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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE NITERÓI/RJ Processo nº WILSON SANTOS, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com base no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal. Assim, requer seja recebido e processado o recurso, já com as razões inclusas, remetendo-se os autos ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Nestes termos Pede deferimento Local..., 18 de abril de 2016 Advogado... OAB... EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Apelante: Wilson Santos Apelado: Ministério Público Processo nº RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Colenda Câmara Criminal I) DOS FATOS O réu foi denunciado pela prática do crime de estelionato, mediante fraude por meio de pagamento de cheque sem provisão de fundos, previsto no artigo 171, § 2º, VI, do Código Penal. A denúncia foi recebida no dia 08 de março de 2012. Encerrada a instrução, com a oitiva da vítima e sendo o réu o interrogado, o Juiz proferiu sentença, condenando o réu à pena privativa de liberdade de 01 anos e 02 meses de reclusão. O Ministério Público não interpôs recurso. A defesa foi intimada da sentença no dia 11 de abril de 2016. II) DO DIREITO A) DA PRESCRIÇÃO O Magistrado condenou o apelante a 01 ano e 02 meses de reclusão. Todavia, incidiu, no caso, a prescrição da pretensão punitiva retroativa. Considerando a pena aplicada de 01 ano e 02 meses, bem como o trânsito em julgado para a acusação, o prazo prescricional será de 04 anos, nos termos do artigo 109, inciso V, do Código Penal. A denúncia foi recebida em 08 de março de 2012 e a sentença condenatória foi publicada no dia 05 de abril de 2016. Logo, entre a data do recebimento da denúncia e a data da publicação da sentença condenatória se passaram mais de quatro anos, ocorrendo, portanto, a prescrição da pretensão punitiva retroativa. Logo, deve ser declarada extinta a punibilidade do réu, com base no artigo 107, inciso IV, do Código Penal. B) DA AUSÊNCIA DO DOLO DA FRAUDE O réu foi condenado por ter supostamente praticado o crime de estelionato, mediante pagamento de cheque sem provisão de fundos. Todavia, o réu não agiu com dolo de obter vantagem ilícita em prejuízo alheio. O réu emitiu o cheque supondo que teria suficiente provisão de fundos, em face de outra dívida que deveria saldar, tendo de sacar parte do valor depositado na sua conta bancária, não percebendo que ficaria sem saldo suficiente. Como o próprio proprietário da empresa XYZ disse em juízo, o réu era cliente habitual da empresa e sempre efetuava pagamento com cheque, sendo que nunca havia dado problema. Além disso, o réu negou, no seu interrogatório, que agiu com a intenção de obter vantagem indevida. Logo, o réu não agiu com dolo de fraude na emissão de cheque sem provisão de fundos, devendo, por isso, ser absolvido. Ademais, nos termos da Súmula 246 do Supremo Tribunal Federal, não demonstrada a fraude, não se configura o crime de estelionato pela emissão de cheque sem provisão de fundos. Diante disso, o réu deve ser absolvido, com base no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. C) DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA O réu, por ocasião do seu interrogatório, admitiu a emissão do cheque que veio a ficar sem provisão de fundos. Logo, incide, no caso, se eventualmente, for proferida sentença condenatória, a atenuante da confissão espontânea, prevista no artigo 65, III, “d”, do Código Penal. D) DOS MAUS ANTECEDENTES O Juiz agravou a pena em 02 meses, pois considerou como maus antecedentes outra ação penal que o réu responde pela prática do crime de apropriação indébita. Todavia, consoante a Súmula 444 do Superior Tribunal de Justiça, é vedada a utilização de ações penais em curso para agravar a pena-base. Assim, somente haverá maus antecedentes se o agente ostentar sentença penal condenatória já transitada em julgado. Logo, considerando que a ação penal em curso não possui sentença condenatória transitada em julgado, deverá ser afastados os maus antecedentes, e a consequente pena deverá ser diminuída, ficando no mínimo legal. E) DO REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA Diante do reconhecimento dos maus antecedentes, o Juiz fixou o regime inicial semiaberto de cumprimento de pena. Todavia, como exposto, o réu não possui maus antecedentes. Logo, como o réu primário e a pena aplicada não será superior a 04 anos, na hipótese de manutenção da sentença condenatória, o que não se espera, o regime inicial de cumprimento da pena deve ser o aberto, nos termos do artigo 33, § 2º, “c”, do Código Penal. F) DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS Na eventualidade de ser mantida a sentença condenatória, considerando que o réu é primário e a pena aplicada não será superior a 04 anos, bem como o crime atribuído não é praticado com violência ou grave ameaça, cabe, no caso, a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, já que presentes os requisitos do artigo 44 do Código Penal. Assim, o réu tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. III) DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer seja REFORMADA a decisão, com o PROVIMENTO do presente recurso, a fim de que: a) Seja declarada extinta a punibilidade pela prescrição, com base no artigo 107, inciso IV, do Código Penal; b) A absolvição, com base no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal; c) Subsidiariamente, o reconhecimento da atenuante da confissão espontânea, nos termos do artigo 65, III, “d”, do Código Penal; d) Sejam afastados os maus antecedentes, com a diminuição da pena; e) Seja fixado o regime inicial de cumprimento de pena no regime aberto, nos termos do artigo 33, § 2º, “c”, do Código Penal; f) Seja substituída a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, nos termos do artigo 44 do Código Penal. Local..., 18 de abril 2016. Advogado... OAB... XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL Wilson Santos foi acusado de ter emitido, no dia 10.11.2010, cheque sem suficiente provisão de fundos, no valor de R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais), em prejuízo da XYZ Comércio Eletrônicos. Na ocasião, Wilson entregou o cheque como forma de pagamento de mercadorias adquiridas no referido estabelecimento comercial, que, ao ser realizado o respectivo desconto na agência bancária, foi devolvido por insuficiência de fundos, razão pela qual o representante da empresa providenciou o registro de ocorrência policial. Após a conclusão do inquérito policial e o respectivo indiciamento, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Wilson, distribuída à 5ª Vara Criminal da Niterói/RJ, imputando-lhe a prática do delito previsto no artigo 171, § 2º, inciso VI, do Código Penal, arrolando Vivaldino Gomes, proprietário da empresa XYZ, para ser ouvido em juízo. Não foi oferecida suspensão condicional do processo, porque o réu responde a outra ação penal pela prática do crime de apropriação indébita. A denúncia foi recebida no dia 08.03.2012. Após regular processamento,durante a audiência de instrução, Vivaldino Gomes esclareceu que o acusado era cliente habitual da empresa e sempre efetuava pagamento com cheque, sendo que apenas nessa oportunidade deu problema. O réu, por ocasião do seu interrogatório, disse que era cliente da Empresa XYZ, onde comprava aparelhos eletrônicos para revender na sua loja. Admitiu a emissão do cheque, afirmando que não pretendia praticar nenhuma fraude ou obter vantagem ilícita, uma vez que quando emitiu o cheque havia provisão de fundos, mas, em face de outra dívida que deveria saldar, teve de sacar parte do valor depositado na sua conta bancária, não percebendo que ficaria sem saldo suficiente. Ao cabo da instrução, o Magistrado proferiu sentença, condenando Wilson como incurso nas sanções do artigo 171, § 2º, inciso VI, do Código Penal, sendo publicada em 05 de abril de 2016. Na primeira fase da aplicação da pena, o juiz elevou a pena- base em 02 meses, porque considerou como maus-antecedentes, por força da outra ação penal que o réu responde pela prática do crime de apropriação indébita, tornando a pena definitiva em 01 ano e 02 meses, diante da ausência de atenuantes e agravantes, bem como de causas de diminuição da pena e de aumento de pena. Ao final, diante dos maus-antecedentes, o Magistrado fixou o regime inicial semiaberto ao réu, negando, ainda, por essa razão, a possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos. O Ministério Público não interpôs recurso. Você na condição de advogado(a) de Wilson, é intimado(a) da decisão no dia 11 de abril de 2016, numa segunda-feira. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas no caso concreto acima, redija a peça cabível, diversa de habeas corpus, datando-a no último dia do prazo, apresentando as razões e sustentando as teses jurídicas pertinentes. (Valor: 5,00 pontos) XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação. XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 Gabarito Comentado O candidato deverá elaborar, na condição de advogado, um recurso de apelação, com base no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal. Em um primeiro momento, deve ser redigida a peça de interposição do recurso, endereçada ao Juízo da 5ª Vara Criminal da Comarca de Niterói/RJ. A petição de interposição deve constar o local, estar devidamente datada. Posteriormente, devem ser apresentadas as respectivas razões recursais, peça essa endereçada diretamente ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Em preliminar, o candidato deverá arguir prescrição da pretensão punitiva retroativa, uma vez que, considerando a pena aplicada de 01 ano e 02 meses, o prazo prescricional é de 04 anos, nos termos do artigo 109, inciso V, do CP. Considerando que entre a data do recebimento da denúncia (08.03.2012) e a publicação da sentença penal condenatória (05/04/2016) se passaram mais de 04 anos, ocorreu a prescrição da pretensão punitiva retroativa, devendo ser extinta a punibilidade do réu, com base no artigo 107, inciso IV, do CPP. No mérito, o examinando deverá arguir o seguinte: Desenvolvimento fundamentado acerca da inexistência, no caso, do dolo de obter vantagem ilícita em prejuízo alheio decorrente de induzimento ou manutenção da vítima em erro, razão pela qual se impõe a absolvição OU desenvolvimento fundamentado da tese de não ter sido comprovada a fraude, nos termos da Súmula nº 246 do STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos. Com base na eventualidade, em sendo mantida a condenação, deve o examinando, como advogado, requerer revisão da dosimetria da pena, nos seguintes termos: Afastar os maus-antecedentes, por força da incidência da Súmula 444 do Superior Tribunal de Justiça. Apontar a atenuante da confissão espontânea, nos termos do artigo 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal. Fixação do regime carcerário no aberto, conforme disposto no Art. 33, §2º, ‘c’, do Código Penal. XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 A possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos: não sendo o réu reincidente, encontram-se presentes os requisitos do Art. 44 do CP. Assim, faz jus à substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. Ao final, o examinando deverá elaborar os seguintes pedidos: I. Extinção da punibilidade pela prescrição, com base no artigo 107, inciso IV, do CP. II. Absolvição, com base no artigo 386, inciso III, do CPP. III. a diminuição da pena pelo afastamento dos maus antecedentes; IV. reconhecimento da atenuante da confissão espontânea, prevista no artigo 65, III, “d”, do Código Penal; IV. A fixação do regime aberto para o cumprimento da pena; V. A substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos O prazo a ser indicado é o dia 18.04.2016. O prazo para interposição de apelação é de 05 dias. Ocorre que o dia 16.04.2016 é sábado, logo o prazo é prorrogado para segunda-feira, dia 18.04.2016. Obs.: a falta de data em qualquer uma das peças implicará na perda de pontos pela estrutura; a colocação de datas diferentes nas peças implicará na perda dos pontos relativos ao item “prazo”, pois a questão exige uma única data. ITEM PONTUAÇÃO MÁXIMA PONTUAÇÃO ALUNO 1) Endereçamento da petição de interposição: Juízo da 5ª Vara Criminal da Comarca de Niterói (0,10) 0 / 0,10 2) Fundamento legal para petição de interposição: Art. 593, inciso I, do CPP. (0,10) 0 / 0,10 3) Endereçamento correto das razões: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (0,10) 0 / 0,10 4) Desenvolvimento fundamentado acerca da prescrição da pretensão punitiva (0,75), diante do prazo prescricional 0 / 0,25/0,50/0,75/ XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 previsto no artigo 109, V, do CP (0,25). 1,0 5) Absolvição OU atipicidade (0,50), pois, no caso, não houve dolo de obter vantagem ilícita em prejuízo alheio (1,0) OU desenvolvimento fundamentado da tese de não ter sido comprovada a fraude, nos termos da Súmula nº 246 do STF (1,0) 0 / 0,5/1,0/1,50 6) Desenvolvimento fundamentado acerca do afastamento dos maus-antecedentes (0,20), com a fixação da pena-base no mínimo legal (0,10), por força da Súmula 444 do Superior Tribunal de Justiça (0,10). 0 / 0,10/0,20/0,30/ 0,40 7) Reconhecimento da atenuante da confissão (0,10), nos termos do Art. 65, inciso III, alínea “d”, do CP (0,10) 0,10/0,20 8) Desenvolvimento fundamentado acerca da fixação errada do regime inicial semiaberto para cumprimento da pena, devendo ser o aberto (0,10), conforme disposto no art. 33, § 2º, “c”, do CP (0,10). 0,0/0,10/0,20 9) Desenvolvimento fundamentado acerca da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (0,10), pois preenchidos os requisitos do artigo 44 do Código Penal (0,10) 0,0/0,10/0,20 10) Pedidos: a) Extinção da punibilidade pela prescrição (0,10), com base no artigo 107, inciso IV, do CP (0,10); b) Absolvição (0,20), com base no artigo 386, inciso III, do CPP (0,10); c) Pena-base no mínimo legal, pelo afastamento dos maus- antecedentes (0,10); d) Reconhecimento da atenuante da confissão espontânea, prevista no artigo 65, inciso III, “d”, Código Penal (0,10);e) Fixação do regime aberto (0,10); f) Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (0,1) 0 /0,1/0,2/0,3/0, 4/0,5/0,60/0,90 Indicação da data correta: 18.04.2016 0,15 Estrutura: endereçamento, data, local, assinatura e OAB 0,15 XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 PONTUAÇÃO 5,0 XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 Questão 01 Zé Bueno foi denunciado pela prática do delito de tráfico ilícito de entorpecentes, previsto no artigo 33 da Lei 11.343/2006. Ao oferecer a denúncia, o Ministério Público representou pela prisão preventiva do réu, sob o fundamento de estaria ameaçando as testemunhas arroladas na peça acusatória. O juiz decretou a prisão para assegurar a conveniência da instrução criminal. Durante a audiência de instrução, as testemunhas de acusação foram inquiridas, sendo designada nova audiência para ser ouvida uma testemunha da defesa faltante. Diante disso, a defesa de Zé Bueno postulou a revogação da prisão preventiva, o que foi indeferido pelo Magistrado. A defesa, então, impetrou habeas corpus, que foi denegado pelo Tribunal de Justiça. Considerando a situação hipotética, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. A) Qual o meio de impugnação privativo de advogado contra a decisão que denegou a ordem de habeas corpus, o prazo e a quem devem ser endereçadas as razões? (valor: 0,65) B) Qual argumento jurídico poderia ser usado em defesa de Zé Bueno? (valor: 0,60) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. a) O meio de impugnação cabível é o recurso ordinário constitucional, previsto no artigo 105, II, “a”, da Constituição Federal/88. As razões devem ser endereçadas ao Superior Tribunal de Justiça. O prazo de interposição do recurso ordinário constitucional é de 05 dias, nos termos do artigo 30 da Lei 8.038/90. b) O juiz decretou a prisão preventiva do réu, porque teria supostamente ameaçado testemunhas da acusação. Todavia, tais testemunhas já foram inquiridas em juízo, não mais subsistindo, portanto, os motivos que ensejaram o decreto da prisão preventiva, previsto no artigo 312 do Código de Processo Penal. Logo, deve ser revogada a prisão preventiva, nos termos do artigo 316 do Código de Processo Penal, com a expedição de alvará de soltura. XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 Gabarito Comentado a) O meio de impugnação cabível seria o recurso ordinário constitucional, com prazo de 05 dias, nos termos do artigo 30 da Lei 8.038/90, devendo as razões serem endereçadas para o Superior Tribunal de Justiça, conforme art. 105, II, “a”, da CF/88. b) Desenvolvimento fundamentado acerca da cessação dos motivos do decreto da prisão preventiva, previstos no artigo 312 do CPP, já que as testemunhas teriam sido inquiridas, devendo deve ser concedida a ordem para cessar a coação ilegal e revogar a prisão preventiva, com a expedição do respectivo alvará de soltura. ITEM PONTUAÇÃO MÁXIMA PONTUAÇÃO ALUNO a) O meio de impugnação cabível seria o recurso ordinário constitucional (0,20), com prazo de 05 dias (0,10), nos termos do artigo 30 da Lei 8.038/90 (0,10), devendo as razões ser endereçada para o Superior Tribunal de Justiça (0,10), conforme art. 105, II, “a”, da CF/88 (0,10). 0/0,10/0,20/0,30/ 0,40/0,50/0,60 b) Desenvolvimento fundamentado acerca da inexistência dos requisitos da prisão preventiva (0,20), previstos no artigo 312 do CPP (0,10), já que desaparecem os motivos que ensejaram o decreto da prisão pela conveniência da instrução criminal (0,20), devendo deve ser concedida a ordem para cessar a coação ilegal e revogar a prisão preventiva, com a expedição do respectivo alvará de soltura (0,15) 0/0,10/0,15/0,20/ 0,25/0,30/0,35/ 0,40/0,45/0,50/ 0,55/0,60/0,65 TOTAL 1,25 XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 Questão 02 No dia 10 de fevereiro de 2006, por volta das 03h, na Rua Fina Estampa, nº 24, na Cidade de Niterói/RJ, o denunciado Tício Mévio constrangeu a vítima Cidinha Coitada, mediante grave ameaça, a conjunção carnal, praticando, assim, o crime previsto no artigo 213 do Código Penal, considerado hediondo, nos termos do artigo 1º, inciso V, da Lei 8.072/90. Após implementar 1/6 da pena, Tício formulou pedido de progressão de regime, sendo indeferido pelo Juízo da Execução, sob o fundamento de que deveria implementar 2/5 da pena para obter o benefício postulado. Diante do fato hipotético, pergunta-se: A) Qual o meio de impugnação cabível e o último dia do prazo para apresentar a peça cabível, considerando como data da intimação o dia 08.03.2011 (terça-feira)? (Valor: 0,60) B) Qual(is) o(s) argumento(s) pode(m) ser alegado(s) em favor de Tício? (Valor: 0,65) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. a) Cabe agravo em execução, com base no artigo 197 da Lei 7.210/84. Prazo será de 05 dias, com base na Súmula 700 do Superior Tribunal Federal. Último dia: 14 de março 2011. (14.03.2011). b) O Juiz agiu de forma incorreta. Isso porque o fato foi praticado no dia 10 de fevereiro de 2006, antes, portanto, da alteração do artigo 2º, §2º, da Lei 8.072/90, que passou a prever 2/5, se primário, ou 3/5, se reincidente, para a progressão de regime para condenados por crime hediondo. Logo, por se tratar de lei posterior mais severa, deve prevalecer a lei mais benéfica, considerando-se o prazo de 1/6 para a progressão de regime, nos termos do artigo 112 da Lei 7.210/84, bem como das Súmulas 471 do Superior Tribunal de Justiça e Súmula Vinculante nº 26 do Supremo Tribunal Federal. XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 Gabarito Comentado: a) cabe agravo em execução, com base no 197 da Lei 7.210/84 do CPP. Prazo de 05 dias, com base na Súmula 700 do STF. Último dia: 14.03.2011. b) O candidato deverá abordar a tese de que a Lei 11.464/2007, que alterou a redação do artigo 2º, § 2º, da Lei 8.072/90, entrou em vigor após a data do crime praticado. Logo, deve prevalecer a lei mais benéfica, considerando-se o lapso temporal de 1/6 para obtenção da progressão de regime, nos termos do artigo 112 da Lei 7.210/84. Admite-se, ainda, a invocação da Súmula Vinculante 26 do STF e Súmula 471 STJ. ITEM PONTUAÇÃO MÁXIMA PONTUAÇÃO ALUNO a) O meio de impugnação cabível seria o agravo em execução (0,30), com base no artigo 197 da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal) (0,10). Último dia do prazo seria 14.03.2011 (0,20). 0/0,10/0,20/0,30/0,40/0,5 0/0,60 b) Desenvolvimento fundamentado acerca da lei mais benéfica, considerando-se o lapso temporal de 1/6 para obtenção da progressão de regime (0,40), nos termos do artigo 112 da Lei 7.210/84 e/ou Súmula Vinculante 26 do STF e/ou Súmula 471 STJ (0,25) 0/0,25/0,40/0,65 TOTAL 1,25 XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 QUESTÃO 03 Wilson foi denunciado pelo crime de estupro. Durante a instrução, negou a autoria do crime, afirmando estar, na época dos fatos, no município Cipó dos Vales, localizado no Estado “X”, distante dois quilômetros do local dos fatos. Como a afirmativa não foi corroborada por outros elementos de convicção, o Juiz entendeu que a palavra da vítima deveriaser considerada, razão pela qual proferiu sentença condenando Wilson como incurso no crime de estupro, previsto no artigo 213 do Código Penal. A defesa interpôs recurso, sendo a sentença condenatória mantida pelo Tribunal de Justiça, transitando definitivamente em julgado desfavoravelmente ao réu. Inconformados com a possibilidade de Wilson ter de cumprir a pena imposta, familiares dirigiram-se, por sua conta, até o Município de Cipó dos Vales em busca de provas que pudessem apontar a sua inocência, e, depois de muito procurar, conseguiram as filmagens de um estabelecimento comercial, que estavam esquecidas em um galpão velho. Nas filmagens, Wilson aparece comendo um lanche em uma padaria exatamente na data e horário que teria ocorrido o suposto delito de estupro. Considerando apenas as informações apresentadas, responda aos itens a seguir. A) Qual medida processual deverá ser apresentada pelo advogado de Wilson, diferente do habeas corpus, para questionar a sentença condenatória transitada em julgado? (Valor: 0,60) B) Qual fundamento deverá ser apresentado pelo advogado de Wilson para combater a sentença condenatória e qual pedido? (Valor: 0,65) a) Caberá ação de revisão criminal, com base no artigo 621, inciso III, do Código de Processo Penal. b) Após a sentença, foi descoberta prova nova que não foi objeto de apreciação no processo no qual foi condenado, qual seja, as filmagens de um estabelecimento comercial onde Wilson aparece comendo um lanche em uma padaria exatamente na data e o horário que teria ocorrido o suposto estupro. O pedido será de absolvição, nos termos do artigo 626 do Código de Processo Penal ou artigo 386, inciso IV, do Código de Processo Penal. XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 Gabarito comentado A) A peça cabível é ação de revisão criminal, com base no artigo 621, inciso III, do CPP. B) O candidato deverá argumentar que, após a sentença, foi descoberta prova nova que não foi objeto de apreciação no processo no qual foi condenado, qual seja, as filmagens de um estabelecimento comercial onde Wilson aparece comendo um lanche em uma padaria exatamente na data e o horário que teria ocorrido o suposto estupro. Pedido de absolvição, nos termos do artigo 626 do CPP ou 386, inciso IV, do CPP. ITEM PONTUAÇÃO MÁXIMA PONTUAÇÃO ALUNO a) A peça cabível é ação de revisão criminal (0,40), com base no artigo 621, inciso III, do CPP (0,20). 0 / 0,20/0,40/0,60 b) Desenvolvimento acerca do surgimento de descoberta prova nova que não foi objeto de apreciação no processo no qual foi condenado (0,30). Pedido de absolvição (0,20), nos termos do artigo 626 do CPP e/ou 386, inciso IV, do CPP (0,15). 0 /0,15/0,20/0,30/0,35/ 0,45/0,50/0,65 XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 QUESTÃO 04 Wilson foi condenado por homicídio simples, previsto no Art. 121 do Código Penal, devendo cumprir pena de seis anos de reclusão, transitando em julgado para a acusação no dia 05 de outubro de 2004. A defesa interpôs recurso, que, ao final, restou improvido, transitando em julgado a sentença penal condenatória em 07 de junho de 2006. Ao tomar conhecimento da sentença definitiva, Wilson foge para o interior do Estado, onde residia, ficando isolado num sítio. Após a fuga, as autoridades públicas nunca conseguiram capturá-lo. No dia 10 de novembro de 2016, Wilson procura você como advogado(a) para tomar ciência da sua situação. Diante do fato hipotético, responda aos itens a seguir: A) Qual o argumento pode ser alegado, de modo a impedir que Wilson cumpra a pena que lhe foi aplicada? Fundamente a resposta? (Valor: 0,65) B) Quais as consequências do acolhimento da tese defensiva? (Valor: 0,60) A) O argumento a ser utilizado é que ocorreu a prescrição da pretensão executória. Como ocorreu o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a prescrição executória é regulada pela pena aplicada, nos termos do artigo 110, “caput”, do Código Penal. Considerando que a pena aplicada foi de 06 anos, o prazo prescricional será de 12 anos, nos termos do artigo 109, III, do Código Penal. O termo inicial da contagem do prazo da prescricional executória é a data do trânsito em julgado para a acusação, nos termos do artigo 112, inciso I, do Código Penal. Assim, considerando que ocorreu o trânsito em julgado para o Ministério Público no dia 05 de outubro de 2004 e até o dia 10 de novembro de 2016, o réu ainda não deu início à execução da pena, pois se encontra foragido, ocorreu a prescrição da pretensão executória. B) A consequência será a extinção da punibilidade de Wilson, nos termos do artigo 107, inciso IV, do Código Penal. XXVI OAB 2ª FASE – PENAL CEISC SIMULADO 06 Gabarito comentado a) A questão exige do candidato conhecimento do tema da prescrição. Foi narrada, na hipótese, a condenação de Wilson pela prática do crime de homicídio, sendo aplicada pena de 06 anos de reclusão, com sentença condenatória transitada em julgado. Assim, considerando o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, a prescrição executória será regulada pela pena aplicada de 06 anos. Logo, o prazo prescricional será de 12 anos, nos termos do artigo 109, III, do CP. Considerando que o termo inicial da prescrição executória é o trânsito em julgado para a acusação, ocorrido no dia 05/10/2004, conforme o artigo 112, I, do CP, verifica-se a incidência da prescrição da pretensão executória, já que decorridos mais de 12 anos sem que Wilson tivesse dado início ao cumprimento da pena. b) A consequência jurídica do acolhimento da tese é o reconhecimento da extinção da punibilidade de Wilson, na forma do Art. 107, inciso IV, do Código Penal. ITEM PONTUAÇÃO MÁXIMA PONTUAÇÃO ALUNO a) a) Ocorrência da prescrição da pretensão executória (0,40), já que entre a data do trânsito em julgado para a acusação até o momento em que Wilson se encontra foragido já se passaram mais de 12 anos (0,15), segundo o Art. 109, III, do CP (0,10) 0,00/0,15/0,25/0,40/0,50/ 0,55/0,65 b) A principal consequência é a extinção da punibilidade (0,40), na forma do Art. 107, IV, do CP (0,20). 0,00/0,20/0,40/0,60 TOTAL 1,25 XXVI-EXAME-Simulado-06-Padrão-de-resposta-alunos Estruturação-Folha-Resposta-simulado-06