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Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 1 CIÊNCIAS CONTÁBEIS _________________________________________________________________________________ Fundamentos de Economia _________________________________________________________________________________________ I – A Ciência Econômica 1.0 - Familiarização com questões econômicas atuais 2.0 - Concepções e definições da Economia 3.0 - Evolução histórica da Economia 4.0 - Autonomia e inter-relação com outras ciências 5.0 - O objeto da Ciência Econômica – A Lei da Escassez 6.0 - Bens Econômicos e bens livres / As Necessidades Humanas 7.0 - Problemas econômicos básicos II – O Problema da organização Econômica 8.0 - A estrutura dos sistemas econômicos. 9.0 - Formas de organização econômica 10.0 - Divisão didática do estudo de Economia: Microeconomia, Macroeconomia, Desenvolvimento Econômico e Economia Internacional. III – Teoria de funcionamento de mercado 11.0 - Teoria elementar da demanda 12.0 - Teoria elementar da oferta 13.0 - O equilíbrio de mercado 14.0 - A Economia e a História IV – Estruturas de Mercado 15.0 - Monopólio 16.0 - Concorrência Perfeita 17.0 - Concorrência Monopolista 18.0 - Oligopólio 19.0 - Monopsônio e Oligpsônio 20.0 - Monopólio bilateral V – Regulamentação dos mercados 21.0 - Regulamentação dos serviços de utilidade pública 22.0 - Sistema de defesa da concorrência 23.0 - Sistema Nacional de defesa do consumidor 24.0 - Sistema de proteção ao meio ambiente Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 2 VI – Medidas da atividade econômica 25.0 - Fluxo circular da renda 26.0 - Renda e Produto 27.0 - Valor adicionado 28.0 - O conceito de despesa Nacional 29.0 - Formação de capital: poupança e investimento 30.0 - Medidas agregadas 31.0 - Valores reais e nominais VII – Introdução à Teoria Monetária 32.0 - Moeda: histórico e funções 33.0 - Intermediários financeiros 34.0 - O papel do Banco Central 35.0 - Política Monetária VIII – O problema da inflação 36.0 - Conceito de inflação 37.0 - Causas clássicas de inflação 38.0 - O processo inflacionário Brasileiro 39.0 - Como medir a inflação 40.0 - Conceito de número índice de preços 41.0 - Principais indicadores: INPC, IPCA, IPC-FIPE, O Sistema IGP e IGP-M da FGV, o IPA, o IPC-BR, e o INCC. IX – Noções de Comércio Internacional 42.0 - Conceitos fundamentais 43.0 - Taxa de câmbio 44.0 - Balança de pagamentos 45.0 - Comércio Internacional e Globalização 46.0 - Crescimento e Desenvolvimento Econômico X – Crescimento e Desenvolvimento Econômico Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 3 I – A Ciência Econômica 1.0 – Familiarização com questões econômicas atuais Mesmo que não queiramos ver, as questões econômicas estão presentes, elas estão nos jornais, televisão, revistas, das mais simples às mais complexas, a exemplo de: O Brasil tem de buscar políticas compensatórias e evitar que o dólar caia demais. A queda do dólar diminui as exportações. o A queda do dólar acaba gerando ganhadores e perdedores, que são os importadores e exportadores respectivamente. A sociedade cresce economicamente desde que ocorra: acumulação de capital, crescimento da população e progresso tecnológico. o O crescimento econômico se dá através da acumulação de capital, que é o aumento de máquinas, indústrias; realização de obras de infra-estrutura: estradas, ferrovias, energia, tecnologia de ponta, telecomunicações; e do investimento em recursos humanos: melhor preparação da mão-de-obra. o O crescimento da população implica num aumento da força de trabalho e da demanda interna, lógico que aí já aconteceu o investimento em recursos humanos e a força de trabalho já foi preparada. o Quanto ao progresso tecnológico: pode ser neutro; poupador de capital e poupador de trabalho. Os países em desenvolvimento, como têm o fator trabalho em excesso, devem dar ênfase ao fator produtivo poupador de capital, que é o fator escasso. Com os países desenvolvidos se dá exatamente ao contrário, eles têm o fator capital em excesso. Alguns analistas acreditam que a oferta de crédito está no limite, caso seja confirmado afetará o desempenho do comércio e da indústria de bens de consumo. o Com a diminuição da oferta de crédito, diminui a demanda interna afetando o comércio e a indústria de bens de consumo. Os admitidos devem continuar ganhando menos que os demitidos. Seria necessário um crescimento do PIB na ordem de 5 % ao ano, durante cinco anos para que essa diferença deixe de existir. o Como existe um crescimento muito tímido do Produto Interno Bruto, os novos admitidos com seus salários baixos é que reduzem os custos de produção. É possível um país crescer, sem desenvolver-se. o É o caso da Líbia, que segundo Clower (1996) apresentou um aumento nos níveis de exportação de seus produtos primários. Mas, eles eram de empresas estrangeiras, então esse crescimento não induziu o crescimento da economia, permitindo ganhos de renda em outros setores. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 4 2.0 – Concepções e definições da Economia Analisando etimologicamente economia vem do grego Oikonomia o Oikos = casa o Nomos = lei, regra, administração. o Alguns autores atribuem ao filósofo grego Xenofontes 2.1 - Definições da Economia o Bom uso que se faz de qualquer coisa o Contenção ou moderação nos gastos o Ciência que trata dos fenômenos relativos à produção, distribuição e consumo de bens. o Sistema produtivo de um país ou região. o Doméstica: A arte e a técnica de administrar ou executar as tarefas do lar, ou de administrar o orçamento doméstico. (380 a.C.) o De escala: Aumento de eficiência associado a uma expansão na produção, causando redução do custo de cada unidade produzida. o De guerra: Conjunto de medidas de controle e regulamentação da economia comumente adotada em tempo de guerra. o De palito: Economia ridícula, de coisas insignificantes. o Informal / Invisível / Subterrânea: Conjunto de atividades econômicas sem registro de empregados ou recolhimento regular de impostos, comércio, prestação de serviços, camelôs, artesão. o Política: Estudo dos fenômenos econômicos com ênfase em suas condicionantes históricas, políticas e sociais. o Mista: Sistema econômico em que a administração de uma empresa é baseada no capital do governo e no capital privado. o Popular: Conjunto de interesses econômicos do povo, sob a proteção jurídica do Estado. o De Mercado: Sistema econômico em que as decisões relativas à produção, preços, salários, etc, são tomadas predominantemente pela interação de compradores e vendedores no mercado, com pouca interferência governamental. o De subsistência: Forma primitiva de organização econômica em que a produção se destina apenas ao consumo dos produtores, com pouca ou nenhuma atividade de troca. o Dirigida: Sistema econômico em que as decisões relativas à produção, preços, salários, etc, são tomadas centralizadamente por um organismo planejador. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 5 3.0 – A evolução histórica da Economia Os grandes problemas econômicos sempre foram a grande preocupaçãodos povos, que se preocupavam com a organização de suas atividades, buscando resolver de uma forma eficiente os seus problemas de natureza econômica com base em um conjunto de normas. O período científico das Ciências Econômicas desenvolveu-se a partir do século XVIII, quando grandes descobertas técnico-científicas, contribuíram para as atividades produtivas dos povos. As grandes guerras e a crise econômica de 1930 fizeram com que as Nações envolvidas estudassem as suas economias, porque a guerra exigia uma boa estrutura industrial. Logo após a guerra veio a Grande Depressão exigindo um grande esforço para restabelecimento do equilíbrio econômico e da normalidade. Esse dois períodos foram para os economistas um grande desafio, pois tiveram que resolver os graves problemas estruturais causados por esses conflitos. Dentre os grandes economistas podemos citar Keynes, que 1936 formulou a Análise Macroeconômica. A Grande Depressão abalou todo o sistema econômico do ocidente, 25 % da população americana ficou sem emprego, o seu Produto Nacional Bruto teve uma queda de 53 %. Além de tudo isso a guerra acabou desviando 55 % da capacidade industrial para a produção de armamentos. Além dessas duas causas, existe uma terceira, que surgiu logo o pós-guerra. A preocupação sobre o desenvolvimento econômico, gerado pelo Grande Despertar dos povos subdesenvolvidos, que com a ajuda das comunicações viram os contrastes do atraso econômico de quase 2/3 da população mundial e isso se tornou o objetivo principal da Economia do pós-guerra. Alguns outros autores consideram que a evolução científica da Economia se dividiu em quatro grandes fases: 1. Inicia nos seus primórdios, lá com Xenofontes e Aristóteles e vai até a Escola Fisiocrática. 2. De 1750 até o nascimento da análise econômica moderna. 3. De 1870 ao início da Grande Depressão, que evidenciou grandes falhas na máquina capitalista e provocou uma crise de consciência entre os economistas, que igualmente aos períodos de guerra, buscavam os caminhos da estabilização. 4. De 1929 até hoje. 3.1 – Definições Primitivas Ciência da Administração da Comunidade Doméstica: Esta expressão definida por Aristóteles (384-322 a.C.), era a “ciência do abastecimento, que trata a arte da aquisição”. O núcleo central das Ciências Econômicas, seu campo de ação e sua definição derivariam, então, da própria etimologia da palavra economia (do grego oikonomia), tratava-se, pois, de um ramo do conhecimento destinado a abranger a atividade econômica em suas mais simples funções de produção e distribuição. Na antiguidade romana, houve um forte comércio de trocas, assim como uma grande circulação de mercadorias e criação de companhias mercantis e sociedade por ações, mas os gregos limitaram-se essencialmente à política e não a economia. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 6 Na Idade Média, Surgiram atividades econômicas como feiras regionais e inter- regionais, trocas urbano-rurais, organizaram-se corporações de ofício e estabeleceram-se vários centros comerciais (Gênova, Pisa, Florença e Veneza). O pensamento econômico era subordinado à moral Cristã. – reconheceu a dignidade do trabalho manual, condenou as taxas de juros, buscou o justo-preço, a moderação dos agentes econômicos e o equilibro dos atos econômicos -, que a partir do século XV, foi substituída pela preocupação metalista. Durante o Mercantilismo, (1450-1750), as nações da Europa Ocidental organizaram sua economia, baseadas na passagem da economia regional para a economia nacional e na exportação de todos os recursos econômicos, sob o controle e a direção do Estado. Os economistas sugeriram algumas medidas na Administração Pública. Na Espanha e Portugal proibiram a saída de metais preciosos e a entrada de mercadorias estrangeiras, para aumentar a riqueza da nação e da realeza. Na França, sugeriram o intervencionismo na indústria e o protecionismo alfandegário, para proteger e desenvolver a indústria interna, exportar mais do que importa. Vale acrescentar que o Mercantilismo foi marcado por importantes transformações: Geográficas: o Uma das mais importantes, porque propiciou a presença dos metais precisos na Europa política e intelectualmente modificada, criando condições para a concepção metalista, que caracterizou o mercantilismo. Econômicas: o O grande fluxo de metais preciosos, vindos do Novo Mundo, deslocou o eixo econômico mundial, além do mediterrâneo estenderam-se também ao Atlântico e ao Mar do Norte. Nasce a concepção metalista, base do Mercantilismo: o ouro e a prata passaram a ser considerados os mais perfeitos instrumentos de aquisição de riqueza. Intelectuais: o O Renascimento Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo. o O Retorno aos métodos de observação e de experiência o A Imprensa Gutemberg imprimiu a primeira Bíblia Religiosas: o Reforma implantada por Calvino, Exaltava o Individualismo e a atividade econômica. o Condenação à ociosidade o Justificava os empréstimos a juros, a busca do lucro, o sucesso nos negócios. Políticas: o Surge o Estado Moderno, coordenador dos recursos materiais e humanos da nação, aglutinador das forças da nobreza, do clero, dos senhores feudais, da burguesia nascente. Críticas ao Mercantilismo: Valor demasiado ao metal precioso Produção em função da prosperidade do Estado Nenhuma preocupação ao bem-estar dos indivíduos O comércio Internacional foi encarado de forma agressiva, o lucro de um país é o prejuízo do outro (Montaigne). Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 7 Ampliação do campo da Economia: Foi no período pós-renascentista quando o desenvolvimento dos novos Estados-nações da França, Alemanha, Inglaterra Espanha e Portugal e, particularmente a descoberta da América impuseram a necessidade de a Análise Econômica de desligar das questões puramente éticas, nesse novo período, os escritores mercantilistas desenvolveriam diversos estudos sobre a administração dos bens e rendas do Estado, ampliando-se então o campo de ação da economia. Devido ao alargamento das dimensões do mundo econômico e à consolidação da figura política do Estado-nação, a Economia passaria a ser considerada muito mais do que um simples ramo do conhecimento devotado à administração da comunidade doméstica. A Economia seria definida como um ramo do conhecimento essencialmente voltado para a melhor administração do Estado, sob o objetivo central de promover o seu fortalecimento. 3.2 – Definições Clássicas As definições clássicas da Economia, que ingressou em sua fase científica, foram desenvolvidas no século XVIII, os pensadores econômicos procurariam reformular os princípios fundamentais da economia. Duas grandes obras foram publicadas em 1758 Tableau Économique, de François Quesnay “tentei construir um quadro fundamental da ordem econômica, para nele representar as despesas e o produto numa forma mais fácil de aprender e para formar uma clara opinião sobre os arranjos e desarranjos que o Governo pode ocasionar”. Importante instrumento de análise o Tableau Économique é o precursor da economia quantitativa. Representou o fluxo de despesas e de bens entre as diferentes classes sociais, distinguindo um equilíbrio de quantidades globais, que os Keynesianos estudariam a partir de 1936. Quesnay evidenciou também a interdependência entre as atividades econômicas. Indicou como a agricultura fornece um “produto líquido” que se reparte entre as classes sociais e admitiu ser a terra produtora de mais-valia (ele não se referia a mais-valia que Marxestudaria anos mais tarde). Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 8 Quadro Econômico – François Quesnay (1758) Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 9 E em 1776: An Inquiry into the Nature and causes of the Wealth of Nations, de Adam Smith. Fundamentados os três compartimentos básicos da atividade econômica, toda atividade econômica haveria de ser cuidadosamente classificada, investigada e submetida a um coerente e completo conjunto de princípios, teorias e leis. Esta nova concepção indicaria que as Ciências Econômicas se haviam definitivamente libertado dos padrões pós-renascentista, não se subjugando apenas ao atendimento dos objetivos políticos do Estado. A partir das aberturas liberais desenvolvidas no século XVIII, cuidaria a economia de penetrar em cada um dos aspectos da atividade econômica livre, investigando os fatores envolvidos no processo de formação de riquezas, examinando os aspectos relacionados à sua distribuição e chegando, afinal, a considerar a etapa última do consumo. Os três compartimentos da atividade econômica, por abranger os seus momentos essenciais, ensejariam o aprofundamento da investigação científica da vida econômica. Aliás, sob tais perspectivas é que as Ciências Econômicas iriam experimentar um extraordinário desenvolvimento, como um ramo do conhecimento voltado para a percepção e a análise, em seu todo, das questões relacionadas à riqueza. Terceira Fase da Evolução da Ciência Econômica No fim do século XIX, havia uma urgência em reorientar os princípios básicos da Ciência Econômica. Novos fatos econômicos aconteciam, assim como transformações estruturais das economias de nações já industrializadas: Surge o capitalismo “molecular” ou de grandes concentrações econômicas Intervenção estatal cada vez mais forte Sindicatos começavam a chegar legalmente, em defesa dos profissionais empregados. Os países ocidentais gozavam de notável prosperidade, sem indícios das graves conseqüências previstas pro Marx e outros. Surgem os neoclássicos ou marginalistas com não apenas uma nova abordagem teórica, mas também com a elaboração de princípios teóricos fundamentais da Ciência Econômica. Em 1870, surge análise econômica moderna, com uma mudança na definição dos problemas econômicos, a preocupação dos economistas passou das causas do desenvolvimento das riquezas para a alocação de recursos escassos entre usos alternativos, com o fim de maximizar a utilidade ou a satisfação dos consumidores. Passou a ser disciplina acadêmica, deixando de ser domínio quase exclusivo de homens de negócio. Surge o Neoclassicismo ou Marginalismo, que buscou integrar a teoria da utilidade do valor com a teoria do custo de produção dos clássicos, bem como explicar os preços dos bens e dos fatores, e a alocação dos recursos com o auxílio da análise marginal. A partir das obras desses dois autores - fundadores de duas importantes escolas econômicas na França – Fisiocrática - e na Inglaterra – Clássica -, os pensadores econômicos iriam dedicar-se à descoberta e análise dos princípios, das teorias e das leis que pudessem ser estabelecidas em cada um dos três grandes compartimentos da atividade econômica: formação, distribuição e consumo das riquezas. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 10 A Escola de Viena – A Teoria da Utilidade Marginal – Karl Menger (1870) Karl Menger formulou a Teoria do valor da troca, baseada no princípio da utilidade decrescente (necessidade). Menger desviou a preocupação da época, que era com a riqueza produzida, distribuída e consumida, para a análise econômica das necessidades dos homens, sua satisfação e valoração subjetiva dos bens. Observou o seguinte: Os homens apresentam escalas de preferência a partir de variados motivos. Objetos desejados têm oferta menor que as necessidades que deles se tem. o Sendo assim os indivíduos classificam seus desejos de acordo com a importância que a eles atribui. Menger reconstruiu a atividade econômica a partir do seguinte: o Com base no estudo da escala de preferências em relação a vários bens. o A partir da consideração das limitações que a natureza impõe. o Do confronto das escalas de preferências dos sujeitos econômicos entre si. Ao contrário dos Clássicos, que se limitaram a estudar os problemas dos preços em uma economia de troca e acreditavam que o valor dos bens dependia da quantidade de trabalho neles incorporado, Menger buscou uma teoria do valor que explicasse a importância atribuída subjetivamente pelos indivíduos aos bens, assim como fundamentou o valor sobre a utilidade do bem que existe em quantidade limitada, e aí está a noção de margem, e sobre sua aptidão para satisfazer os sujeitos econômicos. A Escola de Lausanne (A Escola da Matemática) – Leon Walras (1834- 1910) Defendia a livre iniciativa como instrumento para alcançar a justiça social e a justificava matematicamente, unindo as teorias produção, troca moeda e capital. Este era o seu Modelo Matemático para demonstrar equilíbrio geral, enfatizando a interdependência de todos os preços dentro do sistema econômico, bem como da micro e da macroeconomia. Demonstrou que as atividades das unidades de produção (famílias, firmas, empresas) não podem ser compreendidas isoladas umas das outras ou separadas da economia como um todo. A Escola de Cambridge (A Teoria do equilíbrio parcial) – Alfred Marshall (1842-1924) Em sua obra Principles of economics (1890), iniciou a idade moderna da Ciência Econômica Britânica. Considerava a Economia a ciência do comportamento humano e não da riqueza. Observou que na vida o homem é homem é orientado para a obtenção de ganho econômico, e as motivações podiam ser medidas através de um denominador comum, a moeda, mas percebeu que a aplicação deste denominador a indivíduos provavelmente não seria válida, e recomendou sua aplicação a um grande grupo ou organismo social, porque este envolve um número suficientemente de indivíduos, que nivelam as diferenças de renda. O Estudo dos bens e fatores com o intuito de descobrir as regularidades da atividade econômica, assim como o Estudo das forças da oferta e da demanda para explicar o preço de equilíbrio, constituíram as principais áreas de investigação de Marshall. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 11 A trilogia clássica: formação, distribuição e consumo prevaleceriam até as últimas décadas do século XIX, quando Alfred Marshall, teórico inglês, responsável pela síntese neoclássica. Em seu Principles of Economics, editado de 1890, Marshall, proporia uma nova definição: A Economia é a ciência que examina a parte da atividade individual e social essencialmente consagrada a atingir e a utilizar as condições materiais do bem estar. Essa definição de Marshall é uma linha divisória entre as definições clássicas e as contemporâneas. Os clássicos não se ocupavam especificamente das causas e das conseqüências às vezes terríveis das depressões, da escassez e do atraso econômico. Contemporaneamente, todavia, atribuiu-se à Economia a análise das causas da prosperidade e das recessões, o exame dos problemas decorrentes da escassez de recursos em face das ilimitadas necessidades e, essencialmente, a investigação das condições necessárias para a universalização do bem estar dos povos. A Escola Neoclássica Sueca – Knut Wicksel(1851- 1926) Apresentou importantes contribuições análise do valor e da distribuição. Deu ênfase ao papel da moeda e do crédito na atividade econômica. O mais importante estudo de Wicksel foi integrar a análise monetária à análise real. Supunha-se que as mudanças no nível de preços e no valor da moeda refletiam somente as alterações na quantidade de moeda e em sua velocidade e o nível de produção era considerado dependente da oferta de recursos e do estado das técnicas que determinavam a eficiência de seu uso e o pleno emprego. Wicksel defendeu a idéia de que os fenômenos monetários e os fenômenos reais se inter-relacionavam, de modo que as mudanças no nível geral dos preços não ocorrem diretamente, mas sim indiretamente, como resultado das alterações da taxa de juros. A Escola Institucionalista (Oposição aos neoclássicos) – Thorstein Veblein (1957-1929) Opôs-se às Escolas Clássica e Neoclássica, buscando fundamentos em outras ciências (História, Direito) e não somente nas razões do interesse individual para explicar os fenômenos econômicos, com o objetivo de tirar a economia do “laboratório” e conduzi-la à realidade. Afirma que somente a política laissez-faire não proporciona bem-estar ao consumidor, sugere aí a intervenção do Estado, que abrandaria as influências indesejáveis, tributando o “consumo conspícuo”. Veblein rejeitou a idéia de que o homem é um calculador dos prazeres e dos sofrimentos, ou seja, que o homem poderia calcular os ganhos e as perdas econômicas associadas a escolhas alternativas disponíveis. Arthur Pigou (1877-1959), sucessor de Marshall. Identificou situações em que a presença de influências externas na produção justificaria a intervenção do Estado, para a provisão de bens ou serviços, já que existiam empreendimentos não lucrativos para os empresários, e que eram necessários à comunidade. A fase da Ciência Econômica de 1929 até nossos dias Os grandes problemas econômicos, gerados pela Primeira Grande Guerra e da Crise de 1929, comprovaram a ineficiência das Escolas Clássica e Neoclássica para solucioná-los. Os países envolvidos foram abalados por uma crise que ocasionou desemprego em massa, redução drástica do PIB, a exemplo dos Estados Unidos, que teve o seu reduzido em 53 %. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 12 Toda essa situação não dava sinais de autocorreção como estava previsto. Como isso não solucionou a crise, os políticos e governantes tomaram medidas a exemplo de restrição das importações, aumento de tarifas, desvalorização da moeda, sem surtir efeito algum. John Maynard Keynes (1883-1946) – A Revolução Keynesiana Keynes rompeu com a tradição neoclássica e apresentou um programa para a promoção do pleno emprego, durante o conturbado período entre as duas Grandes Guerras. Logo após participou da criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD). Principais contribuições: Pesquisou os problemas da instabilidade a curto prazo e procurou determinar as causas das flutuações econômicas e os níveis de renda e de emprego em economias industriais, que foi estudado pelos neoclássicos, mas enfocando principalmente as forças que influenciavam a produção em mercados determinados e não as que agiam sobre a economia como um todo. Contestou as idéias de Marx, que acreditava na inevitável queda do capitalismo. Keynes ao contrário achava que o capitalismo poderia ser preservado, se fossem efetuadas algumas mudanças, pois sem isso se tornava incompatível com a manutenção do pleno emprego e da estabilidade econômica. Criticou a lei de Say (a oferta cria a procura) – Defendeu que a impulsão vem da demanda, portanto deve-se aumentar o consumo através de políticas fiscais para distribuir renda às classes com maior propensão a consumir e políticas monetárias que evitem especulações da moeda. Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. 3.3 – Definições Contemporâneas Lionel Robbins em sua obra, An Essay on the nature and significance of Economic Science, editada em 1932, os problemas de escassez e da escolha de fins seriam definitivamente incorporados à nova definição de economia, Segundo Robbins, “as condições da existência humana apresentam três características fundamentais. Vários são os produtos capazes de atender às necessidades humanas. O tempo e os recursos para alcançá-los são limitados, embora passíveis de empregos alternativos. E, como os homens são criaturas repletas de desejos e aspirações ilimitadas, sua ação econômica envolverá, necessariamente, permanentes atos de escolha. Tal é a essência do problema econômico. Ao disporem os homens de meios escassos, as formas assumidas pelo seu comportamento de escolha, no atendimento de necessidades ilimitadas, constituem a unidade do objeto da Ciência Econômica. A Economia é, pois, a ciência que estuda as formas do comportamento humano, resultantes da relação existente entre as ilimitadas. Necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos se prestem a usos alternativos”. A definição de Robbins, reforçada a partir do despertar dos povos subdesenvolvidos, pela conscientização dos contrastes entre a opulência e a miséria. Com isso a economia passaria a ser considerada na mais simples das suas definições, como a Ciência da Escassez. Os teóricos contemporâneos viriam a confirmar que o objetivo de bem-estar ou de universalização do desenvolvimento econômico dependeria, essencialmente, da melhor Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 13 administração dos escassos recursos disponíveis. E por isso propuseram: A Economia é o estudo da organização social através da qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos. Assim, embora nem sempre seja fácil a demarcação das fronteiras que separam a Economia de outras disciplinas ou campos do conhecimento social, há atualmente concordância geral em relação ao seu conteúdo principal. Ao se ocupar das condições gerais do bem-estar, o estudo da Economia inclui a organização social que implica distribuição de recursos escassos entre as necessidades humanas alternativas e uso desses recursos com a finalidade de satisfazê-las a nível ótimo. (Richard H. Leftwich). 3.4 – Definições de Autores Contemporâneos A Economia é a ciência que se preocupa com o estudo das leis econômicas indicadoras do caminho que deve ser seguido para que seja mantida em nível elevado a produtividade, melhorado o padrão de vida das populações e empregados corretamente os recursos escassos. (Paul Samuelson) A Economia é a ciência voltada para a administração dos escassos recursos das sociedades humanas: ela estuda as formas assumidas pelo comportamento humano na disposição onerosa do mundo exterior em decorrência da tensão existente entre os desejos ilimitados e os meios limitados aos agentes da atividade econômica. (Raymond Barre) Não houvesse escassez nem necessidade de repartir os bens entre os homens, não existiriam tampouco sistemas econômicos nem Economia. A Economia é, fundamentalmente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes. (Stonier e Hague) Autonomia e Inter-relação com outras ciências. Muitos Economistas contemporâneos têm observado que não se podem separar os fenômenos essencialmente econômicos dos não-econômicos, pois todos são importantes para o exame de qualquer sistema social, assim como para o aprofundamento das múltiplas questões da atualidade. G. Ripert, observou que as questões econômicas não poderiam ser estudadas isoladamente em relação a outros importantes ramos do conhecimento humano. K. Boulding, emThe Reconstruction of Economics, registrou que o especialista, em busca de solução para os seus próprios problemas, vê com surpresa que se aproxima cada vez mais das fronteiras de outras disciplinas. Segundo Danhof, Bastará um pequeno contato com a realidade para reconhecer que a Economia também possui uma Geografia e uma História. Estas observações de Danhof sinalizam que todo problema econômico tem sua inter-relação com o espaço geográfico e com a evolução histórica e ainda com as alterações tecnológicas. É difícil para o Economista não inter-relacionar a Economia a outros ramos do conhecimento humano, a recíproca é verdadeira, outros estudiosos dos demais ramos do conhecimento não pode prescindir dos contatos com a Economia. O isolamento dos seus estudos os levariam a formulações estéreis e desvinculada da complexa realidade que nos cerca. O isolacionismo que caracterizou boa parte das primeiras investigações econômicas, gradativamente cedeu lugar a um enfoque multidisciplinar, que aproxima a Economia das outras Ciências Sociais a exemplo da História, Política, Geografia, Sociologia, Direito. Sem perder suas características de um ramo autônomo do conhecimento humano a Economia está partindo Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 14 para uma aproximação cada vez maior com as outras ciências sociais, pois o conhecimento econômico exige interpretação de toda uma série de ocorrências históricas, políticas, geográficas, antropológicas, sociais, jurídicas e até mesmo religiosas, no sentido de que o economista possa contar com um diversificado instrumental de trabalho. A Economia e a Política Os sistemas econômicos e políticos possuem uma integração tão forte que não há como imaginar o estudo isolado de cada um deles, e isso faz sentido se observamos que em qualquer sociedade, a instabilidade de instituições políticas conduz fatalmente à instabilidade econômica. Essa inter-relação já vem de século atrás. É natural que o exercício de poder já seja atrelado ao domínio econômico. Os grupos de indivíduos mantêm o uso da política para consecução de vantagens econômicas. Por exemplo, os agricultores na grande época do café, as grandes indústrias, que usam a força política para: subsidiar créditos, tarifas aduaneira que protejam o mercado interno. Assim como as indústrias e os segmentos de mercado, os trabalhadores organizados e no Brasil temos os metalúrgicos do ABC, petroleiros, bancários que conseguem vantagens salariais maiores e melhores que trabalhadores pouco organizados ou com menor força política. Oligarquia nordestina, Os Sistemas econômicos e políticos encontram-se de tal sorte integrados que não faz qualquer sentido o estudo isolado de cada um deles, em qualquer sociedade, a instabilidade das instituições políticas conduz fatalmente à instabilidade econômica. Reciprocamente, a instabilidade e o desenvolvimento econômico alinham-se entre os fatores essenciais que condicionam a estabilidade dos centros de disposição do poder político. A Economia e a Sociologia Essa inter-relação também já vem de séculos atrás, Jean Baptiste Say (Cours d’Économie Politique, 1828) observou que o estudo da Economia deveria ter uma subordinação e coesão entre as várias partes do sistema social e isso fez com que reduzissem as distâncias entre a Sociologia e Economia. A partir daí, reduziram-se as distâncias entre os estudos de natureza econômica e sociológica, pelo crescente interesse dos economistas por determinados setores da realidade social. A partir do interesse da política econômica de atingir indivíduos de certas classes sociais, isso interfere diretamente no objeto da sociologia, isto é, a dinâmica da mobilidade social entre as diversas classes de renda. As políticas salariais, de educação, saúde, transportes, alimentação, etc., são exemplos que direta ou indiretamente influenciam essa mobilidade social. A Economia e a História O estreito inter-relacionamento entre a política e a sociologia com os problemas econômicos, são também condicionados a uma evolução histórica das civilizações. Para os economistas a pesquisa histórica é de grande utilidade porque localiza o tempo e o espaço das atividades humanas, assim como correlaciona os acontecimentos, com o grau de organização e a evolução dos fatos. Segundo R. Aron, “o sentido derradeiro da história não deriva nunca da exclusiva consideração do passado, mas da análise dinâmica das sociedades.” A análise histórica facilita ao economista descobrir o passado, compreender o presente e antecipar o futuro. A Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 15 história contemporânea conduziu a um equilíbrio global, e isso interessa ao economista, por abranger a própria dinâmica das economias modernas. As teorias econômicas são construídas num contexto histórico onde se desenvolvem as atividades e as instituições econômicas. A grande vantagem dos registros históricos para a Economia reside nas informações que são conseguidas sobre o ambiente daquele fato econômico, enriquecendo a análise. A Economia e a Geografia Essa inter-relação é constatada pelo fato de que as instituições econômicas e as formas de atividade produtiva diferem de país para país e até dentro do mesmo país, entre suas várias regiões. 5.0 – O Objeto da Ciência Econômica – A Lei da Escassez Não existiria problema econômico, se pudessem ser produzidas uma quantidade de bens exatamente na mesma medida de todos os desejos humanos e que eles pudessem ser plenamente satisfeitos. Porém, nossa realidade é outra, o que existe realmente é escassez de recursos disponíveis = Fatores de Produção: Recursos naturais Terra Recursos humanos Trabalho Capital Máquinas, equipamentos. provocando a escassez de bens econômicos em condições de atender as necessidades humanas. Na prática, a escassez de recursos disponíveis, gera também a escassez de bens bens econômicos, reforçando ainda podemos dizer que escassez econômica é uma situação gerada pela produção de bens com recursos limitados, para satisfazer as ilimitadas necessidades humanas. A condição para caracterizar a escassez é que haja uma procura para aquisição do bem. Escassez Econômica É a produção de bens com recursos disponíveis limitados, a fim de satisfazer as ilimitadas necessidades humanas. É preciso entender que para existir a escassez é necessário haver a procura para aquisição do bem. Procura (desejo) de um bem a procura de bem está diretamente relacionada com a sua utilidade ou capacidade que tem um bem de satisfazer uma necessidade humana. 6.0 – Bens Econômicos e Bens Livres Necessidades Humanas. Bens é tudo aquilo que tem utilidade, podendo satisfazer uma necessidade ou suprir uma carência, capaz de atender uma necessidade humana. Bens Econômicos são aqueles relativamente escassos ou que demandam trabalho humano, têm proprietários, valor e acessibilidade. o Tipos de Bens econômicos: Quanto à propriedade: Públicos Privados ou Particulares Quanto à natureza: Materiais são aqueles que se pode atribuir uma característica física (forma, dimensão, etc.), automóvel, relógio, sapato, etc. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 16 Imateriais são aquelas de caráter abstrato, não tem característica física (ensino, vigilância, hospedagem, etc.) e acabam no mesmo momento da sua produção. Quanto ao destino: Bens de consumo são aqueles que prestam serviço durante um determinado tempo e a quanto a isso eles são classificados:o Quanto à duração: Duráveis: prestam serviço durante um período de tempo relativamente longo (máquina de lavar, automóvel). A sua comercialização está sujeita a oscilações devido a modismos, situação econômica e outras influências. Não-duráveis: são aqueles usados uma única vez (alimentos) Bens de capital ou de produção são bens que servem para a produção de outros bens, especialmente os bens de consumo, tais como máquinas, equipamentos. Quanto à espécie: Complementares: São aqueles que devem ser combinados para satisfazer uma necessidade; usados em conjunto, eles aumentam sua utilidade (café e açúcar, automóvel e gasolina, lâmpada elétrica e eletricidade) e comercialização de cada um está associada ao outro. Concorrentes: São aqueles em que se estabelecem diferenciais competitivos Bens Livres Satisfazem necessidades e suprem carências, mas são abundantes na natureza que não podem ser monopolizados nem exigem trabalho algum para serem produzidos, não tendo, portanto preço; exemplo: o ar que respiramos a luz do sol. Necessidades Humanas O conceito de necessidade humana é concreto, neutro e subjetivo e é exatamente por isso que se torna complexa essa questão, mas ao economista só interessa que as necessidades humanas sejam satisfeitas com bens econômicos e não a sua parte filosófica. Todo e qualquer ser humano experimenta alguma necessidade que deve ser atendida, seja alimento, ou ouvir uma música, então, necessidade humana pode ser entendida como toda e qualquer manifestação de desejo que envolva a escolha de um bem econômico capaz de contribuir para sobrevivência ou realização social do indivíduo. Para um melhor entendimento, vamos ao exemplo que se segue: Para os milhões de famílias pobres que temos no Brasil, uma casa simples de dois quartos na periferia pode ser uma grande necessidade e não exatamente o ser para uma família de classe média. Necessidades tipo: carro, saneamento básico, educação, segurança, cinema, roupas, relógios, etc. é o que todo mundo deseja. Apesar dessas ilimitadas e tão desejadas necessidades já terem ultrapassado a esfera biológica, pode-se pensar que o seu atendimento já seja um problema solucionado e com ele também o problema da escassez. Porem, as necessidades têm uma dinâmica e com elas surgem dois problemas: Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 17 1. Essas necessidades são renovadas dia a dia e exigem contínuo suprimento dos bens para atendê-las. 2. A dinâmica dessas necessidades, motivadas pela perspectiva de todos os povos melhorarem o padrão de vida, estabelece a constante criação de novos desejos e necessidades. Em função da explicação acima, vemos que, a noção biológica extrapola para a noção psicológica da necessidade, concluindo-se que a saturação das necessidades e dos desejos humanos, está longe de ser alcançada, consequentemente o problema da escassez é sempre renovado. Agora que já temos noção de bem econômico, necessidade e escassez fica fácil entender que: “Economia é a ciência social que se ocupa da administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos”. “Economia é o estudo da organização social, através da qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos”. “O objeto da ciência econômica é o estudo da escassez”. 7.0 – O Problema Econômico A Economia é uma ciência essencialmente voltada para três tipos de problemas: 1. O que e quanto produzir ? Refere-se à determinação do limitado conjunto de bens e serviços que devem ser produzidos, bem como às suas respectivas quantidades. Esse problema decorre da impossibilidade prática de se produzirem todos os bens e serviços desejados em quantidades ilimitadas. 2. Como produzir ? Refere-se à alocação ótima dos recursos disponíveis, sendo os recursos escassos, torna-se necessário, além da seleção e limitação daquilo que será produzido, adotar procedimentos tecnológicos que impliquem na melhor forma de extrair de cada um dos recursos disponíveis o máximo possível de sua capacidade produtiva. 3. Para quem produzir ? Relaciona-se aos processos e à estrutura de repartição dos bens e serviços produzidos, também decorre da impossibilidade de se atribuir a cada um dos participantes do processo produtivo uma parcela igual do produto final obtido; como das capacidades produtivas individuais são diferenciadas, as participações no produto final também não poderão ser igualadas; todavia, a estrutura de repartição a que se chegou seria realmente justa? No nível econômico decide-se sobre o que e quanto produzir. No tecnológico, sobre como produzir. No social, para quem produzir ou mais claramente, como repartir o produto. Responder as questões do problema econômico não seria problema se os recursos não fossem limitados. Porem existe ilimitadas necessidades e limitados recursos disponíveis. Com essas restrições, a Economia deve optar dentre os bens a serem produzidos e os processos técnicos capazes de transformar os recursos escassos em produção. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 18 Problemas econômicos fundamentais Níveis de referência Esquemas de solução 1. O que e quanto produzir? Econômico Adoção de opções lógicas, que satisfaçam plenamente às necessidades e aos desejos da coletividade. Pressupõe que as fronteiras de produção sejam atingidas. 2. Como produzir? Tecnológico Obtenção de eficiência produtiva. Pressupõe eficiente combinação, ótima alocação dos recursos e maximização dos níveis de produção pela plena mobilização dos fatores disponíveis. 3. Para quem produzir? Social Obtenção de eficiência distributiva. Pressupõe que as fronteiras do bem-estar individual e social sejam alcançadas 7.1 – Opções tecnológicas – Curva de transformação Em função dos problemas econômicos, dos recursos escassos e das necessidades ilimitadas dos indivíduos, a economia, a sociedade tem que estabelecer uma alternativa de produção. Economia ciência relacionada com problemas de escolha. Ao decidir o que deverá ser produzido e como, o sistema econômico terá realmente decidido como alocar ou distribuir os recursos disponíveis entre as milhares de diferentes possíveis linha de produção. Quanta terra para cultivo de café? Quanta à pastagem? Quantas fábricas para produção de camisas? Quantas para automóveis? Analisar todos esses problemas simultaneamente é por demais complicado. Com a limitação do total de recursos capazes de produzir diferentes mercadorias impõe-se uma escolha para a produção entre mercadorias relativamente escassas. Para facilitar a compreensão, vamos considerar o seguinte: Com o intuito de simplificarmos a exposição inicial dessa questão vamos supor que uma economia onde haja certo número de indivíduos, certa técnica de produzir, certo número de fabricas e instrumentos de produção e um conjunto de recursos naturais (terra, matérias-primas, etc.). Vamos considerar todos esses dados como constantes, isto é, não se alteram durante a análise. Para facilitar ainda vamos supor que somente dois bens econômicos deverão ser produzidos: camisas e carros. Na mobilização de seus recursos para a obtenção desses dois produtos, a economia em questão defrontar-se-á com várias alternativas quanto às quantidades limitadas que produzirá cada um. o Na alternativa C, os limites máximos possíveis serão de 120 mil carros e 20 milhões de camisas. o Alternativa F - Se a economia decidir aumentar a produção de camisas (50 milhões), mantendo-se inalterados os recursos disponíveis, então, necessariamente,a produção de carros (0) terá de ser sacrificada. o Alternativa A - Inversamente, na hipótese de incrementar a produção de carros (150 mil), as quantidades obtidas de camisas (0) sofrerão quedas correspondentes. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 19 o Em alternativas extremas, poderá ainda a economia decidir dedicar-se apenas a um desses dois produtos. o Mas, ainda que reduza a zero a produção de um dos dois produtos pelos quais originalmente optou, a produção do outro estará fisicamente limitada. Bens Quantidade Máxima de carros Possibilidades intermediárias Quantidade Máxima de camisas A B C D E F Carros (milhares) 150 140 120 90 70 0 Camisas (milhões) 0 10 20 30 40 50 Curva de transformação da produção É chamada curva da transformação, porque à medida que se passa do ponto A para B, de B para C, indo assim até F, em que se estará transformando carros em camisas, carros em camisas ? Claro que não, a transformação não é física, só estaremos transferindo recursos de um processo de produção para outro. 7.2 - Condição da Curva de Transformação A Economia precisa estar no Pleno Emprego Ao produzir um bem, é necessário deixar de produzir uma parte de outro bem. Pleno Emprego Situação em que a demanda de trabalho é igual ou inferior à oferta. Isto significa que todos os que desejarem vender sua força de trabalho pelo salário corrente terão condições de obter um emprego. Em termos mais globais, pleno emprego significa o grau máximo de utilização dos recursos produtivos (materiais e humanos) de uma economia. 7.3 – Custo de Oportunidade Tomemos o mesmo exemplo acima (Curva de Transformação). Em função dos recursos limitados, os pontos de maior produção aparecem sobre a curva de transformação (A, B... F). Assim sendo, se optarmos pela fabricação só de carros (A), estaremos Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 20 sacrificando toda a produção de camisas. O Custo de Oportunidade corresponde ao sacrifício do que se deixou de produzir, ou, em outras palavras, é o custo sacrifício ou a perda do produto que não foi produzido quando a economia passa a produzir outras quantidades de um outro produto. Ou ainda o custo do que não foi escolhido e não o ganho do que foi escolhido. Custo de Oportunidade Quando um bem é escasso, a opção de usá-lo de um modo significa desistir de usá-lo de outro. O valor de uso do qual as pessoas desistem é o Custo de Oportunidade. Condições de existência do Custo de Oportunidade: Recursos limitados; Pleno emprego dos recursos Mudança de Alternativa De: B Para: C Diferença Carros ( milhares ) 140 120 -20 Camisas ( milhões ) 10 20 10 Quando se deixa de produzir 20 mil carros, se transfere os recursos de um processo de produção para o outro. Procedimento para cálculo do custo de oportunidade 1. Verifique o aumento na produção de um bem e que esse seja o ganho 2. Meça a perda (a redução da produção do outro bem, necessária para ter esse ganho). 3. O Custo de oportunidade por unidade do bem ganho é a perda dividida pelo ganho. Exemplo: Num sistema econômico (informática) foi feito o seguinte: Optou-se pelo ganho de 2 CPU (de 10 para 12) e uma perda de 6 monitores de (14 para 8), calcule o Custo de Oportunidade. o Aumento da produção 2 o Perda de produção 6 o Custo de oportunidade 6/2 = 3 monitores por CPU O que acontecerá se houver um desemprego geral dos Fatores de Produção ? R. Haverá homens desocupados, terras inativas, equipamentos ociosos, fábricas ociosas ou com postos de trabalho com taxa de ocupação muito baixa. Para a questão acima, os pontos de possibilidades de produção não mais se encontrarão sobre a curva de transformação, mas sim em algum lugar (Ponto P da Figura 1.4) dentro da área limitada pela curva e pelos eixos coordenados. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 21 O ponto P = 100 mil carros e 15 milhões de camisas. O que fazer para haver uma retomada da produção, um retorno para o Ponto C e qual o Custo de Oportunidade do Ponto P? R. Pondo os recursos ociosos para trabalhar, revertendo a situação de desemprego geral dos fatores de produção. O Custo de Oportunidade do Ponto P é zero, porque não há sacrifício algum para se produzir mais ambos os bens. 7.4 – Mudanças na Curva de Transformação Variações nos fatores considerados constantes determinarão um deslocamento da curva para a direita. Condições para deslocamento da curva para a direita: 1. Quanto maiores forem as disponibilidades de recursos produtivos da economia, mais afastada da origem a curva estará (Figura 1.5) abaixo. 2. Variações tecnológicas iguais para os processos de produção dos dois bens deslocarão a curva para a direita e paralelamente. (Figura 1.6 abaixo) Se a variação for maior para o processo de produção do Y, maior será o deslocamento em relação a esse eixo. (Figura abaixo 1.7) Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 22 7.5 – Custos Crescentes Com o propósito de obter quantidades extras de um produto, o sistema econômico tem que sacrificar quantidades sempre maiores de outro produto. A razão da curva de transformação ser decrescente se deve ao fato de os recursos disponíveis serem limitados, acréscimos na produção de um produto, incorrem em decréscimos na produção do outro produto. Isso quer dizer que, na medida em que se está consumindo (produzindo) pouco de um bem, o sacrifício de se consumir (produzir) menos ainda é muito grande. Exemplo: Mudança de Alternativa De: B Para: C Diferença De: D Para: E Diferença Diferença Total Carros (milhares) Carros (milhares) 140 120 -20 90 70 -20 -40 Camisas (milhões) Camisas (milhões) 10 20 10 30 40 10 20 Este fenômeno dos custos crescentes surge na medida em que se transfere recursos adequados e eficientes de uma atividade para outra, onde eles se apresentam ineficientes e inadequados. Assim, se se insistir somente na produção de camisas, tem-se que recorrer aos operadores dos carros passarem a pregar mangas de camisas. Lei dos Custos Crescentes: Quanto mais um bem é produzido, maior o seu custo de oportunidade. II – O Problema da organização econômica Os sistemas econômicos fundamentam-se em uma complexa rede de trocas. Os recursos disponíveis encaminham-se para as empresas à procura da melhor remuneração possível. As empresas destinam sua produção aos consumidores, os quais procurarão atender da forma mais vantajosa possível às suas necessidades. No centro orgânico desse processo localizam-se os mercados de recursos e de produtos finais - através dos quais toda Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 23 essa atividade é desenvolvida e controlada. Mantêm-se, assim, como principais características desse processo, a impessoalidade e a alta competição. Como vimos anteriormente, a tríade dos problemas econômicos: Os sistemas econômicos em função dos limitados recursos produtivos – Fatores de produção – e do nível tecnológico se posicionam diante de um quadro bastante complexo e se organizam a fim de resolver os problemas de: 1. O que e quanto. 2.Como 3. E para quem produzir E mesmo os sistemas econômicos buscando a utilização mais lógica e racional possível dos seus recursos, a nossa realidade é que esses recursos são escassos diante de uma perseguição obstinada de novos padrões de bem estar. Os resultados dessa perseguição obstinada estão diretamente relacionados com o estágio de desenvolvimento e de organização da atividade econômica, os graus de especialização da economia, assim como os objetivos básicos que a sociedade pretende alcançar. Inicialmente vamos examinar os mecanismos essenciais da organização econômica, cuidando dos elementos básicos que compõem o quadro da atividade econômica. Logo após as formas de organização econômica, para depois examinarmos os fluxos fundamentais e seus inter-relacionamentos. E finalizando este capítulo estudaremos a divisão do trabalho e da especialização das funções individuais e empresariais. 8 - A estrutura dos sistemas econômicos 1. Recursos produtivos 2. Unidades de produção 3. Conjunto de instituições Quanto ao primeiro item, este constitui a base da atividade econômica. Sem os recursos humanos, patrimoniais, nenhuma forma econômica é possível, é necessário um faixa da população economicamente ativa, da capacidade empresarial, de capital, de tecnologia e a imprescindível eficiência do sistema produtivo. Todavia a importância econômica desses elementos só se realiza quando eles se completam mutuamente, combinando-se para poder funcionar toda a complexa estrutura dos sistemas econômicos, sozinho nenhum é capaz de constituir um sistema. Os recursos econômicos só alcançam a sua significação quando são mobilizados pelas unidades de produção. E são exatamente as empresas, – principais células do sistema econômico – que empregam os recursos disponíveis, executando as principais tarefas relacionadas à solução dos problemas econômicos: o que e quanto, como e para quem produzir. Por outro lado, definindo as relações entre as unidades de produção e os recursos produtivos, dando forma às atividades individuais e coletivas, determinando os deveres e obrigações dos detentores dos recursos e das unidades de produção. Os sistemas econômicos não podem prescindir das instituições políticas que definem as relações entre o Estado, as empresas e a sociedade. É importante acrescentar que a estrutura dos sistemas econômicos está diretamente relacionada ao processo de crescimento econômico, sinalizado pelo deslocamento positivo Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 24 das curvas de possibilidades de produção. Os Recursos produtivos é um dos principais condicionantes do crescimento econômico, porque é importante ter: Tecnologia de ponta Recursos humanos bem capacitados Capital bem dimensionado Capacidade empresarial Aproveitamento dos recursos naturais Satisfatórios fatores produtivos têm que ser muito bem explorados e examinados para que permita a expansão das possibilidades de produção e crescimento econômico. A forma como operam as unidades de produção é também muito importante, ou seja, a debilidade do complexo empresarial é incompatível com a promoção do crescimento econômico porque a eficiência dos recursos produtivos, a melhor utilização dos recursos está diretamente relacionada com o nível das possibilidades de produção. 9 - Formas de organização econômica: 9.1 - Centralizada Nesse tipo de economia, (Cuba, China) a tríade do problema econômico: o O que e quanto o Como o Para quem É determinada pelo órgão planejador central e não pelo sistema de preços como nas economias de mercado. Planejamento Central Inventaria as necessidades humanas a serem atendidas Inventaria os recursos disponíveis A partir dos dois primeiros, priorizam-se as necessidades e fixam-se as quantidades a serem produzidas metas são transmitidas aos órgãos setoriais e regionais encaminha para as unidades produtoras. Mecanismo de Preços Não tem mecanismo orientador, é estabelecido pelo Estado como forma de atingir os objetivos da produção. Os preços têm duas funções diferentes. 1. Durante o processo de produção Nessa fase os preços são recursos contábeis para facilitar o controle da eficiência de manufatura, que é definida com base na eficiência média das empresas. Resultado Esse critério sinaliza qual fábrica está trabalhando abaixo da eficiência o Caso seja sinalizada uma eficiência maior, consequentemente aparecerão lucros inesperados, que irão para os cofres do Estado. Esse critério tem o objetivo de contabilizar os custos de produção, para que se possa julgar a eficiência de operação das diversas empresas. Prejuízos e lucros Nesse tipo de economia, em caso de lucro ou prejuízo ou expansão ou retração respectivamente, são determinadas pelo governo, não pelo sistema de preços. No regime Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 25 capitalista os prejuízos automaticamente restringem a produção, e os lucros sinaliza o crescimento da indústria o que provavelmente absorverá outros recursos. Na economia centralizada é o governo quem decide se determinada indústria é vital ou não para a economia do país, independente dessa indústria apresentar ineficiência e, consequentemente prejuízos, sendo que o inverso é verdadeiro se a indústria for eficiente e não importante para o país, cabe ao governo descartá-la ou não. Nas economias centralizadas o Diretor empresarial é apenas uma figura burocrática, o que, quanto e como produzir, substituição de equipamento ou expansão da produção é determinado pelo órgão planejador central. Agência Planificadora Central Desenvolve o plano econômico, que são enviados para os setores regionais, daí aos ministros, que enviam para os diretores empresariais. Para cada firma é estabelecida a cota fixa de produção. Os salários são definidos em função da maximização da produção, dependem diretamente da produtividade e da especialização do trabalhador, que estará motivado monetariamente para produzir e se capacitar. Eles são livres para escolha profissional e executar seu trabalho em qualquer empresa ou região. A agricultura se divide em fazendas estatais, que produzem cereais e carne e detêm a maior parte da produção, pertencem e são dirigidas pelo governo e as fazendas coletivas pertencem às famílias membros e são responsáveis pelo resto da produção. 2. Os preços e a distribuição da produção A segunda fase dos preços é para auxiliar a distribuição dos produtos, evitando o racionamento, que é usado para evitar qualquer excesso ou falta da produção. O mecanismo usado é estabelecer uma grande diferença entre o preço de produção e o preço de venda. Quanto maior a escassez de um bem, maior será a taxa de imposto de consumo incidida sobre ele. Exemplo: se um aparelho de ar condicionado custar 3000 rublos e a sua demanda maior que a oferta, o governo passa esse preço para 6000 rublos, equilibrando assim a demanda e a oferta desse bem. Ao contrário do exemplo acima, os preços de venda podem ser inferiores aos de custos de produção, numa tentativa do governo de encorajar o consumo de alguns produtos abundantes, a exemplo de vegetais. Propriedade pública / privada Os meios de produção máquinas, equipamentos, veículos, matérias-primas etc. pertencem ao povo, propriedade coletiva. Os meios de produção de atividades artesanais são considerados propriedade privada. Os meios de sobrevivência, roupas, automóveis, etc. pertencer aos indivíduos, exceto as residências, que pertencem ao Estado. Distinção entre as Economias Centralizada e Descentralizada Propriedadepública X propriedade privada dos meios de produção O sistema de preços nas economias centralizadas é selecionado de forma a buscar justiça social na distribuição da produção. Nas economias descentralizadas o sistema de preços busca uma maior eficiência no uso dos recursos escassos e consequentemente na organização da produção. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 26 9.2 - A descentralizada economia de mercado (ocidental) O Estado participa da vida econômica com ações regulatórias, para o caso em que os conflitos privados não conseguem soluções através do mercado. O papel do governo é pouco expressivo. 9.3 – O sistema privado de preços. Livre iniciativa Alguns detalhes sobre o sistema de preços na livre iniciativa: Os agentes econômicos se preocupam em resolver exatamente seus próprios negócios. Os agentes econômicos buscam a sobrevivência na concorrência imposta pelos mercados, tanto na venda e compra de produtos finais como na dos fatores de produção. O sistema econômico é regido pelos sinais dados pelos preços formados nos diversos mercados. O Risco estimado O lucro pode ser o prêmio pelo risco assumido. As prospecções se apóiam nas probabilidades de ocorrência, daí o risco estimado. A “mão invisível” do século XVIII os economistas acreditavam que a ação de cada Indivíduo era dirigida por uma “mão invisível”, a fim de contribuir para o bem-estar geral e o bom funcionamento do sistema econômico. Nos dias de hoje, a ação conjunta dos indivíduos e empresas permite que centenas de milhares de mercadorias sejam produzidas como um fluxo constante, mais ou menos voluntariamente, sem uma direção central, tudo é realizado sem coação ou direção centralizada de qualquer organismo consciente. 9.4 - O funcionamento do mecanismo de preços automático e inconsciente: 1 Suponhamos que num sistema econômico um grupo de indivíduos deseje uma maior quantidade de calças. 2 Diante de uma quantidade disponível limitada e inferior à procura, a disputa desses indivíduos para comprar o produto acabará por elevar o seu preço. 3 Com a alta do preço, mais calças serão confeccionadas, podendo posteriormente baixar o preço. 4 Que por sua vez estimulará uma alta do consumo e os produtores procurarão ajustar-se à quantidade adequada. O desejo dos indivíduos determinará a magnitude da demanda, e a produção das empresas determinará a magnitude da oferta. O equilíbrio entre a demanda e a oferta será atingido sempre pela flutuação do preço. O mecanismo de preços é um vasto sistema de tentativas, erros e acertos de aproximações sucessivas, para alcançar o equilíbrio entre oferta e demanda. Isso é verdade tanto para o mercado de bens de consumo quanto para o de fatores de produção, tais como trabalho, terra e capital. Se houver maior necessidade de médicos do Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 27 que de engenheiros. As oportunidades de trabalho serão mais favoráveis aos primeiros, ou seja, o salário do médico tenderá a elevar-se mais do que o do engenheiro. 9.5 – O que e quanto, como e para quem produzir. Pode ser resolvido pela concorrência dos mercados e pelo mecanismo dos preços. O consumidor sempre procurará maximizar a utilidade e a satisfação e o produtor, o lucro. Que bens serão produzidos será decidido pela procura dos consumidores no mercado. O dinheiro pago ao vendedor será redistribuído em forma de renda como salários, juros ou dividendos aos consumidores. Quanto produzir será determinado pela atuação dos consumidores e dos produtores no mercado com os ajustamentos dados pelo sistema de preço. Como produzir é determinado pela concorrência entre os produtores. O método de fabricação eficiente ou mais barato deslocará o ineficiente e o mais caro, podendo assim o concorrente sempre sobreviver no mercado produtor. O objetivo do produtor será sempre o de maximizar lucros. Para quem produzir será determinado pela oferta e procura no mercado de serviços por salários, juros, aluguéis e lucros, que, em conjunto, formam a renda individual, relativa a cada serviço e ao conjunto de serviços. A produção destina-se a quem tem renda para pagar e o preço é o instrumento de exclusão. Fluxo da Economia de Mercado Bens de Produção Preço de mercado do produto Preço no Mercado de Fatores (salários, (Juros, aluguéis) Custo da Produção Empresas Folha de Pagamento/aluguel Aluguel Desejo dos Consumidores PÚBLICO Propriedade dos fatores Sapatos Habitação Chá Terra Trabalho Sapatos Habitação Chá Terra Trabalho Bens de Produção Quais e Quanto Para Quem Como OFERTA OFERTA DEMANDA DEMANDA Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 28 A inter-relação dos fluxos real e monetário Na figura acima está visualizada a interdependência dos fluxos real e monetário, bem como a caracterização dos dois grandes mercados em que se fundamenta a organização econômica: Mercado de recursos de produção o Neste mercado estão localizados o Mercado de trabalho e o Mercado de capitais As unidades familiais exercem funções típicas de oferta, enquanto as unidades de produção exercem a procura. As remunerações recebidas pelas unidades familiais e pagas pela produção refletem, aliás, as magnitudes dos movimentos da oferta e da procura de recursos. É provável que os recursos mais escassos e as habilidades profissionais mais raras recebam remunerações mais altas. Estas refletem, portanto, os movimentos, as tendências e as disponibilidades observadas no mercado de recursos. Mercado de bens e serviços o Bens e serviços Nesse mercado os papéis se invertem, as unidades de produção exercem funções típicas de oferta, enquanto as unidades familiais exercem a procura. Os preços aqui também refletem a disponibilidade e as pressões da procura dirigidas aos diferentes tipos de bens e serviços disponíveis. Na dependência de dada escala de escassez e de utilidade, os preços também se movimentarão, sinalizando as prioridades e as necessidades manifestadas pelas unidades familiais. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 29 9.6 – Preço e quantidade de equilíbrio São os consumidores que estabelecem os preços máximos que estão dispostos a pagar por cada quantidade a ser demandada. Esse estabelecimento é subjetivo e é derivado do conceito de utilidade do consumidor procura maximizar. A curva de demanda A curva de demanda do mercado delimita o preço máximo A curva de oferta Representa o limite mínimo Os produtores estabelecem os preços mínimos que estão dispostos a receber por cada unidade ofertada, diante dos custos incorridos e seu objetivo de maximizar os lucros. Na figura abaixo: A área de negociação do preço e da quantidade se dará na região ABC, mas o equilíbrio será em B. O mercado é a solução mais barata e eficiente para a realização das trocas, que em última instância é a essência do problema econômico. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 30 9.7 – Economia mista de mercado. A presença do Estado Oligopólio Tipo de estrutura de mercado, nas economias capitalistas, em que poucas empresasdetêm o controle da maior parcela do mercado. O oligopólio é uma tendência que reflete a concentração da propriedade em poucas empresas de grande porte, pela fusão entre elas, incorporação ou mesmo eliminação (por compra, dumping e outras práticas restritivas) das pequenas empresas. Oligopsônio Tipo de estrutura de mercado em que poucas empresas, de grande porte, são as compradoras de determinada matéria-prima ou produto primário. O oligopsônio pode ter duas formas: Um mercado comprador muito concentrado, com poucas e grandes empresas que negociam com muitos pequenos produtores (comum no relacionamento entre indústrias alimentícias e seus fornecedores). Um mercado consumidor concentrado e um mercado vendedor também concentrado com poucos e grandes produtores. Monopólio Forma de organização de mercado, nas economias capitalistas, em que uma empresa domina a oferta de determinado produto ou serviço, que não tem substituto. Monopsônio Estrutura de mercado em que existe apenas um comprador de uma mercadoria (em geral, matéria-prima ou produto primário). Nesse caso, mesmo quando vários produtos fortes oferecem o produto, os preços não são determinados pelos vendedores, mas pelo único comprador. Oferta Procura Um só vendedor Pequeno número de vendedores Grande número de vendedores Um só comprador Monopólio Monopsônio Pequeno número de compradores Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 31 As falhas no funcionamento da economia de mercado impedem-na de atingir suas metas: Eficiente alocação de recursos Distribuição justa da renda Estabilidade dos preços (baixa inflação) Crescimento econômico As falhas: 1. Imperfeição na concorrência dos mercados Caracterizada pela presença de poucos produtores (monopólio ou oligopólio e sindicatos), que buscam tirar vantagens econômicas dos mercados, via cobrança de preços acima dos custos de produção. 2. Efeitos externos O mercado é incapaz de internalizar no cômputo dos seus benefícios e/ou custos. Por exemplo, o custo da poluição das fábricas sobre as famílias não é cobrado nos preços dos produtos. Existem custos para alguns que não são pagos por ninguém. Outro exemplo é o caso do uso das estradas públicas por usuários que não são os virtuais pagadores, porque essas são construídas com tributos em geral. As imperfeições de concorrência levam à má distribuição de renda e de bem-estar, e somente a atuação do Estado pode corrigir, regulamentando a ação dos oligopólios ou investindo nas áreas sociais para reduzir os focos de pobreza. Muitas vezes a presença do Estado na economia se dá através das empresas estatais, produzindo o que o setor privado poderia fazer, mas não o faz por falta de capital (Cosipa, Eletrobrás, Telebrás, Petrobrás etc.) ou por medidas de segurança nacional, ou mero nacionalismo político. Assim a intervenção do Estado na economia multiplica-se e vai além das suas funções convencionais de educação, saúde, infra-estrutura (transportes, saneamento) justiça, defesa nacional etc. 9.8 - Elementos da Economia Capitalista O capitalismo é caracterizado por ter uma organização econômica baseada na propriedade privada dos meios de produção: Capital Conjunto de bens econômicos heterogêneos, tais como: máquinas, instrumentos, fábricas, terras, matérias-primas etc., capaz de produzir bens e serviços. O uso do capital na produção introduz os métodos indiretos, além de contribuir para o aumento da produtividade no trabalho. Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 32 Propriedade privada Nossa economia recebe o nome de capitalismo, porque esse capital é essencialmente propriedade privada, o capitalista. É através da propriedade que o capitalismo se apropria de parte da renda gerada nas atividades econômicas. E é aí que fica garantido o estímulo à criatividade e à concorrência. Capital tangível terras, equipamentos, imóveis. Capital intangível É o mesmo conjunto acima representado por meio de documentos. Patentes, também pertence a esse tipo de capital. No sistema capitalista, são os indivíduos que recebem os juros, os dividendos, os lucros, os aluguéis e os direitos de exploração (royalties) dos bens de capital e as patentes. 9.9 - Divisão do Trabalho. Apesar de praticada em larga escala só após a Revolução Industrial do século XVIII, esta sistemática constitui uma das mais antigas aquisições do conhecimento econômico dos povos. Em todas as épocas da História universal, para imprimir maior eficiência à solução de seus problemas econômicos fundamentais, as sociedades sempre recorreram aos princípios da especialização. Povos primitivos “Os magros caçavam, os gordos pescavam e os espertos eram curandeiros” - Samuelson. As técnicas rudimentares cederam lugar à avançada tecnologia de produção, até que a força de trabalho dos sistemas econômicos passou a ser integrada por um sem-número de tarefas altamente especializadas e interdependentes. Baseados na divisão de trabalho, os sistemas econômicos contemporâneos integram complexas redes de atividade. Na desorientadora realidade econômica do mundo em que vivemos, cada unidade familial se dedica a uma insignificante parcela da atividade produtiva. Cada um de nós faz uma pequena parte do todo e recebe uma remuneração teoricamente compatível com a importância da atividade desenvolvida. O operador do pólo petroquímico de Salvador, outro do de Maceió, o agricultor de São Paulo, desenvolvem tarefas aparentemente isoladas, mas que se integram e se completam no quadro geral da atividade econômica interna. Um depende do outro, e cada qual, ao desenvolver sua tarefa, adquire junto à sociedade o direito de desfrutar de certa parcela da produção global. Esse direito, é caracterizado pela remuneração recebida. E é através dele que cada qual adquire os bens e serviços disponíveis no mercado. 10 – Divisão didática do estudo da Economia Essa disciplina visa capacitar vocês alunos a compreender o mundo no que diz respeito a seus problemas econômicos. Divisão didática da economia: Microeconomia – Ramo da Ciência Econômica que estuda o comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e pelas famílias; as empresas e suas produções e custos; a produção e o preço dos diversos bens, serviços e fatores produtivos. Estuda a formação dos preços nos mercados, a partir dos mecanismos conjuntos entre a Profº. Antonio de Pádua Ferreira de Brito 33 demanda e a oferta. Os preços sinalizam o uso eficiente dos recursos escassos e funciona como elemento de exclusão. Macroeconomia – Equilibrio da renda nacional Parte da Ciência Econômica que focaliza o sistema econômico como um todo. Tem como objeto de estudo as relações entre os grandes agregados econômicos: a renda nacional, o nível de emprego e dos preços; o consumo, a poupança e o investimento. Desenvolvimento econômico Crescimento econômico (aumento do Produto Nacional Bruto per capita) acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na estrutura de sua economia. Economia Internacional Estuda as condições de equilíbrio das importações e exportações, além dos fluxos de capitais. III – A Microeconomia Como já vimos no conceito acima, a microeconomia e o ramo da Ciência Econômica que estuda o comportamento
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