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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ALICE MARIA SCALABRIM LIZA DE MORAES NATALIA MARCARINI SIMIONATO PERCIVAL PSCHEIDT DO REGO RAFAEL CRIADO RIBEIRO WALESKA MORAES REIS CLASSIFICAÇÃO DO ESCOAMENTO A PARTIR DO NÚMERO DE REYNOLDS RELATÓRIO DE ATIVIDADE PRÁTICA MECÂNICA DOS FLUIDOS 2 PATO BRANCO – PR OUTUBRO 2018 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 4 3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 5 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 10 5. CONCLUSÕES ................................................................................................... 13 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 14 3 1. INTRODUÇÃO Segundo Rodrigues, o escoamento laminar ocorre quando as partículas de um fluido se movem ao longo de trajetórias bem definidas, apresentando lâminas ou camadas cada uma delas preservando sua característica no meio. No escoamento laminar a viscosidade age no fluido no sentido de amortecer a tendência de surgimento da turbulência. Este escoamento ocorre geralmente a baixas velocidades e em fluídos que apresentem grande viscosidade. No caso do escoamento turbulento, Rodrigues fala que ele ocorre quando as partículas de um fluido não se movem ao longo de trajetórias bem definidas, ou seja as partículas descrevem trajetórias irregulares, com movimento aleatório, produzindo uma transferência de quantidade de movimento entre regiões de massa líquida. Este escoamento é comum na água, cuja a viscosidade é relativamente baixa. O número de Reynolds (abreviado como Re) é um número adimensional usado em mecânica dos fluídos para o cálculo do regime de escoamento de determinado fluido dentro de um tubo ou sobre uma superfície. É utilizado, por exemplo, em projetos de tubulações industriais e asas de aviões. O seu nome vem de Osborne Reynolds, um físico e engenheiro irlandês e o seu significado físico é um quociente entre as forças de inércia e as forças de viscosidade. A importância fundamental do número de Reynolds é a possibilidade de se avaliar a estabilidade do fluxo podendo obter uma indicação se o escoamento flui de forma laminar, turbulenta ou de transição. O número de Reynolds constitui a base do comportamento de sistemas reais, pelo uso de modelos reduzidos. Pode-se dizer que dois sistemas são dinamicamente semelhantes se o número de Reynolds, for o mesmo para ambos. Nesse trabalho foram feitos experimentos para analisar as diferenças entre o escoamento turbulento e o laminar, baseado no número de Reynolds encontrado em cada situação, a partir da velocidade do escoamento, do diâmetro hidráulico, da massa específica e da viscosidade cinemática da água. 4 2. OBJETIVOS Este relatório tem como objetivo a observação e definição dos escoamentos, em um conduto livre, em laminar, transição ou turbulento. Para tal deve-se determinar o número de Reynolds através da velocidade e temperatura da água, parâmetros estes obtidos experimentalmente e relacioná-los com a densidade e viscosidade cinemática da água nos pontos estudados. 5 Figura 1 - Definição da distância a ser percorrida. Fonte: Autoria própria, 2018. 3. MATERIAIS E MÉTODOS Para a classificação do tipo de escoamento foi necessário realizar o cálculo do número de Reynolds (𝑅𝑒) que é um número adimensional usado em mecânica dos fluidos para o cálculo do regime de escoamento de determinado fluido dentro de um tubo ou sobre uma superfície. Assim, temos que: 𝑅𝑒 = 𝜌𝑉𝐷ℎ 𝜇 Onde: 𝜌 é a massa específica do fluido em questão. 𝑉 é a velocidade do escoamento. 𝐷ℎ é o diâmetro hidráulico do conduto. 𝜇 é a viscosidade cinemática do fluido. Infere-se que para o cálculo do diâmetro hidráulico, deve-se utilizar a seguinte equação: 𝐷ℎ = á𝑟𝑒𝑎 𝑚𝑜𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑚𝑜𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜 Para a determinação da velocidade da água, utilizou-se uma bancada para experimentos em canais abertos. Primeiramente foi marcado no conduto uma distância previamente definida (Figura 1), onde através dela percorreu uma boia, demonstrada na Figura 2, que serviu como referencial para a medição do tempo que esta precisava para percorrer a distância estabelecida. 6 Figura 2 - Medição do tempo. Fonte: Autoria própria, 2018. Figura 3 - Medição da largura do conduto. Fonte: Autoria própria, 2018. Desse modo foram realizadas três vezes às medições do tempo, utilizando o cronômetro do celular dos alunos. Com isso, calculou-se a velocidade para cada amostra através da equação 2 abaixo, sabendo que 𝛥𝑋 é a distância percorrida pela boia em metros e 𝑡 é o tempo cronometrado em segundos. 𝑣 = 𝛥𝑋 𝑡 Com isso calculou-se a média aritmética dentre os três valores de velocidade encontrados. Para o cálculo do diâmetro hidráulico foi necessário medir a largura do conduto (Figura 3) e a altura de água (Figura 4) com o auxílio de uma régua. Vale lembrar que estas medidas foram realizadas descontando a espessura do conduto. 7 Utilizando um termômetro digital (Figura 5) realizou-se a medição da temperatura da água. Tal valor foi utilizado como parâmetro para encontrar informações tabeladas de massa específica e viscosidade cinemática da água. Figura 4 - Medição da altura d'água. Fonte: Autoria própria, 2018. Figura 5 - Medição da temperatura da água. Fonte: Autoria própria, 2018. 8 Ao comparar os valores medidos com tabelas encontradas na literatura, percebeu-se que estes dados não estavam tabelados. Assim, realizou-se uma interpolação dos valores de viscosidade cinemática e peso específico para as temperaturas medidas, através das Figura 6 e 7 abaixo. Com todos as informações em mãos, calculou-se então o número de Reynolds para a classificação do tipo de escoamento conforme a Tabela 1 abaixo. Figura 6 – Tabela da densidade da água em relação à sua temperatura. Fonte: Handbook of Chemistry and Physics, CRC press, Ed 64. Figura 7 – Tabela da viscosidade cinemática da água em relação à sua temperatura. Fonte: Vaxa, s.d. 9 Tabela 1 – Classificação do escoamento a partir do número de Reynolds. Fonte: Rodrigo de Melo Porto, 2006.Escoamento Re Laminar <2300 Transição Entre 2300 e 4000 Turbulento >4000 10 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Realizando a parte prática descrita no tópico anterior, realizou-se duas situações, sendo que a primeira possuía visivelmente maior velocidade do que a segunda. Assim, temos os dados coletados para ambos os casos apresentados na Tabela 2 a seguir. Infere-se que os valores referentes à “a” e “b” na tabela fazem jus à altura de água e à largura do conduto, representados na Figura 8. Tabela 2 - Dados coletados na prática. Fonte: Autoria própria, 2018. Com isso foi calculada a velocidade do escoamento em cada amostra e realizada a média aritmética destas. Os resultados encontrados estão na Tabela 3 a seguir. SITUAÇÃO 1 Amostra t (s) T (°C) a (m) b (m) 1 7,86 1 27,8 0,102 0,1935 2 7,98 3 7,91 SITUAÇÃO 2 Amostra t (s) T (°C) a (m) b (m) 1 12,56 0,3 28,6 0,102 0,123 2 12,56 3 12,95 ∆𝒙 (𝒎) ∆𝒙 (𝒎) Figura 8 - Dimensões do conduto. Fonte: Autoria própria, 2018. 11 Tabela 3 - Velocidade média dos escoamentos. Fonte: Autoria própria, 2018. Em seguida, com os dados de temperatura e as tabelas da literatura demonstradas anteriormente, realizou-se a interpolação destes valores para as temperaturas medidas experimentalmente, encontrando os dados da Tabela 4. Tabela 4 - Valores interpolados para densidade e viscosidade cinemática da água. SITUAÇÃO 1 T (°C) ρ (kg/m3) µ (kg/ms) 27,8 996,26 0,0008368 SITUAÇÃO 2 T (°C) ρ (kg/m3) µ (kg/ms) 28,6 996,02 0,0008222 Fonte: Autoria própria, 2018. Em seguida, calculou-se o diâmetro hidráulico do conduto, encontrando um valor de 0,04036 m para a situação 1 e de 0,03605 m para a situação 2. Com todas as informações e parâmetros do número de Reynolds, encontrou-se então o seu devido valor, estando este representado na Tabela 5 abaixo. Conforme pode-se verificar observando a Tabela 1 acima, a situação 1 trata-se de um escoamento SITUAÇÃO 1 Amostra V (m/s) Vmédia (m/s) 1 0,1272 0,1263 2 0,1253 3 0,1264 SITUAÇÃO 2 Amostra V (m/s) Vmédia (m/s) 1 0,0239 0,0236 2 0,0239 3 0,0232 12 turbulento, uma vez que seu número de Reynolds encontrado é maior do que 4000, segundo Porto (2006). Já para a situação 2, pode-se dizer que se trata de um escoamento laminar, pois, segundo o mesmo autor, o número de Reynolds calculado deu inferior a 2300. Tabela 5 - Número de Reynolds. Fonte: Autoria própria, 2018. SITUAÇÃO 1 SITUAÇÃO 2 Re 6070 1033 13 5. CONCLUSÕES A importância fundamental do número de Reynolds é a possibilidade de se avaliar a estabilidade do fluxo podendo obter uma indicação se o escoamento flui de forma laminar, turbulenta ou de transição. Este número constitui a base do comportamento de sistemas reais, pelo uso de modelos reduzidos. Um exemplo comum é o túnel aerodinâmico onde se medem forças desta natureza em modelos de asas de aviões. Pode-se dizer que dois sistemas são dinamicamente semelhantes se o número de Reynolds, for o mesmo para ambos. Assim, com as análises realizadas a partir dos dados coletados experimentalmente, infere-se que conforme a velocidade do escoamento aumenta, o número de Reynolds será maior, o que consequentemente gerará um escoamento turbulento, em que as partículas têm movimento aleatório, seguindo trajetórias irregulares. Do contrário, desejando-se um escoamento laminar, em que as partículas se movem em trajetórias definidas, a velocidade aplicada deve ser baixa, pois esse tipo de escoamento ocorre geralmente a velocidades reduzidas e em fluidos viscosos. Essa determinação é de extrema importância para os dimensionamentos industriais para correta seleção dos melhores materiais a serem utilizados, já que o número de Reynolds leva em conta também dois parâmetros do fluido, que seriam a densidade e a viscosidade cinemática, características estas, próprias de cada material. 14 REFERÊNCIAS CRC. Handbook of Chemistry and Physics. Tabela da densidade da água com a temperatura. 64° ed. Disponível em: < https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/286169/mod_resource/content/2/TABELA%2 0DE%20DENSIDADE%20DA%20%C3%81GUA%20COM%20A%20TEMPERATUR A.pdf>. Acesso em: 23 out. 2018. PORTO, R. M. Hidráulica Básica. 4° ed. São Carlos: EESC-USP, 2006. RODRIGUES, L. E. M. J. Mecânica dos fluidos. Aula 10 – Escoamento Laminar e Turbulento. IFSP. Disponível em: http://www.engbrasil.eng.br/pp/mf/aula10.pdf. Acesso em: 24 out de 2018. SOUZA, Jorge Luiz Moretti de. Propriedades físicas da água. 2010. 17 f. Tese (Doutorado) - Curso de Agronomia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010. Disponível em: <http://www.moretti.agrarias.ufpr.br/raspa/U_I02_propriedades_da_agua.pdf>. Acesso em: 22 out. 2018. VAXA. Tabela viscosidade dinâmica da água a várias temperaturas. Disponível em: <http://www.vaxasoftware.com/doc_edu/qui/viscoh2o.pdf>. Acesso em: 23 out. 2018.