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Unidade II e III Teoria da Constituição e Constituição completo

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UNIDADE 2 – Teoria da Constituição
2.1 Surgimento, conceito e objeto
• 2.1.1 Surgimento
• A Teoria da Constituição, como conhecimento jurídico, político e filosófico, com
perfis próprios, deve-se à doutrina alemã.
• Conforme José Alfredo Baracho, são três os principais motivos responsáveis
pela formação e autonomia da Teoria da Constituição:
• 1) Crise do formalismo jurídico.
• 2) A preocupação em se chegar a um conceito substantivo de Constituição.
• 3) O aparecimento de regimes autoritários e totalitários, que atacaram o conceito
liberal de Constituição e as instituições aí consagradas.
• A origem dos estudos acerca do tema se deu com a obra Teoria da
Constituição, de Carl Schmitt, a qual propunha apresentar a Teoria da
Constituição e diferenciá-la, enquanto disciplina autônoma, das teorias do
Estado de Georg Jellinek, Hans Kelsen, Heller e outros.
• TEORIA DA CONSTITUIÇÃO ≠ TEORIA DE ESTADO
• A Teoria da Constituição, então, se caracteriza, hoje, como disciplina
autônoma, destacando-se como uma superação e desvinculação em
relação à Teoria do Estado.
2.1.2 Conceito
• “A teoria da Constituição é um conhecimento ordenado,
sistematizado e especulativo, o qual examina, identifica e critica
os limites, as possibilidades e a força normativa do Direito
Constitucional. Descreve e explica os seus fundamentos ideais e
materiais, as condições de seu desenvolvimento, dando ênfase nas
relações entre a Constituição e a realidade constitucional”. – Kildare
Gonçalves/ Teoria da Constituição
2.1.3 Objeto e Objetivo
• Objeto: Ocupa-se a Teoria da Constituição em estudar os diversos
conceitos de Constituição, o Poder Constituinte, a
legitimidade da Constituição; reforma constitucional;
direitos fundamentais e separação dos poderes, como
elementos característicos do Estado de Direito; o elemento político da
Constituição moderna, na democracia, ou seja, povo, sistema
parlamentar; e a teoria constitucional da federação.
2.1.4 O lugar teórico da Teoria da
Constituição (J. J Gomes Canotilho)
• Quanto ao lugar teórico da Teoria da Constituição, Gomes
Canotilho refere-se a ela como:
• a) teoria política do direito constitucional, porque pretende
compreender a ordenação constitucional do político, por meio da
análise, discussão e crítica da força normativa, possibilidades e
limites do Direito Constitucional.
• b) teoria científica, porque procura descrever, explicar e refutar os
fundamentos, ideais e postulados, construção, estruturas e métodos
(dogmática) do Direito Constitucional.
• c) estatuto teórico da teoria crítica e normativa da constituição.
2.2 Sistemas Constitucionais
• 2.2.1 O sistema constitucional inglês ou britânico
• O Direito Constitucional inglês (Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte, 
tirando a Escócia) possui três grandes instituições: 
• 1) O Parlamento; 
• 2) A Constituição não escrita (consuetudinária e flexível); 
• 3) A Rule of Law.
• Observação: Constituição não escrita. “Constituição não-escrita, ou costumeira, é
aquela cujas normas não estão plasmadas em texto único, mas que se revelam
através dos costumes, da jurisprudência e até mesmo em textos constitucionais
escritos, porém esparsos, como é exemplo a Constituição da Inglaterra (...)“
• Como fonte do Direito Constitucional inglês predomina o costume. A constituição
inglesa é uma constituição não escrita.
• Observação: A Constituição da Inglaterra não é totalmente consuetudinária, já que
contém numerosas regras escritas (ainda que espalhadas e não reunidas em um
documento solene). A unidade fundamental dessa constituição é que ela não se
encontra em nenhum texto escrito, mas em princípios não escritos. Como
exemplos de leis constitucionais escritas tem-se, dentre outras: A Magna carta
(1215), a declaração de direitos (1689), dentre outros.
• A Rule of Law:
Compreende os princípios, as instituições e os processos que a tradição e a
experiência dos juristas e dos tribunais entendem ser indispensáveis para a garantia
da dignidade da pessoa humana frente ao Estado, à consideração de que o Direito
deve dar aos indivíduos proteção contra o exercício arbitrário de poder.
É, portanto (a Rule of Law), justamente a caracterização do Estado de direito
enquanto resultado da vivência de um liberalismo na Inglaterra (limitação de
poder e reconhecimento de direitos individuais).
• Para J.J Gomes Canotilho, a Rule of Law possui 4 (quatro) características 
principais: 
• 1) The rule of law significa, em primeiro lugar, na sequência da Magna Carta de 
1215, a obrigatoriedade da observância de um processo justo legalmente 
regulado, quando se tiver de julgar e punir os cidadãos, privando-os de sua 
liberdade e propriedade.
• 2) Em segundo lugar, Rule of law significa a proeminência das leis e 
costumes do país perante a discricionariedade do poder real.
• 3) Em terceiro lugar, Rule of Law aponta para a sujeição de todos os atos do 
executivo à soberania do parlamento.
• 4) Por fim, Rule of Law terá o sentido de igualdade de acesso aos tribunais
por parte dos cidadãos a fim destes aí defenderem os seus direitos
segundo os princípios de direito comum dos ingleses (Common Law) e
perante qualquer entidade (indivíduos ou poderes públicos)."
• 2.2.2 O sistema constitucional dos Estados Unidos
• A base é a primeira constituição escrita (1787).
• Caráter rígido: processo de modificação complexo.
• 7 artigos e 27 aditamentos.
• Federação norte-americana: resultado de uma formação por agregação (movimento 
centrípeto).
• Base legal modelada pela jurisprudência.
• 2.2.3 O sistema constitucional Francês
• A origem revolucionária do sistema constitucional francês
• Rompimento com o antigo regime
• O movimento iluminista e os anseios por mudanças constantes (mais de 10
Constituições)
• Controle de constitucionalidade político e preventivo
• Observação: Na França, o controle de constitucionalidade das leis não é atribuído
aos tribunais, os quais não podem apreciar a validade das leis em confronto com a
Constituição. O controle de constitucionalidade, instituído na Constituição de 1958, é
político e preventivo e exercitado pelo Conselho Constitucional.
• 2.2.4 O sistema constitucional Alemão
• Fim da 1ª Guerra: desaparecimento dos “impérios centrais” e surgimento do
sistema republicano.
• A Constituição de Weimar (1919) e seu caráter social.
• O movimento do patriotismo constitucional (Habermas)
• A Lei Fundamental de Bonn (Constituição de 1949): i) afirmação da
dignidade da pessoa humana; ii) admissão de direitos naturais como
limitadores do Estado; iii) inviolabilidade dos direitos dos homens e
que têm como fundamento a ordem social;
• Instituição de um Tribunal Constitucional para tutela e reforço dos direitos
fundamentais.
• 2.2.5 O sistema constitucional Austríaco
• 1867 a 1918: união real com a Hungria (Áustria-Hungria ou Império Austro-
Húngaro).
• 1920: já república, aprovam uma Constituição com intensa colaboração de Hans
Kelsen. Peculiaridade: Tribunal Constitucional exclusivo para o controle
concentrado de constitucionalidade.
Unidade 3 - Constituição
• 3.1 Conceito e Concepções doutrinárias
• 3.1.1 Conceito
• Etimologia da palavra constituição.
• A palavra constituição tem origem no verbo latim constituere, o qual significa:
estabelecer definitivamente. A sua conformação semântica exterioriza o ideal de
constituir, criar, delimitar, abalizar e demarcar.
• Essa palavra foi apropriada pelos Estados Unidos e pela Europa (inicialmente
França) no século XVIII para expressar o ato de se instituir um Estado, que se apoia
num estatuto jurídico fundamental.
• Até então, utilizava-se da expressão “leis fundamentais” que estabeleciam a ideia
de uma superlegalidade, fixavam princípios básicos da estruturação do poder e
asseguravam alguns direitosfundamentais dos indivíduos e dos agrupamentos
sociais.
• Observação:
Regime Constitucional moderno Constituição passa a ser o
resultado da vontade criadora do povo e se fixa como plano de organização
democrática da sociedade.
• Conceituação básica
• “A Constituição do Estado, considerada sua lei fundamental, seria, então, a 
organização dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, 
escritas ou costumeiras, que regula a forma de Estado, a forma de seu 
governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de 
seus órgãos e os limites de sua ação”. – José Afonso da Silva
• Observação: Conceituação permanentemente em crise?
• Para Kildare Gonçalves, o termo "Constituição" está permanentemente em crise,
já que os estudiosos não acordam quanto à uma definição, existindo uma
pluralidade de concepções que fornecem noções acerca do assunto. Não se
espera, no entanto, que algum dia seja diferente. Como Constituições são
organismos vivos, documentos receptivos aos influxos da passagem do tempo, em
constante diálogo com a dinâmica social, sempre haverá alguma dificuldade em
sua delimitação, haja vista sua mutação constante, seu caráter aberto e
comunicativo com outros sistemas.
• 3.1.2 Concepções Doutrinárias sobre a Constituição
• A) Constituição em sentido sociológico
Elaborada por Ferdinand Lassalle, a concepção sociológica acredita que a
Constituição seria o complexo de fatores reais de poder, isto é, o conjunto de forças
de índole política, econômica e religiosa que condicionam o ordenamento jurídico de
determinada sociedade.
Observação
Constituição real (efetiva) ≠ Constituição escrita
São os fatores reais de poder 
que regulam
determinada sociedade, em certas 
condições de tempo e lugar.
Designa os fatores jurídicos, 
consistentes na transposição, 
mediante determinado 
procedimento, de fatores reais de 
poder para a “folha de papel”.
• Consequência: a durabilidade da Constituição escrita é diretamente proporcional
a sua compatibilidade com a Constituição real ou efetiva, pois:
• Constituição escrita × Constituição real (efetiva)
Necessidade de 
reforma 
Constitucional para 
compatibilização com 
os fatores reais de 
poder ou vice-versa. 
• B) Constituição em Sentido Político
• Formulada por Carl Schmitt, para o qual a Constituição seria o produto de uma
decisão política fundamental, ou seja, a vontade manifestada pelo titular do poder
constituinte.
Observação
Lei Constitucional ≠ Constituição 
Pode ser alterada 
por intermédio de 
processo de 
reforma estatuído 
na própria 
Constituição. 
Não pode ser 
modificada, pois a 
essência das 
decisões políticas 
fundamentais não 
é suscetível de 
reforma.
• C) Constituição em Sentido Estritamente Jurídico/ ou 
concepção positivista
• Defendida por Hans Kelsen.
• A Constituição é concebida como o conjunto de normas expedidas pelo poder do 
Estado e definidoras do seu estatuto.
• A Constituição, como lei, é definida pela forma independente de qualquer conteúdo 
axiológico.
• Há entre a lei constitucional e a lei ordinária apenas uma relação lógica de
supraordenação.
• D) Concepção historicista
• Defendida por Edmund Burke
• A Constituição é expressão da estrutura histórica de cada povo.
• A Constituição, como lei suprema que rege cada povo, tem relação direta com suas
qualidades e tradições, a sua religião, a sua geografia, as suas relações políticas e
econômicas.
• E) Concepção marxista
• Para os pensadores da corrente marxista, o Estado e o Direito são produto da divisão da
sociedade em classes antagônicas e constituem um instrumento nas mãos da classe
dominante dentro do tipo dado de relações de produção.
• A Constituição é concebida como superestrutura jurídica da organização econômica
prevalecente em determinado país. É um dos instrumentos da ideologia da classe
dominante.
• E) Concepção Jusnaturalista
• Para os jusnaturalistas, a Constituição é expressão do reconhecimento, no plano
de cada sistema jurídico, de princípios e regras do Direito Natural,
especialmente dos que exigem respeito dos direitos fundamentais do homem.
• A Constituição é meio de subordinação do Estado a um Direito superior
(natural), de tal modo que o Poder Político, juridicamente, não existe senão em
virtude da Constituição.
•Ferdinand Lassalle x Konrad Hesse
• Ferdinand Lassalle: “O que é uma Constituição?”
• Para Lassalle, questões constitucionais não são questões jurídicas, mas sim questões 
políticas. 
• A Constituição de um país expressa as relações de poder nele dominantes: os fatores 
reais de poder.
• Os fatores reais de poder formam a “Constituição real” de um país. 
• O documento chamado Constituição, ou seja, a “Constituição jurídica”, não passaria 
de um pedaço de papel. 
• Sua capacidade de regular e motivar, está limitada à sua compatibilidade 
com a Constituição real. 
• Em caso de conflito: o pedaço de papel terá que sucumbir diante dos fatores reais 
de poder dominante no país.
• Konrad Hesse: a força normativa da Constituição
• Anos mais tarde, na Alemanha pós-Guerra (1959)...
• O constitucionalista alemão, Konrad Hesse, em sua aula inaugural na Universidade de
Freiburg, contrapondo-se ao posicionamento de Lassalle, lança as bases da teoria e obra
que se intitulou “A Força Normativa da Constituição”.
• Para Hesse, a Constituição de um país não seria subproduto das relações de
poder dominante, antes seria uma VONTADE DE CONSTITUIÇÃO.
• Existiria um condicionamento recíproco entre a Lei Fundamental
(Constituição) e a realidade político-social subjacente.
• A Constituição se transformaria em força ativa fazendo-se presentes, na consciência
geral, não apenas a vontade de poder, mas a vontade da constituição.
• CORRELAÇÃO ENTRE SER E DEVER-SER
• A Constituição realizaria a sua força normativa conforme realiza sua pretensão 
de eficácia, desde que leve em conta a realidade histórica.
• Através dessa correlação entre SER E DEVER-SER se daria as possibilidades e os 
limites da força normativa da Constituição, logrando conferir forma e modificação 
à realidade.
• Quanto mais intensa for a vontade da constituição, menos significativos seriam os 
limites e restrições impostos à força normativa. 
• Não seria ela (a vontade da constituição), porém, capaz de suprimir esses limites, 
aos quais deve se conformar.
• OBSERVAÇÃO: Hesse aceita, assim como Lassalle, que a Constituição não consiste 
apenas em algo textual, possuindo também um elemento político-social. Porém, o que 
ele não aceita o divórcio entre Constituição real e Constituição formal. 
• Hesse defende a existência de uma ponte ente o formal e o material, o jurídico e o
social.
A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO
• A força normativa da constituição possui um caráter social e político (força
normativa dos fatos ou da sociedade), eis que:
• A sociedade se vincula naturalmente pelos valores ela reconhece. Ela tem um
sentimento de obrigatoriedade ligado àqueles valores que estão presentes na
sua consciência.
• A Constituição para Hesse é, portanto, uma norma fundamental da sociedade,
dotada de força normativa. Ela deve ser interpretada à luz dos interesses da própria
sociedade e não à luz dos interesses dos governantes.
• 3.2 Funções da Constituição
• Falar em função da Constituição significa identificar o que ela faz ou pretende 
fazer, determinar para que ela serve.
• Para Costantino Mortati, a Constituição é provida das funções de unificação, 
garantia e identificação.
• 1) Função de Unificação
• A Constituição fundamenta a validade das normas legais que integram o
ordenamento jurídico do Estado (normas infraconstitucionais).
• Essa função é correlativa à unidadeda Constituição, eis que o ordenamento
jurídico deve obediência às normas constitucionais e o processo de produção do
Direito Positivo é deflagrado a partir da Constituição.
2) Função de Garantia
. Significa dizer que a Constituição tem a função de assegurar a estabilidade das
relações na sociedade.
Essa função está relacionada à rigidez da Constituição, já que as normas
constitucionais somente podem ser alteradas por um processo qualificado de reforma
complexo. (vide art. 60, CF/88)
• 3) Função de Identificação
• A Constituição aponta as finalidades (objetivos) do Estado frente as mudanças e 
exigências da sociedade.
• Portanto, há uma identificação da sociedade com a Constituição.
“A primeira função da Constituição é a de estabelecer a unidade de um ordenamento 
jurídico, isto é, reunir as diversas fontes de produção do Direito, para que estas 
apareçam como expressão de um mesmo pensamento, partes de um sistema único. A 
segunda função da Constituição é a de assegurar a estabilidade e a segurança das 
relações sociais, ou seja, preservar o desenvolvimento da vida estatal nas formas e 
modos considerados mais idôneos para a realização do princípio organizador do 
ordenamento normativo. A última função da Constituição é a de garantir a 
manutenção do fim essencial que serve para identificar um tipo de Estado frente às 
mudanças das instituições individuais ou orientações particulares” – MORTATI, 
Costantino (La Constitución em Sentido Material).
• 3.3 Classificação das Constituições
• Existem diversas classificações para as Constituições. Destacam-se algumas:
• A) Quanto ao conteúdo
• Em relação ao conteúdo, as Constituições podem ser materiais ou formais.
• A.1) Constituições Materiais
• São as que versam sobre temas materialmente constitucionais,
independentemente de serem produzidos por uma fonte constitucional.
• Em uma Constituição deste tipo considera-se constitucional toda norma que
tratar de matéria constitucional, independentemente de estar tal diploma
inserido ou não no texto da Constituição.
• O que pode ser definido como matéria constitucional?
• A doutrina ainda não pacificou a definição do que seja ou não matéria constitucional,
entretanto parece-nos existir acordo no que tange ao reconhecimento de que
alguns assuntos seriam indispensáveis a um texto constitucional:
• Exemplos:
• Estruturação da forma de Estado (Federação, Confederação, Estado Unitário).
• Regime, sistema e forma de Governo (parlamentarismo, presidencialismo, etc.).
• Repartição de atribuições (competências) entre os entes estatais.
• Direitos e garantias fundamentais do homem.
• A.1) Constituições Formais
• Nesta acepção, constitucional são todas as normas inseridas no texto da Constituição,
independentemente de versarem ou não sobre temas tidos por
constitucionais, isto é, assuntos imprescindíveis à organização política do
Estado.
• Portanto, formais são todas as Constituições escritas, estabelecidas pelo poder
constituinte originário, que não só contêm temas materialmente constitucionais, como
também sem conteúdo constitucional.
• “A Constituição, em sentido formal, é o documento escrito e solene que positiva as
normas jurídicas superiores da comunidade do Estado, elaboradas por um processo
constituinte específico. São constitucionais, assim, as normas que aparecem no
Texto Magno, que resultam das fontes do direito constitucional,
independentemente do seu conteúdo. Em suma, participam do conceito da
Constituição formal todas as normas que forem tidas pelo poder constituinte
originário ou de reforma como normas constitucionais, situadas no ápice da
hierarquia das normas jurídicas”. - Paulo Gustavo Gonet Branco
• Em geral, as constituições em sentido formal - como a nossa Constituição
Federal de 1988 - possuem regras tanto materialmente constitucionais (art. 18 a 43 -
da organização do estado), quanto regras formalmente constitucionais (art. 242,§2ª).
Estas últimas são consideradas constitucionais apenas formalmente, porque
constam do texto constitucional e não porque tratam de assuntos
indispensáveis.
• Art. 242. § 2º, CF/88: “O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro,
será mantido na órbita federal”.
• B) Quanto à origem
Quanto à origem, as Constituições podem ser classificadas em democráticas ou
outorgadas.
B.1) Democrática
• Igualmente denominada promulgada, popular ou votada, esta Constituição tem seu
texto construído por intermédio da participação do povo, de modo direto ou indireto
(por meio de representantes eleitos).
• Resulta da vontade popular, expressa por uma Assembleia Constituinte, eleita para a
elaboração da Constituição, no exercício do Poder Constituinte.
• “São promulgadas, as Constituições que se originam de um órgão constituinte 
composto de representantes do povo, eleitos para o fim de elaborar e estabelecer” 
– José Afonso da Silva
• Exemplos: Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988
• B.2) Outorgadas
• Considera-se outorgada (ou imposta, ditatorial, autocrática e carta
constitucional) a Constituição que é construída e estabelecida sem qualquer
resquício de participação popular, sendo imposta aos nacionais como resultado de
um ato unilateral do governante. O povo não participa do seu processo de
formação, sequer indiretamente.
• A Constituição não resulta de um pacto livre e consentido. Não foi o povo quem a
fez.
• Exemplo: A Carta de 1824, outorgada por D. Pedro I ao povo brasileiro.
• Observação: Historicamente, tal tipologia deriva de uma concessão de poder em
que o governante (rei, imperador, ditador), em benefício do povo, se auto limita,
desfazendo-se de seu poder, até então absoluto. Esclarecedora é a lição de Paulo
Bonavides:
• A Constituição outorgada representa, na tela do constitucionalismo, um largo esboço
de limitação da autoridade do governante, o rei, príncipe ou Chefe de Estado, enfeixa
em suas mãos poderes absolutos, mas consente unilateralmente em desfazer-se de uma
parcela de suas prerrogativas ilimitadas em proveito do povo, que entra assim no gozo
de direitos e garantias, tanto jurídicas como políticas, aparentemente por obra apenas
em graça da munificência real. - Paulo Bonavides
• Além da Constituição de 1824, destacam-se, no Brasil, as de 1937, 1967 e a EC nº1/ 1969
• B.3) Cesarista
• Similarmente à outorgada, a Constituição intitulada cesarista tem seu texto 
elaborado sem a participação do povo.
• No entanto, e diferentemente daquela, para entrar em vigor dependerá de 
aprovação popular que a ratifique depois de pronta.
• Nada obstante a população ser chamada ao processo de formação do documento
constitucional, não há que se falar em texto democrático exatamente porque tal
integração se dá apenas formalmente, através da concordância popular a um
documento já pronto, inteiramente formatado, sem nenhuma possibilidade de
inserção de conteúdo novo.
• Portanto, trata-se de Constituição:
• (A) outorgada que 
• (B) depende um uma ratificação popular via REFERENDO
Observação: Para alguns (Marcelo Novelino, José Afonso da Silva), as
Constituições Cesaristas também podem ser outorgadas e submetidas a plebiscito.
Exemplo:
Constituição bonapartista (Ano XII – 1804)
• B.4) Dualistas (ou convencionadas; ou pactuadas)
• Substituíram o modelo de Constituição outorgada.
• São constituições por meio das quais se efetiva um compromisso entre o soberano
(Rei) e a representação nacional (Assembleia), exprimindo o compromisso
instável de duas forças politicamente opostas: de um lado,
a realeza absoluta debilitada; do outro, a nobreza e a burguesia, em franca ascensão.
• Como exemplo, pode ser mencionada a Carta Constitucional francesa de 1830,
concebida como um pacto entre o Rei e a sociedade, não como uma imposição
autoritária daquele.
• São, portanto, o produto desseprecário diálogo entre a monarquia enfraquecida de
um lado e a burguesia em franca ascensão de outro, representando um texto que
limita o poder do rei - já que o submete aos esquemas constitucionais - e acaba por
cristalizar as chamadas "monarquias constitucionais" ou "representativas", em claro
abandono das "monarquias absolutas".
• C) Quanto à forma
• C.1) Escrita
• Escrita é a Constituição na qual todos os dispositivos são escritos e estão inseridos 
de modo sistemático em um único documento, de forma codificada - por isso 
diz-se que sua fonte normativa é única.
• Conforme a doutrina, a elaboração do texto pelo órgão constituinte se dá num
momento único, “de um jato”.
• C.2 ) Não escritas (costumeiras ou históricas)
• É aquela Constituição na qual as normas e princípios encontram-se em
fontes normativas diversas, todas de natureza constitucional e de mesmo
patamar hierárquico, sem qualquer precedência de uma sobre as demais.
• Nas Constituições não escritas, em razão de as fontes normativas constitucionais
serem múltiplas, as normas constitucionais estão esparsas e podem ser
encontradas tanto nos costumes e na jurisprudência dos Tribunais, como
nos acordos, convenções e também nas leis.
• ATENÇÃO: a Constituição não escrita não possui somente normas não escritas.
Ao contrário, é formada pela junção destas com os textos escritos!
• Exemplos: Constituição inglesa, Constituição de Israel e Nova Zelândia.
• D) Quanto à unidade documental
• Esta classificação só tem algum sentido para as Constituições escritas, pois é o texto
escrito que será unitextual (dando origem à Constituição orgânica) ou pluritextual
(estabelecendo a Constituição inorgânica).
• D.1) Orgânica
• Constituição orgânica é aquela disposta em uma estrutura documental única, na
qual todos os dispositivos estão articulados de modo coerente e lógico.
• Não há espaço para identificação de normas constitucionais fora da Constituição
(não existem normas constitucionais fora do seu texto).
• Todas as Constituições brasileiras são exemplos desta tipologia.
• D.2) Inorgânica
• Pluritextual (ou inorgânica) é a Constituição formada por diversas estruturas
documentais, ou seja, suas normas estão dispersas em variados documentos, pois
diferentes textos irão compor o que denominaremos "Constituição".
• Exemplo: Constituição Francesa de 1875: concebida a partir da reunião de
diferentes documentos, isto é, não apenas os 89 artigos do texto compõem as
normas constitucionais, mas também seu preâmbulo, sendo que ele remete para a
Declaração dos Direitos de 1789 e ao preâmbulo da Constituição de 1946.
• E) Quanto à estabilidade (mutabilidade ou processo
de modificação/reforma)
• E.1) Imutável
• Reconhecida também pelos termos "granítica", "intocável" e "permanente”.
• Segundo Pontes de Miranda, também conhecida como “utópica”, por ter uma
fantasiosa pretensão à eternidade.
• Não permite qualquer mudança de seu texto, pois não prevê procedimento de
reforma, e baseia-se na crença de que não há órgão constituído com legitimidade
suficiente para efetivar alterações num texto criado por uma "entidade suprema e
superior" (normalmente considerada divina).
• A doutrina enumera as leis fundamentais antigas, como o Código de Hamurabi e a 
Lei das XII Tábuas, como exemplos de Constituições imutáveis.
• E.2) Transitoriamente imutável
• Visando preservar a redação original de seu texto nos primeiros anos de vigência,
determinadas Constituições impedem a reforma de seus dispositivos por certo
período.
• Exemplo: Constituição Imperial de 1824.
• limitação temporal ao poder de reforma.
• Art. 174, Constituição Imperial de 1824: "Se passados quatro annos, depois de
jurada a Constituição do Brazil, se conhecer, que algum dos seus artigos merece
reforma, se fará a proposição por escripto, a qual deve ter origem na Camara dos
Deputados, e ser apoiada pela terça parte delles".
• E.3) Fixa
• Reconhece a possibilidade de seu texto sofrer reforma, porém apenas pelo órgão que a 
criou (poder constituinte originário).
• Hoje tidas por relíquias históricas, podem ser exemplificadas pelo:
• 1) Estatuto do Reino da Sardenha de 1848 (que depois vem a ser a Constituição 
da Itália).
• 2) Constituição Espanhola de 1876.
• E.4) Rígida
• A alteração desta Constituição é possível,
• mas exige um processo legislativo mais complexo e solene do que aquele
previsto para a elaboração das demais espécies normativas,
infraconstitucionais.
• ais regras diferenciadas e rigorosas são estabelecidas pela própria Constituição e
tornam a alteração do texto constitucional mais complicada do que a feitura das
leis comuns.
• Exemplo:
• a Constituição Federal de 1988, que exige o respeito a um procedimento bem
mais severo e rigoroso do que aquele estabelecido para a construção da legislação
ordinária para a aprovação de suas emendas constitucionais.
• Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros.
• OBSERVAÇÃO: RÍGIDA OU SUPERRRÍGIDA?
• Há, todavia, uma leve divergência doutrinária a respeito desta classificação.
Alexandre de Moraes entende ser a Constituição de 1988 superrígida, pois, além
de suscetível a processo legislativo diferenciado, possui, segundo o autor, normas
imutáveis (as cláusulas pétreas, constantes do art. 60, § 4°, CF/88).
• “A Constituição Federal de 1988 pode ser considerada como superrígida, uma vez
que em regra poderá ser alterada por um processo legislativo diferenciado, mas,
excepcionalmente, em alguns pontos é imutável (CF, art. 60, § 4° - cláusulas
pétreas)“ – Alexandre de Moraes
• Art. 60, § 4º: Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
• I - a forma federativa de Estado;
• II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
• III - a separação dos Poderes;
• IV - os direitos e garantias individuais.
• TODAVIA,
• A doutrina majoritária, compreende a Constituição de 1988 enquanto rígida, sob a
justificativa de que o que caracteriza a rigidez é exatamente o procedimento
diferenciado de alteração - marcado por quorum de votação qualificado, rejeição
ao turno único, ampliação das discussões - e não a existência de um núcleo
insuperável, insuscetível à ação restritiva ou abolitiva do poder reformador, que pode
existir ou não nos documentos rígidos.
• Exemplo 2:
• Outro exemplo de Constituição notadamente rígida é a dos Estados Unidos da
América, que somente pode ser modificada se a proposta de alteração for aprovada
por 2/3 dos componentes das duas Casas do Congresso (Câmara de
Representantes e Senado) e se, depois disso, for ratificada por três quartos dos
Estados da Federação nas Assembleias Legislativas ou em Convenções estaduais.
• E.5) Flexível
• Contrapõe-se à rígida, uma vez que pode ser modificada por intermédio de um
procedimento legislativo comum, ordinário, não requerendo qualquer processo
específico para sua alteração.
• OBSERVAÇÃO
• O impacto mais relevante da adoção de um texto classificado como flexível é a
inexistência de supremacia formal da Constituição sobre as demais
normas, afinal todas são elaboradas, modificadas e revogadas por rito idêntico.
• Nesse sentido, a própria lei ordinária contrastante com o teor do texto constitucional,
o altera!
• Por outro lado nota-se, entre o texto constitucional e o restante do corpo normativo,
supremacia material, de conteúdo- sendo constitucionais as normas que
regulamentam a estrutura política do Estado.
• Exemplos: Constituição inglesa; da Nova Zelândia, da Finlândia e da África
do Sul.
• E.6) Transitoriamente flexível
• Possuidora de flexibilidade temporária, autoriza durante certo período a alteração
de seu texto através de um procedimento mais simples, baseado no rito comum.
• vencido este primeiro estágio, passa a somente permitir a modificação de suas
normas por intermédio de um mecanismo diferenciado, quando, então, passa a
ser considerada rígida.
Exemplos:
Constituição de Baden (Alemanha) de 1947.
Constituição da Irlanda de 1937.
• E.7) Semirrígida (ou semi-flexível)
• O mesmo documento constitucional pode ser modificado segundo ritos distintos, a
depender de que tipo de norma esteja para ser alterada
• Neste tipo de Constituição, alguns artigos do texto (os que abrigam os preceitos
mais importantes) compõem a parte rígida, de forma que só possam ser reformados
por meio de um procedimento diferenciado e rigoroso...
• enquanto os demais (que compõe a parte flexível) se alteram seguindo processo
menos complexo, menos dificultoso.
• Exemplo: Constituição Imperial de 1824
• Art. 178. “E' só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições
respectivas dos Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos.
Tudo, o que não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas,
pelas Legislaturas ordinárias”.
• F) Quanto ao modo de elaboração
• F.1) Dogmática
• Também denominada ortodoxa, traduz-se num documento necessariamente escrito,
elaborado em uma ocasião certa, historicamente determinada, por um órgão
competente para tanto.
• Retrata os valores e os princípios orientadores da sociedade naquele
específico período de produção e os insere em seu texto, fazendo com que ganhem a
força jurídica de dispositivos cogentes, de observância obrigatória.
• A inserção dos valores e princípios que regulam a vida em sociedade em determinado
momento histórico no texto maior os transforma em DOGMAS.
• Não por outra razão, as Constituições assim formadas recebem a denominação de
dogmáticas.
• Exemplo: Constituição Federal de 1988
• F.2) Histórica
• É uma Constituição que se constrói aos poucos, em um lento processo de filtragem
e absorção de ideais por vezes contraditórios; não se forma de uma só vez como as
dogmáticas.
• É sempre não escrita.
• Em verdade, é o produto da gradativa evolução jurídica e histórica de uma sociedade,
do vagaroso processo de cristalização dos valores e princípios compartilhados pelo
grupo social.
• OBSERVAÇÃO: a Constituição histórica é mais duradoura e sólida, enquanto a
dogmática apresenta sensível tendência à instabilidade.
• Exemplo: Constituição Inglesa.
• G) Quanto à extensão
• G.1) Analítica
• Igualmente apresentada como "prolixa” ou (longa", ampla, larga, extensa), sua
confecção se dá de maneira extensa, ampla, detalhada, já que regulamenta todos os
assuntos considerados relevantes para a organização e funcionamento do Estado.
• Referida Constituição não se preocupa em cuidar apenas de matérias constitucionais,
essenciais à formação e organização do aparelho estatal e da vida em sociedade; ao
contrário, descreve os pormenores da vida no Estado, através de uma infinidade
de normas de conteúdo dispensável à estruturação estatal.
• Exemplos: Constituição do Brasil de 1988 (250 artigos), a de Portugal (1976) e a
da Espanha (1978).
• Obs: até setembro de 2016, a Constituição de 1988 conta com 92 Emendas.
• G.2) Concisa
• Sintética (concisa, sumária ou reduzida) é a Constituição elaborada de forma
breve, com preocupação única de enunciar os princípios básicos para a estruturação
estatal, mantendo-se restrita aos elementos substancialmente constitucionais.
• seu texto se encerra após estabelecer os princípios fundamentais de organização
do Estado e da sociedade.
• Exemplo: Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, possuidora
de apenas 7 artigos originais (redigidos em 4.400 palavras).
• Parcela da doutrina vê virtudes nestas Constituições em razão da sua maior
duração ao longo do tempo, "por serem mais facilmente adaptáveis às mudanças
da realidade, dado o seu caráter principiológico, sem que haja necessidade de
constante alteração formal do seu texto“ – Kildare Carvalho.
• H) Quanto à finalidade
• H.1) Garantia
• Também denominada "Constituição-quadro", restringe o poder estatal; criando 
esferas de não ingerência do poder público na vida dos indivíduos.
• Por possuir um corpo normativo repleto de direitos individuais oponíveis ao Estado, 
diz-se que traz para os sujeitos liberdades-negativas ou liberdades-impedimentos, 
que estabelecem espaços de não atuação e não interferência estatal na vida privada.
• É um tipo clássico de constituição, pois protege aqueles direitos surgidos na
primeira geração ou dimensão de direitos fundamentais, podendo-se
destacar: a Magna Carta de 1215, a Constituição Norte Americana de 1787 e a
francesa de 1791, que teve como preâmbulo a Declaração Universal do Direito do
Homem e do Cidadão, de 1789.
• H.2) Dirigente
• Contrapondo-se à Constituição-garantia, consagra um documento engendrado a
partir de expectativas lançadas ao futuro, arquitetando um plano de fins e objetivos
que serão perseguidos pelos poderes públicos e pela sociedade.
• Exemplo: Constituição Federal de 1988.
• Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
• I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
• II - garantir o desenvolvimento nacional;
• III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais;
• IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação.
• I) Quanto à interpretação
• I.1) Nominalista
• Possuidora de normas tão precisas e inteligíveis que dispensa, para ser
compreendida, qualquer outro método interpretativo que não o gramatical ou literal.
• Todas as possíveis ocorrências constitucionais da vida fática já possuem;
previamente; resposta no texto constitucional: basta aplicar na literalidade a
norma jurídica cabível na hipótese que solucionada está a controvérsia.
• Atualmente é impensável um documento constitucional com dispositivos de
conteúdo tão exato e certo que dê conta de abraçar toda a colossal realidade fática
(excessivamente complexa) a ser normatizada. A importância dessa tipologia
constitucional hoje é, portanto, meramente histórica.
• I.2) Semântica
• Em sentido inverso à nominalista, Constituição semântica é aquela cujo texto exige
a aplicação de uma diversidade de métodos interpretativos para ser realmente
entendido.
• Nesta tipologia, (ou gramatical) não é suficiente onde se enquadram os documentos
para a compreensão e deve ser constitucionais atuais, a aliada interpretação a
diversos outros processos hermenêuticos no intuito de viabilizar uma ampla
assimilação do documento constitucional.
• Exemplo: Constituição Federal de 1988.
• J) Quanto à correspondência com a realidade (Critério
Ontológico)
• Desenvolvido em meados do século XX pelo alemão Karl Loewenstein, este critério
pretende avaliar o grau de comunicabilidade entre o texto constitucional e a
realidade a ser normatizada, partindo de uma teoria ontológica das Constituições.
• J.1) Normativa
• Nesta Constituição há perfeita sintonia entre o texto constitucional e a
conjuntura política e social do Estado, de forma que a limitação ao poder dos
governantes e a previsão de direitos à população sejam estritamente observadas e
cumpridas.
• O texto constitucional é de tal forma eficaz e seguido à risca que, na prática, vê-se
claramente a harmonia entre o que se estabeleceu no plano normativo e o que
se efetiva nomundo fático.
• Exemplo: Constituição Americana de 1787
• J.2) Nominativa
• Esta já não é capaz de reproduzir com exata congruência a realidade política e social
do Estado, mas ANSEIA CHEGAR a este estágio.
• Seus dispositivos não são, ainda, dotados de força normativa capaz de reger os
processos de poder na plenitude, mas almeja-se um dia alcançar a perfeita sintonia
entre o texto (Constituição) e o contexto (realidade).
• Observação:
• Nossa Constituição de 1988 (aliás, como toda Constituição nominal) nasceu com
o ideal de ser normativa - isso porque saíamos de uma época ditatorial, que
somente legitimava o poder autoritário, com o intuito de construir um texto
absolutamente compatível com a nova realidade democrática que se instaurava -
mas, obviamente, não conquistou essa finalidade, pois ainda hoje existem casos de
absoluta ausência de concordância entre o texto constitucional e a realidade. É, pois,
um exemplo de Constituição nominal (ou nominalista). Outros exemplos: as
Constituições brasileiras de 1934 e 1946.
• J.3) Semântica
• É a Constituição que nunca pretendeu conquistar uma coerência apurada entre
o texto e a realidade, mas apenas garantir a situação de dominação estável por
parte do poder autoritário.
• Típica de estados ditatoriais, sua função única é legitimar o poder usurpado do
povo, estabilizando a intervenção dos ilegítimos dominadores de fato do poder
político.
• Exemplos: No Brasil, temos: as Cartas de 1937, de 1967 e a EC nº 1/1969
• K) Quanto à ideologia (ou quanto à dogmática)
• K.1) Eclética (ou heterogênea)
• O convívio harmônico entre várias ideologias é a marca central de seu texto.
• Nesta tipologia constitucional, por não haver uma única força política
prevalente, o texto constitucional é produto de uma composição variada de
acordos heterogêneos, que denota pluralidade de ideologias (muitas vezes
colidentes) e sinaliza a ocorrência de possíveis duelos (judiciais, legislativos e
administrativos) entre os diversos grupos políticos, a seriem pacificados pelos
operadores jurídicos.
• seu texto é formatado a partir dos compromissos constitucionais firmados entre os
distintos, e muitas vezes antagônicos, participantes do processo político, numa
tentativa de firmar dispositivos conciliatórios.
• Exemplos: Constituição brasileira de 1988 e Portuguesa de 1976.
• K.2) Ortodoxa
• Esta Constituição é construída tendo por base um pensamento único, que afasta o
pluralismo na medida em que descarta qualquer possibilidade de convivência entre
diferentes grupos políticos e distintas teorias.
• Só há espaço para uma exclusiva ideologia - não há espaço para conciliação de
doutrinas opostas.
• São exemplos a Constituição da China, de 1982, e a da extinta União Soviética,
de 1977.
• L) Quanto ao sistema
• Esta classificação, concebida por Diogo de Figueiredo Moreira Neto, divide os textos
constitucionais em principiológicos e preceituais, a depender da preponderância de
regras ou princípios, vale dizer, do grau de abstração das normas que predominam.
• L.1) Principiológica
• Nesta os princípios ganham relevo, são as normas que preponderam. E como
princípios possuem grau de abstração significativo, para serem concretizados
necessitarão de imediação legislativa ou judicial. A doutrina considera nossa atual
Constituição como representante desta modalidade.
• Exemplo: Constituição Federal 1988.
• L.2) Preceitual
• Constituído conferindo primazia às regras, o texto da Constituição preceitua possui
normas com alto grau de precisão e especificidade, o que permite uma
imposição direta e coercitiva de seus dispositivos. Em virtude da predominância de
normas com grau superior de determinabilidade, as Constituições preceituais tendem
a ser excessivamente detalhistas. A Constituição mexicana de 1917 é citada pela
doutrina pátria como exemplo.
• M) Quanto ao local da decretação
• M.1) Autoconstituição
• Também intitulada autônoma, é a Constituição elaborada dentro do próprio
Estado que irá estruturar normativamente e reger.
• Em regra, as Constituições são deste tipo inclusive a nossa atual, de 1988.
• M.2) Heteroconstituição (ou Constituição Heterônoma)
• São aquelas que não se originam no Estado que irão viger, surgindo em Estado
diverso daquele em que o documento vai valer, ou então elaboradas por algum
organismo internacional.
• A heteroconstituição é, por isso, bastante incomum e causa justificável perplexidade,
afinal o documento constitucional vai ser feito fora do Estado onde suas normas
produzirão efeitos e regerão normativamente a realidade fática.
• EXEMPLOS:
• São exemplos de Constituição heterônoma as de países como Nova Zelândia, Canadá e
Austrália, pois, como integrantes da Commonwealth (Comunidade das Nações), suas
Constituições foram aprovadas por leis do Parlamento Britânico.
• Igualmente pode ser citada a Constituição cipriota (Chipre), produto de acordos
feitos em Zurique, na década de 1960, entre Grécia, Turquia e a Grã-Bretanha.
• N) Quanto ao papel da Constituição (ou função desempenhada 
pela Constituição)
• A função que será desempenhada pela Constituição no ordenamento jurídico dá
origem, segundo Virgílio Afonso da Silva, à Constituição-lei, à Constituição-
moldura e à Constituição-fundamento (ou Constituição-total). Estas se
diferenciam a partir da maior ou menor liberdade de atuação atribuída ao legislador
ordinário em relação ao texto constitucional, isto é, se distanciam frente à capacidade
e autonomia que o legislador possui (ou não) em conformar a ordem jurídica.
• N.1) Constituição-lei
• nesta acepção tem-se Constituições equiparadas às demais leis do ordenamento,
desprovidas de status hierárquico diferenciado. Nesse sentido, como as normas
constitucionais estão em idêntico patamar da legislação ordinária, não possuindo
superioridade em relação a estas, não são capazes de moldar a atuação do legislador e
funcionam, unicamente, como diretrizes não vinculantes.
• São INVIÁVEIS em documentos rígidos e consagradores do princípio da
supremacia formal da Constituição - como é o caso do nosso texto de 1988.
• N.2) Constituição-moldura
• Numa interessante metáfora, nesta concepção a Constituição é só a moldura de um
quadro vazio, funcionando como limite à atuação do legislador ordinário, que
não poderá atuar fora dos limites previamente estabelecidos.
• Assim como num quadro a pintura está restrita aos limites da moldura que o guarnece,
também no ordenamento a atuação legislativa estaria circunscrita ao perímetro
estabelecido pela Constituição.
• Dessa forma, a preocupação da jurisdição constitucional seria, tão somente, a
de verificar se o legislador agiu dentro dos contornos da moldura
constitucional, isto é, se o "desenho” legislativo está dentro do quadro ou se
extrapolou as bordas definidas. Seguindo com a representação simbólica, é como se não
importasse o que o legislador ilustrou no quadro, ao contrário, o que interessa é saber
se ele se manteve dentro dos limites do quadro!
• N.3) Constituição-fundamento
• Vista enquanto lei fundamental, esta Constituição diferencia as normas
constitucionais das demais, na medida em que as situa num plano de superioridade
valorativo que as torna cogentes para legisladores e indivíduos.
• A atuação do legislador, neste caso, torna-se significativamente abreviada, vez que
seu papel está reduzido a interpretar as normas constitucionais e efetivá-las. O
espaço de conformação do ordenamento jurídico do legislador fica, pois, encurtado, na
medida em que sua atividade legislativa resume-se a um “mero instrumento de
realização da Constituição”.
• O) Quanto ao conteúdo ideológico (ou quanto ao 
objeto)
• Proposta por André Ramos Tavares, esta classificação visa identificar o conteúdo
ideológico que permeia a construção do texto constitucional.
• O.1) Liberal• Tendo como exemplos clássicos a Constituição dos EUA, de 1787 e a francesa, de 1791,
Constituições liberais são aquelas que correspondem às já mencionadas Constitui-
ção-garantia.
• Visam, pois, delimitar o exercício do poder estatal, assegurar liberdades individuais,
oponíveis ao Estado, e as garantias que assegurem a realização dos direitos por parte
dos indivíduos.
• São Constituições que veem o Estado circunscrito às funções de repressão e proteção,
despossuído de políticas de desenvolvimento social e econômico.
• O.2) Social
• Típicas de um constitucionalismo pós liberal (ou social), as Constituições sociais
passam a consagrar em seus textos não só direitos relacionados à liberdade, mas
também prerrogativas de cunho social, cultural e econômico.
• A atuação do Estado deixa de ser meramente negativa, como era nas Constituições
liberais, para sé tornar positiva, na medida em que fica claro que as políticas
estatais são eficientes vetores para o alcance de uma igualdade material.
• Como muitas vezes as normas que celebram o agir estatal, na consecução de fins
previamente traçados e delineados, são normas programáticas, definidoras de
planos para o futuro, é natural a associação entre a Constituição social e a dirigente.
• P) Outras classificações
• Além das classificações sistematizadas, os constitucionalistas pátrios apresentam
algumas outras:
• P.1) Constituição Suave
• Pensada pelo jurista italiano Gustavo Zagrebelsky, "Costituzione mite" (ou leve,
soft, dúctil) é aquela que, numa sociedade extremamente diversificada e
fragmentada por interesses plurais, não prevê um único modo de vida e o estabelece
como parâmetro exclusivo a ser seguido por seus cidadãos.
• a Constituição dúctil (ou suave) assegura várias opções e escolhas de formas de vida,
pois sua tarefa não é a de definir qual o único projeto de vida cabível e válido, e sim o
de funcionar como um substrato para o desenvolvimento de distintos projetos
pessoais.
• O autor, valendo-se de eficiente ilustração metafórica, vê o Direito Constitucional
enquanto um conjunto de matérias primas para a composição de um edifício, sendo
que a Constituição é a fundação dessa construção. O alicerce (base) dessa obra
deverá ser robusto e estável o suficiente para suportar todas as variadas formas de
edificação que emergirão das diferentes combinações dos materiais.
• P.2) Constituição Plástica
• A expressão “plástica” diz respeito a caractere que confere ao texto constitucional certa
maleabilidade, que o permite acompanhar as oscilações típicas da realidade fática.
• Seria, portanto, uma Constituição que permitiria constantes releituras, cujo texto seria
permanentemente reinterpretado para melhor acompanhar as mutações da sociedade.
• OBSERVAÇÃO:
• A plasticidade do documento constitucional não é característica particular de
textos flexíveis, afinal, Constituições rígidas podem igualmente estar abertas à novos
influxos sociais, políticos, econômicos e culturais que a vida cotidiana oferta. Este é
exatamente o caso da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988
(que é plástica);
• P.3) Constituição Expansiva
• Essa classificação, indicada por Raul Machado Horta, expõe Constituições que
conferem juridicidade a novas situações e estendem o tratamento jurídico de
diversos outros temas já presentes nos documentos constitucionais anteriores.
• Como exemplo, pode-se citar nossa Constituição da República de 1988:
• esta, além do acréscimo feito no tratamento de alguns assuntos, como os direitos e
garantias fundamentais - cujo rol foi significativamente incrementado –
• igualmente trouxe inovações, tal qual a consagração expressa do princípio da
dignidade da pessoa humana enquanto fundamento do Estado Democrático
de Direito, reconhecendo o legislador constituinte de 1988 que não é a pessoa
humana que existe em função do Estado, e sim o contrário.
• Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
• I - a soberania;
• II - a cidadania
• III - a dignidade da pessoa humana;
• P.4) Constituição “Em Branco”
• Nesta Constituição, as alterações no texto são viáveis. No entanto os aspectos
procedimentais que orientarão as mudanças não estão previstos na Constituição.
• A reforma, se for feita, subordinar-se-á ao regramento imposto pelo órgão revisor, que
estipulará ele mesmo as regras formais e os obstáculos de conteúdo que deverão ser
observados quando da reestruturação do documento.
• Traçando um paralelo, a Constituição em branco não possui um artigo tal qual o art.
60 da atual Constituição brasileira, que direciona o poder reformador quando da
feitura das emendas constitucionais, explicitando limitações que rigorosamente
deverão ser acatadas.
• Exemplos: Constituições francesas de 1799 e 1814
3.5 Histórico das Constituições 
Brasileiras (Constitucionalismo 
brasileiro)
•Constituição de 1824
• 1808: Família Real Portuguesa se transfere para o Brasil, passando a colônia brasileira
a ser designada Reino Unido a Portugal e Algarves (fuga das tropas napoleônicas).
• 1821: Dom João VI retorna a Lisboa para conter revoltas (Revolução do Porto), deixando
no Brasil D. Pedro de Alcântara, Príncipe Real do Reino Unido e Regente brasileiro.
• 1822: A corte portuguesa exigia o retorno imediato de D. Pedro I. Dia do Fico (9 de
Janeiro) e Independência do Brasil (7 de setembro).
• 1823:
• 1) Dom Pedro I convoca, em 1823, uma Assembleia Geral Constituinte e Legislativa,
com ideais marcadamente liberais, que, contudo, vem a ser dissolvida, arbitrariamente,
tendo em vista a existência de divergências com os seus ideais e pretensões autoritários.
• 2) Em substituição (da Assembleia Constituinte), D. Pedro I cria um Conselho de Estado
para tratar dos "negócios de maior monta" e elaborar um novo projeto em total
consonância com a sua vontade de "Majestade Imperial".
• 1824: A Constituição Política do Império do Brasil foi outorgada em 25 de março de
1824 e foi, dentre todas, a que durou mais tempo, tendo sofrido considerável influência
da francesa de 1814.
• Principais características:
• Foi marcada por forte centralismo administrativo e político, tendo em vista a figura
do Poder Moderador, constitucionalizado, e também por unitarismo e absolutismo.
• Observação 1. Além das funções legislativa, executiva e judiciária, estabeleceu-se a
função moderadora. Nesse sentido, o art. 10 da Constituição do Império de 1824: "Os
Poderes Políticos reconhecidos pela Constituição do Império do Brasil são quatro: o
Poder Legislativo, o Poder Moderador, o Poder Executivo, e o Poder Judicial".
• O Imperador, que exercia o Poder Moderador, no âmbito do Legislativo, nomeava os
Senadores, convocava a Assembleia Geral extraordinariamente, sancionava e vetava
proposições do Legislativo, dissolvia a Câmara dos Deputados, convocando
imediatamente outra, que a substituía. No âmbito do Executivo, nomeava e demitia
livremente os Ministros de Estado. E, por fim, no âmbito do Judiciário, suspendia os
Magistrados.
• Observação 2. Constituição Semirrígida. nos termos do art. 178, conforme já
estudamos, no tocante à classificação das Constituições quanto à alterabilidade,
algumas normas, para serem alteradas, necessitavam de um procedimento mais árduo,
mais solene e mais dificultoso; outras, entretanto, eram alteradas por um processo
legislativo ordinário, sem nenhuma formalidade.
• Art. 178. “E' só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas
dos Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que
não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas
ordinarias”.
• Constituição de 1891
• Antecedentes• A partir de 1860: enfraquecimento da Monarquia. Vários fatores. Alguns exemplos:
1868, durante a Guerra do Paraguai, os militares passam a nutrir um forte sentimento
de descontentamento com a Monarquia, sentimento esse que se intensificou em razão da
candente “marginalização política” e redução do orçamento e efetivo militares.
• 1874: fortes entraves entre a Igreja Católica e a Monarquia, a chamada Questão
Religiosa.
• 1889: a República é proclamada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, afastando-se do
poder D. Pedro II e toda a dinastia de Bragança, sem ter havido muita movimentação
popular. Isso porque, como visto, tratava-se mais de um golpe de Estado militar e
armado do que de qualquer movimento do povo. A República nascia, assim, sem
legitimidade.
• 1890: A Assembleia Constituinte foi eleita em 1890.
• 1891: Em 24 de fevereiro de 1891, a
primeira Constituição da República do Brasil (a segunda do constitucionalismo
pátrio) é promulgada. Vigorou até 1930.
Principais características:
A Constituição de 1891 teve por Relator o Senador Rui Barbosa e sofreu forte
influência da Constituição norte-americana de 1787, consagrando o sistema de governo
presidencialista, a forma de Estado federal, abandonando o unitarismo e instituiu a
forma de governo republicana em substituição à monárquica.
Constituição rígida: nos termos do art. 90 previu-se um processo de alteração da
Constituição mais árduo e mais solene do que o processo de alteração das demais espécies
normativas.
Não há mais religião oficial: o Brasil, nos termos do que já havia sido estabelecido
pelo Decreto n. 119-A, de 07.01.1890, constitucionaliza-se como um país leigo, laico ou
não confessional.
• Constituição de 1934
• Antecedentes
• 1929: A crise econômica de 1929, bem como os diversos movimentos sociais por melhores condições
de trabalho, sem dúvida, influenciaram a promulgação do texto de 1934, abalando, assim, os ideais
do liberalismo econômico e da democracia liberal da Constituição de 1891.
• 1930: A chamada República Velha tem o seu fim com a Revolução de 1930, que instituiu o
Governo Provisório nos termos do Decreto n. 19.398, de 11.11.1930, levando Getúlio Vargas ao
poder. Fim da “República Velha” (período entre os anos de 1889 e 1930, quando a elite cafeeira
paulistana e mineira revezava o cargo da presidência da República movida por seus interesses
políticos e econômicos).
• 1934: promulgada em 16 de julho pela Assembleia Nacional Constituinte, A Constituição de 1934
foi redigida "para organizar um regime democrático, que assegure à Nação, a unidade, a liberdade,
a justiça e o bem-estar social e econômico”.
• Principais características:
• O texto de 1934 sofreu forte influência da Constituição de Weimar da Alemanha de 1919,
evidenciando, portanto, os direitos humanos de 2º geração ou dimensão e a perspectiva de um
Estado social de direito (democracia social).
• O texto de 1934 teve curtíssima duração, sendo abolido pelo golpe de 1937.
• Constituição de 1937
• Antecedentes
• 1934: Getúlio Vargas foi eleito e empossado para governar de 1934 até 1938.
Contudo, durante esse período, um forte antagonismo foi percebido entre a
ultra direita de um lado (em especial a Ação Integralista Brasileira — AIB),
defendendo um Estado autoritário, e o movimento de esquerda de outro,
destacando ideais socialistas, comunistas e sindicais (em especial a formação, em
1935, da Aliança Nacional Libertadora — ANL).
• 1935: Em 11 de julho de 1935, o Governo fechou a Aliança Nacional Libertadora
— ANL, considerando-a ilegal com base na “Lei de Segurança Nacional”, cujo
estopim da crise foi o manifesto lançado por Luís Carlos Prestes.
• Em razão da Intentona Comunista (novembro de 1935 — Natal, Recife e
Rio de Janeiro — insurreição político-militar que contava com o apoio do
Partido Comunista Brasileiro e de ex-tenentes — agora militares comunistas —,
e que tinha o objetivo de derrubar Getúlio Vargas e instalar o socialismo no
Brasil), o estado de sítio foi decretado pelo Governo e se deflagrou um forte
movimento de repressão ao comunismo.
• Getúlio Vargas e o Governo tiveram o apoio do Congresso Nacional, que decretou o “estado
de guerra”.
• 1937: Em 30 de setembro de 1937, os jornais noticiaram que o Estado-Maior do
Exército havia descoberto um plano comunista para a tomada do Poder (“Plano
Cohen”). Este foi o “estopim” para que o Governo decretasse o golpe como
suposta “salvação” contra o comunismo que parecia “assolar” o País.
• “Tendo o apoio dos Generais Góis Monteiro (Chefe do Estado-Maior do
Exército) e Eurico Gaspar Dutra (Ministro da Guerra), bem como diante de uma
nova decretação de “estado de guerra” pelo Congresso Nacional, em 10 de
novembro de 1937 Getúlio Vargas dá o golpe ditatorial, centralizando o poder e
fechando o Congresso Nacional. Era o início do que Vargas intitulou de “nascer da
nova era”, outorgando-se
a Constituição de 1937, influenciada por ideais autoritários e fascistas,
instalando a ditadura (“Estado Novo”), que só teria fim com a
redemocratização pelo texto de 1945, e se declarando, em todo o País, o estado
de emergência”. – Pedro Lenza.
• Principais características:
• Constituição outorgada.
• A Carta de 1937, elaborada por Francisco Campos, foi apelidada de
“Polaca” em razão da influência sofrida pela Constituição polonesa fascista de
1935, imposta pelo Marechal Josef Pilsudski.
• Constituição de 1946
• Antecedentes
• 1942 e 1943: A entrada na 2ª Guerra fez com que Vargas perdesse importante apoio,
situação essa materializada na publicação, em 24 de outubro de 1943, do Manifesto dos
Mineiros, carta assinada por intelectuais que apontava a contradição entre a
política interna e a externa (carta aberta publicada em 24 de outubro de 1943, no
aniversário da vitória da Revolução de 1930, por importantes nomes da intelectualidade
liberal - advogados e juristas- do estado de Minas Gerais em defesa da redemocratização
e do fim do Estado Novo).
• Isso porque, ao aderir à Guerra ao lado dos “Aliados”, buscando enfrentar as
ditaduras nazifascistas de Mussolini e Hitler (países do “Eixo”), parecia natural
que o fascismo fosse “varrido” da realidade brasileira, não se sustentando,
internamente, a contradição de manter um Estado arbitrário com base em uma
Constituição inspirada no modelo fascista e externamente lutar contra esse
regime.
• 1945: “expulsão” de Vargas do poder pelos Generais Gaspar Dutra e Góis Monteiro,
sendo, assim, deposto pelas Forças Armadas.
• Convocado pelas Forças Armadas, o Executivo passou a ser exercido pelo
então Presidente do STF, Ministro José Linhares, que governou de 29.10.1945
a 31.01.1946, até assumir, eleito pelo voto direto e com mais de 55% de
aprovação dos eleitores, o General Gaspar Dutra como o novo Presidente da
República.
• A Lei Constitucional n. 13, de 12.11.1945, atribuiu poderes constituintes ao
Parlamento que seria eleito em 02.12.1945 para a elaboração da nova
Constituição do Brasil.
1946: A Assembleia Constituinte foi instalada em 1.º.02.1946, vindo o texto a ser
promulgado em 18.09.1946. Tratava-se da redemocratização do País,
repudiando-se o Estado totalitário que vigia desde 1930.
• Principais características
O texto inspirou-se nas ideias liberais da Constituição de 1891 e nas ideias
sociais da de 1934. Na ordem econômica, procurou harmonizar o princípio da
livre-iniciativa com o da justiça social.
• Constituição de 1967
• Antecedentes
• 1964: João Goulart (Jango) foi derrubado por um movimento militar que eclodiu em
31.03.1964, tendo sido acusado de estar a serviço do “comunismo internacional”.
Instalava-se, assim, uma nova “ordem revolucionária” no País.
• O General Costa e Silva, o Brigadeiro Francisco Correia de Melo e o
Almirante Augusto Rademaker, militares vitoriosos, constituíram o chamado
Supremo Comando da Revolução e, em 09.04.1964, baixaram o AtoInstitucional n. 1, de autoria de Francisco Campos (o mesmo que elaborou a
Carta de 1937), com muitas restrições à democracia: a) o Comando da
Revolução poderia decretar o estado de sítio (art. 6.º); b) sem as limitações previstas na
Constituição estabelecia-se a possibilidade de suspender direitos políticos pelo
prazo de 10 anos, cassar mandatos legislativos federais, estaduais e municipais,
excluída a apreciação judicial desses atos etc. (art. 10), etc.
• 1965 : O AI 2/65, após ter estabelecido eleições indiretas (o presidente e o vice-
presidente seriam eleitos indiretamente por maioria absoluta do Congresso Nacional, em
sessão pública) para Presidente e Vice-Presidente da República.
• 1966: O Congresso Nacional foi fechado em 1966, sendo reaberto, posteriormente, nos
termos do AI 4/66 para aprovar a Constituição de 1967.
• Principais características
• Na mesma linha da Carta de 1937, a de 1967 concentrou, bruscamente, o
poder no âmbito federal, esvaziando os Estados e Municípios e conferindo
amplos poderes ao Presidente da República. Houve forte preocupação com a
segurança nacional.
• Constituição de 1988
• Antecedentes
1985: Após a frustrada campanha pelas Diretas Já, que arrebanhou multidões em favor
da volta pelas eleições diretas, Tancredo Neves foi eleito indiretamente Presidente da
República, sucedendo assim o último militar no poder, João Figueiredo.
Tancredo foi candidato na chapa PMDB/PFL. Seu vice era José Sarney, o qual acabou
assumindo o governo. Foram eleitos pelo colégio eleitoral (composto por congressistas de
todo o país), no dia 15 de janeiro de 1985.
Pouco tempo antes de tomar posse, Tancredo Neves foi acometido de uma forte dor no
abdômen. Foi internado às pressas e operado. Mas não resistiu, vindo a falecer em 21 de
abril daquele ano. Até hoje não se sabe a causa exata de sua morte.
• A fim de mostrar seu interesse na redemocratização do país, Sarney convocou no início de
1987 uma Assembleia Constituinte, para elaborar uma nova Constituição. A Assembleia
Constituinte foi composta por Deputados e membros do Senado.
• Representantes da sociedade acompanharam de perto os trabalhos dos constituintes. O fim da
ditadura militar ainda era recente, por isso um dos principais objetivos da Constituição era
estabelecer a democracia no Brasil.
• Depois de 20 meses de trabalhos, discussões, no dia 05 de outubro de 1988 foi promulgada a
Constituição do Brasil, a mesma que está em vigor atualmente. Ficou conhecida como
Constituição Cidadã.
• Sendo democrática e liberal, a Constituição de 1988, que sofreu forte in fluência da Constituição
portuguesa de 1976, foi a que apresentou maior legitimidade popular.
Quadro de vigência das Constituições brasileiras.

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