Buscar

A Alta Idade Média História do Direito

Prévia do material em texto

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
CURSO: Bacharelado em Direito
DISCIPLINA: História do Direito
PROFº: Cleiton Ricardo das Neves
ALUNA: Fernanda Rodrigues de Lima
TURMA: A05
LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na História: Lições Introdutórias. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.
1 A ALTA IDADE MÉDIA
 “Mesmo em grandes debates e oposições, os juristas do século XVI têm por referência os glosadores e especialmente os comentadores medievais.” (LOPES pág. 64)
“Nos lugares onde os Estados nacionais não conseguiram impor códigos durante o século XIX, como na Alemanha e no Brasil, será a cultura jurídica conservada e transformada de muitas formas que dará fontes para doutrinadores e juízes.” (LOPES pág. 64)
 AS INVASÕES
“O período das invasões e assentamentos dos bárbaros dentro das fronteiras do império corresponde já ao das tentativas de codificação do tardo-império.” (LOPES pág.64)
 “Foi um período de crise social, econômica, política. O império com sua burocracia e seu exército já não se sustentava.” (LOPES pág. 65)
“Segundo Salviano, muitos romanos passavam para no lado dos bárbaros: Os pobres estão despojados, as viúvas gemem e os órfãos são pisados a pés, a tal ponto que muitos, incluindo gente de bom nascimento e que recebeu educação superior se refugiam junto dos inimigos.” (LOPES pág. 65)
“Para não parecer à perseguição pública, vão procurar entre os bárbaros a humanidade dos romanos, pois não podem suportar mais, entre os bárbaros, a desumanidade dos bárbaros.” (LOPES pág. 65)
“São diferentes dos povos onde buscam refúgio; nada têm das suas maneiras, nada têm da sua língua e, seja-me permitido dizer, também nada têm do odor fétido dos corpos e das vestes dos Bárbaros; mas preferem sujeitar-se a essa dessemelhança de costumes a sofrer, entre Romanos, injustiça e crueldade.” (LOPES pág.65)
“Assim emigram para os Godos ou para os Bagaldos, ou para os outros bárbaros que em toda parte dominam, e não têm de que arrepender-se com o exílio.” (LOPES pág.65)
“Pois gostam mais de viver livres sob a aparência de escravidão que ser escravos sob a aparência de liberdade” (apud Le Goff, 1983:36) (LOPES pág. 65). 
 A REGRESSÃO
“Segundo o mesmo Le Goff, é notável uma regressão no gosto, pois abandona-se muito do que era belo e monumental na civilização do Mediterrâneo.” (LOPES pág.67) 
“Há também uma regressão demográfica: diminui a população, em virtude das guerras, das pestes (a “peste negra” varre o Ocidente em meados do século VI), dos saques etc.” (LOPES pág.67)
“Constata-se finalmente uma regressão material, evidente no abandono dos monumentos, dos aquedutos, das estradas, dos campos cultivados.” (LOPES pág. 67)
“É tempo de violência, em que aquela segurança garantida pela pax romana havia desaparecido, lembra-nos Le Goff.” (LOPES pág.67)
“Os reis bárbaros, convertidos ao catolicismo, praticavam toda espécie de vingança e punição: cortavam-se mãos, pés, narizes, mutilavam-se os rostos com ferros em brasa, arrancavam-se olhos, espetavam-se olhos, espetavam-se as mãos com paus, metiam-se espetos e espinhos debaixo das unhas.” (LOPES pág.67)
 O DIREITO NOS REINOS BÁRBAROS
“Especialmente na Gália a divisão entre romanos e não-romanos é forte. Teodorico governa a Itália com conselheiros romanos que mantém de modo geral. Neste mundo dividido, duas ordens de direito se estabelecem: o direito dos bárbaros e o direito romano vulgarizado, ou direito romano bárbaro.” (LOPES pág.68)
O direito costumeiro dos bárbaros
“O direito dos bárbaros resulta em geral de consolidação de costumes. O exemplo mais acabado de que se tem notícia é a Lei Sálica.” (LOPES pág. 68)
“Pelo nome com que era conhecida, Pactus legis salicae, imagina-se que não se tratava de uma imposição nova, mais de uma aceitação tanto pelo rei quanto pelo povo (entenda-se: os grandes do povo) da lei.” (LOPES pág. 68)
 “Vê-se ali que a violência era reprimida não com a prisão, esta invenção moderna do direito, mas com castigo e sobretudo multas ou indenizações, já que a multa prevista não era paga ao Estado mas à vítima, sua família, ou outra pessoa designada. Os castigos são públicos e espetaculares, assim como os processos.” (LOPES pág. 68)
“Enfim, a leitura da Lei Sálica é uma viagem a uma sociedade em que a sofisticação conceitualizante do direito cede passo à coleção de casos especiais e aos costumes.” (LOPES pág.69)
 “As penas são torturas e castigos infligidos aos contraventores. São quase que formas de vingança privada. Não existe ainda qualquer ideia de prisão.” (LOPES pág. 69)
O direito romano dos bárbaros (lex romana barbarorum)
“Havendo populações romanizadas vivendo em seus territórios, a edição de um “direito romano barbarizado ou vulgar” desempenhava um papel político importante, pois podia significar uma garantia de legitimidade política e de aceitação.” (LOPES pág. 69)
“A regressão material já foi mencionada ia impondo a autarquização da vida das pequenas comunidades, de modo que o costume se torna cada vez mais importante.” (LOPES pág. 70)
AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à História do Direito/ Luiz Carlos de Azevedo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005.
O LEGADO DO DIREITO CANÔNICO
“A influência do Direito Canônico, incomparavelmente superior nos séculos XII a XV, subsistia ainda quando da Contra-Reforma, ao seguirem os reinos de religião católica as determinações emanadas no Concílio de Trento(1547-1563).”(AZEVEDO pág.120)
“Além disto, o direito subsidiário continuou buscando amparo nos sagrados cânones, notadamente em tema de família, casamento ou quando se tratava de matéria que comportasse pecado.” (AZEVEDO PÁG.120)
“Mesmo no que diz respeito ao processo, encontram-se raízes profundas de ascendência canônica que vale sejam aqui lembradas, como sinal da significativa contribuição fornecida aplicada, utilizada.” (AZEVEDO pág.120)
“Quanto às provas, deve-se ao Direito Canônico a eliminação das ordálias e Juízos de Deus, tão em voga nas práticas costumeiras da alta Idade Média, quando a ausência, facilitada ou apatia da autoridade judicial levavam a lançar à sorte a condição do acusado.” (AZEVEDO pág.122)
 
DEMO, Wilson. Manual da História do Direito/ Wilson Demo – Florianópolis Conceito Editorial,2010. 198p.
DIREITO CANÔNICO
3.1 CONSIDERAÇÕES
“Em decorrência da gigantesca estrutura herdada e da necessidade de organizar os múltiplos problemas surgidos no âmbito da nova realidade, a Igreja lança mão de um sistema jurídico construído à “imagem e semelhança” do ordenamento romano, porém sobre outros fundamentos.” (DEMO pág.42)
“Tanto que, com o fim do Império Romano do Ocidente, o direito canônico, ao contrário, expandiu-se, inclusive sobrepondo-se ao direito laico ou, no mínimo, sendo reconhecido como única fonte em algumas matérias.” (DEMO pág.42)
“Apesar do direito canônico também ser um direito de origem religiosa, aplicado àqueles que professam a religião cristã, eis que busca seus fundamentos no livro sagrado da religião cristã, a Bíblia, ele guarda diferenças significativas entre os direitos religiosos já mencionados.” (DEMO pág.43)
JURISDIÇÃO E PROCESSO
“À medida em que a Igreja ganhava o poder junto aos estados temporais, ela também expandia o âmbito da competência de seu direito.” (DEMO pág.43)
“Quando da decadência de sua influência, a recíproca se apresenta verdadeira, tanto que atualmente seu direito é utilizado somente nas matérias internas da Igreja, no tocante a seus clérigos e fiéis.” (DEMO pág.43)
“Os denunciantes e as testemunhas permaneciam no anonimato, deles não tendo conhecimento o réu, que fazia seu depoimento sob juramento.” (DEMO pág.44)
“Se confessasse sua falta, eram-lhe atribuídas penitências; caso não confessasse, era encaminhado ao pode secular, normalmente acabando na fogueira.” (DEMO pág.44)
COMPILAÇÕES E CODIFICAÇÕES
“Com relação às codificações, não poderíamos deixar de mencionar a figura de Graciano, que por volta de 1140, redigiu uma obra, pela qual se propunha organizare coordenar os cânones discordantes, ou seja, unificar o sistema jurídico que a Igreja até então vinha utilizando.” (DEMO pág.45)
“A relação do direito canônico fez-se sentir inclusive em um país que as instituições romanas não prosperam: a Inglaterra. As únicas influências romanísticas sofridas pelo Common Law, o foram por força da incorporação da Equity àquele sistema jurídico.” (DEMO pág.46)
GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito. 6ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2011.
RENASCIMENTO DO DIREITO ROMANO
4.1 FORMAÇÃO DUM DIREITO ERUDIO, COMUM À EUROPA
“O elemento comum aos direitos romanistas é a influência exercida sobre o seu desenvolvimento pela ciência do direito que foi elaborada nas universidades a partir do século XII.” (GILISSEN pág.203)
“Aí o ensino do direito é quase exclusivamente baseado no estudo do direito romano, mas especialmente da codificação da época de Justiniano, que então foi baptizado de Corpus Iures Civiles.” (GILISSEN pág.203)
“Por fim, um modo de raciocínio jurídico, tendente a resolver os casos particulares e os litígios a partir de regras gerais, fixadas pelo legislador ou reconhecidas pela doutrina; daqui resulta uma preponderância da lei como fonte do direito e um grande interesse pela ciência jurídica.” (GILISSEN pág.204)
MACIEL, José Fábio Rodrigues. AGUIAR, Renan. História do Direito. 5ª ed. São Paulo: Saraiva,2011
O FEUDALISMO E O DIREITO FEUDAL
“O feudalismo é um fenômeno político, social e econômico da sociedade européia, tendo como marco inicial o século X.” (MACIEL, AGUIAR pág.94)
“Bloch identificou, assim como Duby, duas épocas feudais: a primeira corresponderia a um momento de organização rural estável, onde o comércio é incipiente, a moeda quase inexistente e o trabalho assalariado raro.” (MACIEL, AGUIAR pág.94)
“A segunda idade feudal circunscreve-se no momento de renascimento do comércio, da difusão monetária e da gradual superioridade do comerciante sobre o produtor, transformando a organização social e econômica.” (MACIEL, AGUIAR pág.94)
“A gradual recuperação do comércio irá alimentar nova classe ascendente, para quem o senhorio feudal se vê obrigado a escoar sua produção: o comerciante, a burguesia urbana.” (MACIEL, AGUIAR pág.94)
“Era caracterizado por contrato entre um senhor e um vassalo, em que este obrigava-se a ser fiel ao senhor, fornecer-lhe ajuda, especialmente militar, e participar dos conselhos e cortes do senhor.” (MACIEL, AGUIAR pág.95) 
“Em contrapartida, o senhor obrigava-se a proteger e reconhecer o domínio do vassalo sobre uma determinada parcela territorial que se tornaria correntemente hereditária por volta do século X.” (MACIEL, AGUIAR pág.95)
“A aplicação da justiça era realizada ordinariamente pelos senhores, baseando-se especialmente em costumes regionais, podendo ter como fontes, ainda, algumas legislações romano-germânicas, as capilares, o direito canônico.” (MACIEL, AGUIAR pág.95)
LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na História: Lições Introdutórias. 4ª ed. São Paulo: Atlas,2012.
GLOSSADORES, PÓS-GLOSSADORES, COMENTADORES E HUMANISTAS
“Todas as escolas influíram enormemente nos seguintes aspectos, para além da contribuição do própria direito romano: no processo penal e civil, e no direito penal, muito especialmente nas reformas que foram incorporando no direito secular algumas inovações criadas no direito canônico.” (LOPES pág.132)
“No direito comercial ajudaram a justificar invenções e práticas dos mercadores, por exemplo dando eficácia aos nuda pacta e aos títulos cambiais.” (LOPES pág.132)
“Ou, como expressa Paolo Grossi (Grossi, 1995:99) para o medieval a coisa é o protagonista da ordem cósmica, não o sujeito, e isto exige que se olhe para o todo, assumindo a coisa, não o sujeito, como ponto de observação.” (LOPES pág.133)
“Logo, sobre uma mesma coisa muitos direitos podem existir, ao contrário da ordem moderna, em que a presença de um sujeito exclui a de outros.” (LOPES pág.133)
“Muito embora para eles fosse indispensável conhecer todo o texto, ainda assim a glosa é um comentário do texto e segue a sua ordem.” (LOPES pág.133)
“Sendo a sociedade medieval de limitada escolaridade, os notários, isto é, aqueles capazes de ler, escrever e redigir documentos em jargão jurídico e com efeitos jurídico, passarão a um papel proeminente.” (LOPES pág.133)
“Serão os novos clérigos, isto é, um novo estamento respeitado, talvez temido, nas comunas e nas cidades nascentes.” (LOPES pág.133)
“A influência da escola de Bolonha será necessariamente mais do que prática e imediata. Será cultural.” (LOPES pág.135)
“Ao contrário dos humanistas, que valorizam a pesquisa histórica e a recuperação do texto romano puro, naquele espírito que se nota no Renascimento em geral.” (LOPES pág.135)
DEMO, Wilson. Manual da História do Direito/ Wilson Demo – Florianópolis: Conceito Editorial, 2010. 198 p.
COMMON LAW
“A importância do precedente judiciário no Common Law não é encontrada em tal dimensão no Direito Continental, à medida que, segundo a tradição dominante na história jurídica inglesa, o juiz não cria o direito, apenas constata a sua existência.” (DEMO pág.47)
“Então esse tribunal foi fracionado em seções que adquiriram autonomia para tratar de determinadas questões, eis que nunca lhes atribuída competência universal, ante o repúdio da intervenção da autoridade real pelos senhores em seus domínios.” (DEMO pág.48)
“Por volta do século XV, em face de diversos problemas decorrentes da aplicação do common law, decidiu-se estabelecer um novo tipo de processo escrito com base no direito canônico, denominado de equity, segundo o qual o Chanceler julga de acordo com os princípios extraídos do direito romano.” (DEMO pág.49)
“Isto foi visto com bom olhos pelos soberanos, que procuraram alargar as jurisdições da equity, em função que as da common law não mais prestavam solução aos litígios que lhe eram submetidos.” (DEMO pág.49)
“Todavia, além disso, viam naquela, ante ao seu fundamento no direito romano, a grande possibilidade de implementarem o absolutismo.” (DEMO pág.49)
CAENEGEM, R.C. Uma Introdução Histórica ao Direito Privado. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
A ESCOLA HUMANISTA DO DIREITO ROMANO
“A jurisprudência do século XVI foi dominada pelas realizações da escola humanista do direito romano.” (CAENEGEM pág.79)
“Última escola a professar a primazia do Corpus iures, ela adotou no entanto uma abordagem muito diferente dos glosadores e dos comentadores.” (CAENEGEM pág.79)
“Os humanistas rejeitaram tais adaptações, sob a alegação de que corrompiam a pureza original do direito romano; deste modo, reduziram esse direito à condição de uma relíquia acadêmica, um monumento histórico a um direito morto, destinado apenas ao estudo acadêmico.” (CAENEGEM pág.80)
“A Escola Humanista deu uma contribuição sem precedentes para a ampliação e o aprofundamento do conhecimento do direito e do mundo antigos.” (CAENEGEM pág.81)
“Mesmo no século XIX, Mommsen podia partir das obras humanistas publicadas três séculos antes.” (CAENEGEM pág.81)
“No entanto, em toda a Europa, os praticantes continuavam a aplicar o direito romana na tradição bartolista, uma vez que os comentários, tratados e concilia bartolistas forneciam soluções para problemas reais e presentes.” (CAENEGEM pág.81)
“Esta revivescência do direito acadêmico romano foi finalmente suplantada pelos códigos nacionais inspirados pela Escola de Direito Natural.” (CAENEGEM pág.82)
“A influência das antigas escolas, no entanto, não se dissipou completamente.” (CAENEGEM pág.82)
“Traços do mos italicus ainda podem ser encontrados nas doutrinas jurídicas e em algumas partes dos códigos modernos, como o direito de obrigações, enquanto o mos gallicus sobrevive no estudo mais acadêmico do direito antigo e na cultura geral da educação jurídica.” (CAENEGEM pág.82)

Continue navegando