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Recurso Extraordinário Constitucional Seção VI

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EXMO. SR. DR. JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DO ESTADO DO CEARÁ/CE.
Processo nº: XXXXXXXX
ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DE CAICÓ, já qualificada nos autos da AÇÃO CIVIL PÚBLICA, que move em face de GUARARAPES ADM LTDA e PREFEITURA MUNICIPAL DE CAICÓ, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 102, III, ´´a`` da Constituição Federal, interpor
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Requer, desde já, que o presente recurso seja recebido e processado para, com a remessa ao Egrégio Supremo Tribunal Federal, ser provido em sua totalidade.
Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.
Caicó/CE, 12 de Março de 2018.
_________________________
OAB/____Nº________
RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL,
COLENDA TURMA
EMÉRITOS JULGADORES,
Recorrente: ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DE CAICÓ
Recorrido: GUARARAPES ADM LTDA e PREFEITURA MUNICIPAL DE CAICÓ
Origem: Vara Cível da Comarca de Caicó/CE.
Processo nº: XXXXXXXX
I - DA TEMPESTIVIDADE
O presente Recurso Extraordinário é tempestivo, visto que foi interposto dentro do prazo de 15 dias, determinado pelo art. 1003, §5º do CPC. 
Conforme o art. 1003, caput do CPC, a decisão que ora se recorre foi publicada no dia 05/03/2018, assim, em 06/03/2018 iniciou-se o prazo para a interposição do recurso de extraordinário, de modo que o 15º dia útil, último dia do prazo, é 26/03/2018.
Portanto, resta demonstrada a tempestividade do presente recurso.
II - DO PREPARO
Inicialmente, importante se faz afirmar que a ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DE CAICÓ faz jus ao benefício da justiça gratuita por se tratar de associação sem fins lucrativos, e assim estando elegível conforme art. 98 do CPC e art. 18 da Lei 7.347/85. Razão que requer de V. EXª que se digne conceder os benefícios da assistência judiciária gratuita.
É entendimento do Superior Tribunal de Justiça: 
´´Súmula 481 do STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.``
III - DOS FATOS
Trata-se de recurso extraordinário interposto em face da sentença proferida em ação civil pública, originária da comarca de Caicó. 
Em síntese o Recorrente moveu ação civil pública com vistas ao cumprimento do objeto do contrato estipulado entre a Prefeitura de Caicó e a Empresa Guararapes Adm., onde a mesma retome a administração da ruína Colosseu, ponto turístico e patrimônio histórico do município de Caicó/RN, e se responsabilize pela revitalização do mesmo.
Contudo, data vênia, o r. juízo não reconheceu a legitimidade das partes indicadas no polo passivo da demanda, aduzindo que a matéria é de competência comum da União, Estados e Municípios, por isso, os três entes, União, Estado do Ceará e Município de Caicó deveriam estar no polo passivo da demanda. 
Após Apelação, se manteve decisão exarado pelo entendimento a quo interpretando os dispositivos Constitucionais, art. 23, incisos III e IV, da Constituição Federal, alegando entender a obrigatoriedade de figurar no polo passivo a União, Estados e Municípios, e negando a vigência doa art. 30 da C.F/88. 
Deste modo, não restou alternativa ao Recorrente senão a oposição do presente Recurso Extraordinário.
IV - PREQUESTIONAMENTO
Todos os atos cometidos neste Recurso Extraordinário foram debatidos no acórdão recorrido, pois é nítida a inobservância ao art. 30, inciso IX da C.F/88, que trata da competência dos MUNICÍPIOS deixando expressa sua legitimidade quanto aos demais entes federados (art. 23, incisos III e IV da C.F/88), para ocupar a legitimidade passiva da referida ação.
Se faz merecer de apreciação do r. juízo, que analisou apenas a matéria do citado art. 23 da C.F/88.
Art. 30. Compete aos Municípios:
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. (g.n)
O Egrégio Tribunal de Justiça, mediante apelação interposta, não se manifestou expressamente sobre a competência individual do Município, de ser responsabilizado pela proteção do patrimônio histórico-cultural de Caicó/CE, sendo que este é competente para tratativa da matéria, conforme art. 30, inciso IX da C.F/88, assim é expresso em nossa Constituição que não há a obrigatoriedade da presença dos demais entes federados, União e Estado, para ocupar o polo passivo da referida ação. 
É entendimento desta Suprema Corte, conforme leciona a doutrina, basta à contrariedade ao dispositivo constitucional:
"O STF modificou a orientação tradicional em julgados recentes, afirmando que à admissibilidade do extraordinário 'é suficiente que o recorrente alegue adequadamente a contrariedade pelo acórdão recorrido de dispositivos da Constituição nele prequestionados', e, vencida tal fase, chega-se ao juízo de mérito, “que envolve a verificação da compatibilidade ou não entre a decisão recorrida e a Constituição, ainda que sob prisma diverso daquele em que se hajam baseado o tribunal a quo e o recurso extraordinário”.207 Em julgado posterior, o STF estimou que o conhecimento implica a afirmação da violação, 'pelo acórdão recorrido, da norma constitucional invocada pelo recorrente'. (EDcl no AgRg no RE 346.736- DF)" (ASSIS, Aaraken. Manual dos Recursos. Editora RT, 2017. Versão e-book, cap. 82.2.1 Provimento que contraria norma constitucional.``(g.n)
Nesse mesmo sentido:
 "Para que o recurso extraordinário seja admitido é imprescindível que a causa constitucional ou federal esteja evidenciada na decisão recorrida. Não é necessário que o acórdão recorrido tenha feito referência expressa aos dispositivos da Constituição ou da legislação federal. Basta que a decisão recorrida tenha enfrentado a tese jurídica que envolve a compreensão da Constituição ou do direito federal – é irrelevante a “ausência de menção dos dispositivos constitucionais atinentes aos temas versados” (STF, Pleno, RE 141.788/CE, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 06.05.1993,DJ18.06.1993, p. 12.114; STJ, 2.ª Turma, AgRg no REsp 502.632/MG, rel. Min. Eliana Calmon, j. 21.10.2003,DJ24.11.2003, p. 264; STJ, 3.ª Turma, AgIn no AREsp 810.863/ MT, rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 01.09.2016,DJe09.09.2016)." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed. Editora RT, 2017. Versão ebook, Art. 1.196”.`` (g.n)
A súmula 282 do Superior Tribunal Federal indica:
´´É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada.``
Dessa forma, considerando que a decisão afronta de forma inequívoca o Art. 30, IX da C.F/88, tem-se vencido o requisito do prequestionamento, conforme posicionamento desta Suprema Corte, se considera prequestionados a matéria, e preenchido dessa forma, o requisito constitucional. 
V – DA REPERCUSSÃO GERAL
O presente caso tem grande relevância por se tratar de ação civil pública que trata de interesses difusos da coletividade, podendo afetar outros recursos que não apenas o presente.
Nota-se que a questão possui relevância social e histórica, razão pela qual atinge um significativo número de pessoas na medida em que se trata da preservação de patrimônio histórico e cultural da pequena cidade de Caicó/CE.
Mediante o disposto no art.102, § 3º, da C.F/88, dependente de regulamentação, passou a ser pressuposto à admissão do recurso extraordinário a comprovação, pelo recorrente, da repercussão geral das questões constitucionais. 
In verbis:
´´Art. 102 § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.``
O Art. 1003 do CPC assim preceitua:
´´Art. 1003 CPC/15. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível,
não conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo.
§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa.`` (g.n)
O dano ao meio ambiente, por ser bem público, gera repercussão geral, impondo conscientização coletiva à sua reparação, a fim de resguardar o direito das futuras gerações a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Portanto, preenchido o requisito da repercussão geral, nos termos do art. 102, §3º da C.F/88 e art. 1.035 do CPC, é cabível o presente recurso.
VI – DAS RAZÕES RECURSAIS
A decisão que julgou improcedente a apelação, o fez na fundamentação de que a matéria objeto da apelação fustigada estaria além dos limites da competência municipal, assim devendo ocupar o polo passivo da demanda, além do município de Caicó/CE, o Estado do Ceará e a União, tendo o juízo fundamentado o r. acórdão fundamentado no art. 23, incisos III e IV da C.F/88:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
III – proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; (g.n)
Entretanto, além da competência comum entre os Estados, Municípios e União, há de se observar que o MUNICÍPIO possui também competência exclusiva para tratar da matéria quando se trata de patrimônio histórico-cultural conforme art. 30, IX da C.F/88:
Art. 30. Compete aos Municípios:
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
Aos fins do presente recurso, interessa o tratamento dado pela C.F/88 às competências legislativas que as classifica em comum e exclusiva.
Conforme interpretação do art. 30, IX da C.F/88, o município de Caicó tem a legitimidade e competência para ocupar sozinho o polo passivo da presente demanda sem os demais entes federados de competência comum.
Portanto, o recurso extraordinário interposto contra o r. acórdão proferido em 05/03/2018, merece ser conhecido de modo a assegurar o direito das presentes e futuras gerações ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e harmonizado com o desenvolvimento econômico e turístico da cidade de Caicó/CE, contribuindo deste modo, para a implementação da justiça conforme art. 102, III, ´´a`` da C.F/88:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
VII – DO PEDIDO
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Diante de todo o exposto, requer que seja conhecido o presente recurso Extraordinário para o fim de:
Intimação dos Recorridos para, apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias, conforme art. 1010, § 1o do CPC;
Seja recebido o recurso no seu regular efeito devolutivo;
Requer  o  provimento do presente recurso para, julgar procedente a impugnação quanto ao referido acórdão, e, por conseguinte, para reformar a r. sentença, a fim de que fique reconhecida a legitimidade passiva dos apelados, GUARARAPES ADM e a PREFEITURA MUNICIPAL DE CAICÓ, determinando que outra decisão seja proferida, apreciando-se assim o mérito da causa. 
Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.
Caicó/CE, 18 de Março de 2018.
_________________________
OAB/____Nº________
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