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dosimetria da pena

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DOSIMETRIA
Cálculo de pena
CÁLCULO DA PENA
Para o cálculo da pena, utilizamos o sistema trifásico de Nelson Hungria, perfeitamente delineado no artigo 68 do Código Penal:
“Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento”.
Desta maneira, primeiro devemos encontra a pena-base (artigo 59), depois considerarmos as circunstâncias agravantes (artigos 61 e 62) e atenuantes (artigos 65 e 66) e, por fim, as causas de aumento e diminuição de pena.
1ª fase – Fixação da pena-base
Nesse momento, a primeira coisa a se afirmar é que a pena base ficará, obrigatoriamente, entre o mínimo e o máximo legal, respeitando o que for cominado ao tipo penal, de acordo com o princípio da reserva legal. Assim, a primeira providência será verificar qual o intervalo de pena considerado pelo Código Penal para a conduta do agente.
Importante perceber que a condição qualificadora (se houver) deverá anteceder mesmo a imposição da pena-base, uma vez que aquela serve justamente para alterar os limites mínimo e máximo da pena cominada. Por exemplo, temos a qualificadora do homicídio (art. 121), que eleva o intervalo da pena de 6 a 20 anos para 12 a 30 anos; ou ainda o furto, que tem em sua forma simples a pena variando de 1 a 4 ano, e em sua forma qualificada a variação de 2 a 8.
Como a pena-base deverá ser fixada dentro dos limites estabelecidos, é imperioso que a verificação da existência de qualificadora preceda a imposição da pena-base, sob o risco de se estabelecer um valor aquém do mínimo legal.
Para se estabelecer um valor entre o mínimo e o máximo legal (pena-base), há que se analisar as sete circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal, assim sendo:
1 – Culpabilidade
A análise da culpabilidade exposta no artigo 59 não pode se confundir com aquela feita quando do estudo dos pressupostos de aplicação da pena em culpabilidade. Naquele momento, preocupa-se em saber se o agente tem ou não capacidade de responder pelo delito cometido, enquanto nesse momento a preocupação é com o grau de culpabilidade do agente. Desta forma, há que se analisar qual a importância do agente para o cometimento do crime, qual seu grau de participação. 
Há que se perceber que o grau de culpabilidade daquele partícipe que auxilia o estuprador apenas verificando a presença de outras pessoas é bem menor que o do próprio estuprador, autor intelectual do fato e quem pratica os verbos do tipo.
2 – Antecedentes
A análise dos antecedentes do agente 	faz referência à sua vida pregressa junto ao Estado, levando-se em consideração seu envolvimento em processos e inquéritos policiais. Assim, aquele que esteve envolvido em processos criminais anteriores ou figurou como suspeito em inquéritos policiais demonstra, por seus antecedentes, que merece maior reprovação em sua conduta, devendo sua pena ser aumentada.
3 – Conduta Social
Quando se analisa a conduta social do agente buscamos verificar seu comportamento junto à sociedade, seu relacionamento com as pessoas com as quais convive, devendo assim serem consideradas as declarações dos vizinhos, dos parentes, das pessoas de sua igreja, do ambiente escolar que freqüenta, etc.
4 – Personalidade do Agente
A análise da personalidade demanda, em tese, um laudo pericial confeccionado por um médico devidamente habilitado para atestar sobre a personalidade do agente. Infelizmente, o que se verifica atualmente são os magistrados utilizando os elementos “antecedentes sociais” e “conduta social” para atestarem, do alto de seus conhecimentos médicos, que o réu tem “personalidade voltada para o crime”.
5 – Motivos
Considera-se, nesse ponto da análise, o que levou o agente a praticar aquela conduta. Deste modo, quem comete o crime de homicídio contra o estuprador de sua filha tem motivos mais relevantes que aquele que cometeu o homicídio pelo simples prazer de ver outra pessoa morrer.
6 – Circunstâncias e conseqüências do crime
Esse talvez seja o elemento mais genérico de todos, sendo considerado como o mais subjetivo. Ano analisarmos as circunstâncias do crime podemos considerar o lugar do crime, o tempo de sua duração, o relacionamento existente entre autor e vítima, dentre outros.
Com relação às conseqüências, temos os efeitos produzidos pelo crime, majorando a pena-base daquele que, por exemplo, tira a vida de um arrimo de família, posto que as conseqüências são por demais consideradas.
7 – Comportamento da vítima.
O comportamento da vítima deve sempre ser analisado, mas não chega a justificar a conduta do agente, podendo, contudo, diminuir sua reprimenda. Assim, se uma moça de comportamento de menor pudor pode induzir o agente ao estupro, e aquele que ostenta seus bens e posses influencia quem lhe pensa subtrair o patrimônio.
2ª fase – Circunstâncias agravantes e atenuantes.
Momento seguinte à determinação da pena-base, passamos a analisar as circunstâncias que deverão aumentar aquele valor encontrado (agravantes) ou diminuí-lo.
Circunstâncias agravantes:
- a reincidência
Considera-se reincidente aquele agente que comete um crime depois de condenado definitivamente por outro crime. Esse assunto será abordado em momento oportuno, devendo ficar a noção de que aquele que comete outro crime depois de condenado por um primeiro deve ter sua pena aumentada, em virtude de seu comportamento delituoso.
- por motivo fútil ou torpe
Motivo fútil ocorre quando há ausência de antecedente psicológico em proporção com a prática do crime. É o pretexto gratuito, inadequado, despropositado, como por exemplo a reação homicida daquele que se vê derrotado em uma partida de futebol.
Motivo torpe é aquele que revela seu autor ser possuidor de cupidez, vingança, ódio. É aquele que ofende a moralidade média, o senso ético social comum, como o filho que dispara arma de fogo contra o pai que não permitiu que o mesmo voltasse a morar em sua residência.
- para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime
Nesse caso, o crime está ligado a outro crime, servindo, de qualquer maneira, para beneficiar o agente. É o típico caso da “queima de arquivo”, onde se elimina as vítimas para não testemunharem contra o agente.
- à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido
A traição pressupõe quebra de confiança, como a namorada que se utiliza da confiança do namorado para subtrair-lhe a carteira. A emboscada é a tocaia, é aguardar o agente em local que não espere ser atacado, como aquele que se esconde no beco escuro, perto do ponto de ônibus para assaltar as vítimas que desembarcarem. Dissimulação é o escondimento da intenção hostil do agente, como aquele que finge um acidente de trânsito para roubar aqueles que pararem com o intuito de ajudar os feridos.
Os recursos de dificultem ou tornem impossível a defesa do ofendido são exemplificativos, como aproveitar que a vítima estava dormindo para matá-la, ou dopar a vítima (boa noite Cinderela!), para se aproveitar sexualmente dela.
- com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum
Veneno, fogo e explosivo são causas exemplificativas, de mera constatação. Quando falamos em tortura há que se ter o cuidado de ser usada a tortura como elemento do crime, pois se configurar crime próprio deverá ser apenada de acordo com a Lei de Tortura. Meio insidioso é aquele que se equipara ao veneno, no sentido do agente só perceber que está sendo atingido quando os efeitos são irreversíveis. 
Exemplifica-se quando o agente, dolosamente, ministra açúcar ao diabético. Note-se que açúcar não é veneno, mas produzirá os efeitos de maneira insidiosa. Meio cruel é o que aumenta o sofrimento do ofendido ou revela uma brutalidade fora do comum, como no caso do agente que, desejando matar a vítimaà facadas, primeiro corta-lhe os pés, depois os joelhos, arranca-lhe as mãos e, finalmente, arranca a cabeça.
- contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge
Cabe analisar a figura do cônjuge, posto que considerado apenas aquele “casado com”, exigindo-se a prova de sua existência (certidão de casamento). No que concerne aos crimes cometidos contra irmãos, considera-se a todos, legítimos, ilegítimos, naturais ou adotivos, uma vez que Constituição veda qualquer tipo de descriminação.
- com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica.ezembroia da pena0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0�� PAGE \* ARABIC 0
Fundamenta-se essa exasperação pelo fato do agente transformar em agressão o que deveria ser apoio e assistência. Saliente-se que nas relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade existe a confiança entre os agentes, como no caso da empregada doméstica que subtrai as jóias de sua patroa, ou do hóspede que se aproveita da situação para subtrair bens.
- com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão.
Agrava-se a situação do agente que, utilizando-se de sua profissão, acaba tendo condutas criminosas, como o líder religioso que assedia suas fiéis, o servidor público que aproveita-se do fato de trabalhar com licitações e vende editais.
- contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida
Quando falamos em criança, utilizamos o ECA para definimo-las como aquelas com até 12 anos de idade incompletos. O enfermo é aquele que tem diminuída sua capacidade de resistência, não bastando qualquer enfermidade.
- quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade
Nesse caso, o que se ofende é a proteção do Estado, a falta de respeito à autoridade, reprovando-se mais intensamente a conduta do agente que mantém seu desígnio criminoso mesmo havendo a situação particular de garantia em relação à vítima.
- em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido
As circunstâncias demonstram ausência de solidariedade humana, onde o agente deveria socorrer a vítima e acaba lesionando-lhe ainda mais, agravando sua situação. Difere-se o incêndio do fogo pela intensidade.
- em estado de embriaguez preordenada.
Compreende aqueles casos onde o agente se coloca em estado de embriaguez para perder seus freios inibitórios e cometer crimes.
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
Circunstâncias atenuantes
- ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença
A menoridade do agente quando da prática do crime consagra a teoria da ação no Direito Penal, sendo que o agente que ainda não atingiu os 21 anos de vida ainda precisa ser protegido, merecendo diminuição de sua pena. A maioridade de 70 anos do agente poderá ser verificada a qualquer momento, em qualquer sentença, sendo de primeiro ou segundo grau.
- o desconhecimento da lei
O desconhecimento de lei não exclui o crime (exceção das Contravenções Penais, em que pode gerar o perdão judicial – LCP, art. 8º), mas pode servir para diminuir a pena.
- cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral
Valor social faz referência ao interesse coletivo, onde não há reprovação social à conduta do agente, como no caso daquele que mata um criminoso que estuprara 35 crianças da comunidade.
Valor moral faz referência ao interesse pessoal do agente, quando vê atingida sua honra pessoal, seus postulados éticos. Exemplifica-se pelo assassinato daquele que mata o agente que acabou de estuprar sua filha.
- procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano
Beneficia-se o agente que após o cometimento do crime busca reparar ou diminuir as conseqüências de seus atos. Importante salientar que todos os crimes podem ter seus efeitos minorados, mas somente é possível reparar os danos reparáveis.
- cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima
São as exceções das excludentes de culpabilidade, onde a coação é resistível e a ordem do superior não é aparentemente legal, mantendo-se ilegal. A violenta emoção exige sua injustiça, sendo que se provocado, por exemplo, em estado de necessidade, não gera a condição de atenuante.
- confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime
Estimula-se a confissão do acusado, conferindo ao julgador a certeza moral de uma condenação justa. A confissão tem de ser espontânea, o que retira sua característica aquelas conseguidas por tortura ou qualquer outro meio de coação. 
- cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou
Importante perceber que a multidão em tumulto não pode ser originada de qualquer comportamento da vítima, que não poderia, por exemplo, incitar a multidão para se aproveitar da situação e agredir seu desafeto.
Atenuante genérica
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
3ª fase – Causas de diminuição e aumento da pena
Na terceira fase de fixação da pena temos as causas de diminuição e aumento de pena, considerando como tais todas as causas expressas em fração ou multiplicação. Ao contrário da pena base, das agravantes e das atenuantes, não se encontram em um artigo apenas, podendo ser encontradas tanto na parte geral quanto na parteespecial do Código.
- Aumento ou diminuição em proporções definidas:
Diferente do que acontece com as agravantes e atenuantes, o legislador estipula os valores que poderão ser alterados na terceira fase da pena. Admite-se variação na proporção, devidamente estipulado. Assim temos a diminuição da pena de 1/2 a 1/3, por exemplo, no caso de tentativa (art. 14, parágrafo único, CP), ou o aumento no caso de concurso formal de crimes o aumento de um 1/6 a 1/2 (art. 70, CP).
- Fixação da pena além ou aquém da pena estipulada no tipo penal:
Na terceira fase, e somente nela, admite-se que a pena seja fixada aquém do mínimo legal ou além do máximo, sem que seja considerado inconstitucional.
- Havendo no mesmo crime causas de aumento e diminuição, deverá o juiz aplicar primeiro a causa que diminui e depois a causa que aumenta a pena.
Pontos principais:
- Qualificadoras:
Aumentam os limites mínimo e máximo da pena
- Agravantes / Atenuantes:
Aumentam ou diminuem a pena de maneira subjetiva, dependendo das circunstâncias do crime e da quantidade de circunstâncias presentes.
- Causas de diminuição e aumento de pena:
Aumentam ou diminuem a pena em proporções definidas em lei, em frações ou multiplicações.
EFEITOS DA SENTENÇA PENAL
O principal efeito da condenação é a imposição da pena privativa de liberdade, restritiva de direitos, pena de multa ou de medida de segurança.
Efeitos secundários: 
São aqueles que repercutem na esfera penal.
induz a reincidência.
impede, em regra, o sursis.
causa, em regra, a revogação do sursis.
causa a revogação do livramento condicional.
aumenta o prazo da prescrição e da pretensão executória.
interrompe a prescrição da pretensão executória quando caracterizar a reincidência.
causa a revogação da reabilitação.
leva à inscrição do nome do condenado no rol dos culpados.
Efeitos extrapenais
Os efeitos extrapenais podem ser genéricos (decorrentes de qualquer condenação criminal, não precisando ser expressamente declarados na sentença) ou específicos (decorrem da condenação criminal pela prática de determinados crimes, devendo ser motivadamente declarados na sentença).
Efeitos extrapenais genéricos:
a) Tornar certa a obrigação de reparar o dano causado pelo crime: A sentença condenatória transitada em julgado torna-se título executivo no juízo cível, não cabendo mais discutir a culpa do causador do dano.
b) Confisco, pela União, dos instrumentos do crime, desde que seu uso, porte, detenção ou fabrico constitua fato ilícito, ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé: o confisco há que ser feito apenas daqueles instrumentos especificamente proibidos. Não cabe confisco quando há o cometimento de contravenção.
c) Confisco, pela União, do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso: Produto é a vantagem direta auferida pela prática do crime, enquanto proveito é decorrente do produto.
d) Suspensão dos direitos políticos, enquanto durar a execução da pena (CF, art. 15, III): admite-se a suspensão somente nas hipóteses em que o cumprimento da sanção penal torne inviável o seu exercício.
Efeitos extrapenais específicos:
a) Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, quando a pena aplicada for igual ou superior a um ano.
b) Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo quando for aplicada pena superior a quatro anos nos demais casos.
c)Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado.
d)Inabilitação para dirigir veículo quando o crime é doloso, e o veículo foi utilizado como instrumento do crime.
Reabilitação
Benefício que tem por finalidade restituir o condenado à situação anterior à condenação, retirando as anotações de seu boletim de antecedentes.
É causa suspensiva de alguns efeitos secundários da condenação, quais sejam: (art. 92, CP):
a) Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública, quando a pena aplicada for igual ou superior a um ano.
b) Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo quando for aplicada pena superior a quatro anos nos demais casos.
c)Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado.
d)Inabilitação para dirigir veículo quando o crime é doloso, e o veículo foi utilizado como instrumento do crime.
Sendo vedada a reintegração nos casos das letras “a” e “b”.
Requisitos
Decurso de dois anos do dia da extinção da pena ou término de sua execução, computando-se o período de prova do sursis e do livramento condicional, não havendo revogação daqueles benefícios.
Bom comportamento público e privado durante esses dois anos. Os atestados de bom comportamento devem ser fornecidos por autoridades policiais e pessoas a cujo serviço o condenado tenha estado.
Tenha tido domicílio no País no prazo referido, devendo juntar certidões comprobatórias de não ter o requerente respondido, nem estar respondendo a processo penal, em qualquer das comarcas em que houver residido durante os dois anos.
Reparação do dano salvo impossibilidade absoluta de fazê-lo ou renúncia comprovada da vítima. A impossibilidade deve ser demonstrada à época do pedido da reabilitação.
Conseqüências
Sigilo sobre o processo e a condenação, não sendo mais objeto de folhas de antecedentes e registros dos cartórios. Tal providência é inútil, pois a LEP (Lei nº 7.210/84) já dispõe no artigo 202 que “cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei”.
Suspensão dos efeitos extrapenais específicos. Pode o agente, após a reabilitação, passar a exercer cargo, função ou mandato eletivo, mas é vedada sua reintegração na situação anterior. Segundo Hely Lopes Meirelles, reintegração é “a recondução do funcionário ao mesmo cargo de que fora demitido, com o pagamento integral dos vencimentos e vantagens do tempo em que esteve afastado”. Recupera o habilitado, ainda, o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, com exceção da vítima do crime cometido. Pode, por fim, habilitar-se para dirigir veículo.
Revogação
A reabilitação é revogada de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado é condenado, como reincidente, por decisão definitiva, à pena que não seja de multa (artigo 95 do Código Penal).
Ressalte-se que, por ser necessária a reincidência, a nova condenação tem de transitar em julgado dentro do prazo de cinco anos contados a partir da data do cumprimento ou extinção da pena do crime anterior.
Concessão
Quem tem competência para conceder o benefício é o juiz da condenação (juiz da vara criminal), uma vez que a reabilitação só se concede após o término da execução da pena (artigo 743, CPP).
IMPORTANTE: A reabilitação não extingue a reincidência, sendo que esta somente desaparece após o decurso de mais de 5 anos entre a extinção da pena e a prática de novo crime.
SURSIS
Suspensão condicional da pena
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
Conceito
É um direito público subjetivo do réu de, preenchidos todos os requisitos legais, ter suspensa a execução da pena imposta, durante certo prazo e mediante determinadas condições.
Requisitos
Objetivos:
pena privativa de liberdade.
pena não superior a dois anos.
impossibilidade de substituição por pena restritiva de direitos (por exemplo, nos crimes cometidos com violência ou grave ameaça).
Subjetivos:
condenado não reincidente em crime doloso.
circunstâncias judiciais favoráveis (artigo 59, CP).
Espécies1) Simples: é aquele em que, preenchidos todos os requisitos, fica o réu sujeito, no primeiro ano de prazo, a uma das condições previstas no artigo 78, §1º do CP (prestação de serviço à comunidade ou limitação de final de semana).
2) Especial: Nesse sursis, o condenado tem a seu favor, além dos requisitos objetivos e subjetivos elencados, todas as condições do artigo 59 do CP. Não precisa cumprir as condições do §1º do artigo 78, ficando sujeito às condições mais brandas, previstas no parágrafo segundo do supra citado artigo (proibição de freqüentar determinados lugares, de ausentar-se da comarca onde reside sem autorização do juiz, e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades).
3) Etário: É aquele em que o condenado é maior de 70 anos na data da condenação. Nesse caso, o sursis pode ser concedido desde que a pena cominada ao crime não exceda 4 anos, aumentando-se o período de prova para mínimo de 4 e máximo de 6 anos.
4) Humanitário: Aquele em que o condenado, por razões de saúde, em caso de doentes terminais, tem direito ao sursis desde que a pena cominada ao crime não exceda 4 anos, aumentando-se o período de prova para mínimo de 4 e máximo de 6 anos.
Detraçâo e Sursis
Não é possível a detração do período de prova do sursis. A detração é o cômputo, na pena privativa de liberdade, do tempo de prisão provisória, prisão administrativa e internação em hospital de custódia e tratamento ou estabelecimento similar. Como o sursis evita o cumprimento de pena, não há que se falar em detração de uma pena que sequer está sendo cumprida.
Condições
As condições podem ser legais, ou seja, previstas em lei, no artigo 78 do CP (prestação de serviço à comunidade, limitação de final de semana, proibição de freqüentar determinados lugares, proibição de ausentar-se da comarca onde reside sem autorização do juiz, comparecimento mensal pessoal e obrigatório a juízo, para informar e justificar suas atividades) ou judiciais, impostas livremente pelo juiz, com supedâneo no artigo 79, CP.
Juízo de Conhecimento X Juízo de Execução
Via de regra, quem impõe as condições do sursis é o juízo de conhecimento (juiz da vara criminal), enviando para o juízo de execução (juiz da VEC) quais condições devem ser aplicadas ao acusado.
No caso do juiz de conhecimento conceder o benefício e se esquecer de determinar as condições, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça é que o juízo de execução pode especificar as condições, posto que não está concedendo ou negando nenhum benefício, mas apenas regulando a concessão de um benefício.Um dos maiores argumentos é de que não existe a figura do sursis incondicionado, devendo sempre haver uma contraprestação do beneficiado para o Estado.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
É um incidente na execução da pena privativa de liberdade, consistente em uma antecipação provisória da liberdade do condenado, satisfeitos certos requisitos e mediante determinadas condições.
Distinção do sursis
A principal diferença entre a suspensão da pena (sursis) e o livramento condicional é que naquele instituto não há o início do cumprimento da pena, sendo impostas condições ao acusado que, cumprindo-as, não tem restringida sua liberdade em momento algum. Já no livramento condicional, o acusado chega a iniciar o cumprimento da pena.
Além disso, o período de prova no sursis independe do quantum da pena, enquanto no livramento condicional esse período corresponde ao tempo restante da pena.
Requisitos
Objetivos:
Pena privativa de liberdade
Pena igual ou superior a dois anos
Reparação do dano (salvo impossibilidade de fazê-lo)
Cumprimento de parte da pena: mais de 1/3 com bons antecedentes e não sendo reincidente em crime doloso; mais da metade se reincidente em crime doloso; entre 1/3 e a metade se com maus antecedentes, mas não reincidente em crime doloso; mais de 2/3 se condenado por crime hediondo (Lei nº 8.072/90).
Subjetivos:
Comportamento satisfatório durante a execução da pena.
Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído.
Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto. Aqui, aceita-se ainda a declaração de parente se responsabilizando pela mantença do beneficiário.
Nos crimes dolosos cometidos mediante violência ou grave ameaça à pessoa, o benefício fica sujeito à verificação da cessação da periculosidade do agente. O parecer é expedido pelo Conselho Penitenciário (art. 70, I, da LEP – Lei nº 7.210/84).
Nos crimes hediondos, não ser reincidente específico.
Condições do Livramento
As condições a que fica sujeito o beneficiário do livramento condicional vêm especificadas na Lei de Execuções Penais (artigo 132 da Lei nº 7.210/84)
Obrigatórias: 	
obter ocupação lícita dentro de prazo razoável
comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação
não mudar do território da comarca do Juízo da Execução, sem prévia autorização deste.
Facultativas: 	
não mudar de residência sem prévia autorização do juízo e à autoridade incumbida de fiscalizar
recolher-se à habitação em hora fixada
não freqüentar determinados lugares
Judiciais:
da mesma maneira como ocorre no sursis, o juiz poderá, ao seu critério, e sendo relevante para o caso em análise, determinar outras condições a serem cumpridas.
Revogação
A revogação pode ser obrigatória ou facultativa. Nesta, o juiz poderá, ao invés de revogar o benefício, advertir novamente o acusado ou exacerbar as condições impostas (parágrafo único, artigo 140, LEP).
Causas de revogação obrigatória: 	
condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade por crime praticado antes do benefício.
condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade por crime praticado durante o benefício.
Causas de revogação facultativa:
condenação irrecorrível, por crime ou contravenção, a pena não provativa de liberdade.
descumprimento das condições impostas.
Efeitos da revogação
1) Se o crime que gerou a revogação foi cometido durante o prazo do benefício, não se desconta o tempo em que ficou solto da pena a ser cumprida. Ignora-se o tempo em que o acusado esteve solto, não o detraindo do total de pena a ser cumprido.
2) Se a revogação se deu por descumprimento das condições impostas, não se desconta o tempo que o acusado ficou solto, devendo cumprir o que faltava da pena quando foi beneficiado.
3) Se a revogação ocorre por crime anterior à concessão do benefício, o tempo que o acusado ficou solto é descontado do total de pena a ser cumprido.
Nos dois primeiros casos, o condenado deve terminar de cumprir a pena, ignorando o tempo que passou solto, para depois verificar, com relação ao crime superveniente, o prazo para concessão de novo benefício.
No terceiro caso especificado acima, desconta-se o tempo que o acusado ficou solto do total da pena que falta ser cumprida. Após, soma-se àquela pena imposta pelo segundo crime, de maneira a possibilitar o cálculo de novo livramento a partir deste total.
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