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20 + Operações Unitárias I – Notas de Aula Centro de Tecnologia – Departamento de Engenharia Química Capítulo 2 2.1 - Fluidodinâmica da Partícula Mecanismo do movimento da partícula Equação para o movimento unidimensional Velocidade terminal Coeficiente de Arraste Equação do movimento para partículas esféricas Critério para determinação do Regime de Escoamento Correlações empíricas para o coeficiente de arraste Determinação da velocidade terminal à partir do coeficiente de arraste Efeito de população Exercícios 2.2 - Separação Sólido-Fluido em Sistemas Diluídos: Classificação e Separação por densidades no campo gravitacional Elutriação Câmaras Gravitacionais; decantação. Separação centrífuga: Ciclones e Hidrociclones Centrifugação Separação eletromagnética Exercícios 21 Fluidodinâmica da Partícula Introdução - Muitas etapas de processos, especialmente as separações mecânicas, envolvem o movimento de partículas sólidas, ou gotas de um líquido, através de um fluido - líquido ou gás - escoando ou estagnado. São exemplos disto a remoção de pós e fumos do ar, ou de um gás de chaminé, a remoção dos sólidos de líquidos residuais antes de sua descarga nos sistemas públicos de drenagem, ou ainda a recuperação da névoa ácida do gás perdido numa planta industrial de produção de ácido. Dinâmica da Partícula Sólida em Suspensão - Para que uma partícula se desloque através de um fluido, é necessário que exista uma diferença de densidade entre a partícula e o fluido e, obviamente, que uma força externa atue sobre o sistema proporcionando o movimento relativo sólido-fluido. A força externa normalmente é a gravitacional, mas, quando a partícula é muito pequena, tornando a gravidade ineficaz para movê-la através do fluido, aplica-se uma força centrífuga. Quanto maior a diferença de densidades, mais eficaz o processo. Se o fluido e a partícula têm densidades iguais, o empuxo causado por sua imersão será igual à força externa, e ela não se moverá através do fluido. Pelo menos três forças atuam sobre uma partícula submersa num fluido: 1. Força externa, FE – Impulsora da partícula, pode ser de origem gravitacional ou centrífuga. 2. Força de empuxo, FB – Descrita pelo princípio de Archimedes, é paralela à força externa e tem sentido contrário. 3. Força de arraste, FD - se apresenta sempre que ocorre movimento relativo sólido-fluido; opõe-se ao movimento da partícula, atuando na mesma direção do seu deslocamento e em sentido oposto. Em princípio, a direção do movimento da partícula em relação ao fluido pode não ser paralela à direção das forças externa e de empuxo; então a força de arraste faz um ângulo com as outras duas. Neste caso, a força de arraste deverá ser decomposta em componentes, resultando um escoamento bidirecional, complicando o tratamento da mecânica do escoamento da partícula. Na literatura existem equações disponíveis para o movimento bidirecional, mas aqui consideraremos apenas o movimento unidirecional, onde as linhas de ação de todas as forças que atuam sobre a partícula são colineares. Movimento unidirecional de partículas submersas num fluido Considere uma partícula de massa m, movendo-se através de um fluido sob ação de uma força externa FE. Sejam U a velocidade relativa, FB o empuxo sobre a partícula e FD a força de arraste. A força resultante sobre a partícula será: ∑ −−= DBEi FFFF 22 A aceleração da partícula é “d(m.v)/dt" e, como a massa é constante, o movimento de sólidos através de fluidos se fundamenta no conceito do movimento de queda livre dos corpos: ∑ −−== DBEi FFFdtdvmdtdvmF ou A força externa é dada pela Lei de Newton: EE maF = onde aE é a aceleração externa (gravitacional ou centrífuga) que atua sobre a partícula. A força de empuxo, pelo princípio de Archimedes, é igual ao peso do volume de fluido deslocado pela partícula. O volume da partícula é ( m /ρS ) e é igual ao volume de fluido deslocado. Logo, a massa de fluido deslocado é: e, portanto, a força de empuxo será: a força de arraste é dada por: (2.4) 2 2 UCAF DPD ρ= onde CD é o coeficiente de arraste, adimensional, AP é a área projetada da partícula, medida na direção perpendicular à direção do escoamento e U é a velocidade relativa sólido-fluido, ou seja, U = u - v. Substituindo esses valores, obtém-se a equação do movimento para a partícula sólida submersa num fluido: Simplificando, a) equação do movimento da partícula no campo gravitacional: Sob ação do campo gravitacional, a aceleração externa aE é a aceleração da gravidade, g = 981 cm/s2 e a equação 2-6 torna-se b) equação do movimento sob campo centrífugo: Uma força centrífuga aparece sempre que a direção do movimento da partícula é mudada. A aceleração centrífuga, no movimento circular, é aE = r ω2 , sendo r o vetor posição e ω a aceleração angular (radianos/segundo). Substituindo na equação 2-6, ρ ρ= .SF mm (2.3) E S B amF ρ ρ= (2.5) 2 2UCAamma dt dvm DpE S E ρ−ρ ρ−= (2.6) .2 2 m UCAa dt dv Dp S FS E ρ−ρ ρ−ρ= ( ) a)-(2.6 2 1 2 m UCAg dt dv DP S FS ρ−ρ ρ−ρ= ( ) b)-(2.6 2 1 22 m UCAr dt dv DPS ρ−ρ ρ−ρω= 23 Velocidade terminal - Na sedimentação gravitacional g é constante, mas o arraste sobre a partícula aumenta sempre que a velocidade aumenta. Na equação do movimento, observa-se que a aceleração decresce com o tempo e aproxima-se de zero. A partícula alcança rapidamente uma velocidade constante, máxima sob as circunstâncias, denominada velocidade terminal. A equação para a velocidade terminal, no campo gravitacional, é obtida desprezando-se, na equação do movimento, a aceleração instantânea da partícula (dv/dt = 0), que na prática é da ordem de um décimo de segundo. A expressão resultante é: ( ) (2.7) 2 ρρ ρ−ρ= DP t CsA msgv No campo centrífugo, a velocidade depende do raio e a aceleração não é constante se a partícula estiver se movimentando em relação ao fluido. Nos vários usos práticos da força centrífuga, entretanto, dv/dt é muito pequeno comparado com os outros dois termos da equação 2-7 e pode ser desprezado. A velocidade terminal no campo centrífugo, a um raio qualquer dado, pode então ser definida pela equação: ( ) (2.8) 2 ρρ ρ−ρω= sCA msrv DP t Coeficiente de Arraste O uso das equações anteriores requer que sejam estimados valores numéricos para o coeficiente de arraste, CD. O gráfico da Figura 1 mostra a curva experimental do coeficiente de arraste em função do número de Reynolds, Re, para esferas. Para partículas não esféricas, são obtidas curvas para cada forma diferente de partícula, em função da esfericidade. Essas curvas, na prática, aplicam-se somente para uma orientação especificada da partícula. Partículas não esféricas, em queda livre, têm sua orientação constantemente alterada, consumindo energia e aumentando o arraste efetivo sobre a partícula, fazendo com que o coeficiente de atrito, CD, seja maior que no escoamento do fluido ao redor de uma 24 partícula estacionária. Assim, a velocidade terminal, especialmente para partículas em forma de discos, será menor do que a estimada nas curvas obtidas para partículas com orientação fixa. No tratamento a seguir as partículas serão consideradas esféricas, pois uma vez conhecido o coeficiente de arraste para o movimento livre desta espécie, os mesmos princípios aplicam-se a quaisquer formas.(Pettyjohnand Christiansen: Chem. Eng. Prog., 48:157(1948)) Quando as partículas estão a uma distância suficiente das paredes do recipiente e de outras partículas, de modo que seu movimento não seja afetado por elas, o processo é chamado sedimentação livre. Se o movimento da partícula é impedido por outras partículas, o que fatalmente ocorrerá quando as partículas estão próximas umas das outras, mesmo que não em trajetórias colidentes, o processo é chamado sedimentação retardada (ou impedida). O coeficiente de arraste na sedimentação retardada é maior que na sedimentação desimpedida. Quando as partículas são de tamanho muito reduzido (2 -3 µm) aparece o efeito do movimento Browniano, que é um movimento aleatório provocado pelo choque da partícula com moléculas do fluido que a cerca. Esse efeito predomina sobre a força da gravidade em partículas de 0,1µm ou menores. O movimento randômico da partícula tende a suprimir o efeito da força externa e o seu deslocamento pode não ocorrer. A aplicação de uma força centrífuga reduz o efeito relativo ao movimento Browniano. 1. - SEDIMENTAÇÃO LIVRE – Equação do movimento para partículas esféricas Se a partícula é uma esfera de diâmetro DP, sua massa é obtida do produto da densidade pelo volume, ou Substituindo m e DP na equação 2-7 Na velocidade terminal, a partícula não tem aceleração, então (dv/dt) = 0, e O coeficiente de arraste gerado pelo movimento relativo entre o fluido e uma esfera sólida movendo-se sob ação da gravidade será, portanto, 4 A e 6 2 P 3 P S p DDm π=ρπ= ( ) ) 2.9 ( .4 3 . PS tD S S E D vCa dt dv ρ ρ−ρ ρ−ρ= ( ) P tDs E D vCa 2. 4 3=ρ ρ−ρ ( ) ) 2.10 ( .3 4 2 T PFS D v DgC ρ ρ−ρ= 25 A equação acima não permite a estimativa direta da velocidade terminal uma vez que o coeficiente de arraste é uma função do número de Reynolds, CD = ƒ(Re), que por sua vez é função direta da velocidade e do tamanho da partícula Re = ƒ (ρ, Dp, vT, µ-1). Este problema pode ser contornado pela utilização de métodos gráficos ou analíticos, conforme descreveremos a seguir. 1.1 – ESTIMATIVA DA VELOCIDADE TERMINAL POR MÉTODO GRÁFICO Admitiremos que a partícula apresenta um certo grau de "uniformidade". Seja o diâmetro da esfera de igual volume, Dp, é a dimensão característica da partícula; da equação anterior, para movimento no campo gravitacional, ( ) 2.10 Eq. .3 4 2 T D v gsDpC ρ ρ−ρ= Aplicando as propriedades do logaritmo à equação, ( ) )log(2 3 4loglog tD vgDpsC − ρ ρ−ρ= Podemos eliminar vt na expressão acima, tomando o logaritmo do número de Reynolds correspondente à velocidade terminal: )log( logRelog tvDp + µ ρ= e assim, ( ) µ ρρ−ρ+−= 2 3 3 4logRelog2log gsDpCD Figura 2 – Coeficiente de arraste x número de Reynolds para partículas de diferentes formas 26 Esta é a equação de uma reta de inclinação −2, passando pelos pontos Re = 1 e CD = ( ) 23 34 µρρ−ρ Dpsg . Como a expressão não contém vt., é possível determinar-se a velocidade terminal traçando a reta definida por estes pontos no Gráfico “CD x Re” . A perpendicular ao eixo das abscissas, traçada a partir da interseção desta reta com a curva de esfericidade apropriada, dará o valor numérico do número de Reynolds correspondente à velocidade terminal desta partícula de tamanho conhecido (veja a Figura 2). Conhecido o número de Reynolds, se determina então vt. Estimativa de Dp à partir da velocidade terminal: Por procedimento análogo se obtém uma expressão independente do tamanho da partícula, Dp. A equação é: ( ) ρ µρ−ρ+= 323 4logReloglog v sgCD A expressão acima corresponde também a equação de uma reta, de inclinação +1, passando pelo ponto “Re = 1” e “CD = ( ) 3234 vsg ρµρ−ρ ”. A interseção desta reta com a curva de esfericidade adequada dará o número de Reynolds na velocidade terminal, a partir do qual se obtém Dp. 1.2 – MÉTODOS ANALÍTICOS: 2.1 – Equações aproximadas para cálculo do coeficiente de arraste de esferas Apesar da relação “CD x R e ” na Figura 2 ser uma curva contínua, para simplificar os cálculos, ela pode ser substituída por três linhas retas sem perda considerável na 27 precisão[McCabe-Smith, 1976]. Cada uma dessas linhas cobre uma faixa definida de números de Reynolds, como mostrado pelas linhas tracejadas na Figura 2-3 As equações para as linhas retas e as faixas do número de Reynolds onde cada uma se aplica, são: Região de Stokes: Re < 2 Re 24=DC ptD DvF πµ= 3 ( ) µ ρ−ρ= 18 pE t Dsav Região Intermediária: 2 < Re < 500 6,0Re 18=DC ( ) 4,06,04,131,2 ρµπ= ptD DvF ( ) 43,029,0 71,014,171,0153,0 µρ ρ−ρ= sDav pEt Região de Newton: 500 < Re < 200.000 44,0=DC ( ) ρπ= 255,0 ptD DvF ( ) 2/175,1 ρ ρ−ρ= pe Dsavt Critério para identificar o regime de escoamento (K) – Quando se deseja estimar a velocidade terminal de uma partícula de diâmetro conhecido, e o valor numérico de Reynolds é desconhecido (pois é função de DP e vt), a escolha da equação adequada só poderá ser feita por tentativas. Neste caso, para identificar em que região ocorrerá o movimento da partícula, elimina-se o termo de velocidade na expressão do número de Reynolds, substituindo vt pela equação correspondente ao regime laminar resultando, para a faixa da lei de Stokes: ( ) ( ) 2 32 1818 Re µ ρρ−ρ=µ ρ−ρ µ ρ=µ ρ= SEppSEptp aDDaDvD 28 Pelas considerações feitas anteriormente, a lei de Stokes aplica-se para números de Reynolds menores que 2. Um critério conveniente para identificação do regime de escoamento pode ser obtido fazendo-se Então, da equação anterior, 3,336K 2, Re para 18 Re 3 3 ==== K Se o tamanho da partícula é conhecido, o K pode ser calculado e, se K < 3,3 aplica-se a lei de Stokes (regime laminar). Procedendo de modo análogo para a região onde vale a lei de Newton, obtém-se Re = 1,74K1, 5. Fazendo Re = 500 (limite inferior da região) e resolvendo, dá K = 43,6. Então, se K é maior que 3,3 e menor que 43,6, o escoamento ocorre na região intermediária. Se o valor de K está compreendido entre 43,6 e 2.360 a Lei de Newton é válida. Quando K é maior que 2.360, o coeficiente de arraste pode mudar abruptamente com pequenas mudanças na velocidade do fluido. Sob essas condições a velocidade terminal é calculada da equação 2-10, estimando-se o valor de CD na Figura 3. QUADRO RESUMO - Critério para identificar o regime em que ocorre o movimento da partícula (McCabe-Smith) ( ) 3 2µ ρρ−ρ= saeDK p K < 3,3 - ⇒ Lei de Stokes (regime laminar) 3,3 < K < 44 - ⇒ Região intermediária 44 < K < 2360 - ⇒ Lei de Newton (regime turbulento) K > 2360 ⇒ Re > 200.000 (turbulência na camada limite) EXEMPLO - Gotas de óleo de 15 µm de diâmetro devem ser separadas de sua mistura com ar, por sedimentação. a massa específica do óleo é 0,90, e o ar está a 70 ºF (21,1 ºC) e 1 atm. O tempo de sedimentação disponível é de 1 minuto. Que altura deverá ter a câmara para permitir a sedimentação dessas partículas? (McCabe-Smith, exemplo 7.1, p.156). SOLUÇÃO - Os efeitos do fluxo dentro das gotas e o período inicial de aceleração são desprezados. Além disso, a densidade do ar é muito pequena em comparação com a das gotas de modo que ρp pode ser usada em lugar de (ρP - ρ). A densidade do ar a 70 ºF e 1 atm. é 0,018 cP (0,018 x 6,72 x 10-4) = 1,21 x 10-5 lb/ft-s. A densidade das partículas é (0.90 x 62,37) = 56,1 lb/ft3 K x= =−4 92 10 32 17 56 1 0 075 1 21 10 0 4795, (, ) ,, , ,x x 2x -103 ( ) 3 2µ ρρ−ρ= SEp aDK 29 O movimento das gotas está bem dentro da região da lei de Stokes, então: ( ) µ ρ−ρ= 18 pE t Dsav Em 1 minuto, as partículas sedimentam 0,02 x 60 = 1,2 ft (0,37m), então a altura da câmara não deverá ser maior que este valor. Outra maneira de eliminar a dificuldade ao se estimar o coeficiente de arraste na equação 2.10, pelo fato deste ser função da esfericidade e do número de Reynolds, (cuja determinação implica conhecimento de vT e Dp ), é a utilização do número de Galileu: Como se pode ver, esse grupo adimensional independe da velocidade terminal, vt. QUADRO III - Pontos de transição para Ga REGIME NGa Laminar Intermediário Newton < 60 entre 60 e 140.000 > 140.000 Um outro grupo adimensional, independente do diâmetro da partícula e função da velocidade terminal, é “CD / Re”: v ft s m st = = −32,17 4,92 10 56,1 18 1,21 10 x 2 x 10 x x x - 5 ( ) , / ( , / )0 020 0 0061 2 22 µ ρ= gDGa P ( ) 2 222 2 2 . 3 4Re µ ρ ρ ρ−ρ== PT T S D Dv v gCGa ( ) 2.11 3 4Re 2 3 2 µ ρρ−ρ= EPSD aDC ( ) tPt SPD vDv gDC .2 . . 3 4 Re ρ µ ρ ρ−ρ= ( ) ) 2.12 ( 3 4 Re 32U aC ESD ρ ρ−ρµ= 30 QUADRO IV - Pontos de transição para CD/Re REGIME NGa Laminar Intermediário Newton > 7,5 entre 7,5 e 0,00115 < 0,00115 A equação 11 pode ser usada para o cálculo de vt, pois CDRe2 não inclui esta variável; já a equação 12 deve ser utilizada no cálculo de Dp já que o adimensional CD/Re independe do diâmetro. Em ambos os casos, vt e Dp são obtidos a partir do número de Reynolds (Tabelas 1 a 4; gráficos 2 e 3) As correlações nas Tabelas I a IV aplicam-se ao movimento de partículas isométricas isoladas em fluidos newtonianos. Embora a Tabela III inclua a partícula esférica, nos cálculos com partículas desta forma deve-se usar a Tabela II para maior precisão. A Tabela IV fornece diretamente a expressão para cálculos da velocidade relativa partícula - fluido e do diâmetro da partícula, quando prevalece o regime de Stokes (Re < 0,5) ou o de Newton (103 < Re < 2x105) Tabela I - Partícula esférica isolada; correlações de Coelho & Massarani (1996) com base nos dados de Lapple & Shepherd (1940) e Pettyjohn & Christiansen (1948). Re < 5x104 Descrição n Valor médio e desvio padrão nnnCD + = 43,0 Re 24 0,63 ( ) ( ) 09,000,1Re expRe ±= cor nnCnC DD 12 43,0 Re 24 ReRe 22 − − +− = 0,95 ( ) ( ) 06,000,1Re expRe ±= cor nn C n C DD 1 Re 43,02 Re 24Re + = 0,88 ( ) ( ) 09,000,1 exp ±= corC C D D onde ( ) ( ) 32 D 2 3 2 . 3 4 Re C , 3 4Re ,Re U aDaCUD F EFSPEFSF D FP ρ µρ−ρ=µ ρ−ρρ=µ ρ= 31 Tabela 2 - Partícula isométrica isolada: correlações de Coelho & Massarani (1966) com base nos dados de Pettyjohn & Christiansen (1948) 0,65 < φ ≤ 1 e Re < 5x104 Descrição n Valor médio e desvio padrão nnK n K CD 1 Re 24 2 1 + = 0,85 13,000,1 exp ±= Dcor D C C ( ) nn C Kn CK DD 1 Re 2 Re 24Re 2 1 + = 1,2 ( ) ( ) 10,000,1Re expRe ±= cor nn K CnCK DD 12Re 24 ReRe 2 221 − − +− = 1,3 ( ) ( ) 14,0100 expRe ±= corCD Onde: φ−= φ= 88,431,5 e 065,0 log843,0 2101 KK Tabela 3 - Fluidodinâmica da partícula isométrica isolada; cálculo da velocidade e do diâmetro da partícula (Pettyjohn & Christiansen, 1948) 0,65 < φ ≤ 1 Variável a ser estimada Regime de Stokes Re < 0,5 Regime de Newton 103 < Re < 5 x 104 CD Re 24 1K K2 U ( ) µ ρ−ρ 18 2 1 PFSE DaK ( ) 23 4 K Da PEFS ρ ρ−ρ DP ( ) EFS aK U ρ−ρ µ 1 18 ( ) ES F a UK ρ−ρ ρ 4 3 22 no campo gravitacional, b = g = 981 cm/s2; no campo centrífugo, b = r.ω2 ( ) ( ) 32 D 2 3 2 . 3 4 Re C , 3 4Re ,Re U aDaCUD F EFSPEFSF D FP ρ µρ−ρ=µ ρ−ρρ=µ ρ= 32 Influência da presença de fronteiras rígidas Tabela 4 - Efeito de parede na fluidodinâmica da partícula isométrica em fluido newtoniano (Almeida, 1995): 0,65 < φ < 1 e 0 < DP/DT ≤ 0,5 µ ρ=∞ ∞vDpRe t PT P D D v vk =β= ∞ e < 0,1 (Francis, 1933) 4 475,01 1 β− β−=Pk 0,1 − 103 β−== += −β ∞ 281,01017,1 ,91,8 Re1 10 379,2 xBeA A k BP >103 (Francis, 1933) 231 β−=Pk ( ) φ−= φ= ρ ρ−ρ=<µ ρ==− β= 88,431,5 , 065,0 log843,0 3 4 ,35Re 0,85n , )( )54,3exp(24Re 2101 21 21 KK v gDCvD KCK t PS D tP nnnD 2. – SEDIMENTAÇÃO OBSTADA: PARTÍCULA ESFÉRICA E EFEITO DE POPULAÇÃO Quando um fluido contém muitas partículas em suspensão, ocorre uma interferência mútua no movimento destas, e a velocidade de sedimentação é muito menor do que a prevista pelas equações deduzidas sob a hipótese de movimento livre das partículas. A partícula sedimenta, neste caso, através de um lodo ou suspensão de outras partículas no fluido, ao invés do fluido puro. Um aumento na concentração da suspensão acarreta uma substancial redução na velocidade terminal do conjunto de partículas, fato importante no estudo da separação sólido-fluido. Uma correlação clássica, de Richardson e Zaki (1954), é válida para porosidades inferiores a 75%: nvv tt ε= ∞ 33 onde vt∞ é a velocidade terminal da partícula à diluição infinita, isto é, escoando livremente sem interferência de outras partículas ou das vizinhanças, e o expoente n é um parâmetro que depende do número de Reynolds Re∞ n < 0,2 4,65 0,2 − 1 4,4 Re∞-0,03 1-500 4,4 Re∞-0,1 > 500 2,4 Para sistemas de baixa porosidade a velocidade terminal pode ser calculada com auxílio do Gráfico mostrado na figura abaixo (Massarani, 1979, p.57): Embora se possa considerar a velocidade de deposição constante para todas as partículas, será diferente de acordo com a concentração da suspensão. Para definir a velocidade da suspensão pode-se recorrer à sua porosidade, ε, introduzindo-a na fórmula de Stokes para regime laminar. A equação resultante é: ( ) (13) 18 2 SUSP PSUSPS sus Dgv µ ρ−ρε= sendo ρsus e µsus a massa específica e a viscosidade da suspensão. O valor de ρsus é calculado pela média ponderada de ρp (partícula) e ρ (líquido), ou seja, 34 ( ) ( ) ( ) ) 2.14 ( e1 ρ−ρε=ρ−ρ ρε−+ερ=ρ SSUSPS SSUSP Quanto à viscosidade da suspensão, várias tem sido as tentativas de correlação, uma das quais é a seguinte (Coulson, vol. II, p.189 e Foust, p. 452) Substituindo (14) e (15) em (13), vem: A viscosidade também pode ser corrigida pelo fator empírico ϕP (McCabe-Smith, p. ). A relação entre ϕP e ε, entretanto, não é conhecida em toda a faixa de números de Reynolds. Para partículas esférica escoando em regime laminar, Utilizando este fator de correção, a velocidade terminal de uma suspensão de partículas esféricas, em regime laminar, será dada por: A viscosidade a ser empregada na equação acima é a do fluido puro, pois o efeitoda concentração de sólidos sobre a viscosidade será corrigido pela relação ϕP / µ. Esta equação só aplica-se para regime laminar, ou seja, quando o critério de sedimentação, K, for menor que 3,3. Para a sedimentação retardada, o critério para identificação do regime de escoamento fica... Parte II: Separação sólido-fluido em sistemas diluídos Finalidade: • Promover a separação de partículas suspensas em fluidos (ou, inversamente, mantê- las em suspensão), para vazões definidas em função da capacidade de produção fixada ) 2.15 ( 10 )1(82,1 εµ=µ ε− SUSP ( ) ) 2.16 ( 18 10 22 )1(82,1 µ ρ−ρε= ε−− gDv SPSUSP )1(19,4 ε−−=ϕ eP µ ρ−ρϕε= 18 . 2.. PSUSPSPE SUSP Da v ( ) 3,3. 31 2 2 ≤ µ ϕρ−ρρ= pmSmEP aDK 35 Quadro 1 – Campos de força para separação de partículas sólidas Dimensão (µm) Designação Campos de força 0,1 Fumos Elétrico 0,1 a 0,4 Fumos Elétrico Filtros de pano Lavadores de poeira 1 a 10 Poeiras Elétrico Filtros de pano Lavadores de poeira 10 a 100 Poeiras Centrífugo Filtros de pano Filtros recobertos viscosos 100 a 1000 Poeiras Centrífugo Gravidade > 1000 Poeiras Gravidade PARTE DOIS Separação sólido-fluido em Sistemas Diluídos 2.I - Campo Gravitacional 2.I.1 ELUTRIAÇÃO - É a operação de separação (ou classificação por tamanhos) de partículas, obtida mediante uma corrente ascendente de líquido em contracorrente com os sólidos. Quando o objetivo é a classificação por tamanhos de partículas de um único material homogêneo, a separação é obtida com base apenas na diferença de velocidades terminais das diversas partículas: aquelas que tiverem uma velocidade de queda menor que a velocidade de ascensão do líquido serão arrastadas por este, enquanto que as de maior velocidade sedimentarão e serão coletadas no fundo do vaso. Quando se trata de uma mistura de dois materiais diferentes, a separação é conseguida em função do tamanho das partículas e da diferença de densidades entre estas. Assim, as partículas mais densas sedimentarão com maior velocidade, devendo a velocidade de ascensão do líquido ser ajustada num valor entre a velocidade terminal da menor partícula do material mais denso, e a maior partícula do material menos denso. Quando isto é possível, a sedimentação é completa. 4 3 4 3 g D C g D C s A D A s B D B ρ ρ ρ ρ ρ ρ − = − D D C C A B B A D A D B ρ ρ ρ ρ lifica nd 36 Sejam dois materiais A e B, sendo A mais denso que B. Se a faixa de tamanhos for grande, é possível que a velocidade terminal das maiores partículas de B sejam superiores às das menores partículas de A. Ocorrendo isto, evidentemente a separação não será completa. O intervalo de separação possível (razão de separação) pode ser determinado à partir da relação entre as dimensões das partículas de A e B que têm mesma velocidade terminal. Então, igualando as velocidades terminais de A e B, D D D v D v A B B A B B A A = −− ρ ρ ρ ρ µ ρ µ ρ 24 24 Ocorrem dois casos extremos: a) No regime laminar, (para baixos valores do número de Reynolds), CD = 24/ Re. Substituindo e simplificando a expressão resultante, temos: b) No caso de partículas de mesma esfericidade sedimentando a altos números de Reynolds (alta vazão ou grandes dimensões), o coeficiente de arraste é aproximadamente constante e igual a 0,44. Desse modo, teremos: D D A B B A = −− ρ ρ ρ ρ 0.5 Conclusão: a separação de dois materiais diferentes será possível se a razão de separação for maior do que: D D A B B A > − − ρ ρ ρ ρ n sendo n = 0,5 no regime laminar 0,5 < n < 1,0 no regime de transição n = 1,0 no regime turbulento EXEMPLO: Uma mistura de galena (densidade 7.500 kg/m3) e sílica (densidade 2.650 kg/m3), deve ser separada por Elutriação. A mistura tem dimensões entre 0,7 e 0,8mm. Admitindo que a esfericidade de ambos os materiais é a mesma e igual a 0,806, determine: a) Qual a velocidade da água para se ter como produto a galena pura (admitir sedimentação livre a 20ºC. viscosidade = 0,001 N.s/m2). b) Qual o intervalo de dimensões da galena obtida como produto?(Foust, exemplo 22.2 p.543) ρ ρ ρ 37 2.I-2 CÂMARAS GRAVITACIONAIS - As câmaras gravitacionais e câmaras de poeira, destinam-se à separação de partículas relativamente grandes em suspensão num líquido ou num gás. A representação esquemática destes equipamentos é mostrada na figura abaixo: A separação, a baixas concentrações de sólido, pode ser estudada através da análise do comportamento dinâmico das partículas individuais. A tendência de uma partícula, ao ser atirada num fluido escoando entre placas paralelas, é cair e ser arrastada ao mesmo tempo, como indica a Figura a seguir: A suspensão, ao sair da tubulação e ser introduzida na câmara, encontra uma área disponível ao escoamento muitas vezes maior, havendo em conseqüência uma redução brusca na velocidade, tendendo então os sólidos suspensos a sedimentar, de acordo com o tamanho, numa posição mais próxima ou mais afastada do ponto de alimentação. Desprezando a aceleração da partícula e decompondo a equação do movimento em suas componentes, resulta: componente x: como a gravidade não tem componente no eixo x, o primeiro termo do lado direito da igualdade se anula e, para que a expressão seja verdadeira é necessário que ux = vx , isto é, a componente da velocidade do fluido é igual à componente da velocidade da partícula, na direção x. componente Y = + − −A v u vP P F x F D x xρ ρ 38 Não há movimento de fluido na direção perpendicular ao escoamento, então, uy = 0. Por definição, o módulo da diferença de velocidades é: Como uy = 0 e ux = vx, resulta Substituindo esses valores na equação do movimento, chega-se a Se fizermos, na expressão acima, o volume e a área iguais aos de uma esfera, obteremos a expressão geral para a velocidade terminal como na Lei de Newton. Diâmetro da menor partícula que pode ser coletada na câmara: O diâmetro crítico de separação pode ser obtido se analisarmos a condição de a menor partícula, lançada na condição mais desfavorável, ser coletada. Admite-se que esta partícula sedimente Admite-se que esta partícula sedimente na extremidade oposta da câmara, ou seja, em l = L . O tempo necessário para que a partícula de diâmetro crítico percorra na direção x a distância L é: u Lt = onde u é a velocidade média do fluido entre as placas, relativa à vazão Q. ( HB Qu = ). O tempo necessário para que a partícula de diâmetro crítico percorra na direção y a distância H, é: tv Ht = 0 2 = − + − −V g A u v C u vP P F y F D y yρ ρ ρ u v u v u vx x y y− = − + −2 2 u v v v vy y t− = − = =2 v v V g A C y t p p p D = = −2 ρ ρρ 39 Para a partícula ser coletada, estes tempos devem ser iguais. Igualando-se as expressões, obtemos a equação para o cálculo da velocidade terminal da partícula de diâmetro crítico: L uHvt = Como nos interessa o diâmetro dessa partícula, podemos estimá-lo através do grupo CD / Re ou com auxílio do gráfico CD x Re. A velocidade pode também ser dada em função da vazão, como: projA Q BL Qvt == O diâmetro crítico está relacionado às condições de operação (vazão da suspensão) e às dimensões do equipamento. Partículas maiores que aquelas de diâmetrocrítico são também coletadas com eficiência de 100%; as menores, com eficiência inferior. No escoamento lento de partículas esféricas, teremos: EXEMPLO: Uma suspensão diluída de cal em água, contém areia como produto indesejável. Determinar a capacidade da unidade abaixo esquematizada para a separação completa da areia (m3 suspensão /h). Não há efeito de população pois a suspensão é bem diluída. Determine também a percentagem de cal perdida na separação. DADOS: Faixa granulométrica da areia = 70 < Da < 250 µm Para a cal: esfericidade = 0,80; densidade = 2,2 g/cm3 Para a areia: esfericidade = 0,7; densidade = 2,6 g/cm3 Temperatura de operação = 30ºC Análise granulométrica das partículas de cal Dp(µm) 20 30 40 50 60 70 80 100 % < Dp 15 28 48 54 64 72 78 88 (G.Massarani, Problemas em Sistemas Particulados IV, Publicação Didática-PDD 03/82, COPPE/UFRJ, p.17, 1982) D Hu gL HQ gVS S = − ≡ − 18 18µ ρ ρ µ ρ ρ sendo V = HBL 40 SOLUÇÃO: Diâmetro crítico da areia = 0,70µm vt = L uH scm H Lvu scm Dp vt t /27,2 /17,0.Re == =ρ µ= Q = u H B = 2,04x104 cm3/s = 73,4 m3s b) Cálculo da quantidade de cal depositada: Qual o diâmetro da partícula que sedimenta com velocidade terminal de 0,17 cm/s? A determinação pode ser feita com auxílio do gráfico CD / Re x Re: mcmx v Dp t µ==ρ µ= − 641047,6Re 3 No gráfico da distribuição (% < Dp x Dp) encontramos, para Dp = 64µ, a ordenada correspondente é 69. Logo, a perda de cal será (100 - 69) = 31%.(Gráfico abaixo) C gD D S PR e , Re2 2 2 ,= − = ⇒ =4 3 7 18 0 12 ρ ρ ρ µ C gSD 2 t 3v , Re . Re= − = ⇒ =4 3 3 195 0 11 ρ ρ µ ρ 41 2.II - Separação no Campo Centrífugo A separação de partículas em suspensão num fluido por ação da gravidade é limitada, principalmente, pela dimensão dessas partículas. Quando os sólidos têm tamanhos muito reduzidos, o processo de separação por decantação pode ser acelerado pela aplicação de uma força centrífuga. Os separadores centrífugos são recomendados, neste caso, por sua grande eficiência no tratamento de partículas, ou gotas, de reduzido tamanho. No campo centrífugo, as componentes da velocidade do fluido são ( Bird, Stewart e Lightfoot, 1960, p.96): Ω= = θ ru ur 0 onde Ω é a velocidade angular (radianos/segundo) e r o vetor posição num dado instante. A intensidade do campo centrífugo é dada por: desprezando a aceleração da partícula e substituindo os valores acima, resulta para a equação do movimento: componente tangencial: 30.00 50.00 70.00 90.00 20.00 40.00 60.00 80.00 100.00 0.00 20.00 40.00 60.00 80.00 100.00 15.0 28.0 48.0 54.0 64.0 72.0 78.0 88.0 20.0 40.0 60.0 80.0 100.0 Dp % < Dp a ac gencial a ac radial a v rr = = == = .tan . θ θ 0 2 0 2 = − + − −V a A u v C u vSρ ρ ρθ θ θ θ θ D da expressão se conclui que: u = v = r Ω 42 componente radial: Substituindo os valores acima, a expressão para a velocidade terminal no campo centrífugo fica: II.2-1 CICLONES E HIDROCICLONES Os Ciclones e Hidrociclones são separadores usados para a remoção de partículas finas em suspensão num fluido, que consistem numa carcaça fixa de geometria cilíndrica/cônica. O movimento centrífugo desenvolvido pelo fluido no interior do aparelho, é obtido pela injeção da suspensão a ser tratada tangencialmente à parede interna do equipamento. Geralmente, os ciclones são constituídos de um corpo cilíndrico assentado sobre um tronco de cone, como mostra a figura abaixo. O fluido com impurezas, é introduzido tangencialmente no topo da parte cilíndrica, e os sólidos adquirem um movimento espiralado (pela ação centrífuga) e descendente (pela ação da gravidade). Neste movimento, os sólidos perdem quantidade de movimento e são recolhidos na base cônica do vaso. Enquanto isso, a corrente fluida, líquida ou gasosa, menos densa e livre dos sólidos, ao atingir o defletor na base da região cônica inferior, inverte o seu movimento helicoidal que passa a ser ascendente, saindo por uma tubulação fixada na região central superior do equipamento. As variáveis de projeto dos ciclones e hidrociclones são a seção transversal da entrada da alimentação, â altura, os diâmetros das saídas de topo (overflow) e de fundo (underflow) e o diâmetro da seção cilíndrica, em função da qual todas as outras medidas são estabelecidas. Os diferentes modelos de ciclones caracterizam-se pelas proporções peculiares entre suas dimensões. O modelo Lapple, para separação sólido-gás, é o que foi mais 0 2 = − + − − − = − − = V a A u v C u v u v u v u v v S r r r r ρ ρ ρ θ θ θ θ D 2 2+ v v t V r v t V r v r S er al S radial = = − = − = 2 2 ρ ρ ρ ρ ρ ρ Ω Ω 2 D D AC ACmin 43 profundamente estudado (Perry e Green, 1984, p.20-83) e está esquematizado na figura a seguir. Proporções Ciclone Lapple Bc / Dc De / Dc Hc / Dc Lc / Dc Sc / Dc Zc / Dc Jc / Dc 0,25 0,50 0,50 2,00 0,13 2,00 0,25 Na prática os ciclones operam numa faixa de velocidade do gás na entrada, entre 20 e 70 ft/s. Recomenda-se uma velocidade média de 50 ft/s, que também é o valor utilizado em cálculos de projeto. A queda de pressão, na qual o ciclone é projetado para operar, pode variar em até 20 vezes a pressão cinética inicial. Nos ciclone do tipo Lapple, a queda de pressão é 24 up ρ=∆ Diâmetro de corte no ciclone: A partícula com o diâmetro de corte Dpc atravessa a espessura de separação Bc /2, figura abaixo, no tempo de residência do fluido no ciclone: onde Va é o volume ativo do ciclone, Q a vazão volumétrica de suspensão e aE = rΩ 2 a intensidade média do campo centrífugo. Considera-se nesta análise que prevaleça o regime de Stokes, que a partícula seja esférica, que Ω= ru e que QVs Ne / 2π=Ω V Q Bc D a s pc = − 2 ρ ρ µ2 ea 18 44 u e Ne são respectivamente o valor médio da velocidade da suspensão na seção de entrada e o número de espiras que o fluido forma no interior do ciclone. Resulta da combinação das equações acima, a expressão para o diâmetro de corte no ciclone Para o modelo Lapple verifica-se que na condição de operação recomendada, 6 < u < 21 m/s, verifica-se experimentalmente que Ne ≅ 5. Portanto, resultado que pode ser expresso como onde Dc é o diâmetro da parte cilíndrica do ciclone, BcHc a área da seção transversal da alimentação de suspensão, sendo Bc = Dc/4 e Hc = Dc/2, de modo que 2 8 Dc Q BcHc Qu == Generalizando a equação para os ciclones a gás, e para os hidrociclones que trabalham com suspensões mais concentradas, onde K é um fator que depende da configuração do ciclone, Rf é o quociente das vazões volumétricas na descarga de sólidos e na alimentação e P um fator que leva em conta a concentração de sólidos na alimentação. EXEMPLO: Estimar a bateria de ciclones Lapple (ciclones iguais, em paralelo) para operar com 3500 ft3/ min de ar (520ºC, 1 atm) contando cinzas de carvão. A eficiência global de coleta deve ser da ordem de 85%. A densidade das partículas sólidas é ρs = 2,3 g/cm3. A análise granulométrica dos sólidos é a seguinte: D B N u c e s pc = − 9 2 µ π ρ ρ D B u c s pc = − 9 10 µ π ρ ρ D D Dpc c c SQ - = 0 095, µρ ρ D D K Dpc c c SQ - = µρ ρD D K Dpc c c S f 0,5 Q - 1 R P= −µρ ρ 45 D(µm) 5 10 15 20 30 40 100X 12 27 48 63 80 88 SOLUÇÃO Pode-se verificar que a análise granulométrica pode ser representada pelo modelo log-normal, com D50 = 15,5 e σ = 2,3. Propriedades do fluido: ρ = 4,43 x 10-4 g/cm3 e µ = 0,035 centipoise. O gráfico de eficiência de coleta em ciclones (η x D50/Dpc), permite calcular o valor D50/Dpc = 3,3 correspondente à eficiência global de coleta de η = 0 85, (Massarani, 1984, p.113). Portanto, Dpc = 4,7 µm. Admitindo que a velocidade do gás na seção de alimentação seja o valor recomendado u = 50 ft/s, resulta da equação que o diâmetro da parte cilíndrica do ciclone é 30,7 cm. Em conseqüência, o número de ciclones em paralelo será: Assim, seja a bateria constituída por 10 ciclones em paralelo. Redimensionando o diâmetro do ciclone, podemos usar a equação: resultando Dc = 30cm e u = 48,6 ft/s (dentro da faixa recomendada). A queda de pressão na bateria é de 3,9 cm de coluna de água e, portanto, a potência do soprador pode ser estimada em 1,5 HP. n Q uB H º ,= = c c 9 1 D B u c s pc = − 9 10 µ π ρ ρ D D Dpc c c SQ - = 0 095, µρ ρ 46 HIDROCICLONE O hidrociclone, ou ciclone líquido sólido, é um centrifugador a úmido, sem partes móveis em sua carcaça cilindro-cônica, na qual a suspensão é introduzida sob pressão tangenciando a parede. O modo como a suspensão é introduzida lhe confere um rápido movimento centrífugo, resultando na formação de dois vórtices: um externo (fase densa), cujo componente axial do fluxo é dirigido para o vértice do cone (apex), e outro interno em sentido contrário, na direção do topo. Os ciclones têm sido usados extensivamente para substituir as câmaras de poeira que, além de ocupar muito espaço são ineficientes na separação de partículas pequenas. Devido a força centrífuga desenvolvida pelos vórtices formados nos ciclone ser muito alta (atinge cerca de 2.500 vezes a força gravitacional), é possível se obter separações muito finas num hidrociclone de pequeno tamanho. Uma característica fundamental do hidrociclone é ser um equipamento compacto, de alta pressão e grande eficiência. A tabela abaixo mostra a relação entre as dimensões características (conforme explicitadas na figura da página anterior) para três tipos de hidrociclones comerciais: HIDROCICLONE RIETEMA BRADLEY CBV-CEMCO Di / Dc 0,28 1/7 0,3 Do / Dc 0,34 1/5 0,25 L / Dc 5 - 3,8 l / Dc 0,40 1/3 0,5 θ 10 - 20º 9º 22º 47 Como visto anteriormente, que para um hidrociclone genérico, Para o hidrociclone CBV-DEMCO, a equação fica Onde c é concentração de sólidos na suspensão (c = 1 − ε). Nos hidrociclones CBV- DEMCO a queda de pressão é dada por 2Qp α=∆ 2min)(l psi=α Ciclone CBV 2" → α = 1,16x10-2 Ciclone CBV 4H" → α = 3,86X10-4 e a eficiência de coleta nestes equipamentos é: Operação - A polpa a ser tratada no hidrociclone, geralmente tem diluição relativamente alta, até 30%, e é introduzida tangencialmente através do injetor, sob pressão (entre 10 e 50 psi), adquirindo movimento espiralado e descendente ao longo das paredes do cilindro e do cone, de modo que nas vizinhanças do ápice do cone uma parte desta corrente turbilhonar reverte-se para cima, constituindo o overflow (sobrenadante). Nesse movimento, os sólidos são centrifugados e lançados contra as paredes, sendo descarregados em sua maioria como underflow. Tamanho de Separação - Tratando-se de partículas de mesma densidade, ou valores próximos, invariavelmente os tamanhos maiores descarregam-se pelo underflow D D K D pc c c S f 0,5 Q - 1 R P= −µρ ρ D D D pc c c S 4c Q - e= 0 056 , µρ ρ η = | | | | 0 5 , D D 50 NA FAIXA 50 PARA 50 0,1 < D D < 2 1 D D < 2 48 e as maiores pelo overflow, sendo necessário determinar o tamanho de separação destas duas classes. Entretanto, não há uma separação nítida, ou seja, uma determinada dimensão tal que as partículas maiores saiam no underflow e as menores no overflow, mas há sempre uma determinada classe de partículas, isto é, um determinado tamanho tais que 50% delas saem pelo underflow e os outros 50% pelo overflow: é o tamanho cinqüenta por cento, ou diâmetro de corte, convencionalmente denotado d50 ou Dpc Uma maneira simples de determinar este ponto d50 é traçar as curvas das percentagens simples, tomadas em relação à alimentação: retidas versus tamanhos, traçando-se uma curva para o underflow e outra para o overflow. A interseção das duas curvas dá o tamanho da partícula de corte, d50: Influência do Diâmetro do Ciclone na Separação: A medida do diâmetro influi no tamanho de separação. Quando menor o diâmetro, mais fino será o tamanho de separação, variando de 5-29 mícrons. Quando o ciclone é usado como deslamador nesta faixa finíssima, usam-se unidades de diâmetro pequeno; para separa partículas minerais em faixa mais grossa, usam-se os de maior diâmetro (Hugo Arrunátegui, p.24) Tipos de Ciclones: Os ciclones são classificados em três tipos, segundo a operação a realizar: Ciclones Classificadores (Deslamadores ou Desarenadores) - Usados na separação de partículas, em relação a um tamanho de referência, classificando partículas maiores e partículas menores que o tamanho dado. Quando a classificação ou corte se dá em torno de 200 mesh (74 mícrons), a operação é uma deslamagem ou desarenagem,; neste caso a finalidade é descartar as lamas para recuperar as areias ou descartar as areias para recuperar as lamas (no tratamento de minérios). Nestes casos define-se um coeficiente de deslamagem que é a relação da percentagem de sólidos abaixo de 200 mesh da alimentação que se descarrega no underflow, para a percentagem de água total que sai no underflow. 49 Ciclones Separadores ou Lavadores - São usados na separação de partículas de acordo com as densidades, separando as mais pesadas das mais leves em relação a uma dada densidade de separação ou meio denso. Nos ciclones que usam como fluido um meio denso, a separação se dá em função da massa dos sólidos e não do seu tamanho. A densidade de separação é tomada convencionalmente como aquela que corresponde à descarga de 50% no underflow e 50% no overflow. Uma característica dos ciclones separadores é o ângulo do cone, que atinge até 60º. Ciclones Espessadores - Usados na separação dos sólidos em relação ao líquido em que estão suspensos, em operações tais como espessamento e clarificação. Esta operação não se consegue completamente, pois é praticamente impossível separar por ciclonagem partículas abaixo de 2 mícrons (3200 mesh). Na operação com estes ciclones, deve-se considerar as seguintes observações segundo Bradley: - O limite superior do tamanho de espessamento no ciclone é de 200 mícrons, embora acima de 44 mícrons (350 mesh) seja preferível fazer-se a separação em peneiras vibratórias. - Abaixo de 2 mícrons só é possível separar as partículas suspensas por centrifugação, elutriação ou sedimentação com floculantes. Não obstante estas limitações, o ciclone é de baixo custo de instalação e operação, ocupa pouco espaço e tem elevada capacidade. Estes motivos quase sempre justificam o seu emprego nas faixas apropriadas. Variáveis de Operação dos Ciclones - Vazão ou volume injetado na unidade de tempo Pressão de alimentação Características dos sólidos (ou da polpa) Características do meio (granulometria, ρ e µ) A vazão é um fator importantena operação, guardando estreita dependência com o tamanho da separação. O regime de funcionamento normal do ciclone está relacionado com a constância da vazão. 50 Um aumento da pressão leva a um corte mais fino, embora menos preciso, provocando maior densidade do overflow: uma diminuição conduz a efeitos inversos. Além disso, o aumento da pressão exige bombas mais potentes e mais custosas, agravando também o problema da abrasão. Geralmente opera-se numa faixa de 10 a 50 psi, quando da separação de minérios. Para ciclones classificadores em circuito de moagem, usam-se pressões de 2 a 12 psi, mas para se obter um overflow mais fino, é necessário uma pressão maior. Exemplo R. Peçanha (“Avaliação do desempenho de hidrociclones”, Tese de Mestrado, COPPE/UFRJ, 1979), estudando o desempenho de ciclones CBV-Demco, estabeleceu as seguintes expressões para o diâmetro d50 (diâmetro das partículas que são coletadas com eficiência de 50%) e para a eficiência de coleta da partícula de diâmetro d50: Dc é o diâmetro da parte cilíndrica do ciclone, Q a vazão de alimentação de cada hidrociclone e “c” a fração volumétrica de sólidos na alimentação. Com base nessas expressões a) Especificar a bateria de ciclones CBV 4H (Dc = 4”) para operar com 4.800 l/min de suspensão de minério de ferro (ρs = 4,9 g/cm3) com uma concentração de 20% em peso de sólidos. Queda de pressão = 35 psi; Temperatura = 30ºC. b) Estimar a eficiência global de coleta das partículas Dados: Capacidade de 1 ciclone 4H ∆P(psi) 20 25 30 35 40 45 50 Q(l/min) 232 256 280 300 330 340 360 D D D pc c c SQ - exp(4c)= 0 056 , µρ ρ η = | | | 0 5 D D 50 50 50 para 0,1 < D D < 2 1 para D D < 2 51 Análise Granulométrica: 122,9 g de amostra D(µ) < 10 10-20 20-30 30-40 40-50 50-60 60-70 m de cada fração 15,4 38,7 27,1 17,1 13,5 8,6 2,5 (Massarani, Problemas em Sistemas Particulados, 1982, p.22) Solução: Propriedades físicas: ρs = 4,9 g/cm3; ρ = 1 g/cm3; µ = 0,8 centipoise. Diâmetro do ciclone = 4 in. Vazão = 300 l/min. Concentração da suspensão: 20 g em peso. Base de cálculo = 100 g de suspensão. 05,0 1 80 9,4 20 9,4 20 = + =c a) Cálculo do número de hidrociclones: Dos dados da tabela de capacidade, o hidrociclone 4H operando a ∆p = 35 psi, tem uma capacidade de 300 l/min. Como a vazão de suspensão a tratar é de 4.800 l/min, serão necessários: neshidrociclon 16 300 4800 == b) Cálculo da eficiência global: cmxe x xxDpc x 4)05,04( 3 2 1018,14 )9,3( 60 10300 )54,24)(10)(8,0( )54,24(056,0 − − == Dpc = 14,1µm D D D pc c c SQ - exp(4c)= 0 056 , µρ ρ 52 Com os dados da tabela, traça-se o gráfico “ηi x fração > D” e a eficiência global η é obtida por integração gráfica (dada pela ordenada tal que a área a seja igual a área b) II.2-2 CENTRÍFUGAS Existem três tipos principais de centrifugadores que se distinguem pela força centrífuga desenvolvida, pela faixa de produção que se obtém e pela concentração dos sólidos que podem ser operados (Foust, p.548, 1982): 1. Centrífuga Tubular - Gira com elevada velocidade de rotação, atingindo forças centrífugas da ordem de 13.000 vezes a força da gravidade, porém opera com pequenas capacidades, na faixa de 3 a 30 litros/minuto. Como não dispões de dispositivo para remoção contínua de sólidos, opera intermitentemente com pequenas concentrações de sólidos. 2. Centrifugador a Discos - Este equipamento é de tamanho maior que o anterior, mas atinge menor velocidade de rotação, desenvolvendo uma força centrífuga até 7.000 vezes maior que a da gravidade. . Pode ser projetada para operar até 5.000 gal/h (310 l/min), com quantidade moderada de sólidos que são descarregados continuamente numa corrente concentrada. 3. Centrifugador Decantador Contínuo - Destina-se a separação de sistemas sólido-líquido, operando como um espessador (a ser estudado no capítulo 4). Operam D(µ) fração > D D/D50 η 10 0,875 0,71 0,25 20 0,560 1,42 1 30 0,340 2,13 1 40 0,200 2,84 1 50 0,090 3,55 1 60 0,020 4,25 1 70 0,000 4,46 1 53 com sólidos até uma taxa de 50 ton./h. São construídos com diâmetros variando entre 4 e 54 polegadas. Estas máquinas podem ser utilizadas como classificadores, ajustando-se as taxas de alimentação e velocidade do vaso de modo que as partículas pequenas não tenham tempo de sedimentar e saiam com o filtrado. A Centrífuga decantadora provoca forças centrífugas 3.000 vezes maior que a da gravidade, com velocidades que vão até 6.000 rpm, permitindo efetuar separações de partículas na faixa de 1 mícron. Cálculos da Centrifugação Na seção anterior estabelecemos que a expressão da velocidade terminal para uma partícula no campo centrífugo é dada por Vamos agora estabelecer a relação entre o diâmetro de corte, Dpc e as propriedades físicas do sistema sólido-fluido, as dimensões do equipamento e as condições de operação. Seja a centrífuga decantadora tubular mostrada na figura abaixo. As hipóteses de cálculo são: a) As partículas estão igualmente espalhadas em z = 0, independentemente do tamanho; a trajetória assinalada na figura representa a partícula Dpc coletada com eficiência de 50%, onde e portanto, b) Prevalece o regime de Stokes c) Movimento empistonado do fluido na centrífuga. Em relação à trajetória crítica assinalada na figura, o tempo necessário para que a partícula percorra a distância L na vertical é e o tempo necessário para que a partícula percorra a distância radial de R1 a R é R R R1 2 0 2 2 = − v v r m A C t R s D S = −Ω 2 ρ ρρ ρ π πR R R R2 12 12 02− = − t L u L Q R R = = −π 2 02 54 Combinando as expressões para o tempo e fazendo 202 202 1 3 ln RR RR R R + −= , resulta para o diâmetro de corte Dpc: Explicitando a vazão da alimentação, e multiplicando e dividindo a expressão resultante por 2g, vem: vt é a velocidade terminal da partícula de diâmetro Dpc no campo gravitacional e Σ um fator característico da centrífuga. No caso da centrífuga tubular, Para a centrífuga de discos, onde n é o número de canais formados por discos adjacentes e θ o ângulo de inclinação dos discos O resultado expresso pela equação que relaciona a vazão à velocidade terminal e ao fator Σ, sugere que na ampliação de escala (scale-up) entre centrífugas do mesmo tipo, operando com uma mesma suspensão (Perry-Green, 1984, p.19-96) Separação líquido-líquido Os vertedores de saída constituem-se no parâmetro mais importante na separação líquido-líquido: eles controlam o volume de líquido retido no centrifugador, o diâmetro crítico das partículas e indicam se a separação é possível. Na figura abaixo, são mostrados diagramas esquemáticos de centrífugas tubulares para a separação sólido- líquido e líquido-líquido. D Q k L R R s pc 1 2 2 2 0,5 = + 18 3 0 µ ρ ρ π Ω − Q k g D L g s = −2 3 1 pc 2 2 0 2 2 t 18 R +R 2 Q = 2(v ) ρ ρ µ π Ω Σ v v dr dt t dr v t k D R R R t t Ro R pc = = ∴ = = -2 S 2 1 1 1 18 µ ρ ρ Ω ln Σ Ω= −2 2 1 2 3 3 3g π θn r r g cot Σ Ω= +πL g R R 2 2 2 2 3 0 Q Q Σ Σ1 2= 55 Localização da Interface líquido-líquido Sejam: r1 - raio da interface da camada leve r2 - raio da interface líquido-líquido r3 - raio da borda externa dovertedor r4 - raio da superfície do líquido leve à jusante do vertedor. O equilíbrio de forças provocadas pelas pressões hidrostáticas nos permite escrever: ∫∫∫ == rf ri E rf ri rf Ri A dma A dFdP . dm = ρ (2π r L) dr ∫ ∫∫ Ωρ=ππΩ= rf ri rf ri rf ri rdr rL rLdrrdP 2 2 2 2)( ( )222 2 if rrP −Ωρ= Em r2 (interface entre as duas camadas), a pressão é a mesma em ambos os lados da interface. Temos então para a fase pesada: ( )24222 2 rrP PP −Ωρ= para a fase leve: ( ) PLL PrrP =−Ωρ= 21222 2 56 ( ) ( )2122 24 2 2 rr rr P L − −= ρ ρ Portanto, para haver a separação das fases a interface deve estar num raio menor que r3 e maior que o raio do topo da superfície do líquido pesado à jusante do vertedor, ou seja: r4 < r2 < r3. Exemplo: Na refinação primária de óleos vegetais, o óleo cru é parcialmente saponificado com um álcali e o óleo refinado é imediatamente separado, mediante centrifugação do sabão formado. Num destes processos, a densidade do óleo é 0,92 g/cm3 e a viscosidade 20 centipoise; a densidade da fase sabão é de 0,98 g/cm3 e a viscosidade 300 centipoise. Procura-se separar uma destas fases num centrifugador tubular de 2 polegadas de diâmetro interno e 30 polegadas de comprimento, girando a 18.000 rpm. O raio do vertedor por onde transborda a fase leve é r1 = 0,50 in e o do vertedor da fase pesada é r4 = 0,510 in. Determine a localização da interface líquido-líquido no interior da centrífuga.(Foust et alli. Exemplo 22.4, p554, 1982). Solução: ( )( )2122 24 2 2 rr rr P L − −= ρ ρ 222 222 50,0 51,0 98,0 92,0 − −= r r 0,939(r22- 0,250) = r22 - 0,260 r22 = 0,426 2.III - Separação Eletrostática Hugo Arrunátegui .pp237-246 Sendo hoje o consumo de matérias-primas industrializadas cada vez mais elevado, existindo o problema da escassez dos materiais básicos e custos ascendentes, tornou-se economicamente viável o emprego dos separadores eletrostáticos para recuperar e separar minérios, materiais e produtos que no passado eram considerados de difícil beneficiamento e considerados como rejeito. A atualização tecnológica participou diretamente para o sucesso, desenvolvendo equipamentos cada vez mais aperfeiçoados, dependendo porém das propriedades físicas e químicas dos materiais da alimentação, para definir o sistema mais apropriado de processamento. 57 Os diferentes parâmetros que agem sobre os resultados finais de uma separação eletrostática de certas misturas de materiais, obrigam em muitos casos utilizar processos gravimétricos e magnéticos, anteriores ao emprego dos separadores eletrostáticos. Como exemplo, pode-se citar o processamento de minerais de cassiterita, pirita, magnetita, sílica, etc., da região de São João Del Rei, cujo processamento se efetuava numa instalação com equipamentos para realizar uma separação magnética primária, completando-se o processo com uma separação eletrostática, obtendo-se em cada operação produtos diferentes, de acordo com as propriedades magnéticas eletrostáticas dos diferentes minerais. Enquanto outros equipamentos efetuam separações por diferença de peso específico ou de susceptibilidade magnética, os separadores eletrostáticos utilizam a diferença de condutibilidade elétrica. Os elementos são classificados, segundo a condutibilidade em condutores e não-condutores. Os separadores eletrostáticos e eletrodinâmicos utilizam a ação de um campo elétrico de alta tensão, permitindo por via seca, a classificação de partículas minerais em condutoras e não-condutoras. Descrição Geral dos Separadores Eletrostáticos e Eletrodinâmicos São equipamentos fabricados com perfilados e laminados de aço-carbono, soldados, formando uma estrutura resistente. São compostos das seguintes peças: Moegas (Hoppers) - Fabricadas em aço carbono, a moega de alimentação possui regulagem de descarga e fecho rápido. A moega de descarga possui divisores que separam os produtos tratados. Quando a alimentação é de fluxo difícil, aplica-se um alimentador vibratório para alimentar os rolos. Rolos - São fabricados em aço carbono ou inox, com diâmetro variável de 15 a 30 cm. Os rolos são montados sobre rolamentos superdimensionados, protegidos contra o pó, com rotação variável de 50 até 400 rpm. O rolo e a armação são ligados à terra evitando qualquer descarga elétrica. Eletrodos - Em número de três para cada rolo, são fabricados com tubo de alumínio, possuindo regulagem de posicionamento. O eletrodo dinâmico possui um fio de tungstênio montado ao longo do tubo, trabalhando com corrente contínua, em conjunto com o estático. 58 O eletrodo de limpeza montado debaixo do rolo (que destaca os materiais não condutores do rolo), também possui um fio de tungstênio montado ao longo do tubo. Este eletrodo trabalha com corrente alternada. Todos estes eletrodos são montados sobre material isolante, evitando qualquer descarga direta na armação. Fenômenos e Efeitos dos Eletrodos Num fio metálico fino, ligado a uma fonte de corrente contínua de alta tensão, cria ao seu redor um campo circular de alto gradiente (efeito corona) traduzindo-se em uma emissão de íons. Quando as partículas transportadas pelos rolos são submetidas a esta constante elétrica, adquirem cargas de magnitude variável e com a mesma polaridade da fonte. As partículas condutoras perdem rapidamente sua carga ao entrarem em contato com o rolo e são pouco ou não desviadas de sua trajetória normal. As partículas não mantêm sua carga por mais tempo e aderem aos rolos, que as transportam em sua rotação, separando-as assim dos condutores, devido a esse fenômeno de fixação. Se o fio metálico fino é substituído por um cilindro de diâmetro maior, o gradiente do campo obtido é mais fraco. As partículas condutoras levadas pelo rolo no campo recebem instantaneamente a carga normal e as não condutoras recebem uma carga reduzida, libertando-se do rolo com facilidade. As partículas condutoras removidas pelo eletrodo cilíndrico seguem sua trajetória natural, separando-se das não condutoras, devido ao fenômeno da deflexão(desvio) (eletrodo estático). 59 Associando os dois tipos de eletrodos mencionados, os separadores eletrostáticos e eletrodinâmicos Mineralmaq possuem uma capacidade superior de separação, com menos problemas de temperatura e umidade dos produtos alimentados. Também há o efeito da umidade relativa do ar ambiente torna-se praticamente nulo (eletrodo dinâmico) Transformadores - Normalmente são utilizados dois transformadores para cada separador: um para a corrente contínua e outro para a corrente alternada Operação Além da diferença de condutibilidade das partículas, que permite a sua seleção, existem outros fatores que agem sobre a separação eletrostática, tais como: a granulometria, a densidade e a forma das partículas, que modificam a trajetória, influenciados pela força centrífuga e pelo peso. A umidade, a temperatura, o estado da superfície das partículas e a presença de impurezas aderentes às partículas a serem separadas, alteram parcialmente a separação. As misturas de produtos que podem ser tratados nos separadores eletrostáticos devem ser da faixa granulométrica de 6 a 200 mesh, necessitando utilizar uma faixa granulométrica mais estreita para os finos ou grossos ou quando as diferenças de condutibilidade entre os materiais são pequenas. A temperatura de tratamento é freqüentemente elevada, entre 50 e 120ºC. A superfície das partículasdeve ser limpa, sem pó, o que exige às vezes lavagens anteriores à separação eletromagnética. O estado da superfície contaminada pode ser modificado com uma simples lavagem de água limpa ou por reações químicas, empregando vapores de ácidos e outros produtos. Outros fatores importantes que afetam uma boa separação são: a) o diâmetro dos rolos usados; b) a velocidade dos rolos; c) o número de passes; d) a alimentação e a posição dos divisores reguláveis sobre as moegas de coleta. Principais aplicações: Separação de scheelita da pirita ou wolframita Separação da Monasita de Ilmenita 60 Concentração de Vermiculita Enriquecimento de concentrados de fosfato Limpeza de carvão. EXERCÍCIOS 1) Dispõe-se de um conjunto de 3 ciclones em paralelo na configuração Lapple, em razoável estado de conservação. O diâmetro do ciclones é 20 in. Estimar: a) A capacidade do conjunto b) O diâmetro da partícula que é coletada com eficiência de 95% c) A potência do soprador usado na operação Considerar que o gás tenha as propriedades física do ar a 200ºC e 1 atm e que as partículas sólidas tenham densidade 3 g/cm3. Resposta Capacidade da bateria de ciclones: 87 m3/min Diâmetro da partícula com eficiência de 95% = 20 microns Potência do soprador: ≅ 3 cv (eficiência 0,5). 2) Estuda-se a possibilidade de reduzir o teor de cinzas de um carvão através da separação em hidrociclone operando em fase densa. A alimentação contém 2 partes de carvão para 1 de cinzas, em massa. A concentração volumétrica de carvão e cinzas na alimentação é de 5%. Carvão e cinzas apresentam a mesma distribuição granulométrica: Estimar o teor de cinzas do concentrado de carvão (overflow) que deve ser alcançado numa bateria de hidrociclone em paralelo de 2 in de diâmetro, nas configurações (a) Bradley e (b) Rietema, operando a uma queda de pressão de 45 psi. Fornecer também a capacidade de cada hidrociclone. Densidade do carvão e cinzas, respectivamente, 1.25 e 2.10 g/cm3 Propriedades do fluido: densidade 1,21 g/cm3 e viscosidade 2,7 cP. Resposta: Fixando a relação entre os diâmetros de descarga (underflow) e da parte cilíndrica do hidrociclone em 0,15, na operação a 45 psi: Configuração Bradley Rietema Q por hidrociclone (m3/h) 1,901,90 4,74 Relação % vazões 62,3 98,2 X D= − −1 21 5 exp , 1,35 Dem m µ 61 (overflow/alimentação) % carvão no underflow 58,8 41,1 % carvão no overflow 75,4 75,6 Total % de carvão perdido pelo underflow 46,4 16,0 3) Determinar a velocidade de sedimentação de uma suspensão de partículas esféricas de vidro, 30 mícrons de diâmetro, em glicerina. Sabe-se que a concentração de sólidos é de 300 g/litro de suspensão, as densidades do sólido e do líquido são respectivamente 2,6 g/cm3 e 1,3 g/cm3 e que a viscosidade do líquido é 18 centipoise. 4) Foi conduzido no laboratório um ensaio de separação de argila (ρs = 2,64 g/cm3) de uma suspensão aquosa, em centrífuga tubular. Propriedades do fluido: ρ = 1,0 g/cm3 e µ = 1 cP. Dimensões da centrífuga: R0 = 1,1 cm, R = 2,2 cm, L = 20 cm; Número de rotações da centrífuga: 20.000rpm. Capacidade para obter um sobrenadante satisfatório: 8 cm3/s. Determinar a produção da centrífuga industrial operando com a mesma suspensão a 15.000 rpm. Suas dimensões são R0 = 5,21cm, R = 8,16cm e L = 73,4 cm. Determinar, também, o diâmetro de corte d50 (diâmetro da partícula que é coletada com eficiência de 50%) (L.Svarovsky, “Solid-liquid Separation”, Butterworths, Londers, p.132, 1977). 5) O separador de poeira abaixo esquematizado opera em 3 compartimentos. Estimar a faixa de diâmetros das partículas retidas em cada compartimento. Dados: Vazão de gás = 5.000 ft3/min (ar a 20ºC e 1 atm); densidade das partículas, ρs = 3 g/cm3; esfericidade φ = 0,75