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COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES EMPUXO DE TERRA Algumas vezes, na engenharia civil, não dispomos de espaço suficiente para fazer uma transição gradual das elevações do terreno onde queremos implantar uma determinada obra. Nestes casos, os taludes necessários podem ser suficientemente altos ou inclinados, de modo que a estabilidade dos mesmos não é assegurada a longo prazo. As estruturas de contenção são projetadas para prover suporte para estas massas de solo não estáveis. Os empuxos de terra são as solicitações do solo sobre estas estruturas, e estes são dependentes da interação solo/estrutura. Segundo CAPUTO, “entende-se por empuxo de terra a ação produzida pelo maciço terroso sobre as obras com ele em contato”. Sua determinação é fundamental na análise de projetos de obras como muro de arrimo, cortina de estaca-prancha, construções de subsolos, encontro de pontes,... As teorias clássicas, Rankine (1856) e Coulomb (1773) continuam válidas, apesar de mais modernamente terem sido estudadas e criticadas por Caquot, Ohde, terzaghi e outros. O assunto é dos mais complexos da Mecânica dos Solos. Todas as teorias propostas admitem hipóteses simplificadoras mais ou menos discutíveis conforme as condições reais. Para a determinação das pressões de empuxo de terra (pressões horizontais) utilizaremos inicialmente os conceitos da teoria de elasticidade que relaciona o comportamento das tensões e deformações em diferentes direções nos materiais. • EMPUXO EM REPOUSO • EMPUXO ATIVO • EMPUXO PASSIVO Os elementos partem de um círculo de Mohr possuindo como tensões principais 𝛔v e Ko×𝛔v. Conforme apresentado nesta figura, no estado em repouso o solo se encontra afastado da ruptura. Com o deslocamento do muro, as tensões horizontais no elemento B se tornam maiores que o valor da tensão vertical, sendo seu valor limite alcançado quando o círculo de Mohr passa a tangenciar a envoltória de resistência do solo. Neste instante, diz-se que o solo está em um estado de ruptura passiva. Em termos práticos, adota-se a postura de calcular os empuxos ativo e passivo (EA e EP), alterando-os, em seguida, com o auxílio de um fator para fugir-se da situação de ruptura. No caso ativo, o valor de EA será majorado por um coeficiente tomado, em geral, entre 1,3 a 1,5. Para a situação passiva, o valor de EP será dividido por um fator compreendido na faixa de 1,4 a 1,5. Desta forma, os valores de projeto estarão situados dentro da fase de equilíbrio elástico. DUAS ABORDAGENS: MATEMÁTICA: REQUER CONHECIMENTO DO COMPORTAMENTO DA RELAÇÃO TENSÃO X DEFORMAÇÃO. IMPLICA EM DIFICULDADES MATEMÁTICAS E LEVA A SIMPLIFICAÇÕES QUE DISTANCIA DA PRÁTICA; EMPÍRICO – EXPERIMENTAL: ATRAVÉS DE INFORMAÇÕES COLHIDAS EM LABORATÓRIO E OBRAS EXPERIMENTAIS. A AUTOMATIZAÇÃO DOS MÉTODOS NUMÉRICOS (COMPUTADORES), A EVOLUÇÃO DAS TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E ENSAIOS, TEM MELHORADO SIGNIFICATIVAMENTE O PROCESSO MATEMÁTICO – TEÓRICO. TEORIA DE RANKINE Os processos clássicos utilizados para a determinação dos empuxos de terra são métodos de equilíbrio limite. Admite-se, nestes métodos, que a cunha de solo situada em contato com a estrutura de suporte esteja num dos possíveis estados de plastificação, ativo ou passivo. Esta cunha tenta deslocar-se da parte fixa do maciço e sobre ela são aplicadas as análises de equilíbrio dos corpos rígidos. A análise de Rankine apoia-se nas equações de equilíbrio interno do maciço. Como filosofia básica este teorema defende, em primeiro lugar, o equilíbrio de tensões entre os campos externos e internos que se estabelecem sobre a cunha plastificada. As tensões externas são motivadas por solicitações aplicadas na superfície do terreno pela ação do peso próprio da cunha. As solicitações internas são as reações que se desenvolvem na cunha, como conseqüência das solicitações externas. Para resolução das equações de equilíbrio, todos os pontos dentro da cunha de ruptura são supostos em estado limite e as tensões se relacionam pelo critério de ruptura de Mohr – Coulomb. O método de Rankine, que consiste na integração, ao longo da altura do elemento de suporte, das tensões horizontais atuantes, calculadas a partir do sistema de equações estabelecido para o maciço, fundamenta-se nas seguintes hipóteses: 1) Maciço homogêneo de extensão infinita e de superfície plana (horizontal). 2) O solo no interior da cunha de ruptura se encontra nos estados de plastificação de Rankine. SOLOS GRANULARES: 02 Em grande parte dos problemas de engenharia de solos, é necessário o conhecimento do estado de tensões em pontos do subsolo, antes e depois da construção de uma estrutura qualquer. As tensões na massa de solo são causadas por cargas externas ou pelo próprio peso do solo. CERTO OU ERRADO??? A natureza do solo não varia horizontalmente e não há carregamento externo (cargas aplicadas e distribuídas) próxima a região considerada, caracteriza uma situação de tensões geostáticas. E SE O SOLO FOR ESTRATIFICADO? E SE O SOLO FOSSE SATURADO? 03 Solo não sofreu acréscimo de deformações horizontais, logo, estado de tensões é o de repouso. Ou seja, as deformações horizontais são impedidas. “k” é denominado de coeficiente de tensão lateral ou de EMPUXO, que é função do tipo de solo. à situação para a qual o maciço entra em equilíbrio plástico e, por maiores que sejam os deslocamentos da parede, não é possível reduzir mais o valor da tensão principal menor (𝛔’ha). Neste caso, o solo terá atingido a condição ativa de equilíbrio plástico. 04 Se ocorre deslocamento lateral aproximando-se do solo, ocorrerá uma diminuição das tensões → Empuxo passivo ESSES ESTADOS LIMITES DE EQUILÍBRIO OU ESTADOS PLÁSTICOS, O PRIMEIRO ESTADO DE EQUILÍBRIO INFERIOR, E O SEGUNDO, EQUILÍBRIO SUPERIOR →CHAMADOS “ESTADOS DE RANKINE”. Nota-se que: dp > da Como se pode observar pelo diagrama acima, o valor dos empuxos ativo e passivo dependem do deslocamento. A mobilização do empuxo passivo máximo exigiria grandes deslocamentos, que geralmente não são suportados pela estrutura. O empuxo atuando sobre o elemento estrutural provoca deslocamentos horizontais que, por sua vez, alteram o valor e a distribuição do empuxo, ao longo das fases construtivas da obra. EXEMPLO: PARA O TERRENO INDICADO NA FIGURA, TRAÇAR O DIAGRAMA DAS PRESSÕES ATIVAS QUE AGEM SOBRE O PLANO VERTICAL “AB”. Ɣ = 1,8 t/m3 ⱷ = 30 ᵒ C = 0 Ɣ = 1,6 t/m3 ⱷ = 15ᵒ C = 0 t/m2 A B SOLUÇÃO: Ɣ = 1,8 t/m3 ⱷ = 30 ᵒ C = 0 Ɣ = 1,6 t/m3 ⱷ = 15ᵒ C = 0 t/m2 • PRESSÕES NO SOLO 01: Ka = tg2 (45 - ⱷ/2) = tg2 (45 - 30/2) = 0,3333 Solo 01 é sobrecarga sobre solo 02 = Ɣ . h = 1,8 . 3,0 = 5,4 t/m2 PRESSÕES NO SOLO 02: Ka = tg2 (45 - ⱷ/2) =tg2 (45 - 15/2) = 0,59 Sobrecarga solo 02 = Ɣ . h = 1,6 x 5 = 8,0 SOLO PROF (m) PRESSÕES HORIZ. ATIVAS (t/m2) 1 0 0,3333 x 6 = 2,0 1 3 2,0 + (0,3333x5,4) = 3,8 2 3 0,59 x (6 + 5,4) = 6,73 2 8 0,59 x (6 + 5,4 + 8) = 11,45 SOLUÇÃO: DIAGRAMA DE TENSÕES Ɣ = 1,8 t/m3 ⱷ = 30 ᵒ C = 0 Ɣ = 1,6 t/m3 ⱷ = 15ᵒ C = 0 t/m2 2,00 3,80 6,73 11,45 QUAL O EMPUXO NESSA SITUAÇÃO???