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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia Cursos de Engenharia Civil e Engenharia Sanitária e Ambiental Mecânica dos Solos O Estado do Solo Prof. Eng. Rinaldo Pinheiro Agosto/2018 O SOLO: É um sistema trifásico onde a fase sólida é um conjunto discreto de partículas minerais dispostas a formarem uma estrutura porosa (vazios) que conterá os elementos constituintes das fases líquida e gasosa. PARTÍCULAS SÓLIDAS: São pequenos grãos de diferentes minerais, cujos vazios podem ser preenchidos por água, ar, ou parcialmente por ambos (ar e água) (a) Elemento de solo natural Ensaios triaxiais – Giruá - RS Como os solos são constituídos por três fases (sólida, líquida e gasosa), existe um determinado número de grandezas necessárias para descrever seu estado físico, que não são usadas no estudo de outros materiais. Para definição destas grandezas, estão envolvidos os volumes das três fases (Vs, Vw e Va) e os respectivos pesos das fases sólidas e líquida (Ws e Ww) Vs = volume da fase sólida (minerais e matéria orgânica) Vw = volume da fase líquida (água) Va = volume da fase gasosa (ar) Vv = Vw + Va (volume de vazios) Ws = peso da fase sólida Ww = peso da fase líquida Wa = peso da fase gasosa (considerado desprezível) Os três volumes e os três pesos definem completamente o estado físico do solo W = Weight w = Water S = Sólido a = ar Diagrama de fases Vw + Va = Vv = volume de vazios Vw = volume de água Vs = volume de sólidos; Va = volume de ar Vs + Vv = V = Volume total Ws = peso dos sólidos Ww = peso de água Wa = peso de ar (Wa = 0) Ws + Ww = W = peso total INDICES FÍSICOS São utilizados para identificar o estado solo São definidos como grandezas que expressam as proporções entre pesos e volumes em que ocorrem as três fases presentes numa estrutura de solo - Possibilitam determinar as propriedades físicas do solo para controle de amostras a serem ensaiadas e nos cálculos de esforços atuantes - São utilizados na caracterização de suas condições, em um dado momento e por isto, podendo ser alterados ao longo do tempo - Seus nomes, simbologia e unidades devem ser aprendidos e incorporados ao vocabulário de uso diário do geotécnico RELAÇÕES DE FASES: RELAÇÕES ENTRE PESOS: Teor de umidade RELAÇÕES ENTRE VOLUMES: Índice de vazios, Porosidade e Grau de saturação RELAÇÕES ENTRE PESOS E VOLUMES: Pesos específicos natural ou úmido, Peso específico aparente seco, Peso específico aparente saturado, Peso específico real dos grãos ou sólidos, Peso específico da água, Peso específico submerso e Densidade real dos grãos ou sólidos RELAÇÕES ENTRE PESOS: Teor de umidade (w , h): é determinado como a relação entre o peso de água (Ww) e o peso das partículas sólidas (Ws) em um volume de solo. w = (Ww / Ws) . 100 (%) RELAÇÕES ENTRE VOLUMES: Índice de vazios (e): relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume dos sólidos (Vs), existente em igual volume de solo. Este índice tem como finalidade indicar a variação volumétrica do solo ao longo do tempo . e = Vv / Vs - medido por um número natural (SEMPRE e > 0); - se o volume de sólidos permanece constante ao longo do tempo, qualquer variação volumétrica será medida por uma variação do índice de vazios, que assim poderá contar a história das tensões e deformações ocorridas no solo; SOLOS ARENOSOS e = 0,4 A 1,0 SOLOS ARGILOSOS e = 0,3 A 1,5 SOLOS ORGÂNICOS e > 1,5 RELAÇÕES ENTRE VOLUMES: Porosidade (): é a relação entre o volume dos vazios (Vv) e o volume total (V) da amostra; = (Vv / V) . 100 (%) = e / (1 + e) ou e = / (1 - ) Varia de 0 a 100% Pode ser expressa pelo índice de vazios Porosidade (%) Índice de vazios (e) Denominação > 50 > 1 muito alta 45 – 50 0,80 – 1,00 alta 35 – 45 0,55 – 0,80 média 30 – 35 0,43 – 0,55 baixa < 30 < 0,43 muito baixa Classificação da porosidade e do índice de vazios nos solos (IAEG, 1979) RELAÇÕES ENTRE VOLUMES: Grau de saturação (S , Sr): é a relação entre o volume de água e o volume de vazios; indica que porcentagem do volume total de vazios contem água: Classificação do solo quanto ao grau de saturação S = (Vw / Vv) . 100 (%) Solo seco Sr = 0%; Solo saturado Sr = 100% (poros estão cheios de água); Solos parcialmente saturados (não saturados) 1 < Sr < 99%; Grau de saturação (%) Denominação 0 – 25 naturalmente seco 25 – 50 úmido 50 – 80 muito úmido 80 – 95 altamente saturado 95 – 100 saturado RELAÇÕES ENTRE PESOS E VOLUMES: Em Mecânica dos Solos se relaciona o peso das diferentes fases com seus volumes correspondentes por meio de pesos específicos. Peso específico natural ou úmido ( , nat , t): é a relação entre o peso total (W) e o volume total da amostra (V) para um valor qualquer do grau de saturação, diferente dos extremos A magnitude do peso específico natural dependerá da quantidade de água nos vazios e dos grãos minerais predominantes = W / V (unidades: kN/m3) Peso específico aparente seco (d): é a relação entre o peso dos sólidos (Ws) e o volume total da amostra (V), para a condição limite do grau de saturação (limite inferior - Sr = 0%) É utilizado no cálculo de esforços (Unidade 7) é empregado para verificar o grau de compactação de bases e sub- bases de pavimentos, aterros e barragens de terra (Unidade 10) d = (Ws / V) Compactação dos solos RELAÇÕES ENTRE PESOS E VOLUMES: Peso específico aparente saturado (sat): é a relação entre o peso total (W) e o volume total (V), para a condição de grau de saturação igual a 100%, Em nenhuma das condições extremas levou-se em consideração a variação do volume do solo, devido ao secamento ou saturação = (Wsat / V) Peso específico real dos grãos ou sólidos (s , ): é a relação entre o peso dos sólidos (Ws) e o volume dos sólidos (Vs), dependendo dos minerais formadores do solo; É uma média dos pesos específicos dos minerais que compõem a fase sólida; Mineral s (kN/m3 ) Mineral s (kN/m3) Mineral s (kN/m3) Quartzo 26,5 – 26,7 Dolomita 28,5 Biotita 28,0 – 32,0 Feldspato K 25,4 – 25,7 Caulinita 26,1 – 26,6 Calcita 27,2 Feldspato Na Ca 26,2 – 27,6 Ilita 26,0 – 28,6 Clorita 26,0 – 29,0 Muscovita 27,0 – 31,0 Montmorilonita 27,4 – 27,8 Hematita 49,0 – 53,0 Valores de peso específico real dos grãos de alguns tipos de minerais s = Ws / Vs RELAÇÕES ENTRE PESOS E VOLUMES: Peso específico da água (w): é a razão entre o peso de água (Ww) e seu respectivo volume (Vw); Nos casos práticos adota-se o peso específico da água como: 1g/cm3 = 10kN/m3 = 1000kg/m3; w = Ww/Vw Peso específico submerso (sub , ‘): Quando a camada de solo está abaixo do nível freático, define-se o peso específico submerso, o qual é utilizado para o cálculo de tensões (Unidade 7). sub = sat - w Densidade real dos grãos ou sólidos (G): é a razão entre o peso especifico real dos grãos (s) e o peso específico da água a 4C. G = s/w FÓRMULAS DE CORRELAÇÕES: as fórmulas de definição dos índices físicos não são práticas, para a utilização em cálculos e assim, recorre-se as fórmulas de correlação entre os índices, como as apresentadas a seguir: peso específico natural: = W/V teor de umidade: w = (Ww/Ws) peso específico real dos grãos: s = Ws/Vs peso específico aparente seco: d = Ws/V = /(1 + w) índice de vazios: e = Vv/Vs = (s/d) - 1 porosidade: = Vv/V =e/(1+ e) grau de saturação: S = Vw/Vv = (w . s)/(e . w) peso específico saturado: sat = Wsat/V = (1 - ) . s + . w peso específico submerso: sub = sat - w = (s - w) . (1 - ) FÓRMULAS DE CORRELAÇÕES: DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DOS ÍNDICES FÍSICOS : são determinados em laboratório ou mediante fórmulas de correlação, vistas no item anterior; Determinação do peso e volume de uma amostra: Em laboratório, são determinados o peso específico natural (através do peso e volume total), o teor de umidade e o peso específico real dos grãos; Molda-se um corpo de prova cilíndrico de solo indeformado, obtendo-se várias medidas de diâmetro (d) e altura (h) para o cálculo do volume da amostra de solo com os valores médios obtidos. O peso total da amostra de solo (W) com é obtido em uma balança; Pode-se utilizar para determinar o peso e o volume, anéis metálicos de dimensões conhecidas, onde são moldados no solo. Deve-se salientar que o peso específico natural é normalmente determinado em corpos de prova já talhados para os ensaios usuais de Mecânica dos Solos. Bloco de solo – Giruá - RS CP = 5 x 10 cm CP = 5 x 2 cm Blocos de solo Anéis de PVC Corpo de prova cilíndrico talhado em laboratório Anéis metálicos moldados em campo e no laboratório DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DOS ÍNDICES FÍSICOS : Determinação do peso específico in situ: (ABNT/NBR 9813) Cilindro cortante - no controle de compactação (Unidade 10) de camadas de solo, onde um cilindro com peso e dimensões conhecidas é cravado no solo; DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DOS ÍNDICES FÍSICOS : Determinação do peso específico in situ – Cilindro cortante: Cravação do cilindro DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DOS ÍNDICES FÍSICOS : Determinação do peso específico in situ – Cilindro cortante: Retirada do cilindro DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DOS ÍNDICES FÍSICOS : Determinação do peso específico in situ: (ABNT/NBR 7185) Frasco de areia - no campo a determinação de pode ser feita, ainda, utilizando-se um frasco ao qual se adapta um funil munido de um registro. DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DOS ÍNDICES FÍSICOS : Determinação do teor de umidade (w) (EM LABORATÓRIO): Secagem em estufa: (ABNT/NBR 6457/87) - O teor de umidade é obtido por diferença de peso de uma amostra de solo antes e após a secagem em estufa. Procedimento: toma-se uma cápsula com peso conhecido (Wc); seleciona-se uma porção de amostra representativa ( 50g); seca-se em estufa o conjunto até a constância do peso; pesa-se novamente o conjunto (Wc + Ws); O teor de umidade (w) é calculado de acordo com a expressão: %.100 Ws Ww Ws WsW WcWsWc WsWcWWc w Onde: W = peso total da amostra Ws = peso seco Ww = peso da água Wc = peso da cápsula DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DOS ÍNDICES FÍSICOS : Determinação do teor de umidade (w): (EM CAMPO) Frigideira: (DNER 86/64) Método expedito do álcool: (DNER 88/94) Umidade pelo método expedito speedy (DNER 52/64) DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DOS ÍNDICES FÍSICOS : Determinação do peso específico real dos grãos (s): ABNT/NBR 6508/80 Picnômetro (balão volumétrico): é determinado, usualmente,empregando um frasco de vidro denominado picnômetro; O ensaio compara o peso de um picnômetro contendo água destilada até a marca de calibração (W1) com o peso do mesmo picnômetro contendo solo e água (W2) até a mesma marca, e determina-se a temperatura da suspensão e mediante a curva de calibração do picnômetro, determinam-se o peso do picnômetro e a água para a temperatura do ensaio; Vasilhame cerâmico e almofariz com ponta de borracha para destorroar. Picnômetros colocados no sistema de vácuo Beloni, M.L. (1980) DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DOS ÍNDICES FÍSICOS : Determinação do peso específico real dos grãos (s): ABNT/NBR 6508/80 Picnômetro (balão volumétrico): O peso de água correspondente ao volume deslocado pelos grãos será: W1 = Ww + Wp (água + picnômetro) W2 = Ww’ + Wp + Ws (água + picnômetro + solo) W1 - W2 = Ww + Wp - (Ww’ + Wp + Ws) W1 - W2 = Ww - Ww’ - Ws W1 - W2 = Ww – Ws Assim o volume dos sólidos corresponde ao volume de água deslocada: Ww = Vw . w Vs = Vw/w W1 - W2 = Vs . w - Ws Vs = (W1 - W2 + Ws) / w w WsWW Ws Vs Ws s 21
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