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* * ESPASTICIDADE Conceitos atuais baseados em evidências científicas FT. Kátya Coeli da C. Loiola * * 1. ESPASTICIDADE 1.1- CONCEITO: “Alteração motora caracterizada por hipertonia, hiper-reflexia, secundárias a um aumento da resposta do reflexo de estiramento, diretamente proporcional à velocidade do estiramento muscular (Lance, 1984; Meythaler, 2001; Mayer, 2002; Barnes, 2003) * * Lesão da via córtico-retículobulbo-espinhal do NMS; LEA por diferentes causas (traumáticas, degenerativas, tumorais, infecciosas,vasculares), LEIA, Paralisia cerebral; Perda da ação inibitória das vias descendentes da motricidade que controlam o reflexo de estiramento (Mayer, 2002); Hiper-excitabilidade dos motoneurônios (Esclarin de Ruz, 2002) * * 1.2- QUADRO CLÍNICO: Em associação com a síndrome do NMS Hipertonia elástica; Hiper-reflexia (reflexos proprioceptivos); Sinal de canivete; Predomínio da musculatura antigravitacional; Clônus (descarga repetitiva reflexa) (Mayer, 2002) * * 1.3- SINAIS DEFICITÁRIOS (OU NEGATIVOS) Diminuição da força muscular; Hipotrofia muscular; Perda do controle seletivo dos movimentos; Lentificação dos movimentos; 1.4- SINAIS DE LIBERAÇÃO (OU POSITIVOS): Sincinesias Sinal de babinski * * 1.5-COMPROMETIMENTOS SECUNDÁRIOS: Encurtamentos musculares; Contraturas ósteo-musculares; Fibrose; Atrofia; 1.6-FATORES AGRAVANTES: Infecções urinárias; Úlceras de pressão; Distensão visceral; Emocionais; Climáticos; Imobilidade; Lesões ungueais * * 2.AVALIAÇÃO DA ESPASTICIDADE Indicadores qualitativos e quantitativos; Intensidade da espasticidade (tônus e hiper-reflexia); Repercussão funcional Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD) e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD): ABVD: Tarefas de autocuidado, tais como: arrumar-se, vestir-se, comer, fazer higiene facial e corporal, transferências e locomoção. AIVD: Tarefas da vida prática. Fazer compras, pagar contas, manter compromissos sociais, usar meio de transportes, cozinhar, comunicar-se, cuidar da própria saúde e manter a própria integridade e segurança. (Katz et al, 1993; Lawton 1971; Neri, 2001). * * Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD) e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD): ABVD: Tarefas de autocuidado, tais como: arrumar-se, vestir-se, comer, fazer higiene facial e corporal, transferências e locomoção. AIVD: Tarefas da vida prática. Fazer compras, pagar contas, manter compromissos sociais, usar meio de transportes, cozinhar, comunicar-se, cuidar da própria saúde e manter a própria integridade e segurança. (Katz et al, 1993; Lawton 1971; Neri, 2001). * * 2.1-ESCALA MODIFICADA DE ASHWORTH (Bohannon, 1987): Mais utilizada pela fácil reprodutibilidade; Observa o grau de resistência a movimentação passiva; Escala ordinal que varia de 0 a 4 * * ESCALA MODIFICADA DE ASHWORTH * * 2.2-ESCALA DE TARDIEU (1969): Goniometria da articulação em graus, avaliando a ADM com a intensidade da reação muscular ao estiramento rápido e lento * * 1.3-Avaliação dos automatismos: Frequência dos espasmos nos MMII ESCALA DE PENN (1989): escore de frequência dos espasmos por hora * * ESCALA DE LYON UNIVERSITÉ (Millet, 1981): - Comprometimento funcional * * ESCALA DE REFLEXOS TENDINOSOS: (Meythaler, 1999) * * ESCALAS FUNCIONAIS ÍNDICE DE BARTHEL (Mahoney, 1965; Lianza, 2001): desenvolvido em 1965, para avaliar o potencial funcional e os resultados do tratamento de reabilitação dos indivíduos que sofreram um AVE, esse teste mede o grau de assistência exigido, em dez atividades (alimentação, banho, higiene pessoal, vestir-se, controle da bexiga, do intestino, transferências cadeira e cama, deambulação e subir e descer escadas). Vários estudos têm comprovado a validade e confiabilidade em pacientes idosos sem alterações cognitivas e com menos de 65 anos. São atribuídos pesos específicos para cada atividade proposta de acordo com a observação clínica. O escore corresponde a soma de todos os pontos obtidos, sendo considerado independente o indivíduo que atingir a pontuação máxima 100 pontos. Pontuações abaixo de 50 pontos indicam dependência em atividades de vida diária. O índice de Barthel tem sido aplicado em pacientes internados em unidades de reabilitação e tem apresentado boa correlação com outras medidas de funcionais. * * Patient Name: Rater Name: Date: Activity Score FEEDING (MARCHA) 0 = unable (Incapaz) 5 = needs help cutting, spreading butter, etc., or requires modified diet (necessita de suporte) 10 = independent (independente) BATHING (BANHO) 0 = dependent (Dependente) 5 = independent (or in shower) (independente) BLADDER (URINA) 0 = incontinent, or catheterized and unable to manage alone 5 = occasional accident 10 = continent GROOMING (HIGIENE) 0 = needs to help with personal care 5 = independent face/hair/teeth/shaving (implements provided) DRESSING (VESTIR) 0 = dependent 5 = needs help but can do about half unaided 10 = independent (including buttons, zips, laces, etc.) BOWELS (DEFECAÇÃO) 0 = incontinent (or needs to be given enemas) 5 = occasional accident 10 = continent THE BARTHEL INDEX * * TOILET USE (USO DO BANHEIRO 0 = dependent 5 = needs some help, but can do something alone 10 = independent (on and off, dressing, wiping) TRANSFERS (BED TO CHAIR AND BACK)-(TRANSFERÊNCIAS) 0 = unable, no sitting balance 5 = major help (one or two people, physical), can sit 10 = minor help (verbal or physical) 15 = independent MOBILITY (ON LEVEL SURFACES)- MOBILIDADE EM SUPERFÍCIE 0 = immobile or < 50 yards 5 = wheelchair independent, including corners, > 50 yards 10 = walks with help of one person (verbal or physical) > 50 yards 15 = independent (but may use any aid; for example, stick) > 50 yards ______ STAIRS (ESCADAS) 0 = unable 5 = needs help (verbal, physical, carrying aid) 10 = independent ______ TOTAL (0–100): ______ * * Orientações para aplicação do Índice de Barthel: 1. O índice deve ser usado como um registro de um paciente que faz, não como um registro de que um paciente poderia fazer. 2. O principal objetivo é estabelecer grau de independência a partir de qualquer ajuda, física ou verbal, porém menor e por qualquer motivo. 3. A necessidade de supervisão torna o paciente não independente. 4. o desempenho do paciente deve ser estabelecido com base nas melhores evidências disponíveis. Pedir informação do paciente ao paciente, amigos / parentes e os enfermeiros são as fontes habituais, mas a observação direta e de senso comum também são importante. No entanto direto teste não é necessário. 5. Geralmente, o desempenho do paciente durante os últimos 24-48 horas é importante, mas ocasionalmente períodos maiores podem ser de relevância. 6. Categorias médias implica que o paciente fornece mais de 50 por cento do esforço. 7. Uso de auxílios para obtenção da independência é permitido. * * MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (MIF):desenvolvido e aplicado pela fundação de pesquisa da Universidade do Estado de Nova York, é um teste que contém várias subescalas, onde são avaliados itens referentes ao auto cuidado, controle de esfíncteres, mobilidade, locomoção, comunicação e cognição social. A realização das tarefas propostas é medida através de uma pontuação de 1 a 7, para realização de qualquer item proposto pela avaliação. O desempenho funcional é avaliado em cada item do teste pela pontuação recebida pelo paciente. * * * * 3.PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO Não existe um tratamento de cura definitiva da lesão; O tratamento é multifatorial, visando a diminuição da incapacidade; Tratamento deve estar inserido em um programa de reabilitação; O tempo de tratamento deve basear-se na evolução funcional * * 3.1-FISIOTERAPIA OBJETIVOS: Diminuição do tônus; Controle da dor; Assistência biomecânica preventiva,corretiva e pós-operatória; Facilitação da mobilidade, meios auxiliares; Recuperação funcional; Facilitação nos cuidados com o paciente (higiene, conforto) Auxílio no manejo das condições associadas: Respiratórias Complicações infecciosas; Sincinesias Espasmo diafragmático; Reeducação urológica e intestinal Ossificação heterotópica troboflebites * * CINESIOTERAPIA: Objetivos: Inibição da hiperatividade reflexa; Ação sobre a plasticidade cerebral; Manutenção do trofismo muscular Diminuição da imobilidade sobre os tecidos conectivos e musculares Melhora da condição cardiorespiratória Técnicas de tratamento: Conceito neuroevolutivo; Brunnston FNP; Voss As indicações são dependentes do diagnóstico e da capacitação do terapeuta. * * MECANOTERAPIA: Esteiras Barras paralelas Escada Bolas Rolos Bicicletas Estimula a movimentação passiva, estimulação neuroproprioceptiva e treino da função MASSOTERAPIA TERMOTERAPIA CRIOTERAPIA * * ELETROTERAPIA: Biofeedback (Técnica de retroalimentação) Estimulação elétrica neuromuscular (FES) Contração de músculos plégicos ou paréticos com objetivo funcional; Melhores resultados em lesões corticais e medulares incompletas Objetivos: Inibição recíproca, relaxamento do músculo espástico e estimulação sensorial das vias aferentes; Efeitos: melhora da contração muscular, propriocepção, reduz a espasticidade do antagonista Indicações:Espasticidade leve e moderada, pós Botox; * * ÓRTESES “Dispositivos auxiliares utilizados para estabilizar, imobilizar, prevenir ou corrigir deformidade, proteger contra lesões, estimular e maximizar uma função”. Podem ser confeccionadas de vários tamanhos; Uso seriado ou contínuo; Facilita padrões funcionais em pacientes espásticos Ação: Alongamento e prevenção de contraturas Diminuição do tônus Melhora biomecânica da postura e prevenção de lesões teciduais; Estabilidade articular * * ÓRTESES DE MMII * * ÓRTESES DE MMSS * * 3.2-TRATAMENTO CLÍNICO NEURÓLISE POR TBA Bactéria anaeróbia Clostridium botulinum; Cadeia leve e cadeia pesada: ligação com os sítios de liberação da acetilcolina - desnatura as proteínas sinápicas – inibição do complexo que libera a acetilcolina Intervalo curto entre as aplicações estimula o sistema imunológico: formação de anticorpos ( o paciente torna-se não responsível Uso da TB tipo B O efeito farmacológico da TBA é observado,geralmente, a partir do terceiro dia, atingindo o máximo em duas semanas e persistindo por 3 a 6 meses * * A indicação da neurólise com TBA é promover o relaxamento da hipertonia em músculos espásticos, prevenindo deformidades; Tabela 1: Contra-indicações para o neurólise com toxina botulínica do Tipo A * * Tabela 2: Indicações da neurólise com TBA * * Tabela 3: Complicações da neurólise com toxina botulínica do Tipo A * * NEURÓLISE POR FENOL O fenol, derivado do benzeno também conhecido como ácido carbólico Desnatura a bainha de mielina, com preservação axonal, interrompendo a condução nervosa e o arco reflexo, diminuindo assim o tônus muscular; O bloqueio fenólico tem efeito temporário, de 3 a 5 meses, devido à reversão do processo de desnaturação mielínica; A ação do fenol não é específica, ocorrendo tanto em fibras relacionadas ao tônus, como nas relacionadas à movimentação voluntária e à sensibilidade; Os efeitos colaterais mais freqüentes são tonturas, náuseas, vômitos e fraqueza muscular. Em doses maiores, pode-se notar, logo após a aplicação, sintomas semelhantes à embriaguez. * * Injeções repetidas de fenol podem causar a formação de tecido fibroso no local da aplicação, potencialmente dificultando a técnica em novos procedimentos. O fenol é muito barato, sua aplicação pode ser repetida sem maiores danos, logo é uma droga de fácil manejo.
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