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APOSTILA CIDADANIA ETICA E MEIO AMBIENTE

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIDADANIA, ÉTICA E 
MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
 
 
 
FATORES QUE INFLUENCIAM AS MUDANÇAS 
CULTURAIS 
 
Por outro lado, a continuidade cultural tem seus custos. No campo da 
tecnologia, por exemplo, a inovação leva, em geral, a uma maior eficiência no 
uso da energia e do tempo humano, a uma melhoria no padrão de vida e 
amplia as possibilidades em diversas áreas. Da mesma forma podem ser 
grandes os benefícios com as mudanças no campo das organizações sociais. 
Nenhuma sociedade é perfeita ou adquiriu uma forma acabada e definitiva para 
a vida em comum. Especialmente no mundo moderno e contemporâneo, após 
a Revolução Industrial e o desenvolvimento da ciência moderna, a mudança 
sociocultural tornou-se permanente e intensa. Nos dias de hoje, as sociedades 
que incluem um mais amplo componente de mudança, tendem a favorecer uma 
melhor qualidade de vida para uma parcela cada vez maior da sua população. 
São vários os fatores que contribuem para a mudança e inovação em 
uma sociedade: fatores internos à própria sociedade ou fatores externos do 
ambiente que a cerca. Em nossos dias, tornou-se muito clara a extrema 
importância da relação entre a sociedade e o seu ambiente. O meio ambiente 
não é somente uma fonte crucial para o sustento da sociedade com suas 
características climáticas e geográficas em geral, suas riquezas naturais, suas 
 
 
 
fontes de energia, sua flora e fauna, tudo isso funcionando como um conjunto 
de condições em relação ao qual a sociedade deve se adaptar. Nesse 
processo, a sociedade pode interagir com o seu ambiente em diferentes formas 
e direções: seja contribuindo para melhorar ou para piorar e prejudicar suas 
condições de vida. As mudanças no ambiente acabam por forçar mudanças na 
sociedade. As sociedades, ao longo da história, tiveram necessidade de 
ajustar-se às mudanças no ambiente. Esse é um processo de adaptação 
inquestionável. 
 
O ambiente a que uma sociedade deve adaptar-se inclui, também, 
outras sociedades com as quais ela mantém contato. Uma mudança maior em 
uma costuma desencadear um processo em cadeia gerando consequências 
para as outras e obrigando a ajustamentos e inovações. Mas há outras fontes 
de mudanças. A dinâmica das forças no interior das sociedades, que fazem 
parte da própria condição do ser humano, impede que a sociedade permaneça 
estável permanentemente. Em primeiro lugar, na transmissão da herança 
cultural de uma geração para outra ocorrem alterações de vários tipos. 
Como vimos anteriormente, os indivíduos não são passivos na formação 
dos hábitos, na aprendizagem dos costumes e na recepção das informações 
ao longo de seu crescimento e desenvolvimento. Os seres humanos 
aparentemente, por sua própria natureza, são motivados a tentar novos 
padrões de ação. Muitas vezes, a motivação é a simples curiosidade que pode 
 
 
 
ser intensificada pelo mundo cultural. Ou, então, a motivação pode ser o 
simples auto interesse material. Os homens buscam maximizar suas 
recompensas, isto é, ganhar mais e melhor como resultado de suas ações. 
Dessa forma, a experimentação e as inovações são inevitáveis. 
O acaso ou as “chances” desempenham uma parte importante no 
processo da inovação e das descobertas, mas o conhecimento, a inteligência e 
a ação com propósito, que movem a disposição maior para a pesquisa, são 
essenciais. As novas descobertas e as inovações resultam da combinação de 
“chance”, conhecimento e persistência em uma ação com propósito. 
 
A quantidade de informação acumulada por um grupo social é, talvez, o 
fator mais importante para a capacidade de inovação e mudança positiva para 
a vida de seus membros. As invenções que constituem um dos processos 
básicos de inovação são essencialmente recombinações de elementos 
existentes da cultura. Outro fator dos mais importantes no mundo atual é o 
contato com outras sociedades. Quanto maior for o relacionamento com outros 
povos e culturas maiores são as oportunidades para incorporar suas 
descobertas e inovações. É sempre possível incorporar a herança cultural de 
outras sociedades. 
É importante assinalar que esses fatores mencionados, que estimulam e 
promovem as mudanças e a inovação nas sociedades, são mutuamente 
interdependentes. Há outro aspecto na relação entre diferentes sociedades e 
 
 
 
culturas que devemos considerar. É um engano pensar que a paz entre nações 
seja um estado normal e que a hostilidade, o conflito e a guerra são condições 
anormais. Gostaríamos que fosse verdade, mas os registros históricos e a 
realidade de nosso tempo indicam que é diferente. 
São várias as razões para explicar porque as guerras e outros 
confrontos são tão comuns. A causa básica parece ser a mesma que motiva a 
competição no mundo biológico de maneira geral, isto é, a escassez de 
recursos. Tanto Malthus quanto Darwin reconheceram que uma oferta finita de 
recursos, independente de seu tamanho, nunca seria suficiente para uma 
população com uma infinita capacidade para o crescimento. 
A não ser que uma população, animal ou humana, controle seu 
crescimento, em algum momento ela esgotaria seus recursos. Isso ajuda a 
explicar as ações de invasão de territórios e apropriação de recursos de outros 
grupos sociais, ou povos ou nações. Na medida em que esses recursos são 
essenciais, a sociedade atingida reage. O conflito, assim, torna-se inevitável. 
 
No caso dos humanos o problema tornou-se especialmente complicado 
pela existência da cultura. O problema da escassez torna-se mais agudo nas 
sociedades humanas porque a cultura multiplica enormemente nossos desejos 
e necessidades. Os desejos dos animais são limitados enquanto os dos seres 
humanos quanto mais os realizam mais, de um modo geral, desejam. O 
cientista social americano Thorstein Veblen viu isso com clareza. Em um livro 
 
 
 
publicado no final do século IXX ele desenvolveu a tese de que uma vez que 
uma sociedade é capaz de produzir mais do que o necessário para viver, seus 
membros lutam para adquirir bens e serviços não essenciais por causa de seu 
valor de prestigio. Um pouco antes, na metade do mesmo século, Karl Marx 
havia diagnosticado esse mesmo problema ao descrever as sempre novas 
necessidades criadas artificialmente pelo processo de desenvolvimento da 
sociedade moderna. Considerando que o prestígio é sempre, para as 
diferentes pessoas das diversas classes sociais, uma questão relativa (é uma 
medida da posição social de alguém em relação aos demais), é impossível 
satisfazer a demanda por bens e serviços gerada pela permanente busca de 
sempre mais prestígio. A escassez seria, portanto, inevitável não importando o 
quanto de tecnologia se desenvolva e em quanto se aumente a produção. 
Guerras podem destruir culturas e civilizações. E, com isso, acabam 
gerando grandes transformações sociais e culturais. Formas não militares de 
poder também acarretam destruição de culturas através de um processo de 
incorporação de sociedades culturalmente mais vulneráveis porque 
tecnologicamente menos desenvolvidas. É o caso de muitas sociedades, tribos 
e etnias antigas, que acabam abandonando sua cultura tradicional, minando 
sua autonomia como grupo social. Isso acontece especialmente com a cultura 
de sociedades menores e economicamente menos desenvolvidas quando 
entram em contato com sociedades maiores e economicamente mais fortes. 
Considerem como exemplo o que ocorreu, e continua ocorrendo, com as 
culturas indígenas e asde etnias africanas, tanto no Brasil como em outros 
países. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIALIZAÇÃO: UMA APRENDIZAGEM 
PERMANENTE 
 
O processo através do qual aprendemos a cultura da sociedade em que 
vivemos é o que chamamos de socialização. De um modo geral, os seres 
humanos são dotados de uma grande capacidade para aprender a agir de 
maneira socialmente responsável. A socialização é um processo sócio 
psicológico bastante complexo que se inicia no momento do nascimento. O 
objetivo principal de tal processo é adaptar o indivíduo aos costumes, 
comportamentos e modos da cultura do seu ambiente social para que possa 
aprender a sobreviver por si mesmo e ser capaz de, gradativamente, controlar 
seu comportamento de acordo com as exigências da vida em sociedade. 
Ao aprender o significado que a Sociologia atribui ao processo de 
socialização e as maneiras como este processo se desenvolve, podemos 
ampliar nossa visão e conhecimento sobre os mecanismos que operam nas 
sociedades e que dizem respeito à vida cultural. Isso possibilita uma melhor 
compreensão do modo e estilos de vida da sociedade em que nascemos e no 
qual nossas identidades, pessoal e de grupo, se desenvolvem. 
Através do processo de socialização nos tornamos, gradualmente, 
pessoas autoconscientes e capazes de lidar de forma competente com o 
 
 
 
mundo a nossa volta. O estudo dos processos de socialização pode contribuir 
para uma melhor compreensão de fatores que influenciam na construção das 
identidades pessoais (auto identidade) e das identidades dos grupos sociais a 
que pertencemos como a família, o gênero, o grupo religioso, o grupo de 
convivência social, o profissional e outros. 
O processo de socialização é o principal mecanismo que uma sociedade 
possui para a transmissão da cultura através do tempo e das gerações. A 
socialização, além de estar diretamente relacionada com as identidades 
sociais, deve ser vista como um processo que dura à vida toda na medida em 
que as nossas ideias e o nosso comportamento são continuamente 
influenciados pelos relacionamentos sociais e pelo ambiente em que vivemos. 
É através da socialização que aprendemos e incorporamos os hábitos, os 
costumes, valores e normas da vida cultural de nossa sociedade. Desde o 
nascimento, através da infância e da adolescência e mesmo na vida adulta, 
estamos continuamente a aprender comportamentos e formas de interagir em 
diversos e novos ambientes a que somos expostos em nossa trajetória de vida. 
Nossa identidade se modifica ao atingirmos diferentes estágios de 
desenvolvimento e ao assumirmos papéis sociais diversos que se alternam e 
multiplicam ao longo da vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PAPEL SOCIALIZADOR DA FAMÍLIA 
 
É importante reconhecer como desde o nascimento somos socializados 
na cultura de nossa família e como a infância é um período de intensa 
aprendizagem cultural. Aprendemos a falar com aqueles que cuidam de nós na 
primeira infância. Nesse primeiro período da vida é quando as crianças 
aprendem a língua e os padrões básicos de comportamento que formam a 
base para toda a socialização posterior. É de destaque a importância da família 
nessa fase primária da socialização. 
Os relatos dos estudos de casos de crianças que vivenciaram o 
isolamento social evidenciam o quanto essas crianças foram incapazes de 
adquirir as habilidades humanas básicas e tenderam a se parecer mais com os 
animais. É o caso de um menino encontrado em um bosque no sul da França, 
em 1800. “Ele estava sujo, nu, era incapaz de falar e não aprendera a usar o 
sanitário. (...) Nenhum pai ou mãe jamais o procurou. Tornou-se conhecido 
como o menino selvagem de Aveyron. Um exame médico completo não 
encontrou quaisquer anormalidades físicas ou mentais importantes. Por que, 
então, o menino parecia mais animal que humano?” (caso citado no livro, de 
vários autores, Sociologia – sua Bússola para um Novo Mundo, p. 106). São 
vários os casos semelhantes relatados na literatura de ciências sociais. O filme 
 
 
 
alemão O enigma de Kaspar Hause apresenta outro caso de isolamento social 
na infância e que acarretou sérios danos para o desenvolvimento pessoal de 
um ser humano, aparentemente, com capacidades normais. 
 
Devemos, aqui, mencionar Freud como um dos principais estudiosos da 
formação da identidade pessoal (o self) que, há mais de cem anos, reconheceu 
na família o agente mais importante da socialização primária. Em nossos dias, 
questões importantes têm sido levantadas em relação à transformação das 
famílias nas últimas décadas e ao crescimento das taxas de divórcio. Tais 
transformações podem estar afetando o cuidado com as crianças e, portanto, a 
forma de sua socialização, sem ainda termos clareza sobre as suas 
consequências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARCERIA ENTRE FAMILIA E ESCOLA 
 
A parceria família e escola deu certo e sempre dará, desde que haja 
realmente a parceria. A família é a base principal na formação e 
desenvolvimento da criança e do adolescente. A partir do nascimento, 
começam a receber a educação básica para viver em sociedade e exercer a 
sua cidadania, como: pedir licença, pedir desculpas, agradecer, obedecer, 
pedir por favor, dividir, compartilhar, respeitar-se, respeitar os pais, os colegas 
os mais velhos, aprende a se comportar adequadamente nos lugares, a 
esperar a sua vez. 
A escola por sua vez, dará continuidade a esse processo educativo 
vindo da família (a chamada educação de berço) e introduzirá a formação 
acadêmica indispensável para a formação intelectual e profissional, além de 
caminhar lado a lado com a família, favorecendo e fortalecendo a formação de 
valores. 
O que vem acontecendo ultimamente é que as famílias muitas vezes, 
estão perdendo a noção da sua importância e estão deixando toda a 
responsabilidade de educar para a escola, sendo que a verdadeira educação 
se da no seio da família, principalmente através dos exemplos vivenciados 
pelos pais e familiares próximos, exemplos estes responsáveis pela conduta 
 
 
 
das crianças, como por exemplo: De nada adiantaria falar para o filho não 
fumar, não falar palavrões, não falar da vida dos outros se eles próprios o 
fazem. 
Ao efetuar um pagamento e receber o troco errado para mais a seu favor 
e não devolver, burlar as leis de trânsito avançando sinais, enfim, serão esses 
exemplos que ficarão como verdades na cabecinha de nossos filhos, serão os 
que eles reproduzirão. 
A educação familiar é à base de todo 
cidadão, a escola sozinha não faz milagres, até 
porque ele permanece na escola apenas por 
quatro horas e as outras vinte horas do dia, são 
com a família. 
O que vemos hoje, por conta da correria 
atual, é que os pais estão delegando a outros 
essa tarefa tão importante que é EDUCAR, sendo 
esta tarefa de responsabilidade exclusiva dos 
pais e não de babás, tias, avós, sendo estas 
pessoas muito importantes, como apoio desse 
processo educativo quando seguem a mesma 
linha de educação. 
Os pais precisam entender que o filho será 
amanhã o que eles „pais‟, fizerem hoje por seus 
filhos. Muitas vezes a escola é responsabilizada mas, não depende apenas 
dela a tarefa de educar. Para haver realmente parceria entre a família e a 
escola, é preciso que cada um saiba exatamente quais as suas atribuições, ou 
seja o que é responsabilidade da escola e o que é responsabilidade da família. 
Nesta parceria é importantíssimo que a família “vista a camisa” da 
escola escolhida para colocar seu filho e a partir daí caminhar juntos sem teratitudes adversárias, como por exemplo: Quando o filho comenta em casa que 
o professor chamou sua atenção por causa de comportamento inadequado, a 
mãe precipitadamente diz que o professor que é enjoado, chato, não tem o que 
fazer.... com essa atitude estará motivando o filho a desrespeitar o professor, 
sendo que o ideal é se interar melhor sobre o acontecimento e fazer a 
intervenção correta, da mesma forma quando o filho não realiza uma atividade 
 
 
 
de casa por que esqueceu, ou preferiu ficar na Internet, orkut, ou saiu com o 
colega, e ao ser cobrado pelo professor, a mãe ou o pai escreve um bilhete a 
pedido do filho, dando uma desculpa convincente como: ele (a) não estava 
passando bem, ou precisou sair com ele de ultima hora, enfim, abonando 
erradamente a falta, ou melhor, a irresponsabilidade do filho perdendo assim, a 
oportunidade de ensinar a responsabilidade, o compromisso, à verdade, 
valores fundamentais para a formação do seu caráter. 
 
Nessa parceria, ambos tem o mesmo objetivo que é EDUCAR a criança 
e o adolescente num todo. Muitas vezes na escola, ouvimos os pais 
preocupados e reclamando: “Eu não sei mais realizar essas tarefas, não me 
lembro de mais desses conteúdos que estudei há tantos anos, como vou fazer 
para ensinar meu filho em casa? Como é que eu vou acompanhá-lo nos 
estudos?”. 
A escola não quer que a família ensine conteúdos, pois isso é pertinente 
à escola fazê-lo, o que ela precisa é que os pais acompanhem seus filhos no 
sentido de organizá-los quanto aos horários de estudo, descanso e lazer, 
sendo o hábito de estudo diário, fundamental para que ele possa realizar suas 
tarefas com responsabilidade e autonomia. Cabe à família, apenas cobrá-lo as 
responsabilidades e orientá-lo, no caso de dúvidas tirá-las com o professor na 
escola e também orientá-lo quanto à importância da escola e dos estudos para 
sua vida no futuro. 
 
 
 
Outro aspecto muito importante é a vigilância dos materiais levados para 
a escola e trazidos para casa. Atualmente é grande o número de “sumiços” na 
escola, porque não há controle dos pais no sentido de verificar e investigar o 
que seus filhos carregam em suas mochilas, levando a escola a utilizar o 
recurso de câmeras para fiscalizar os alunos, sendo esta uma instituição de 
ensino. 
É muito importante também, que a família valorize os trabalhos e os 
compromissos de seus filhos, sendo estes pertinentes a sua faixa etária e o 
seu nível de escolaridade, pois são nesses momentos que eles estarão 
desenvolvendo seus conceitos de responsabilidade, assiduidade, respeito, 
pontualidade. Se for banalizado seu compromisso, o que ficará registrado para 
ele é que não precisa ter importância e atenção com os mesmos. Como é que 
esse aluno se transformará num cidadão consciente e responsável com suas 
atribuições pessoais e profissionais? 
 
É preciso que a família ajude seu filho a se programar, tendo como 
prioridade sua responsabilidade com seus estudos, pois essa é a sua 
ocupação atual enquanto criança e adolescente que é ser “estudante”, e 
precisa ser valorizada e motivada para que seja uma atividade prazerosa e 
com motivos de orgulho para seus pais e familiares. 
 
 
 
 
O PAPEL SOCIALIZADOR DA ESCOLA 
 
 
Outro agente fundamental na socialização é o sistema escolar. O papel 
socializador da educação escolar está relacionado com a formação intelectual 
e cultural das novas gerações no sentido de prepará-las para a vida social, seu 
desenvolvimento pessoal mais amplo e para o mundo do trabalho. 
A educação escolar tem sido analisada criticamente por alguns 
estudiosos que identificam no sistema escolar uma organização devotada 
principalmente a reproduzir o sistema de valores e padrões de vida 
estabelecidos. Entretanto, podemos observar como são frequentes as 
situações de tensão e conflito no ambiente escolar, do nível fundamental até o 
nível superior, quando questionamentos e atividades críticas são 
desenvolvidas, tanto por estudantes como por professores, visando à 
superação das limitações identificadas no processo de socialização. A 
aprendizagem de hábitos, costumes e valores culturais é um processo de 
natureza complexa, como já foi mencionado anteriormente, na medida em que 
as influências culturais que recebemos e a que estamos submetidos em nosso 
 
 
 
ambiente são confrontadas com reações e orientações de caráter propriamente 
individual ou grupal e que podem ser mais ou menos conscientes. 
Não podemos desconsiderar que é através do processo de socialização 
que as sociedades se tornam um sistema viável, isto é, capaz de existir de 
forma previsível e de durar no tempo, e que as características de vida que são 
distintamente humanas só aparecem como resultado de nossa vida em 
comum, em associação com outros seres humanos. Podemos então dizer, 
como afirma o sociólogo Gerhard Lenski, que “o potencial genético que cada 
indivíduo possui só é realizado quando compartilhamos com os outros 
indivíduos na vida da sociedade”. 
Ao sistema escolar é atribuída, pela sociedade, a tarefa de ensinar as 
novas gerações a aprender com os meios disponíveis o que as culturas 
acumularam de fundamental através dos tempos – nas artes, nas ciências, 
desenvolvendo habilidades e proporcionando atividades que contribuam para a 
formação nos modos do bem viver com os outros. Esses são conteúdos, 
valores e costumes culturais que expressam as formas civilizadas da vida. 
 
Ao comentar agressões violentas e assassinatos descabidos ocorridos 
em principais cidades de nosso país, o sociólogo José de Souza Martins, em 
artigo publicado em jornal, escreveu que tais fatos “confirmam a deterioração 
dos valores sociais que, de algum modo, têm assegurado a ordem nesta nossa 
sociedade minada. Ordem superficial constantemente ameaçada, não só em 
relação à vida, mas também em relação a tudo que possa ser violado quando 
 
 
 
não há princípios sólidos regulando a conduta de cada um.” Esses 
assassinatos praticados por pessoas aparentemente “normais”, “dão bem as 
indicações de quanto todos nós estamos ameaçados”. E indica que talvez não 
se trate de casos que possam ser resolvidos com mais segurança, dizendo -“o 
que se precisa é de mais educação”. (publicado no jornal O Estado de São 
Paulo; 15/08/2010) 
 
Pesquisas em Psicologia e na Neurociência têm mostrado que a criança 
recém nascida carrega necessidades imperiosas e a determinação de 
satisfazê-las sem muita preocupação com as outras pessoas. Mas mostram, 
também, a existência da dependência de base genética de um sistema 
sociocultural, isto é, os seres humanos possuem um potencial genético para a 
construção de ambientes culturais o que os faz, ao mesmo tempo, seres 
individuais auto interessados e seres sociais preocupados e identificados com 
os outros. Essa talvez seja a principal razão 
porque a vida das sociedades humanas seja feita de cooperação, solidariedade 
e harmonia, por um lado, e de conflitos, violência e guerras, por outro. 
 
 
 
 
O QUE É MEIO AMBIENTE? 
 
Para esta pergunta poderemos obter as mais diferentes e variadas 
respostas, que indicam as representações sociais, o conhecimento científico, 
as experiências vividas histórica e individualmente com o meio natural. Para a 
realização da educação ambiental popular, é importante termos um conceito 
que oriente as diferentes práticas. Assim, definimos meio ambiente como o 
lugar determinado ou percebido onde os elementos naturais e sociais estão em 
relações dinâmicas e em interação. Essas relações implicam processos de 
criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformaçãodo meio natural e construído. 
Nesta definição de meio ambiente fica implícito que: 
1 - Ele é "determinado": - quando se trata de delimitar as fronteiras e os 
momentos específicos que permitem um conhecimento mais aprofundado. Ele 
é "percebido" quando cada indivíduo o limita em função de suas 
representações sociais, conhecimento e experiências cotidianas. 
2 - As relações dinâmicas e interativas indicam que o meio ambiente está em 
constante mutação, como resultado da dialética entre o homem e o meio 
natural. 
 
 
 
3 - Isto implica um processo de criação que estabelece e indica os sinais de 
uma cultura que se manifesta na arquitetura, nas expressões artísticas e 
literárias, na tecnologia, etc. 
4 - Em transformando o meio, o homem é transformado por ele. Todo 
processo de transformação implica uma história e reflete as necessidades, a 
distribuição, a exploração e o acesso aos recursos de uma sociedade. 
A definição de meio ambiente acima exige um aprofundamento teórico 
que conta com a contribuição de diferentes ciências que se aglutinam no que 
se convencionou chamar de Ciência Ambiental. Tem se tornado cada vez 
mais claro e consensual que a Ciência Ambiental só se realizará através da 
perspectiva interdisciplinar. 
A problemática ambiental não pode se reduzir só aos aspectos 
geográficos e biológicos, de um lado, ou só aos aspectos econômicos e 
sociais, de outro. Nenhum deles, isolado, possibilitará o aprofundamento do 
conhecimento sobre essa problemática. À Ciência Ambiental cabe o privilégio 
de realizar a síntese entre as ciências naturais e as ciências humanas, 
lançando novos paradigmas de estudo onde não se "naturalizarão" os fatores 
sociais e nem se "socializarão" os fatores naturais. Diferentes áreas de estudo 
de disciplinas diversas podem contribuir para o desenvolvimento da Ciência 
Ambiental dentro da ideia de interdisciplinaridade. 
No entanto, esta ideia enfrenta algumas dificuldades para se concretizar, 
tanto em nível teórico como em nível prático. Se, atualmente, temos cada vez 
mais trabalhos teóricos que se baseiam no conhecimento acumulado nas 
diferentes ciências (incluindo as exatas), podemos ainda notar a dificuldade 
para muitos autores se lançarem nas ciências que não dominam com a mesma 
profundidade atingida nas suas especialidades. Esses autores não ousam 
trilhar por ciências onde não terão o mesmo reconhecimento de seus pares e 
ainda serem alvos fáceis de críticas dos especialistas dessas outras ciências. 
Devemos também considerar o extremo corporativismo ainda presente nos 
meios acadêmicos e científicos, que impede a troca de experiências e 
 
 
 
informações entre cientistas de especialidades diferentes e supostamente 
antagônicas. 
A Ciência Ambiental exige dos atores envolvidos conhecimento 
aprofundado, espírito curioso e modéstia diante do desconhecido. Na sua fase 
atual, que é de busca da síntese e da perspectiva interdisciplinar, é 
fundamental a troca de conhecimentos de origens científicas diversas, 
possibilitando dar algumas respostas às complexas questões que fazem parte 
do seu quadro teórico. 
ALGUNS PARADIGMAS DA CIÊNCIA 
AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
Desenvolvimento Sustentado 
 
Observamos que nos últimos anos o conceito de desenvolvimento 
sustentado tem substituído na literatura especializada os conceitos de 
desenvolvimento alternativo e eco desenvolvimento. Porém, esses conceitos 
são originados da Conferência de Estocolmo de 1972, sendo que o de 
desenvolvimento alternativo lhe é anterior. A partir dessa Conferência, o eco 
desenvolvimento foi o conceito mais fundido na literatura especializada, até, 
principalmente, a publicação do Report Brundtland em 1987. 
Pearce et alii (1989) observam que existem diferentes definições de 
desenvolvimento sustentado que ilustram as diferentes perspectivas 
apresentadas, sobretudo na segunda metade da década de 80, na literatura 
anglo-saxônica. À parte esta questão de conceitualização, o que nos parece 
importante enfatizar é que atualmente as propostas de desenvolvimento 
econômico que não levam em consideração os fatores ambientais estão 
condenadas ao esquecimento. 
As recentes mudanças no cenário político internacional têm mostrado 
que tanto sob o capitalismo como sob o socialismo a questão ambiental tem 
um peso político muito grande que interessa tanto a uns quanto a outros. 
Motivo pelo qual a ideia de desenvolvimento sustentado tem estado presente 
nos debates e acordos internacionais. Porém, ela não se apresenta de forma 
homogênea, como já foi assinalado por Pearce et alii (1989). 
Nas sociedades capitalistas periféricas, a ideia de desenvolvimento 
sustentado não pode se restringir à preservação de recursos naturais, visando 
o abastecimento de matérias primas às gerações futuras, como tem sido 
enfatizado nos países de capitalismo avançado. Elementos básicos das 
necessidades humanas e intimamente dependentes da problemática ambiental, 
como transportes, saúde, moradia, alimentação e educação, estão longe de 
terem sido resolvidos. 
 
 
 
Nos pontos comuns e divergentes entre sociedades capitalistas 
desenvolvidas e periféricas, podemos considerar que, para a realização do 
desenvolvimento sustentado em nível global, é de fundamental importância o 
estabelecimento de uma nova ordem econômica e ecológica, onde países dos 
hemisférios Norte e Sul possam dialogar em igualdade de condições. Porém, 
esse diálogo (se ocorrer) não será sem dificuldades, pois a falta de 
homogeneidade dos países do Terceiro Mundo e a passividade frente ao 
poderio econômico (e militar) dos países do Norte são duas dificuldades 
evidentes. 
Em face disso, qualquer que seja o conceito de desenvolvimento, 
dificilmente podemos garantir, pacificamente, às gerações futuras de qualquer 
parte do globo, o patrimônio natural e cultural comum da humanidade. 
Participação Social 
 
 
Os movimentos ecológicos surgidos nas sociedades capitalistas 
desenvolvidas nos anos 70 se caracterizam inicialmente por uma crítica ao 
 
 
 
modelo de sociedade industrial. A esse início "contra-cultural", foram se 
aglutinando tanto os movimentos preservacionistas de espécies animais e 
vegetais, como movimentos pacifistas e anti-nucleares. 
O surgimento e a evolução desses movimentos devem ser vistos dentro 
do contexto da participação civil em sociedades democráticas. A 
organização de grupos e a posterior constituição de "partidos verdes" só se 
tornaram possíveis graças à crescente mobilização da população frente a 
decisões do Estado. Nos países onde a democracia é incipiente, a organização 
da população se faz com resultados menos satisfatórios, mas não menos 
combativos. É importante assinalar que a visão de Estado e da participação da 
sociedade civil nas diferentes ideologias políticas, que se posicionam nos 
países da América Latina, influi na prática de organizações civis frente à 
questão ambiental. Se o que aparece com mais freqüência é a ideia de 
autonomia frente ao Estado, no entanto ela apresenta conotações ideológicas 
muito diferentes. Num primeiro momento, tivemos a influência das ideias 
autonomistas surgidas nos anos 60, onde se caracteriza a perspectiva crítica 
ao Estado centralizador e autoritário, às suas opções de desenvolvimento e de 
saque ao meio ambiente com as suas consequências sociais. 
No entanto, esta posição mais crítica foi perdendo terreno nos últimos 
anos a favor de tendências que, embora contrárias à interferência do Estado, 
se posicionam e atuam no terreno das ideias neo-liberalizantes. A participação 
da população nas questões ambientais, tem basicamente se destacado nos 
grandescentros urbanos, mas também fora deles, aglutinando diferentes 
camadas sociais em torno de questões específicas. 
Inúmeras entidades ecológicas e/ou ambientalistas surgiram no 
continente nos últimos anos, porém com penetração mais localizada, e muitas 
delas atreladas a interesses econômicos e políticos nem sempre muito claros. 
Podemos considerar que essa quantidade de novas organizações ocorre 
devido ao processo de democratização. A atuação de cada um desses 
movimentos e a sua continuidade ficará por conta daqueles que: apresentarem 
 
 
 
respostas aos graves problemas ambientais, puderem discuti-las 
democraticamente e tiverem meios econômicos e técnicos para viabilizá-las. 
 
Várias propostas de participação têm sido colocadas à sociedade, porém 
só a autonomia dos movimentos sociais frente ao Estado, aos partidos 
políticos, meios de comunicação de massa, monopólios econômicos e seitas 
religiosas poderá garantir o seu potencial crítico ao modelo de 
desenvolvimento, favorecendo a consolidação da democracia no continente. 
Isso não ocorrerá, no entanto, sem o desenvolvimento da consciência de 
cidadania, possível através da educação popular ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL POPULAR 
 
Depois da reunião do "Clube de Roma" em 1968 e da "Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano" em Estocolmo em 1972, a 
problemática ambiental passou a ser analisada na sua dimensão planetária. 
Nesta última conferência, uma das resoluções indicadas no seu relatório final 
apontava para a necessidade de se realizarem projetos de educação 
ambiental. 
Em 1977, a Unesco realizou em Tbilisi, URSS, a primeira Conferência 
Mundial de Educação Ambiental, após a realização de inúmeras outras a nível 
regional, nos diferentes continentes. Em 1987, em Moscou, foi realizada a 
segunda Conferência Mundial que reafirmou os objetivos da educação 
ambiental indicados em Tbilisi. 
Surgidos do consenso internacional, os objetivos da educação ambiental 
são: 
 
 
 
1 - Consciência: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem uma 
consciência e uma sensibilidade acerca do meio ambiente e dos problemas a 
ele associados. 
2 - Conhecimento: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a ganharem uma 
grande variedade de experiências. 
3 - Atividades: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem um 
conjunto de valores e sentimentos de preocupação com o ambiente e 
motivação para participarem ativamente na sua proteção e melhoramento. 
4 - Competência: Ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem 
competências para resolver problemas ambientais. 
5 - Participação: Propiciar aos grupos sociais e aos indivíduos uma 
oportunidade de se envolverem ativamente, em todos os níveis, na resolução 
de problemas relacionados com o ambiente (Unesco, 1977, p.15). 
Esses elementos fundamentam experiências diversas em educação 
ambiental a nível escolar e extraescolar. 
Muito recentemente temos visto o surgimento do que tem sido chamado 
de educação ambiental popular, no que o ICAE é um dos centros pioneiros na 
sua divulgação e está implementando uma politica de realização. Onde então a 
educação popular e a educação ambiental se encontram e se unem? 
Nesta perspectiva de educação popular se incluem os objetivos da 
educação ambiental, só que a primeira tem uma tradição pedagógica e política 
voltada para o avanço das camadas populares. Avanço este que inclui 
melhores condições de vida, democracia e cidadania. A opção politica explícita 
da educação popular não se encontra facilmente nos projetos de educação 
ambiental que têm sido realizados no Brasil, em particular. Um estudo mais 
aprofundado sobre isso na América Latina, é necessário ser feito. São também 
poucas as opções e projetos de educação ambiental para as camadas 
populares, embora esta necessidade e reivindicação já tenham sido apontadas 
 
 
 
em trabalhos que se situam nos limites da educação realizada em escolas 
públicas de São Paulo (Reigota, 1987 e 1990). 
A educação ambiental popular, no entanto, deverá ser realizada 
prioritariamente com os movimentos sociais, associações e organizações 
ecológicas, de mulheres, de camponeses, operários, de jovens, etc., 
procurando fornecer um salto qualitativo nas suas reivindicações políticas, 
econômicas e ecológicas. 
A sua realização possibilitará recuperar o potencial critico dos 
movimentos ecológicos, que têm se caracterizado pelo conservadorismo, 
tecnocracismo, elitismo, entre outros "ismos", assim como propiciar a 
participação social nas questões ambientais das principais vítimas do modelo 
de desenvolvimento econômico, que ignora as suas consequências sociais e 
ecológicas. 
 
A educação ambiental popular terá certamente um papel importante nos 
próximos anos, já que muito resta a fazer nos planos teórico e prático para 
atingirmos uma melhor qualidade de vida, a democracia e a cidadania. O papel 
que a América Latina tem e terá nos próximos anos, no debate internacional 
 
 
 
sobre o meio ambiente, será de importância fundamental para estabelecimento 
de uma nova ordem econômica e ecológica internacional. 
Se queremos que os setores populares participem desse debate, é 
urgente desenvolvermos projetos educativos para impedir que, mais uma vez, 
a maior parte da população fique alheia à tomada de decisões que lhe 
concernem direta e cotidianamente. 
ENSINAR E APRENDER EM 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir 
para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade 
socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de 
cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do 
que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, 
com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos. E 
esse é um grande desafio para a educação. Gestos de solidariedade, hábitos 
 
 
 
de higiene pessoal e dos diversos ambientes, participação em pequenas 
negociações são exemplos de aprendizagem que podem ocorrer na escola. 
Assim, a grande tarefa da escola é proporcionar um ambiente escolar 
saudável e coerente com aquilo que ela pretende que seus alunos apreendam, 
para que possa, de fato, contribuir para a formação da identidade como 
cidadãos conscientes de suas responsabilidades com o meio ambiente e 
capazes de atitudes de proteção e melhoria em relação a ele. 
Por outro lado, cabe à escola também garantir situações em que os 
alunos possam pôr em prática sua capacidade de atuação. O fornecimento das 
informações, a explicitação e discussão das regras e normas da escola, a 
promoção de atividades que possibilitem uma participação concreta dos 
alunos, desde a definição do objetivo, dos caminhos a seguir para atingi-los, da 
opção pelos materiais didáticos a serem usados, dentro das possibilidades da 
escola, são condições para a construção de um ambiente democrático e para o 
desenvolvimento da capacidade de intervenção na realidade. 
Entretanto, não se pode esquecer que a escola não é o único agente 
educativo e que os padrões de comportamento da família e as informações 
veiculadas pela mídia exercem especial influência sobre os adolescentes e 
jovens. 
No que se refere à área ambiental, há muitas informações, valores e 
procedimentos aprendidos pelo que se faz e se diz em casa. Esses 
conhecimentos poderão ser trazidos e debatidos nos trabalhos da escola, para 
que se estabeleçam as relações entre esses dois universos no reconhecimento 
dos valores expressos por comportamentos, técnicas, manifestaçõesartísticas 
e culturais. 
Além disso, o rádio, a TV e a imprensa constituem uma fonte de 
informações sobre o Meio Ambiente para a maioria das pessoas, sendo, 
portanto, inegável sua importância no desencadeamento dos debates que 
podem gerar transformações e soluções efetivas dos problemas locais. No 
entanto, muitas vezes, as questões ambientais são abordadas de forma 
 
 
 
superficial ou equivocada pelos diferentes meios de comunicação. Notícias de 
TV e de rádio, de jornais e revistas, programas especiais tratando de questões 
relacionadas ao meio ambiente têm sido cada vez mais frequentes. 
Paralelamente, existe o discurso veiculado pelos mesmos meios de 
comunicação quando propõem uma ideia de desenvolvimento que não raro 
entra em conflito com a ideia de respeito ao meio ambiente. São propostos e 
estimulados por meio do incentivo ao consumismo, desperdício, violência, 
egoísmo, desrespeito, preconceito, irresponsabilidade e tantas outras atitudes 
questionáveis dentro de uma perspectiva de melhoria de qualidade de vida. Por 
isso, é imprescindível os educadores relativizarem essas mensagens, ao 
mostrar que elas traduzem um posicionamento diante da realidade e que é 
possível haver outros. 
Desenvolver essa postura crítica é muito importante para os alunos, pois 
isso lhes permite reavaliar essas mesmas informações, percebendo os vários 
determinantes da leitura, os valores a elas associados e aqueles trazidos de 
casa. Isso os ajuda a agir com visão mais ampla e, portanto, mais segura ante 
a realidade que vivem. Para tanto, os professores precisam conhecer o assunto 
e buscar com os alunos mais informações, enquanto desenvolvem suas 
atividades: pesquisando em livros e levantando dados, conversando com os 
colegas das outras disciplinas, ou convidando pessoas da comunidade 
(professores especializados, técnicos de governo, lideranças, médicos, 
agrônomos, moradores tradicionais que conhecem a história do lugar etc.) para 
fornecer informações, dar pequenas entrevistas ou participar das aulas na 
escola. Ou melhor, deve-se recorrer às mais diversas fontes: dos livros, 
tradicionalmente utilizados, até a história oral dos habitantes da região. Essa 
heterogeneidade de fontes é importante até como medida de checagem da 
precisão das informações, mostrando ainda a diversidade de interpretações 
dos fatos. 
Temas da atualidade, em contínuo desenvolvimento, exigem uma 
permanente atualização; e fazê-lo junto com os alunos é uma excelente 
oportunidade para que eles vivenciem o desenvolvimento de procedimentos 
elementares de pesquisa e construam, na prática, formas de sistematização da 
 
 
 
informação, medidas, considerações quantitativas, apresentação e discussão 
de resultados etc. O papel dos professores como orientadores desse processo 
é de fundamental importância. 
Essa vivência permite aos alunos perceber que a construção e a 
produção dos conhecimentos são contínuas e que, para entender as questões 
ambientais, há necessidade de atualização constante. 
Como esse campo temático é relativamente novo no ambiente escolar, 
os professores podem priorizar sua própria formação/informação à medida que 
as necessidades se configurem. Pesquisar sozinho ou junto com os alunos, 
aprofundar seu conhecimento com relação à temática ambiental será 
necessário aos professores, por, pelo menos, três motivos: 
• para tê-lo disponível ao abordar assuntos gerais ou específicos de cada 
disciplina, vendo-os não só do modo analítico tradicional, parte por parte, mas 
nas inter-relações com outras áreas, compondo um todo mais amplo; muitas 
vezes é possível encontrar informações valiosas em documentos oficiais. 
• para ter maior facilidade em identificar e discutir os aspectos éticos (valores e 
atitudes envolvidos) e apreciar os estéticos (percepção e reconhecimento do 
que agrada à visão, à audição, ao paladar, ao tato; de harmonias, simetrias e 
outros) presentes nos objetos ou paisagens observadas, nas formas de 
expressão cultural etc. 
• para obter novas informações sobre a dimensão local do ambiente, já que há 
transformações constantes seja qual for a dimensão ou amplitude. Isso pode 
ser de extrema valia, se, associado a informações de outras localidades, puder 
compor informações mais globais sobre a região. 
O acesso a novas informações permite repensar a prática. É nesse fazer 
e refazer que é possível enxergar a riqueza de informações, conhecimentos e 
situações de aprendizagem geradas por iniciativa dos próprios professores. 
Afinal, eles também estão em processo de construção de saberes e de ações 
no ambiente, como qualquer cidadão. Sistematizar e problematizar suas 
vivências, e práticas, à luz de novas informações contribui para o 
 
 
 
reconhecimento da importância do trabalho de cada um, permitindo assim a 
construção de um projeto consciente de educação ambiental. 
Ou seja, as atividades de educação ambiental dos professores são aqui 
consideradas no âmbito do aprimoramento de sua cidadania, e não como algo 
inédito de que eles ainda não estejam participando. Afinal, a própria inserção 
do indivíduo na sociedade implica algum tipo de participação, de direitos e 
deveres com relação ao ambiente. 
Reconhece-se aqui a necessidade de capacitação permanente do 
quadro de professores, da melhoria das condições salariais e de trabalho, 
assim como a elaboração e divulgação de materiais de apoio. Sem essas 
medidas, a qualidade desejada fica apenas no campo das intenções. 
Da mesma forma, a estrutura da escola, a ação dos outros integrantes 
do espaço escolar devem contribuir na construção das condições necessárias 
à desejada formação mais atuante e participativa do cidadão. 
 
A EVOLUÇÃO DA LEGISLAÇÃO 
AMBIENTAL BRASILEIRA 
 
 
 
 
Apesar de já existirem algumas regras sobre a utilização e extração de 
árvores, foi na década de 30 que surgiram as primeiras normas específicas de 
bens ambientais, tal como o Código Florestal (Decreto 23.793/34), Código de 
Águas (Decreto 24.643/34 – ainda hoje com dispositivos em vigor), a disciplina 
sobre a Caça (Decreto 24.645/34), o regulamento sobre patrimônio cultural 
(Decreto-lei 25/37). 
Na década de 60, foi editado o novo Código Florestal, que ainda hoje se 
encontra em vigor (Lei 4.771/65) e a Lei de Proteção à Fauna (Lei 5.197/1967). 
Na década seguinte, alguns Estados instituíram seus sistemas de combate à 
poluição, como é o caso do Rio de Janeiro que editou o Decreto-lei 134/75, 
instituindo o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras. 
Não havia, contudo, a proteção do meio ambiente de modo integral e 
como um sistema, tal como ficaria evidente a necessidade e cuja 
conscientização aumentava a partir da Conferência de Estocolmo. No entanto, 
foi com a edição da Lei Federal 6.938/81 que o Direito Ambiental brasileiro 
alcança o patamar que hoje se encontra. Esta Lei, conhecida como a Lei da 
Polícia Nacional de Meio Ambiente, traz o meio ambiente como “o conjunto de 
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, 
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” e inaugura uma 
nova fase no direito ambiental: o do tratamento ao meio ambiente como um 
macro-bem. 
Além disso, a Lei tem como mérito o estabelecimento de um regime de 
responsabilidade civil por danos ambientais em que não se verifica a culpa do 
causador do dano – responsabilidade civil objetiva; uniformiza o licenciamento 
ambiental para todo o território nacional; estabelece os conceitos de poluidor e 
de degradação ambiental; constitui o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio 
Ambiente). 
Em seguida, contribuindo para a efetividade do direito ambiental,foi 
editada a Lei 7.345/85, que disciplina a ação civil pública por danos causados 
ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, 
 
 
 
histórico, turístico e paisagístico. Esta Lei trata de um dos instrumentos judiciais 
mais utilizados para a proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
que pode ser utilizado pelo Ministério Público, União, Estados, Municípios e 
associações civis. 
Em contribuição ao avanço do direito ambiental, foi promulgado, em 
1988, um dos textos constitucionais mais avançados do planeta: a Constituição 
da República Federativa do Brasil. As disposições constitucionais sobre o meio 
ambiente estão dispersas em todo o texto, disposto em diversos títulos e 
capítulos. O dispositivo de mais destaque, no entanto, é o artigo 225, que 
estabelece: 
Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se 
ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
§ 1º – Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo 
ecológico das espécies e ecossistemas; 
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e 
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material 
genético; 
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a 
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de 
impacto ambiental, a que se dará publicidade; 
 
 
 
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos 
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio 
ambiente; 
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies 
ou submetam os animais a crueldade. 
§ 2º – Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio 
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público 
competente, na forma da lei. 
§ 3º – As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados. 
§ 4º – A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o 
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua 
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a 
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
§ 5º – São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por 
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 
§ 6º – As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização 
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 
Dentre as importantes leis sobre proteção do meio ambiente, mencione-
se ainda: 
 - Lei 4.717/1965: ação popular; 
 
 
 
- Lei 6.766/1979: parcelamento do solo urbano; 
- Lei 7.661/1988: Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro; 
- Lei 8.723/1993: emissão de poluentes por veículos automotores; 
- Lei 9.055/1995: utilização do asbesto/amianto; 
- Lei 9.433/1997: Política Nacional de Recursos Hídricos; 
- Lei 9.605/1998: crimes ambientais; 
- Lei 9.795/1999: Política Nacional de Educação Ambiental; 
- Lei 9.985/2000: institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação; 
- Lei 10.257/2001: Estatuto da Cidade; 
- Lei 10.650/2003: acesso público aos dados e informações do SISNAMA; 
- Lei 11.105/2005: biossegurança; 
- Lei 11.284/2006: institui o Sistema Florestal Brasileiro e cria o Fundo Nacional 
de Desenvolvimento Florestal; 
- Lei 11.428/2006: utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata 
Atlântica; 
- Lei 11.445/2007: saneamento básico. 
 
 
 
 
 
 
 
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