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Esta apostia foi elaborada pelos professores da PUC/MG: José Tomáz Pereira e José Vuotto Nievas. SUMÁRIO ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ................................................................ 2 ETAPAS DA ANÁLISE ................................................................................................................ 3 OBJETIVOS .................................................................................................................................. 3 FONTES ......................................................................................................................................... 4 Principais usuários das Demonstrações Contábeis ..................................................................... 8 Demonstrações Contábeis Passíveis de Análise ........................................................................ 10 Técnicas preliminares da Análise dos Demonstrativos Contábeis .......................................... 11 Padronização e Reclassificação .................................................................................................. 12 Técnica da Análise Vertical e Análise Horizontal .................................................................... 18 Análise Vertical ............................................................................................................................ 18 Análise Horizontal ....................................................................................................................... 20 Relação entre a Análise Vertical e Horizontal .......................................................................... 24 ÍNDICES DE LIQUIDEZ ........................................................................................................... 25 INDICADORES DE ESTRUTURA .......................................................................................... 26 ÍNDICES DE RENTABILIDADE ............................................................................................. 28 ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS.............................................................................................. 28 CICLO OPERACIONAL ........................................................................................................... 29 CICLO FINANCEIRO ............................................................................................................... 29 ÍNDICES DE ROTAÇÃO .......................................................................................................... 29 ECONÔMICO VERSUS FINANCEIRO .................................................................................. 30 INVESTIMENTO VERSUS FINANCIAMENTO ................................................................... 30 PARECER TÉCNICO ................................................................................................................ 30 ÍNDICES DE BOLSA ................................................................................................................. 31 O RISCO DOS EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS ..................................................................... 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 34 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Definição: “É o estudo da situação financeira e patrimonial de uma empresa ou entidade, através da decomposição de elementos e de levantamentos de dados que consistem em relações diversas que entre si possam ter tais elementos, com o objetivo de conhecer a realidade de uma situação ou de levantar os feitos de uma administração sob determinado ponto de vista”. A análise das demonstrações contábeis tem por objetivo, interpretar as alterações estruturais ocorridas nos balanços e demais informativos contábeis, consecutivos, de uma empresa, buscando o julgamento das ações desenvolvidas pela mesma, estudando a sua posição atual dentro do mercado de atuação e detectando também, a sua situação econômico- financeira. Cabe salientar, que devemos levar em conta a dimensão temporal, ou seja, devemos examinar para tanto, uma série histórica. Após realizado este trabalho, poderemos até mesmo, identificar o seu desempenho futuro. A análise dos demonstrativos contábeis sempre estará associada a um processo decisório. Cada usuário determina a profundidade e o enfoque da abordagem da análise, de acordo com o seu objetivo. A análise das demonstrações contábeis como um todo, é vista como “a arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamentos, se for o caso”. Ao pesquisar um conceito para a análise das demonstrações contábeis, verifica- se uma pluralidade de definições que, de um modo geral, remetem a utilização de técnicas para um melhor entendimento da atuação das empresas no mercado. Iudícibus (1998, p.20-21) afirma que é a análise de balanços pode ser definida “como a arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamentos, se for o caso". Esta definição também é compartilhada por outros estudiosos da Ciência Contábil. Assaf Neto (2002) atesta que apesar do surgimento e da evolução percebida de diversas técnicas para a realização da análise dos balanços, não se pode ainda cientificamente apresentar uma metodologia capaz de atender a todas as situações de análises. Daí a conotação de uma arte. A análise dos demonstrativos contábeis [...] é uma ferramenta poderosa à disposição das pessoas físicas e jurídicas relacionadas à empresa [...]. [...] propicia as avaliações do patrimônio da empresa e das decisões tomadas, tanto em relação ao passado – retratado nas demonstrações financeiras – como em relação 3 ao futuro – espelhado no orçamento financeiro. (MATARAZZO, 2003, p.11) Em relação aos objetivos, Assaf Neto (2002, p.48) acredita que a análise das demonstrações contábeis “visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinaram a evolução apresentada e as tendências futuras”. O objetivo da análise de balanços é assegurar o controle do patrimônio das entidades e fornecer informações sobre a composição e as variações patrimoniais, produzindo em intervalos regulares de tempo, um conjunto básico e padronizado de informações úteis para um grande e variando número de usuários, cujas necessidades são diferentes. (BLATT, 2001, p. XVIII). Matarazzo (2003) enfatiza que o objetivo da análise está basicamente na transformação dos dados apresentados pelos demonstrativos contábeis em informações que possam contribuir para um melhor entendimento da situação econômico-financeira das organizações. Chama atenção ainda, quanto ao entendimento diferenciado que deve ter uma analista em relação a dados e informações. Aspectos da análise: Estático - Refere-se ao estudo da situação da empresa, observando-se a forma como ela se apresenta, em determinado momento, não se preocupando com o passado ou o futuro. Dinâmico - Há uma preocupação com a evolução da empresa e com o ritmo de seus negócios. Tal aspecto resulta num estudo que estabelece comparações entre os resultados atuais e os resultados de exercícios anteriores, considerando inclusive as possibilidades de evolução futura. ETAPAS DA ANÁLISE a) Conhecimento da estrutura e composição das demonstrações; b) Entendimento das transações que se processam entre as contas dos demonstrativos; c) Interpretaçãodos valores expressos nas demonstrações e de sua interrelação; d) Formulação e cálculo de índices ou indicadores que permitam estabelecer comparação entre valores; e) Estabelecimento de subsídios para avaliação da situação do desempenho da empresa. OBJETIVOS Avaliar, de forma estática e dinâmica três aspectos patrimoniais: 1- Medir o acerto da gestão passada; 2- Determinar a necessidade de correção nessa gestão; 3- Determinar potencialidades e riscos de desenvolvimento dos negócios da empresa. Conforme explicitado anteriormente, a análise das demonstrações contábeis é utilizada para a verificação das alterações ocorridas em um determinado período de tempo do patrimônio. 4 Segundo Magalhães et al (2004) a contabilidade tem função descritiva, mas devido à complexidade do conjunto patrimonial, desdobra-se em três sub-funções fundamentais: a sub- função escritural ou de registro; a sub-função expositiva ou demonstrativa e a sub-função interpretativa ou de análise. Esta segunda sub-função, expositiva ou demonstrativa, envolve diretamente a forma com que os profissionais de contabilidade devem externar a sub-função escritural. Esta forma está descrita na Lei das Sociedades por Ações – 6.404, de 15/12/1976, através de seu artigo 176º, que em linhas gerais, requer ao final de cada exercício social a publicação de: Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração de Lucros ou Prejuízo / Acumulados; Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos; Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; Notas Explicativas sobre dados relevantes; Tendo em vista o estudo destas demonstrações na disciplina de Contabilidade Básica, e da exigüidade do tempo para um maior aprofundamento da análise de todos estes demonstrativos, desenvolver-se-á em nesse conteúdo, a exploração do Demonstrativo “Balanço Patrimonial” e na “Demonstração do Resultado do Exercício”. “O Balanço Patrimonial é a demonstração destinada a evidenciar, resumidamente, o Patrimônio da entidade, quantitativa e qualitativamente”, afirma Ribeiro (2002, p.334). Marion (2004) enfatiza que este demonstrativo apresenta a saúde financeira e econômica de uma organização a qualquer tempo. FONTES a) Demonstrações contábeis; b) Outras informações obtidas junto à administração da empresa em exame. Tendo em vista que esta disciplina é desenvolvida partindo do conhecimento prévio adquirido na disciplina de Contabilidade e que tem como objetivo a questão da análise desta estrutura, sugeri-se no caso de dúvidas quanto a qualquer das nomenclaturas apresentadas, que se faça um estudo mais aprofundado em livros de contabilidade básica e intermediária. 5 BALANÇO PATRIMONIAL Ativo Passivo Circulante Circulante Disponível Obrigações de Curto Prazo Caixa Fornecedores Bancos Conta Movimento Obrigações Trabalhistas e Sociais Aplicações Financeiras Impostos a Recolher Créditos Duplicatas a Receber (-) Duplicatas Descontadas (-) Provisões para Créditos de Liquidação Duvidosa Adiantamentos a Fornecedores Adiantamentos a Empregados Impostos a Recuperar Estoques Estoques de Materiais Estoques de Produtos Estoques de Mercadorias (-) Provisões para Ajuste ao Valor Provável de Realização Despesas do Exercício Seguinte Seguros a Apropriar Não-Circulante Não Circulante Realizável a Longo Prazo Obrigações de Longo Prazo Investimentos a Longo Prazo Financiamentos Aplicações Financeiras Débitos de Pessoas Ligadas Patrimônio Líquido Débitos de Sócios Capital Realizado Investimentos Capital Social Subscrito Participações Societárias (-) Capital Social a Realizar Imobilizado Reservas 6 Imóveis Reservas de Capital Instalações Reservas Constituídas pela Correção Monetária do Capital Móveis e Utensílios Reservas Constituídas por Ágio na Emissão de Ações Veículos Reservas Constituídas por Alienação de Partes Beneficiárias (-) Depreciação Acumulada Reservas Constituídas por Alienação de Bônus de Subscrição Intangível Reservas de Lucros Marcas e Patentes Reserva Legal Direitos Autorais Reserva Estatutária Fundo de Comércio Adquirido Ajustes de Avaliação Patrimonial (-) Amortização do Intangível Ajustes às Normas Internacionais de Contabilidade Ajustes de Avaliação de Instrumentos Financeiros Ajustes ao Valor de Mercado nos casos de Incorporação, Fusão e Cisão (-) Prejuízos Acumulados (-) Ações em Tesouraria Figura 2: Balanço Patrimonial Fonte: Santos et al (2003) (adaptado pelo autor da apostila) 7 A Demonstração do Resultado do Exercício tem sua estrutura regulamentada pelo artigo 187 da Lei 6.404/76 e que de forma resumida, pode ser vista na figura 3 abaixo: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Vendas no País Vendas no Exterior Receita Bruta (-) Vendas anuladas (-) Descontos incondicionais (-) ISSQN sobre vendas (-) ICMS sobre vendas (-) PIS sobre vendas (-) COFINS sobre vendas (=) Receita Líquida (-) Custos (=) Lucro Bruto (-) Despesas com vendas (-) Despesas gerais e administrativas (-) Despesas financeiras (-) Outras despesas (+) Outras receitas (=) Resultado do Exercício antes CSLL/IRPJ (-) Provisão para CSLL (-) Provisão para IRPJ (=) Resultado do Exercício após CSLL/IRPJ (-) Debêntures (-) Administradores (-) Partes beneficiárias (=) Lucro / Prejuízo do Exercício Figura 3: Demonstração do Resultado do Exercício Fonte: Santos et al (2003) (adaptado pelo autor da apostila) 8 A Demonstração do Resultado do Exercício (D.R.E.) na concepção de Iudícibus (2000) trata-se de um resumo organizado das receitas e despesas da empresa em determinado período e é apresentada verticalmente e de forma de forma dedutiva. Verifica-se que muitos alunos apresentam uma certa dificuldade em organizar as contas denominadas patrimoniais (contas do Balanço Patrimonial) e as contas de resultado (contas da Demonstração do Resultado do Exercício). Para sanar este problema, reitera-se a necessidade de se estudar o conteúdo anteriormente apresentado na disciplina de Contabilidade através dos livros indicados nas referências da disciplina. Ressalta-se novamente que, todos os demonstrativos contábeis exigidos pela Lei 6.404/76 são objetos merecedores da atenção de uma analista no momento de se buscar o conhecimento da situação patrimonial de uma empresa. Toda análise deve partir de uma avaliação simultânea dos demonstrativos apresentados pela entidade, pois atuam de forma a complementar os dados umas das outras. Na disciplina de Análise dos Demonstrativos Contábeis será dado uma ênfase maior nos demonstrativos do Balanço Patrimonial e da Demonstração dos Resultados do Exercício. Principais usuários das Demonstrações Contábeis Você está se graduando em que? Ciências Contábeis? Administração? Ciências Econômicas? Engenharia? A sua formação implicará diretamente no grau de profundidade que você deve ter para um bom exercício profissional. Para os alunos de Ciências Contábeis, o entendimento deve ser profundo na medida em que são estes os profissionais que elaboram os demonstrativos contábeis e que devem trazer para uma linguagem mais simples as informações para as pessoas com funções de gerenciamento. E você administrador? Acredita ser possível planejar, executar e controlar qualquer empresa sem saber o domínio desta ferramenta? Através desta técnica, aqueles que ocupamcargos de gestão podem monitorar todas as atividades da organização e evitar, por exemplo, a venda de mercadorias a clientes que não tem capacidade financeira para honrar com seus compromissos. “Saber analisar balanços está se tornando uma necessidade para grande número de pessoas”, afirma Matarazzo (2003, p. 27). Complementa ainda que, para quem pretende se relacionar com empresas, é de extrema importância o domínio dessa técnica. 9 Com uma visão mais generalista Blatt (2001, p. XIX) declara que Os usuários tanto podem ser internos como externos e, mais ainda, com interesses diversificados, razão pela qual as informações geradas pela Entidade devem ser amplas e fidedignas, pelo menos, suficientes para a avaliação da sua situação patrimonial e das mutações sofridas pelo seu patrimônio, permitindo a realização de inferências sobre o seu futuro. Corroborando com esta última afirmação, o quadro 2 apresenta de forma sintética alguns dos usuários mais comuns da análise dos demonstrativos contábeis e como fazem uso: PRINCIPAIS USUÁRIOS DA ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS FORNECEDORES O fornecedor de mercadoria precisa conhecer a capacidade de pagamento de seus clientes, ou seja, a sua liquidez. Dependendo dos valores envolvidos na negociação a análise ganha um critério de maior profundidade. CLIENTES (COMPRADORES) Pode ocorrer quando alguma empresa depende de um fornecedor para a ampliação de sua capacidade produtiva. Também deveria ser uma prática comum em pessoas físicas na hora de se adquirir um imóvel na planta, por exemplo. BANCOS COMERCIAIS Os bancos comerciais usualmente concedem créditos de curto prazo a seus clientes e por isso precisam observar a situação financeira e econômica de seus clientes. Os bancos sabem que o grau de endividamento é forte indicador de insolvência. BANCOS DE INVESTIMENTOS Os bancos de investimentos atendem a um número menor de empresas, mas com a concessão de crédito por um período mais longo. Nestes casos compreender a atual situação de seus clientes e traçar cenários futuros também faz parte da atuação do analista. SOCIEDADES DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO Usualmente concedem financiamentos às construtoras por prazos superiores há um ano. A questão da análise fica condicionada ao estudo dos valores e do risco que envolve a operação. SOCIEDADES FINANCEIRAS Essas sociedades concedem créditos diretamente aos consumidores. Nos últimos anos tem crescido muito este tipo de empresa no Brasil. As lojas vendem para seus clientes e estes recebem o crédito da Sociedade Financeira. A loja atua como se fosse um avalista da operação. CORRETORAS DE VALORES E PÚBLICO INVESTIDOR As corretoras de valores e o público investidor fazem a análise para investimento em ações. Além da análise financeira, levam em conta outros fatores relacionados especificamente ao preço e à valorização de ações no mercado. CONCORRENTES Analisar a atuação da concorrência no mercado influência diretamente no sucesso ou no fracasso de uma 10 empresa. Muitas decisões de investimento, por exemplo, podem estar ligadas ao comportamento da concorrência. DIRIGENTES Para os administradores e dirigentes de uma empresa, a análise dos demonstrativos contábeis é um instrumento complementar no processo decisório. Essa técnica pode auxiliar na formulação de estratégias da empresa e servir como forma de mensuração das atitudes implantadas da gestão. GOVERNO O governo utiliza a análise dos demonstrativos contábeis das empresas principalmente na abertura de uma concorrência. Usualmente a escolha ocorre entre duas propostas semelhantes e a sua definição fica por conta daquela que apresenta uma melhor situação financeira. Quadro 2 : Principais usuários da análise dos demonstrativos contábeis Fonte: Matarazzo (2003, p.29-36) (adaptado pelo autor da apostila) Esta pluralidade de usuários reforça a responsabilidade daqueles que estão dirigindo uma organização e para aqueles que, como vocês, em um futuro próximo também estarão enfrentando o desafia da gestão. Basta observar que os atos praticados tanto por uma boa quanto por uma má administração ficam registrados nestes demonstrativos que são sistematicamente objetos de estudo por diversos usuários. A sua competência ou incompetência pode ser perfeitamente avaliada por seus atos na condução de uma organização. Demonstrações Contábeis Passíveis de Análise Como deve ser do conhecimento de todos, nem todas as empresas são obrigadas a publicar seus demonstrativos contábeis. A questão da publicação além de um aspecto legislativo, também está relacionada com a credibilidade das informações prestadas nos demonstrativos. A Lei 6.404/76 em seu artigo 289 determina que As publicações ordenadas pela presente Lei serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o lugar em que esteja situada a sede da companhia, e em outro jornal de grande circulação editado na localidade em que está situada a sede da companhia. O ato de se tornar público os demonstrativos contábeis, confere uma responsabilidade ainda maior ao profissional de contabilidade e dos responsáveis pela entidade quanto à qualidade e veracidade das informações. Desta forma, Marion (2002) sugere um roteiro para que os analistas possam verificar antes do trabalho de análise, a qualidade e a credibilidade das demonstrações contábeis. 11 SITUAÇÃO IDEAL Demonstrações Contábeis (DC) publicadas em jornais que atendam aos requisitos legais (Lei das Sociedades Anônimas). Assinadas por contador, com Relatório da Diretoria e Notas Explicativas completas. Parecer de auditoria de Pessoa Jurídica que não tenha empresa- cliente que represente mais de 2% do seu faturamento e que não esteja auditando a empresa analisada por mais de quatro anos. SITUAÇÕES ENCONTRADAS QUE MERECEM CUIDADOS DC em que há Relatório da Diretoria sucinto demais e/ou Notas Explicativas incompletas. DC com parecer de auditoria que não preencham todos os requisitos do 3º item da situação ideal. DC publicadas que não atendam a todos os requisitos legais. SITUAÇÕES QUE MERECEM PROFUNDOS CUIDADOS DC não publicadas em jornais. DC sem parecer de auditoria ou parecer com ressalva. DC que não atende boa parte dos requisitos legais e outras situações não previstas nas situações anteriores. SITUAÇÕES EM QUE NÃO SE DEVE FAZER ANÁLISE COM BASE NOS DC Quando a empresa trabalha à base do Lucro Presumido, sem fazer Contabilidade (nesses casos, as DC podem ser montadas especialmente para a análise). Quando há contradições nas DC ou “exageros” facilmente detectáveis. Quando é facilmente identificado que a empresa não valoriza a Contabilidade e/ou as DC não refletem a realidade. Quadro 3 : Situações dos demonstrativos contábeis encontradas pelo analista Fonte: Marion (2002, p.23) (adaptado pelo autor da apostila) Tais considerações são de extrema importância no contexto disciplinar, pois, não é raro alunos escolherem mal um demonstrativo contábil para ser objeto de uma análise em um trabalho. O resultado dessa infeliz escolha é um parecer técnico de baixa qualidade e com pouquíssimas informações. Fazer a análise dos demonstrativos da empresa que você trabalha é um exercício extremamente salutar para a fixação de seu conteúdo, mas o primeiro passo para se evitar analises equivocadas é a verificação da qualidade das informações ali prestadas. Técnicas preliminares da Análise dos Demonstrativos ContábeisExistem várias técnicas que podem ser aplicadas nos demonstrativos contábeis de uma entidade para se conhecer à sua real situação econômica e financeira. Marion (2002) destaca entre outras técnicas, a utilização da Análise Horizontal e Vertical, a utilização dos indicadores Financeiros e Econômicos, a análise sobre a Taxa de Retorno sobre Investimentos. 12 “É importante destacar que uma empresa deve ser analisada em conjunto com as demais integrantes de seu grupo”, complementa Blatt (2001, p. 55), e por isso, o analista tem liberdade de escolha sobre qual técnica mais indicada para a sua análise, desde que, procure trabalhar com o universo completo da entidade analisada. O analista antes de iniciar qualquer procedimento para a sua análise, deve proceder uma leitura minuciosa do demonstrativo contábil. Pode parecer um comentário “idiota”, mas, observa-se que muitos alunos no processo de aprendizado têm “preguiça” de fazer esta leitura inicial. Faz parte de um bom demonstrativo contábil as notas explicativas. Neste item o contador ao publicar os demonstrativos tem a obrigação de dar maior clareza ao conteúdo apresentado. O Balanço Patrimonial, por exemplo, apresenta apenas as contas sintéticas com os seus respectivos saldos e para uma análise com maior qualidade verifica-se a necessidade de “abrir” algumas das contas apresentada. Após a leitura dos demonstrativos contábeis pode-se passar para a sua preparação para análise. Esta preparação consiste inicialmente no processo de reclassificação e padronização das demonstrações. Padronização e Reclassificação Matazzo (2003, p.135) enfatiza que este trabalho “consiste numa crítica às contas das demonstrações financeiras, bem como na transcrição delas para um modelo previamente definido [...]”. MOTIVOS PARA UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE PADRONIZAÇÃO E DE RECLASSIFICAÇÃO Simplificação Um balanço apresentado nos moldes da Lei das S.A. apresenta em torno de 60 contas. Levando em consideração a utilização de três exercícios sociais e a aplicação da técnica de Análise Horizontal e Vertical, o analista teria inicialmente o cálculo aproximado de 540 números o que dificultaria o trabalho a ser realizado. A padronização e a reclassificação permitem uma redução considerável desses números. Comparabilidade A grande maioria das empresas apresentam planos de contas próprios e conseqüentemente seus 13 demonstrativos refletem uma variedades de contas que podem dificultar a comparação entre períodos. Desta forma, torna-se imprescindível enquadrar determinadas contas em grupos específicos para facilitar o processo de análise. Adequação aos Objetivos da Análise Determinadas contas devem ser reclassificadas para permitir uma análise mais coerente com a realidade. A conta “Duplicatas Descontadas”, por exemplo, para uma melhor adequação do Balanço Patrimonial, deve configurar no grupo do Passivo Circulante tendo em vista a natureza deste tipo de operação, onde a empresa responde solidariamente pela quitação da duplicata caso o seu cliente não honre o compromisso junto a instituição bancária. Precisão nas classificações de contas Freqüentemente são encontradas falhas na classificação de contas como, por exemplo, investimentos de caráter permanente classificados no circulante. Cabe ao analista conhecer os principais itens de manipulação dos balanços e efetuar a sua correção antes da análise. Descobertas de erros Quando se padroniza os demonstrativos contábeis, pode-se verificar erros intencionais ou não que devem ser merecedores de correções. Os mais usuais ocorrem nas contas de Estoques, na Provisão para Devedores Duvidosos e até mesmo nos somatórios dos diversos subgrupos que contém um balanço. Intimidade do analista com os demonstrativos da empresa Ao realizar o trabalho de padronização e reclassificação, o analista deve refletir sobre a melhor forma de enquadramento das contas e muitas vezes buscar maiores informações sobre as mesmas. Desta forma este procedimento acaba proporcionando uma maior familiaridade entre o analista e os números da empresa a serem analisados. Quadro 4 : Motivos para a utilização da técnica de Padronização e Reclassificação Fonte: Matarazzo (2003, p.136-137) (adaptado pelo autor da apostila) Nota-se com base no exposto, que a técnica de Padronização e de Reclassificação, basicamente, atua no agrupamento de algumas contas, com o intuito de uniformidade e de simplificação. 14 Vocês podem imaginar qual seria o trabalho para um analista ao analisar o balaço patrimonial da empresa FIAT Automóveis S.A., sem a utilização dessa técnica? Imaginem o detalhamento da conta “Estoques”. Fica claro que esta técnica visa dar uma forma mais adequada às demonstrações contábeis facilitando o processo de análise por parte do analista. Conforme relatado na unidade anterior, dar-se-á uma ênfase nos demonstrativos “Balanço Patrimonial” e na “Demonstração dos Resultados do Exercício”. Sugere-se para estes demonstrativos a seguinte padronização e reclassificação: BALANÇO PATRIMONIAL PADRONIZADO E RECLASSIFICADO CONTAS DO ATIVO NO ATIVO CIRCULANTE, AS CONTAS... DEVEM SER RECLASSIFICADAS Caixas, Bancos conta Movimento, aplicações Financeiras. Na conta “Disponibilidades” Clientes, Faturas a Receber, Duplicatas a Receber, Títulos a Receber, (-) Provisão para Devedores Duvidosos. na conta de “Contas a Receber de Clientes”, pelo seu valor líquido, deduzida a Provisão para Devedores Duvidosos. (-) Duplicatas Descontadas no Passivo Circulante com a nomenclatura de “Duplicatas Descontadas”, apesar de ser uma conta redutora do Ativo (Duplicatas a Receber), representa uma Co-Obrigação. Estoques de Matéria Prima, de Produtos em Elaboração e de Produtos Acabados. na Conta “Estoques”, acumulados os valores das matérias-primas, dos produtos em elaboração e dos produtos acabados. Adiantamento p/ Aquisição de Imóveis na Conta “Adiantamento p/ Aquisição de Imóveis” Outros Valores do Circulante na Conta “Outros Valores do Circulante” NO NÃO CIRCULANTE, AS CONTAS DEVEM SER RECLASSIFICADAS as contas que se apresentarem nesse subgrupo do ativo. Com a mesma nomenclatura apresentada no balanço original. Investimentos Ações da Organização pela denominação genérica “Investimentos”. Imobilizado Edifícios Máquinas e Equipamentos Instalações Móveis e Utensílios Veículos (-) Depreciação Acumulada pela denominação genérica “Imobilizado”. Diferido Gastos com Expansão (-) Amortização Acumulada pela denominação genérica “Diferido”, deduzido o valor da Amortização Acumulada. Quadro 5 : Modelo de padronização das contas do Ativo 15 CONTAS DO PASSIVO NO PASSIVO CIRCULANTE, AS CONTAS... DEVEM SER RECLASSIFICADAS Fornecedores na conta “Fornecedores” Salários a pagar, Impostos a pagar, FGTS, PIS, INSS a pagar. na conta “Obrigações Trabalhistas e Sociais” O.T.S. Obrigações Fiscais e Tributárias Na conta “Obrigações Fiscais e Tributárias” Empréstimos bancários, Financiamentos, Títulos a pagar. na conta “Instituições Financeiras”. Adiantamento de Clientes na conta “Adiantamento de Clientes” Credores por Compra de Imóveis na conta “Credores por Compra de Imóveis” Obrigações Estatutárias na conta “Obrigações Estatutárias” Cheques a Compensar na conta “Cheques a Compensar” Compromissos com Ex-Sócios na conta “Compromissos com Ex-Sócios” NO NÃO CIRCULANTE, AS CONTAS DEVEM SER RECLASSIFICADAS as contas quese apresentarem nesse subgrupo do passivo. Com a mesma nomenclatura apresentada no balanço original. NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO DEVEM SER RECLASSIFICADAS Capital social Capital social pela denominação “Capital Social”. Reservas Reservas de capital Reservas de investimentos Reservas de contingências pela denominação genérica “Reservas”. Ajuste Avaliação Patrimonial Pela denominação genérica “Ajuste Avaliação Patrimonial” Lucro/Prejuízo do Exercício Lucro/Prejuízo do Exercício pela denominação “Lucro/Prejuízo Líquido do Exercício”. Quadro 6 : Modelo de padronização das contas do Passivo Com o intuito de facilitar o trabalho do analista no momento da realização da padronização e da reclassificação sugeri-se também a utilização de uma planilha padrão conforme o modelo abaixo 16 Figura 4: Planilha para Padronização e Reclassificação ATIVO 20X 0 (%) V 20X 1 (%) V (%) H PASSIVO 20X 0 (%) V 20X 1 (%) V (%) H CIRCULANTE CIRCULANTE Financeiro Operacional Disponibilidades Fornecedores Operacional Obrigações Trabalhistas e Sociais Contas a Receber de Clientes Obrigações Fiscais e Tributárias Duplicatas Descontadas Instituições Financeiras Estoques Adiantamento de Clientes Adiantamento p/ Aquisição Imóveis Credores por Compra de Imóveis Outros Valores do Circulante Financeiro Obrigações Estatutárias Cheques a Compensar Compromissos com Ex- Sócios Total do Circulante Total do Circulante NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo Investimentos Compromissos com Ex- Sócios Imobilizado Empréstimos a Pessoas Ligadas Intangível Total do Não Circulante Total das Exigibilidades PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Reservas Ajuste Avaliação Patrimonial Lucro/Prejuízo Líquido do Exercício Total do Não Circulante Total do Patrimônio Líquido TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO BALANÇO PATRIMONIAL PADRONIZADO PERÍODOS: 20X0 E 20X1 VALORES EM: R$ reais 17 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO PADRONIZADO E RECLASSIFICADO NA D.R.E . AS CONTAS DEVEM SER RECLASSIFICADAS Receita Operacional Bruta e as Deduções e Abatimentos. Não entram na planilha de análise Receita Líquida de Vendas. pela denominação “Receita Líquida de Vendas”. Inicia-se a planilha com esta conta. Custos Merc. Prod. Serv. Vendidos. pela denominação “Custos Merc. Prod. Serv. Vendidos”. Lucro Bruto. Pela denominação “Lucro Bruto”. NA D.R.E. AS DESPESAS / RECEITAS OPERACIONAIS DEVEM SER RECLASSIFICADAS Despesas com Marketing, Comerciais e com Vendas pela denominação genérica “Despesas com vendas". Despesas Administrativas, Depreciações / Amortizações, Encargos pela denominação genérica “Despesas gerais e administrativas". Outras despesas operacionais pela denominação genérica “Outras despesas operacionais” Outras receitas operacionais pela denominação genérica “Outras receitas operacionais” Resultado Operacional Antes do Resultado Financeiro pela denominação genérica “Resultado Operacional Antes do Resultado Financeiro” Receitas Financeiras pela denominação genérica “Receitas financeiras". Despesas Financeiras pela denominação genérica “Despesas financeiras". Resultado Operacional pela denominação genérica “Resultado Operacional". Outros Resultados pela denominação genérica “Outros Resultados ". Resultado do Exercício Antes das Provisões pela denominação genérica “Resultado do Exercício Antes das Provisões ". NA D.R.E, AS CONTAS DEVEM SER RECLASSIFICADAS Provisão para o IR - 15% e Provisão para CSLL - 9% pela denominação “Provisão". Participações pela denominação “Participações". Resultado Líquido do Exercício. pela denominação “Resultado Líquido do Exercício". Quadro 7 : Modelo de padronização das contas da Demonstração do Resultado do Exercício Com a Demonstração do Resultado do Exercício, não é diferente. Veja o modelo: 18 DESCRIÇÃO 20X0 (%) V 20X1 (%) V (%) H RECEITA LIQUIDA DE VENDAS (-) Custos Merc. Prod. Serv. Vendidos LUCRO BRUTO ( - ) Despesas Operacionais ( - ) Despesas com Vendas ( - ) Despesa Gerais e Adm. ( - ) Outras Despesas Operacionais ( + ) Outras Receitas Operacionais RESULTADO OPER. ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO ( + ) Receitas Financeiras ( - ) Despesas Financeiras RESULTADO OPERACIONAL ( +/- ) Outros Resultados RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES ( - ) Provisão ( - ) Participações LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Figura 5: Planilha para Padronização e Reclassificação da Demonstração do Resultado do Exercício Observe que, no trabalho de padronização das contas, deve-se ficar atento àquelas contas que, isoladamente, estão chamando mais atenção, quer seja por sua nomenclatura ou por seu valor. Às essas contas deve-se dar um tratamento especial, buscando verificar os “por quês” de sua relevância no contexto da análise. Geralmente estas respostas podem ser encontra nas notas explicativas apresentadas nos demonstrativos contábeis. Técnica da Análise Vertical e Análise Horizontal Análise Vertical Vertical Tem a finalidade de demonstrar o percentual de cada conta de um determinado demonstrativo contábil em relação ao total em ela estiver inserida. Para tanto, calcula-se o valor de cada conta em relação a um valor base. Mostra a importância de cada conta em relação à demonstração a que esta pertença. Podemos também, estabelecermos comparações com padrões do ramo de atividade da entidade e não D.R.E. PADRONIZADO PERÍODOS: 20X0 E 20X1 VALORES EM: R$ reais 19 somente, compararmos com percentuais da própria empresa em relação a exercícios anteriores. Sendo assim, verificamos se existem itens fora das proporções normais. Relacionamos uma conta com o valor global do grupo ao qual ela pertence, indicando assim, a sua representatividade. A análise vertical não sofre a corrosão monetária promovida pela ação da inflação visto que, as comparações são feitas entre moedas de um mesmo poder aquisitivo. Fórmula: V% = (valor da conta/valor global) x 100. A análise vertical segundo Assaf Neto (2002, p. 108) “é também um processo comparativo, expresso em porcentagem, que se aplica ao se relacionar com uma conta ou grupo de contas com um valor afim ou relacionável, identificado no mesmo demonstrativo”. Uma outra abordagem para melhor entendimento da análise vertical é apresentada por Marion (2002) enfatizando que quando da divisão de uma grandeza por outra, a leitura realizada pelos olhos ocorre de maneira vertical, conforme pode ser observado na figura 6. = Disponibilidades = 1500 X 100 Total do Ativo 15000 Figura 6: Leitura do cálculo da Análise VerticalFonte: Marion (2002, p. 24) (adaptado pelo autor da apostila) “No balanço Patrimonial calcula-se a participação relativa das contas, tomando-se como base o seu capital total. Já na Demonstração de Resultados, o referencial passa a ser o valor da Receita Operacional Líquida”, afirma Blatt (2001, p. 59). Exemplificando a aplicação da análise vertical no balanço patrimonial, o analista deve calcular o percentual de cada conta do lado do ativo em relação ao total do ativo. É só fazer aquela famosa “regra de três” tendo como base de 100% o total do ativo para as contas inseridas no Ativo e o total do passivo para as contas inseridas no Passivo. ATIVO 20X1 (%) V ATIVO CIRCULANTE 79.196 61% Disponibilidades 530 0% Contas a Receber de Clientes 4.586 4% Estoques 74.080 57% ATIVO NÃO CIRCULANTE 50.804 39% Impostos a Recuperar 153 0% Investimentos 5.761 4% Imobilizado 42.521 33% Intangível 2.369 2% TOTAL DO ATIVO 130.000 100% Figura 7: Cálculo da Análise Vertical na planilha de Padronização e Reclassificação do Balanço Patrimonial 20 Forma para cálculo de qualquer uma das contas (Ex. imobilizado): 1) Regra de três simples: 130.000 ------------------- 100 42.521 ------------------ X X = 32, 71% arredondando = 33 % 2) Cálculo na calculadora HP 130.00 42.521 32.71 Resultado no visor 33 % (para arredondar f 0 enter) Figura 8: Cálculo do índice da Análise Vertical Ressalta-se que nesta análise, quando houver alguma conta com a natureza contrária do grupo na qual está inserida, (ex.: contas de natureza credora no ativo ou de natureza devedora no passivo) esta deverá graficamente apresentar-se entre parêntese. PATRIMÔNIO LÍQUIDO 60.000 60% Capital Social 50.000 50% Resevas 15.000 15% Lucro/Prejuízo Líquido do Exercício (5.000) -5% TOTAL DO ATIVO 100.000 100% Figura 9: Cálculo da Análise Vertical na planilha de Padronização e Reclassificação com valores “negativos” Na análise vertical da demonstração do resultado calcula-se o percentual de cada conta em relação á vendas. Obviamente o valor das vendas líquidas é igualado a 100. 20X0 (%) V RECEITAS LÍQUIDAS 26.486 100% (-) Custos Merc. Prod. Serv. Vendidos (18.752) -71% LUCRO BRUTO 7.734 29% ( - ) Despesas com Vendas (659) -2% ( - ) Despesa Gerais e Adm. (2.783) -11% ( - ) Outras Despesas Operacionais (587) -2% ( + ) Outras Receitas Operacionais 894 3% RESULTADO OPERACIONAL 4.599 17% LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 4.599 17% Figura 10: Cálculo da Análise Vertical na planilha de Padronização e Reclassificação da D.R.E. Observe que a filosofia de trabalho é a mesma da apresentada no Balanço Patrimonial. A única diferença é que o percentual de 100% tem como referência a conta de Receitas Líquidas. Análise Horizontal Evidencia a evolução de cada conta dos demonstrativos contábeis, através dos períodos analisados com relação à demonstração anterior, geralmente a mais antiga da série. 21 Verificamos que diante da comparação realizada entre as contas, esta análise nos permite tirar conclusões sobre a evolução da empresa estudada. A comparação é feita entre os valores de uma mesma conta ou grupo de contas, em diferentes exercícios sociais. Verifica-se a evolução de cada conta de uma série de demonstrações contábeis, em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma demonstração básica geralmente, a mais antiga da série. Enfoques principais: evolução de ativos e passivos, evolução do ativo permanente produtivo, evolução da estrutura de capital, redução dos custos, preço de venda etc. Fórmula: H% [(valor atual/valor base) - 1] x 100. A Análise Horizontal tem como finalidade principal a verificação do comportamento das contas dos demonstrativos contábeis comparativamente entre períodos, geralmente a mais antiga da série. Blatt (2001, p. 60) corrobora com esta linha de pensamento ao afirmar que a análise horizontal “tem como objetivo demonstrar o crescimento ou queda ocorrida em itens que constituem as demonstrações contábeis em períodos consecutivos”. “Quando comparamos os indicadores de vários períodos (vários semestres, anos, ...) analisamos a tendência dos índices. Nesse caso chamamos de análise horizontal, pois nosso olhos lêem no sentido horizontal”, afirma Marion (2002, p.25) e conforme pode ser observado na figura 11. Índice Contas a Receber = Ano 2000 Ano 2001 Ano 2002 Contas a Pagar 1,5 1,46 1,39 Figura 11: Leitura na análise Horizontal Fonte: Marion (2002, p. 25) Observa-se ainda que a técnica da Análise Horizontal pode ser feita de forma encadeada ou anual, atesta Matarazzo (2003). A avaliação de vários períodos em relação há um ano base, é denominada Análise Horizontal Encadeada. A análise horizontal compara apenas o ano atual em relação ao ano anterior é a denominada anual. ATIVO 20X0 (%) V 20X1 (%) V (%) H ATIVO CIRCULANTE 89.517 79.196 -12% Disponibilidades 268 530 98% Contas a Receber de Clientes 3.790 4.586 21% Estoques 85.459 74.080 -13% Figura 12: Cálculo da Análise Horizontal na planilha de Padronização e Reclassificação 22 Forma para cálculo da análise horizontal de qualquer uma das contas do demonstrativo (Ex. imobilizado): 3) Regra de três simples: 268 ------------------- 100 530 ------------------ X X = 97, 76% arredondando = 98 % 4) Cálculo na calculadora HP 268 530 97.76 Resultado no visor 98 % (para arredondar f 0 enter) Figura 13: Cálculo do índice da Análise Horizontal Na Demonstração do Resultado do Exercício não é diferente. O importante é observar que os números colocados entre parênteses significam que a conta de um período para o outro apresentou um decréscimo. Nesse momento não se deve confundir a questão do parêntese com a natureza credora ou devedora das contas. 20X0 (%) V 20X1 (%) V (%) H RECEITAS LÍQUIDAS 20.398 26.486 30% ( - ) Custo dos Produtos Vendidos (15.256) (18.752) 23% LUCRO BRUTO 5.142 7.734 50% ( - ) Despesas com Vendas (895) (540) -40% ( - ) Despesas Administrativas e Gerais (1.000) (1.100) 10% ( - ) Despesas Financeiras 0 0 0% ( + ) Receitas Financeiras 100 150 50% RESULTADO ANTES DO IR 3.347 6.244 87% Figura 14: Cálculo da Análise Horizontal na planilha de Padronização e Reclassificação da D.R.E. Outro ponto que merece atenção quando da utilização da técnica de análise horizontal é quando se tem uma base negativa para a comparação. “Nesses casos, a magnitude do resultado calculado não reflete corretamente a evolução dos valores considerados, podendo levar, quando se fixa o estudo somente nas informações dos números índices, as conclusões opostas ao que ocorreu efetivamente.” (ASSAF NETO, 2002, p. 103) Para exemplificar esta situação, analise a figura abaixo com a evolução da conta “Lucro/Prejuízo Acumulados”. PASSIVO 20X0 (%) V 20X1 (%) V (%) H PATRIMÔNIO LÍQUIDO * * * * * 1 ( + ) p/ ( - ) Lucro/Prejuízo Acum. 2.600 * -1.300 * -150% 2 ( - ) p/ ( - ) Lucro/Prejuízo Acum. -1.300 * -2.080 * 60% 3 ( - ) p/ ( - ) Lucro/Prejuízo Acum. -21.438 * -18.016 * -16% SITUAÇÕES Figura 15: Análise Horizontal da conta Lucro/Prejuízo 23 Verifica-se que a leitura que deve ser feita parte da análise do que representa a conta. Na situação um, percebe-se que em 20X0 a empresa tinha lucro e que em 20X1, além de perder 100% do seu valor de referência, perdeu mais 50% o que refletiu no prejuízo da empresa.Já na situação dois, nota-se que a empresa tinha um prejuízo no exercício de 20X0 e que, em 20X1 este prejuízo foi aumentado em 60% em relação ao seu valor original. Na terceira e última situação a empresa em 20X0 tinha um prejuízo e que este no exercício seguinte foi diminuído em 16% em relação ao valor base de referência. Também torna-se bastante pertinente a observação em relação ao processo inflacionário de determinados países que refletem diretamente nos demonstrativos contábeis em determinados períodos. Sendo a técnica de análise horizontal uma técnica que permite avaliar as variações em níveis de evolução ocorrida em cada conta, de modo a possibilitar a identificação de contas que apresentado desempenho inferior/superior, a inflação proporciona distorções de valores e que devem ser corrigidos, partindo por exemplo, no ajuste dos demonstrativos a valores com moedas constantes. Assaf Neto (2002, p. 112) afirma que a comparação de valores em épocas distintas não oferece base confiável para verificação do desempenho real ocorrido, dado que a instabilidade monetária depreciou o poder de compra da moeda, ocasionando, conseqüentemente, um incremento artificial (aparente) desse valores. Conforme observado, é primordial para que a análise tenha uma base real de comparabilidade, trabalhar no ajuste das demonstrações contábeis. Uma outra dica relevante no momento de se realizar a padronização e a reclassificação dos demonstrativos e na aplicação da técnica de Análise Horizontal é observar a ordem de colocação dos períodos na planilha padronizada. Usualmente os demonstrativos publicados apresentam o período mais recente perto das contas com os outros períodos em ordem decrescente conforme pode ser visto no Balanço Patrimonial extraído de um jornal. 24 Figura 15: Balanço Patrimonial extraído de jornal Fonte|: Diário do Comércio, 12 março de 2003. Neste demonstrativo primeiro estão apresentados os valores referentes ao ano de 2002 e depois os valores pertinentes ao exercício de 2001. Observe que no caso da utilização da planilha de padronização e reclassificação, deve- se colocar na primeira coluna os valores pertinentes ao exercício de 2001 para depois apresentar o exercício de 2002. Relação entre a Análise Vertical e Horizontal Indicação da estrutura do ativo e passivo bem como, informar suas modificações. Análise detalhada do desempenho da empresa,permitindo a visualização das alterações,que não foram identificadas através do estudo dos índices. Matarazzo (2003, p. 248) argumenta que é recomendável que estes tipos de análise sejam usados conjuntamente. Não se deve tirar conclusões da análise horizontal, pois determinado item, mesmo apresentando variações de 2.000% / 500% , pode continuar sendo um item irrelevante dentro da demonstração financeira a que pertence. Uma analista nunca deve trabalhar estas análises isoladamente e que procure fazer uma correlação a respeito das contas mais significativas no período em análise verticalmente e se o seu comportamento (análise horizontal) é merecedor de comentários em sua análise. 25 Blatt (2001) lembra que é exatamente desta avaliação em conjunto que surgem muitas das questões que aguçam o interesse do analista e que lhe colocam à prova seus conhecimentos no destrinchar os demonstrativos contábeis. ATIVO 20X0 (%) V 20X1 (%) V (%) H ATIVO CIRCULANTE 35.000 35% 30.000 26% -14% Disponibilidades 5.000 5% 5.000 4% 0% Contas a Receber de Clientes 10.000 10% 4.000 3% -60% Estoques 20.000 20% 21.000 18% 5% ATIVO NÃO CIRCULANTE 65.000 65% 85.000 74% 31% Títulos a Receber 15.000 15% 15.000 13% 0% Imobilizado 50.000 50% 70.000 61% 40% TOTAL DO ATIVO 100.000 100% 115.000 100% 15% Figura 16: Contas mais significativas depois da análise vertical e horizontal Observe que mesmo com a evolução da ordem de 60% a análise horizontal, a conta “Títulos a Receber” avaliada verticalmente não apresenta um valor significativo em relação ao total do ativo (análise vertical). Por sua vez, a conta “Estoques” apesar de horizontalmente apresentar apenas 5% de evolução, ao ser avaliada verticalmente, nota-se que a mesma é a conta mais representativa do grupo do Ativo Circulante e do Ativo Não Circulante, merecendo assim, uma atenção especial. Já a conta denominada “Imobilizado” apresenta significativas evoluções tanto verticalmente quanto horizontalmente o que certamente deverá ser objeto de indagações por parte do analista. ÍNDICES DE LIQUIDEZ Os índices de solvência mostram a base financeira da empresa, identificando a sua solidez. Estes índices evidenciam a conversibilidade dos capitais de uma empresa em disponibilidades, suficientes à liquidação dos compromissos assumidos. Destacamos que o importante, não é a liquidez do empreendimento em caso de liquidação (liquidez real) que deva ser avaliada, devemos ir mais adiante, avaliando a capacidade da empresa em conservar-se como um empreendimento bem sucedido, e que salda seus compromissos em dia (liquidez técnica). 26 Ciclo operacional/formação da liquidez Compra de mat. prima Produção Recebimento Vendas Indicadores: Liquidez imediata - Identifica a capacidade da empresa saldar sua dívidas de curto prazo, imediatamente. Fórmula = Disponível/Passivo Circulante. Liquidez corrente -Proporciona uma medida da margem de segurança da empresa para satisfazer às obrigações que vencerão no exercício corrente. Verificamos a conversibilidade de todo o ativo circulante da entidade objetivando a liquidação da dívida no mesmo prazo. Fórmula = Ativo Circulante/Passivo Circulante. Liquidez seca - Desconsideramos os itens do ativo circulante que não possuem prazo certo de recebimento. Toma-se por base, somente os itens monetários, medindo-se o grau de excelência da situação financeira da empresa. Fórmula = (Ativo Circulante - Estoque)/Passivo Circulante. Liquidez geral - Mede quanto a empresa possui de recursos não-imobilizados em ativos fixos, em relação a cada unidade monetária de sua dívida. Apontamos desta forma, a proporção dos bens e direitos a serem realizados no curto e longo prazos, contra o volume de dívidas totais da empresa. Verifica-se aí, a segurança da empresa visando o seu crescimento. Fórmula =(Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo)/(Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo). Obs: Estes indicadores não medem a efetiva capacidade da empresa liquidar seus compromissos nos respectivos vencimentos, mas apenas evidenciam o grau de solvência em caso de encerramento total das atividades. INDICADORES DE ESTRUTURA Estes indicadores mostram a decisões financeiras do ponto de vista das origens e aplicações de recursos. Objetivos: 1. Promover a avaliação da capacidade de amortização da empresa, em caso de financiamentos; 2. Apuração da situação patrimonial, visando orientar acionistas e sócios; 27 3. Fornecer informações nos casos de fusão e incorporação, consolidação de balanços e cessação das atividades com a venda do acervo patrimonial. Considerações importantes que devem ser observadas: Capacidade de endividamento - Avaliações básicas quanto a: geração de recursos, liquidez e renovação. Geração de recursos - A empresa possuindo uma geração de recursos, capaz de promover a amortização de dívidas, certamente possuirá uma capacidade maiorde endividamento. Liquidez - Suficiência de recursos para a manutenção das atividades; maior capacidade de solvência. Renovação - Possuir a empresa condições de renegociar dívidas, renovar empréstimos, o que não afetará de forma negativa, a sua capacidade de solvência. Capital circulante próprio É a parcela do patrimônio líquido investida no ativo circulante. Refere-se à parcela do patrimônio líquido, não comprometida com os capitais/ativos permanentes (não aplicada no ativo permanente), constituindo-se em elemento de fundamental importância para se avaliar a solidez financeira de uma empresa. Fórmula: CCP = PL - (AP+RLP) Capital circulante líquido É a parcela de recursos não correntes que foi destinada ao ativo circulante. Representa a folga financeira da empresa, a curto prazo. Refere-se aos financiamentos de que a empresa dispõe para o seu “giro”, os quais não serão exigidos a curto prazo. sua existência - Devido a imobilização só de parte dos recursos não correntes, desde que, a outra parte seja destinada ao capital circulante líquido (sua formação). composição - Capitais próprios e de terceiros a longo prazo. Fórmula: CCL = AC - PC Indicadores: Participação de capital de terceiros - Mostra o volume de recursos tomados pela empresa, junto a terceiros, para cada 100 unidades monetárias de capital próprio. Verificamos a quantidade de recursos de terceiros que a empresa terá que suplementar, com seus recursos próprios, objetivando a manutenção de suas atividades. Fórmula = (Capitais de Terceiros/Patrimônio Liquido) x 100. Composição do endividamento - Obtemos o percentual de obrigações a curto prazo, da empresa, em relação à sua dívida total. Desmembramos o volume total das dívidas, identificando as parcelas de curto e longo prazos (qualidade do endividamento). Fórmula = (Passivo Circulante/Capitais de Terceiros) x 100. Endividamento oneroso - Identificamos o percentual das dívidas onerosas, em relação aos capitais próprios da empresa. Fórmula = (Recursos Onerosos/Patrimônio Líquido) x 100. Imobilização do patrimônio líquido - Verificamos quantas unidades monetárias a empresa aplicou nos ativos permanentes, para cada 100 unidades monetárias de capital próprio. Temos aí, qual o volume de recursos próprios aplicados no ativo permanente. Fórmula = (Ativo Permanente/Patrimônio Líquido) x 100. Imobilização dos recursos não correntes - Apontamos desta feita, o percentual dos recursos não correntes, destinados ao ativo permanente da empresa. Refere-se à parcela de recursos 28 não correntes que financia o ativo permanente. Fórmula = [Ativo Permanente/(Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo)] x 100. Obs.: Capital de Terceiros = Passivo Total da empresa. Recursos Onerosos = Parcela do capital de terceiros, cuja devolução se dá acompanhada dos acréscimos remuneratórios. ÍNDICES DE RENTABILIDADE Estes indicadores mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, ou seja, quanto renderam os investimentos, identificando o grau de êxito econômico da empresa. Através destes indicadores, podemos fazer uma melhor avaliação da eficiência dos administradores, da sua capacidade de gestão. São medidas que relacionam os retornos da empresa às suas vendas, aos seus ativos, ou ao seu patrimônio líquido. Sendo a rentabilidade um medidor do lucro, em função de determinados elementos, esta nada mais, é do que uma resultante da produtividade. Indicadores: Giro do ativo - Mostra quanto a empresa vendeu, para cada unidade monetária de investimento total. Medimos desta feita, o volume de vendas da empresa em relação ao capital total investido. Mede-se desta forma, a eficiência na utilização do ativo com a finalidade de gerar receitas. Destacamos que alguma considerações adicionais devam ser feitas, tais como: observar por exemplo, se ocorreu retração do mercado de atuação da empresa em análise; se ocorreu perda na participação de mercado e quais são as estratégias da empresa. Fórmula = Receita Líquida/Ativo Total. Margem líquida - Indica quanto a empresa obtém de lucro, para cada 100 unidades monetárias vendidas. Apontamos a eficiência global da empresa. Fórmula = (Lucro Líquido/Receita Líquida) x 100. Rentabilidade do ativo - Através deste indicador, verificamos quanto a empresa obtém de lucro para cada 100 unidades monetárias de investimento total. Temos desta forma, a relação lucro líquido x ativo, a qual mede o potencial de geração de lucros por parte da empresa. Avaliamos a capacidade da entidade gerar lucros, podendo assim, capitalizar-se. Portanto, determinamos a capacidade dos recursos aplicados no ativo, de gerar lucros, o que resulta na principal fonte de recursos da empresa (capacidade que os ativos apresentam de gerar lucros). Fórmula = (Lucro Líquido/AtivoTotal) x 100. Rentabilidade do patrimônio líquido - Constitui-se num indicador que demonstra o lucro final do exercício, o qual pertence aos acionistas. Apontamos o volume de lucros (representatividade), que comporá o total dos capitais próprios da entidade. Observamos quanto a empresa obteve de lucro para cada 100 unidades monetárias de capital próprio investido. Obtemos portanto, qual a taxa de rendimento do capital próprio (retorno dos recursos próprios investidos na empresa), no final do exercício (taxa real, expurgada a inflação). Fórmula = (Lucro Líquido/Patrimônio Líquido) x 100. ÍNDICES DE PRAZOS MÉDIOS Estudamos através destes índices, a situação dos ciclos operacional e financeiro, o que nos proporciona um conhecimento maior sobre certas políticas adotadas pela administração da empresa. 29 Podemos então, avaliar se essas políticas vêm sendo adequadas para a empresa. Cabe observar, que não podemos analisar individualmente estes índices. Ciclo operacional - É a soma dos prazos médios: de renovação dos estoques e de recebimento de vendas. É o tempo decorrido entre a compra e o recebimento. Ciclo financeiro - É o tempo decorrido entre o momento em que a empresa aplica o dinheiro (pagamento do fornecedores) e o momento em que recebe as vendas (período em que ela precisa de financiamentos). Fórmulas: Prazo Médio de Renovação dos Estoques = (Estoques/Custo das Mercadorias Vendidas) x 360. Prazo Médio de Recebimento de Vendas = (Duplicatas a Receber/Receita Líquida) x 360. Prazo Médio de Pagamento de Compras = (Fornecedores/Compras) x 360. Compras = Custo das Mercadorias Vendidas + Estoque Final - Estoque Inicial. Ciclo Operacional = PMRE + PMRV. Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional - PMPC. CICLO OPERACIONAL Compra Venda Recebimento |________|________| PMRE PMRV CICLO FINANCEIRO a) Compra Venda Pagamento Recebimento |____________|________|______________| |____PMRE___|_______PMRV__________| |_____CICLO OPERACIONAL___________| |____________________|_______________| PMPC | CICLO FINANCEIRO Nota: fornecedores financiando totalmente os estoques. b) Compra Pagamento Venda Recebimento |________|_________|________________| |_____PMRE_______|_____PMRV______| = ciclo |_PMPC_|__________________________|operacional CICLO FINANCEIRO Nota: fornecedores financiando parte dos estoques. ÍNDICES DE ROTAÇÃO 30 Indicam a quantidade de vezes que os títulos e os estoques giraram durante o exercício social. São indicadores de renovação dos itens analisados. Fórmulas: Rotação dos Estoques = 360/PMRE ou CMV/ESTOQUES Rotação de Duplicatas a Receber = 360/PMRV ou Receita Liquida/Dup.Rec. Rotação de Fornecedores = 360/PMPC ou Compras/Fornecedores ECONÔMICO VERSUS FINANCEIRO Econômico - Refere-se ao lucro no sentido dinâmico e ao patrimônio líquido no sentido estático. Financeiro - Sentido restrito = Refere-se a dinheiro, variação de caixa (avaliação dinâmica). Quanto ao saldo de caixa, avaliação estática. Sentido amplo = Variação do capital circulante líquido (avaliação dinâmica). Saldo do capital circulante líquido (avaliação estática). INVESTIMENTO VERSUS FINANCIAMENTO Investimento - É toda aplicação em bens, direitos ou custos, que beneficiarão exercícios seguintes (o ativo representa o investimento total). Financiamento - São as origens apontadas no passivo. Podem ser exigíveis ou não. Exigíveis - São recursos obtidos junto a terceiros, utilizados pela entidade por certo tempo, cuja devolução se dará em parcelas. Não exigíveis - recursos obtidos pela empresa, sem prazo certo de devolução. PARECER TÉCNICO Para a elaboração do parecer técnico sobre a situação da empresa, por ocasião da análise de suas demonstrações contábeis, preparamos um roteiro básico, contendo algumas avaliações que devem ser feitas, cujo objetivo maior é facilitar o trabalho do analista. a) Avaliar o comportamento das vendas líquidas, promovendo a comparação destas, utilizando a análise com deflator, cujo objetivo é verificar sua evolução real; b) Avaliar o comportamento dos resultados, bruto, operacional, antes do imposto de renda e líquido, utilizando a análise com o deflator. Deve-se procurar a identificação das contas responsáveis pelas modificações (variações), sempre fazendo uso da análise com o deflator; c) Avaliar os índices de representatividade do balanço patrimonial (análise vertical). Estudar as contas que apresentaram modificações significativas, as quais são ou se tornaram relevantes no período analisado; d) Avaliar os índices de evolução do balanço patrimonial (variação real); e) Avaliar os índices financeiros e patrimoniais (liquidez e estrutura); f) Avaliar os índices econômicos (rentabilidade); g) Avaliar os índices de prazos médios e rotação, em conjunto; h) Avaliar as informações relevantes, complementares, observando-se as notas explicativas, e demais dados tais como: relatórios da diretoria, ramo de atividade, parecer dos auditores etc. 31 i) Finalmente, elaborar uma breve conclusão. Nota: Quando do estudo dos índices, devemos analisá-los, buscando a integração das informações prestadas por eles, observando sempre, as contas que os compõem uma vez que, estas estão contidas nos respectivos cálculos. ÍNDICES DE BOLSA Objetivo: Permitem a avaliação da viabilidade de investimentos em ações de determinadas empresas. Para tanto, levamos em conta dados obtidos através das negociações de ações nas bolsas de valores tais como: cotação, negociabilidade e dados das demonstrações contábeis. Esta análise nos mostra elementos quantitativos e objetivos a respeito das ações. Principais Índices: 1) Valor patrimonial da ação - VPA Fórmula= Patrimônio Líquido/Número de Ações (Resultado em R$) Estabelecemos esta relação entre o Patrimônio Líquido e o número de ações do capital realizado, mostrando a representatividade de uma ação perante o Patrimônio Líquido da empresa. Esta relação mostra quanto vale cada ação em termos de patrimônio líquido, determinando qual a parcela do Patrimônio Líquido que cabe a cada ação. 2) Lucro por ação - LPA Fórmula= Lucro Líquido/Número de ações (Resultado em R$) Este indicador mostra qual a parcela do lucro obtido que corresponde a cada ação, indicando pois, a fração do lucro cabível a cada ação. 3) Preço sobre lucro por ação - P/L Fórmula= Valor da Cotação da Ação/Lucro por Ação (Resultado em número de anos) Mostra este indicador em quanto tempo o investidor obteria o retorno do capital aplicado na aquisição das ações se fosse mantido o mesmo LPA verificado no último exercício. Indica o tempo que o investidor deve esperar para acumular um lucro por ação igual (no mesmo nível) ao investimento efetuado. 4) Rentabilidade da ação - RDA Fórmula= LPA/Valor da Cotação da Ação (Resultado em %) Identificamos quantas unidades monetárias o investidor terá de ganho anual para cada 100 unidades monetárias investidas na aquisição de ações ao preço de mercado. Temos aí, qual o percentual anual de rentabilidade do investidor. 5) Dividendo por ação - DPA Fórmula= Dividendos Pagos/Número de Ações (Resultado em R$) Este indicador nos mostra quanto do lucro distribuído, cabe a cada ação. Verifica-se , quanto cada ação rende em unidades monetárias, embolsadas pelo proprietário (investidor). 6) Retorno de caixa - RDC 32 Fórmula= DPA/Cotação da Ação (Resultado em %) Observamos através deste índice, quanto efetivamente o acionista embolsa para cada 100 unidades monetárias investidas na aquisição de ações, segundo sua cotação. Obtemos quanto o investidor recebe em dinheiro para cada 100 unidades monetárias investidas na compra das ações. 7) Relação caixa/rentabilidade da ação - C/RDA Fórmula= RDC/RDA (Resultado em %) Obtemos em termos percentuais, quanto da rentabilidade da ação é convertido em reembolso de caixa. Identificamos qual a relação entre o lucro do acionista e o que ele recebe monetariamente da empresa, ou seja, qual o percentual do seu lucro é convertido em moeda. Obs.: O RDC e o RDA serão divididos por 100, transformados em fatores. O RISCO DOS EMPRÉSTIMOS BANCÁRIOS Dívidas/Tipos: Créditos de Funcionamento - Naturais, decorrentes da atividade operacional, normal (fornecedores, salários, impostos etc.). Créditos de Financiamento - Recursos obtidos junto às instituições de crédito para atender as necessidades da entidade. Financiamentos - São recursos tomados junto às instituições de crédito para financiar aplicações específicas no giro ou no ativo permanente. São devolvidos em parcelas. Empréstimos Bancários - Representam créditos obtidos junto às instituições de crédito, a curto prazo, complementando o financiamento do ativo circulante (giro basicamente). Índices de dependência bancária: Medem o grau de dependência em relação às instituições de crédito. 1) Financiamento de ativo por instituições de crédito Fórmula= Empréstimos e Financiamentos de Inst. de Crédito/Ativo Total (Resultado em %) Indica qual o percentual dos investimentos totais que está financiado pelas instituições de crédito. 2) Participação de instituições de crédito no endividamento da empresa Fórmula= Financiamento de Inst. de Crédito/Capital de Terceiros (Resultado em %) Indica qual o percentual de participação das instituições de crédito no total de recursos tomados junto a terceiros (total das origens de recursos da entidade). 3) Financiamento de ativo circulante por instituições de crédito a curto prazoFórmula= Instituições de Crédito a Curto Prazo/Ativo Circulante (Resultado em %) 33 Indica quanto do ativo circulante está sendo financiado pelas instituições de crédito no curto prazo. 4) Nível de duplicatas descontadas Fórmula= Duplicatas Descontadas/Duplicatas a Receber (Resultado em %) Indica qual o percentual das duplicatas a receber foi ou está descontado junto às instituições de crédito. Indicadores calculados: Lucratividade - Indica qual foi o retorno global gerado pela empresa, em relação ao volume de receitas líquidas do período. Fórmula = (GPR/Receita Líquida) x 100. Retorno sobre o capital próprio - Indica qual foi o retorno global da empresa, em relação ao total de capitais próprios nela existentes. Fórmula = (GPR/Patrimônio Líquido) x 100. Rentabilidade do ativo - Indica qual foi o retorno global da empresa, em relação aos investimentos totais existentes. Fórmula = (GPR/Ativo Total) x 100. Participação no total das origens - Indica qual é a representatividade da geração própria de recursos da empresa, em relação ao total das fontes, apontadas na DOAR. Fórmula = (GPR/Origens Totais) x 100. Participação no total do exigível - Indica a capacidade de amortização que a empresa possui ou seja, a suficiência de recursos gerados, capazes de suplementarem o exigível total da empresa. Fórmula = (GPR/Total das Exigibilidades) x 100. OBS.: Estes indicadores devem ser confrontados com os índices de rentabilidade, estrutura e liquidez, apurados através do balanço e da DRE. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Iudícibus, Sérgio de - Teoria da contabilidade - 2ª edição - São Paulo: Atlas, 1.987. Matarazzo, Dante C. - Análise financeira de balanços: vol. 1 - 2ª edição - São Paulo: Atlas, 1.987. Neves, Silvério das e Viceconti, Paulo E. V. Contabilidade básica - 2ª edição - São Paulo: Frase, 1.994. Pires, Marco Antonio Amaral - Apostila de Análise de Balanços - PUC/MG, 1.993. Reis, Arnaldo Carlos de Rezende - Análise de balanços - 1ª edição - São Paulo: Saraiva, 1.993. Elaborada pelo professor: José Vuotto Nievas e Professor José Tomáz Pereira - PUC/MG.
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