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Tecnologias de aplicação de pinturas e patologias em 
paredes de alvenaria e elementos de betão
Francisco Pedro Ferreira Maria Marques
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Júri
Presidente: Prof. Albano Luís Rebelo da Silva Neves e Sousa
Orientador: Prof. Fernando António Baptista Branco 
Vogais: Prof. João Paulo Janeiro Gomes Ferreira
 
Maio 2013
Resumo
iii
 
 Resumo
As pinturas de edifícios são um dos tipos de revestimento mais usados na construção civil, 
designadamente em Portugal, facto para que muito contribuem os custos competitivos, assim como 
o seu desempenho positivo.
Na presente dissertação começa por fazer-se um enquadramento histórico sobre o uso das 
pinturas, abordando as origens das tintas primitivas, e as diversas evoluções sofridas até aos dias 
de hoje, nomeadamente em relação aos seus constituintes, tecnologias de produção, técnicas de 
aplicação e tipos de utilização. Seguidamente faz-se uma descrição geral das tintas, a descrição 
individual dos seus componentes das suas origens e funções na mistura. São abordados os 
mecanismos de formação de película, as principais tintas existentes no mercado, sendo apresentada 
uma classificação geral das mesmas com base nos seus constituintes e respectivas características.
Em seguida faz-se a descrição das principais tecnologias de aplicação de tintas usadas 
actualmente para executar pinturas em paredes de alvenaria rebocadas e elementos de betão, 
bem como de todos os factores envolventes que condicionam directa ou indirectamente o resultado 
final da pintura, entre os quais estão a preparação das superfícies, esquemas de pintura, modos de 
execução e materiais a utilizar.
Por fim, é elaborada uma descrição das principais patologias que afectam os revestimentos 
por pintura, respectivas causas e soluções, cujo resumo é apresentado em anexo, juntamente com 
um modelo de ficha de inspecção.
Palavras-chave: Pintura, Tinta, Revestimento, Patologia.
Abstract
v
 Abstract
The buildings paintings are one of the most commonly used coatings in construction, particularly 
in Portugal, and for that much contributes their very competitive costs, as well as their positive 
performance.
This dissertation will build a framework on the historical use of paintings, addressing the origins 
of primitive paints, and the several evolutions suffered until now, particularly in relation to their 
constituents, production technologies, application techniques and types of use. It will than explain an 
overview of the paints, the individual description of the components and their origins and functions 
in the mixture. Afterwards the mechanisms of film formation and the main paints available on the 
market are addressed, being presented a general classification of them, based on their constituents 
and respective characteristics.
Then it will be presented the description of the main technologies currently used in paint 
application, to execute paintings on plastered masonry walls and concrete elements, as well as all 
surrounding factors that directly or indirectly affect the outcome of the painting, among which there 
are surface preparation, painting schemes, implementation modes and materials to use.
Finally, the dissertation will present a description of the main pathologies affecting the paint 
coatings, their causes and solutions, a summary of which is attached, along with a model of the 
inspection sheet.
Keywords: Painting, Paint, Coating, Pathologies.
vii
Agradecimentos
 Agradecimentos
Ao concluir o presente trabalho, não poderia deixar de agradecer a todos aqueles que 
de alguma forma contribuíram para a sua realização.
Ao meu orientador, Professor Fernando Branco, o meu sincero agradecimento pela 
disponibilidade e apoio que sempre demonstrou e pelos sábios conselhos dados, sem os 
quais não teria sido possível elaborar este trabalho.
À Engenheira Paula Rodrigues, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, agradeço 
a preciosa ajuda, disponibilidade e espirito de partilha sempre que a solicitei.
À Associação Portuguesa de Tintas, na pessoa da Dra. Manuela Cavaco, pelo material 
disponibilizado, bem como pela simpatia e confiança demonstradas.
À Tia Lúcia pela grande ajuda na paginação e composição gráfica.
Aos meus amigos pelo permanente apoio, amizade e incentivo.
Aos meus pais e irmã, pelo apoio, motivação e pela paciência que tiveram ao longo de 
todo o percurso académico e particularmente nesta fase final.
ix
Índice geral
Resumo ........................................................................................................................ iii
Abstract ........................................................................................................................ v
Agradecimentos .......................................................................................................... vii
Índice ............................................................................................................................ ix
Índice de tabelas ......................................................................................................... xi
Índice de figuras .......................................................................................................... xi
1. Introdução ..................................................................................................... 1
1.1. Âmbito e Enquadramento ............................................................................. 1
1.2. Breve História das Tintas .............................................................................. 1
1.3. Objectivos ..................................................................................................... 4
2. Tintas/Pinturas ............................................................................ .................. 5
2.1. Composição das tintas ................................................................................. 5
2.1.1. Óleos sicativos. ............................................................................................... 7
2.1.2. Resinas .......................................................................................................... 9
2.1.3. Pigmentos ......................................................................................... ............ 16
2.1.4. Cargas .............................. ............................................................................. 21
2.1.5. Solventes e diluentes............ .......................................................................... 22
2.1.6. Aditivos ........................................................................................................... 24
2.2. Características das tintas .............................................................................. . 26
2.2.1. Concentração volumétrica de pigmentos (CVP) .............................................. 26
2.2.2. Compostos orgânicos voláteis (COV) ............................................................ 27
2.3. Mecanismos de formação da película ........................................................... 27
2.3.1. Oxidação (termofixa) . ..................................................................................... 28
2.3.2. Evaporação do solvente (termoplástica)........................................................ 29
2.3.3. Reticulação química (termofixa) ..................................................................... 29
2.4. Principais tipos de tintas ................................................................................ 30
2.4.1. Tipos de tintas .................................................................................................30
2.4.2. Classificação das tintas ................................................................................. 32
Índice geral
x
 3. Tecnologias de aplicação de tintas .......................................................... 35
3.1. Escolha do produto a aplicar ............................................................................ 35
3.1.1. Identificação do ambiente envolvente............................................................. 36
3.1.2. Outros aspectos a considerar ......................................................................... 40
3.1.3. Critérios de selecção dos produtos de pintura................................................ 41
3.2. Preparação de superfícies ................................................................................ 42
3.2.1. Métodos usuais de preparação de superfícies ............................................... 42
3.2.2. Preparação de superfícies de alvenaria ......................................................... 45
3.2.3. Preparação de superfícies de betão ............................................................... 47
3.3. Aplicação dos produtos de pintura ................................................................... 49
3.3.1. Esquemas de pintura ...................................................................................... 50
3.3.2. Métodos de aplicação ..................................................................................... 52
3.3.3. Modo de execução.......................................................................................... 66
3.4. Segurança ...................................................................................................... 68
3.4.1. Equipamentos de protecção individual (EPI) .................................................. 68
4. Patologias em revestimentos por pintura .................................................. 71
4.1. Principais causas ............................................................................................. 71
4.2. Patologias consoante as fases em que podem ocorrer .................................. 75
4.2.1. Patologias durante a armazenagem da tinta .................................................. 75
4.2.2. Patologias na fase de aplicação ..................................................................... 79
4.2.3. Patologias na fase de vida útil ........................................................................ 89
5. Conclusão e desenvolvimentos futuros ....................................................105
5.1. Conclusões .........................................................................................................105
5.2. Desenvolvimentos futuros ..................................................................................107
Bibliografia ...................................................................................................................... 109
Sites consultados ............................................................................................................111
Anexos ............................................................................................................................. 113
xi
Índice de tabelas / Índice de figuras
ÍNDICE DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Tipos de Aditivos ......................................................................................................................... 25
Tabela 2 – Classificação da agressividade ambiente .................................................................................... 40
Tabela 3 – Lixagem ....................................................................................................................................... 44
Tabela 4 – Tamanhos dos bicos das pistolas ................................................................................................ 63
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – A mais antiga pintura rupestre conhecida ................................................................................... 1
Figura 2 – Pintura rupestre ........................................................................................................................... 2
Figura 3 – Pigmentos .................................................................................................................................... 3
Figura 4 – Principais componentes de uma tinta .......................................................................................... 6
Figura 5 – Composição da tinta, em volume ................................................................................................ 7
Figura 6 – Película húmida e película seca .................................................................................................... 7
Figura 7 – Sementes de linho ........................................................................................................................ 8
Figura 8 – Óleo de linhaça ............................................................................................................................. 8
Figura 9 – Pigmentos .................................................................................................................................... 16
Figura 10 – Relação de CVP com algumas propriedades da película [2] ....................................................... 26
Figura 11 – Mecanismo de formação da película .......................................................................................... 28
Figura 12 – Tintas de base aquosa [12] ......................................................................................................... 31
Figura 13 – Tintas diversas ............................................................................................................................ 33
Figura 14 – Raspador oval ............................................................................................................................. 43
Figura 15 – Raspador triangular .................................................................................................................... 43
Figura 16 – Tintas em utilização .................................................................................................................... 51
Figura 17 – Trinchas e pincéis ........................................................................................................................ 53
Figura 18 – Trincha ...................................................................................................................................... 53
Figura 19 – Componentes de rolos de pintura .............................................................................................. 56
Figura 20 – Rolo de lã .................................................................................................................................... 57
Figura 21 – Rolo de espuma .......................................................................................................................... 58
Figura 22 – Tabuleiros .................................................................................................................................... 59
Lucia Belo
Typewritten Text
Lucia Belo
Typewritten Text
Lucia Belo
Typewritten Text
Índice de figuras
xii
Figura 23 – Pistola de alimentação por aspiração ......................................................................................... 61
Figura 24 – Pistola de alimentação por gravidade ......................................................................................... 61
Figura 25 – Pistola de alimentação por pressão ............................................................................................ 61
Figura 26 – Manuseamento da pistola .........................................................................................................65
Figura 27 – Pintura de tecto .......................................................................................................................... 67
Figura 28 – EPI’s ...................................................................................................................................... 69
Figura 29 – Óculos de protecção ................................................................................................................... 69
Figura 30 – Protector facial c/viseira ............................................................................................................. 69
Figura 31 – Máscara de pintura ..................................................................................................................... 69
Figura 32 – Máscara com filtros de carbografite ........................................................................................... 70
Figura 33 – Luvas de protecção ..................................................................................................................... 70
Figura 34 – Espessamento ............................................................................................................................. 76
Figura 35 – Ataque ... ..................................................................................................................................... 79
Figura 36 – Bicos de alfinete .......................................................................................................................... 80
Figura 37 – Casca de laranja .......................................................................................................................... 81
Figura 38 – Encosturado ................................................................................................................................ 81
Figura 39 – Enrugamento .............................................................................................................................. 82
Figura 40 – Escorridos ................................................................................................................................... 84
Figura 41 – Formação de crateras ................................................................................................................. 86
Figura 42 – Máscara de trincha ..................................................................................................................... 86
Figura 43 – Descoloração .............................................................................................................................. 90
Figura 44 – Destacamento devido a humidade por capilaridade .................................................................. 91
Figura 45 – Destacamento ............................................................................................................................ 91
Figura 46 – Eflorescências ............................................................................................................................. 92
Figura 47 – Empolamento ............................................................................................................................. 94
Figura 48 – Fissuração ................................................................................................................................... 96
Figura 49 – Pulverulência .............................................................................................................................. 101
Figura 50 – Retenção de sujidade .................................................................................................................� 103
Introdução
1
1. Introdução
1.1. Âmbito e Enquadramento
As pinturas de edifícios constituem um dos diversos tipos de revestimento que pode ser usado 
na construção civil, para obter acabamentos com aspecto visual agradável, mas também para 
protecção das superfícies. Os materiais de pintura, bem como as matérias-primas usadas no seu 
fabrico, devem obedecer a critérios técnicos definidos na norma internacional ISO 4618 [1].
“É tradição no nosso país que os paramentos exteriores dos edifícios possuam cor, recorrendo- 
-se à aplicação de tintas inicialmente de natureza inorgânica. Com o desenvolvimento da indústria 
química no século XX surgiram tintas com ligantes poliméricos, primeiro de origem natural e mais 
tarde sintéticos. Actualmente, está disponível no mercado, uma diversidade de tintas com uma 
paleta de cores muito diversificada e que conferem às superfícies aspectos variados: liso, texturado, 
brilhante, mate” [2].
As tintas são materiais amplamente utilizados na construção civil, para revestimento de 
superfícies. Para este facto, muito contribuem os custos competitivos que estas apresentam, 
quando comparadas com outros materiais de revestimento, aliados a uma contínua evolução 
tecnológica dos componentes empregues no seu fabrico, bem como dos métodos de fabrico e de 
aplicação usados.
1.2. Breve História das Tintas
A utilização de tintas/pinturas pelo Homem remonta ao Período Paleolítico, quando os homens 
primitivos começaram a pintar figuras nas paredes das cavernas para fins decorativos [3], embora 
a utilização de pinturas por razões estéticas tenha origem na Idade da Pedra, muito antes do 
Homo Sapiens, provavelmente para pintar os corpos durante os rituais de caça, cerimónias e outros 
eventos sociais [4].
As pinturas rupestres eram feitas com 
recurso a tintas à base de gordura de animais e 
terras ou argilas coradas, como os ocres. Estas 
tintas aplicadas em interiores ficavam protegidas 
das intempéries, estando ainda hoje preservadas, 
as mais antigas no sul de França [3]. A mais antiga 
pintura rupestre conhecida (figura 1) terá 35 000 
anos [4].
Figura 1 – A mais antiga pintura rupestre conhecida [4]
2
Introdução
Já então, os constituintes de base de uma tinta eram um ligante (gordura animal) e um pigmento 
corado [3]. Os produtos utilizados no fabrico de produtos de pintura foram evoluindo através dos 
tempos, principalmente para satisfazer as exigências artísticas do ser humano [5], vindo a originar 
produtos que hoje apresentam um elevado grau de sofisticação [3].
Cerca de 4 000 anos a.C., os europeus começaram a 
usar as primeiras tintas para construção civil: queimavam 
pedra calcária, misturavam-na com água e aplicavam a 
cal resultante às suas casas de barro para as protegerem 
e decorarem [3].
Nesta altura já os chineses tinham desenvolvido a 
arte da fabricação de lacas, a partir de seiva de árvores, 
para diversas aplicações, incluindo como revestimentos 
de protecção, sendo os verdadeiros antecessores dos 
revestimentos modernos. A laca preta, fabricada a 
partir da resina da árvore Rhus Vernicifera, era usada 
para ornamentar objectos considerados extremamente 
valiosos, símbolos da aristocracia na China e no Japão. 
Esta arte só veio a ser introduzida na Europa pelos 
mercadores da Idade Média [3].
Na Índia, da secreção de um insecto era extraída a goma-laca (shellac), usada na preparação 
de um verniz para proteger e embelezar objectos e superfícies de madeira [3].
No Egipto, o uso de vernizes e esmaltes a partir de cera de abelha, gelatina e argila, data de 
cerca de 3000 anos a.C.; posteriormente, revestimentos de barcos de madeira com pez e bálsamo 
à prova de água [6]. Nesta altura terá surgido o primeiro pigmento obtido por via sintética, o azul 
do Egipto (um silicato de cobre) [7]. Cerca de 1000 anos a.C. foram preparados vernizes a partir de 
goma arábica [6], que é uma resina natural utilizada como espessante e estabilizante.
À medida que as civilizações egípcia, grega e romana se desenvolviam, foram sendo 
introduzidos pigmentos de outras cores. No ano 400 a.C.foi produzida a primeira forma sintética do 
pigmento branco (carbonato de chumbo) e no ano 300 a.C. é descrita uma técnica de preparação 
de pigmentos por “alteração de cor provocada pela calcinação das terras coradas” [7].
Há cerca de 2000 anos, a civilização Maya usava um pigmento azul designado por azul Maya, 
à base de substâncias naturais, argila e índigo (derivado orgânico de uma planta). Este corante tem 
uma durabilidade notável ao fim de centenas de anos de exposição sob condições húmidas. Tem 
sido reportada a sua elevada resistência à biodegradação e à acção de ácidos, álcalis e solventes 
químicos [8].
Figura 2 – Pintura rupestre [3]
Introdução
3
Na Europa, do século IV ao século X eram usadas tintas de água, à base de cal e argilas para 
pinturas em igrejas e conventos [9].
A partir do século XII começam a chegar alguns pigmentos trazidos pelos mercadores [7], 
sendo nesta linha que surge a primeira utilização dos óleos vegetais sicativos para confecção das 
tintas usadas nas pinturas renascentistas e que aparecem os vernizes preparados com resinas 
vegetais, como a colofónia, resinas fossilizadas, como o âmbar, aos quais se juntavam essências 
voláteis como a essência de terebentina (um solvente obtido da destilação da resina do pinheiro) 
para reduzir a viscosidade das misturas e facilitar a sua aplicação [5].
 No século XVIII foi descoberto um pigmento azul, o azul da Prússia, cujo processo de obtenção 
foi mantido secreto durante duas décadas [7].
Só com a Revolução Industrial é que surgem na Europa as primeiras fábricas de produção de 
tintas que conquistaram o mundo devido ao rápido avanço tecnológico, que criou novos e vastos 
mercados, como a invenção do automóvel que constituiu o motor de desenvolvimento de novos 
revestimentos.[3] 
Foi apenas no século XX que se deu o grande incremento na indústria das tintas e vernizes, pela 
necessidade não só para fins artísticos mas também, e principalmente, para proteger os materiais 
[5]. Devido às novas formulações e processos de aplicação, as trinchas foram progressivamente 
substituídas pela pistola e os tempos de secagem encurtados, com a consequente aceleração do 
processo de pintura [3]. O rápido avanço da química e da tecnologia dos polímeros que tornou 
possível a elaboração de substâncias para a formulação de películas, bem como o desenvolvimento 
da química de pigmentos [9].
Nos últimos anos, a tecnologia de pinturas tem mudado drasticamente devido à publicação 
de regulamentos relacionados com o ambiente e a saúde e segurança dos operadores, como por 
exemplo regulamentos relacionados com partículas de pó de decapagem abrasiva, emissão de 
compostos orgânicos voláteis (COV) e materiais perigosos como o chumbo e outros metais pesados. 
Figura 3 – Pigmentos [10]
4
Introdução
Os fabricantes de tintas reformularam os seus produtos para cumprir com os novos regulamentos, 
o que conduziu ao desenvolvimento de uma larga gama de materiais de pintura de alta tecnologia, 
que são mais sensíveis à preparação das superfícies e às técnicas ambientais de aplicação [11].
A indústria de tintas investiu fortemente na investigação e desenvolvimento de produtos com 
menor impacto no ambiente e na saúde humana, sendo necessário mudar a composição dos 
sistemas. O teor de solventes das tintas foi altamente reduzido, podendo ser apenas de 15% nas 
tintas de altos teores em sólidos, nas quais é aumentada a fracção de sólidos, mantendo constantes 
a viscosidade e as propriedades de aplicação. As tintas de base aquosa são muitas vezes usadas 
em substituição das de base solvente e alguns produtos são mesmo isentos de solvente, tais como 
as tintas em pó e as de cura UV [3].
Actualmente, as tintas, vernizes ou produtos similares são constituídos principalmente por 
matérias-primas obtidas industrialmente e são utilizados com diferentes objectivos, seja por razões 
de decoração ou para melhorar o aspecto estético de superfícies ou objectos, para a protecção 
do substrato, ou ainda por razões especiais como o melhoramento das condições ambientais 
ou de segurança na utilização ou a introdução de características específicas (resistência a 
microorganismos, resistência mecânica, resistência química, etc.) [5].
1.3. Objectivos
Com este trabalho pretende-se contribuir para identificar as causas dos defeitos/patologias e 
propor soluções para evitar/minimizar o seu aparecimento durante a vida útil das construções, e que 
em geral têm origem em procedimentos errados, más escolhas a nível de materiais ou defeituosa 
execução do revestimento.
5
Tintas e Pinturas
2. Tintas e Pinturas
As pinturas de edifícios constituem um dos diversos tipos de revestimento que pode ser usado na 
construção civil.
As tintas são materiais amplamente utilizadas na construção civil, para revestimento de superfícies. 
Para este facto, muito contribuem os custos competitivos que estas apresentam, quando comparadas 
com outros materiais de revestimento, aliados a uma contínua evolução tecnológica dos componentes 
empregues no seu fabrico, bem como dos métodos de fabrico e de aplicação usados.
A norma ISO 4618 define produto de pintura como “um produto líquido, em pasta ou em pó 
que, aplicado sobre um substrato, forma uma película protectora, decorativa e/ou outras propriedades 
específicas” [1].
Os produtos de pintura podem ser pigmentados ou não. No primeiro caso designam-se por 
tintas e caracterizam-se por darem origem a uma película opaca, que cobre totalmente o substrato. 
Quando o produto de pintura não possui pigmentação designa-se por verniz se “quando aplicada no 
substrato forma uma película sólida, transparente, dotada de propriedades protectoras, decorativas ou 
propriedades específicas” [2].
O revestimento por pintura é o resultado da aplicação de um esquema de pintura que consiste, 
segundo a norma ISO 4618, numa “combinação de camadas de material de pintura que são aplicadas 
num substrato”. O sistema pode ser caracterizado pelo número de camadas envolvidas, dando origem 
a revestimentos de monocamada ou de multicamada e sendo o produto aplicado como camada final 
designado por acabamento ou tinta de acabamento [1][2].
Quando se aplica um esquema de pintura num determinado substrato, pretende-se obter, após 
secagem, um revestimento multifuncional, isto é, um revestimento que proteja o substrato e que, 
simultaneamente, melhore o seu aspecto visual, ou que contribua para a melhoria das condições de 
iluminação no caso de recintos fechados, promovendo igualmente as suas condições de salubridade, 
etc.[2].
Existe hoje no mercado uma vasta oferta de produtos que permitem obter melhorias consideráveis 
nos revestimentos de pintura, seja com a finalidade de melhorar o aspecto estético das construções, 
seja para proteger o substrato ou ainda por razões especiais, como a melhoria das condições ambientais 
e de segurança, ou a introdução de características específicas, como a resistência a microorganismos, 
e a resistência mecânica ou física [2].
2.1. Composição das tintas
A norma ISO 4618 define tinta como “um produto de pintura pigmentado que, quando aplicado 
sobre um substrato, forma uma película opaca que tem propriedades protectoras, decorativas ou 
técnicas específicas” [1].
Tintas e Pinturas
6
O termo “tinta” refere-se a todos os materiais, líquidos ou em pó, que contendo resinas 
orgânicas, são usados como revestimento de qualquer tipo de superfície com fim decorativo, de 
protecção ou funcional [12].
Noutros contextos, o termo “tinta” é geralmente usado para distinguir formulações de 
revestimento líquidas de revestimentos em pó. Não interessa como o revestimento é curado, como 
é aplicado, que outros componentes contem, se é líquido ou pó ou se tem base em solventes,base 
aquosa ou é livre de solventes, será sempre chamada tinta [12].
Essencialmente, as tintas são compostas por duas fases: um extracto seco e um veículo volátil 
como representa o esquema da figura 4. Cada uma destas fases inclui diferentes componentes, 
que interagem física e quimicamente entre si, conferindo à tinta as propriedades necessárias para 
um bom desempenho [7].
As resinas, os pigmentos e os aditivos constituem a parte sólida numa tinta, designada 
por extracto seco, que pode ainda conter as cargas. O veículo volátil é o componente líquido da 
formulação, constituído por solventes e diluentes, que se evaporam durante o processo de secagem 
e cura [2].
No fundo, existem quatro componentes que estão presentes na maioria das tintas [12]:
 ● Resinas – também chamadas ligantes, veículos ou polímeros, formam a película de tinta. 
Sem uma resina não há revestimento. Esta função pode também dever-se ao uso de óleos 
sicativos.
 ● Pigmentos – proporcionam, entre outras funções, opacidade e cor à película aplicada, além 
de influenciarem muitas das suas propriedades, como a durabilidade, a resistência à corro-
são e a resistência ao fogo.
 ● Solventes – são usados na maioria das tintas líquidas; não são usados nas tintas em pó 
nem em algumas tintas líquidas que curam por acção da luz UV.
 ● Aditivos – são substâncias que podem ser adicionadas a uma tinta ou a uma película de 
tinta, normalmente em pequenas quantidades, para conferir determinadas características.
Figura 4 – Principais componentes de uma tinta
7
Tintas e Pinturas
Destes componentes, os solventes e as resinas estão presentes em maior quantidade, 
representando os restantes componentes uma 
pequena percentagem, conforme representa 
a figura 5.
 Uma tinta é preparada misturando 
uma determinada resina ou combinação de 
resinas, um solvente ou mistura de solventes 
e frequentemente aditivos e pigmentos. Esta 
mistura é feita segundo uma formulação 
específica, de modo que quando a tinta é 
aplicada e correctamente curada, irá possuir 
determinadas características de desempenho 
e apresentar propriedades físicas específicas, 
como dureza, cor, resistência à tracção e 
brilho [12].
 Como se exemplifica na figura 6, a 
proporção entre volume de sólidos (pigmento + ligante) e de líquidos na composição de um produto 
de pintura, aplicado com uma determinada espessura húmida, determina a espessura obtida após 
secagem [2].
Será feita em seguida uma abordagem do papel de cada componente e da forma como 
interagem uns com os outros, de forma a permitir obter uma tinta com as características desejadas.
2.1.1. Óleos sicativos
Os óleos sicativos são, tal como 
as resinas, componentes formadores 
de película, embora com características 
muito diferentes. Nem todos os óleos 
são sicativos; um óleo é classificado 
de sicativo se, quando espalhado ao ar 
numa fina camada, passar de líquido para 
uma película sólida com elevada coesão, 
resistência e dureza [13].
A norma ISO 4618 define óleo 
sicativo como um “óleo que contém ácidos 
gordos insaturados e que forma uma 
película por oxidação”[1]. Efectivamente, 
Figura 5 – Composição da tinta, em volume [12]
Figura 6 – Película húmida e película seca
Tintas e Pinturas
8
Efectivamente, os óleos sicativos são constituídos por misturas de triglicéridos em que o 
glicerol se encontra esterificado com ácidos gordos poli-insaturados, tendo composição 
variável consoante a sua origem animal ou vegetal [2]. Por outras palavras, os óleos 
insaturados endurecem ou “curam”, não por evaporação do solvente, mas por uma reacção 
de oxidação resultante da adição de oxigénio a um composto orgânico.
Quando aplicados numa fina camada reagem com o oxigénio do ar, ocorrendo uma 
polimerização auto-oxidativa que transforma o óleo líquido numa película sólida aderente e 
elástica, com grande resistência, tenacidade e dureza [2]. Esta capacidade de secar depende 
da estrutura molecular dos vários componentes químicos que constituem o óleo [13].
Os óleos vegetais com características adequadas para óleo sicativo e que podem ser 
formulados em tintas incluem os óleos de linhaça, de Tung (ou óleo de madeira da China), de 
soja, de rícino e óleos de peixe [2][13].
 Para serem usados no fabrico de tintas, os óleos sicativos extraídos necessitam 
geralmente de um tratamento prévio, que lhes aumente a massa molecular e a capacidade 
de polimerização e de reticulação, essenciais para a formação da película final, uma vez que 
a capacidade para secar depende da estrutura molecular dos vários compostos químicos que 
os constituem [2].
Um dos óleos sicativos mais utilizado é o óleo de linhaça, que é obtido por pressão 
da semente do linho. Os óleos de linhaça em estado bruto, tal como são extraídos, secam 
muito lentamente, pelo que requerem processamento e adição de secantes para acelerar a 
velocidade de endurecimento [13].
As tintas de óleo são constituídas por um pigmento, um óleo sicativo e um solvente 
orgânico para diluir o óleo pigmentado, não sendo este modificado com qualquer resina 
sintética. Após aplicação, o revestimento seca por evaporação do solvente, seguido por uma 
reticulação (ligação cruzada) auto-oxidativa do óleo sicativo [13].
Figura 7 – Sementes de linho Figura 8 – Óleo de linhaça
9
Tintas e Pinturas
As características destas tintas oleorresinosas são determinadas pelas características 
do óleo sicativo e, em menor grau, pelo pigmento incorporado no óleo. A adição de secantes 
ao óleo ajuda na velocidade de formação da película sólida. Estas tintas podem ser usados 
para cobrir superfícies mal preparadas, enferrujadas e/ou superfícies carepas [13].
2.1.2. Resinas
A norma ISO 4618 define resina como um “produto macromolecular, geralmente 
amorfo, de consistência que varia entre o estado sólido e o estado líquido e que tem uma 
massa molecular relativamente baixa [1].
A resina, também designada por ligante, que pode ser orgânica ou inorgânica, 
é o componente responsável pela formação da película de tinta. Os ligantes molham as 
partículas de pigmento, ligando-as entre si, com os restantes constituintes da tinta e com o 
substrato [11]. São os constituintes mais importantes das tintas utilizadas na construção civil 
porque conferem aderência, integridade e coesão à película sólida na qual a tinta se converte 
depois de seca [2].
Os ligantes são também os principais responsáveis pela maioria das propriedades da 
película de tinta, como sejam o mecanismo e o tempo de “cura”, o desempenho no tipo de 
exposição, o desempenho no tipo de substrato, a compatibilidade com outros revestimentos, 
flexibilidade e resistência, desgaste no exterior e aderência [11].
Não existe uma só resina que consiga reunir todas as propriedades referidas, com tão 
amplas variabilidades associadas a cada propriedade, pelo que geralmente na formulação 
de uma tinta são utilizadas várias resinas [11], que podem ter origem natural ou sintética [13].
Muitas resinas naturais usadas como ligantes são procedentes de exsudações de 
árvores ou secreções de insectos, podendo ainda ter origem mineral, se forem derivadas de 
restos vegetais fossilizados [13].
As resinas sintéticas são geralmente preparadas a partir de subprodutos da refinaria 
química ou de processos de fabrico, depois de convenientemente tratadas e modificadas [13], 
sendo que a escolha dos polímeros é feita com base nas propriedades físicas e químicas 
pretendidas para a película final e no método de aplicação da tinta [14].
Comparativamente com as resinas naturais, as resinas sintéticas têm maior resistência 
química e à luz UV, o que se traduz na sua utilização generalizada em diversos fins diferentes, 
como revestimentos de protecção contraa corrosão [13].
 ● Resinas naturais
A norma ISO 4618 define resina natural como uma “resina de origem vegetal ou 
animal” [1]. Podem ser mais ou menos polimerizadas, são insolúveis em água, 
Tintas e Pinturas
10
mas são solúveis em solventes orgânicos e têm natureza química variada, 
essencialmente terpénica [2].
No grupo das resinas naturais podem citar-se:
(1) Colofónia – obtida por destilação da seiva do pinheiro, do mesmo modo que 
a terebentina (aguarrás) e o óleo de pinho. Apresenta cor clara, alto ponto de 
amolecimento, viscosidade e boa resistência à oxidação [2]. Os revestimentos 
são transparentes e incolores e são destinados para superfícies de madeira e 
acabamento de móveis [13].
(2) Goma-laca – é feita a partir da secreção resinosa de um insecto da Índia e da 
Tailândia. As secreções secas são recolhidas, esmagadas e lavadas e, depois, 
fundidas e secas. A goma-laca forma uma película simultaneamente dura e 
elástica, com grande variedade de usos, incluindo cimentos de união, cimentos 
para madeira, estuque e argamassas [13].
(3) Copais – são resinas derivadas de restos vegetais fossilizados ou semi-
fossilizados, preparadas com óleos vegetais, para obter melhor tempo de 
secagem, elevada dureza, brilho e resistência à água e a substâncias alcalinas. 
Devido à sua flexibilidade, estas resinas são muito usadas como etiquetas de 
papel [13].
Muito usadas no passado, as películas de resinas naturais são hoje aplicadas na 
restauração de móveis e nas cores de arte [3].
As resinas naturais podem ser dissolvidas em solventes voláteis, formando os 
chamados vernizes espirituosos que, após aplicação sobre uma superfície e 
evaporação do solvente deixam uma película de resina sobre a superfície [13].
Por vezes, as resinas naturais são submetidas a modificações químicas, obtendo- 
-se de produtos de elevada massa molecular, como:
(1) Oleorresinas – resultam da mistura e reacção química de óleos sicativos vegetais 
com resinas [2]; obtendo-se vernizes com maior capacidade de secagem, mais 
brilho e formando películas mais duras do que aplicando apenas o óleo [13].
(2) Resinas Celulósicas – são obtidas por modificação da celulose, dando derivados 
como a nitrocelulose, o acetato de celulose ou a etilcelulose. São produtos 
já pouco utilizados, com excepção da nitrocelulose que conserva algumas 
aplicações [3].
(3) Resinas de borracha clorada – são obtidas por modificação química da borracha 
natural [2]. Estes produtos apresentam excelente resistência à água e são ainda 
utilizados em ambientes corrosivos ou marítimos [3].
11
Tintas e Pinturas
 ● Resinas sintéticas
As resinas sintéticas, segundo a norma ISO 4618, são “resinas resultantes de 
reacções químicas, tais como poliadição, policondensação ou polimerização” [1]. 
A poliadição consiste numa reacção quimica de adição, através da qual se obtêm 
polímeros a partir de um único tipo de monómero. A policondensação é um processo 
de formação de polímeros através de uma reacção de condensação, a partir de um 
único monómero, com eliminação de moléculas de baixo peso molecular, como a 
água ou o ácido clorídrico. A polimerização é um processo de formação de polímeros 
através de uma reacção de adição ou de condensação, a partir de mais de um tipo 
de monómero.
Devido ao incremento da presença das resinas sintéticas nos produtos modernos 
usados para pintura, actualmente são utilizadas resinas sintéticas muito diversas, 
sendo relevante realçar as seguintes:
(1) Resinas acrílicas
As resinas acrílicas são resinas sintéticas resultantes da polimerização ou 
copolimerização de monómeros acrílicos e metacrílicos, em geral com outros 
monómeros [1].
As resinas acrílicas contêm partículas de polímeros em suspensão que, quando 
o solvente e a água evaporam, permanecem e formam a película [14].
Os ligantes acrílicos são especialmente usados em tintas de emulsão aquosa, 
sendo que a dureza e a flexibilidade dos polímeros varia consideravelmente em 
função dos tipos e das quantidades de monómeros usados. O monómero de 
metil-metacrilato dá o polímero termoplástico mais duro e os monómeros acrilato 
dão o produto mais suave. Os copolimeros dos esteres acrílicos e metacrilicos 
são bastante usados para pinturas no exterior, enquanto os copolimeros de 
vinil-acetato acrílico são mais usados para pinturas no interior [13].
Os acrílicos produzem um acabamento com elevado brilho, excelente dureza 
e boa resistência química e à degradação pela radiação solar [2], sendo que 
o constituinte acrílico aumenta a resistência à água e aos álcalis, bem como a 
flexibilidade e a durabilidade da película. Têm uma incomparável retenção de 
cor, que lhe confere excelentes propriedades de durabilidade no exterior [13].
(2) Resinas alquídicas
As resinas alquídicas são “resinas sintéticas resultantes da policondensação de 
poliácidos e de ácidos gordos (ou óleos) com polióis” [1]. As suas propriedades, 
Tintas e Pinturas
12
nomeadamente o tempo de secagem, a dureza, a cor e a sensibilidade à 
humidade, dependem do óleo sicativo usado no fabrico da resina, do seu tipo e 
do seu grau de insaturação [13].
Quanto à quantidade de óleo combinado com a resina, as resinas alquídicas 
são classificadas em:
– resinas alquídicas de longa cadeia - conferem ao revestimento menor 
resistência química e à humidade e tempos de secagem mais longos; contudo, 
têm maior possibilidade de penetrar e selar uma superfície insuficientemente 
preparada [2][13].
– resinas alquídicas de média cadeia - geralmente endurecem em 24 horas; 
têm o comprimento de cadeia de eleição para a maioria dos sistemas de 
revestimento alquídico novos e de manutenção [2][13].
– resinas alquídicas de curta cadeia - são de secagem rápida, podendo requer 
aquecimento em estufa (temperatura de 95ºC) durante uns minutos para 
obter a cura completa; estes revestimentos têm boa resistência química e à 
humidade, mas são relativamente duros e quebradiços [2][13].
Os produtos de pintura alquídicos secam por evaporação do solvente e curam 
à temperatura ambiente, por reticulação auto-oxidativa do constituinte do 
óleo [14].
Os alquídicos são provavelmente os revestimentos de protecção mais utilizados 
para ambiente não químico, devido ao seu custo relativamente baixo, à 
facilidade de mistura e de aplicação, estabilidade de cor e boa resposta em 
diferentes ambientes atmosféricos, além de terem uma excelente capacidade 
para penetrar e aderir a superfícies relativamente mal preparadas, ásperas, 
sujas ou riscadas [13].
Contudo, a presença do óleo sicativo pode limitar a resistência química e à 
humidade de alguns produtos de pintura alquídicos [13], o que levou os 
formuladores de tintas a modificar quimicamente as resinas alquídicas com 
outras substâncias, nomeadamente óleos ou outras resinas, tornando-as 
muito funcionais para uma gama alargada de aplicações [2][14]. Embora 
estas modificações possam aumentar ligeiramente os custos do sistema de 
revestimento, proporcionam uma melhoria nas propriedades, que torna rentável 
o custo da modificação [13].
13
Tintas e Pinturas
(3) Resinas epoxídicas
As resinas epoxídicas são resinas sintéticas contendo grupos epóxi, geralmente 
preparados a partir de epicloridrina e um bisofenol [1]. Se forem combinadas 
com resinas alquídicas, que reagem por um mecanismo de esterificação com 
diversos grupos químicos [2], produzem revestimentos com propriedades de 
resistência química e à humidade melhoradas [13].
Quando é necessário melhorar o desempenho, são usados os éster epóxi, que 
são resinas sintéticas resultantes da reacção de esterificação entre uma resina 
epoxídica e ácidos gordos e/ou óleos sicativos [1]. 
Estas resinas podem serformuladas de diversas maneiras, desde formulações 
de um só componente que requer cura em estufa, até sistemas de dois 
componentes, que curam a temperatura igual ou abaixo das condições 
ambiente [14].
Os revestimentos de resinas epoxídicas de base oleosa proporcionam uma 
grande variedade de propriedades e aplicações [2], têm melhor aderência, 
excelente resistência à humidade e resistência química superior, embora 
sejam um pouco mais caras. As suas propriedades de aderência tornam-nas 
especialmente bons primários. Estas resinas perdem o brilho por exposição à 
luz UV, mas esta deterioração raramente é estrutural [13] [14].
(4) Resinas fenólicas
São resinas sintéticas resultantes da policondensação pelo fenol, seus 
homólogos e/ou seus derivados com os aldeídos, em particular o formaldeído [1].
As resinas fenólicas têm maior retenção de brilho e melhor resistência à água e 
aos álcalis. Estas resinas têm demonstrado um desempenho satisfatório 
em imersão em água, um serviço onde não são adequadas outras resinas 
alquídicas não fenólicas [13].
(5) Poliésteres
As resinas poliéster são “resinas sintéticas resultantes da policondensação de 
poliácidos e de polióis” [1]. Têm uma estrutura química similar aos alquídicos e 
são, no fundo, um tipo específico de resina alquídica sem óleo [2].
Dependendo da sua estrutura química, é feita uma distinção entre resinas 
poliésteres insaturadas e saturadas, sendo que as cadeias de polímeros 
das resinas poliéster insaturadas facilitam a reticulação subsequente com os 
solventes, particularmente com o estireno [1].
Tintas e Pinturas
14
São amplamente usados como revestimentos em pó [14], sendo geralmente 
utilizados na produção de vernizes, para proteção de diversos materiais usados 
na construção civil, designadamente madeira, betão, argamassa, entre outros.
(6) Poliuretanos
As resinas de poliuretanos são resinas sintéticas resultantes da reacção 
de isocianatos polifuncionais com compostos contendo grupos hidroxilo 
reactivos [1].
Os poliuretanos são formulados com várias pigmentações e em diversas 
combinações para se adequarem às condições de exposição. Apesar das 
propriedades destas resinas dependerem das modificações químicas que 
apresentam, formam sempre películas duras [2], com elevado brilho [14].
Estas resinas apresentam algumas vantagens, como a diminuição do tempo de 
secagem do revestimento e, de um modo geral, requerem pouco ou nenhum 
calor para endurecer. Possuem excelente resistência química [2] e a manchas 
e melhoram a resistência à humidade, intempéries e abrasão [13]. 
Contudo, são de utilização restrita devido ao seu elevado preço [2], dado 
poderem ser duas a cinco vezes mais caras do que as outras tintas, sendo 
usadas apenas quando o elevado desempenho justifique o custo [14]. São muito 
usados para revestimento dos cascos de barcos de madeira e para melhorar o 
revestimento alquídico [13].
Estas resinas são fornecidas em recipientes separados, devendo os dois 
componentes ser misturados antes da aplicação. Após a mistura, o material 
tem um “tempo de vida” limitado, que é o tempo durante o qual os componentes 
podem estar misturados antes de começar a formação do reticulado, e que 
podem ir de alguns minutos a 16 horas [14].
(7) Resinas vinílicas
As resinas vinílicas são resinas sintéticas resultantes da polimerização ou da 
copolimerização de monómeros contendo grupos vinílicos [1]. Estas resinas 
podem ter diferentes graus de polimerização e são frequentemente misturados 
entre si, como o poliacetato de vinilo, o policloreto de vinilo (PVC) e os 
acrilatos [2].
Estas resinas são geralmente formuladas como primários universais, podendo 
também ser usados como fixante entre diferentes camadas de pintura, antes de 
cobertas com intermédios e acabamentos [13].
15
Tintas e Pinturas
São usados nas tintas de emulsão aquosas [3]. O constituinte alquídico melhora 
a aderência, a formação da película e a resistência térmica e a solventes; as 
modificações vinílicas aumentam a capacidade de repintura e a resistência 
química e à humidade [13].
As tintas à base de emulsões vinílicas são facilmente aplicadas, são sensíveis 
à humidade durante a aplicação, não são tóxicas nem inflamáveis e são muito 
usadas na construção civil [2].
(8) Resinas de Silicone
As resinas de silicone são resinas sintéticas nas quais a estrutura de base 
consiste numa cadeia que comporta grupos siloxano (silício-oxigénio-silício) [1].
Nestas resinas a principal cadeia de polímero é constituída por átomos de 
silício e de oxigénio (em vez dos átomos de carbono), que se apresentam 
copolimerizadas com resinas alquídicas ou poliuretanos [2].
Aumentam a durabilidade, o brilho e a resistência ao calor, e apresentam 
superior resistência ao clima e à água, sendo usado em pinturas na marinha e 
de manutenção [13].
 ● Outras resinas sintéticas
– Resinas amínicas – são resinas sintéticas resultantes da reacção de 
condensação de derivados aminados (ureia, melamina) com aldeídos como o 
formaldeído. Estas resinas são frequentemente esterificadas com álcoois [1]. 
Raramente se usam isolados, mas geralmente em combinação com outras 
resinas contendo grupos reactivos [3].
– Resinas betuminosas – são produtos, como o breu de petróleo ou betumes 
naturais, que podem ou não ser modificados com resinas [2]. Para serem 
aplicadas, estas resinas têm de ser aquecidas até à fusão, de modo a reduzir a 
sua viscosidade [13].
– Resinas hidrocarbonetos – são resinas sintéticas resultantes da copolimerização 
de hidrocarbonetos alifáticos e/ou aromáticos, por vezes com aldeídos [1].
– Resina isocianato – resina sintética contendo isocianatos livres ou blocos, por 
vezes com aldeídos de tipo aromático, alifático ou cicloalifático [1].
– Silicatos – podem ser orgânicos e inorgânicos [2].
Tintas e Pinturas
16
Existem ainda outros tipos de resinas sintéticas, menos usuais, como:
– Aminoplasto
– Cumarona-indeno
– Estireno-butadieno
– Fluorcarbonetos
– Nylon
– Polietileno
– Polipropileno
As tentativas de desenvolvimento de novos polímeros são constantes, através 
de combinações de diferentes monómeros, bem como combinações entre novas 
resinas. Neste sentido, e devido a uma crescente utilização das chamadas “tintas 
em pó” (ou sem solvente), estão a ser cada vez mais usadas outras resinas que, 
de um modo geral, apresentam características bastante melhoradas quando 
comparados com os produtos convencionais [2].
2.1.3. Pigmentos
Um pigmento, tal como definido na norma ISO 4618, é um “material corante, geralmente 
na forma de partículas finas, que é praticamente insolúvel no meio de suspensão e que é 
utilizado devido às suas propriedades ópticas, protectoras e/ou decorativas” [1].
Os pigmentos (figura 9) são 
pequenas partículas que, embora 
insolúveis no veículo, são incorporadas 
na tinta com a finalidade de realçar o seu 
aspecto ou melhorar as suas propriedades 
físicas [14].
O tamanho e a forma da partícula 
do pigmento, a molhabilidade pelo 
ligante, o espessamento e propriedades 
relacionadas com a densidade específica 
contribuem significativamente para a 
viscosidade, para as características de 
aplicação da tinta fresca e para as propriedades do revestimento em termos de protecção, 
depois de seco [13].
 Uma tinta com boa capacidade de protecção tem na sua composição grande 
quantidade de pigmentos bem dispersos para que a penetração de ar ou de sais seja a mais 
baixa possível [16].
Figura 9 – Pigmentos
17
Tintas e Pinturas
a) Tipos de pigmentos
Quimicamente, os pigmentos podem classificar-se em orgânicos, se na sua 
composição predominam compostos de carbono, ou inorgânicos,se na sua 
composição predominam elementos metálicos [17].
A principal finalidade dos pigmentos orgânicos é fornecer cor à tinta. Quando 
comparados com os pigmentos inorgânicos, os pigmentos orgânicos têm geralmente 
cores mais vivas, são mais brilhantes e têm menor opacidade (são mais claros); no 
entanto, têm menor resistência quando aplicados no exterior [2], uma vez que são 
mais propensos ao sangramento e têm muito menor resistência ao calor e à luz, 
além de serem substancialmente mais caros [13]. Os pigmentos inorgânicos têm 
elevada estabilidade térmica, sendo também estáveis à luz [14].
Quanto ao modo de obtenção, os pigmentos podem ter origem natural ou 
sintética [7]. Os pigmentos naturais são obtidos por moagem e peneiração de 
produtos naturais, como terra, metais, óxidos metálicos, entre outros [9]. Os 
pigmentos sintéticos são obtidos por síntese química de compostos orgânicos ou 
inorgânicos [2].
Inicialmente, os pigmentos orgânicos eram extraídos a partir dos insectos e dos 
vegetais; hoje, a maioria dos pigmentos orgânicos são desenvolvidos por síntese 
química [13].
Alguns pigmentos inorgânicos contêm na sua composição chumbo, crómio, cádmio 
ou outros metais pesados [13]. A sua utilização no fabrico de tintas tem vindo a ser 
descontinuada devido à elevada toxicidade para a saúde humana e também para 
o meio ambiente [7][14].
A natureza e o teor do pigmento existente numa tinta são de extrema importância, 
uma vez que são os únicos componentes da tinta responsáveis pela cor e pela 
opacidade da película seca que irá revestir, de forma homogénea, toda a superfície 
que serve de suporte [2].
Os pigmentos são também responsáveis, juntamente com outros componentes, 
por características das tintas, como as suas propriedades mecânicas, o brilho, a 
resistência a químicos e a degradação da pintura [2].
A mais óbvia das propriedades que caracteriza os pigmentos é, como foi dito 
acima, a capacidade que possuem de permitir a obtenção das cores pretendidas e 
também de conferir opacidade à superfície, acções que são conseguidas porque os 
pigmentos possuem características que lhes permitem modificar as propriedades 
ópticas das tintas [7].
Tintas e Pinturas
18
Essas características dos pigmentos devem-se à combinação de dois fenómenos 
ondulatórios distintos: a absorção e a difracção da luz visível, com a qual interagem. 
Assim, de um modo geral, a absorção da luz é responsável por conferir a cor, 
enquanto a opacidade é determinada pelo fenómeno de difracção da luz. A cor de 
um pigmento é influenciada essencialmente pela sua estrutura química, enquanto 
a opacidade é fundamentalmente influenciada pelo índice de refracção [7].
Apesar da finalidade evidente da pigmentação seja proporcionar cor e opacidade a 
uma superfície, no caso da aplicação de um de um esquema de pintura com uma 
formulação adequada de pigmentos (um revestimento de protecção) pode fazer 
muito mais do que isso, ou seja, pode atribuir algumas propriedades, como sejam 
aumentar a sua durabilidade e contribuir para uma redução dos custos de reparação 
e de manutenção [2][13]. Pode ainda aumentar, entre outras, a resistência à luz e à 
intempérie, a resistência ao calor, aos solventes e à cristalização, e até resistência 
ao sangramento [7].
b) Cor
A cor de um pigmento resulta de uma absorção selectiva e consequente reflexão de 
comprimentos de onda específicos do espectro de luz visível, pelo que a composição 
química é o factor mais importante na determinação da cor final de um pigmento [7].
Outro aspecto essencial é a dispersão dos pigmentos no veículo da tinta, 
que é determinante para obtenção do rendimento máximo do pigmento e, 
consequentemente, da sua optimização em termos económicos, mas também para 
que se possa garantir uma tinta com a máxima durabilidade possível, mantendo 
boa estabilidade, bom brilho e bom comportamento durante a aplicação [7].
Os pigmentos naturais de terra (argila de caulino, silicato de magnésio, carbonato de 
cálcio) proporcionam estabilidade das cores à deterioração pela luz UV. Os pigmentos 
naturais são mais estáveis aos raios UV do que os pigmentos orgânicos sintéticos [11].
O dióxido de titânio (TiO2) é o pigmento branco mais comum por apresentar 
propriedades que lhe permitem conferir às tintas um poder de cobertura excelente 
[2], devido ao seu elevado índice de refracção e excelente poder de opacidade [13].
Duas das formas polimorfas (variedades cristalinas) do dióxido de titânio mais 
usadas são o rútilo e o anatase [2]. O rútilo tem o maior índice de refracção e a 
melhor força de coloração de todos os tipos de pigmento, embora apresente menor 
poder de opacidade, menor resistência à luz solar do que o anatase, que tem 
elevada resistência à deterioração e reduzida tendência para a pulverulência [2][13].
Apesar do seu elevado custo, o dióxido de titânio é o pigmento branco mais usado, 
tanto em tintas brilhantes como nas tintas “mate”. Frequentemente dispersam-se 
19
Tintas e Pinturas
as partículas de TiO2 em cargas compatíveis de maneira a que não se perca a 
opacidade e, desta forma, se consiga diminuir o custo da tinta [2].
Devido à sua elevada força corante, que representa a facilidade com que os 
pigmentos corados podem ser misturados com outros pigmentos para colorir a tinta, 
o dióxido de titânio é frequentemente combinado com outros pigmentos, orgânicos 
e inorgânicos, para adicionar cor [13]. Quanto maior for a quantidade necessária, 
maior é o poder corante do pigmento em questão [7].
Dentro dos pigmentos brancos, os pigmentos esféricos poliméricos são muito 
frequentes em tintas de base aquosa, sendo o segundo tipo mais usado. São uma 
das possíveis misturas compatíveis com o dióxido de titânio, para permitir que o 
custo da mistura seja mais reduzido [2].
O Litopone é outro tipo de pigmento branco. Este apresenta uma reduzida resistência 
à acção da radiação solar, amarelecendo com facilidade, e sendo por isso mais 
utilizado para pintura de interiores. No entanto, quando se usa para pintura de 
exteriores, é usual misturar-se com o branco de zinco de forma a melhorar as 
suas capacidades, tanto do ponto de vista da opacidade, como da resistência aos 
agentes atmosféricos [2].
Relativamente a pigmentos corados, têm grande utilização os óxidos de ferro 
naturais e sintéticos. As cores dos naturais variam de amarelo a vermelho 
acastanhado brilhante, até castanho esverdeado e um castanho forte. No que 
diz respeito aos sintéticos, apresentam uma gama de cores que vai de amarelo e 
vermelho a castanho e preto [13].
Podem ainda referir-se os pigmentos vermelho cromato com adições de sulfato e, 
por vezes, de molibdato que variam na cor, entre um amarelo claro e um laranja 
brilhante ou vermelho escarlate. Devido à sua cor límpida e brilhante, os pigmentos 
de cromato de chumbo são usados com frequência para pinturas de estradas e em 
pinturas de segurança. E apesar do cromato de chumbo ser considerado perigoso, 
os pigmentos neste tipo de pinturas dificilmente serão substituídos, porque nenhum 
outro pigmento apresenta uma luz com resistência e brilho semelhantes [13].
c) Protecção
No caso de uma pintura de protecção contra a corrosão, são utilizadas tintas 
anticorrosivas, nas quais entram pigmentos com as características necessárias 
para que seja evitada a corrosão das armaduras no interior das paredes [2]. Os 
pigmentos anticorrosivos são aqueles cuja propriedade específica é a de se oporem 
à corrosão eletroquímica do metal pelo meio ambiente [7].
Tintas e Pinturas
20
Os pigmentos orgânicos de síntese têm pouca importância técnica ou comercial 
para revestimentos preventivos da corrosão [13].
Numa pintura de protecção contra a corrosão, os pigmentos podem ter, entre 
outras, as seguintesacções:
– Proporcionar a inibição da superfície metálica, prevenindo a corrosão.
A adição de alguns pigmentos, pouco solúveis em água, na composição de 
um primário interfere eficazmente com o electrólito, inibindo a corrosão activa 
de substratos metálicos. Quando a camada de tinta é exposta à humidade e 
penetrada por ela, a água na camada transversal dissolve parcialmente os 
constituintes do pigmento e transporta-o para a superfície metálica de base. As 
espécies iónicas dissolvidas reagem com o metal (geralmente aço ou alumínio) 
para formar um produto de reacção que inactiva o substrato e reduz a velocidade 
de corrosão da camada inferior. São exemplos de pigmentos inibidores, os 
cromatos (já pouco utilizados) o chumbo ou o zinco [11][13].
– Actuar como uma barreira para tornar a camada de tinta seca impermeável à 
água
Forma-se uma barreira protectora entre a superfície do metal e o electrólito, 
impedindo a passagem de água e de oxigénio para o interior (isola electricamente 
o metal), elementos esses que quando se combinam provocam a corrosão 
[2]. Qualquer humidade que penetre deverá migrar em torno da partícula do 
pigmento e, ao fazer isso, aumenta o comprimento do trajecto de permeabilidade 
até ao substrato [13].
A barreira de protecção está disponível em maior ou menor grau por todos os 
pigmentos inorgânicos formulados num revestimento. No entanto, alguns tipos 
de pigmentos são formulados especificamente como pigmentos de barreira ou 
em alternativa, conferem propriedades de barreira à camada de tinta. O mais 
notável dos pigmentos de barreira é o alumínio em palhetas, mas também os 
epoxies e betumes asfálticos [11][13].
– Galvanizar com revestimentos ricos em zinco para proteger a camada de aço 
que constitui o substrato base [13].
Um primário (primeira camada de um revestimento) rico em zinco que confere 
uma protecção catódica galvânica do metal ferroso (o zinco sacrifica-se para 
proteger o metal ferroso). Os revestimentos galvânicos só são eficazes se forem 
aplicados directamente sobre o metal [11].
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Tintas e Pinturas
Há ainda outros tipos de pigmentos que são usados em situações particulares, 
devendo ser tidos em conta devido às características especiais que conferem 
às tintas. São exemplos disso, os pigmentos que exercem um papel activo na 
mistura, podendo actuar na absorção de radiação ultravioleta ou com uma acção 
antivegetativa e contra fungos [2].
De facto, pode dizer-se que praticamente todas as propriedades da tinta são 
afectadas pelo tipo e quantidade de pigmentos que contêm.
2.1.4. Cargas
Uma carga, segundo a norma ISO 4618, é um “material sob a forma de grânulos ou 
de pó, insolúvel no meio de suspensão e utilizada para modificar ou influenciar determinadas 
físicas” [1], como a permeabilidade da película, a resistência química, o brilho, a sedimentação, 
a resistência à abrasão, o comportamento anticorrosivo e a viscosidade [7][15].
Apesar dos fracos poderes corante e de opacidade, as cargas utilizam-se para dar 
corpo à tinta, sobretudo por razões de ordem económica, dado o seu baixo custo em relação 
ao pigmento. Por outro lado, a granulometria, a superfície específica e as características 
intrínsecas de algumas cargas, facilitam o seu fabrico e a aplicação, melhoram a qualidade 
e durabilidade, possibilitam a conservação das tintas, aumentam a impermeabilidade e 
elasticidade e conferem por vezes às tintas determinadas propriedades particulares, tais 
como resistência ao fogo e antiderrapantes [2].
Tal como os pigmentos, as cargas podem ser de origem natural ou sintética [2].
Presentemente, os tipos de cargas mais utilizados no fabrico de tintas são:
– Carbonato de cálcio (branco de Paris) – uma das cargas naturais mais baratas e 
mais utilizadas, de modo a reduzir ao máximo o custo das tintas. Têm boa acção 
anticorrosiva, mas dado serem muito solúveis em meios ácidos, não devem ser 
usadas quando se pretende uma boa resistência química [7].
– Barita (sulfato de bário) – de origem natural, confere alta dureza e resistência à 
película depois de seca. É quimicamente inerte e não é tóxica [7].
– Talco (silicato de magnésio hidratado) – Devido à forma lamelar das suas 
partículas, a película final de tinta apresenta um toque suave, além de melhorar 
o comportamento das tintas em termos de protecção contra a corrosão. Usa-se 
sempre que se pretende a diminuição do brilho e o aumento da lixabilidade dos 
produtos em que se encontra incorporada. É inerte sob ponto de vista químico [7].
– Caulino (silicato de alumínio) – As sua partículas apresentam a forma lamelar, sendo 
igualmente usados para incrementar o desempenho em termos anticorrosivos das 
Tintas e Pinturas
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películas protectoras. De referir que as partículas de caulinos calcinados, devido 
à presença de ar no seu interior, podem contribuir para um acréscimo do grau de 
opacidade do esquema de pintura [7].
– Farinha de sílica – Concedem às tintas uma maior resistência à abrasão e à esfrega, 
por causa da sua elevada dureza. Permitem a obtenção de superfícies texturadas, 
devido à presença de areias de granulometria seleccionada [7].
– Diatomite – São cargas de formato irregular e de origem sedimentar, que apresentam 
uma elevada absorção de óleo, e que por isso são usadas como redutor de 
brilho [7].
– Mica – Permitem melhorar os níveis de resistência dos esquemas de pintura, no que 
diz respeito à humidade e fissuração, nomeadamente em revestimentos expostos 
a climas adversos. São geralmente usados nas tintas para pinturas exteriores, visto 
que apresentam uma opacidade quase total aos raios ultravioleta [2][7].
A cor das cargas pode variar de brancas a acinzentadas, dependendo do tipo de 
carga e da quantidade de impurezas que contêm. Naturalmente que, com as cargas mais 
acinzentadas é difícil obter brancos puros e tons muito limpos e intensos, a partir de pigmentos 
orgânicos [7].
Por outro lado, é possível optimizar o tamanho das partículas e o espaçamento entre 
elas, sendo que a redução do tamanho de partícula da carga melhora o espaçamento do 
pigmento. Essa optimização permite aumentar a opacidade de uma tinta sem aumentar a 
quantidade empregue de pigmento [7].
2.1.5. Solventes e Diluentes
Segundo a norma ISO 4618, um solvente é um “líquido simples ou mistura de líquidos, 
volátil sob determinadas condições de secagem, e no qual o ligante é solúvel” [1].
Na indústria das tintas, os solventes são utilizados nas diversas fases de fabrico [7], 
geralmente numa mistura de solventes com a finalidade de dissolver o veículo fixo ou ligante 
[2]. De um modo geral, todas as formulações de tintas usam uma mistura de solventes para 
obter as propriedades óptimas [13].
Além de possibilitar a aplicação do material de revestimento, os solventes devem 
ter a capacidade de molhar e penetrar no substrato levando os componentes sólidos 
que, após evaporação do solvente ajudam a tapar quaisquer fissuras, espaços vazios ou 
 irregularidades [13].
Podem ser usados como solventes quaisquer líquidos voláteis, como diluentes, ainda 
que não tenham capacidade dissolvente, porque poderão aumentar a solvabilidade de outros 
solventes numa tinta [13].
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Tintas e Pinturas
Um diluente é definido na norma ISO 4618 como “um líquido volátil, simples ou em 
mistura que, sem ser solvente, pode ser usado em conjunto com o solvente sem causar 
qualquer efeito indesejável”. A mesma norma define diluente, num outro contexto (“thinner” 
em inglês) como “um líquido simples ou mistura de líquidos, voláteis nas condições de 
utilização, que se junta a um produto de pintura para reduzir a viscosidade ou influenciar 
outra propriedade” [1].
Assim, o diluente é um líquido orgânico que se adiciona à tinta, duranteo processo de 
fabrico ou no momento da aplicação, fundamental para obter uma tinta com as características 
adequadas, como por exemplo, ajustar a sua viscosidade de modo a alcançar o nível óptimo 
de fluidez durante a aplicação das tintas e consequente comportamento [2][7]. Por outro lado, 
a escolha do diluente e as quantidades utilizadas são de extrema importância, uma vez que 
podem alterar completamente o comportamento de um produto. Por exemplo, uma diluição 
insuficiente pode conduzir à formação de “pele de laranja” e quantidades excessivas de 
diluente ou diluentes não recomendados, podem dar origem a zonas enevoadas que alteram 
o aspecto final pretendido [7].
Portanto, a finalidade dos solventes é dissolver os constituintes sólidos das tintas e 
a dos diluentes é reduzir a viscosidade da tinta, conferindo-lhe um nível adequado de fluidez 
para a sua aplicação [13]. Deste modo, a selecção criteriosa dos diluentes e do solvente ou 
mistura de solventes influencia a facilidade de aplicação da tinta no substrato, qualquer que 
seja o método que se utilize [14], a lacagem da película e a velocidade de secagem [3].
Deste modo, as características das tintas que poderão ser influenciadas pela presença 
dos solventes e diluentes são: o poder solvente, a volatilidade, o cheiro, a toxicidade, o ponto 
de inflamação e o preço [15].
A água é o solvente universal, mas não é usado como solvente de tintas em 
revestimentos duráveis. Os solventes orgânicos conferem baixa sensibilidade à água e são o 
solvente de eleição para dissolver resinas sólidas [13].
Existem numerosos tipos de solventes. Em função da sua composição química, os 
solventes orgânicos podem ser agrupados em classes, sendo os mais utilizados [2][13]:
– Hidrocarbonetos – são produtos derivados da destilação do petróleo, cujas 
moléculas contêm apenas átomos de hidrogénio e de carbono. Os hidrocarbonetos 
podem ser:
 ○ alifáticos (éter de petróleo, querosene,”white spirit”, heptano)
 ○ aromáticos (benzeno, tolueno, xileno) – estes compostos são os solventes mais 
fortes utilizados na formação de películas secas.
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– Solventes Oxigenados – são compostos cujas moléculas contêm átomos de 
oxigénio, além de carbono e hidrogénio, como por exemplo:
 ○ Álcoois (metanol, etanol, isopropanol, butanol)
 ○ Cetonas (acetona, diacetona, ciclohexanona)
 ○ Ésteres (acetato de etilo, acetato de isopropilo, acetato de butilo, etc.)
 ○ Éteres glicólicos (metilglicol, etilglicol, etc.)
– Terpenos – são solventes derivados da seiva dos pinheiros, como é o caso da:
 ○ Terebintina;
Após aplicação da tinta, todos os solventes devem evaporar [13] permanecendo 
sobre as superfícies pintadas a matéria não-volátil da tinta, constituída pelos pigmentos e 
pelo ligante [2], que formam uma camada dura, sólida e com as propriedades finais [13].
Os solventes evaporam a uma determinada velocidade, dependendo das 
características de cada formulação, sendo a velocidade de evaporação crítica para garantir 
a formação correcta da película de tinta [14]. É desejável que, numa tinta, alguns solventes 
evaporem mais rapidamente para possibilitar o início da secagem mais rápido, enquanto outros 
solventes devem evaporar mais lentamente e proporcionar a molhabilidade e penetração 
[13]. Um desajuste na velocidade de evaporação dos solventes pode originar uma secagem 
física inadequada, que pode traduzir-se em má aplicabilidade, menor dureza, pior protecção, 
etc. [7].
Um solvente demasiado volátil origina uma secagem muito rápida e, como 
consequência, a película de pintura não fica uniformemente nivelada, podendo apresentar 
perda de brilho [13]. Pode mesmo não penetrar o suficiente nos poros do suporte, produzindo 
falta de aderência entre o sistema de pintura e a superfície. Por outro lado, o solvente deve 
ser suficientemente volátil para evitar que, devido a uma secagem muito lenta, a tinta escorra 
em superfícies verticais e não cubra adequadamente a superfície [7].
2.1.6. Aditivos
Aditivos são produtos usados numa formulação de revestimento para conferir 
propriedades físicas ou químicas especificas ao revestimento [14], como sejam contribuir 
para facilitar o fabrico, melhorar a estabilidade da tinta na embalagem, facilitar a agitação e 
resolver defeitos que possam aparecer na película de tinta, durante a secagem ou mesmo 
depois de seca [7].
A norma ISO 4618 define aditivo como “qualquer substância adicionada em pequenas 
quantidades a um produto de pintura, para melhorar ou modificar uma ou mais propriedades” [1].
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Tintas e Pinturas
Em geral, os aditivos são produtos líquidos, viscosos ou sólidos pulverulentos, solúveis 
nos veículos, adicionados em quantidades inferiores a 5% da massa de tinta e destinados a 
melhorar as condições de aplicação dos produtos de pintura e as propriedades de película 
seca [2].
Existem numerosos compostos diferentes que podem ser adicionados às 
tintas para fins específicos [13]. Dependendo do aditivo específico usado, as características 
do revestimento podem ser significativamente alteradas, em função da referida 
especificidade [14].
Alguns dos aditivos mais utilizados estão referidos na tabela 1.
Tabela 1 – Tipos de Aditivos [2][3][7][13][14]
Aditivo Função
Absorventes da luz Estabilizadores do comportamento dos revestimentos expostos à luz solar e aos raios UV
Agentes anti-pele Impedir a formação de peles à superfície dos produtos nas embalagens, durante a armazenagem
Agentes anti-espuma Diminuir ou evitar a formação de espumas indesejáveis
Agentes anti-sedimento Evitar a deposição dos pigmentos e cargas, durante a armazenagem dos produtos
Agentes tixotrópicos Promover aumento de viscosidade nos produtos
Bactericidas
Evitar os efeitos da degradação por bactérias
Evitar a putrefacção
Desidratante Conservar um baixo teor de humidade no interior da lata durante a armazenagem (poliuretanos que curam por reacção com a humidade do ar)
Dispersantes Facilitar a dispersão dos produtos pulverulentos nos veículos
Emulsionante Favorecer a formação duma emulsão e assegurar a sua estabilidade
Espessante Provocar um aumento de consistência (agentes de endurecimento)
Fungicidas e algicidas Reduzir o ataque da película pelos fungos
Inibidores de corrosão Prevenir a corrosão 
Insecticida Conferir à película uma toxicidade suficiente para assegurar a destruição dos insectos que venham ao seu contacto
Molhantes Diminuir a tensão interfacial entre a fase sólida e a fase líquida
Plastificantes Conferir elasticidade, aumentar e manter a flexibilidade da película
Secantes Provocar uma apreciável redução do tempo de secagem à temperatura ambiente 
Os aditivos são geralmente designados pela função específica que desempenham no 
produto de pintura ou na película, porque a única coisa realmente importante num aditivo é o 
resultado da função que vai desempenhar [7].
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2.2. Características das tintas
As tintas são veículos com capacidade para transportar e aplicar na superfície que vai ser 
revestida o líquido constituído por uma combinação de ligante, pigmento e solvente. Uma vez sobre 
a superfície, o solvente evapora e o veículo torna-se um sistema ligante pigmentado [13].
Todas as tintas, depois de aplicadas, podem formar uma película dura e impenetrável, uma 
película porosa e macia, ou combinações intermédias entre as duas [13]. O conhecimento existente 
sobre a indústria das tintas e seus constituintes permite o desenvolvimento de formulações com 
determinadas características.
 2.2.1. Concentração volumétrica de pigmentos (CVP)
Algumas propriedades do revestimento são influenciadas pelos pigmentos e cargas. 
Por exemplo, o grau de brilho da película

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