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1 DEFINIÇÃO É correto entender que os recursos repetitivos são mera técnica de julgamento (no que é claro, aliás, o art. 928), inaptos destarte, a interferir na visão consagrada de recursos entre nós. CLASSIFICAÇÃO O primeiro critério: - Classificatório leva em conta a extensão do inconformismo do recorrente quando comparado com a decisão que lhe é desfavorável. Para este fim, os recursos podem ser totais ou parciais, consoante o recorrente impugne toda a decisão ou apenas parte dela. É o que expressamente prevê o art. 1002 CPC. O Segundo critério: - Considera os tipos de vícios que uma decisão possui e que desafiam seu contraste por recursos. Por esse critério, os recursos podem ser de fundamentação livre ou de fundamentação vinculada. Para os de fundamentações livre, basta o inconformismo do recorrente. Naquelas de fundamentação vinculada, o recorrente deve demonstrar além do genérico interesse recursal, um prejuízo específico, previamente valorado pela ordem juridica, sem o que não se abre a via recursal. É o que se dá com os embargos de declaração, com os recursos especial e extraordinário. O terceiro critério: - Distingue os recursos ordinários dos recursos extraordinários, levando em conta os recursos que viabilizam o total e amplo reexame da causa em todos os seus aspectos, inclusive com o reexame de provas e exame de questões novas e os que não o admitem porque voltados, em última análise, a outra finalidade, qual seja, a uniformização da interpretação do direito constitucional federal e do direito infra constitucional federal em todo o território brasileiro. Os recursos especial e extraordinário e os embargos de divergência são, nessa perspectiva, recursos extraordinários. Todos os demais, recursos ordinários. O quarto critério: - A última classificação distingue o recurso principal do adesivo, o que pressupõe a manifestação recursal imediata do recorrente (recurso principal) ou diferida no tempo, a depender do comportamento da outra parte ou de um terceiro (recurso adesivo). A classificação, bem entendida, relaciona-se mais coma forma de interposição do recurso, se imediato ou a posteriori do que, propriamente, com o próprio recurso em si mesmo considerado. A disciplina do recurso adesivo está nos incisos 1 e 2 do art. 997. Art. 928. Para os fins deste Código, considera-se julgamento de casos repetitivos a decisão proferida em: I - incidente de resolução de demandas repetitivas; II - recursos especial e extraordinário repetitivos. Parágrafo único. O julgamento de casos repetitivos tem por objeto questão de direito material ou processual. Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte. 2 PRINCÍPIOS Há uma serie de princípios que anima o tema dos recursos que podem ser retirados diretamente do “modelo constitucional do direito processual civil” No âmbito do modelo constitucional, o principal princípio a ser lembrado é o duplo grau de jurisdição. Princípio implícito- embora o inciso 11 do art. 102 e o inciso 11 do art. 105 da CF prevejam um duplo grau quando tratam de recurso ordinário para o STF e para o STJ, respectivamente -, ele decorre da constatação da existência e da competência dos tribunais, em especial dos TJS e dos TRFS. Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente ; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999) j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. § 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. 3 q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeasdata e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o crime político; III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição ; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição . d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 1º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392) § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - julgar, em recurso ordinário: a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos 4 tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) O princípio do duplo grau de jurisdição, para além de sua expressa previsão constitucional merece ser compreendido no sentindo de a sentença ser passível de reexame amplo por outro órgão jurisdicional. É o que, no CPC de 2015, é desempenhado suficientemente, pelo recurso de apelação. Contrabalanceando este princípio com outros, também de índole constitucional, em especial o da efetividade do direito material pelo processo, é possível criar regras como a dos incisos 3 e 4 do art. 1013, que permitem o julgamento direito pelo tribunal após a superação da sentença, sem a necessidade de ser determinado o proferimento de outra e a renovação do segmento recursal desde a primeira instância. Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. § 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I - reformar sentença fundada no art. 485 ; II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. § 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. § 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação. Também com fundamento constitucional implícito, o princípio da colegialidade significa que o “juiz natural” das decisões proferidas no âmbito dos tribunais componentes da organização judiciária brasileira é órgão colegiado. Da mesma maneira é possível, graças ao jogo dos princípios, que outros, de porte constitucional,justifiquem regras como a do art. 932, que permitem que o relator, aquele que tem contato em primeiro lugar com o recurso, manifesta-se isoladamente (monocraticamente) em nome do colegiado. Como há expressa previsão de recurso para o colegiado competente, que poderá revisar o acerto ou o desacerto daquela decisão (art. 1021), está atendido o núcleo essencial do princípio que aqui destaco. Art. 932. Incumbe ao relator: I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; 5 b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal; VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. ARTIGO 1021 CPC Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. § 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada. § 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. § 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno. § 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa. § 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final. Igualmente a reserva de plenário merece ser lembrada nessa sede, forte no que estabelece o art. 97 da CF. De acordo com aquele dispositivo, só o tribunal pleno ou, onde existir – e desde que haja delegação regimental nesse sentido (art. 93, XI da CF) -, o órgão especial é que tem competência para declarar a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo. Em tais hipóteses, a colegialidade é exigida expressamente pela CF. No plano infraconstitucional, é comum a doutrina fazer menção a diversos princípios relativos aos recursos. São os seguintes: PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE: Deve ser entendido no sentido de que somente a lei pode criar recursos no sistema processual civil brasileiro. E mais: não se trata de qualquer lei, mas de lei federal, por força do que dispõe o inciso 1 do art.22 da CF. Mesmo o inciso do art. 24 da CF, que reconhece aos Estado- Membros competência para criarem regras de procedimento não pode inovar o sistema no que diz respeito aos recursos. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; II - desapropriação; III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; V - serviço postal; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; VIII - comércio exterior e interestadual; IX - diretrizes da política nacional de transportes; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; XI - trânsito e transporte; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; XIV - populações indígenas; XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa 6 destes; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito) XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; XX - sistemas de consórcios e sorteios; XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; XXIII - seguridade social; XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; XXV - registros públicos; XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; XXIX - propaganda comercial. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. ARTIGO 24 CA CF Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019) II - orçamento; III - juntas comerciais; IV - custas dos serviços forenses; V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimentoe inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF 672) XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; XV - proteção à infância e à juventude; XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) Matéria procedimental, apta, portanto, a ser criada por lei estadual, em tema de recursos diz respeito, por exemplo, á forma do exercício do direito de recorrer, o que convida os tímidos legisladores estatuais a irem muito além da previsão do inciso 3 ° do art.1003, que se limita a permitir que normas estaduais disciplinem formas diferenciadas de interposição dos recursos. Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta- se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. § 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão. § 2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação. § 3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial. § 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem. § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. 7 § 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE: Também chamado de singularidade ou de unicidade. Seu significado é o de que cada decisão jurisdicional desafia o seu contraste por um e só por um recurso. Cada recurso, por assim dizer, tem aptidão de viabilizar o controle de determinadas decisões jurisdicionais com exclusão dos demais, sendo vedada – é este o ponto nodal do princípio – a interposição concomitante de mais de um recurso para o atingimento de uma mesma finalidade. PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO: Relacionar cada recursos a uma específica finalidade, independentemente de sua maior ou menor abrangência. É insuficiente, contudo, limitar-se afirmar que das sentenças cabe apelação (art. 1009 caput) e que de decisões interlocutórias cabem o agravo de instrumento, consoante o rol do art. 1015. O princípio vai além, estabelecendo a razão de ser de cada um dos recursos indicados no art. 994, para além daquela dicotomia, levando em conta também, mas não só, as decisões proferidas pelo juízo da primeira instância. Sim, porque de sentenças e de interlocutórias também pode caber embargos de declaração, desde que o legitimado esteja diante de ao menos uma das hipóteses do art. 1022. Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IX - embargos de divergência. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE: Que deriva diretamente de outro, o princípio da instrumentalidade das formas. Trata-se de princípio implícito, diferentemente do que se dava ao tempo do CPC de 1939, cujo art. 810 o agasalhava expressamente: “Salvo a hipótese de má-fé ou erro grosseiro, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro, devendo os autos ser enviados á Câmara ou turma, a que competir o julgamento. O Princípio justifica-se no sistema processual civil sempre que a correlação entre as decisões jurisdicionais e o recurso cabível, prescrita pelo legislador gerar algum tipo de dúvida no caso concreto. Com relação ao CPC de 2015, é o caso de esperar para verificar se a correlação por ele estabelecida, entre as diversas decisões jurisdicionais, seus vícios e os recurso cabíveis, operará a contento. Se tudo funcionar como esperado, não há espaço para fungibilidade. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE: Infraconstitucional dos recursos, é significativo da necessidade de o recorrente, isto é, aquele que detêm legitimidade e interesse em recorrer ( porque a decisão, tal proferida, trouxe-lhe algum gravame), exteriorizar o seu inconformismo com vistas a afastar o prejuízo que a decisão lhe acarreta. Para que o recurso seja compreendido como tal, é inarredável que o recorrente manifeste o desejo de recorrer e, além disso, que ele exponha a extensão de seu inconformismo. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE: Relaciona-se, em alguma medida, com o princípio da voluntariedade. Se aquele princípio se relaciona com a necessária exteriorização do inconformismo do recorrente diante de uma dada decisão, este atrela- se á necessidade de o recorrente demonstrar as razões de seu inconformismo, revelando por que a decisão lhe traz algum gravame e por que a decisão deve ser anulada ou reformada. Faço questão de frisas, a respeito deste princípio, que o recurso deve evidenciar as razões pelas quais a decisão precisa ser anulada, reformada, integrada ou completada, e não que o recorrente tem razão. O recurso tem de combater a decisão jurisdicional naquilo que ela o prejudica, naquilo que ela lhe nega pedido ou posição de vantagem processual, demonstrando o seu desacerto, do ponto de vista procedimental ( error in procedendo) ou do ponto de vista próprio julgamento (error in judicando). Não atende ao princípio aqui examinando o recurso que se limita a sua posição juridica como a mais correta. É inepto o recurso que se limita a reiterar as razões anteriormente expostas e que, com o proferimento da decisão, ainda que erradamente e sem fundamentação suficiente, foram rejeitadas. A tônica 8 do recurso é remover o obstáculo criado pela decisão e não reavivar razões já repelidas, devendo o recorrente desincumbir-se a contento do respectivo ônus argumentativo. PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE: O princípio da irrecorribilidade em separado das interlocutórias, que guarda relação, em suas raízes, com os princípios da oralidade, da concentração dos atos processuais e da imediatidade, na busca de um processo mais célere, vedando, para o atingimento daquela finalidade, a interposição de recursos das decisões interlocutórias, e muito menos, que esses recursos possam comprometer o andamento dos processos. O CPC de 2015, contudo não acolhe o princípio com tal magnitude. Merece ser enunciado como recorribilidade temperada das interlocutórias, no sentindo de sua recorribilidade imediata depender de prévia previsão legislativa e a concessão de efeito suspensivo depender da avaliação concreta do magistrado. PRINCÍPIO DA CONSUMAÇÃO: O legitimado recursal deve, no prazo do respectivo recurso, manifestar o seu inconformismo e apresentar, desde logo, as respetivas razões. Se,por qualquer motivo deixar de apresentar suas razões recursais, não poderá fazê-lo depois, porque a interposição do recurso, isto é, a mera manifestação de inconformismo com a decisão, tal qual proferida, é suficiente para consumar o prazo recursal. É indiferente por isso mesmo, que o legitimado tenha se valido, para manifestar o seu inconformismo, de um prazo menor que aquele reservado pela lei. PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE: Explica-se quase como uma consequência do princípio de consumação exposto pelo número anterior. Ele permite que, naqueles casos em que, a despeito da apresentação do recurso, isto é, em que, a despeito da apresentação do recurso, isto é, em que se tenha consumado o prazo recursal, tenha havido alteração da decisão recorrida, que as razões já apresentadas sejam complementadas, verdadeiramente aditadas, para adequá-las á nova decisão. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO “REFORMATIO IN PEJUS”: A noção de reformatio in pejus ou, no vernáculo, “reforma para pior”, reside na descrição da situação jurídica de uma das partes ser piorada pelo julgamento de um recurso mesmo sem pedido do recorrente ou independentemente de recurso seu. O agravamento da situação, destarte, deriva da atuação oficiosa do órgão ad quem, e não na resposta dada ao pedido respectivo formulado pelo recorrente. A reforma para pior, consequentemente, vincula-se intimamente ao efeito devolutivo dos recursos e, consequentemente, de forma mais ampla, ao princípio dispositivo. O sistema processual civil brasileiro, por isso mesmo, nega a possibilidade da reformatio in pejus. Sem pedido do recorrente (parte ou terceiro, consoante o caso), o julgamento do recurso não pode ser modificado para prejudicar o recorrido. Se não há pedido para o agravamento de sua situação, é necessário entender que houve, em idêntica medida, aquiescência com a decisão e, por isso, fica afastada a possibilidade de atuação oficiosa do órgão ad quem. O que pode ocorrer sem violação ao principio aqui discutido e com observância ao sistema processual civil é que, nos casos em que incide o efeito translativo do recurso, manifestação do mais amplo principio inquisitório, o órgão ad quem profira decisão mais gravosa ao recorrente, a despeito da ausência do recurso de recorrido, quando a hipótese admitir a sua atuação oficiosa. Para tanto, contudo – e para interditar proferimento de verdadeira “decisão- surpresa” -, é inafastável estabelecimento de contraditório prévio, observando – se o art.10 e, menos genericamente, o parágrafo único do art. 932. Juízo de admissibilidade e juízo de mérito Direito de ação que pode ser exercitado não só pelo autor, mas também pelo réu e por terceiros intervenientes. Por isso, aliás, o verbo “postular” do art.17 é mais adequado e vem bem a calhar aqui. É por essa razão que o direito ao recurso depende da análise de diversos pressupostos que querem verificar não só a sua existência, mas também a regularidade de seu exercício. Por isso a doutrina sempre ensinou – e nada no CPC de 2015 infirma a necessidade de continuar ensinando – a necessária distinção entre o juízo de admissibilidade dos recursos, que se ocupa com aquelas questões que levará, de acordo com o jargão forense, ao conhecimento ou ao não conhecimento 9 do recurso, e o juízo de mérito que, somente quando ultrapassado aquele outo juiz, a ele prévio, analisara se o pedido do recorrente deve, ou não, ser acolhido ou, no jargão forense, se ao recurso deve ser dado ou negado provimento. O juízo de admissibilidade dos recursos compreende o exame acerca dos seguintes elementos; - Cabimento: constatação de qual é o recurso cabível para a decisão considerada concretamente - Legitimidade: Quem tem legitimidade para apresentar o recurso - Interesse: Demonstração da necessidade de interpor um recurso para a invalidação, reforma, esclarecimento ou integração da decisão. - Tempestividade: o recurso precisa ser interposto no prazo a ele reservado - Regularidade formal: Há regras formais, não formalismo a serem observadas para garantir, inclusive a compreensão da postulação recursal - Preparo: Recolhimento de valores que, como regra, são exigíveis para a interposição do recurso. - Inexistência de fato impeditivo ou extintivo: O exercício do direito de recorrer não pode colidir como fato futuro que o esvazie ou o comprometa. EFEITOS Não só a interposição, mas também o julgamento dos recursos gera uma série de efeitos que merecem ser bem compreendidos. Com relação a interposição dos recursos, é correto entender a ocorrência dos seguintes efeitos: - Obstativo: Impedir a formação da coisa julgada, formal ou material - Suspensiva: Impedir o início da eficácia da decisão recorrida ou prolongar seu estado de ineficácia. - Regressivo: Mas comumente chamado de efeito modificativo é a possibilidade de o próprio prolator da decisão julgar o recurso, retratando -se, no todo ou em parte, alterando a decisão recorrida. - Diferido: Hipótese em que a admissibilidade do recurso depende da interposição e do conhecimento de outro recurso e que, no CPC de 2015, parece ser restringir ao que é mais conhecido como recurso adesivo. No que diz respeito ao julgamento dos recursos, os efeitos são os seguintes: - Devolutivo: que corresponde á matéria que poderá ser examina pelo órgão julgador do recurso na exata medida da impugnação do recorrente, que a transfere para rejulgamento. - Translativo: que corresponde á matéria que poderá ser examinada pelo órgão julgador do recurso independentemente da impugnação do recorrente, que é, nesse sentido, transferida para o julgamento por força de lei. - Expansivo: Que corresponde ás consequências do julgamento do recurso com a relação á decisão, a outros atos do processo e, até mesmo, a outros sujeitos processuais. - Substitutivo: Circunstância de a decisão do órgão julgador do recurso prevalecer sobre a decisão recorrida ser conhecido o recurso. CABIMENTO O art. 944 indica quais são os recursos cabíveis: - Apelação, agravo de instrumento, agravo interno, embargos de declaração, recurso ordinário, recuso especial, recuso extraordinário, agravo em recurso especial ou extraordinário, embargos de divergência. A apelação continua a ser recurso cabível da sentença. Os arts. 1009 a 1014 ocupam-se com ela. O agravo de instrumento é o recurso cabível ao colegialmente de decisões interlocutórias indicadas pelo art.1015. Sua disciplinada está nos arts. 1015 a 1020. O agravo interno é o recurso voltado ao colegiamento de decisões monocráticas proferidas no âmbito dos tribunais. Sua disciplina está no art. 1021. Os embargos de declaração são o recurso voltado para esclarecer e integra decisões, quaisquer que sejam elas. Seu tratamento é dado pelos art. 1022 a 1026. O recurso ordinário, cabível nas hipóteses constitucionalmente previstas – a mais comum delas é a de acórdão denegatório de mandado de segurança impetrado originariamente em algum Tribunal-, encontra seu regramento nos arts. 1027 e 1028. O recurso extraordinário é o recurso especial também encontram suas hipóteses de cabimento na CF. Seu objetivo é viabilizar a interpretação e a aplicação uniforme do direito constitucional federal e do direito infraconstitucional federal, respectivamente, em todo o território nacional a partir de decisões que, ao menos alegadamente, violam a CF ou a lei federal. Seu procedimento está nos arts. 1029 a1041. 10 O agravo em recurso especial e em recurso extraordinário é o nome dado ao recurso que quer, nas hipóteses do art 1042, viabilizar o exame de pouquíssimas hipóteses de recursos extraordinários e especiais pelo STF e pelo STJ quando contrastada sua tempestividade ou porque nãofeita a necessária distinção pelo Tribunal de interposição acerca do que foi decidido por aqueles tribunais em sede de repetitivos ou de repercussão geral. Por fim, os embargos de divergência querem viabilizar a uniformização da jurisprudência entre os órgãos fracionários que compõem o STF e o STJ. A eles se dedicam os arts. 1043 e 1044. O CPC de 2015, ao eliminar o agravo retido, permitiu que, independentemente de qualquer manifestação de vontade do prejudicado, a apelação ou sua resposta (contrarrazões) possam voltar á discussão das decisões interlocutórias que não comportam o agravo de instrumento. É o que autorizam os incisos 1e 2 do art. 1009. A circunstância de o recurso ser total ou parcial, observando-se a aplicação que é expressamente acolhida pelo art. 1002, não afeta o seu cabimento. O rol acerca do cabimento dos recursos não estaria completo sem menção ao art 1001. De acordo com aquele dispositivo não cabe recurso dos despachos. Despachos, são os pronunciamentos judiciais que não tem conteúdo decisório, por isso, a pressuposição é que eles não têm o condão de causar prejuízo a qualquer das partes dos terceiros intervenientes. Se, no dia a dia do foro, o prezado leitor vir-se diante de um “despacho” apto causar prejuízo é mais correto entender que de mero despacho já não se trata, e sim de verdadeira decisão cuja recorribilidade repousará em um tipo do art. 994. EFICÁCIA IMEDIATA E EFEITOS SUSPENSIVO O caput do art. 995 estabelece que a interposição do recurso não impede, como regra, a eficácia imediata da decisão recorrida, “salvo disposição legal ou decisão judicial em contrário”. Diante daquela previsão, é correto afirmar que, no CPC de2015, a regra é de que os recursos não têm efeito suspensivo ope legis, isto é, por força de lei e, por isso, pode- se afirmar que as decisões recorridas, em geral, surtem seus efeitos de imediato, tão logo publicadas. A principal, exceção do CPC de 2015 acerca da imediata eficácia da decisão, recorrida é a do recurso de apelação, como se verifica do caput do art. 1012. A apelação tem, portanto, efeito suspensivo ope legis. O parágrafo único do art. 995 generaliza a hipótese sobre a possibilidade de concessão ope judicis, isto é, pelo próprio magistrado, do efeito suspensivo. Trata-se da segunda exceção referida no caput do dispositivo, em que “decisão judicial em sentido diverso” é apta a impedir a eficácia imediata da decisão recorrida. A concessão caso a caso do efeito suspensivo encontra, em diversos recursos, regras próprias que buscam precisar órgão jurisdicional ao qual o pedido deve ser dirigido, que não é necessariamente o relator, como insinua o dispositivo. Os elementos para a concessão ope judicis do efeito suspensivo são, de acordo com o parágrafo único do art. 995 - O risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação: O que, na prática na foto, é usualmente identificado pela expressão latina periculum um mora. - A probabilidade de provimento do recurso: O que deve ser compreendido como o ônus de o recorrente demonstrar as reais e objetivas chances de acolhimento de seu recurso. Nada de diversos, portanto, do que, para a concessão da tutela provisória fundamentada em urgência, faz-se necessário diante do caput do art. 300. caput do art. 300. Open legis = com ajuda da lei A principal diferença entre ope legis e ope judicis é que no primeiro a decisão se baseia prioritariamente o que está disposto em lei, já no segundo, deve levar em conta a análise do caso, pode-se usar a analogia por exemplo. 11 A uma, porque os incisos 4° do art. 1012, e 1, do art.1026, permitem interpretação no sentido de que a concessão ope judicis de efeito suspensivo aos recursos de apelação e de embargos de declaração, respectivamente, pode se dar independentemente da ocorrência de urgência que justifique sua concessão. Algo muito próximo, destarte, á tutela da evidência nos moldes do art. 311. A duas, porque é importante interpretas o parágrafo único do art. 995 – e isso também é pertinente para efeito suspensivo referido nos outros precitados dispositivos – no sentido de que ele, o efeito suspensivo, tem não só o condão de suspender os efeitos da decisão recorrida, efeitos estes quem na falta dele, vinha, sendo experimentados no plano dos fatos, inclusive (ou, em se tratando de apelo, prolongar o estado de ineficácia da sentença) – mas também como técnica apta a conceder, de imediato, a providência negada pela decisão recorrida. É supor o exemplo, comuníssimo, do indeferimento da tutela provisória requerida ao juízo da primeira instancia. O agravante poderá requerer que o relator, ao apreciar o agravo de instrumento, conceda efeito suspensivo consistente não propriamente na suspensão dos efeitos da decisão agravada (já que não há o que suspender por se trata de decisão negativa, mas na concessão, por ele, no âmbito do tribunal, da providência indeferida na primeira instancia, isto é, da própria tutela provisória. É o chamado efeito suspensivo dos efeitos negativos do desprovimento, apelidado de efeito suspensivo ativo e mais frequentemente chamado, simplesmente, de efeito ativo. O inciso 1 do art. 1019, a respeito do agravo de instrumento, acabou por manter a previsão do inciso 111 do art. 527 do CPC de 1973, “deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal”, o que, para o CPC de 2015, não deixa de ser uma das variadíssimas formas de expressão e de concretização da tutela provisória antecipada, bem ao estilo do caput do art. 297 e do “dever-geral de antecipação” nele agasalhado. Esta dupla concepção do efeito suspensivo harmoniza-se, faço questão de frisar, com a dicotomia que o CPC de 2015 preservou ao disciplinar a tutela provisória. O efeito suspensivo, no sentido de suspender os efeitos da decisão recorrida, traz á lembrança a função da tutela cautelar, de evitar riscos, assegurando a fruição futura da pretensão, ainda que recursal. O efeito suspensivo ativo, por seu turno, é inequívoca manifestação de tutela antecipada, no sentindo de viabilizar, de imediato, a fruição da pretensão recursal. ATOS DISPOSTICOS RELATIVOS AO RECURSO Os arts. 998 a 1000 merece, exame conjunto porque se referem a hipóteses em que há manifestação de vontade do recorrente (ou daquele que poderia recorrer) em sentido contrário ao recurso. São típicas situações em que a manifestação de vontade exteriorizada é relevante para o processo e, como tal, merece ser examinada para constatar seus efeitos no plano do processo. O art. 998 admite que o recorrente desista do recurso, típica manifestação do princípio dispositivo e da autonomia de vontades no plano do processo. A desistência independe da concordância do recorrido (parte contrária) e/ou de eventuais litisconsortes. Ela também não depende de homologação judicial, sendo correto o entendimento de que seus efeitos merecem ser experimentados desde quando exteriorizada. É fato processual que, por afetar a vontade de correr, acarretará a inviabilidade de superação do juízo de admissibilidade. Trata-se, pois, de uma das variadas manifestações da inexistência de fato extintivo do direito de recorrer. O “a qualquer tempo” a que se faz menção o caput do dispositivo merece ser interpretado no sentido de que a desistência pode ser manifestada até o início do julgamento do recurso que corresponde ao instante regrado pelo art. 937. O paragrafo único do art. 998 busca compatibilizar o interesse público subjacente ao julgamento de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida e os recursos extraordinários e/ou especiais repetitivos já afetados como tais com o interesse das partes. A melhorinterpretação para a nova regra é a de que a questão juridica derivada do recurso poderá ser julgada, a despeito da desistência; não o recurso do qual se desistiu, cujo processo terá sorte apartada daquele outro julgamento, ocasionando que a decisão recorrida, eventualmente-se for este caso, transite materialmente em julgado. O art.999 trata da renuncia ao direito de recorrer. Nesse caso, a manifestação de vontade é no sentido de não interpor o recurso que, com o proferimento da decisão, faz nascer ao interessado o direito respectivo. Também aqui, de acordo com o dispositivo, o exercício do direito não depende da 12 concordância da parte contrária e da homologação judicial. Outro fator a inibir o direito de recorrer (e inviabilizar que seu juízo de admissibilidade seja superado) está no art.1000. Se o recorrente aceitar expressa ou tacitamente a decisão, não pode exercer o seu direito ao recurso. O paragrafo único, em complemento esclarece que a aceitação tácita é a prática, sem reservas, de ato incompatível com a vontade de recorrer. A doutrina em geral sempre se referiu a hipótese como típico exemplo de preclusão logica que, pela especificidade, sobrepõe-se a quaisquer construções sobre as legitimas expectativas de direito geradas a partir da boa-fé objetiva do art. 5. TEMPESTIVIDADE O art. 1003 cuida das regras relativas á tempestividade dos recursos e a forma de sua interposição. O prazo para interposição dos recursos e para sua resposta é de 15 dias, nos termos do art.219, são contados apenas os dias úteis (art.1003 inciso 5). A única exceção é a do recurso de embargos de declaração, em que o prazo de interposição e de resposta é de 5 dias úteis, como se verifica do inciso 2 do art.1023. O prazo tem início na data em que os detentores de capacidade postulatória, ou, se for o caso, a sociedade de advogados (art.272 inciso1) são intimados da decisão (art.1003, caput). Se a decisão for proferida em audiência, é nela que se reputa realizada a intimação e deflagrado o prazo recursal (art.1003 inciso 1). A petição de recurso será protocolada em cartório ou conforme as normas organização judiciária, como por exemplo, nos locais onde há o chamado protocolo descentralizado ou integrado, ressalvado o dispositivo em regra especial (art. 1003 inciso 3, dispositivo harmônico como a regra geral do inciso 3 do art. 212). Sendo a interposição do recurso efetivada pelo correio, a data a ser considerada para fins de tempestividade, é a data da postagem (art. 1003 inciso 4) e não do recebimento pelo ofício ou secretaria judicial, do recurso. O dispositivo, em seu inciso 6, ainda impõe ao recorrente o ônus de comprovar, na petição do recurso, a ocorrência de feriado local, isto é, municipal, e tratando-se de recurso para os tribunais superiores, também estadual, no ato de interposição do recurso. A exigência deve ser compreendida de forma ampla para compreender não só o feriado que, ocorrendo no que seria o último dia do prazo, desloca-o para o primeiro dia seguinte, mas também da ocorrência de qualquer feriado ao longo de todo o prazo recursal, já que somente nos dias úteis é quele fluirá. (art.219). Entendo importante destacar que não há razão nenhuma para deixar de aplicar, para os recursos, o disposto no inciso 4 do art. 218 sobre a tempestividade do ato (inclusive a interposição do recurso) mesmo antes do termo inicial do prazo respectivo. Se, durante o prazo recursal, falecer a parte ou o seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda a tramitação do processo, deve haver restituição de prazo em proveito do interessado, que começara a correr (desde o início) após a respectiva intimação (art. 1004) RERCUSO DE LITISCONSORTE O art. 1005 estabelece importante regra acerca do efeito expansivo no caso de provimento de recurso interposto por litisconsorte. Nesse caso, o resultado favorável a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os interesses dos litisconsortes. O parágrafo único do art.1005, por ser turno, trata da hipótese de haver solidariedade passiva. Nesse caso, o recurso interposto por um devedor aproveitara aos outros, quando as defesas apresentadas pelo credor lhes forem comuns. Merece lembrança a respeito dessa regra o art. 1068, que dá nova redação ao art, 274 do CC. Isso porque, de acordo com a nova redação da regra civil “ o julgamento contrario a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”, o que, embora em perspectiva diversa, harmoniza-se com as previsões constantes do art. 1005 e, mais amplamente, com a nova regra sobre os limites subjetivos da coisa julgada do art. 506. 13 RERCUSO DE LITISCONSORTE O art. 1007 cuida do preparo recursal, a ser compreendido como a necessidade de o recorrente recolher aos cofres públicos eventuais custas e o valor correspondente ao porte de remessa e retorno dos autos que, a depender do caso, o exercício do direito de recorrer enseja. As custas processuais são taxas tributarias estabelecida pela lei federal para os processos que tramitam perante a justiça federal e pelas leis estaduais para os processos que tramitam nas justiças dos estados. Não me parece, sem agressão ao modelo constitucional tributário, que o CPC de 2015, lei ordinária federal que é, consiga isentar quaisquer custas estabelecidas por leis estaduais. O porte de remessa e retorno dos autos é o custo do envio e da devolução dos autos (físicos) do órgão jurisdicional em que o processo tramita e em que, eventualmente o recurso é interposto, para o órgão jurisdicional que o julgará e vice-versa. Em geral, essa atividade é feita pelo correio e é por isso que o valor daquelas despesas, variam consoante e peso ou, por estimativa, a quantidade de páginas e/ou de volume dos autos. É essa a razão pela qual o inciso 3 do art. 1007 afasta a cobrança em se tratando de “processo em autos eletrônicos”. A regra do caput do art. 1007 é idêntica a do CPC de 1973: recorrente deve comprovar, no ato de interposição do recurso, o preparo, inclusive o porte de remessa e retorno dos autos, sempre que exigido pela legislação pertinente. A pena de deserção, isto é, o não reconhecimento do recurso pelo não recolhimento do preparo, é expressamente prevista pelo dispositivo. Sobre a “legislação pertinente”, referida pelo caput do art. 1007, reitero que são as normas federias e as de cada um dos estados que disciplinarão quais recursos dão ensejo a que custas e qual é o seu respectivo valor. O inciso 1 do art.1007 dispensa de preparo, inclusive do porte de remessa e retorno dos autos, os recursos interpostos pelo ministério público, pela união, pelo distrito federal, pelos estados, pelos municípios, e respectivas autarquias, e pelo que gozam de isenção legal. A lei processual, na espécie, quer capturar regime jurídico de direito tributário que deriva da CF (de imunidade, portanto) e de leis esparsas. Não pode lei ordinária federal, reitero, querer isentar pessoas de direito publico do recolhimento de custas que não são estabelecidas por ela. Os incisos 2 a 6 do art. 1007, com exceção do inciso 3, que trata de assunto totalmente diverso, busca, regular a ocorrência de duas hipóteses diversas: a de recolhimento insuficiente do preparo (inciso 2) e do não recolhimento do preparo (inciso 4). De acordo com o inciso 2, a insuficiência do valor recolhido a título de preparo (incluído o porte de retorno e messa dos autos, quando for o caso) pode ser completada no prazo de 5 dias que seguirem a intimação para tanto. Se não houver a complementação, o caso é de deserção. O nãorecolhimento do preparo no ato de interposição do recurso deve ser suprido com o recolhimento dos valores em dobro sob pena de deserção (art. 1007 inciso 4), sendo vedada, em tal hipótese, complementação, caso o recolhimento não for total (art.1007 inciso 5). A hipótese difere da prevista pelo inciso 2, que pressupõe preparo insuficiente, aqui o recurso foi interposto sem nenhum preparo e , á falta de qualquer justificativa ( que faria incidir o inciso 6), acarreta o recolhimento em dobro do valor originariamente devido, a afastar a deserção. O inciso 6 do art. 1007, por sua vez, permite a relevação da pena de deserção quando o recorrente provas a ocorrência de “justo impedimento” (o fechamento repentino das agencia bancarias no ultimo dia de prazo, por exemplo). Nesse caso, o relator do recurso ficará prazo de 5 dias para que o preparo seja recolhido, independentemente da dobra do inciso 4, que rege situação prevista. O pagamento do preparo e do porte de remessa e retorno é feito por guiar de arrecadação tributária da burocracia brasileira. O inciso 7 do art. 1007, em socorro, afasta peremptoriamente a aplicação da pena de deserção nesses casos. Aplicando escorreitamente o modelo de processo cooperativo do art. 6, a regra prevê que o relator, tendo dúvidas sobre o recolhimento, intime o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 dias. EFEITO SUBSTITUTIVO O art. 1008 agasalha o “efeito substitutivo” dos recursos. Uma vez superado o juízo de admissibilidade recursal, a decisão proferida pela tribuna substituirá, para todos os fins, a decisão impugnada no que tiver sido objeto do recurso. 14 As consequências do efeito substitutivo são as mais variadas, ganhando maior interesse não só para identificação do órgão jurisdicional competente para o julgamento da ação rescisória, mas também para a pesquisa em torno da decisão a ser rescindida. BAIXA DE AUTOS O art. 1006 traz a determinação administrativa para baixa dos autos para o juízo de origem do processo pelo escrivão ou chefe de secretaria diante do trânsito em julgado do acórdão. É regra que pressupõe autos em papel. Nesse caso, importa certificar a data do trânsito em julgado, que não necessariamente confunde-se com a data em que sua certificação é feita, e muito menos, com a data em que a baixa é determinada. APELAÇÃO A apelação é o recurso cabível da sentença. É o que prescreve expressamente o caput do art. 1009. É o próprio CPC de 2015, no inciso 1 do art. 203, quem define sentença na expectativa de diferenciá-la suficientemente das decisões interlocutórias. A se confirmar este estado, não haverá maiores dificuldades sobre o alcance do caput do art. 1009, máxime porque os casos de decisões interlocutórias sujeitas a agravo de instrumento são expressos no art. 1015. PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO O caput do art. 1010 ocupa-se com o conteúdo das razões de apelo, que deverão ser apresentadas em 15 dias úteis perante o juízo que proferiu a sentença, observando-se o que as normas locais dispõem acerca do local do protocolo art. 1003 inciso 3. Se for o caso, o apelante deverá comprovar de imediato a ocorrência de eventuais feriados que podem interferir na fluência do prazo (art. 10003 inciso 6). Também cabe a ele, desde logo, demonstrar o recolhimento de eventuais custas e porte de remessa e retorno dos autos (art. 1007). Além dessas exigências, dispersas nas disposições gerais dos recursos, a petição deverá conter: - o nome e a qualificação das partes, que a prática forense consagrada, com o nome do apelante, quem apela, e apelado, em faze de quem o apelo é interposto. - A exposição do fato e do direito. - As razões do pedido de reforma, error in judicando ou de de decretação de nulidade (error in procedendo). - O pedido de nova decisão. Chama a atenção que o texto evidencia, pertinentemente, a necessidade de o pedido de reforma ou invalidação do julgado estar fundamentado em razões aptas a dar-lhe embasamento (princípio da dialeticidade recursal). Considerando que alguma interlocutória não recorrível previamente pode ser decisiva quanto a necessidade de invalidação do processo ( a negativa de otitiva testemunha pretendida pelo autor em processo que acabou sendo julgado em desfavor a ele), a distinção entre aquelas duas hipóteses é de rigor e sua inobservância autoriza o relator a não conhecer o recurso com fundamento no inciso 111 do art. 932. Os incisos 1 a 3 do art. 1010 desenvolvem o procedimento da apelação perante o juízo de interposição, que é, o mesmo juízo que proferiu a sentença: - O apelado será intimado para ofertar, querendo, contrarrazões em 15 dias uteis. - Se o apelado, no prazo que dispõe para responder, interpuser apelação adesiva, o apelante será intimado para apresentar suas contrarrazões a esse novo recurso, tendo 15 dias para tanto. - Envio dos autos ao tribunal competente para julgamento da apelação independentemente do juízo de admissibilidade. A última previsão, constante do inciso 3 do art. 1010, merece ser destacada: o juízo de admissibilidade da apelação será realizado uma única vez perante o Tribunal competente para julgá-la. Se, não obstante a clareza do inciso 3 do art. 1010, houver algum óbice ao envio dos autos ao tribunal competente tão logo superados os atos previstos nos sues incisos 1 e 2, cabe reclamação pelo interessado com fundamento no inciso 1 do art. 988. A hipótese é de usurpação de competência daquele órgão jurisdicional pelo juízo da primeira instancia. QUESTÕES NOVAS De acordo com o art. 1104, novas questões de fato podem ser suscitadas no apelo pela primeira vez. Para tanto, o apelante ou se for o caso o apelado precisará alegar e provar que a alegação anterior não se der por motivo de força maior. 15 A vedação de inovação no apelo não atinge a viabilidade de ser alegado direito superveniente (o advento de uma nova lei, por exemplo, que merece ser considerada para o deslinde do caso concreto), fatos supervenientes ocorridos após a prolação da sentença, e tampouco, as questões de ordem publica que, até por força do efeito translativo do apelo, devem ser apreciadas pelo tribunal. EFEITOS SUSPENSIVOS: O caput do art. 1012, o recurso de apelação tem efeito suspensivo, o que merece ser compreendido no sentido de que a sentença é ineficaz desde seu proferimento, não surtindo efeitos senão depois de transcorrido in albis o prazo de apelo ou depois que ele for julgado. Os únicos efeitos que podem ser sentidos, neste interim são os expressamente previstos em lei, tais como, os do art. 495 e a hipoteca judiciaria lá disciplinada. O paragrafo 1 do art. 1021 prevê as hipóteses em que a apelação não tem efeito suspensivo e, consequentemente, em que a sentença produz efeitos “imediatamente após a sua publicação”, o que permite ao apelado requerer seu cumprimento provisório (art.1012 paragrafo 2). Os casos em que a apelação não tem efeitos suspensivo no sistema codificado – e que na sua perspectiva são excepcionais- dizem a respeito a sentença que: - Homologar divisão ou demarcação de terras - Determinar o pagamento de alimentos - Extinguir sem resolução de mérito ou julgar improcedentes os embargos de executado - Julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem - Conformar, conceder ou revogar tutela provisória - Decretar a interdição A hipótese do inciso V do paragrafo 1 do art. 1012 merece exame apartado é que a concessão da tutela provisória na sentença significa, em termos bem diretos, impor a ela a possibilidade de sua eficácia imediata e, portanto, retirá-la do manto do efeito suspensivo caput do art. 1012. É possível, ao menos caso a caso, que o magistrado conceda clausula de cumprimentoprovisório as sentenças, sempre quando estiver diante dos pressupostos respectivos da tutela provisória, seja de urgência, seja de evidência. Anoto, a propósito, que as hipóteses do art. 311, em especial a de seu inciso IV assumem, para este fim, fértil campo de aplicação. A revogação da tutela provisória e sua imediata execução, de outra parte, só podem ser compreendidas como a pronta cessação dos efeitos da tutela anteriormente antecipada com o proferimento de sentença desfavorável ao seu benefício. Nesse caso, caberá ao interessado, carente dos efeitos da tutela que, até então, vinha se beneficiando, buscar perante o relator a concessão de medida que faça as vezes da anterior tutela provisória. O fundamento para tanto está no inciso 2 do art. 932. Destaco, a respeito desta última afirmação, que o paragrafo 5 do art. 1013, embora esteja fora do lugar, é expresso ao estabelecer que o capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação. ATRIBUIÇÃO OPE JUDICIS DO EFEITO SUSPENSIVO: O paragrafo 3 do art. 1012 prevê a possibilidade de ser atribuído efeito suspensivo a apelação que não o tem, inclusive aquelas pela legislação processual extravagante, observando-se os referencias contidos no paragrafo 4 do art. 1012. O precitado paragrafo 3 tem o mérito de solucionar importante discussão sobre o órgão jurisdicional competente parara apreciar o pedido de atribuição ope judicis do efeito suspensivo. Desde a interposição do apelo ( o que se dá na primeira instancia) e sua distribuição ( o que pressupõe seu chegada ao tribunal), o requerimento será dirigido ao tribunal que, de acordo com o seu regimento interno, indicara o órgão competente para sua apreciação. A partir do instante em que a apelação tiver sido distribuída, o relator passa a ser competente, o que harmoniza com o disposto no inciso 2 do art. 932. Sobre as referências a serem observados para a atribuição ope judicis do efeito suspensivo do apelo, o paragrafo 4 do art. 1012 refere-se a “probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação”. É previsão que autoriza a interpretação ampla para discernir os casos em que prepondera a probabilidade de êxito do apelo como fundamento suficiente para a concessão ope judicis do efeito suspensivo dos casos em que este efeito depende também “de dano grave ou de difícil reparação”, os quais não dispensam, todavia, a análise da relevância da fundamentação recursal. 16 EFEITO DEVOLUTIVO E TRANSLATIVO: De acordo com o caput do art. 1013 a apelação devolvera, isto é, transferira, ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. Trata-se de expressão adequada do chamado feito devolutivo, que merece ser entendido no sentido de haver necessária vinculação da atuação do órgão julgador ao que foi objeto do recurso, limitação que é admitida inclusive pelo art. 1002, ao tratar do recurso parcial. É o que está consagrada na máxima latinha tantim devolutum quantim appelatim. Aspecto diferente é a possibilidade de atuação oficiosa do órgão julgador recursal, isto é independentemente de manifestação do recorrente. Este e manifestação do princípio dispositivo, aquele, do princípio inquisitório. Os parágrafos 1 e 2 do art. 1013, ocupam-se com o efeito translativo do apelo. De acordo com o primeiro deles, cabe ao tribunal apreciar as questões suscitadas e discutidas no processo ainda que não tenham sido solucionadas. O parágrafo 2 do art.1013, por sua vez refere-se a transferência dos fundamentos não analisados na sentença ao tribunal, que se contentou com apenas um deles. Também aqui, independentemente de expressa manifestação do apelo, o tribunal poderá, entendendo ser o caso, analisar o outro fundamento. A atuação oficiosa nesses casos inibe, muito pelo contrário, que antes de a decisão do órgão julgador basear-se na questão ou no fundamento não ventilado expressamente no apelo, mas constantes dos autos, o apelante e o apelado sejam previamente ouvidos a seu respeito. Trata-se de inquestionável imposição dos arts, 6, 9 e 10. Para além desses casos, o efeito translativo da apelação também viabiliza que o tribunal, de ofício (e sempre respeitado o contraditório), aprecie quaisquer questões relativas a regularidade do exercício do direito de ação e do processo. Tem plena aplicação ao recurso de apelação e disposto no paragrafo 3 do art. 485. O parágrafo 3 do art. 1013 cuida da viabilidade de julgamento de mérito pelo tribunal, independentemente de reenvio dos autos na primeira instancia. Chama a atenção, a proposito o emprego do verbo “deve” empregado pelo dispositivo, a sugerir que o tribunal, diante de uma daquelas situações, não tem outra alternativa que não a de, desde logo, apreciar o mérito. Para tanto, o processo precisa estar em condições de imediato julgamento, isto é, quando o acervo probatório for suficiente para embasar a decisão do mérito (o referencial é do art. 355) e o tribunal: - Reformar sentença que tiver como base o art. 485 (típico caso de aplicação, diante de uma sentença terminativa, das regras que acabei de mencionar) - Decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir (quando reduzirá a sentença para confina-la aos limites do pedido ou da causa de pedir) - Constatar omissão no exame de um dos pedidos, julgando-o desde logo (o que pressupõe que o acervo probatório relativo a esse pedido viabilize o julgamento imediato) - Decretar a nulidade de sentença por fata de fundamentação (o que pode fazer ruir as exigências feitas pelos parágrafos 1 e 2 do art. 489, já que a celebridade pretendida pode, consoante o caso, comprometer a garantia constitucional da fundamentação). O paragrafo 4 do art. 1013 trata especificamente das situações em que a reforma for de sentença que tiver reconhecido, em primeira instância, a decadência ou a prescrição, nestes casos, o tribunal julgará o mérito, examinando as demais questões obstadas pelo anterior reconhecimento da decadência ou da prescrição, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau, desde que, a remissão ao paragrafo 3 é necessária, o processo esteja em condições de julgamento imediato. A escorreita aplicação dos parágrafos 3 e 4 do art. 1013 depende de prévio contraditório acerca das condições de sua aplicação. Se houver pedido da parte sobre a viabilidade de sua incidência em apelo, as contrarrazões já terão se ocupado suficientemente do assunto ou, quando menos, tido oportunidade para tanto. Caso contrário, o magistrado que, de ofício, entender ser o caso do julgamento imediato de mérito- o que só enaltece o dever do parágrafo 3 do dispositivo – intimará as partes previamente para que se manifestem sobre a questão, quer do ponto de vista de o caso comportar, ou não, a incidência do dispositivo, quer do ponto de vista do que deve prevalecer no julgamento a ser proferido. Além do art. 1013 e de seus parágrafos, não há como esquecer, no contexto do CPC de 2015, que as decisões interlocutórias não recorríveis por agravo de instrumento passam a ser objeto de discussão em apelação ou nas contrarrazões. É o objeto dos parágrafos 1 e 2 do art.1009. A previsão tem inegável impacto no efeito devolutivo daquele recurso. 17 O paragrafo 1 do art. 1009 só faz sentido pela supressão do agravo retido. Inexistente aquele recurso, as decisões interlocutórias não passiveis de agravo de instrumento não ficam sujeitas a preclusão até o proferimento da sentença, cabendo a parte, se assim entender necessário, suscitá-las em preliminar de apelação ou em contrarrazões. Entendo que para o apelante (aquele que interpõeo recurso de apelação) o silencio acerca daquelas decisões interlocutórias em seu recurso significa preclusão. No sistema que prevaleceu, insisto, basta que o interessado, na apelação ou nas contrarrazões, suscite a decisão não agravável de instrumento- que não estará até então atendida pela preclusão – para permitir sua revisão pelo tribunal. NO TRIBUNAL: Chegando o recurso de apelação ao tribunal, os autos respectivos serão imediatamente registrados (art.930) e distribuídos (art. 1011, caput), o que, no particular, só repte o comando do inciso XV do art. 93 da CF. Sendo caso de decisão monocrática o relator a proferirá (art. 1011, 1). A restrição estabelecida pelo inciso 1 do art. 1011 as hipóteses dos incisos 111 a V do art. 932 precisa ser compreendida no sentido de evidenciar as hipóteses em que o relator, monocraticamente, pode proferir decisão sobre o recurso de apelação, seja ela relativa a seu juízo de mérito (incisos IV e V). Ela não infirma, portanto, que o relator, consoante o caso, tome monocraticamente outras providencias estabelecidas naquele dispositivo, como por exemplo, apreciar pedido de tutela provisória (art. 932,11), determinar, quando dor o caso a oitiva do ministério público (art. 932, vii) ou ainda, determine as partes que saneiem eventual vicio que, na sua visão, compromete a higidez do processo (art.932 parágrafo único). Se a hipótese não comportar o julgamento monocrático ou o relator não o realizar, cabe a ele elaborar o seu voto e tomar as providencias administrativa, para o julgamento colegiado (art. 1011, II), cabendo lembrar que o quórum de julgamento da apelação é de três desembargadores (art. 941, parágrafo 2) e que é possível a realização de sustentação oral (art. 937, I). AGRAVO DE INSTRUMENTO AGRAVO DE INSTRUMENTO É NA SEGUNDA INSTANCIA O artigo 1015 indica os casos em que o agravo de instrumento é cabível sem prejuízo de outras medidas a serem localizadas no próprio CPC de 2015 e nas leis extravagantes (art. 1015, XIII) As hipóteses dizem respeito a decisões interlocutórias sobre: - Tutelas provisórias - Mérito do processo - Rejeição da alegação de convenção de arbitragem - Incidente de desconsideração da personalidade juridica - Rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação - Exibição ou posse de documento ou coisa - Exclusão de litisconsorte - Rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio - Admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros - Concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos á execução - Redistribuição do ônus da prova nos termos do parágrafo 1 do artigo 373. O parágrafo único do art. 1015 complementa o rol com a indicação que também cabe agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação, na fase de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventario. Nesses casos, aliás, é bastante que a interlocutória seja proferida naquelas fases ou processos, independentemente de seu conteúdo, para que sua recorribilidade imediata seja reconhecida. EXEMPLO: cabe agravo de instrumento da decisão que exclui litisconsorte (inciso VII) ou da que rejeita o pedido de limitação do litisconsorte (inciso VIII). O que dizer da decisão que aceita a intervenção do litisconsorte ou da que aceita o desmembramento? Resposta: Não cabe nenhum recurso porque as hipóteses ventiladas estão fora das previsões do art. 1015. Resta ao interessado suscitar a questão em razões ou contrarrazões do apelo (art.1009 parágrafos 1 e 2) e, naquele instante, a posteriori, não imediatamente, portanto, tentar reverter o que for 18 reversível, ou pura e simplesmente, conforma-se com a decisão tal qual proferida anteriormente. PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO: O art. 1016 trata dos requisitos formais das razões de agravo de instrumento. A petição será dirigida ao tribunal competente no prazo de 15 dias uteis, cabendo ao agravante demonstrar a ocorrência de eventuais feriados que possam ter influenciado a fluência (e não só o vencimento) do prazo. Também cabe ao agravante (aquele que interpõe o recurso) demonstrar o recolhimento das custas e do porte de remessa e retorno dos autos, consoante o caso (art. 1017 parágrafo 1). A entrega da petição observara o disposto no paragrafo 2 do art. 1017: - Será realizada, mediante protocolo, diretamente no tribunal competente para julgá-la ou - Será realizada, mediante protocolo na própria comarca, seção ou subseção judiciárias, ou - Será enviada pelo correio em carta registrada com aviso de recebimento - Fax - Observará outras soluções das leis locais, previsão que se harmoniza com o paragrafo 3 do art. 1003. As razões devem indicar: - Os nomes das partes (agravante e agravado) - A exposição do fato e do direito - As razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido. - O nome e o endereço completo dos procuradores constantes do processo A existência do inciso IV do art. 1015 justifica-se pela necessidade de as intimações feitas pelo tribunal serem feitas a quem representa as partes. Isso porque os autos do processo estão na primeira instancia. O que está no tribunal e viabiliza o julgamento da decisão interlocutória questionada é “instrumento” (art.1017), daí o ônus da alegação do agravante. Em se tratando de autos eletrônicos, em que o instrumento é pertinentemente dispensado (art.1017 parágrafo 5), essa exigência, correlatamente, tende a ser meramente formal. O art. 1016 é silente a respeito, mas o avante pode, consoante o caso requerer a atribuição de efeito suspensivo ao recurso, valendo-se do disposto dos referencias do parágrafo único do art. 995. O fundamento do pedido, ainda que no âmbito recursal, é o mesmo da providência negada e decorre do genérico art. 297. A hipótese é prevista expressamente no inciso I do art. 1019. FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO: O agravo de instrumento tem esse nome porque ele desenvolve-se em autos próprios, formados a partir dos elementos dos autos da primeira instancia em que proferida a decisão interlocutória recorrida. Os autos do processo continuam na primeira instancia. O tribunal conhecerá deles o intermédio do instrumento que será formado pelo garante e que deverá ser apresentado com as razões do recurso. O inciso1 do art. 1017 impõe que o instrumento seja formado por cópia das seguintes peças: - Petição inicial - Contestação - Petição que ensejou a decisão agravada - Decisão agravada - Certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade do recurso - Procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, que devem, ser dispensados em se tratando de advogados públicos membros do ministério publico e da defensoria pública, sendo suficiente, nesses casos, declinar de sua condição. Se não houver possibilidade de apresentação de alguma dessas peças, cabe ao agravante, por intermédio de seu procurador, declarar a circunstância, “sob pena de sua responsabilidade pessoal” (art.1017, I). O inciso III do art. 1017 admite que o agravante apresente, para formação do instrumento, outras peças que entenda uteis. O parágrafo 3 do art. 1017 cuida da possibilidade de eventuais vícios na formação do instrumento serem sandados por determinação do relator. É previsão que decorreria, de forma suficiente do parágrafo único do art. 932, mas cuja especificidade é bem vinda para eliminar qualquer duvida acerca de sua ocorrência. 19 APRESENTAÇÃO DA PRIMEIRA INSTÂNCIA : Considerando que o agravo de instrumento é interposto diretamente no tribunal competente para julgá-lo, põe-se o problema
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