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Resumo penal N2

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DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
TIPOS PENAIS. PECULATO O PECULATO é tipificado em diversas formas:
A) PECULATO APROPRIAÇÃO (Art. 312, caput, 1.ª parte);
B) PECULATO DESVIO (Art. 312, caput, 2.ª parte);
C) PECULATO FURTO (Art. 312,§1.º);
D) PECULATO CULPOSO (Art. 312,§2.º)
E) PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM (PECULATO-ESTELIONATO – Art. 313);
F) PECULATO ELETRÔNICO (Arts. 313-A e 313-B).
	
 PECULATO APROPRIAÇÃO 
 PECULATO DESVIO PECULATO PRÓPRIO
	 Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Aqui o agente (funcionário público) tem posse legítima do bem em função do cargo que exerce, mas se apropria indevidamente ou confere destinação diversa à coisa, em seu benefício ou de outrem, com a obtenção de proveito.
O agente age com dolo. 
Não é possivel a tentativa, independentemente de o agente visar o lucro. 
Consuma-se quando o age apropria-se do bem como se fosse dono ou der destinação diversa da pretendida.
Ação Penal incondicionada. 
	
PECULATO FURTO (§1.º): mesma pena do caput
	
Aqui o funcionário público não tem a posse lícita da coisa, mas se vale da facilidade que o cargo lhe concede para subtrair (ou concorrer para que seja subtraída) a coisa do ente público ou de particular sob custódia da Administração. 
Caso o agente não seja funcionário público = furto
Caso o agente seja funcionário, mas não utilize das facilidades que o cargo lhe proporciona = furto
PECULATO CULPOSO (§2.º) Detenção, de 3 meses a 1 ano
	
Pune-se o funcionário público negligente que concorre culposamente (cria condições favoráveis à prática do peculato doloso), em qualquer de suas modalidades (apropriação, desvio, furto).
Se o agente público for negligente e concorre para a prática de delito não funcional, como por exemplo, um furto? Para Rogério Sanches configura o crime.
CONSUMAÇÃO: No momento em que se aperfeiçoa a conduta dolosa do terceiro, havendo necessidade de nexo causal entre os delitos, de modo que o primeiro tenha possibilitado o segundo.
Tratando-se de modalidade culposa, é inviável a forma tentada.
	
REPARAÇÃO DO DANO (§3.º)
	
Livra-se totalmente de pena o negligente, se ressarcir o dano antes da sentença condenatória irrecorrível (extinção da punibilidade);
Se a indenização é efetuada pelo funcionário após sua definitiva condenação, a pena é reduzida à metade.
	PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM (PECULATO-ESTELIONATO – Art. 313):
 Reclusão, de 1 a 4 anos e multa.
	
Aqui o bem apoderado pelo agente, ao contrário do que ocorre no peculato apropriação, não está naturalmente na posse do agente, pois deriva de erro alheio.
CONDUTA: apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem.
Elemento subjetivo: a conduta dolosa, consistente na vontade consciente do funcionário de apropriar-se de dinheiro (ou qualquer utilidade móvel) que recebeu por erro de outrem, ciente do engano cometido.
Consumação: no momento em que o agente se apropria da coisa recebida por erro e percebe, mas não o desfaz. Admite-se a tentativa.
Crimes funcionais 
 PROPRIOS - atipicidade absoluta 
 IMPROPRIOS - se retirar a condição/elementar de “ funcionário público” - ocorre a desclassificação -atipicidade relativa
Obs.:
Pessoa que não é funcionário público e saber que está auxiliando um. Responde por artigo – 313
Se não souber, aplica-se o delito do artigo. 169 (peculato furto --- furto: pra quem não é funcionário)
	 
 PECULATO ELETRÔNICO -ART. 313-A inserção de dados falsos em sistema de informações (banco de dados) 
 reclusão de 2 a 12 anos e multa.
	
Objetividade jurídica: Tutela-se a Administração Pública no tocante à regularidade dos seus sistemas informatizados ou banco de dados.
Objeto material: Dados (falsos ou corretos) integrantes dos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração.
Sujeitos do crime: Ativo (funcionário público autorizado que tem acesso a uma área restrita, vedada a outros funcionários e ao público em geral, mediante utilização de senha ou outro mecanismo de segurança).
Conduta criminosa
 
INSERIR
 
 
dados falsos = Introduzir, colocar;
 
FACILITAR A INSERÇÃO
 de dados falso
 =
Para
 
que 3º faça alteração (
co
l
abo
rar
 com alguém
)
;
 
 
ALTERAR
 dados corretos = modificar
 
EXCLUIR
 
 
dados corretos = eliminar, remover ou 
deletar
.
1. Inserir ou facilitar a inserção de dados falsos.
2. Alterar ou excluir indevidamente dados corretos.
Nas duas hipóteses deve o agente agir prevalecendo-se do acesso privilegiado inerente ao seu cargo, emprego ou função pública. 
Exemplo:
Uma servidora pública municipal lotada no setor de compras e pagamentos da prefeitura municipal, em conluio com empresário estabelecido na cidade, o qual tinha conhecimento da função desempenhada pela servidora, inseriu, em razão do cargo, no sistema informatizado de pagamentos da prefeitura, dados falsos relativos à prestação de serviços não executados e à aquisição de bens não entregues à municipalidade, com o fim de obter vantagem indevida. 
Voluntariedade: Aqui o agente tem Dolo + Fim especial de agir representado pela expressão “com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano”.
Crime formal – Consuma-se com á pratica da conduta (obter vantagem indevida ou causar dano), independente de o resultado acontecer, ou seja, á pratica da conduta dolosa e com finalidade especifica já se consuma.
 Admite-se a tentativa. Exemplo: quando o funcionário público autorizado é surpreendido iniciando a alteração indevida de dados corretos em sistema informatizado da Adm. sem conseguir encerrar a configuração ou formatação desejada.
Crime Próprio – Somente por funcionário público AUTORIZADO, que tem acesso privilegiado. 
Ação Penal: Pública incondicionada
 PECULATO ELETRÔNICO - ART. 313-B
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações
 detenção, de 3 meses a 2 anos
	
Objetividade jurídica: Tutela-se a Administração Pública no tocante à integridade dos seus sistemas de informações e programas de informática.
Objeto material: Sistema de informações (que é o complexo de elementos físicos agrupados e estruturados destinados ao fornecimento de dados ou orientações sobre pessoa ou coisa) e programa de informática que é o software.
Sujeitos do crime: Ativo (funcionário público);
Conduta criminosa: MODIFICAR: transformar
 ALTERAR: decompor o estado inicial, preservando o sistema de informações ou programade informática sem desnaturá-lo totalmente.
Voluntariedade: Dolo, independentemente de finalidade específica.
Crime formal - Consuma-se com a efetiva modificação ou alteração do sistema de informações ou programa de informática, sem necessidade de lesão para a Administração Pública ou para outra pessoa. 
 Admite-se a tentativa.
Obs.: Se houver dano (material ou moral) para a Administração ou a terceiro a pena aumenta nos termos do parágrafo único. Essa causa de aumento representa um exaurimento do crime.
Crime próprio - Funcionário não tem autorização/acesso ao sistema de informação.
Ação Penal: Pública incondicionada
	
EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO - Art. 314
 Reclusão, de 1 a 4 anos, se o fato não constitui crime mais grave
	
Objetividade jurídica: Tutela-se a Administração Pública, nos âmbitos patrimoniais e moral.
Objeto material: Livro oficial - criado por lei para o registro de anotações pertinentes à Administração, sendo todos aqueles que são guardados em arquivos da Administração com a nota de que assim se devem considerar.
 Documento- qualquer escrito, instrumento ou papel, público ou particular constante dos arquivos da Administração)
Sujeitos do crime: Ativo (funcionário público que tem a guarda do livro oficial ou do documento em razão do cargo), sob pena de configurar o tipo penal do art. 337 do CP (subtração ou inutilização de livro ou documento).
Conduta criminosa: EXTRAVIAR: fazer com que algo não chegue ao seu real destino;
 SONEGAR: ocultar ou esconder.
 INUTILIZAR: tornar imprestável total ou parcialmente.
Voluntariedade: Agente tem DOLO, independente de finalidade específica.
 
Crime Formal- Consuma-se no instante em que o sujeito extravia livro oficial ou documento, de que tem a posse em razão do cargo, ou quando os sonega ou inutiliza, total ou parcialmente, pouco importando se resulta prejuízo efetivo à Adm.
 
 Admite-se a tentativa. Exemplo: “A”, funcionário público responsável pela guarda de um documento público de valor histórico, coloca-o no lixo, visando seu posterior recolhimento e destruição, mas “B” percebe sua conduta e recupera o documento.
Crime próprio
Ação Penal: Pública incondicionada
	
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS -Art. 315
 detenção de 1 a 3 meses, ou multa
	
Objetividade jurídica: Tutela-se a Administração Pública, no tocante à regularidade da aplicação dos recursos públicos em conformidade com a destinação legal prévia. Visa impedir o arbítrio administrativo no tocante à discriminação das verbas.
 
Sujeitos do crime: Ativo (funcionário público que tenha o poder de gestão relacionado às verbas ou rendas públicas, assumindo a responsabilidade pelo seu emprego em harmonia com as imposições legais: Presidente, Ministros de Estado, Governadores, Secretários, etc).
Obs.: com relação aos prefeitos incide o art. 1.º, III, Decreto-lei 201/1967.
Sujeito passivo: Estado e, secundariamente a pessoa prejudicada.
Conduta criminosa: Dar às verbas ou rendas públicas, aplicação diversa da estabelecida em lei. É preciso analisar a lei que confere às verbas uma finalidade, para só então concluir pelo emprego dos valores em destinação diversa.
Voluntariedade: DOLO, independentemente de finalidade específica. Pouco importa se a finalidade que levou ao emprego irregular das verbas públicas era justa ou não, pois um dos vetores da atuação de qualquer agente público é o princípio da legalidade.
Crime Material - Consuma-se com a efetiva aplicação das verbas ou rendas públicas em finalidade diversa da legalmente prevista (crime material).
 Admite-se a tentativa.
Crime próprio
Ação Penal: Pública incondicionada
 
Obs.: Não se confunde com o crime de peculato doloso, na modalidade desvio (CP, art. 312, caput, parte final). Nos dois crimes, o funcionário público desvia um bem móvel pertencente à Administração, conferindo-lhe destinação diversa da legalmente prevista. Entretanto, no peculato o funcionário público desvia o dinheiro, valor ou bem móvel em proveito próprio ou alheio, ou seja, age para satisfazer interesses particulares. No emprego irregular de verbas ou rendas públicas, o funcionário também desvia valores públicos, mas em prol da própria Administração Pública. 
Ex.: O secretário estadual de obras utiliza valores reservados à construção de uma creche na reforma de um hospital público. 
Ex.: Governador se utiliza da verba destinada à construção de uma escola pública para aplicá-la na construção de uma praça defronte sua residência, valorizando-a.
Obs.: A pena deste crime é sensivelmente inferior à sanção do peculato
CONCUSSÃO -Art. 316
 reclusão de 2 a 8 anos , e multa
	
Objetividade jurídica: Tutela-se a Administração Pública, no tocante ao seu prestígio, da moralidade e da probidade administrativa. Além disso, tutela o patrimônio e liberdade individual do particular prejudicado (crime pluriofensivo).
Objeto material: É a vantagem indevida ou ilícita, podendo ser atual ou futura, patrimonial ou não (sexual, prestígio político, vingança ou de qualquer natureza
Sujeitos do crime: Ativo, funcionário público mesmo que esteja fora de sua função ou antes de assumi-la. 
Conduta criminosa: EXIGIR, no sentido de ordenar ou impor. O verbo transmite a ideia de imposição e intimidação no comportamento do funcionário público, que, se aproveita do temor proporcionado à vítima em decorrência dos poderes inerentes ao cargo por ele ocupado (metus publicae potestatis).
 
 Obs.: não há emprego de violência à pessoa, pois a intimidação encontra fundamento unicamente nas consequências que podem ser provocadas contra alguém. Essa exigência pode ser implícita ou explícita.
Voluntariedade: DOLO + elemento subjetivo específico (para si ou para outrem).
Crime Formal- Consuma-se com a exigência que deve chegar ao conhecimento da vitima pelo funcionário público, para si ou para outrem, independentemente de seu recebimento (crime formal). O eventual recebimento da vantagem indevida constitui mero exaurimento do crime, que teve sua consumação com a exigência.
 Admite-se a tentativa: Em tese é possível (a pesar de haver divergência na doutrina). Exemplo: como no caso em que a extorsão é feita por meio de uma carta interceptada, antes que chegue ao destinatário.
Crime próprio
Ação Penal: Pública incondicionada
É um crime em que o funcionário público, valendo-se do respeito ou mesmo receio que sua função infunde, impõe à vítima a concessão de vantagem a que não tem direito. O funcionário influi sobre a vítima o metus publicae potestatis que traduz a situação em que o cidadão atua com reverência e temor quando está diante de uma autoridade pública. O funcionário pode exigir diretamente de forma explícita ou implícita, ou indiretamente, servindo-se de interposta pessoa, ou fazendo supor, com maliciosas interpretações ou sugestões a legitimidade de sua exigência. Além disso, não há necessidade que o sujeito ativo se ache na atualidade de exercício de função, podendo o mesmo estar licenciado, ou embora já nomeado, ainda não haja assumido a função ou tomado posse do cargo. O que se faz indispensável é que a exigência se formule em razão da função.
Obs.: não se aplica ao funcionário aposentado (Greco, 2014, p.436). 
Origina da palavra em latim “concutere” relacionada à açãode sacudir uma árvore, para fazer seus frutos caírem. Desse modo atua o funcionário desonesto: sacode o particular vítima do crime para que Caim frutos não no solo, mas em seu bolso.
Elementos do crime: 
a) exigência de vantagem indevida (para si ou para outrem);
b) que esta vantagem tenha como destinatário o próprio concussário ou então um terceiro;
c) que a exigência seja ligada a função do agente, mesmo que esteja fora dela ou ainda não tenha a assumido.
Espécies de concussão:
a) típica: contida no “caput”, na qual o funcionário público exige vantagem indevida, desconectada de qualquer tributo ou contribuição social;
b) própria: prevista no §1.º, 1.ª parte, em que há abuso de poder, exigindo o funcionário público tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido.
c) imprópria: delineada no §1., in fine, na qual o funcionário público exige tributo ou contribuição social devida, porém empregando na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza.
Exemplo do crime: Um guarda de trânsito exige da vítima uma determinada quantia em dinheiro para não apreender seu automóvel.
Ex 2.: O fiscal de vigilância sanitária vai a um bar e, encarando o seu proprietário, diz a ele que precisa reformar sua casa, e qualquer colaboração nesse sentido evitará fiscalizações e dissabores futuros.
Exemplos de tentativa: “A”, funcionário público da Vigilância Sanitária, pede a “B”, particular, que vá até a casa de “C” e, em seu nome, exija a entrega de determinada quantia em dinheiro, sob pena de interdição de seu restaurante. Entretanto, “B” é atropelado durante o percurso. 
Ex.2.: “A” funcionário público, remete a “B” uma carta contendo a exigência de vantagem indevida, mas ela não chega ao destinatário.
Obs.: pode ser praticado via omissão imprópria quando o agente, garantidor, dolosamente, podendo, nada fizer para impedir a prática do delito em estudo, devendo ele responder nos termos do art. 13,§2º do CP.
Obs.: Não configura o tipo penal de corrupção ativa sujeitar-se a pagar propina exigida por funcionário público, pois a vítima agiu em razão de constrangimento a que foi submetida. Nesse sentido, o fato é atípico para o extraneus, configurando apenas concussão do funcionário. 
Atenção: Na concussão, não há violência ou grave ameaça, mas exigência fundada na promessa de um mal relacionado ao campo de atuação do funcionário. Assim, o crime poderá ser o de extorsão, desde que se sirva o funcionário público de violência à pessoa, ou de grave ameaça relacionada a mal estranho à função pública. Ex.: Um policial rodoviário, determina a parada de um automóvel e em seguida analisa os documentos, verificando que estão todos em ordem. Porém, visualiza um aparelho de som no painel, e aponta o revólver ao motorista, ameaçando matá-la caso não lhe entregue o aparelho. O policial cometeu extorsão e não concussão. Situação diversa ocorreria se o policial tivesse exigido a entrega do aparelho para não lavrar multas contra o motorista.
	
 EXCESSO DE EXAÇÃO - ART 316,§§ 1.º e 2.º
	
Trata-se de uma conduta autônoma que independe da narrada no caput. Aqui o funcionário público exige ilegalmente tributo ou contribuição social em beneficio da Administração Pública. Ou emprega meios constrangedores na cobrança de tributos devidos. Temos, então, duas situações que devem ser analisadas:
 
O funcionário exige, determina o recolhimento de tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber ser indevido, sem amparo válido para cobrança, seja porque seu valor já foi pago, seja porque a quantia cobrada é superior à estabelecida em lei. 
Obs.: Depois de arrecadado ilegalmente o tributo é revertido ao erário. Se ocorrer seu desvio em favor do funcionário público ou de outra pessoa, incide a figura qualificada do §2.º do art. 316.
Obs.: nesta modalidade, a doutrina admite a tentativa, quando o crime ocorrer por meio de carta que se extravia antes da chegada ao contribuinte.
Embora o tributo ou a contribuição social sejam devidos, o agente emprega na cobrança meio vexatória ou gravosa, que a lei não autoriza. O agente se vale de meios constrangedores, humilhantes, que atingem a dignidade da pessoa. Aqui o agente também não visa obter vantagem para si ou para outrem, mas recolher os tributos.
Obs.: admite-se a tentativa quando o funcionário tenta realizar a cobrança vexatória, mas é surpreendido antes que a concretize.
O excesso de exação consuma-se com a exigência indevida ou com o emprego de meio vexatório ou gravoso do tributo ou contribuição social, independentemente do seu efetivo pagamento (crime formal).
	
CORRUPÇÃO PASSIVA -ART. 317 
 Reclusão, de 2 a 12 anos e multa.
 
	
Objetividade jurídica: Tutela-se a Administração Pública (moralidade administrativa), no tocante a probidade dos agentes públicos, os quais estão impedidos de solicitar ou receber, no desempenho de suas funções, qualquer tipo de vantagem indevida. 
Objeto material: A vantagem indevida
Sujeitos do crime: Ativo (funcionário público) incluindo aquele que ainda não tomou posse, mas já foi nomeado e aquele que esta fora da função (férias, licença).
Conduta criminosa: SOLICITAR, RECEBER e ACEITAR.
Voluntariedade: DOLO + elemento subjetivo específico (para si ou para outrem) ou seja, em proveito próprio ou de terceiro.
Crime Formal - Consuma-se no momento em que o funcionário público, solicita, recebe ou aceita a promessa de vantagem indevida. No núcleo “solicitar” não se exige a real entrega da vantagem indevida pelo particular. Por meio da modalidade “receber” ocorre a consumação quando o agente, sem que tenha feito qualquer solicitação, receber a vantagem indevida. E na modalidade “aceitar a promessa”, é indispensável o seu posterior recebimento.
 
 Admite-se a tentativa. Exemplo: funcionário público remete ao particular uma carta, na qual solicita a entrega de vantagem indevida, mas a mesma é interceptada pelo MP, com ordem judicial.
Crime próprio
Ação Penal: Pública incondicionada
A corrupção, também denominada de peita ou suborno, pode ser passiva, quando envolve a atuação do funcionário público corrompido, ou ativa, se inerente à conduta do corruptor. O Código Penal, nesse aspecto, rompeu com a teoria unitária ou monista do concurso de pessoas, adotada como regra em seu art. 29, caput: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. Aqui aplica a exceção pluralística, pois existem dois crimes distintos: corrupção passiva (art. 317), de natureza funcional, inserida entre os crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral; e corrupção ativa (art. 333), versada no rol dos crimes praticados por particular contra a Administração em geral.
Trata-se de um crime bilateral ou de concurso necessário, pressupondo a convergência de vontades entre o funcionário público corrupto e o particular corruptor.
Analisando o tipo penal temos:
a) conduta de solicitar ou receber, para si ou para outrem;
b) direta ou indiretamente;
c) ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela;
d) vantagem indevida;
e) ou aceitar promessa de tal vantagem.
CAUSA DE AUMENTO DE PENADE 1/3 ou MAJORANTE (§1.º):
	
CAUSA DE AUMENTO DE PENADE 1/3 ou MAJORANTE (§1.º):
Se em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo o dever funcional. Nas duas primeiras hipóteses, o ato é lícito, mas retardado ou omitido pelo agente; na última, o ato é ilícito, e mesmo assim o funcionário o pratica.
Obs.: a corrupção é crime formal. No entanto, o legislador deixou claro que a superveniência de resultado naturalístico apresentarelevância jurídica, pois com o exaurimento surge a causa de aumento de pena do §1.º. Por tal razão, este crime já foi chamado pelo STF de corrupção passiva exaurida.
	
MODALIDADE PRIVILEGIADA OU CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA - §2.º 
 detenção, de 3 meses a 1 ano ou multa
	
Nesse caso, ao contrário do que ocorre com a modalidade do caput, o agente não visa, para si ou para outrem, à obtenção de vantagem indevida, mas procura atender a um pedido de alguém, ou cede em virtude da influência exercida por aquele que lhe faz a solicitação, para atender pedido de terceiro, normalmente um amigo, influente ou não. É considerada uma forma menos gravosa do crime, pois aqui o funcionário não “se vende”. Esta forma do crime se aproxima do delito de prevaricação (onde há satisfação de interesse pessoal). A diferença reside no elemento subjetivo específico que norteia a atuação do funcionário público:
	CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA
	PREVARICAÇÃO
	O agente pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem.
Visualiza-se a intervenção de um terceiro, ainda que indiretamente ou até mesmo desconhecidamente pelo terceiro.
Ex.: fiscal de obras, para agradar um juiz, deixa de embargar a construção irregular da sua residência, mesmo sem pedido formulado pelo juiz.
	O agente retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou o pratica contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Não existe intervenção de qualquer outra pessoa, pois o que move o funcionário é o interesse ou sentimento pessoal.
- Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal, pois a pena máxima é inferior a 2 anos.
Ex.: um fiscal de obras, para agradar o juiz de Direito, deixa de embargar a construção irregular da sua residência, mesmo sem pedido formulado nesse sentido.
	
 PREVARICAÇÃO - Art. 319 
 detenção, de 3 meses a 1 ano
	
Objetividade jurídica: Tutela-se a Administração Pública contra o comportamento de funcionários desidiosos, que não cumprem seus deveres, com o propósito de satisfazer interesses pessoais, prejudicando o desenvolvimento normal e regular da atividade administrativa. 
Objeto material: É o ato de ofício (todo e qualquer ato em que se exterioriza o exercício da função pública ou do cargo público) indevidamente retardado ou omitido pelo agente, ou praticado contra disposição expressa de lei. Incluem-se os atos públicos de qualquer natureza: executivos, judiciais ou legislativos. Deve ser um ato que integre a competência ou atribuição do funcionário.
Sujeitos do crime: Ativo (funcionário público). Admite a participação. 
Conduta criminosa: RETARDAR OU DEIXAR DE PRATICA- indevidamente, ato de ofício;
 PRATICA-LO - contra disposição expressa em lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Voluntariedade: DOLO + elemento subjetivo específico (satisfazer interesse ou sentimento pessoal).
Interesse pessoal = qualquer proveito ou vantagem obtido pelo agente, de índole moral ou patrimonial. No entanto, a obtenção do proveito ou vantagem não pode se relacionar com oferecimento ou entrega de vantagem indevida pelo particular em troca da ação/omissão, havendo intervenção de terceira pessoa, sob pena de configurar corrupção passiva.
Sentimento pessoal = é a posição afetiva (amor, ódio, amizade, vingança).
Crime formal - Nas duas primeiras modalidades, a prevaricação se consuma no momento em que o funcionário público retarda ou deixa de praticar indevidamente o ato de ofício. 
 Na última modalidade, a consumação ocorre quando o funcionário pratica o ato de ofício contra disposição. É dispensável a satisfação do interesse visado.
Admite-se a tentativa apenas nas formas comissivas.
Crime próprio
Ação Penal: Pública incondicionada
Ex.: Um investigador de polícia, deixa de realizar todas as medidas investigatórias em um inquérito policial, para ganhar prestígio com o prefeito de sua cidade, pois o filho deste é o principal suspeito do crime (interesse pessoal de natureza moral).
Ex.: Delegado que não instaura IP para apuração de crime supostamente praticado por um amigo de longa data.
PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA Art. 319-A
 detenção, de 3 meses a 1 ano.
	
Objetividade jurídica: Tutela-se a Administração Pública contra o comportamento de funcionários que ignorando seu dever funcional, colocam em risco a segurança pública, tanto no interior dos estabelecimentos prisionais como no âmbito da sociedade em geral.
Objeto material: O aparelho telefônico (fixo ou móvel), de rádio (walkie-talkies, Nextel), ou similar.
Sujeitos do crime: Ativo (funcionário público que no exercício de suas funções, tem o dever de evitar o acesso do preso aos aparelhos proibidos).
Conduta criminosa: O crime é omissivo puro e consiste em DEIXAR (omitir, não cumprir) o agente seu dever funcional de vedar (proibir, impedir) ao preso o acesso aos aparelhos proibidos.
 
Voluntariedade: DOLO, consistente na vontade consciente de não vedar, quando obrigado, o acesso do preso ao aparelho de comunicação. A forma culposa, a pesar de ser um indiferente penal, pode acarretar responsabilidade administrativa.
Crime formal- Consuma com a omissão do dever legal, sendo dispensável o efetivo acesso do preso ao aparelho. A tentativa não é admitida, pois se trata de crime omissivo puro (de mera conduta).
Crime de mão própria (admite apenas participação);
Crime de ação penal: incondicionada
	 CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA -Art. 320 
 detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa (infração de menor potencial ofensivo).
	
Objetividade jurídica: Tutela-se a Administração Pública, especialmente no que diz respeito ao seu regular desenvolvimento, no tocante ao exercício do poder disciplinar dos superiores hierárquicos em relação aos funcionários públicos faltosos
Objeto material: É a infração não punida pelo superior hierárquico ou não comunicada à autoridade competente quando lhe faltar competência para fazê-lo. Essa infração pode ser simplesmente uma falta disciplinar, de índole administrativa, ou então um crime, de qualquer natureza, ou contravenção penal desde que cometidos no exercício do cargo (Masson, 2014, p.688, volume 3).
Sujeitos do crime: Ativo (funcionário público que tenha hierarquia perante o autor da infração que não foi responsabilizado ou teve sua conduta omitida do conhecimento da autoridade competente).
Conduta criminosa: DEIXAR DE RESPONSABILIZAR E NÃO LEVAR AO CONHECIMENTO DA AUTORIDADE COMPETENTE.
Deixar de responsabilizar = não atribuir responsabilidade à pessoa que cometeu infração (administrativa ou penal), a fim de que possa ser regularmente processada e suportar as sanções pertinentes. Nessa modalidade, o sujeito ativo é dotado de poder disciplinar em relação ao autor da infração, ou seja, ele pode e deve punir o subalterno, mas por indulgência não faz. Ex.: Juiz de direito toma ciência de falta disciplinar do escrevente ligado a sua vara, mas, por piedade, deixa de instaurar o processo administrativo.
Não levar ao conhecimento = ocultar ou esconder da autoridade competente para a responsabilização de um funcionário, a infração por ele cometida, também por indulgência. Aqui o superiorhierárquico não goza de poderes para investigar e responsabilizar seu subordinado. Ex.: escrivão de um cartório presencia uma falta funcional praticado por um oficial de justiça, mas por clemência não comunica ao juiz.
Voluntariedade: DOLO, consistente na vontade consciente do superior de não responsabilizar seu subordinado, ou faltando-lhe tal atribuição, não comunicar o fato a autoridade competente, movido pelo sentimento de ser indulgente com o funcionário responsável por infração no exercício do cargo (especial fim de agir). Exige-se que o agente superior tenha conhecimento não apenas da infração, mas também de sua autoria.
Crime formal – Consuma-se quando o funcionário superior, depois de tomar conhecimento da infração, suplanta prazo legal previsto para a tomada de providências contra o subordinado infrator. Não havendo prazo, consuma-se com o decurso do prazo juridicamente relevante, a ser aquilatado pelo juiz no caso concreto.
Não admite tentativa.
Crime OMISSIVO PROPRIO > praticado por meio de omissão
Ação Penal: Pública incondicionada 
No referido crime, o funcionário público deixa de responsabilizar seu subordinado pela infração cometida no exercício do cargo, ou, faltando-lhe atribuições para tanto, não leva o fato ao conhecimento da autoridade competente, unicamente pelo seu espírito de tolerância ou clemência. Não há intenção de satisfazer interesse ou sentimento pessoal, senão estaria configurado o crime de prevaricação, nem o propósito de receber vantagem indevida, caso contrário configuraria corrupção passiva.
Obs.: A lei 8.112/90 (Regime jurídico dos servidores públicos civis da União, autarquias, empresas públicas federais) dispõe:   “Art. 143.  A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa”. Esse dever não está sujeito a prazo, sua obrigação é imediata.
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA -Art. 321
 detenção, de 1 a 3 meses, ou multa.
	
Objetividade jurídica: Tutela-se a Administração Pública, relativamente ao seu regular funcionamento e à moralidade administrativa.
Objeto material: O interesse privado e alheio patrocinado, compreendido como qualquer vantagem ou meta a ser alcançada pelo particular. Esse interesse pode ser:
a) legítimo (advocacia administrativa imprópria);
b) ilegítimo (advocacia administrativa própria): nesse caso incide a qualificadora do parágrafo único. A ilegitimidade do interesse é relacionada aquele contrário ao direito.
Sujeitos do crime: Ativo (funcionário público que tenha hierarquia perante o autor da infração que não foi responsabilizado ou teve sua conduta omitida do conhecimento da autoridade competente).
Conduta criminosa: PATROCINAR = amparar, advogar, defender ou pleitear interesse privado de outrem
Voluntariedade: DOLO. Consiste na vontade de o funcionário público atua como advogado para patrocinar diretamente ou indiretamente interesse alheio perante Adm., valendo-se da qualidade de funcionário independentemente de qualquer fim específico. É desnecessário que o agente vise vantagem pessoal ou aja por interesse ou sentimento pessoal.
Crime formal - Consuma-se com o simples patrocínio pelo funcionário público do interesse privado e alheio, independentemente de obtenção de benefício pelo particular, ou de sucesso do patrocínio. 
Não admite tentativa na forma omissiva, apenas na comissiva:
Ex.: “A”, funcionário, encaminha para “B”, seu colega na repartição, um ofício patrocinando interesse particular de um terceiro, mas o oficio acaba se extraviando nos Correios.
Crime próprio
Ação Penal: Pública incondicionada
Tal crime caracteriza-se pela defesa de interesses privados e alheios perante a Administração Pública, aproveitando-se o funcionário público das facilidades proporcionadas pelo seu cargo. A conduta é ilícita, pois a missão de todo agente público é única e exclusivamente a defesa e a promoção de interesses públicos, e nunca particulares. A palavra utilizada “advocacia” transmite a equivocada ideia de tratar-se de delito praticado exclusivamente por advogados, quando na verdade, tem o sentido de “defesa” ou “patrocínio”. 
Patrocinar = defender, pleitear, advogar junto a companheiros ou superiores hierárquicos o interesse privado (de particular) perante a Administração pública. O funcionário público, portanto, atua como se fosse advogado, cuidando e fazendo a defesa de um interesse privado perante a Administração. O patrocínio pode ser direto, sem interposta pessoa, ou indireto, quando se utiliza terceiro (testa-de-ferro) que atua segundo o seu comando, como um filho, por ex. Além disso, no patrocínio não se exige a contrapartida econômica ou de qualquer natureza, pode ser usado, por exemplo, para satisfazer interesse pessoal, prestar favor a alguém, etc. A motivação da conduta é irrelevante para caracterizar o crime.
Interesse privado = qualquer finalidade, meta ou objetivo a ser alcançado pelo particular perante a Administração Pública, patrocinado pelo funcionário. É irrelevante a legitimidade ou ilegitimidade do interesse patrocinado, embora a ilegitimidade possa qualificar o crime. Coforme a doutrina de GRECO (2014, p. 478, v.3) basta que seja um interesse privado e alheio, não podendo ser interesse do próprio agente.
Obs.: o funcionário assume a causa de um particular e pratica atos concretos que importem na sua defesa perante a Administração. 
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
São crimes comuns que podem ser praticados por qualquer pessoa, razão pela qual não se inserem no rol dos crimes funcionais. Tais crimes também podem ser praticados por funcionários públicos, desde que se apresentem na qualidade de particulares, ou seja, não estejam investidos na função pública desempenhada.
 Tornar posse
	*USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA Art. 328
 Usurpar o exercício de função pública: detenção, de 3 meses a 2 anos, e multa
	
Observações:
Trata-se de crime comum em que se protege o normal e regular funcionamento das atividades administrativas. Pune-se a conduta de usurpar, ou seja, assumir, exercer ou desempenhar indevidamente uma atividade pública, executando atos a ofício arbitrariamente ocupado.
Crime formal - Consuma-se com a simples usurpação. Ou seja, com a realização pelo agente de algum ato de ofício inerente à função da qual não é titular, sendo dispensável que o ato tenha produzido dano à Adm., também não se exigindo qualquer tipo de vantagem pelo sujeito ativo.
Parágrafo único: Se do fato o agente aufere vantagem - reclusão de 2 a 5 anos, e multa
 
 QUALIFICADORA
Agente que finge ser funcionário público, sem praticar, efetivamente, qualquer ato:
Aquele que falsamente se intitula funcionário público perante terceiros, sem praticar atos inerentes ao ofício será responsabilizado pela contravenção penal do art. 45 da LCP, mesmo se houver vantagem. A depender do caso concreto, poderá ser responsabilizado por estelionato, caso o agente se faça passar por um funcionário público com a finalidade de induzir ou manter a vítima em erro para obter vantagem ilícita. 
Caso concreto 1: 
O Ministério Público ofereceu denúncia contra FÁBIO ZAMBONI, dando-o como incurso nas sanções do art. 328, parágrafo único, do Código Penal, pela prática do seguinte fato delituoso, in verbis:
“Em data não precisada no Inquérito Policial, mas certamente no mês de julho de 2004, na Rua Tiradentes, nº 301, em Muçum, Fábio Zamboni usurpou o exercício da função pública, auferindo vantagem. Na oportunidade, o denunciado usurpou função pública que não possuía, consistenteem lacrar o VW/Santana, placas IGX1074, cor cinza, de propriedade de Zélio Michelon, utilizando lacre de uso exclusivo dos Centros de Registro de Veículos Automotores (CRVA), tendo recebido R$ 35,00 (trinta e cinco reais) para tanto.”
RESISTÊNCIA 329 x DESOBEDIÊNCIA 330 x DESACATO 331
	*RESISTÊNCIA - Art. 329 “caput”
detenção de 2 meses a 2 anos.
	*DESOBEDIÊNCIA Art.330
detenção de 15 dias a 6 meses e multa.
	*DESACATO -Art. 331
detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.
	
Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio. 
Tutela-se a preservação do prestígio e autoridade desempenhada pelos funcionários públicos.
O sujeito ativo pode ser pessoa alheia à execução do ato legal: pai que procura resistir à prisão legítima do filho.
Forma qualificada (§1.º): o sucesso do opositor, frustrando a realização do ato, que seria mero exaurimento do crime, acaba o qualificando.
Concurso de crimes (§2.º)
	
Desobedecer à ordem legal de funcionário público.
Ordem > escrita ou oral. 
Tutela-se a preservação do prestígio e autoridade desempenhada pelos funcionários públicos.
Aqui a resistência é passiva, sem violência ou ameaça.
	 
Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela. 
Tutela-se o respeito e prestígio da função pública.
Consiste em fazer xingamento ou insulto ao funcionário público, no exercício de sua função pública. 
	Espécies de resistência:
a) resistência ativa- vis corporalis ou vis compulsiva: emprego de violência ou ameaça ao funcionário ou particular que lhe preste auxílio, com o propósito de impedir a execução de ato legal. Configura o art. 329, caput. 
 
Aqui o sujeito se opõe à execução de ato legal, mediante violência ou grave ameaça.
b) resistência passiva- vis civilis: é a oposição à execução de ato legal, sem a utilização de violência ou ameaça pelo funcionário ou a quem lhe presta auxílio. Não se verifica o crime de resistência, permanecendo outro delito: desobediência. 
Uma resistência sem violência ou grave ameaça, configura desobediência.
	
	
	
Exemplos concretos
Crime de Resistência:
1) Sujeito que guardava e tinha em depósito, para comercialização, 12 (doze) porções trituradas de cocaína. Além disso ele opôs-se à execução de ato legal, mediante violência a funcionário competente para executá-lo.Consta dos autos que, no dia dos fatos, a Polícia Militar, após receber informações, via denúncia anônima, de que o denunciado estaria comercializando drogas deslocou-se até o local onde visualizou o denunciado na porta da residência. Ato contínuo, a Polícia Militar deu ordem legal para que o denunciado ficasse em posição de busca pessoal, momento em que ele correu para a lateral da residência e, ao ser interceptado pelos militares, os agrediu com socos e chutes, além de ter tentado pegar a arma de um deles, sendo, contudo, contido pelos policiais. Realizadas buscas no interior da residência, a Polícia Militar logrou êxito em localizar em cima do armário da cozinha um saco plástico contendo em seu interior 22 (vinte e dois) pedras de crack, sendo 10 (dez) brutas e 12 (doze) trituradas. A polícia militar efetuou a prisão em flagrante do denunciado. Assim, o acusado foi apontado como incurso nas sanções do art. 33, caput, da Lei n. 11343/06 e art. 329 do CP.
2) Opor-se, mediante violência, à ordem de prisão, desferindo socos contra os policiais.
Obs.: somente se pode falar em direito de resistência quando o sujeito estiver diante de um ato manifestamente ilegal, contrário às disposições legais, dessa forma atuará amparado por uma causa de justificação, a legítima defesa. Se o ato for legal mas o funcionário público se excede na sua execução também cabe legítima defesa
Crime de Desobediência
Atenção: O funcionário público deve emitir uma ordem (por escrito, palavras ou gestos) diretamente ao destinatário, não bastando um simples pedido ou solicitação. O destinatário da ordem deve ter o dever de atendê-la
1) Policiais Militares transitavam pelo Bairro Conservas, em operação de rotina, quando visualizaram o veículo VW/Gol CL, cor branca, placas ICL 0440, dirigido pelo denunciado, oportunidade em que fazendo uso de sinais sonoros e luminosos deram ordem de parada, no que não foram atendidos, empreendendo fuga em alta velocidade pelas ruas centrais da cidade. Ao julgar Apelação o Tribunal entendeu que a referida conduta configura apenas ilícito administrativo previsto no art. 195 do CTB. (Apelação Crime Nº 70076909886, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Aristides Pedroso de Albuquerque Neto, Julgado em 10/05/2018).
2) Por outro lado, o mesmo Tribunal, ao julgar outro caso, entendeu que configura crime de desobediência: Na ocasião, o réu estava conduzindo o veículo após haver ingerido bebida alcoólica, realizou manobra conhecida como “cavalo de pau” e ao receber voz de abordagem pelos policiais militares, saiu em alta velocidade do local, sendo perseguido por uma viatura da policia militar (Apelação Crime Nº 70076703818, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Cristina Pereira Gonzales, Julgado em 09/05/2018)
3) Em 02 de janeiro 2010, por volta de 17hs, uma guarnição policial composta por dois policiais militares, atendendo à solicitação do Policial Civil de plantão, levou o preso e ora denunciado Carlos Silva Pereira, para ser medicado no hospital local, pois o mesmo reclama de fortes dores na cabeça. Após a consulta, no momento que estava sendo introduzido no cofre da viatura, o denunciado simulou um desmaio, o que fez com um dos policiais fosse chamar por socorro no interior do hospital. O denunciado então, deslocou o dedo polegar de uma das mãos, tirando a algema daquele pulso e empreendeu fuga. Em sua trajetória, fugiu em direção ao bairro Jardim da Montanha. Desobedecendo a ordem de parar e os disparos de advertência em direção ao chão dos policiais, os mesmos foram obrigados a utilizar da força através de disparos de arma de fogo dos quais 01 (um) atingiu superficialmente a perna esquerda do denunciado. Este, mesmo ferido, pulou o muro de um sítio e se trancou num banheiro existente nas adjacências da casa, sendo posteriormente apreendido.
Crime de Desacato
Segundo a denúncia, no dia 02.06.2017, por volta de 1h, na av. Rafael A. S., bairro Santa Izabel, em Conceição das Alagoas/MG, durante fuga a uma abordagem de rotina, deteriorou uma viatura da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, mediante um chute, assim como desacatou os policiais, dizendo "pau no cu" e "desgraçados" e que "iria matá-los”. As vítimas não representaram com relação à ameaça de morte. Foi condenado por dano e desacato.
	
*TRÁFICO DE INFLUÊNCIA -ART. 332
 A pretexto de influir = inspirar ou incutir reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa
	“Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função”. 
 
 Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. 
O sujeito ativo atua de forma fraudulenta com falso argumento, “se gaba” no sentido de possuir prestígio/influência perante um funcionário público ou Adm. Pública quando tal prestígio não existe.
Obs.: A lei incrimina a vaidade (vangloria) de influir na prática de ato de servidor, quando tal prestígio não existe, colocando em descrédito a Administração.
 
Tutela-se a Administração Pública, seu bom nome, prestígio e confiança perante a coletividade, que é exposta ao descrédito pela ação fraudadora do trapaceiro que, vangloriando-se de desfrutar de influencia perante a Administração Pública. 
 O sujeito ativo do tráfico de influência dirige sua atuação no sentido de ludibriar o comprador,com ele negociando uma vantagem, ao mesmo tempo em que desacredita a seriedade da Administração, razão de esta conduta ser doutrinariamente conhecida como “jactância enganosa”, “gabolice mendaz” ou “bazófia ilusória”. Como ocorre no crime de estelionato, o sujeito também se vale de fraude para enganar a vítima, induzindo-a, ou mantendo-a em erro, obtendo vantagem ilícita em prejuízo alheio. 
Crime Formal- Não é necessário que o agente obtenha a vantagem, ou mesmo a promessa de cumprimento da mesma, para efeitos da consumação.
Exemplo do crime: “A”, alegando ser amigo de um Delegado, sem realmente sê-lo, solicita de “B” a entrega de determinada quantia em dinheiro, para supostamente convencer a autoridade policial a não instaurar inquérito policial visando a apuração de crime cometido por seu filho.
Obs.: para configurar o crime, é desnecessário que o agente de fato tenha influencia ou não, bastando à mera alegação de ter condições para tanto, pois nesse caso já terá sido ofendido o bem jurídico: moralidade administrativa. 
Obs.: No entanto, se o sujeito ativo realmente possuir influência perante o funcionário público e vier a corrompê-lo, deverá ser responsabilizado por corrupção ativa (CP, art. 333).
	*CORRUPÇÃO ATIVA - ART. 333
 Reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa
	
 “Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício”
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
 
 Artigo em tela prevê duas figuras típicas, vejamos:
Oferecer vantagem indevida a funcionário público – a conduta parte do particular. Caso o funcionário público aceite - responderá por corrupção passiva;
Prometer vantagem indevida a funcionário público – a conduta também parte do particular. Aceitando a promessa o funcionário público também responderá pelo delito previsto no art. 317, CP.
A finalidade do corruptor é que o funcionário público: retarde ou omita ou pratique ato de ofício.
Crime formal- Consuma-se no momento em que o funcionário público toma conhecimento da oferta) ou da promessa (corruptor, responder por corrupção ativa, praticando uma ou outra conduta (respondendo o funcionário por corrupção passiva) e caso não aceite – não responderá por nada. 
	Corrupção Passiva
funcionário público
	Corrupção Ativa
	Solicitar
Crime formal
	—–
	Receber
Crime material
	Oferecer
	Aceitar vantagem
Crime formal
	Prometer vantagem
É possível a ocorrência do delito de corrupção passiva, sem o da ativa e vice-versa.
Por fim, resumidamente, e com o auxílio da tabela supra, podemos ter as seguintes situações:
a) Se o funcionário público solicitar vantagem indevida – somente ele responderá pelo delito de corrupção passiva, sendo que, em hipótese alguma, o particular que ceder a vantagem responderá por crime;
b) Particular oferece e o funcionário público não recebe – somente o particular responderá pelo crime de corrupção ativa;
c) Particular oferece e o funcionário público recebe – ambos responderão criminalmente. Entretanto, excepcionando-se a teoria monista (art. 29, CP), o particular responderá pelo crime de corrupção ativa ao passo que o funcionário público pelo delito de corrupção passiva;
d) Particular promete vantagem indevida e o funcionário público não a aceita – somente o particular responderá pelo crime de corrupção ativa;
e) Particular promete vantagem indevida e o funcionário público a aceita – ambos responderão criminalmente. O particular pelo crime de corrupção ativa e o funcionário público pelo de corrupção passiva (exceção à teoria monista).
Questões para fixação do conteúdo
01. Com relação aos crimes contra a Administração Pública, previstos no Código Penal, é correto afirmar que:
 a) Aquele que exclui indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou banco de dados da Administração Pública, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano, pratica o crime de inserção de dados falsos em sistemas de informações.
 b) O funcionário que modifica ou altera sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente pratica o crime de inserção de dados falsos em sistemas de informações.
 c) Receber, solicitar ou exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, tipifica o crime de concussão.
 d) Deixar o funcionário público de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa em lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, configura o crime de advocacia administrativa.
02. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida. O referido ilícito acima, trata do crime de:
a) Peculato.
b) Corrupção passiva.
c) Concussão.
d) Corrupção ativa.
03. Considere que Mário, tabelião do registro de imóveis de Brasília, tenha exigido de Cláudio o pagamento de custas e emolumentos que deveria saber indevidos, relativos à expedição de uma certidão. Nessa situação hipotética, Mário praticou:
a) a conduta típica de peculato, mas sua punibilidade é extinta caso, voluntariamente, devolva o valor indevidamente cobrado, até a sentença irrecorrível.
b) uma conduta atípica.
c) o crime de excesso de exação.
d) o crime de concussão.
04. A conduta do notário de desviar, em proveito próprio, importância sabidamente indevida, que exigiu e recebeu a título de tributo, configura:
a) Peculato desvio
b) Peculato furto
c) Peculato apropriação
b) Excesso de exação
05. (Juiz de Direito TJ-SP – 2011) Antônio, funcionário público, exige de Pedro, para si, em razão da função, vantagem indevida, consistente em certa quantia em dinheiro. Pedro concorda com a exigência e combina com Antonio um local para entrega, mas Antônio é preso por policiais, previamente avisados do ocorrido, no momento em que ia receber. Assinale a opção correta:
a) Antônio cometeu o crime de extorsão consumado.
b) Antônio cometeu o crime de concussão consumado.
c) Antônio cometeu o crime de extorsão tentado.
d) Antônio cometeu crime de concussão tentado.
06. O agente que solicita, para si, indiretamente, antes de assumir função pública, mas em razão dela, vantagem indevida, pratica:
a) excesso de exação.
b) corrupção ativa.
c) corrupção passiva.
d) peculato.
07. Em cada um dos itens seguintes é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base nos crimes estudados. Assinale em seguida, a opção que apresenta a(s) assertiva(s) correta (s):
 I. Luiz, guarda municipal em serviço, solicitou R$ 500,00 a Marcelo por dirigir veículo sem habilitação. Em troca, Luiz não apreenderia o bem nem multaria Marcelo, pela infração de trânsito. Nessa situação, Luiz praticou o crime de concussão. 
 II. João, chefe do órgão público no qual trabalhava Rodrigo, ao tomar conhecimento de que este subtraiu valores em dinheiro do órgão público, não abriu processo administrativo disciplinar contra Rodrigo, em razão de compaixão pela origem humilde e vida difícil de seu subordinado. Nessa situação, João praticou o crime de prevaricação. 
 III. A sanção penal abstratamente cominada ao crime de advocacia administrativa depende da legitimidade, ou não, do interesse privado patrocinado perante a administração pública. 
 IV. Luiz, policial civil lotado em uma delegacia de polícia, deixou de dar andamento a inquérito no qual Francisco estava sendo investigado. Tal interrupção deveu-se ao fato de Mauro, irmão de Francisco, ter pagadoao policial, voluntariamente, a quantia de dois mil reais. Luiz praticou o crime de corrupção passiva.
Está (ao) correta (s) a(s) assertiva(s):
a) I, II, III e IV.
b) II, III e IV.
c) II e IV.
d) III e IV.

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