Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO MÓDULO TEMAS ATUAIS E POLÊMICOS DO DIREITO DO TRABALHO Professor: Leone Pereira da Silva Junior 1. Material pré-aula a. Tema: Duração do Trabalho. Intervalos. Descanso Semanal Remunerado e Feriados. b. Noções Gerais b.1. Duração do Trabalho. No início da Revolução Industrial, não havia regulamentação sistemática da duração do trabalho. Os trabalhadores eram expostos a jornadas de trabalho extenuantes, por volta de 12 a 16 horas por dia, sendo submetidos a precárias condições no meio ambiente de trabalho, prejudicando a saúde, a segurança e a própria vida dos trabalhadores. Em protesto às péssimas condições de trabalho, observam-se diversas reivindicações dos trabalhadores, dando início à união de esforços para se alcançar objetivos comuns, inclusive no sentido de diminuição da jornada de trabalho e melhoria do valor dos salários1. A história registra uma lei isolada conhecida como Lei das Índias (1593), que vigorou na Espanha, dispondo que a jornada não poderia ultrapassar oito horas diárias. Já na Inglaterra, a primeira lei limitou a jornada em 10 horas, 1847, sendo que na França estabeleceu-se o mesmo limite em 1848. 1 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 11º ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 932. Ainda no plano internacional, a Convenção n° 1 da OIT, de 1919, fixou a duração do trabalho em 8 (oito) horas diárias e 48 (quarenta e oito) horas semanais. A Convenção 30 da OIT, fixa a jornada de trabalho em 8 (oito) horas para os trabalhadores do comércio e em escritórios, e a Convenção 31, estabeleceu a jornada de trabalho em 7h e 75 minutos aos trabalhadores de minas de carvão. Em 1932 foram editados vários decretos que limitaram a jornada para 8 (oito) horas para os comerciários e industriários, unificando-se para todos os trabalhadores em 1940. No Brasil, no início da década de 30, já é possível observar leis que limitavam a jornada de trabalho para 8 (oito) horas diárias, como o Decreto 21.186/1932. A Constituição de 1934 em seu artigo 121, § 1°, c, previa expressamente que o trabalho diário não podia exceder 8 horas, prorrogáveis apenas nos casos previstos em lei. A mesma determinação se manteve nas Constituições de 1937, 1946 e 1967, sendo que na Constituição Cidadã apresenta a seguinte redação: “Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (…) XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; (…)”. O tema, jornada de trabalho, é recorrente em Direito do Trabalho, e diz respeito à limitação do tempo em que o trabalhador permanece à disposição do empregador. E, como nos ensina Valdete Souto Severo, essa limitação é essencial no contrato de trabalho, encerrando em si uma garantia, tanto para o empregado, quanto do empregador. Para o empregado, se caracteriza como proteção biológica e social, pois extensas jornadas podem acarretar extenuação, e menos tempo de lazer e convívio social. Do ponto de vista do empregador, tem relevância econômica, pois o tempo à disposição encontra íntima relação com a produtividade, e o tempo livre o trabalhador o torna potencialmente consumidor do produto que fabrica 2. Jorge Neto e Cavalcante3 lecionam que há três expressões para a denominação da matéria em estudo: “horário de trabalho”, “duração do trabalho” e “jornada de trabalho”. A duração do trabalho tem um significado mais amplo, envolvendo não só a jornada diária, como também as férias e o descanso semanal remunerado. A jornada de trabalho é o número de horas diárias ou semanais prestadas pelo trabalhador para a empresa. Horário de trabalho é o lapso temporal diário, compreendendo do início até o seu término, em que o empregado presta serviços ao empregador, não se incluindo o intervalo. Por exemplo: o horário das 7 às 11h e das 12 às 16h. Delgado4, em sua obra, apresenta três critérios principais de cálculo da extensão da jornada de trabalho: “o tempo efetivamente laborado, o tempo à disposição no centro de trabalho e, por último, o tempo despendido no deslocamento residência-trabalho-residência. Além 2 SEVERO, Valdete Souto. Crise de paradigma no direito do trabalho moderno: a jornada. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2009, p. 69 3 JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa. Direito do Trabalho. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 668. 4 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16ª ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 979. desses três critérios gerais, existe o critério do tempo de prontidão e o tempo sobreaviso. O primeiro critério, tempo efetivamente trabalhado, considera como componente da jornada apenas o tempo efetivamente trabalhado pelo obreiro, excluindo-se do cômputo da jornada laboral, o tempo à disposição do empregado, mas sem labor efetivo, como eventuais paralisações, intervalos intrajornada, entre outros. O segundo critério, tempo à disposição, considera como componente da jornada o tempo à disposição do empregador no centro de trabalho, independentemente de ocorrer ou não efetiva prestação de serviços. Amplia-se, portanto, a composição da jornada, em contraponto com o critério anterior. A ordem brasileira adota esse critério como regra padrão, em seu artigo 4° da CLT, in verbis: Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. Nesse ponto, é importante ressaltar que a Lei n. 13.467/2017 inseriu no art. 4° um novo parágrafo, §2°, transformando assim, o antigo parágrafo único em § 1°: § 2o Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1o do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) I - práticas religiosas; II - descanso; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 III - lazer; IV - estudo; V - alimentação; VI - atividades de relacionamento social; VII - higiene pessoal; VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. Esse novo parágrafo traz a intenção do legislador de aclarar o conceito de tempo à disposição do empregador, consignando que o simples fato de estar dentro das dependências do empregador não deve produzir a certeza de que o empregador está aguardando ou executando ordens. No entanto, devemos ter especial cautela na interpretação do inciso VIII desse § 2°, como nos traz Homero Batista em sua obra, pois o tempo gasto para a uniformização se insere no conceito de tempo à disposição do empregador, como regra geral, Súmula 366 do TST. Neste particular, o legislador teve o cuidado de fazer a ressalva da “não obrigatoriedade de realizar a troca na empresa”, ou seja, sendo possível a uniformização emcasa, e nesse tocante devemos pensar não só na facilidade, mas também em questões de segurança e nos critérios de saúde, esse período não será considerado como tempo à disposição do empregador5. O terceiro critério, tempo de deslocamento, considera como componente da jornada também o tempo despendido pelo obreiro no deslocamento residência-trabalho-residência, período em que, evidentemente não há efetiva prestação de serviços. Esse critério é acolhido, como regra geral, pela doutrina previdenciária, que equipara o acidente de trabalho, o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do trabalho, no percurso de sua residência para o local de trabalho ou deste para aquele (art. 21, IV, d, Lei n. 8.213/91). Mas a doutrina e a jurisprudência trabalhista entendem com firmeza que essa não é a posição adotada pelo art. 4° da CLT. 5 SILVA, Homero Batista Mateus. Comentários à reforma trabalhista. 2° Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017. No entanto, vale dizer que algumas situações especiais trabalhistas acolhem o critério do tempo de deslocamento, como é o caso das turmas de conservação de ferrovias: ”Art. 238. Será computado como de trabalho efetivo todo o tempo, em que o empregado estiver à disposição da estrada. § 3º No caso das turmas de conservação da via permanente, o tempo efetivo do trabalho será contado desde a hora da saída da casa da turma até a hora em que cessar o serviço em qualquer ponto compreendido centro dos limites da respectiva turma. Quando o empregado trabalhar fora dos limites da sua turma, ser-lhe- á também computado como de trabalho efetivo o tempo gasto no percurso da volta a esses limites.” Quanto ao terceiro critério, tempo de deslocamento, faz-se míster ressaltar outra inovação trazida pela Reforma Trabalhista, Lei n. 13.467/2017. Embora, como regra, o tempo de deslocamento não fosse adotado como componente da jornada de trabalho, desde 1969 o TST passou adotar um entendimento mais generoso do art. 4° da CLT, que passou a e ser expresso no art. 58, § 2°, e Súmulas 90 e 320 do TST, conhecido como Teoria do Tempo in itinere6. Horas in itinere considera como jornada de trabalho todo o período, desde o momento em que o empregado se dirige ao trabalho, até quanto ele retorna para sua casa, desde que de o local de trabalho seja de difícil acesso ou não servido por transporte regular público, desde que transportado por condução fornecida pelo empregador. Ocorre que o legislador da Reforma alterou o § 2°, do art. 58, sendo uma reação direita ao entendimento até então adotado pelo TST: § 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à 6 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 11º ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 935. disposição do empregador. (grifo nosso). Dessa forma, com a promulgação da Lei n. 13.467/2017 houve a supressão do direito às horas in itinere. Alteração considerada uma verdadeira perda para o trabalhador, em especial para trabalhadores da zona rural, pois antes da reforma de 2017, se considerava que o ônus da ausência do transporte coletivo não podia ser imposto ao empregado, o que se inverteu com a Reforma. Como supracitado, além desses critérios gerais existem mais dois, especiais, que são: o tempo de prontidão, que compreende o período em que o ferroviário fica nas dependências da empresa ou via férrea respectiva, aguardando ordens (§3º, do art. 244, da CLT); e o tempo de sobreaviso, que compreende o período em que o ferroviário permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço (§2º, art. 244, da CLT). Vale ressaltar que a Constituição Federal de 1988 fixou a jornada de trabalho diária em 8 (oito) horas, e a semanal em 44 (quarenta e quatro) horas, facultando a compensação de horários ou a redução da jornada de trabalho, mediante acordo ou convenção coletiva. Dispositivos abaixo apresentados: Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (…) XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (…) Já a CLT tem um Capítulo específico sobre duração do trabalho disposto nos arts. 57 a 75. O artigo 58 da CLT, fixa a jornada de trabalho em 8 (oito) horas diárias. Art. 58. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. Em relação aos trabalhadores que laboram em turnos ininterruptos de revezamento, a CF/88 disciplinou que a jornada será de 6 (seis) horas, salvo negociação coletiva. Art. 7°, XIV da CF - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; Com isso, o TST, na sua Súmula 423 e na OJ 360 da SDI-I, estabeleceu que: Súmula 423, do TST: “Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito horas por meio de regular negociação coletiva, os empregados submetidos a turnos ininterruptos de revezamento não têm direito ao pagamento da 7ª e 8ª horas como extras”. OJ 360 da SDI-I, do TST: “Faz jus à jornada especial prevista no art. 7º, XIV, da CF/1988 o trabalhador que exerce suas atividades em sistema de alternância de turnos, ainda que em dois turnos de trabalho, que compreendam, no todo ou em parte, o horário diurno e o noturno, pois submetido à alternância de horário prejudicial à saúde, sendo irrelevante que a atividade da empresa se desenvolva de forma ininterrupta”. Sobre o tema, importante apresentar também as seguintes OJs, da SDI-I: OJ 395 da SDI -I. TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. HORA NOTURNA REDUZIDA. INCIDÊNCIA. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010) O trabalho em regime de turnos ininterruptos de revezamento não retira o direito à hora noturna reduzida, não havendo incompatibilidade entre as disposições contidas nos arts. 73, § 1º, da CLT e 7º, XIV, da Constituição Federal. OJ 396 da SDI-I. TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. ALTERAÇÃO DA JORNADA DE 8 PARA 6 HORAS DIÁRIAS. EMPREGADO HORISTA. APLICAÇÃO DO DIVISOR 180. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010) Para o cálculo do salário hora do empregado horista, submetido a turnos ininterruptos de revezamento, considerando a alteração da jornada de 8 para 6 horas diárias, aplica-se o divisor 180, em observância ao disposto no art. 7º, VI, da Constituição Federal, que assegura a irredutibilidade salarial. Tanto a Constituição quanto a CLT admitem prorrogação de jornada, desde que não exceda a 2 (duas) horas diárias, e que elas sejam pagas com acréscimo de pelo menos 50% sobre a hora normal. A Reforma Trabalhista não alterou a essência do art. 59 da CLT, mantendo a carga básica de 8 (oito) horas, constitucionalmente garantidas, e o teto de duas horas extras por dia: Art. 7º, XVI, da CF - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; Art. 59 da CLT - A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 1o A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal.Houve ajuste na redação antiga, deixando clara a intenção do legislador de que o acordo de compensação pode ser individual ou http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 coletivo. E, por fim, a atualização do percentual, para 50%, adequando-se ao disposto na Constituição. O TST estabelece em sua súmula 376 que: Súmula nº 376 do TST HORAS EXTRAS. LIMITAÇÃO. ART. 59 DA CLT. REFLEXOS (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 89 e 117 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - A limitação legal da jornada suplementar a duas horas diárias não exime o empregador de pagar todas as horas trabalhadas. (ex-OJ nº 117 da SBDI-1 - inserida em 20.11.1997) II - O valor das horas extras habitualmente prestadas integra o cálculo dos haveres trabalhistas, independentemente da limitação prevista no "caput" do art. 59 da CLT. (ex-OJ nº 89 da SBDI-1 - inserida em 28.04.1997). Outra inovação trazida pela Lei n. 13.467 de 2017 foi a liberação das horas extras para o empregado contratado a tempo parcial, através da revogação do § 4° do art. 59 da CLT, bem como introdução dos parágrafos 3° ao 5° no art. 58-A da CLT: Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 3º As horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal. § 4o Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de tempo parcial ser estabelecido em número inferior a vinte e seis horas semanais, as horas suplementares a este http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 quantitativo serão consideradas horas extras para fins do pagamento estipulado no § 3o, estando também limitadas a seis horas suplementares semanais. § 5o As horas suplementares da jornada de trabalho normal poderão ser compensadas diretamente até a semana imediatamente posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua quitação na folha de pagamento do mês subsequente, caso não sejam compensadas. A reforma amplia o conceito de parcial, para a carga de 30 horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares, ou até 26 horas semanais, com a possibilidade de realização de 6 horas extras por semana. Mantendo a determinação constitucional de remuneração das horas extras em 50% sobre a hora normal. Sobre a compensação de jornada, a Reforma Trabalhista trouxe importantes modificações, como podemos observar na redação dada aos artigos 59, da CLT, §§ 3° 5° e 6°, bem como art. 59-B: Art. 59, da CLT: (...) § 2o Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. § 3º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, na forma dos §§ 2o e 5o deste artigo, o trabalhador terá direito ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 § 5º O banco de horas de que trata o § 2o deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) § 6o É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Artigo 59-B, da CLT: Art. 59-B. O não atendimento das exigências legais para compensação de jornada, inclusive quando estabelecida mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se não ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Parágrafo único. A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Percebemos, da simples leitura dos artigos que o legislador liberou a elaboração de banco de horas individual, § 5°, ou coletivo § 2°, permitindo que a compensação se espalhe por um ano, na modalidade coletiva, e pelo espaço de seis meses, na modalidade individual. Esse dispositivo cancela, portanto, o disposto na Súmula 85, V, do TST, que proibia a realização de compensação por banco de horas na modalidade individual. Ocorre que, se o objetivo do banco de horas, segundo entendimento da doutrina e da jurisprudência, é atender picos de produção, como o Natal ou a Páscoa, de modo que a sobrecarga de um período fosse compensada com a ociosidade da mão de obra em outro período, aplicar esse conceito a um só indivíduo, com o banco de horas individual, desafia a lógica de acompanhar as oscilações sazonais de produção. O que leva a crer que o legislador elaborou uma forma de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 não pagar horas extras a seus empregados, que, por mais que se submetam a horas extras habituais, sempre terão seus bancos de horas zerados, pois até mesmo pequenos atrasos poderiam assim ser compensados. Já o artigo 59-B, parágrafo único, foi inserido pela Lei 13.467/2017, Reforma Trabalhista, em reação à Súmula 85, IV, do TST, que assim dispõe: Súmula nº 85 do TST COMPENSAÇÃO DE JORNADA (inserido o item VI) - Res. 209/2016, DEJT divulgado em 01, 02 e 03.06.2016 (...) IV. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário. (ex-OJ nº 220 da SBDI- 1 - inserida em 20.06.2001). A redação dada ao parágrafo único do art. 59-B dá a entender que o legislador permitiu a existência de banco de horas, bem como compensação de jornada, com a possibilidade de exigência de prestação de horas extras habituais. Ademais, merece destaque também a possibilidade de adoção do sistema de compensação de jornada para empregados contratados na modalidade de trabalho a tempo parcial, tendo sido revogado parágrafo 4o, do art. 59, da CLT. Finalizando a análise de pontos essenciais acerca da Jornada de Trabalho, devemos gastar um tempo para estudar o Regime de 12x36 horas de trabalho. Que foi amplamente modificado pela Reforma Trabalhista, Lei n. 13.467/2017, bem como pela Medida Provisória 808 de 2017. Assim dispõe o artigo 59-A da CLT: Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 e em leis específicas, é facultado às partes, por meio de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze horasseguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017) § 1º A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados e serão considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73. (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017) § 2º É facultado às entidades atuantes no setor de saúde estabelecer, por meio de acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, horário de trabalho de doze horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. O artigo 59-A oficializou a jornada 12x36 em nosso ordenamento jurídico, antes validada pela jurisprudência do TST, Súmula 444 do TST. No entanto, de forma ousada, cabe aqui dizer, que o Legislador trabalhista permitiu a prática da jornada 12x36 livremente em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades trabalhistas e mesmo sem negociação coletiva. Por fim, segundo o art. 62, da CLT, são excluídos do controle de jornada: Art. 62. Não se compreendem no regime deste capítulo: I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Mpv/mpv808.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Mpv/mpv808.htm#art1 Social e no registro de empregados; II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. III - os empregados em regime de teletrabalho. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Parágrafo único. O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). Quanto à referido artigo, importante destacar a introdução do inciso III, pela Reforma Trabalhista, que criou terceira categoria de empregados desprovidos do direito à horas extras, intervalos e adicionais noturnos. b.2. Intervalos. Descanso Semanal Remunerado. Feriados. Carlos Henrique Bezerra Leite7, em seu Curso de Direito do Trabalho, aduz que entre as duas jornadas diárias ou dentro da mesma jornada contínua, o empregador é obrigado a conceder intervalos para repouso e alimentação do empregado. Assevera ainda o Doutrinador que esses intervalos decorrem de razões biológicas, prevenindo a fadiga, e econômicas, para que o empregado possa melhor produzir. A CLT estabelece os seguintes períodos de descanso: o intervalo intrajornada, o intervalo interjornada e um descanso semanal remunerado de 24 horas. 7 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 453. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 Nesse passo, o doutrinador Luciano Martinez8, em seu livro Curso de Direito do Trabalho, preleciona que: “são entendidos como intrajornada os intervalos concedidos dentro de cada jornada laboral para o repouso e/ou alimentação ou por conta de exigências impostas por normas de segurança e de medicina do trabalho”. “São entendidos como interjornadas ou ‘entre turnos’ os intervalos concedidos entre uma e outra jornada laboral para o restabelecimento físico e mental do empregado”. E por fim, “são adjetivados como ‘intersemanais’ ou ‘hebdomadários’ os períodos de descanso outorgados, sem prejuízo dos intervalos interjornadas, entre uma e outra semana de trabalho. Popularmente são conhecidos como ‘repousos semanais remunerados’ ou ‘descansos semanais remunerados’ sendo por isso respectivamente identificados pelas abreviaturas RSR ou DSR”. Em geral, os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho (art. 71, § 2° da CLT). Os períodos de descanso vem dispostos nos artigos 66 ao 72 da CLT, destacando-se: Art. 66 - Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso. Entre duas jornadas de trabalho, haverá, à luz do art. 66, um período mínimo de 11 horas consecutivas de descanso. Esse período é concedido ao trabalhador para que ele possa descansar, restaurando suas energias para o próximo dia, bem como para garantir sua integração com a família e amigos, tendo, portanto, um caráter social, bem como de higiene e saúde. 8 MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas do trabalho. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 402. A apuração desse intervalo, interjornada, só tem início após o término da jornada anterior, seja ela normal ou extraordinária, sendo necessário distingui-lo do intervalo de 24 horas. Importante observar que, no caso de subtração do intervalo interjornada, o TST editou a OJ 355, da SDI-I, estabelecendo: 355. INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. HORAS EXTRAS. PERÍODO PAGO COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT (DJ 14.03.2008) O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional. Vale ressaltar que o § 4º do art. 71 da CLT, foi alterado pela Reforma Trabalhista, conforme analisaremos abaixo. Nos regimes de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas, deverão ser remuneradas como extras, inclusive com o respectivo adicional, conforme entendimento sumulado, Súmula 110 do TST: Súmula nº 110 do TST JORNADA DE TRABALHO. INTERVALO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional. Continuando em nossa análise, temos: Art. 67 - Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. O descanso semanal remunerado será assegurado a todo empregado, por 24 horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte. É um direito assegurado no art. 7º da Constituição de 1988, senão vejamos: Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (…) XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização. (Parágrafo único, do art. 67, da CLT)O art. 68 e parágrafo único, da CLT estabelece que o trabalho em domingo, seja total ou parcial, na forma do art. 67, será sempre subordinado à permissão prévia da autoridade competente em matéria de trabalho. Porém, a permissão será concedida a título permanente nas atividades que, por sua natureza ou pela conveniência pública, devem ser exercidas aos domingos, cabendo ao Ministro do Trabalho expedir instruções em que sejam especificadas tais atividades. Nos demais casos, ela será dada sob forma transitória, com discriminação do período autorizado, o qual, de cada vez, não excederá de 60 (sessenta) dias. Estabelece a Súmula 146, do TST: Súmula nº 146 do TST TRABALHO EM DOMINGOS E FERIADOS, NÃO COMPENSADO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 93 da SBDI-1) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal. Em relação aos feriados, dispõe o art. 70, da CLT, que: Art. 70 - Salvo o disposto nos artigos 68 e 69, é vedado o trabalho em dias feriados nacionais e feriados religiosos, nos termos da legislação própria. Em qualquer trabalho contínuo, será concedido ainda, um intervalo intrajornada, ou seja, dentro da mesma jornada, da seguinte forma: Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. § 2º - Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho. § 3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares. § 4o A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) § 5o O intervalo expresso no caput poderá ser reduzido e/ou fracionado, e aquele estabelecido no § 1o poderá ser fracionado, quando compreendidos entre o término da primeira hora trabalhada e o início da última hora trabalhada, desde que previsto em convenção ou acordo coletivo de trabalho, ante a natureza do serviço e em virtude das condições especiais de trabalho a que são submetidos estritamente os motoristas, cobradores, fiscalização de campo e afins nos serviços de operação de veículos rodoviários, empregados no setor de transporte coletivo de passageiros, mantida a remuneração e concedidos intervalos para descanso menores ao final de cada viagem. (Redação dada pela Lei nº 13.103, de 2015) Nesse tocante, importante destacar a inovação trazida pela Reforma Trabalhista, que modificou o § 4º do art. 71 da CLT, que contraria entendimento sumulado pelo TST: Súmula nº 437 do TST INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13103.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13103.htm#art4 apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva. III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT. O novo dispositivo determina que o pagamento recaia apenas sobre o período suprimido, e não mais sobre o “total do período correspondente”, como a Súmula dispunha. Importante trazer à discussão, que o legislador retirou o caráter de hora extra, ao intervalo suprimido, atribuindo natureza indenizatória, o que distorceu a real natureza de contraprestação dos serviços, pois se a hora trabalhada no almoço passa a ser considerada indenização, equipara a jornada de trabalho a mero ressarcimento de prejuízos causados ao empregado. c. Legislação CF – art. 7º. CLT – arts. 4º; 57 a 75; 244. Súmula TST – 85; 90; 146; 291; 320; 349; 376; 423 e 437. OJ SDI-I/TST – 342; 354 (cancelada); 355; 360; 380 (cancelada); 394; 395; 396; 410. d. Julgados/Informativos Informativo 24 do TST: Jornada mista. Trabalho prestado majoritariamente à noite. Adicional noturno. Súmula nº 60, II, do TST. Na hipótese de jornada mista, iniciada pouco após às 22h, mas preponderantemente trabalhada à noite (das 23:10h às 07:10h do dia seguinte), é devido o adicional noturno quanto às horas que se seguem no período diurno, aplicando- se o entendimento da Súmula nº 60, II, do TST. Assim, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos por divergência jurisprudencial e, no mérito, negou-lhes provimento. No caso, ressaltou-se que a interpretação a ser dada ao item II da Súmula nº 60 do TST não pode estimular o empregador a adotar jornada que se inicia pouco depois das 22h com o propósito de desvirtuar o preceito. Ademais, a exegese do art. 73, §§ 3º e 4º, da CLT, à luz dos princípios da proteção ao trabalhador e da dignidade da pessoa humana, permite concluir que, para garantir a higidez física e mental do trabalhador, o adicional noturno deve incidir sobre o labor executado durante o dia em continuidade àquele majoritariamente prestado à noite. TST-E-RR- 154-04.2010.5.03.0149, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, 4.10.2012. Informativo n. 72, TST: CEF. Gerente geral. Horas extras. Jornada de 6 horas diárias assegurada pelo PCS/89. Pretensão de manutenção do pagamento das horas extraordinárias por força de previsão constante no PCS/98. Prescrição parcial. Descumprimentode norma vigente. Não incide a prescrição total na hipótese em que a pretensão posta em juízo diz respeito ao reconhecimento ao direito de manutenção da jornada de 6 horas ao gerente geral, prevista em norma anterior da Caixa Econômica Federal - CEF (OC DIRHU 009/88 e PCS/89), a qual foi alterada por norma posterior (PCS/98) que, no entender do reclamante, teria assegurado o direito de irredutibilidade salarial e manutenção das vantagens decorrentes da norma anterior. No caso, prevaleceu a tese de que o empregado, gerente geral, pretende que lhe sejam deferidas as 7ª e 8 ª horas diárias como extras, em decorrência do descumprimento da norma vigente (relatórios SISRH EMPR, C – SISRH PCSE, C – item 3 da CI 055/98) e não em razão de ato único do empregador. Com esse entendimento, a SBDI-I decidiu, por unanimidade, conhecer dos embargos da CEF, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, negar-lhes provimento. Vencidos os Ministros Augusto César Leite de Carvalho, relator, Ives Gandra Martins Filho, Brito Pereira e Dora Maria da Costa, que, entendendo contrariada a Súmula nº 294 do TST, conheciam e proviam os embargos para julgar prescrita a ação. TST-E-RR-14300- 32.2008.5.04.0007, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, red. p/ acórdão Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 13.2.2014 Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. Automação de serviços. Aproveitamento do empregado em função diversa, com acréscimo da jornada de trabalho. Licitude. Pagamento do período acrescido de forma simples, sem o adicional. O aproveitamento de empregado da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT sujeito à jornada reduzida do art. 227 da CLT em outra função com carga horária maior, e com o objetivo de lhe preservar o emprego frente à automação de serviços (substituição das antigas máquinas de Telex por computadores) é lícito, devendo o período acrescido ser pago de forma simples, sem o adicional de horas extras. Com esse posicionamento, a SBDI-I decidiu, por unanimidade, conhecer dos embargos do reclamante, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, dar-lhes provimento parcial para determinar o pagamento das 7ª e 8ª horas de forma simples, sem o adicional, com reflexos nas demais parcelas de natureza salarial. Vencidos, parcialmente, os Ministros Horácio Raymundo de Senna Pires, relator, João Oreste Dalazen, José Roberto Freire Pimenta e Delaíde Miranda Arantes, que davam provimento integral ao recurso, e, totalmente, os Ministros Maria Cristina Peduzzi, Ives Gandra Martins Filho, Brito Pereira, Renato de Lacerda Paiva, Aloysio Corrêa da Veiga e Dora Maria da Costa, que negavam provimento aos embargos. TST- E-RR-280800- 51.2004.5.07.0008, SBDI-I, rel. Min. Horácio Raymundo de Senna Pires, red. p/ acórdão Min. Lelio Bentes Corrêa, 13.2.2014 TRT-3 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO 00113607720155030104 0011360-77.2015.5.03.0104 (TRT-3) Data de publicação: 20/03/2018 Ementa: TRABALHO EXTERNO. EXCEÇÃO PREVISTA NO ART. 62, I, DA CLT. IMPOSSIBILIDADE DE CONTROLE DA JORNADA DE TRABALHO, ÔNUS DA RECLAMADA. O trabalho externo passível de elidir o direito às horas extras é aquele que acarreta a impossibilidade material de controle, ainda que indireto, da jornada de trabalho efetivamente cumprida, mormente porque nem sempre as atividades exercidas fora das dependências da empresa são incompatíveis com o controle da jornada. Mesmo quando o labor é externo, se existir alguma forma de fiscalização da produção, do percurso, das tarefas, do horário, das visitações, dos serviços ou negócios realizados, o empregado terá direito à inclusão no Capítulo da CLT que trata da limitação à jornada de trabalho. Assim sendo, não é suficiente que o empregado exerça atividade externa para que se caracterize a exceção prevista no art. 62, I, da CLT, devendo restar comprovada a impossibilidade de controle da jornada de trabalho, cujo ônus era da reclamada, a teor do disposto no art. 818 da CLT c/c art. 373, II, do CPC/2015. TRT-4 - Recurso Ordinário RO 00201374720145040334 (TRT- 4) Data de publicação: 04/12/2017 Ementa: JUÍZO DE MANUTENÇÃO. REEXAME DA MATÉRIA. REGIME COMPENSATÓRIO. JORNADA 12x36. Nos termos da Resolução Administrativa 24/2015, e dos §§ 4º , 5º e 11º do art. 896-C , da CLT , em razão da súmula 117 deste Tribunal, reexaminada a matéria inerente ao regime compensatório de jornada (12x36), em que é válida a escala de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta e seis) de descanso, quando esta for autorizada por lei, acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho. Mantida a decisão por ser inválido o regime por razão outra. Aplicação do distinguish. TRT-20 - 00005711720165200005 (TRT-20) Data de publicação: 29/11/2017 Ementa: INTERVALO INTRAJORNADA. DEFERIMENTO. In casu, considerando que o ônus de comprovar a supressão do intervalo intrajornada pertence à reclamante, a teor do artigo 818 da CLT , e tendo em vista que a testemunha obreira confirmou a assertiva de que o intervalo para lanche e descanso era concedido pela empregadora por tempo inferior ao previsto legalmente, é de ser reformada a sentença para deferir o pagamento da indenização correspondente. Recurso conhecido e provido. TRT-4 - Recurso Ordinário RO 00201837820175040771 (TRT- 4) Data de publicação: 05/04/2018 Ementa: COMPENSAÇÃO DE JORNADA. BANCO DE HORAS. Descumpridos os requisitos previstos na norma coletiva que regulamenta o banco de horas, é ilegal a compensação de jornadas praticada sob esta modalidade, de modo que são devidas como extras as horas excedentes da oitava diária. TRT-1 - RECURSO ORDINÁRIO RO 00117640520155010066 RJ (TRT-1) Data de publicação: 24/10/2017 Ementa: TRABALHO EM FERIADOS. JORNADA 12X36. Conforme previsto no art. 9º da Lei nº 605 /49 e na Súmula nº 146 do C. TST, o serviço prestado em feriados, sem a devida compensação, ainda que pelo sistema de escala de revezamento, conduz ao pagamento em dobro desses dias trabalhados. MULTA DO ART. 477 DA CLT . A ausência de documento hábil a comprovar o pagamento das verbas rescisórias no prazo legal, implica na presunção de que o pagamento ocorreu na data em que homologado o distrato. e. Leitura sugerida - DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 16ª ed. São Paulo: Ltr, 2017. - _______________. Duração do trabalho: o debate sobre a redução para 40 horas semanais. In: Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Porto Alegre, RS, v. 75, n. 2, p. 25-34, abr./jun. 2009. Disponível em: http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/13496/002 _delgado.pdf?sequence=5 - Redução de intervalo para descanso por norma coletiva é válida com autorização estatal. In: Notícias 11/05/2012 - Fonte: www.tst.jus.br. Disponível em: http://www.professorleonepereira.com.br/noticias/texto.php?item=3 096 - Intervalo intrajornada superior a duas horas é válido se expresso em contrato. In: Notícias 04/08/2011 - Fonte: www.tst.jus.br. Disponível em: http://www.professorleonepereira.com.br/noticias/texto.php?item=9 17 f. Leitura complementar - ABUD, Cláudia José. Jornada de trabalho e a compensação de horários. São Paulo: Atlas, 2008. - BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 11ª ed. São Paulo: Ltr, 2017. - BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti. Intervalos intrajornada para o trabalho rural em condições de exposição ao calor. In: Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 3087, 14 dez. 2011. Disponível em: http://jus.com.br/revista/texto/20650/intervalos-intrajornada- para-o-trabalho-rural-em-condicoes-de-exposicao-ao-calor http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/13496/002_delgado.pdf?sequence=5 http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/13496/002_delgado.pdf?sequence=5http://www.tst.jus.br/ http://www.professorleonepereira.com.br/noticias/texto.php?item=3096 http://www.professorleonepereira.com.br/noticias/texto.php?item=3096 http://www.tst.jus.br/ http://www.professorleonepereira.com.br/noticias/texto.php?item=917 http://www.professorleonepereira.com.br/noticias/texto.php?item=917 http://jus.com.br/revista/edicoes/2011 http://jus.com.br/revista/edicoes/2011/12/14 http://jus.com.br/revista/edicoes/2011/12/14 http://jus.com.br/revista/edicoes/2011/12 http://jus.com.br/revista/edicoes/2011 http://jus.com.br/revista/texto/20650/intervalos-intrajornada-para-o-trabalho-rural-em-condicoes-de-exposicao-ao-calor http://jus.com.br/revista/texto/20650/intervalos-intrajornada-para-o-trabalho-rural-em-condicoes-de-exposicao-ao-calor - CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa; JORGE NETO, Francisco Ferreira. O intervalo intrajornada como hora extra. In: Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 638, 7 abr. 2005. Disponível em: http://jus.com.br/revista/texto/6459/o-intervalo-intrajornada-como- hora-extra - DELGADO, Mauricio Godinho. Jornada de trabalho e descansos trabalhistas. São Paulo: Ltr, 2003. - ELOY, Marília Sátyro Bonavides. O excesso de jornada de trabalho como ofensa ao direito ao lazer. Biblioteca Digital Jurídica – STJ. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/37572/excesso_%20jorn ada_%20trabalho_eloy.pdf - FONSECA, Maíra S. Marques da. Redução da jornada de trabalho. Fundamentos interdisciplinares. São Paulo: Ltr, 2012. - GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 11º ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. - HÄBERLE, Peter Constituição e cultura : o direito ao feriado como elemento de identidade cultural do estado constitucional . Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2008. - JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa. Manual de Direito do Trabalho. 4ª ed. São Paulo: Gen Atlas, 2017. - MAIOR, Jorge Luiz Souto. Do direito à desconexão do trabalho. Biblioteca Digital Jurídica – STJ. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/18466/Do_Direito_à_Des conexão_do_Trabalho.pdf http://jus.com.br/revista/edicoes/2005 http://jus.com.br/revista/edicoes/2005/4/7 http://jus.com.br/revista/edicoes/2005/4/7 http://jus.com.br/revista/edicoes/2005/4 http://jus.com.br/revista/edicoes/2005 http://jus.com.br/revista/texto/6459/o-intervalo-intrajornada-como-hora-extra http://jus.com.br/revista/texto/6459/o-intervalo-intrajornada-como-hora-extra http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/37572/excesso_%20jornada_%20trabalho_eloy.pdf http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/37572/excesso_%20jornada_%20trabalho_eloy.pdf http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/18466/Do_Direito_à_Desconexão_do_Trabalho.pdf http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/18466/Do_Direito_à_Desconexão_do_Trabalho.pdf - MAMEDE, Laine de Carvalho Guerra Pessoa. Redução do intervalo intrajornada no direito do trabalho brasileiro : repercussões jurídicas. Biblioteca Digital Jurídica – STJ. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/18272/Redução_do_Inter valo_Intrajornada_no_Direito.pdf - MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Direito do Trabalho. 16ª ed. São Paulo: Atlas, 2015. - MARASCHIN, Claudio. O feriado como direito fundamental e elemento indispensável para o exercício da cidadania no âmbito do Estado Constitucional = The holiday as fundamental right and essential element for citizenship in the State Constitutional. Biblioteca Digital Jurídica – STJ. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/41938/feriado_como_dir eito_maraschin.pdf - NASCIMENTO, Sônia A. C. Mascaro. Flexibilização do Horário de Trabalho. São Paulo, LTR, 2002. - PASTORE, José. Redução de jornada gera emprego?. In: Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Porto Alegre, RS, v. 75, n. 2, p. 85- 112, abr./jun. 2009. Disponível em: http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/13678/006 _pastore.pdf?sequence=5 - SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. Lei do Motorista Profissional: tempo de trabalho, tempos de descanso e tempo de direção = Law of Prefessional Driver: working time, resting time and management time. Biblioteca Digital Jurídica – STJ. Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/75321/lei_motorista_prof issional_silva.pdf http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/18272/Redução_do_Intervalo_Intrajornada_no_Direito.pdf http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/18272/Redução_do_Intervalo_Intrajornada_no_Direito.pdf http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/41938/feriado_como_direito_maraschin.pdf http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/41938/feriado_como_direito_maraschin.pdf http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/13678/006_pastore.pdf?sequence=5 http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/13678/006_pastore.pdf?sequence=5 http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/75321/lei_motorista_profissional_silva.pdf http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/75321/lei_motorista_profissional_silva.pdf
Compartilhar