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TEORIA GERAL DO PROCESSO U1- NOÇÕES TEÓRICAS BÁSICAS DO PROCESSO U3S2 ÉTTORE DE LIMA Princípios inerentes à jurisdição A atividade jurisdicional é informada por princípios fundamentais que, com ou sem expressão na própria lei, fazem parte da substância ou essência deste instituto, fundamentando os alicerces em que esse se finca. São, os princípios, os responsáveis pelo norte a ser dado no desenvolvimento de determinada disciplina ou instituto, servindo ainda de segura orientação para o exercício da interpretação. UNICIDADE E INDIVISIBILIDADE ➢ A jurisdição pode conhecer de qualquer espécie de problema jurídico. INDAGAÇÃO Poderíamos ter outros sistemas? O que você acha da divisão da jurisdição? SECUNDARIEDADE ➢ A jurisdição deve ser o último caminho na busca de solucionar os conflitos. Em tese, o direito deveria ser realizado sem que houvesse atuação da jurisdição. ❑ Cultura demandista brasileira. ▪ Como ocorre nos outros países do mundo ? TERRITORIALIDADE ➢Os juízes somente podem atuar nos limites territoriais traçados pela lei para o exercício de sua função jurisdicional. ➢ Exceções: previsão legal. Obs: prévia → Jurisdição e competência. INVESTIDURA ➢ Somente poderá desempenhar a função jurisdicional aquele que tenha sido regularmente investido nesta função. INDELEGABILIDADE ➢O exercício da jurisdição não pode ser delegado, ou seja, transferido para outrem. Assim, uma vez fixada a jurisdição a determinado magistrado, caberá a ele, em regra, por exemplo, proferir as decisões pertinentes aos processos que lhe foram distribuídos. Exceções: previstas em lei. INEVITABILIDADE ➢ A relação existente entre as partes envolvidas no conflito e o Estado-juiz é uma relação de inevitável sujeição. Uma vez integrada à relação processual, não há qualquer necessidade de prévia aceitação da parte ou mesmo da expressão de sua vontade para que ela tenha que se sujeitar aos comandos da jurisdição. OBS: direito processual é ramo de direito público. INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO ➢ Está previsto na Constituição Federal, no art. 5º, inciso XXXV: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de lesão”. Toda lesão ou ameaça de direito não poderá ser afastada do conhecimento do Poder Judiciário. ➢Exceção: para as questões da justiça desportivas há a necessidade do esgotamento das vias administrativas desportivas para a lide seja levada ao Judiciário. ➢Exceção: meios administrativos de resolução de determinados conflitos. JUIZ NATURAL ➢Ninguém poderá ser processado senão por autoridade competente, assim entendida como aquela cuja competência está expressa e previamente prevista em lei. A Constituição Federal disciplina normativamente este princípio ao prever que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente” (art. 5º, LIII) e, ainda, que “não haverá juízo ou tribunal de exceção” (art. 5º, XXXVII). OBS: distribuição de ações; justiças especializadas; suspeição e impedimento. COMPETÊNCIA ❑ Refere-se ao limite do exercício de um poder. Por meio dessas regras é possível saber de antemão qual será o órgão jurisdicional que poderá conhecer e julgar determinado conflito. Trata-se da forma de se concretizar o princípio do juiz natural Art. 42 CPC. JURISDIÇÃO X COMPETÊNCIA A jurisdição se trata da função estatal (ou delegada pelo Estado) que consiste preponderantemente em resolver os conflitos instaurados perante determinada sociedade, e a competência define a qual órgão caberá a solução dos conflitos. A jurisdição, como estudamos, é una, mas o tipo de conflito que caberá a cada órgão pacificar depende justamente das regras de competência. JUIZ x JUIZO ❑ JUIZ: referência direta à pessoa de quem está exercendo o cargo. ❑ JUÍZO: decorre da distribuição de competência (órgão jurisdicional) estabelecida em lei, está ligada ao poder concedido pelo Estado ao Exercício da Jurisdição. Essa distinção será muito importante quando falarmos mais adiante da incompetência e impedimento. IMPEDIMENTO E INCOMPETÊNCIA ❑ IMPEDIMENTO: trazem vedações de ordem objetiva aos juízes para atuarem em determinados processos. São vedações, portanto, que dizem respeito a qualidades inerentes à pessoa do magistrado. ❑ INCOMPETÊNCIA: estamos analisando outro rol de impossibilidades de atuação de magistrados, dessa vez não mais relacionadas à sua pessoa, mas, sim, ao próprio órgão jurisdicional que compõem. IMPEDIMENTO Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. SUSPEIÇÃO Art. 145. Há suspeição do juiz: I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. IMPEDIMENTO E INCOMPETÊNCIA CRITÉRIOS PARA A DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA CRITÉRIOS PARA A DETERMINAÇÃO DA COMPETÊNCIA ❑ TERRITORIAL: A lei estabelece uma série de regras que repartem geograficamente as atribuições dos órgãos jurisdicionais. Basicamente, a competência territorial determina qual será o foro competente para dirimir determinado conflito. ❑FUNCIONAL: esse critério encontra utilidade para verificar qual órgão terá a competência originária para conhecer determinada ação: se um tribunal ou um juiz monocrático: “A competência funcional pode ser determinada a partir do objeto do próprio juízo, da hierarquia e das distintas fases do procedimento”. A regra que prevalece no nosso ordenamento jurídico é que as ações devem ser propostas perante juízes monocráticos. A propositura de ações perante os tribunais é excepcional e deve ter expressa previsão em lei. ❑OBJETIVOS: valor da causa, matéria ou pessoa. PRINCÍPIO DA PERPETUATIO JURISDICTIONIS ❑ Uma vez fixada a competência, em virtude da distribuição da ação, em regra, quaisquer alterações fáticas ou jurídicas posteriores são irrelevantes, não influindo no órgão competente para dirimir a matéria. Uma vez distribuída a ação, portanto, em regra, a competência restará estabilizada. OBS: caso de conexão (duas ou mais ações têm em comum o pedido ou a causa de pedir) e continência (identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais) são distribuídos por dependência (art. 286, CPC). PREVENÇÃO ❑O instituto da prevenção tem lugar quando há necessidade de se decidir qual é o juiz competentepara julgar determinada ação quando houve propositura de duas ou mais ações conexas para juízes, em tese, igualmente competentes para julgar a matéria. REUNIÃO DE PROCESSOS ❑ Será a data de registro ou de distribuição da petição inicial que tornará prevento o juízo, sendo que eventuais outras ações conexas eventualmente distribuídas posteriormente a outros juízos deverão ser reunidas para julgamento conjunto. Devem ser reunidos para julgamento conjunto “os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles”. DELIMITAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE COMPETÊNCIA ❑ Há previsões normativas acerca da competência na Constituição Federal, no Código de Processo Civil, nas legislações especiais, nas normas de organização judiciária, e ainda nas Constituições dos Estados da federação. Essas são as denominadas fontes normativas da competência, cuja previsão se encontra no artigo 44, NCPC. ❑ Regramento: CDC (foros comuns e especiais). DELIMITAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE COMPETÊNCIA ❑ Há previsões normativas acerca da competência na Constituição Federal, no Código de Processo Civil, nas legislações especiais, nas normas de organização judiciária, e ainda nas Constituições dos Estados da federação. Essas são as denominadas fontes normativas da competência, cuja previsão se encontra no artigo 44/53, NCPC. ❑ Regramento: CDC (foros comuns e especiais). GRADAÇÃO DA COMPETÊNCIA ❑ Competência absoluta: previsões legais inalteráveis por vontade das partes ou mesmo do juiz que conduzir a causa. Em caso de eventual desrespeito a tais rígidas previsões, estaremos diante do vício de incompetência absoluta → INTERESSE PÚBLICO. ❑ Competência relativa: pode, dentro dos limites fixados em lei, ser modificada, vez que as normas previstas para ela são facultativas. Nessas situações, o vício gerado pela inobservância das respectivas regras será de incompetência relativa, que, ao contrário da absoluta, não pode ser conhecido de ofício pelo juiz. Se a parte interessada não arguir o vício, a matéria precluirá, ocorrendo a denominada prorrogação de competência → INTERESSE PRIVADO DAS PARTES. * Prorrogação de competência → art. 65 CPC. → Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação. GRADAÇÃO DA COMPETÊNCIA ❑ Em relação aos critérios de fixação, a competência absoluta é fixada em razão da matéria (matéria cível, matéria penal, etc); em razão da pessoa (quando se tratar da parte em si, por exemplo quando a parte tiver alguma prerrogativa de função, determinada pela legislação); e em razão funcional (pela hierarquia do órgão e suas repartições de atividade, assim como do grau de jurisdição). ❑A competência relativa é fixada em razão do valor da causa, para sua fixação entre o Juizado Especial ou Justiça Comum; e fixada em razão do foro/território, que em regra é no domicílio do réu, e suas exceções estão descritas no CPC (entretanto em ação possessória sobre bem imóvel, a competência territorial será absoluta - art. 47, § 2º, CPC). * Cláusula de eleição de foro → art. 63 CPC.
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