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Apostila_processo_civil_I_Petição_inicial_e_competência

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Processo civil I
Da petição inicial
Conceito: A petição inicial é o ato formal do autor que introduz a causa em juízo. Nela em essência, está descrito o pedido do autor e seus fundamentos e sobre esse pedido incidirá a prestação jurisdicional.
O processo inicia-se pelo exercício do princípio dispositivo, ou seja, a subjetividade da parte. A petição inicial é o instrumento usado pela parte interessada, o autor da ação, no exercício direito de ação, para pedir a tutela jurisdicional ao Estado. Assim, é através da petição inicial que materializa-se a ação e limita-se a lide.
É exigência legal que a petição inicial tenha forma escrita. Ela deve preencher os requisitos previstos no art. 282.
Antes de explanar acerca do artigo em si, vamos tratar dos princípios inerentes à peça de início. São eles: Princípio da inércia da jurisdição, Princípio da disponibilidade, da congruência e da substanciação.
Princípio da inércia da jurisdição: informa que o Estado-Juiz não pode atuar de ofício, ou seja, a jurisdição é inerte e só atua quando provocada;
Princípio da disponibilidade: é relativo à faculdade que o cidadão possui de usar ou não sua pretensão em juízo.
Princípio da congruência: é quando a parte limita a atuação do juiz aos fatos e aos pedidos que estes entendam necessários à composição da lide.
Princípio da substanciação: Aqui se informa que o autor não pode mudar de causa de pedir e nem de pedido após a citação do réu.
O artigo 282 traz os requisitos formais da petição inicial (vide CPC).
Requisitos da petição inicial
Estes são divididos em dois: Objetivos e subjetivos
Objetivos: 
O Juiz ou tribunal a que a que é dirigida: É o endereçamento ao Juízo competente para julgar a causa ou o recurso.
Os nomes, prenomes, estado civil, profissão e residência do autor e do réu: aqui tratamos das partes. E parte é toda pessoa capaz e no pleno gozo de seus direitos. (NASCIMENTO, 1990:134).
A individualização das partes é imprescindível à formação do processo, devendo ocorrer da forma mais precisa possível, merecendo especial destaque à residência e/ou domicílio do réu para fixação da competência 
Os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido: são as causas de pedir que podem ser modificadas: antes da citação do réu, mediante requerimento do autor; após a citação, com consentimento do réu (art. 264/CPC); na revelia, após a nova citação do réu. 
Fato (causa de pedir remota): todo direito ou interesse a ser tutelado surge em razão de um fato ou um conjunto deles, por isso eles são necessários na petição inicial. Ex: direito de rescindir o contrato de locação (fato gerador do direito) em razão do não pagamento dos aluguéis (fato gerador da obrigação do réu). 
Fundamentos jurídicos (causa de pedir próxima): que não é a indicação do dispositivo legal que protege o interesse do autor. 
O pedido e suas especificações: aqui temos uma limitação também da atuação jurisdicional. 
Pedido Imediato: é sempre certo e determinado. É o pedido de uma providência jurisdicional do Estado (Ex: sentença condenatória, declaratória, constitutiva, cautelar, executória etc). 
Pedido Mediato: pode ser genérico nas hipóteses previstas na lei. É um bem que o autor pretende conseguir com essa providência. 
Pedido Alternativo: (art. 288/CPC) Ex: peço anulação do casamento ou separação judicial. 
Pedido Cumulativo: (art. 292/CPC) desde que conexos os pedidos podem ser cumulados. 
O valor da causa: toda causa deve ter um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico (art. 258/CPC), pois tal valor presta a muitas finalidades, como: 
base de cálculo para taxa judiciária ou das custas (Lei Est./SP 4952/85, art. 4°) 
definir a competência do órgão judicial (art. 91/CPC) 
definir a competência dos Juizados Especiais (Lei 9099/95, art. 3°, I) 
definir o rito a ser observado (art. 275/CPC) 
base de multa imposta ao litigante de má-fé (art. 18/CPC) 
base para o limite da indenização 
As provas que pretende produzir: (art. 282, VI/CPC): é praxe forense deixar de indicar as provas, apenas protestando na inicial “todas que sejam necessárias”. Em razão disso, surgiu um despacho inexistente no procedimento: "indiquem as partes as provas que efetivamente irão produzir".
O requerimento de citação do reú: ato pelo qual se assegura o exercício do contraditório (defesa do réu). A citação pode se dar: 
pelo correio: com A.R. (Aviso de Recebimento) 
por mandado: quando o réu é incapaz ou quando não há entrega domiciliar de correspondência (art. 221/CPC) 
por edital: nas hipóteses do art. 231, quando deve ser declarado na inicial. Se houver dolo da parte do autor, ele incorrerá no art. 233. 
por meio eletrônico: conforme regulado em lei própria. (Incluído pela Lei 11.419/2006) 
Subjetivos
Precisão: Os fatos devem ser narrados de forma precisa na petição inicial. Esta precisa estar ligada as particularidades de cada caso em concreto.
Clareza: Além da precisão, os fatos também devem ser descritos com clareza, para que possam ser entendidos pelo juiz e pelo réu. Caso o magistrado não qual o pedido ali posto, não atenderá seu pedido.
Concisão: Deverá o autor ser objetivo na exposição dos fatos, evitando dados que não ajudam no deslinde da causa.
Critérios determinativos de distribuição de competência
A competência é distribuída de acordo com vários critérios. A doutrina procurou sistematizá-los, dividindo-os em três espécies: o critério objetivo, o critério funcional e critério territorial.
Em toda causa os três critérios devem ser observados. Por exemplo: em uma ação de alimentos propostas em Aracaju, observa-se o critério territorial (Aracaju), o objetivo (Vara de Família) e o funcional (competência originária do juízo monocrático de primeira instância). Há situações em que um dos critérios é irrelevante, como, por exemplo, o exame da competência territorial de um tribunal superior, que exerce jurisdição em todo o território nacional.
A sistematização é útil do ponto de vista prático, pois auxilia na identificação do juízo competente, e importante, do ponto de vista técnico, pois é a base de que se vale a legislação brasileira para criar as regras de competência absoluta ou relativa.
I) Critério objetivo: em razão da matéria, em razão da pessoa e em razão do valor da causa
O critério objetivo é aquele pelo qual se leva em consideração a demanda apresentada ao Poder Judiciário como o dado relevante para a distribuição da competência. É fundamental o conhecimento dos elementos da demanda para a correta compreensão deste critério: partes, pedido e causa de pedir. Com base nos elementos da demanda, distribui-se a competência. 
Assim, é possível identificar três sub-critérios objetivos de distribuição da competência.
       A)    Competência em razão da pessoa: a fixação da competência tendo em conta as partes envolvidas (rationae personae). O principal exemplo de competência em razão da pessoa é o da vara privativa da Fazenda Pública, criada para processar e julgar causas que envolvam entes públicos. Há casos de competência de tribunal determinada em razão da pessoa, como prerrogativa do exercício de algumas funções (mandado de segurança contra ato do Presidente da República é da competência do STF).
       B)    Competência em razão da matéria: a competência em razão da matéria é determinada pela natureza da relação jurídica controvertida, definida pelo fato jurídico que lhe dá causa. Assim, é a causa de pedir, que contém a afirmação do direito discutido, o dado a ser levado em consideração para a identificação do juízo competente. É com base neste critério que as varas de família, civil, penal, etc. são criadas. OBS: As competências material e pessoal são exemplos de competência absoluta.
A competência material ou em razão da Matéria, “ratione Materiae”, classifica-se como competência material (ratione materiae) a que considera a matéria de que trata o pedido, isto é, a natureza do direito material controvertido. Tal competência tem como exemplo a da Justiça do Trabalho para conhecer e julgarcausas trabalhistas, ou a Justiça Criminal para conhecer e julgar crimes comuns. É inderrogável por convenção das partes. Humberto Theodoro Júnior diz que, “passada essa fase, a procura do órgão judicante será feita à base do critério territorial. Mas, dentro do foro, é ainda possível a subdivisão do mesmo entre varas especializadas (por exemplo: varas de família, de falência, de acidentes de trânsito etc.)
A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. A competência da Justiça Federal será para processar e julgar, em primeira instância, as causas sujeitas à jurisdição da Justiça Federal elencadas no art. 10 da Lei nº 5010/66.
Nas Comarcas do interior onde não funcionar Vara da Justiça Federal, os Juízes Estaduais são competentes para processar e julgar:as vistorias e justificações destinadas a fazer prova perante a administração federal, centralizada ou autárquica, quando o requerente for domiciliado na Comarca; os feitos ajuizados contra instituições previdenciárias por segurados ou beneficiários residentes na Comarca, que se referirem a benefícios de natureza pecuniária; as ações de qualquer natureza, inclusive os processos acessórios e incidentes a elas relativos, propostas por sociedades de economia mista com participação majoritária federal contra pessoas domiciliadas na Comarca, ou que versem sobre bens nela situados.
       C)    Competência em razão do valor da causa: há regras de competência que são criadas a partir do valor da causa. O valor da causa é definido a partir do valor do pedido, um dos elementos da demanda. Um bom exemplo de competência em razão do valor da causa é a competência dos Juizados Especiais. OBS: O art. 111 do CPC permite a modificação da competência em razão do valor da causa. Seria, portanto, um exemplo de competência relativa. É por isso que o sujeito pode optar por demandar ou não perante o Juizado Especial Cível, no caso de uma demanda cujo valor é inferior ao teto dos Juizados Especiais.
No entanto, a questão não é tão simples. A competência dos Juizados Especiais Federais, onde houver, é absoluta. O mesmo ocorre com os Juizados Especiais Estaduais da Fazenda Pública. Cria-se, pois, uma regra de competência em razão do valor da causa que é absoluta.
Do mesmo modo, quando há competência em razão do valor da causa, o juízo é absolutamente incompetente para conhecer as causas que extrapolem o limite estabelecido. Assim, por exemplo, se o juízo somente tiver competência para julgar causas até cem salários-mínimos, se ele conhece e julga cujo valor é cento e dez salários-mínimos, há incompetência absoluta. Perceba, portanto, que, abaixo do limite imposto pela lei, está-se diante de uma competência relativa; acima do limite, de competência absoluta.
II) Critério territorial
Os órgãos jurisdicionais exercem jurisdição nos limites das suas circunscrições territoriais. A competência territorial é a regra que determina em que território a causa deve ser processada. É o critério que distribui a competência em razão do lugar. Trata-se de competência, em regra, relativa, derrogável pela vontade das partes.
Critério territorial ou de foro, “ratione loci”: Segundo a organização do CPC, a Seção III trata da competência territorial. A competência territorial ou ratione locci diz respeito à comarca a qual o juízo é competente para julgar a causa, ou à comarca cujos limites do pedido devam, ou possam ser estabelecidos, dentro do alcance da jurisdição. Denomina-se foro a circunscrição territorial judiciária onde a causa deve ser proposta. “A competência territorial serve para fixar o ofício perante o qual deve ser tratada a lide ou o negócio, não do ponto de vista do grau, mas sim do da sede, ou seja, para a eleição entre os vários ofícios do mesmo tipo ou grau.
III) Critério funcional
A competência funcional – ou critério funcional de determinação da competência – relaciona-se com a distribuição das funções que devem ser exercidas em um mesmo processo. Toma-se por critério de distribuição aspectos internos, relacionados ao exercício das diversas atribuições que são exigidas do magistrado durante toda a marcha processual.
A competência funcional, que pode ser: 
a) por graus de jurisdição (originária ou recursal); 
b) por fases do processo (cognição e execução, p. ex.); 
c) por objeto do juízo: uniformização de jurisprudência, declaração de inconstitucionalidade em tribunal, etc. 
A distribuição da competência funcional pode ser visualizada em uma perspectiva horizontal (na mesma instância, como ocorre no caso de reconhecimento de inconstitucionalidade em tribunal) ou em uma perspectiva vertical (em instâncias diversas, como ocorre com a divisão da competência originária e da competência derivada).
Belo exemplo para visualizar a competência funcional é o do processo de apuração dos crimes dolosos contra a vida: a) ao juiz singular compete pronunciar ou impronunciar o réu, absolve-lo sumariamente ou desqualificar o crime; b) uma vez pronunciado o réu, cabe ao Conselho de Sentença condenar ou absolve-lo; c) uma vez condenado, voltam os autos ao Juiz Presidente, para que proceda à dosimetria da pena.
       
A competência funcional pela vinculação do juiz ao processo – o princípio da identidade física do juiz (art. 132, CPC)
O art. 132 do CPC estabelece o chamado princípio da identidade física do juiz, segundo o qual o juiz da sentença deve ser o mesmo que ultimou audiência de instrução e julgamento. Trata-se de regra que deriva do princípio da oralidade, segundo o qual as provas devem ser produzidas perante o magistrado que julgará a causa.

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