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Direito Civil II - Slides. Direito das Obrigações

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
JOSÉ AUGUSTO PAZ XIMENES FURTADO
1
ASPECTOS GERAIS 
O Código Civil, na parte das Obrigações, disciplina:
As relações jurídicas de caráter patrimonial – artigos 233 a 965, CC. 
Regula vínculos jurídicos patrimoniais tendo por objeto a prestação do devedor em favor do credor.
É Direito Pessoal. É relativo. É ilimitado.
Obrigação: relação jurídica temporária de caráter econômico unindo duas ou mais pessoas cabendo ao devedor realizar determinada prestação.
O patrimônio do devedor responde pelo inadimplemento da obrigação.
A obrigação deve ser lícita, possível, determinada ou determinável.
 O vínculo obrigacional ocorre em razão de negócio realizado entre credor e devedor.
As relações obrigacionais decorrem: da lei, da vontade das partes tendo a boa-fé como princípio.
W. de Barros MONTEIRO: 
Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre o devedor e o credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio. 
 FONTES DAS OBRIGAÇÕES
 	Fonte (do latim fons, fontis), significando tudo de onde se origina ou se produz algo.
-	No CC são fontes das obrigações: Os contratos; os atos unilaterais de vontade; e os atos ilícitos (dolosos e culposos).
	LIVRO I – Parte Especial CC – do Direito das Obrigações: 
1) Das modalidades das obrigações 
(art. 233 a 420) – de dar, de fazer, de não fazer, alternativas, divisíveis e indivisíveis, solidárias; -> 2) Do Contrato em Geral (art. 421 a 480, CC) -> 3) Das várias espécies de contrato (481 a 853, CC)->
4) Dos Atos Unilaterais de vontade – Promessa de Recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido – (art. 854 a 886, CC) -> 5) Títulos de Crédito (art. 887 a 926, CC) -> 6) Da Responsabilidade Civil (art. 927 a 965, CC).
Podem ser sujeitos na relação obrigacional as pessoas naturais e as pessoas jurídicas.
 O vínculo jurídico (conteúdo da obrigação) advém da sujeição estabelecida pela relação débito e crédito.
Vínculo jurídico decorre do poder do credor de exigir a prestação e a necessidade jurídica do devedor de cumpri-la.
Débito -> refere-se ao dever imposto ao devedor de cumprir a prestação. Decorre de ato voluntário do devedor.
Responsabilidade -> refere-se ao direito do credor de executar o patrimônio do devedor em caso de inadimplemento, para satisfação de seu crédito. 
Ela decorre do não cumprimento da obrigação e é imposta ao inadimplente.
Pode haver débito sem responsabilidade. Exemplos: dívidas de jogo e crédito prescrito. 
Aquele que não participou da formação obrigacional originária, pode ser compelido a responder pelo débito em certas circunstâncias. Exemplo: fiador.
Prestação 
é o elemento objetivo da obrigação. Refere-se ao objeto que compõe a prestação. Tem conteúdo econômico.
Pode ser positiva (dar ou fazer) ou negativa (não fazer). 
O objeto da prestação segue a regra geral para validade dos negócios jurídicos – artigo 104, CC.
Artigo 166, II, CC: o negócio jurídico será nulo se for ilícito, impossível ou indeterminável seu objeto.
	OBRIGAÇÃO PROPTER REM (Obrigações Reais)
Situa-se entre os Direitos Pessoais e os Direitos Reais.
O termo propter rem significa por causa de uma coisa.
Haverá obrigação real sempre que o dever de prestar esteja vinculado ao titular de um direito sobre determinada coisa. 
Podem nascer de um acordo entre as partes e não unicamente da lei.
 
Exemplo: A é proprietário de um veículo (tem direito real de propriedade sobre o mesmo). A obrigação propter rem, nesse caso, seria a obrigação que surge para A de pagar o IPVA, somente pelo fato de ser ele o dono do carro. 
A obrigação propter rem é aquela que ocorre, conforme a própria tradução, em função da coisa.
Outros exemplos de obrigações propter rem:
●	Obrigação do adquirente de bem hipotecado de saldar a dívida que a este onera, se quiser liberá-lo;
●	Obrigação do condômino de pagar as dividas condominiais;
●	Obrigação que tem o condômino de contribuir para a conservação do bem comum;
●	Obrigação do proprietário de um bem de pagar os tributos inerentes à coisa;
Entre outros.
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES: CLASSIFICAÇÃO GERAL
Um só credor, um só devedor, um só objeto: obrigação simples .
Vários objetos e dois ou mais sujeitos ativos e passivos: Obrigações compostas ou complexas.
Se a pluralidade recair sobre o objeto as obrigações compostas ou complexas serão cumulativas ou alternativas. 
Obrigações Cumulativas (ou Conjuntivas) há pluralidade de objetos (prestações) e o devedor está obrigado pela prestação de todos eles.
Obrigações Alternativas (ou Disjuntivas) há multiplicidade de objetos (prestações) e o devedor se liberta com a prestação de apenas um deles.
Exemplo I: B obriga-se perante A no sentido construir uma bancada ou a pagar-lhe quantia equivalente ao seu valor.
Artigo 252, CC: Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. 
Exemplo II: Contrato estabelece que o devedor deve entregar vinte cabeças de gado ou 30 mil reais. 
	As obrigações podem decorrer da pluralidade de sujeitos (ativo e passivo):
Divisíveis: Aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou parcial da prestação.
Indivisíveis: Aquelas em que também cada devedor é exclusivamente responsável pela sua quota-parte, mas a prestação não pode ser dividida, devendo ser cumprida integralmente por qualquer dos devedores – artigos 259 e 261, CC. 
Obrigações Civis e Naturais
Civis são as que se apresentam com todos os seus elementos formadores. Há exigibilidade – artigo 391, CC.
Naturais são compostas pelos elementos subjetivos (sujeito ativo e passivo), mas falta-lhes o vínculo jurídico. Não há exigibilidade. O credor não poderá exigir o cumprimento da prestação se inadimplente o devedor. 
 
Desprovidas de AÇÃO capaz de tornar efetiva a satisfação do crédito, as obrigações naturais são tuteladas juridicamente: mesmo que não ocorra o constrangimento pela via executiva, o pagamento voluntário feito pelo devedor é válido e este não pode pleitear a devolução. 
Tipos de obrigações naturais: dívidas de jogo – artigo 814, CC – e dívidas prescritas – artigo 882, CC.
de Meio – são aquelas que o devedor emprega todos seus esforços e diligência para alcançar determinado fim, mas sem se responsabilizar por garanti-lo. 
de Resultado – são aquelas em que o devedor se desobriga atingindo determinado fim, conforme assumido, sob pena de tornar-se inadimplente. 
Obrigações Principais e Acessórias 
Pode ocorrer de existirem uma obrigação fundamental e uma outra dela dependente. As obrigações reciprocamente consideradas são classificadas em principais e acessórias.
Principais são as que subsistem por si e representam o fundamento da relação jurídica.
Acessórias são as que existem em razão das principais e surgem ou como consequência ou como complemento destas. 
OBRIGAÇÃO DE DAR
1 Aspectos gerais. As disposições legais sobre o Direito das Obrigações no Código Civil começam no artigo 233.
Trata-se de parte introdutória.
2 	Obrigação de dar
Tem como teor a entrega de uma coisa (móvel, imóvel, fungível ou infungível, divisível ou indivisível).
Implica transferir a propriedade, a posse ou apenas a detenção de alguma coisa.
A obrigação de dar tem por objeto da prestação: 1) dar propriamente dito – transferir a propriedade da coisa; 2) entregar – transferir a posse da coisa; ou 3) restituir – devolver a coisa ao credor, que assim recupera a posse sobre a mesma. 
Envolve unicamente Direito Pessoal.
Gera apenas crédito, não fazendo surgir por si só o Direito Real de propriedade sobre o bem.
Consiste na entrega de uma coisa: 
seja para lhe transferir a propriedade; 
seja para lhe ceder a posse; 
seja para restituí-la.
2.1 Obrigação de dar coisa certa – Coisa insubstituível, infungível. 
Abrange os acessórios – artigo 233, CC.
Determina-se: o gênero, a espécie
e a quantidade.
O devedor é o responsável devendo conservar a prestação pretendida pelo credor. 
Pode ocorrer de a coisa perecer antes da entrega (transferência), por culpa ou não do devedor.
 
Não havendo culpa do devedor: a obrigação se resolve – artigo 234, CC.
 Havendo culpa do devedor: responderá pelo equivalente + perdas e danos – artigo 234, parte final, CC.
Deteriorada a coisa, sem culpa do devedor, poderá o credor: resolver a obrigação OU aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu – artigo 235, CC.
Deteriorada por culpa do devedor poderá o credor exigir o equivalente, OU aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos – artigo 236, CC.
Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá – artigo 238, CC. 
 Caso o devedor seja culpado pela perda do objeto, responderá pelo equivalente, mais perdas e danos – artigo 239, CC. 
 O artigo 240, CC, refere-se à coisa restituível, em caso de deterioração com ou sem culpa do devedor.
2.2 Obrigação de dar coisa incerta
É aquela definida pelo gênero e quantidade – artigo 243, CC. É substituível.
 O credor não pretende aquele bem na posse ou propriedade do credor, mas o gênero.
 Se o bem na posse do devedor perece ou deteriora a ele incumbe substituí-lo – artigo 246, CC.
 Escolha: artigo 244, CC -> cabe, em princípio, ao devedor. 
O devedor compromete-se a entregar ao credor uma coisa NÃO considerada na sua individualidade, mas segundo o gênero e a quantidade.
Consiste em dar ou restituir coisa fungível, que admite substituição (por outra de igual valor, qualidade e quantidade).
Artigo 243, CC: A coisa incerta será indicada,ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
Podem as partes estipular a quem cabe a escolha. Se nada for estabelecido quanto a isso, caberá ao devedor.
 Artigo 246, CC: Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
 Feita a escolha, os bens escolhidos tornam-se coisas certas e a obrigação passa a ser regida pelas regras das obrigações de dar coisa certa. 
OBRIGAÇÃO DE FAZER
É a que sujeita o devedor a uma prestação positiva em favor do credor. Revela-se em uma ação ou em uma atividade do devedor, comumente representada na prestação de atividade intelectual ou física.
Envolve ação humana.
 Trata-se de prestação de fato.
Exemplos: Construir uma casa. Escrever um livro.
“É o campo das prestações de serviços, dos contratos de trabalho, dos contratos de empreitada, dos contratos de depósito, dos transportes, dos direitos autorais, das comunicações, informações, inclusive mediante internet.” 
(LOBO, Paulo).
Diferença entre obrigação de fazer e de dar: na prática, descumprida a obrigação de fazer, o devedor, em regra, responde por perdas e danos. 
Na de dar, pode ser compelido a entregar o objeto à força. 
Infungível é a obrigação de fazer personalíssima, que só pode ser cumprida pelo próprio devedor.
 Fungível quando pode ser realizada por qualquer pessoa indicada pelo devedor, ou por ele mesmo.
Se infungível a obrigação, recusando-se o devedor a prestar o que lhe cabe, deverá indenizar perdas e danos – artigo 247, CC.
Se fungível, será livre ao credor mandar executá-lo (o fato) à custa do devedor, sem prejuízo de indenização cabível – artigo 249, CC.
Tornando-se o fato impossível de ser realizado, sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação. Havendo culpa, responde por perdas e danos – artigo 248, CC.
Formas de não cumprimento das obrigações de fazer: 1º) impossibilidade de cumprimento da prestação; e 2º) negação de cumprir o que foi convencionado.
Se o devedor se negar a cumprir a obrigação ou estiver em mora, o credor tem o direito de determinar que terceiro execute a prestação. Esta obrigação de fazer é denominada fungível.
 Artigo 249, CC: Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. 
O descumprimento da prestação também pode ocorrer pela recusa do devedor.
 Se a recusa tratar-se de obrigação fungível, aplica-se o artigo 249, CC. Se a recusa tratar-se de obrigação infungível, aplica-se o artigo 247, CC.
Artigo 249, parágrafo único, CC: Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. Cabe em casos de obrigação não personalíssima.
-	Regra: fungibilidade da prestação.
	Excepcionalmente será considerada a infungibilidade do objeto na obrigação de fazer. 
	- O artigo 247, CC: Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. 
	O Direito pátrio admite a figura das astreintes: possibilidade de arbitramento de valor de multa diária, forçando-se o devedor ao cumprimento da prestação por ele assumida (observando-se o CPC).
OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
Aquela em que o devedor compromete-se a não praticar determinados atos em benefício do credor ou de terceiro.
 Em princípio, resulta de acordo contratual, de lei ou de decisão judicial. 
 A obrigação de não fazer repercute no direito à liberdade da pessoa – artigo 5º, caput, CF. Não admite-se que essa obrigação seja constituída com conteúdo genérico, ou com prazo de alcance indeterminados, ou que violem direitos e garantias fundamentais.
Exemplos: não poder se casar. Não poder sair do município. Não trabalhar.
-	Na obrigação de não fazer o devedor compromete-se a uma abstenção.
-	A prática de ato contrário ao seu compromisso caracteriza o inadimplemento.
-	Exemplos: B se obriga a não vender sua casa, a não ser ao seu credor, A.
-	A compromete-se a não construir prédio com altura superior a três andares no seu terreno.
 
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
Conceito - São aquelas com pluralidade de credores (solidariedade ativa) ou de devedores (solidariedade passiva), cada um com direito, ou obrigação, à dívida toda.
Havendo, ao mesmo tempo, pluralidade de credores e devedores: solidariedade mista.
A solidariedade nunca é presumida – artigo 265, CC: A solidariedade resulta da lei ou da vontade das partes.
Na solidariedade existe uma relação jurídica externa: de um lado, credores, do outro, devedores. 
Uma relação jurídica interna: entre os co-credores e/ou entre os co-devedores.
Na relação jurídica externa: qualquer dos credores pode exigir o pagamento total de qualquer dos devedores. 	
Na relação jurídica interna: aquele que pagou o débito tem a faculdade de exigir o reembolso das quotas pelos coobrigados, e o credor que recebeu o pagamento total tem o dever de pagar aos co-credores as quotas que lhes cabem.
– A solidariedade caracteriza-se pela multiplicidade dos sujeitos ativos e/ou passivos da relação jurídica obrigacional, pela unidade da prestação e pela corresponsabilidade existente entre os interessados.
2	Solidariedade ativa – Tem vários credores. Exemplos: contas bancárias conjuntas, depósitos conjuntos em poupança. 
Cada um dos credores solidários tem o direito de exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro, independentemente da autorização dos outros credores ou de caução – artigo 267, CC.
O pagamento total do débito a um dos credores extingue a obrigação – artigo 269, CC.
Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar – artigo 268, CC.
3 	Solidariedade passiva – Quando, havendo multiplicidade de devedores, o credor pode exigir de qualquer destes o pagamento integral do débito. 
-	Há multiplicidade de patrimônios que responderão pela dívida, aumentando a segurança do credor. 
Na relação jurídica externa cada devedor é obrigado pela totalidade da dívida e, na relação jurídica interna, a lei lhe assegura o
direito ao reembolso das quotas alheias pagas, mediante ação regressiva.
Exemplos: 
de solidariedade passiva decorrente de acordo de vontades: Fiança e aval. A Faculdade financia o curso e exige fiador ou avalista – artigo 897, CC.
de solidariedade passiva resultante da lei: artigo 154, CC, artigo 104 (Lei n. 9.610/98) – venda de obra impressa de modo fraudulento. São responsáveis solidariamente o editor e o vendedor, entre outros. 
CESSÃO DE CRÉDITO
É o negócio jurídico bilateral, em virtude do qual o credor de uma obrigação transmite a terceiro (com todos os acessórios e garantias), a sua posição na relação contratual.
- Dá-se independentemente da anuência do devedor. 
Objeto: crédito.
A transferência pode ser total ou parcial.
O que cede: cedente. O terceiro: cessionário.
Com a cessão não ocorre alteração no conteúdo da obrigação original.
Não se criam novas obrigações. Há apenas transmissão das já existentes.
3 A cessão de crédito pode ser:
3.1 Onerosa ou gratuita – conforme o cedente tenha ou não pactuado contraprestação com o cessionário. Ver artigo 295, CC.
3.2 Voluntária, necessária (legal) ou judicial – CC, artigo 286, 1ª parte. 
a) voluntária – decorre da livre manifestação de vontade dos interessados. 	
b) necessária (ou legal) – Se derivar de lei. Exemplo: artigo 346, CC 
c) judicial – Se decorrer de sentença do juiz. Exemplo: adjudicação, aos credores, de um acervo, de sua dívida ativa. 
3.3 Total ou parcial – Total quando implica transferência de todo o crédito. Parcial, quando parte do crédito permanece com o cedente. 
4 Requisitos legais – Deve atender, para sua validade, aos requisitos do artigo 104, CC. 
A Cessão representa ato de disposição -> o crédito deixa de pertencer ao cedente para integrar o patrimônio do cessionário.
Se o cedente for representado por procuração no ato de cessão de crédito: imprescindível instrumento de Mandato com poderes especiais e expressos ao mandatário – artigo 661, § 1º, CC.
 Se o cedente for incapaz: necessidade de autorização judicial. 
CESSÃO DE DÉBITO
ASPECTOS GERAIS
Também chamada de Assunção de Dívida.
Trata-se de negócio em que o devedor transfere para terceiro sua posição na relação jurídica obrigacional – artigo 299, CC.
Implica transferência da dívida.
Muda apenas a pessoa do devedor.
É indispensável a concordância do credor – artigo 299, CC. 
Artigo 568, III, CPC: enumera os sujeitos passivos da execução, incluindo entre eles o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante de título executivo.
É negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com anuência expressa do credor, transfere a terceiro, que o substitui, os encargos obrigacionais, responsabilizando-se pela dívida (GONÇALVES, Roberto). 
Ocorrendo a assunção, o devedor originário se libera da obrigação, salvo se o terceiro que assumiu a dívida era insolvente à época da transferência do débito e o credor não tinha conhecimento disso – artigo 299, CC.
Exemplo: cessão de financiamento para aquisição da casa própria, em que A, que estabeleceu Contrato de Mútuo com a CEF, transfere para um terceiro, C, o ágio. 
2 	CARACTERÍSTICAS E PRESSUPOSTOS
- 	O que caracteriza a assunção da dívida é o fato de determinada pessoa – física ou jurídica – obrigar-se perante o credor a efetuar prestação devida por outra.
ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
1 	ASPECTOS GERAIS
 	O dever jurídico imposto ao devedor, em favor do credor, na relação obrigacional pode ser cumprido direta ou indiretamente, voluntária ou involuntariamente.
 	O cumprimento da obrigação (pagamento ou solução do débito), é a execução da prestação pelo devedor na forma estabelecida no ato jurídico ou na lei, de acordo com as normas fixadas quanto ao modo, tempo e lugar de sua realização (WALD, 2010, p. 80).
Pagamento direto – quando ocorre a execução voluntária da obrigação, cumprida exatamente como estipulada. Pagamento indireto – quando a obrigação não se extingue pela forma previamente estabelecida, mas por outros modos:
a)	Dação em pagamento – entrega de objeto diferente do prometido (troca). Artigo 356, CC – há aceitação de prestação diversa da que fora estipulada. Ex: pagamento de crédito pecuniário com um bem. 
b)	Novação – É a conversão de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira. Surge uma nova obrigação. Exemplo: devedor de juros não pagos ajusta com seu credor de incorporá-los no capital.
c) 	Compensação – extinção do débito do devedor em favor do credor em virtude da existência de outro do credor em favor do devedor.
d)	Transação – acordo entre as partes objetivando resolver a obrigação.
e) 	Confusão – quando confundem-se na mesma pessoa as qualidades de credor e devedor.
f) 		Remissão – perdão da dívida. 
Impossibilidade de cumprimento do dever jurídico havendo caso fortuito ou força maior: hipóteses de extinção da obrigação.
Havendo inadimplemento injustificado o credor pode recorrer ao procedimento judicial ou arbitral, forçando o devedor a adimplir a obrigação.
DO ADIMPLEMENTO
 	Uma das principais características do direito obrigacional é a temporalidade.
 	Adimplemento constitui na quitação do débito extinguindo a obrigação.
 	O adimplemento é a realização do conteúdo da obrigação. Havendo descumprimento: direito do credor incide sobre o patrimônio do devedor.
O adimplemento abrange todos os modos – diretos e indiretos – de extinção da obrigação.
3 PAGAMENTO – É a execução (cumprimento) voluntária da obrigação, por parte do devedor. 
No momento em que se der o cumprimento de uma relação obrigacional, operar-se sua extinção. 
 	O devedor só se desobriga da obrigação assumida quando satisfaz à prestação ao credor no tempo, modo e lugar determinados.
4 		DE QUEM DEVE PAGAR
 	O principal interessado no pagamento da dívida é o devedor. 
 	O mais comum é que o pagamento seja efetuado pelo devedor. 
 	Pode haver terceiro interessado no pagamento da obrigação: avalista, fiador, herdeiro, adquirente de imóvel hipotecado, entre outros. 
Sendo obrigação personalíssima pode o credor recusar-se a aceitar o pagamento oferecido por um terceiro.
Artigo 304, CC: Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Pode ainda o pagamento ser efetuado por terceiro não interessado – parágrafo único, artigo 304, CC. 
Artigo 305, CC: O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.
DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR
 
O pagamento deve ser efetuado ao credor ou a quem de direito o represente com poderes, ao herdeiro ou ao cessionário (em casos de cessão de crédito).
 É necessário saber a quem se deve pagar. 
 As formas de representação do credor: convencional, legal e judicial.
 	Convencional: ocorre por meio de mandato outorgado pelo credor.
 Legal: aquela a quem a própria lei confere para administrar bens alheios.
Judicial: quando o representante é nomeado pelo juiz.
O pagamento realizado de boa-fé ao credor putativo libera o devedor – artigo 309, CC.
Credor putativo é o mesmo que credor aparente.
 O pagamento não é válido se for cientemente feito a credor incapaz de quitar, porém, se provado que revestiu-se em favor do incapaz, cessa a ineficácia – artigo 310, CC.
 O portador da quitação está autorizado a receber o pagamento – artigo 311, CC. 
DO OBJETO DO PAGAMENTO E DA SUA PROVA
 O credor não será obrigado a receber prestação diversa da que foi acordada.
 Artigo 314, CC: se não foi convencionado, o devedor não pode desobriga-se em parte.
 As dívidas em dinheiro: devem ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal – artigo 315, CC.
 	Pode haver revisão judicial dos pagamentos quando existir desproporção entre a prestação devida e o momento do pagamento, objetivando-se assegurar o valor real
da prestação – artigo 317, CC. 
 	Motivos imprevisíveis podem suscitar essa situação de desproporcionalidade. 
 	Cabe ao juiz corrigir o valor a pedido do interessado. 
 	Aplica-se o princípio da onerosidade excessiva, evitando-se o enriquecimento injusto.
 	Artigo 318, CC: o pagamento é considerado nulo se for realizado em ouro ou em moeda estrangeira. 
 	Excetuados os casos previstos na legislação especial.
 	O devedor tem direito à quitação – artigo 319, CC.
 	A quitação deverá conter as exigências expressas no artigo 320, CC.
 	O recibo é meio que comprova o pagamento da obrigação.
O credor deve provar o cumprimento da obrigação.
 Os débitos representados por título e tendo este se perdido, pode o devedor exigir do credor declaração que inutilize o título perdido – artigo 321,CC.
 Se o pagamento for em quotas periódicas observar o artigo 322, CC.
 O devedor, se detentor do título, firma a presunção do pagamento – artigo 324, CC. 
 	O credor – no caso do artigo 324, CC – terá 60 dias para provar a falta de pagamento.
As despesas de pagamento e quitação deverão ser arcadas pelo devedor – artigo 325, CC. 
7 	DO LUGAR DO PAGAMENTO
Artigo 327, CC: obrigações quesíveis – o credor deverá receber o pagamento no domicílio do devedor.
Obrigações portáveis – o pagamento deverá ser feito no domicílio do credor.
 Por domicílio compreende-se sempre o atual.
 O pagamento deverá ser feito no domicílio do devedor se não tiver sido convencionado diferente, ou se o contrário resultar da lei ou da natureza da obrigação – artigo 327, CC.
 Havendo dois ou mais lugares, cabe ao credor a escolha.
 Artigo 328, CC: refere-se ao pagamento afeto a imóvel.
 	Em caso de motivo grave, pode o devedor efetuar o pagamento em outro lugar, sem prejuízo para o credor – artigo 329, CC 
	O pagamento reiterado feito em outro local presume renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato – artigo 330, CC.
8 	DO TEMPO DO PAGAMENTO
 	Tanto ao devedor quanto ao credor interessa conhecer a data do pagamento.
 	O credor poderá exigir o pagamento imediatamente, caso não tenha sido ajustada época – artigo 331, CC.
 	O pagamento deve dar-se no vencimento da obrigação. O credor não pode exigi-lo ANTES do vencimento do prazo.
 O credor poderá cobrar a dívida antes do prazo vencido – hipóteses do artigo 333, CC.
 Estando a eficácia do negócio jurídico a depender da ocorrência de fato futuro e incerto (condição), a cobrança da dívida deve aguardar seu implemento (da condição), e a lei impõe ao credor a prova de que o devedor teve ciência de que ocorreu tal evento.
PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO
Modo do devedor exonerar-se do vínculo obrigacional.
 É um direito concedido por lei ao devedor.
 Artigo 344, CC: Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais.
 No CPC: Ação de Consignação em Pagamento – artigo 890. 
O devedor promove o depósito da prestação, exonerando-se da obrigação junto ao credor.
É meio indireto de pagamento. 
Tem que haver uma relação de crédito para justificá-la.
Exige-se: uma relação jurídica obrigacional e recusa ou impossibilidade do credor em receber a prestação.
 Hipóteses de cabimento: artigo 335, CC.
 Se o credor se recusar a dar quitação na prestação, ou quando constituído em mora, o devedor, por meio de amparo legal, pode desobrigar-se do cumprimento da prestação devida, consignando-a.
- 	O depósito equivale ao pagamento.
 	O lugar da consignação – artigo 337, CC: O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente.
PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
1 CONCEITO DE SUB-ROGAR – Significa substituir, colocar pessoa ou coisa no lugar da outra.
2 SUB-ROGAÇÃO REAL – quando uma coisa é substituída por outra, e garante ao credor os mesmos direitos que detinha sobre a coisa substituída.
- Exemplo: substituição do imóvel gravado de impenhorabilidade convencional por outro, em razão de autorização judicial.
SUB-ROGAÇÃO PESSOAL – quando há a substituição de uma pessoa por outra.
Há transferência da qualidade creditória em favor da pessoa que cumpriu a prestação de outrem ou emprestou o necessário para esse cumprimento.
Exemplo: Fiador efetua o pagamento ao credor em razão do inadimplemento do devedor. Sub-roga-se ao substituir o credor original.
 Outra situação de sub-rogação pessoal: avalista que paga a dívida representada por nota promissória e executa o emitente do título de crédito que deixou de honrá-lo.
4 SUB-ROGAÇÃO LEGAL – Decorre da lei.
- Dá-se nas hipóteses taxativas do artigo 346, I, II, e III, CC: 
I – credor que paga a dívida do devedor comum – o mesmo devedor tem duas ou mais dívidas com dois ou mais credores, e um destes decide pagar uma das obrigações do devedor comum, a outro credor. 
 A deve R$ 100,00 a B e R$ 200, 00 a C. B paga, no lugar de A, os R$ 200,00 a C. A sub-roga-se no crédito de C, mantendo inalterado seu crédito anterior.
II -	adquirente do imóvel hipotecado que paga a credor hipotecário – aquele que adquire bem imóvel, objeto de garantia hipotecária, e que faz a respectiva remição (resgate),fica sub-rogado nos direitos de crédito do credor que foi satisfeito, tornando-se o novo credor.
III - 	terceiro que efetua o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel – trata-se de novidade no Código Civil. 
IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
Situação fática: A é de devedor de B relativamente a duas diferentes obrigações – deve aluguel do imóvel no valor de R$ 600,00 e R$ 600,00 de empréstimo, representado por título sem força executiva. 
Se A oferecer o pagamento para ambas as dívidas, as obrigações se extinguem.
 Mas, se A apresentar a B o pagamento de R$ 600,00, qual das dívidas será considerada paga? 
 	Pode ser que B tenha interesse de receber a dívida menos segura (aluguel), já A interessa pagar a mais onerosa para ele (título).
 	Surge um conflito de interesses entre A e B.
 	A Imputação do Pagamento objetiva resolver tal conflito, estabelecendo uma prevalência entre credor e devedor, atribuindo a um deles o poder de escolha. 
1 CONCEITO – Imputar tem o sentido de atribuir.
É o modo de determinação do pagamento quando houver, entre o mesmo devedor e o mesmo credor, duas ou mais obrigações com prestações fungíveis.
 Finalidade: dirimir eventuais dúvidas acerca do adimplemento de uma obrigação, dentre duas ou mais, entre os mesmos sujeitos da relação jurídica obrigacional. 
 A dúvida é prejudicial tanto às partes quanto a terceiros.
 É modo especial em que se atribui a faculdade de escolher, dentre as várias prestações de coisa fungível, devidas ao mesmo credor, pelo mesmo devedor, qual das dívidas satisfazer (GAMA, Guilherme C. N. da).
2 REQUISITOS:
- Para que possa ser feita a Imputação do Pagamento exige-se:
• A existência de, ao menos, duas dívidas (pluralidade);
• A identidade de sujeitos das relações obrigacionais no mesmo polo – um só credor e um só devedor;
• A presença de obrigações da mesma natureza – exemplo: dívidas em dinheiro – desde que líquidas e vencidas;
O pagamento suficiente para extinguir, ao menos, uma das dívidas. 
A prestação efetuada pelo devedor deve ser suficiente para extinguir uma das obrigações, mas não a(s) outra (s).
INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
1 Conceito – É o não cumprimento da obrigação ou o seu cumprimento fora do tempo, lugar ou forma pactuada.
Artigo 389, CC: Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. 
Artigo 391, CC: Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. 
2 ESPÉCIES:
2.1	Inadimplemento absoluto – É a inexecução total da obrigação.
Ocorre quando o devedor não cumpre sua prestação no modo, local ou tempo devidos, culposamente e inexistindo possibilidade de retorno à normalidade
da relação obrigacional.
Haverá dever de indenizar. 
2.2 Inadimplemento Relativo – Quando a prestação, mesmo descumprida, ainda permanece útil ao credor. 
Exemplo: Locatário paga o aluguel no dia seguinte ao seu vencimento. 
2.3	 Inadimplemento Voluntário – Quando houver culpa do devedor.
2.4 Inadimplemento Involuntário – Quando não houver culpa do devedor. 
3 Consequências:
3.1 Inadimplemento relativo involuntário ou absoluto involuntário – Não havendo culpa do devedor, o credor não tem direito à indenização. 
-	Não há perdas e danos.
-	Considera-se que ocorreu caso fortuito ou força maior – artigos 393 e 396, CC. 
3.2 Inadimplemento Absoluto voluntário – Havendo culpa do devedor, o credor tem direito de ser indenizado pelas perdas e danos que sofreu + juros e atualização monetária + honorários advocatícios – artigo 389, CC.
3.3 Inadimplemento Relativo voluntário (mora). 
Temos:
Mora do devedor – quando este não realiza o pagamento no tempo, lugar e forma convencionados.
Mora do credor – Quando este se recusa, injustificadamente, a receber o pagamento (o devedor poderá consignar o pagamento). 
DA CLÁUSULA PENAL
Artigos 408 a 416, CC.
É a obrigação acessória (pecuniária ou não), fixada pelos contratantes, devendo ser cumprida caso haja inadimplemento da obrigação principal.
Finalidade: assegurar o fiel cumprimento da obrigação, desestimular o inadimplemento e estabelecer antecipadamente perdas e danos.
São perdas e danos prefixadas que não precisam ser provadas, bastando seja demonstrado o descumprimento do contrato.
A nulidade da cláusula penal não implica nulidade da obrigação, porém a nulidade da obrigação implica nulidade da cláusula penal. 
O valor da cláusula penal não pode exceder ao da obrigação principal – artigo 412, CC.
Pode ser:
 	Compensatória – para o caso de inadimplemento completo da obrigação.
É assegurado ao credor o direito de exigir o cumprimento da prestação devida ou a aplicação da cláusula penal.
Substitui as perdas e danos. 
b) 	Moratória – Fixada caso haja o retardamento relativo ao cumprimento da obrigação.
Neste caso o credor pode exigir, conjuntamente, a realização da prestação e da cláusula penal.
Será cumulada com o cumprimento da prestação.
ARRAS OU SINAL
 	Constitui quantia em dinheiro ou coisa móvel dada por uma das partes à outra, em garantia de conclusão de um contrato.
 	As Arras têm natureza real e só existem com a tradição do objeto.
 	Podem ser:
 	Confirmatórias – é a regra. São a confirmação, a prova de que o contrato realmente foi firmado pelas partes.
-	Se dadas em dinheiro, são consideradas princípio de pagamento – artigo 417, CC. 
 	O contrato torna-se irretratável e não haverá direito de arrependimento.
Penitenciais – é Exceção. Devem estar estipuladas em contrato – são perdas e danos que garantem o direito de arrependimento dos contratantes. 
Aquele que as deu, arrependendo-se, perde-as em favor do outro. 
Aquele que as recebeu, arrependendo-se, devolve-as .
Em ambos os casos NÃO cabe indenização suplementar – artigo 420, CC.

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