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JOSÉ AMARO X CONDOMINIO

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VASCONCELOS ADVOCACIA
Dr.ª. Maria José Vasconcelos Torres.
EXM°. SR. DR. JUIZ DA _____ VARA DA JUSTIÇA DO TRABALHO DE MACEIÓ – AL.
JOSÉ AMARO SILVA DE ALMEIDA, brasileiro, alagoano, casado, porteiro, inscrito no CPF/MF sob o nº 28332326400 e portador do RG 2002001256810, com CTPS sob o nº 84682 – Serie 00024- PE, residente e domiciliado no Conjunto Residencial Rosane Collor, QD “H”, nº 18, Clima Bom I, Maceió-AL, CEP.: 57.071-470, por conduto de sua advogada legalmente constituída, vem, perante Vossa Excelência, interpor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, em face do CONDOMÍNIO EDIFÍCIO NYAMA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n° 69982023/0001-45, sediada na Avenida Professor Vital Barbosa, 1220, Ponta Verde, CEP.: 57.035-570, Maceió-AL, pelos fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expostos:
1. DO ENDEREÇO PARA INTIMAÇÕES – ARTIGOS 39, I E 242 DO CPC:
Art. 39. CPC – Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria:
I – declarar, na própria petição inicial ou contestação, o endereço em que receberá intimação. (grifos nossos).
Art. 242. CPC – O prazo para interposição de recurso conta-se data, em que os advogados são intimados da decisão, da sentença ou do acórdão.
§1º. Reputam-se intimados na audiência, quando nesta é publicada a decisão ou a sentença.
§2º. Havendo antecipação da audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, mandará intimar pessoalmente os advogados para ciência da nova designação. (grifos nossos).
Ad cautelam, para maior segurança processual, requer a Reclamada que, quando forem realizadas notificações – utilizando-se do teor contido no Art. 39, inciso I e Art. 242, ambos do CPC – sejam esta encaminhadas para o endereço contido no rodapé, tudo objetivando o ilibado e célere andamento processual.
2. PRELIMINARMENTE
Declara o Reclamante que é POBRE na forma da Lei nº 1.060/50, requerendo, desta feita, de Vossa Excelência, os benefícios da justiça gratuita, também pelo fato de encontrar-se desempregado, não tendo condições financeiras de arcar com as despesas do processo, conforme prevê o caput, do artº 4º, da referida lei.
3. DOS FATOS
O Reclamante foi contratado pela Reclamada, no dia 01 DE FEVEREIRO DE 2000, com CTPS anotada para exercer a função de Porteiro, percebendo o salário de R$ 532,00(quinhentos e trinta dois reais) sendo demitido sem justo motivo no dia 31 DE OUTUBRO DE 2010, sem receber as suas verbas rescisórias.
O Reclamante laborava na jornada de 12x36, com as seguintes escalas: durante o dia das 07:00h às 19:00h e à noite, das 19:00h às 07:00hs, aos domingos e feriados.
 
Apesar de ter sido demitido sem justo motivo o Reclamante nada recebeu até a presente data suas verbas rescisórias, apesar de diversas vezes ter procurado a Reclamada na tentativa de recebê-las, tendo que recorrer a esta Justiça Especializada para receber seus direitos trabalhistas.
Estas são, em síntese, as alegações do Reclamante.
4. DA JORNADA DE TRABALHO EM TURNO DE 12 X 36.
O Reclamante desenvolvia suas atividades em uma jornada de 12 horas ininterruptas de serviço, laborando em escala de revezamento, sendo que um dia, se apresentava para o trabalho na parte da manhã, e no outro subseqüente se apresentava na parte da noite.
 
Assim, conforme escala de serviço, determinada pelo Reclamado, iniciava suas atividades no turno da manhã, trabalhando de 7:00 h às 19:00h., sendo que, no outro dia imediatamente subseqüente, o seu horário era invertido, pelo que suas atividades seriam realizadas no turno da noite, trabalhando agora no horário compreendido de 19:00 h às 7:00 h.
Vale informar que o Reclamante sempre exerceu suas atividades no Reclamado como PORTEIRO, desde sua contratação em 01 de fevereiro de 2000.
 
5. DO INTERVALO DE DESCANSO
 
Durante o período trabalhado o Reclamante, não gozava do intervalo mínimo de uma hora para sua refeição e descanso, vez que, trabalhando sob escala de revezamento, por 12 doze horas ininterruptas, sozinho na atividade, não poderia deixar a portaria do condomínio, tendo apenas 10 minutos para fazer sua refeição. 
 
Destarte, a teor do que dispõe a CLT, deverá o Reclamado remunerar a hora que deixou de conceder ao Reclamante.
 
Art.71 Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.
§ 4. Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo cinqüenta por cento sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.
 
Cumpre registrar que o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho, 3ª Região, recentemente apreciou matéria idêntica, entendendo por garantir, de forma inequívoca o direito dos trabalhadores, senão vejamos:
 
EMENTA: INTERVALO PARA REFEIÇÃO E DESCANSO. FRUIÇÃO EM PERÍODOS RÁPIDOS E INTERMITENTES. PAGAMENTO COMO EXTRA. Restando patente através da prova oral, que mesmo quando o autor fruía de tempo para uma "rápida refeição", tinha ele que parar para atender clientes, conclusão a que se chega também do depoimento pessoal do preposto do reclamado, reputo como não alcançado o objetivo da norma inserta no art. 71 Consolidado, vez que se não tinha o autor tempo disponível sequer para fazer uma rápida refeição, óbvio que não tinha tempo para descansar das atividades do primeiro período laborado. Portanto, confessado em defesa o direito a fruição de 02 (duas) horas diárias, e já tendo sido deferido o pagamento de 01 (uma) diária ao título em reexame, impõe-se acrescer à condenação o pagamento de mais 01 (uma) hora diária a título de intervalo para repouso e alimentação não fruído, na conformidade do vindicado. 
(TRT 3ª R. - 5T - RO/21420/00 - Rel. Juíza Márcia Antônia Duarte de Las Casas - DJMG 31/03/2001 P.35). (grifos e destaques nossos)
Registre-se ainda que esta matéria encontra-se amparo no âmbito do Egrégio Tribunal Superior do Trabalho, a teor da Orientação Jurisprudencial 307 da SDI – I:
 
307. INTERVALO INTRAJORNADA (PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO). NÃO CONCESSÃO OU CONCESSÃO PARCIAL. LEI Nº 8.923/94. DJ 11.08.03
Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão total ou parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT).
 
Assim, de acordo com as argumentações supra, e o que será provado na instrução processual, resta incontroverso, data vênia, o direito do Reclamante a remuneração de 1 (uma) hora extra por dia, com acréscimo de 50%, relativo ao intervalo para repouso ou alimentação, não gozado, conforme preconiza o artigo 71, §4º da CLT e a pacífica jurisprudência dos Tribunais.
 
6. DA ATIVIDADE EM TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO
 
Conforme já informado, o Reclamante laborava em jornada de 12 (doze) horas/dia, em escala de revezamento, sendo que em um dia, trabalhava de 7:00 h às 19:00h, e no outro imediatamente subseqüente trabalhava de 19:00 h às 7:00 h.
 
Portanto, a jornada de trabalho exercida pelo Reclamante enquadra-se perfeitamente no regime em turnos ininterruptos de revezamento, senão vejamos:
 
Inicialmente, cumpre ressaltar que a redução da jornada para seis horas diárias em regime de turnos ininterruptos de revezamento, foi instituída pela Constituição Federal, em seu artigo 7º, inciso XIV.
 
Todavia, não se deve pensar que esta redução foi aleatória. O regime especial de jornada para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento tem como objetivo precípuo tentar proteger a saúde do empregado, vez que este tipo de jornada de trabalho, abrangendo variashoras do dia e da noite, ou seja, ora na parte da manhã, ora na parte da tarde, e ora na parte da noite, traz um desgaste muito maior para o trabalhador, que as jornadas convencionais. 
 
Amparando na doutrina é oportuno lembrar o mestre Sergio Pinto Martins:
 “... Sabe-se que este trabalho é muito desgastante para o empregado, pois o ritmo circadiano, correspondente ao relógio biológico do ser humano, que controla variações de temperatura, segregação de hormônios, digestão, sono, é alterado constantemente, tratando-se portanto, de um trabalho penoso. Assim, o intuito foi o de diminuir a jornada para o trabalho realizado nos referidos turnos, pelo maior desgaste que causa ao empregado, e não o de favorecer a atividade produtiva do empregador...”(Martins, Sergio Pinto, Direito do Trabalho, pág. 524)(grifos e destaques nossos)
 
E prossegue o festejado jurista:
 
“... O fato de a empresa conceder folga no domingo ou em outros dias, de maneira a compensar a folga que foi trabalhada, não vai descaracterizar o turno ininterrupto de revezamento, pois pode ser decorrente de circunstancias técnicas da empresa, da própria produção, além de atender a preceito constitucional e legal..
 ...
“... Prestando serviços o empregado no sistema 12X36 (hospitais, por exemplo), haverá o turno ininterrupto se existir o revezamento em horários diversos, de modo a não interromper a atividade da empresa. O mesmo pode-se dizer se o trabalho é realizado no sistema 24X24 ou 12X24,ou até em número de dias maiores, em que existirá o turno ininterrupto de revezamento desde que haja o revezamento e a ininterruptividade. O fato de haver folga no sábado e no domingo também não irá descaracterizar o turno se o empregado prestar serviços no sistema ininterrupto de revezamento feito semanalmente ou quinzenalmente, pois continuará havendo a agressão ao relógio biológico do trabalhador. O TST já decidiu da mesma forma. (En. 360)...” (Martins, Sergio Pinto, Direito do Trabalho, pág. 527 e 528) (grifos e destaques nossos)
 
 Vejamos ainda, entendimento do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, acerca desta questão, decidindo de forma incontroversa que este tipo de jornada de trabalho realizada pelo Reclamante enquadra-se, perfeitamente, no regime de TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO, senão vejamos:
 
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
DECISÃO: 12 08 2002
 PROC: ERR   NUM: 536289   ANO: 1999    REGIÃO: 03 EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA TURMA: D1 
ÓRGÃO JULGADOR - SUBSEÇÃO I ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS INDIVIDUAIS - FONTE DJ   DATA: 13-12-2002 
PARTES EMBARGANTE: FERROVIA CENTRO ATLÂNTICA S/A. EMBARGADOS: REDE FERROVIÁRIA FEDERAL S/A E FIDELIS NETO LOPES. REDATOR DESIGNADO MINISTRO VANTUIL ABDALA EMENTA HORAS EXTRAS - TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO - REGIME DE TRABALHO: JORNADAS DAS 07:00H ÀS 19:00H E DAS 19:00H ÀS 07:00H.
O sistema de trabalho em análise enquadra-se, perfeitamente, no regime de turnos ininterruptos de revezamento, tutelado pelo art. 7º, inciso XIV, da Carta Magna, uma vez que estão presentes os requisitos da norma constitucional, quais sejam, existência de atividade produtiva contínua da reclamada e de turnos abrangendo as 24 (vinte e quatro) horas do dia, bem como a alternância de horários de trabalho do obreiro.Ao se ativar em jornadas das 07:00h às 19:00h e das 19:00h às 07:00h, mesmo com intervalos entre jornadas de 12 (doze) horas e 24 (vinte e quatro) horas, alternadamente, o empregado se submete a uma constante variação de seus horários de trabalho, ora trabalhando de dia, ora de noite. Esse regime de trabalho lhe é extremamente prejudicial, na medida em que prejudica o convívio social e familiar, impossibilitando, inclusive, que o trabalhador tenha uma vida planejada, que freqüente cursos de aperfeiçoamento profissional e pessoal, dentre outras dificuldades.Recurso de revista não conhecido.
DECISÃO I - Por unanimidade, não conhecer dos embargos quanto ao tema "Arrendamento Sucessão Trabalhista"; II - Por maioria, não conhecer dos embargos quanto ao tema "Ferroviários - Turnos Ininterruptos de Revezamento", vencidos os Exmos. Ministros Milton de Moura França, Relator, e João Batista Brito Pereira; III - Por maioria, não conhecer do recurso no tocante à preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, vencido o Exmo. Ministro Relator. (grifos e destaques nossos)
  
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
IDENTIFICAÇÃO DO ACÓRDÃO TRIBUNAL: 15ª Região ACÓRDÃO NUM: Acórdão: 026160/2000 DECISÃO: 18 07 2000 TIPO: RO   NUM: 002548   ANO: 1999 NÚMERO ÚNICO PROC: RO -  TURMA: TU1 - Primeira Turma FONTE
DOE DATA: 18-07-2000 
PARTESRecorrente: ZF DO BRASIL S/A Recorrido: ELZIO RODOLFO DA SILVA RELATOR Relator: ANTONIO MIGUEL PEREIRA 
EMENTA
1. TURNOS ININTERRUPTOS – EXISTÊNCIA DE INTERVALO INTRAJORNADA E DESCANSO SEMANAL. Intervalos para refeições e descanso semanal não descaracterizam o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento de que cuida o inciso XIV do art. 7º da Constituição Federal de 1988 (Enunciado 360, TST e 12º Tema da Jurisprudência deste TRT). 2. TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO - TRABALHO EM DOIS TURNOS DE DOZE HORAS CADA - CARACTERIZAÇÃO. O trabalho em dois turnos, das 17:00 às 05:00 e das 05:00 às 17:00 horas configura trabalho em turnos ininterruptos de revezamento, pois não há interrupção. 
DECISÃO por unanimidade, negar provimento ao recurso para manter íntegra a r. sentença de origem, nos termos da fundamentação. Para fins recursais, mantidos os valores arbitrados pela r. decisão recorrida. (grifos e destaques nossos)
 
Seguindo esta linha de raciocínio, cumpre registrar recente decisão do Supremo Tribunal Federal:
AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nr. 506449
PROCED.:MINAS GERAIS RELATOR:MIN. CARLOS VELLOSO AGTE.(S):FIAT AUTOMÓVEIS S/A - ADV.(A/S:HÉLIO CARVALHO SANTANA AGDO.(A/S):MAURÍCIO MOREIRA MAIA - ADV.(A/S):PEDRO ROSA MACHADO 
Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo e impôs, à agravante, a multa de 5% sobre o valor corrigido da causa. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Senhor Ministro Celso de Mello. Presidiu, este julgamento, o Senhor Ministro Carlos Velloso. - 2ª Turma, 28.09.2004.
EMENTA: CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRABALHISTA. QUESTÃO RELATIVA A CABIMENTO DE RECURSO. TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. HORISTA. OFENSA À CONSTITUIÇÃO. MULTA.
I. - As questões relativas aos pressupostos de admissibilidade dos recursos trabalhistas não viabilizam a abertura da via extraordinária, por envolverem discussão de caráter infraconstitucional.
II. - Ao Judiciário cabe, no conflito de interesses, fazer valer a vontade concreta da lei, interpretando-a. Se, em tal operação, interpreta razoavelmente ou desarrazoadamente a lei, a questão fica no campo da legalidade, inocorrendo o contencioso constitucional.             
III. - Se os turnos são de revezamento, numa empresa cujo trabalho é exercido durante vinte e quatro horas, o turno será de seis horas. CF, art. 7º, XIV. Precedente.             
IV. - Caso em que deve ser a agravante condenada ao pagamento de multa: CPC, art. 557, § 2º, redação da Lei 9.756/98.             
V. - Agravo não provido(grifos e destaques nossos) 
 
Desta forma, tendo em vista que o Reclamante, trabalhava em um dia de 7:00 hs às 19:00hs, e no outro imediatamente subseqüente trabalhava de 19:00 hs às 7:00 hs, com a devida vênia, não há como negar que resta configurado o trabalho em turnos ininterruptos de revezamento.
 
7. DA COMPENSAÇÃO DA JORNADA
 
Em segundo lugar, impõe-se estabelecer uma outra questão, se havia ou não a compensação de jornada. 
 
Neste caso, não há como negar a compensação, vez que o Reclamante prestava seus serviços em turnos ininterruptos de 12 horas, sempre de 7:00h as 19:00h e de 19:00h as 7:00h.
Todavia, não se deve olvidar, que para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, o nosso ordenamento jurídico impõe uma limitação na duração da jornada, tendo em vista o maior desgaste sofrido.Desgaste este, que representa a razão de existir deste tipo de proteção.
 
Ora, todo trabalhador que em um dia fica acordado na parte da manhã, realizando suas atividades de 7:00h. às 19:00 h., e no outro dia imediatamente subseqüente fica acordado na parte da noite, desta vez de 19:00 h. às 7:00 h., indubitavelmente terá um maior desgaste que os demais.
 
Na realidade esta limitação tem como objetivo a tentativa em compensar o maior desgaste destes empregados, promovendo a melhoria de sua condição social e econômica. 
 
Assim, para estes, a duração da jornada está limitada a 06 horas diárias.
 Ora, se a Lei impõe uma jornada máxima para o trabalhador, de uma forma geral, e uma jornada mais reduzida ainda para os trabalhadores que exercem sua função em escala ininterrupta de revezamento, óbvio, que este limite existe para ser cumprido.
 
Seria até discutível se pode o obreiro ou o sindicato de sua categoria negociar a compensação de jornada em trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, mas no caso não se cogita deste aspecto, eis que restou absolutamente claro que :a) - A Reclamada não firmou acordo de compensação de jornada com o Reclamante;b) - A Reclamada não firmou acordo de compensação de jornada com o sindicato da categoria
 
Mesmo porque, para que eventual compensação pudesse ser autorizada há a necessidade de existir cláusula expressa em acordo coletivo ou acordo individual, no qual se fosse autorizado expressamente à compensação de jornada em turnos ininterruptos de revezamento.
 
Ademais, não se pode aceitar como válida, em prejuízo do obreiro, a duração de uma jornada de trabalho que a Constituição Federal veda.
 Inclusive mesmo que existisse acordo sindical, a jurisprudência proferida pelo TST, tem restringido a possibilidade de flexibilização da jornada de trabalho.
 
Em acórdão proferido pela Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, (Recurso de Revista - RR 550554/99), ficou decidido, de forma absoluta, que a possibilidade de flexibilização da jornada de trabalho nos turnos ininterruptos de revezamento, por meio de negociação coletiva, não pode ultrapassar o limite estabelecido pela Constituição da República, de trinta e seis horas diárias, trabalhadas ao longo da semana, preconizando ainda, que a Constituição da República ao atribuiu eficácia a contratação coletiva, em nenhum momento lhe deu poderes de derrogar as normas constitucionais, sendo por conseqüência nula qualquer clausula que contrarie seus ditames, senão vejamos:
  
“É imperioso observar o limite constitucional de trinta e seis horas semanais, uma vez que a redução do labor em turnos ininterruptos de revezamento decorre de condições mais penosas à saúde do trabalhador”, afirmou o Ministro Lélio Bentes Corrêa, que baseou sua decisão em entendimento firmado recentemente sobre o tema pela Subseção de Dissídios Individuais – 1 (SDI-1) do TST, em processo relatado pelo ministro Carlos Alberto Reis de Paula (ERR – 435/00)” (grifos e destaques nossos)
 
“Portanto, acordo coletivo de trabalho que fixa turnos ininterruptos de revezamento, extrapolando o limite de trinta e seis horas semanais, contraria disposições de ordem pública protetivas do trabalhador. (grifos e destaques nossos)
 
“A interpretação deste dispositivo constitucional permite inferir que a jornada máxima semanal de turno ininterrupto de revezamento é de trinta e seis horas, razão pela qual não pode negociação coletiva entender ser possível fixar turno ininterrupto de revezamento em jornada diária de oito horas, superando aquela de trinta e seis horas, acrescentou Lélio Bentes na decisão da Primeira Turma do TST”(grifos e destaques nossos)
 
“Ora, quando a Lei Maior elevou a eficácia da contratação coletiva, atribuindo-lhe normatividade, em nenhum momento lhe conferiu a supremacia sobre as normas constitucionais, de sorte que a referida cláusula está eivada de nulidade in re ipsa , por colidir frontalmente com o disposto no inciso XIV, do artigo 7º da Constituição Federal de 1988. Assim sendo, e comprovado que o reclamante cumpria jornada superior a 6 horas diárias, faz jus ao recebimento das demais como extras (...), como observa a juíza convocada HELENA E MELLO RELATORA” (grifos e destaques nossos)
 
Todavia, que mesmo restando incontroverso, que não há acordo para compensação de jornada em turnos ininterruptos de revezamento, a compensação efetivamente existiu.
 
Assim, para estes casos a majoritária jurisprudência proferida pelos tribunais, tem se posicionado de forma que a remuneração a partir da sexta hora, nos casos de trabalho realizado em turno de revezamento ininterrupto, deverá ser realizada sob o a forma de Horas Extraordinárias, sendo devidos todos os adicionais e reflexos a ela inerentes, senão vejamos:
 
EMENTA: TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO - HORAS EXTRAS - Quando a Constituição Federal de 1988 fixou a jornada de 6 horas para o trabalho   realizado em turnos ininterruptos de revezamento, procurou não apenas compensar o maior desgaste dos empregados, mas   também promover a melhoria de sua condição social e econômica. Por isso, tanto no caso do trabalhador mensalista quanto no do horista (caso do reclamante),  o entendimento   o de que após a sexta hora diária, são devidas as excedentes como extras. Não     somente o adicional de hora extra que deve ser pago, mas a hora extra (hora normal mais o respectivo adicional convencional ou legal), porquanto não se pode subtrair do trabalhador os direitos sociais conquistados com Constituição e esvaziar   o princípio de proteção ao hipossuficiente, com interpretação que lhe seja menos favorável. (TRT 3ª R. - 2T - RO/10985/00 - Rel. Juiz Luiz Ronan Neves Koury - DJMG 07/02/2001 P.14). ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DO TST Nº275 275. Turno ininterrupto de revezamento. Horista. Horas extras e adicional. Devidos. (Inserido em 27.09.2002)
Inexistindo instrumento coletivo fixando jornada diversa, o empregado horista submetido a turno ininterrupto de revezamento faz jus ao pagamento das horas extraordinárias laboradas além da 6ª, bem como ao respectivo adicional.
 
Assim, sendo certo que o Reclamante verdadeiramente cumpria e percebia seu salário por uma jornada de apenas 180 (cento e oitenta) horas mensais, ou seja, às 06 horas diárias excedentes das 06 horas legais, já eram remuneradas, deve a Reclamada pagar ao Reclamante apenas o valor correspondente 50% do adicional de hora extra, correspondente a 06 horas por dia trabalhado, aliás, como pacífico entendimento jurisprudencial.
 
8. DAS DIFERENÇAS SOBRE HORAS EXTRAS PRESTADAS.
 
É certo que o Reclamante, conforme se pode vê na documentação juntada aos autos que trabalhava apenas 180 horas mensais, todavia, para efeito de cálculo, a Reclamada procedia o cálculo do valor da Hora Extra dividindo o salário por 220, incorretamente.
 
As demais Horas Extras prestadas, sempre foram calculadas com base no valor da jornada de 220 horas, quando deveriam ser calculadas com base no valor da jornada de 180 horas, razão pela qual, também, deverão ser recalculadas e pagas as diferenças respectivas. Impõe-se, destarte, o recálculo das horas com base no valor de cada hora extra dividindo-se o valor do salário por 180 horas/mês e não por 220 horas/mês.
 
Inclusive, no contracheque do Reclamante, encontra-se o demonstrado que o divisor era 220. 
Deve-se ressaltar o entendimento consubstanciado na súmula 02 de nosso Egrégio Tribunal Regional:
DOC.: SÚMULA Nº 02 ORIGEM: TRT 3ª R. FONTE: DJMG 25.11.2000, 29.11.2000, 30.11.2000 e 01.12.2000 
CATÁLOGO: TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO - HORA EXTRA TEXTO: "TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. HORAS EXTRAS.
Independe da forma de contratação do salário, as horas trabalhadas, além da 6ª (sexta) diária, no turno ininterrupto de revezamento, devem ser pagas tomando-se o valor do salário-hora, apurado pelo divisor 180 (cento e oitenta) e acrescidas do adicional de horas extras." (grifos e destaques nossos)
 
Assim,tendo em vista que as condições pactuadas favorecem o reclamante, pede e espera que se digne este MM. juízo de tomar como base de calculo para as horas extras eventualmente deferidas ao Reclamante.
 
9. DA JORNADA NOTURNA E DAS DOBRAS DE DOMINGOS E FERIADOS.
Em decorrência da jornada em turnos ininterruptos de revezamento, ou seja, 12 x 36, requer o Reclamante seja deferida a diferença das horas noturnas laboradas (19:00 às 07:00h), bem como as horas-extras excedentes e as dobras de domingos e feriados laborados, dos últimos cinco anos de labor.
Requer ainda, o Reclamante os reflexos decorrentes das horas noturnas laboradas, das horas-extras e dos feriados laborados, inclusive nos RSRs. 
10.AVISO-PRÉVIO.
O Reclamante foi demitido sem justa causa, não recebendo o valore relativo ao aviso-prévio trabalhado, conforme preceituado no art. 7º, inciso XXI, da Constituição Federal e art. 487, § 1º, da CLT.
Portanto, o Reclamante REQUER o aviso-prévio, com base nas horas-extras laboradas.
11. 13º SALÁRIO PROPORCIONAL (10/12 AVOS).
Dentre as demais verbas rescisórias inadimplidas, encontra-se também o 13º salário proporcional na proporção de 10/12 avos, que desde já REQUER seu recebimento, de acordo com art. 7º, inciso VIII, devendo incidir as horas-extras laboradas. 
12. DAS FÉRIAS VENCIDAS + 1/3 
O Reclamante laborou nas férias vencidas do período de setembro/2008 a setembro de 2009, de forma trabalhada, assim devendo a Reclamada a pagar novamente as férias do trabalhador, do período correspondente, uma vez que o mesmo não gozou do seu período de férias.
O Reclamante, quando de sua demissão, não recebeu as férias relativas ao período aquisitivo de 2009/2010, acrescidas de 1/3 constitucional, nos termos do artigo 7º, XVII da Constituição Federal, portanto, REQUER desde já, seu pagamento com a devida repercussão sobre as horas-extras laboradas.
13. DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS 8/12 AVOS.
Requer o reclamante o recebimento de suas férias proporcionais com 1/3 constituição, por ter sido demitido sem justo motivo, com base nas horas-extras laboradas.
14. FGTS + MULTA DE 40%
O Reclamante ao ser demitido sem justa causa, não recebeu seu FGTS, nem tampouco a multa de 40% (quarenta por cento), devendo a Reclamada ser condenada ao pagamento dos depósitos do FGTS de todo pacto laboral, bem como a multa de 40%, sobre os referidos depósitos, de acordo com o art. 7º, incisos I e III, da Carta Maior, que desde logo REQUER, devendo incidir sobre as horas-extras laboradas. 
15. DO SEGURO-DESEMPREGO.
Como já dito, o Reclamante ao ser demitido de forma imotivada, não recebeu suas verbas rescisórias devidas, nem tampouco as guias para habilitação do seguro-desemprego, devendo entregar ao Reclamante as ditas guias, sob pena de pagar indenização equivalente, nos moldes da Súmula 389, do TST, que desde logo REQUER. 
16. DA BAIXA NA CTPS.
Requer o Reclamante seja procedida a baixa em sua CTPS, uma vez que a Reclamada se eximiu de cumprir com tal obrigação, devendo ser condenada na obrigação de fazer.
17. DA MULTA DO ARTIGO 467, DA CLT.
Pleiteia o Reclamante o recebimento da multa do art. 467, da CLT, caso a Reclamada não quite na primeira audiência que deverá comparecer as verbas incontroversas, no percentual de 50% (cinqüenta por cento), que desde logo REQUER de Vossa Excelência.
18. DA MULTA DO § 8º, DO ART. 477, DA CLT. 
Ante o fato do Reclamante não ter recebido suas verbas rescisórias dentro prazo legal estabelecido no § 6º, do art. 477, da CLT, requer o mesmo de Vossa Excelência a condenação da Reclamada no pagamento da referida multa, com em seu último salário para fins rescisórios.
19. DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
Declara o Reclamante que é POBRE na forma da Lei nº 1.060/50, requerendo, desta feita, de Vossa Excelência, os benefícios da justiça gratuita, também pelo fato de encontrar-se desempregado, não tendo condições financeiras de arcar com as despesas do processo, conforme prevê o caput, do artº 4º, da referida lei.
20. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
 
REQUER o Reclamante seja condenada a Reclamada ao pagamento dos honorários advocatícios no importe de 20% sobre o valor da condenação, de acordo com o ar. 133, da CF, art. 20 do CPC.
21. DOS PEDIDOS
Ex positis, requer o Reclamante de Vossa Excelência o seguinte:
a) Aviso prévio;
b) 13º salário proporcional (10/12 avos;
c) férias vencidas de 2008/2009 (pagas e não gozadas) + 1/3;
d) férias vencidas 2009/2010 + 1/3;
e) Férias proporcionais 8/12 avos;
f) FGTS + 40% de todo período laborado;
g) liberação das guias do seguro-desemprego ou indenização equivalente;
h) Baixa na CTPS;
i) Multa do art. 477, da CLT;
j) Multa do art. 467, da CLT;
l)  Recebimento de 01 (uma) hora por dia trabalhado, relativamente ao intervalo para repouso ou alimentação, com acréscimo de 50%, conforme previsto no artigo 71 da CLT, calculados durante os últimos 05 anos, a apurar;
 
m) Recebimento do adicional de 50% (cinqüenta por cento) sobre as horas compensadas em escala de revezamento, excedentes de 06 horas diárias, durante os últimos 05 anos, a apurar;
 
n) Recebimento das diferenças de valor relativamente às horas extras prestadas e pagas com base no valor da hora em jornada de 220 horas, quando o correto seria com base no valor da hora em jornada de 180 horas, calculados durante os últimos 05 anos, a apurar;
o) Diferença da jornada noturna e das dobras de domingos e feriados;
p) Reflexos sobre as horas-extras; dobras de domingos e feriados: aviso prévio; 13º salário proporcional; Férias vencidas+1/3; FGTS + 40%; RSRs.
 
22. CONCLUSÃO
REQUER o Reclamante que Vossa Excelência JULGUE PROCEDENTE esta Reclamatória em todos os seus pedidos, intimando a Reclamada, querendo, compareçam à audiência e venha a contestar a presente ação, sob pena de incorrer em revelia e confissão sobre matéria de fato nos termos do artigo 844 da CLT. 
 Requer também condenação da Reclamada em honorários advocatícios, em face do art. 133, da CF, art. 20 do CPC e art. 22 da Lei 8.906/1994, no percentual de 20% incidente sobre o valor da condenação. 
 
Requer, ainda, que seja a Reclamada intimada a apresentar em juízo, os cartões de ponto, escalas de revezamento e histórico de todos os pagamentos efetuados ao Reclamante durante os últimos 05 anos de sua prestação de serviços.
Por fim, protesta o Reclamante pela produção de todos os tipos de provas admissíveis em direito, sobretudo as documentais, testemunhais e depoimento pessoal, tudo com vistas na boa fluidez do processo.
Dá-se à causa o valor de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais). 
 
Nestes termos,
Pede deferimento.
Maceió (AL), 05 de novembro de 2010.
MARIA JOSÉ VASCONCELOS TORRES.
ADVOGADA – OAB/AL 5.543.
ELISABELA VASCONCELOS DA COSTA
ESTAGIÁRIA
Av. Dep. Humberto Mendes, 796, Sala 32, Centro Empresarial Wall Street, Poço, CEP: 57.020-580, Maceió-AL. Fone: (82) 3326-1328. Cel.: 9301-1149. E-mail: mariajvtorres@hotmail.com.
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