: 
 
CMPA = CMPD – EF – V – SP – O 
CMPA = 134.00 - 36.000 
CMPA = 98.000 
O custo das matérias-primas aplicadas (CMPA) considera o CMPD, encontrado 
anteriormente, e desconta o valor dos estoques finais de matéria-prima e outros 
componentes, como as perdas. Como, nesse caso, não há nenhuma perda, o cálculo 
leva em conta apenas o estoque final. Desse modo, obtém-se que o CMPA é igual a 
98.000. 
 
O próximo valor a ser calculado é o do custo primário, que é encontrado através da 
soma da matéria-prima consumida mais a mão de obra direta. Será adotada a 
seguinte fórmula: 
 
Custo primário = MP + MDO 
Custo primário = 98.000 + 60.000 
 
 
 
20 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Custo primário = 158.000 
O cálculo do custo primário leva em conta o valor da matéria-prima a ser utilizada na 
produção, que já foi calculado através do CMPA, adicionado com os custos totais de 
mão de obra, ou seja, o valor da mão de obra direta e indireta. 
O exemplo fornece que o valor da mão de obra direta é de 60.000 e o da indireta é de 
77.000. No entanto, usa-se somente o valor da mão de obra direta, que é 60.000. O 
valor da matéria-prima é fornecido pelo valor do CMPA, que é 98.000. A fazer-se a 
soma, acha-se que o custo primário é de 158.000. 
O próximo valor é o custo de transformação (CT), que deve ser calculado pela fórmula: 
CT = MOT + GGFT 
CT = 137.000 + 5.600 
CT = 142.600 
O custo de transformação (CT) considera os gastos com a mão de obra total mais os 
gerais de fabricação totais, que são os custos indiretos. Desse modo, na composição da 
mão de obra total entram os valores da mão de obra direta e indireta e os gastos 
gerais de fabricação, que são os demais custos indiretos, que no exemplo aparecem 
como depreciação dos equipamentos, seguros da fábrica, energia elétrica da fábrica e 
materiais consumidos pela fábrica (indiretos) e têm o valor total igual a 5.600. Depois 
dos cálculos, obtém-se que o CT é igual a 142.600. 
O valor seguinte é o do custo de produção do período (CPP), dado pela fórmula: 
CPP = MDT + MOT + GGFT 
CPP = 98.000 + 137.000 + 5.600 
CPP: 240.600 
O CPP é calculado pelo valor de materiais diretos totais (MDT), que no caso 
apresentado é de 98.000, juntamente com os custos relacionados à mão de obra total 
(MOT), de 137.000, e os gastos gerais de fabricação total (GGFT), que são os custos 
indiretos, no valor de 5.600. Após a resolução, chega-se a um CPP de 240.600. 
Agora, será calculado o custo de produção (CP), que é obtido pela utilização da 
seguinte fórmula: 
CP = EIPE + CPP 
CP = 32.600 + 240.600 
CP = 273.200 
 
 
 
21 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Como se chega ao custo de produção (CP) através do valor do custo de produção de 
determinadoperíodo (CPP), que fora encontrado anteriormente (de 240.600), 
somado aos estoques iniciais dos produtos em elaboração (EIPE), dado pelo exemplo, 
no valor de 32.600, tem-se que o CP é igual a 273.200. 
Com isso, pode-se calcular o valor do custo da produção acabada no período (CPA), 
que é encontrado através da subtração dos valores do custo de produção (CP), que é 
de 273.200, dos do estoque final dos produtos em elaboração (EFPE), de 24.900. Tem-
se que o CPA é igual a 248.300. 
 
CPA = CP – EFPE 
CPA = 273.200 – 24.900 
CPA = 248.300 
O passo seguinte é calcular o custo dos produtos disponíveis para venda (CPDV), que é 
encontrado pelo valor total dos custos de produtos que a empresa produziu em 
determinado período (CPA), de 248.300, já calculado. A esse valor é adicionado o dos 
estoques iniciais de produtos elaborados ou acabados, que é de 32.600. Assim, o valor 
do CPDV fica em 280.900. 
 
CPDV = EIPE + CPA 
CPDV = 32.600 + 248.300 
CPDV = 280.900 
Finalmente, tem-se condições de encontrar o valor do CPV, objetivo de todos esses 
cálculos. O custo dos produtos vendidos (CPV) é obtido pela diferença entre o custo 
dos produtos disponíveis para venda (CPDV), que se descobriu ser de 280.900, e o 
estoque final de produtos acabados, dado pelo exemplo, no valor de 24.900. Assim, o 
CPV é igual a 256.000. 
 
CPV = (EIPE + CPA) – EFPA 
CPV = (32.600 + 248.300) – 24.900 
CPV = 280.900 – 24.900 
CPV = 256.000 
 
 
 
 
22 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Você já sabe que o conhecimento sobre o estudo dos custos e as suas definições é 
muito importante, desde que associado aos conceitos de lucros e de receitas totais, 
para calcular o desempenho de uma empresa. Agora, é hora de estudar como são 
determinados os preços dos produtos que ela comercializa, essenciais na composição 
das receitas. 
A formação do preço de venda é um conceito de difícil estabelecimento pelos 
empresários, pois uma série de aspectos relacionados à perfeita apuração dos custos 
deve ser considerada. Confira algumas formas utilizadas. 
 Preços baseados no mercado consumidor no qual a empresa comercializa os 
seus produtos e serviços. Quando acontece a formação dos preços com base 
no mercado no qual a empresa atua, o processo de custos é feito ao contrário, 
ou seja, a empresa faz uma gestão dos seus custos, pois ela precisa se adaptar 
ao que o consumidor está disposto a pagar. É um procedimento muito 
complexo, que necessita de um grande estudo mercadológico para poder 
determinar o perfil de quem compra seus produtos e compreender suas 
necessidades e desejos. O trabalho precisa envolver diversos setores além da 
contabilidade de custos, como as áreas de marketing e vendas, de pesquisa e 
desenvolvimento e de tecnologia da informação, entre outros. 
 O que acontece, nesse caso, é que o mercado “dita os preços”. O consumidor, 
através de suas escolhas, determina quanto quer pagar, e as empresas 
precisam se adaptar. Essa definição se dá pela aceitação ou rejeição de 
produtos e serviços pelo público comprador, que tem uma faixa considerável 
de tolerância a alguns preços. Se ultrapassam o limite que ele considera 
aceitável, deixa de adquiri-lo, substituindo-o por outro ou apenas não 
comprando. 
 Se o consumidor, por exemplo, resolve adquirir tomate e tem a percepção, por 
razões históricas ou outro fator, que o preço precisa estar na faixa entre R$ 
2,00 e R$ 5,00, e chega ao ponto de venda e o valor está dentro desse 
parâmetro, ele aceita e compra. No entanto, caso o preço chegue a R$ 8,00, se 
sentirá prejudicado e não o levará, substituindo-o por outro ou apenas não 
comprando. Desse modo, o produto não é comercializado, o que força uma 
redução de preço. 
Por isso que é um processo ao contrário, pois a empresa não consegue 
influenciar muito os preços, que são determinados pelo mercado, e ela precisa 
se adaptar a quanto o consumidor deseja pagar. Geralmente, essa adaptação é 
feita pela redução dos custos. A obtenção de receitas é proporcional ao preço 
pago. Se for baixo, as receitas também serão, mesmo com alto volume de 
vendas, e o lucro será pequeno, podendo ser até negativo (prejuízo). Então, 
sobra para a empresa a utilização de uma adequada gestão de custos, para 
 
 
 
23 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
reduzi-los ao máximo possível, em que mesmo com preços reduzidos consiga 
manter a lucratividade desejada. 
 
Figura 3 – No ambiente empresarial atual, no qual a competitividade é muito acirrada 
entre as empresas, somente conseguem alcançar os objetivos empresariais aquelas 
organizações que exercem a gestão estratégica de custos. 
Fonte: Shutterstock (2015). 
 
 Preços baseados na concorrência. 
 A formação de preços baseada na concorrência segue a mesma metodologia 
daquela determinada pelo mercado. A diferença é que a empresa fixa os preços 
em função dos valores praticados pelos seus concorrentes. Para isso, ela analisa 
a atuação dos seus rivais e procura imitar os seus preços ou mantê-los 
próximos. Também envolve a utilização da gestão de custos, pois a empresa 
precisa adaptar-se à concorrência. Se os custos forem altos, provavelmente não 
conseguirá acompanhar os adversários e não alcançará os objetivos desejados. 
 
 
 
24 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
 
Figura 4 – Na gestão de custos é preciso considerar a existência de diversas variáveis, 
tanto internas quanto externas aos setores da empresa. 
Fonte: Shutterstock (2014). 
 Preços baseados nos custos totais 
É uma metodologia muito utilizada em alguns setores, mas as empresas podem 
correr grandes riscos se esses custos forem elevados e, conseqüentemente, os 
preços forem altos, o que trará perdas na participação no mercado e queda nas 
vendas. Envolve o perfeito conhecimento dos custos totais dos produtos, em 
uma ação complexa para se conseguir determinar exatamente esses valores, 
principalmente se os itens forem muitos. Geralmente, a empresa aloca os 
custos diretos (que são aqueles relacionados diretamente com a fabricação do 
produto ou que estejam vinculados a ele) aos seus produtos, que são mais 
fáceis de mensurar, e depois adota alguns critérios para calcular os demais, 
como os indiretos e variáveis, mais difíceis de definir. 
 
Os custos diretos, que são os de produção, são mais fáceis de serem alocados 
na formação dos preços, pois é só computar a quantidade usada de cada 
insumo pelo que foi pago (ou será pago no futuro) e outros valores e atrelá-los 
ao produto final obtido, pois eles são diretamente alocados ao produto. Desse 
modo, calcula-se o valor total pela quantidade produzida e encontra-se o custo 
unitário. 
 
 
 
 
25 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Já os custos indiretos são todos os custos que não estão vinculados 
diretamente ao produto, mas a toda empresa (a todo o conjunto do sistema de 
produção). Por exemplo, podemos citar a depreciação de equipamentos que 
são utilizados na fabricação (prestação) de mais de um produto (serviço), 
salários dos chefes de supervisão de equipes de logística, aluguel do imóvel da 
empresa, gastos com limpeza do ambiente empresarial e energia elétrica que 
não pode ser associada a determinado serviço. 
Os custos fixos, por sua vez, são indispensáveis ao funcionamento da empresa, 
porém sem nenhuma relação com o volume da produção. Como exemplo, 
temos o aluguel da empresa, salários indiretos da empresa, manutenção de 
equipamentos, assistência técnica da fábrica, seguros etc. Note que como o 
próprio nome diz, esse custo é fixo e não varia de acordo com a quantidade 
produzida. De outra forma,os custos variáveis são os custos relacionados em 
função do volume da atividade. 
Sendo assim, o conhecimento de tais custos é um facilitador no objetivo de 
auxílio para decisões num curto espaço de tempo. É necessário adotar alguma 
metodologia da contabilidade de custos para poder atribuir valores aos preços. 
Após desenvolver tudo isso, a empresa consegue chegar ao custo total ou ao 
custo total unitário. Mas isso ainda não é o preço, pois é preciso determinar o 
valor do ganho financeiro almejado com a venda para depois extrair o lucro. 
Desse modo, é preciso somar aos custos totais unitários (que são compostos de 
custos fixos e custos variáveis) as despesas e a margem de ganho que a 
empresa pretende obter, para se ter o preço de venda desejado. E esse valor 
pode ser alterado, ainda, em função de outros fatores, como o tipo de mercado 
e seu porte, as distâncias percorridas para se chegar ao consumidor, a 
perecibilidade do produto, entre outros. 
 
Figura 5 – Atingir o alvo do lucro, objetivo de qualquer empresa, depende do preço 
que ela cobra por seus produtos e de quanto gasta para fazê-los. 
Fonte: Shutterstock (2014). 
 
 
 
26 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
 
 
 
 
 
As grandes mudanças no mundo nos últimos anos transformaram o mercado de forma 
geral e aumentaram a competição, que deixou de ser local para se tornar mundial. 
Agora, organizações de países que estão muito longe da região do consumidor, como 
as chinesas e indianas, disputam esse mercado com as empresas locais e com outras 
nacionais. Essa imensa disputa global forçou as organizações a se transformarem, pois 
o nível de eficiência, eficácia e efetividade necessário para conseguirem competir no 
mercado passou a ser muito elevado. Além disso, também o avanço tecnológico, com 
o uso intenso da informática, automatização, internet, sistemas de comunicação e 
outras tecnologias, que mudam constantemente, forçam as companhias a 
modificarem sua forma de atuação. 
Cada dia mais, as empresas precisam ser melhores, mais eficientes, mais atuantes, 
com posicionamento estratégico, com visão de todo o sistema (holístico), cooperação 
entre as organizações, entre outros aspectos, como forma de poder enfrentar essas 
modificações e atingir os seus objetivos. 
O estudo e a análise das ferramentas de contabilidade de custos, bem como a sua 
correta interpretação e utilização, acarretam um grande diferencial na gestão das 
empresas perante um mercado altamente competitivo, pois compreender os custos de 
uma organização, tanto do macroambiente quanto dos produtos, processos ou outro 
fator de análise, é de suma importância para que elas possam alcançar os seus 
objetivos. 
A partir daí, percebe-se que o estudo é muito amplo, e determinar os custos de uma 
empresa, de um produto ou de um serviço é uma tarefa não muito simples. Exige 
dedicação aos detalhes e uma integração da contabilidade de custos com outras 
ciências ─ como a matemática e a administração financeira ─ e com todos os 
departamentos de qualquer instituição, pois em todos eles existem fontes produtoras 
de custos. 
1.2. Relacionamento entre a Contabilidade de Custos, a 
Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira 
Você sabe relacionar contabilidade de custos, contabilidade gerencial e contabilidade 
financeira? Acha que existem diferenças entre os três ou acredita que esses três ramos 
Para Refletir... 
Para aprimorar seus conhecimentos, assista aos vídeos Formação do Preço de Venda, 
disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=WJPuhpGC1EQ>, Formação de Preços I 
(Parte 1), disponível em <http://tv.sebrae.com.br/home/sebraenacional/media/964/> e 
Formação de Preços I (Parte 2), disponível em <http://tv.sebrae.com.br/media/965/ 
 
 
 
27 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
possuem algum tipo de parentesco e podem ser utilizados de forma integrada no 
processo de tomada de decisões empresariais? Neste tópico, você estudará esses 
temas e conhecerá as peculiaridades de cada um. 
 
1.2.1. Contabilidade de Custos, Contabilidade Gerencial 
e Contabilidade Financeira 
Todos esses ramos são complementares para que se faça uma perfeita análise das 
informações contábeis e se consiga tomar as decisões de forma acertada, pois cada um 
deles, isoladamente, não pode processar todas as informações existentes na empresa 
e fornecer subsídios completos para as análises técnicas. É necessário que haja uma 
integração entre todas as contabilidades e ainda com outras ciências, como o Direito e 
a Administração. 
Assim, é preciso que a contabilidade de custos desempenhe algumas ações específicas 
na apuração dos custos, e que essas informações sejam agrupadas e complementadas 
com outros dados, elaborados e desenvolvidos pelas contabilidades financeira, 
tributária e gerencial. Para detalhar esses entendimentos, é necessário conhecer 
alguns conceitos de cada ramo contábil e como cada um pode colaborar para o 
perfeito trabalho da contabilidade de custos. 
A contabilidade financeira foi, talvez, a primeira tentativa de desenvolver estudos para 
apurar os custos empresariais. Como a maioria das empresas era comercial, ficava um 
pouco mais facilitado o processo de levantar as informações, pois elas compravam os 
produtos dos fabricantes e os revendiam, desenvolvendo atividades típicas de 
comércio. Além disso, também eram apurados os valores em estoques, dividindo as 
quantidades iniciais, em determinado período, e as que restavam após os processos 
empresariais, os chamados estoques finais. 
Para apurar os custos empresariais, utilizava-se o seguinte raciocínio: 
 
Valores dos estoques antes do processo empresarial (estoques iniciais) 
(+) Compras realizadas no período 
(-) Valores dos estoques depois do processo empresarial (estoques finais) 
(=) Custo das mercadorias vendidas 
Quadro 4 – Forma de apresentação dos custos em períodos iniciais (Revolução Industrial). 
Fonte: Marcomini (2014). 
 
 
 
 
28 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Desse modo, a contabilidade financeira analisava os valores dos estoques antes do 
processo empresarial e adicionava a eles os de compras realizadas no período. Desse 
resultado, eram descontados os valores dos estoques finais, ou seja, aqueles 
relacionados aos produtos não utilizados no processo empresarial e que restavam 
armazenados. A apuração por esse raciocínio era designada de custo das mercadorias 
vendidas, configurando-se como os custos totais da empresa, com os quais eram 
elaboradas todas as análises de custos, rentabilidade e lucratividade. 
Após a empresa ter apurado os seus custos totais, eram adicionados os valores das 
vendas produzidas, tendo-se as receitas da empresa, com as quais podia-se calcular o 
lucro bruto. Dessa maneira, começava a desenvolver-se o chamado Demonstrativo do 
Resultado do Exercício (DRE), que tinha a seguinte forma inicialmente: 
 
Valores das vendas líquidas 
(-) Custo das mercadorias vendidas 
Valores dos estoques iniciais (antes do processo empresarial) 
(+) Compras realizadas no período 
(-) Valores dos estoques finais (depois do processo empresarial) 
(=) Lucro bruto 
(-) Despesas comerciais 
(-) Despesas administrativas 
(-) Despesas financeiras 
(=) Resultado antes do Imposto de Renda 
 
Quadro 5 – Forma de apresentação do Demonstrativo do Resultado do Exercício. 
Fonte: Marcomini (2014). 
 
Dessa forma, as empresas conheciam os valores das suas receitas brutas, que 
correspondem aos das vendas líquidas. Pelo cálculo do custo das mercadorias vendidas 
e também pelo conhecimento dos valores dos estoques iniciais e dos estoques finais, a 
empresaconseguia apurar o valor do lucro bruto. Também entravam as compras feitas 
no período, que eram fáceis de mensurar. 
Esse era, basicamente, o trabalho da contabilidade financeira, que buscava as 
informações processadas pela contabilidade de custos e as transformava em análises 
financeiras, necessárias para a tomada de decisões empresariais. 
Perceba que também era preciso levar em consideração os aspectos relacionados às 
despesas envolvidas no processo de comercialização (vendas) e de gestão da empresa 
 
 
 
29 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
(administrativas e financeiras). Essas foram alocadas como deduções nos valores 
apurados pelo lucro bruto (despesas e custos indiretos), com as quais era produzida a 
totalização do resultado financeiro antes do Imposto de Renda. Assim era a 
contribuição da contabilidade financeira, sendo complementar e integrada com a 
contabilidade de custos, pois enquanto esta última preocupava-se em levantar e 
apurar os diversos custos envolvidos com o processo empresarial da organização, 
aquela tinha o papel de buscar essas informações elaboradas e processá-las de forma a 
subsidiar as devidas análises financeiras estudadas e executadas por cada empresa. 
A partir daí, a contabilidade financeira e a de custos evoluíram, até chegarem ao 
estágio atual, em que se tem a contabilidade gerencial. 
Com as rápidas mudanças ocorridas no mundo moderno, a alta competitividade entre 
as empresas, o consumidor mais exigente, os mercados cada vez mais disputados, 
entre outros aspectos, função da contabilidade de custos e, consequentemente, da 
financeira, teve que passar para o gerenciamento dos processos, ou pelo menos 
conseguir participar dele. 
Portanto, a contabilidade de custos, atualmente, é utilizada de forma gerencial e 
também pela contabilidade financeira, na qual são desenvolvidos inúmeros processos 
de análises contábeis, usados como ferramentas pelos gestores para tomar decisões e 
exercer o controle sobre os processos empresariais. Martins (2010) afirma que, com o 
objetivo de identificar os custos reais de produção até sua distribuição final, os 
sistemas convencionais de contabilidade de custos estão se modificando, de maneira 
que as empresas possam utilizar uma abordagem integrada para o gerenciamento das 
informações dos custos. 
Falando especificamente sobre o Brasil, por exemplo, existem duas vertentes na 
Contabilidade. 
 Contabilidade Financeira: também é denominada de Societária, em função de 
atender às exigências da Lei das Sociedades por Ações (Lei das S.A.) e também 
à legislação fiscal vigente, que é obrigatória a todas as empresas. Leva em 
consideração o registro (lançamento) e a manutenção (controle) de todos os 
componentes das demonstrações contábeis elaboradas, de forma a atender às 
necessidades dos usuários externos, tais como instituições financeiras, 
investidores, governo, fornecedores, clientes etc. Proporciona uma visão da 
situação da empresa como um todo. 
 Contabilidade Gerencial: é um mecanismo facultativo às organizações. Permite 
que sejam analisados aspectos específicos, que consideram informações úteis e 
oportunas à tomada de decisão gerencial, visando principalmente a reduzir 
custos operacionais ou adequar as operações às necessidades do mercado e de 
informação para os gestores, que são os usuários internos. 
 
 
 
30 
AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
Note que, no nosso contexto, a idéia é trabalhar com as informações de âmbito 
gerencial que devem subsidiar o processo de tomada de decisão dos gestores de 
Logística. É interessante ressaltar que uma organização poderia ter a sua Controladoria 
específica, como por exemplo Controladoria de Suprimentos, Controladoria da 
Manufatura, Controladoria de Vendas/Marketing e Controladoria da Logística. 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO DA UNIDADE 
Esta unidade buscou apresentar as principais noções da contabilidade de custos, como 
forma de proporcionar a você os conhecimentos iniciais desta disciplina. Foram 
descritos os elementos de custos, expondo quais os componentes que são necessários 
calcular para obter-se a correta contabilização dos custos e a conseqüente utilização 
dessas ferramentas, bem como a sua análise e interpretação, para a tomada de 
decisões gerenciais. Você também viu o que são custos diretos e indiretos, fixos e 
variáveis, bem como a sua correta definição, sua separação em uma empresa e a sua 
apuração no processo de cálculo. 
Esta unidade também apresentou alguns exemplos práticos de como se realiza a 
apuração dos custos, além de detalhar o processo pelo qual se chega do chamado 
custo dos produtos vendidos, no qual, através de várias fórmulas e definições de 
diversos componentes, consegue-se apurar esse importante item no processo de 
contabilização financeira e gerencial, mas que faz parte do processo da contabilidade 
de custos. 
Também foi mostrada a importância da contabilidade de custos no contexto 
empresarial e produtivo, bem como a sua integração e relacionamento com outros 
tipos de contabilidade, como a gerencial e a financeira. 
 
 
Para Refletir... 
Para aprimorar seu entendimento sobre os temas que acabou de ver, leia os artigos 
Diferenças Entre Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira, disponível em 
<htts://www.editoraferreira.com.br/Medias/1/Media/Professores/ToqueDeMestre/Lucian
oOliveira/LucianoOliveira_toque_36.pdf>, e A Importância da Auditoria de Negócios para 
seu Empreendimento, disponível em 
<http://www.endeavor.org.br/artigos/financas/contabilidade-gerencial-e-auditoria/a-
imortancia-da-auditoria-de-negocios-para-seu-empreendimento 
 
 
 
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AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
REFERÊNCIAS 
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. Editora Atlas, 6ª Edição, São Paulo, 2012. 
HOJI,M. Administração Financeira e Orçamentária. Editora Atlas, 11ª Edição, 2014. 
MARTINS, E.: Contabilidade de Custos - Livro-texto - 10ª Edição. Editora Saraiva, São 
Paulo, 2010 
FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA. Disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=WJPuhpGC1EQ . Acesso em 15 nov. 2014 
 
FORMAÇÃO DE PREÇOS I (PARTE 1). Disponível em 
http://tv.sebrae.com.br/home/sebraenacional/media/964/ Acesso em 15 nov. 2014 
 
FORMAÇÃO DE PREÇOS I (PARTE 2). Disponível em 
http://tv.sebrae.com.br/media/965/ . Acesso em 15 nov. 2014 
DIFERENÇAS ENTRE CONTABILIDADE GERENCIAL E CONTABILIDADE 
FINANCEIRA. Disponível em 
https://www.editoraferreira.com.br/Medias/1/Media/Professores/ToqueDeMestre/LucianoOlivei
ra/LucianoOliveira_toque_36.pdf . Acesso em 15 nov. 2014. 
 
A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA DE NEGÓCIOS PARA SEU 
EMPREENDIMENTO. Disponível em 
http://www.endeavor.org.br/artigos/financas/contabilidade-gerencial-e-auditoria/a-importancia-
da-auditoria-de-negocios-para-seu-empreendimento. Acesso em 15 nov. 2014. 
 
COMO CALCULAR O CUSTO DA MÃO DE OBRA DIRETA?. Disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=_5WFetl8Lm8. Acesso em 15 nov. 2014 
 
CUSTO DOS PRODUTOS DE FABRICAÇÃO PRÓPRIA VENDIDOS. Disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=1oZJmRP-UCY . Acesso em 15 nov. 2014 
 
PALESTRA SEBRAE - ENTENDENDO CUSTOS, DESPESAS E PREÇO DE VENDA. 
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=rBEH73Pq1Ds . Acesso em 15 nov. 2014 
 
O QUE SÃO CUSTOS VARIÁVEIS? - SEVILHA CONTABILIDADE. Disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=i5l_hl2SQKg . Acesso em 15 nov. 2014 
 
 
 
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AULA 1 – INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS 
 
O QUE SÃO CUSTOS DIRETOS? - SEVILHA CONTABILIDADE. Disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=hHXNVWU5lDA . Acesso em 15 nov. 2014 
 
O QUE SÃO CUSTOSFIXOS? Disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=W5uIype5IGk . Acesso em 15 nov. 2014 
 
O que são Custos Indiretos? - Sevilha Contabilidade. Disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=4qut0Wnjq2Y . Acesso em 15 nov. 2014.

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