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DOUTRINAS DO POSITIVISMO JURÍDICO E SEUS PROBLEMAS 5.2 NORMATIVISMO JURÍDICO OBS.: Fonte utilizada para a elaboração deste plano de aula => sessão de slides do Prof. Milton de Souza Corrêa Filho, docente do Curso de Direito do CEAP (Centro de Ensino Superior do Amapá), professor da disciplina Introdução ao Direito. UNIDADE II Normativismo Jurídico Quando se desenvolveu a Teoria Pura do Direito, a ciência jurídica encontrava-se sob diversas influências de outros ramos, que buscavam incluir o Direito em seus domínios. Em contraposição, Kelsen foi o primeiro a provar o Direito como uma ciência. Chamou-a de “Teoria Pura do Direito” por excluir do campo investigações que entendia ser de outras disciplinas. NORMATIVISMO JURÍDICO Os fatos e valores são objetos da Sociologia e da Filosofia do Direito, respectivamente, impondo o Direito como uma ciência autônoma. A teoria de Kelsen expressa o Direito na norma jurídica, colocando esta como objeto da Ciência do Direito. Segundo Aristóteles, a ciência pode ser conceituada como um conjunto de verdades relativas a um objeto formal, que se ligam metodologicamente por meio das causas e princípios. Kelsen estabelece um paralelo entre a natureza e a sociedade. Em seguida, fará a distinção entre as ciências explicativas e as ciências normativas (ser e dever ser, respectivamente). Kant trata também da dualidade entre o ser e o dever ser, entre realidade e valor. NORMATIVISMO JURÍDICO O mundo do ser é a dimensão em que a natureza é explicada por causalidade; é o juízo da realidade. O mundo do dever ser é a dimensão da cultura, que está voltada para a finalidade, uma vez que para tudo se visa um fim. Neste sentido, portanto, as leis são teleológicas, já que constituem um objeto cultural. Quando se viola um enunciado (lei), será imputada uma penalidade ao transgressor; fundamentada num juízo de valor. Só se passa do mundo do ser para o dever ser através do valor. CIÊNCIAS EXPLICATIVAS CIÊNCIAS NORMATIVAS Ciências Naturais Direito Tratam do ser, da realidade como ela é. Tratam do ser como deve ser, da realidade como deve acontecer. Leis naturais: são da própria natureza (não foram criadas pelos seres humanos) e possuem relação de causalidade. Leis humanas: são criadas pelos seres humanos para controlarem sua conduta e possuem imputação de uma obrigatoriedade. Sua finalidade é teórica. Sua finalidade é prática, analisando-se a ação humana dotada de vontade. NORMATIVISMO JURÍDICO Em suma, de acordo com Kelsen, o Direito é norma, e esta quem impõe é o Estado. A única ciência que está no mundo do Dever Ser é a do Direito, e todas as demais estão no mundo do Ser (ciências naturais e ciências sociais causais). O Direito é uma teoria do conhecimento relativa à moral e a qualquer outra disciplina, visando torná-lo um saber objetivo e exato. NORMATIVISMO JURÍDICO A teoria de Kelsen refere-se exclusivamente ao Direito Positivo, tal como estudo da norma jurídica. Ele adotou uma ideologia que exclui os juízos de valor e rejeita a ideia do Direito Natural, combatendo, deste modo, o que é de natureza metafísica, sendo chamado de reducionista neste ponto ao avaliar apenas os elementos jurídicos. Sua teoria pretende expressar como o Direito é, e não como deve ser, já que a ordem valorativa está fora da Ciência do Direito. *“Então, o direito positivo é o direito posto pela autoridade do legislador, dotado de validade, por obedecer a condições formais para tanto, pertencente a um determinado sistema jurídico.” *(https://direitocompartilhe.wordpress.com/2011/10/10/funda mentos-do-direito/). NORMATIVISMO JURÍDICO Nesse sentido, *“Um direito positivo pode contrariar algum mandamento de justiça, e nem por isso deixa de ser válido.” Entende-se, portanto, que Kelsen *“pretendeu expurgar do interior da teoria jurídica a preocupação com o que é justo e o que é injusto. Mesmo porque, o valor justiça é relativo, e não há concordância entre os teóricos e entre os povos e civilizações acerca de qual seja o definitivo conceito de justiça.” *(https://direitocompartilhe.wordpress.com/2011/10/10/ fundamentos-do-direito/). NORMATIVISMO JURÍDICO Kelsen afirma a cientificidade do Direito pela sua intencionalidade, método e objetivo. A norma jurídica apresenta-se como uma interpretação e sentido de dever ser. O Direito como um sistema de normas que regulam a conduta humana (a norma torna-se um mandamento que se vincula à conduta de outrem). A norma positiva é responsável por conferir uma coloração jurídica aos fatos, tornando-os fatos jurídicos. Só pode impor uma norma quem está autorizado por outra norma externa e superior, dentro de limites de competência. Caso contrário, tratar-se-á de arbítrio. Um dever ser decorre sempre de outro dever ser. O fundamento de validade de norma constitucional é forma, decorrente da forma de criação. Pelo ato de fixação, a norma entra em validade, admitindo-se a sua existência. Contudo, é objetivamente válida quando possui eficácia. A observância e a aplicação do Direito são a medida de eficácia da ordem jurídica. A teoria kelseniana é nomológica (estudo das leis que regem os fenômenos naturais), uma vez que entende o Direito como estrutura de normas que comporta qualquer conteúdo fático ou axiológico. Sendo avalorativo, definiu justiça como a aplicação da norma jurídica ao caso concreto. Conceituou fato jurídico como aquele perceptível por meio da norma jurídica. A estrutura normativa é posta por Kelsen de forma hierarquizada. Assim como em uma pirâmide ao contrário, as normas apoiam-se umas nas outras e todas em uma norma fundamental (o vértice da pirâmide). Norma Fundamental É algo válido mesmo que não esteja escrita (é um direito); pode ser um direito natural desde que seja válido. Segundo Kelsen, é um conceito de validade. Para ele, qualquer ordenamento tem que partir de um princípio básico, o qual tem que fornecer, mesmo em um regime de exceção, algo válido. A validade deve ser localizada a partir de determinada ordem jurídica e das normas positivas, exclusivamente. Estrutura das normas jurídicas A visão moderna da estrutura lógica da norma jurídica tem seu antecedente na distinção de Kant entre imperativo categórico, próprio dos preceitos morais, no qual a conduta é necessária e obrigatória (Ex.: deves honrar teus pais), e imperativo hipotético, aquele relativo às normas jurídicas que se impõe de acordo com as condições especificadas na própria norma, como meio para se alcançar alguma coisa que se pretende (Ex.: se um pai deseja emancipar seu filho, deve assinar uma escritura pública). Hans Kelsen A primeira distinção que se impõe é: normas organizacionais (2º) e normas de conduta (1º). Há regras cujo objetivo imediato é disciplinar o comportamento dos indivíduos, ou grupos e entidades sociais em geral, que são chamadas de normas primárias; enquanto outras possuem um caráter instrumental, visando à estrutura e funcionamento de órgãos, para assegurar uma convivência juridicamente ordenada, que são chamadas de normas secundárias. Kelsen teve duas fases, nas quais, em cada uma, ele delimita normas primárias e secundárias de maneiras diferentes. Em uma primeira fase, as regras de primeiro grau estariam em um segundo plano (são aquelas que enunciam uma sanção caso violada a disposição); já as de segundo grau são aquelas que enunciam um comportamento (dado um fato, deve ser feita a prestação). Já em um segundo momento, as de primeiro grau são aquelas que enunciam um determinado comportamento, enquanto as de segundo grau são as que imputam uma sanção caso ocorra a fugado comportamento. Carlos Cossio Concebeu a norma jurídica como um Juízo Disjuntivo que reúne a “endonorma” e a “perinorma”: Endonorma: corresponde ao juízo que impõe uma prestação ao sujeito que se encontra em determinada situação; ação (em Kelsen, norma primária). Perinorma: impõe a sanção ao infrator, ou seja, sujeito que não cumpriu com a prestação a que estava obrigado (em Kelsen, norma secundária). A diferença entre as estruturas de Kelsen e Cossio está que, em Kelsen, as normas primárias e secundárias se justapõem; já em Cossio, endonorma e perinorma estão unidas pela conjunção “ou”. Estrutura trivalente da norma jurídica (Miguel Reale) Há, no modelo normativo, a previsão de um fato, que é base necessária à formulação da hipótese, da qual resultará uma consequência. Essa consequência tem por finalidade realizar algo de valioso ou impedir a ocorrência de valores negativos. Essa ligação entre o fato e o valor se dá pela ligação de ambos com a obrigação expressa na norma, ou seja, termos lógicos de dever ser. Deste modo, é expresso na forma da regra jurídica que são inseparáveis a base fática (fato) e seus objetivos axiológicos (valor). Em suma, toda experiência jurídica pressupõe três elementos: fato, valor e norma; elementos de fato, ordenados valorativamente em um processo normativo. Valor: como intuição primordial; elemento da moral, refere-se à finalidade da norma e revela ponto de vista sobre justiça; Norma: como uma forma de se caracterizar o valioso no plano da conduta social; é imposto pelo Estado aos indivíduos; Fato: como condição de conduta que é a base empírica, a ligação e intersubjetiva coincidindo a análise histórica com a validade jurídica fenomenologicamente observada; é o acontecimento social do direito positivo, envolve interesse do homem e da sociedade e por isso é objeto do ordenamento.
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