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Ivoneti Ramos Paulo Fernando do Nascimento Afonso Administração Financeira 03 Sumário CAPÍTULO 3 – O Que São e Como se Dividem as Demonstrações Financeiras? ...................05 Introdução ....................................................................................................................05 3.1 Introdução às demonstrações financeiras ....................................................................05 3.1.1 Principais demonstrações financeiras .................................................................05 3.2 Balanço patrimonial (BP) ...........................................................................................08 3.2.1 Aspectos básicos do Balanço Patrimonial ...........................................................08 3.3 Demonstrativo de resultados do exercício (DRE) ...........................................................13 3.3.1 Aspectos básicos da Demonstração de resultado do exercício (DRE) ......................13 3.4 Demonstrativo de fluxo de caixa (DFC) .......................................................................16 3.4.1 Aspectos básicos do demonstrativo de fluxo de caixa ...........................................16 Síntese ..........................................................................................................................23 Referências Bibliográficas ................................................................................................24 05 Capítulo 3 Introdução As empresas realizam suas atividades operacionais, de investimento e de financiamento periodi- camente. Ao passo que as atividades ocorrem é necessário realizar o devido registro para que a empresa possa conhecer seus resultados. A partir dos registros, o administrador financeiro pode realizar análises financeiras e auxiliar ajustes quando necessários. Algumas questões básicas que podemos fazer sobre as principais demonstrações financeiras: Você sabe em que demonstração financeira se registra o lucro líquido? Você deve partir do princípio que o lucro líquido é o resultado final do exercício social da empresa. E você sabe rela- cionar os dados do Balanço Patrimonial para realizar análise financeira? É bem importante esse aprendizado, principalmente no que diz respeito à análise de capital de giro. E sobre os fluxos de caixa, como registrar receitas e despesas? A administração do fluxo de caixa é uma das ativi- dades centrais do administrador financeiro, pois determinará os recursos financeiros disponíveis para a continuidade das operações da empresa. Nessa perspectiva, vamos conhecer as principais demonstrações financeiras, que são constituídas pelo Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstra- ção do Fluxo de Caixa (DFC). 3.1 Introdução às demonstrações financeiras Inicialmente vamos abordar as demonstrações contábeis a partir da legislação básica que as regulamenta, e, na sequência, você terá a oportunidade de conhecer a inter-relação entre as demonstrações financeiras e as atividades empresariais. Acompanhe! 3.1.1 Principais demonstrações financeiras A Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conhecida como Lei das Sociedades por Ações, sofreu alterações pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, com vista a harmonizar as normas contábeis brasileiras aos padrões das nor- mas internacionais de contabilidade, a International Financial Reporting Standard (HOJI, 2014,). O artigo 176 da Lei nº 6.404/76 coloca que, ao final de cada exercício social, as empresas devem obrigatoriamente publicar as demonstrações financeiras listadas a seguir (HOJI, 2014, p. 242; ASSAF NETO, 2009, p. 62): a) balanço patrimonial; b) demonstração do resultado do exercício; c) demonstração de lucros ou prejuízos acumulados ou demonstração das mutações do patrimônio liquido; d) demonstração dos fluxos de caixa; e) se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. O Que São e Como se Dividem as Demonstrações Financeiras? 06 Laureate- International Universities Administração Financeira Importante salientar que o exercício social ou exercício contábil compreende o período em que a empresa opera e que geralmente tem duração de 12 meses (RIBEIRO, 2013). Após finalizado esse período, a empresa apura os resultados a partir da elaboração das demonstrações finan- ceiras/contábeis. Segundo Hoji (2014), a Lei nº 11.638/07 retirou a obrigação das empresas publicarem a De- monstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) e acrescentou a obrigatoriedade de elaboração e publicação da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), com a ressalva de que da não obrigatoriedade para companhias fechadas que apresentarem, na data de fechamento do balanço, um patrimônio líquido inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Ainda, para as companhias abertas, acrescentou a obrigatoriedade de publicar a Demonstração do Valor Adicionado (DVA). CASO Numa economia global, em que as empresas interagem com diversos atores e comercializam com diversos países é necessário que as informações das operações possam atender aos mais diversos interesses: acionistas, governos, credores, investidores, outras empresas etc. Diante dis- so, os relatórios financeiros se aperfeiçoaram ao longo do tempo, e dentre as diversas demons- trações financeiras, as empresas aos poucos aderiram à elaboração da Demonstração do Valor Adicionado (DVA). A DVA tem por objetivo complementar as informações sobre o impacto das variáveis econômicas no processo de criação de valor da empresa e como esse valor se distribui entre os agentes eco- nômicos. A título de comparação, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) da empresa normalmente apresenta os resultados para os proprietários da empresa; portanto o DVA é mais amplo, pois apresenta os resultados para todos os interessados. Os Estados Unidos (EUA) foram os primeiros a utilizar as demonstrações de valor adicionado na década de 1920. A partir da década de 1950 algumas companhias da Inglaterra também pas- saram a apresentar o DVA, com esse costume se expandindo na década de 1970. No Brasil, a obrigatoriedade para as companhias abertas publicarem a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) veio com a Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que alterou a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Segundo Hoji (2014), as demonstrações contábeis de cada exercício social devem ser publicadas acompanhadas dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior, com o complemento dos seguintes documentos: relatório da administração; notas explicativas; parecer dos auditores independentes; e parecer do conselho fiscal e relatório do comitê de auditoria. Assaf Neto (2009) afirma que as notas explicativas também são fontes importantes de informa- ções para complementar as análises financeiras, pois esclarecem possíveis dúvidas sobre a situ- ação patrimonial e do resultado do exercício. As principais mudanças conceituais fundamentais introduzidas pela Lei nº 11.638/07 foram (HOJI, 2014): • uma transação deve ser contabilizada de acordo com sua essência econômica, e não meramente pela sua forma legal; isso significa contabilizar a transação pelo que ela efetivamente representa e não pelo que aparenta ser; • a depreciação deve ser apurada com base na vida útil econômica e no valor residual dos bens; 07 • principalmente as contas a receber e a pagar de longo prazo devem ser descontadas a valor presente na data do balanço; • as empresas devem analisar periodicamente os valores registrados no imobilizado e no intangível; • as aplicações em ativos financeiros e em direitos e títulos de créditos, registradas no ativo circulante ou no realizável a longo prazo, devem ser avaliadas pelo seu valor justo se forem destinadas ànegociação ou venda. Sobre o arrendamento mercantil financeiro, Hoji (2014) cita o exemplo de uma operação em que a arrendatária paga uma prestação periódica, geralmente, mensal. Anteriormente à Lei nº 11.638/07, o valor total da prestação era contabilizado diretamente como despesa. Agora, a empresa deve contabilizar em seu ativo o bem arrendado e o correspondente valor como finan- ciamento em seu passivo, apurando as despesas de juros implícitas na transação à medida que as prestações são pagas. Sobre os valores registrados no imobilizado e no intangível, Hoji (2014) salienta que caso o valor do bem esteja registrado acima de seu valor recuperável, então o valor excedente desse ativo deve ser ajustado. Sobre o preço justo, Hoji (2014) destaca um exemplo justo: Considere que, em 30 de junho, um título com taxa prefixada no valor nominal de R$ 9.900,00 foi adquirido por R$ 9.000,00. O título tem vencimento em 365 dias. Diante disso, quanto valeria esse titulo em 31 de dezembro do ano de aquisição, ou seja, 184 dias decorridos a contar da data de aquisição, considerando que a taxa de mercado nessa data era de 12% ao ano? Utilizando o conceito de valor justo, o título deve ser avaliado na data de 31 de dezembro pela taxa de juro do mercado, ou seja, 12% ao ano, descontando, portanto, o valor futuro com a taxa de juro atual em vez de atualizar a taxa de juro da data da aquisição (HOJI, 2014). Segue o cálculo de acordo com Hoji (2014, p. 244): Hoji (2014) diz que as instituições financeiras já utilizavam o cálculo do valor justo conhecido como marcação a mercado. Que as pequenas e médias empresas também devem seguir a Lei nº 11.638/07? Porém, isso deve ser feito com os devidos ajustes. Conheça as normas contábeis brasileiras lendo o manual Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, no site do Conse- lho Federal de Contabilidade, disponível em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp- -content/uploads/2013/01/Contabilidade-para-pequenas-e-medias-empresas.pdf>. VOCÊ SABIA? As empresas organizam suas atividades a partir da decisão dos bens e serviços que serão produ- zidos e ofertados no mercado. Dentro da organização das atividades de uma empresa, podemos distinguir três agrupamentos principais, de acordo com a natureza: atividades de operações, atividades de investimentos e atividades de financiamentos. 08 Laureate- International Universities Administração Financeira Nesse sentido, as demonstrações contábeis são ferramentas financeiras que permitem análise dos resultados das atividades operacionais, de investimento e de financiamento da empresa. A seguir vamos conhecer um pouco mais a relação entre as atividades da empresa e a inter-relação com os registros financeiros. As atividades operacionais são aquelas que geram as receitas na empresa, das quais podemos citar: a compra de matérias-primas e o processamento em bens e serviços, a venda de produtos e/ou a prestação de serviços, o armazenamento e a distribuição de bens e serviços, e às quais podemos somar as atividades de planejamento estratégico, os serviços de assessoria jurídica, a propaganda e controles financeiros da empresa. No sistema de contabilidade da empresa, as atividades operacionais são registradas na Demons- tração do Resultado do Exercício (DRE), através da qual se apuram os lucros ou os prejuízos ope- racionais. Este resultado de fluxo de caixa operacional aponta se a empresa tem liquidez para pagar suas dívidas e se tem condições de realizar investimentos, se for o caso. Segundo Hoji (2014), algumas atividades operacionais que não são contabilizadas na DRE no momento da ocorrência, como por exemplo as compras de matérias-primas (embora sejam atividades operacionais), primeiro são contabilizadas no ativo circulante e somente após o pro- cessamento industrial e a venda do produto é que são deduzidas das receitas, junto com outros custos diretos e indiretos. Embora a legislação aponte uma série de documentos financeiros obrigatórios, salientamos que, ao longo desse material, o foco será nos seguintes documentos: Balanço Patrimonial (BP), De- monstração do Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). Assim, na sequência vamos abordar os principais aspectos do Balanço Patrimonial (BP). 3.2 Balanço patrimonial (BP) Já vimos que as análises financeiras das empresas podem ser elaboradas a partir de relatórios contábeis, certo? Agora vamos conhecer um pouco mais sobre esses relatórios, iniciando pelo Balanço Patrimonial (BP) e seus elementos principais; passivo e ativo circulante e patrimônio líquido de uma empresa. Vamos lá? 3.2.1 Aspectos básicos do Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial é um documento contábil que demonstra os ativos, passivos e o patrimô- nio líquido de uma empresa. Para Hoji (2014), o BP é uma demonstração estática, uma fotogra- fia da situação da empresa para um recorte no tempo. O autor diz que, embora as empresas brasileiras possam determinar a data de encerramento do balanço, a maioria utiliza o ano civil e encerra o balanço em 31 de dezembro de cada ano. A estrutura básica de um balanço pode ser conferida no Quadro 1. ATIVO Total (R$) PASSIVO Total (R$) ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE DISPONIBILIDADE OBRIGAÇÕES COM FOR- NECEDORES Caixa Duplicatas a Pagar 09 Bancos conta Movimento EMPRÉSTIMOS E FINAN- CIAMENTOS Aplicações Financeiras Empréstimos VALORES A RECEBER Promissórias a Pagar Clientes OBRIGAÇÕES TRIBUTÁ- RIAS Outros Valores a Receber ICMS a Recolher ESTOQUES OUTRAS OBRIGAÇÕES Estoque de Mercadorias Aluguéis a Pagar Estoque de Material de Expediente Contas a Pagar TOTAL DO ATIVO CIRCULANTE TOTAL DO PASSIVO CIR-CULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULAN-TE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO EMPRÉSTIMOS E FINAN- CIAMENTOS Empréstimo à Controlada Empréstimos INVESTIMENTOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO Participações em Controladas Capital Social Ágio em Investimentos Reservas de Capital IMOBILIZADO Ajustes de Avaliação Patri- monial Veículos Reservas de Lucros (-) Depreciação Acumulada de Veículos Ações em Tesouraria Máquinas e Equipamentos Prejuízos Acumulados (-) Depreciação Acumulada de Máquinas e Equipamento INTANGÍVEL Marcas e Patentes (-) Amortização Acumulada TOTAL DO ATIVO NÃO CIRCULANTE TOTAL DO PASSIVO NÃO CIRCULANTE TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO Quadro 1 – Balanço Patrimonial da Empresa (ano). Fonte: Elaborado com base em Ribeiro, 2013, p. 190. Pelo Quadro 1, podemos observar que o balanço patrimonial representa os seguintes saldos (Hoji, 2014): bens ou direitos (total de ativos), obrigações (total dos passivos) e direitos dos pro- prietários (total do patrimônio liquido). Através dessas contas, o BP fornece as informações sobre a lucratividade, a rentabilidade e a posição financeira da empresa. 10 Laureate- International Universities Administração Financeira Lawrence J. Gitman, administrador, atualmente é professor na Michigan State University e autor de mais de 160 artigos e mais de 30 livros na área de negócios internacionais. A sua obra clássica, intitulada “Princípios de administração financeira”, já está na 12ª edição. Para conhecer mais sobre o trabalho do autor, bem como acessar as planilhas financeiras com exercícios relacionados a sua obra, acesse: <http://www. pearsonhighered.com/gitman_br/>. VOCÊ O CONHECE? Gitman (2010) complementa a definição de balanço patrimonial. Para o autor, o BP representa um resumo da posição financeira da empresa pela qual se demonstra o equilíbrio entre os ativos e seus passivos e patrimônio líquido. Esse equilíbrio diz respeito aos direitos que a empresa pos- sui com relação as suas obrigações contraídas, ou com terceirosou com capital próprio. Assaf Neto (2009) destaca que por ativo podemos entender os bens econômicos (direito) que a empresa possui e que tem capacidade de gerar benefícios futuros, enquanto que o passivo são as obrigações da empresa adquiridas em função das necessidades operacionais. A diferença entre o ativo e o passivo da empresa é o seu patrimônio líquido. Um dos pontos destacados por Gitman (2010) é a importância de diferenciar os ativos de curto e de longo prazo. No curto prazo a empresa possui os ativos circulantes que podem se transformar em caixa ou serem recebidos até o final do exercício social seguinte. Hoji (2014) complementa ao afirmar que o ativo circulante de uma empresa compreende todos os bens e direitos que po- dem ser convertidos em dinheiro no curto prazo. Podemos descrever os principais ativos circulantes conforme o Quadro 2. Ativos Circulantes Descrição Caixa e equiva- lentes de caixa Recursos que podem ser utilizados imediatamente, sem restrições. Caixa refere-se ao dinheiro ou depósito à vista em conta bancária, ao passos que equivalentes de caixa são investimentos a curto prazo, altamente líquidos, que podem ser convertidos imediatamente em dinheiro. Títulos negoci- áveis Recursos aplicados em direitos que podem se transformar em caixa ou serem recebidos até o final do exercício social seguinte, dos quais são exemplos: títulos da dívida pública, certificados de depósito bancário, recibos de depósito bancário, debêntures e fundos de investimento finan- ceiro. Contas a rece- ber Recursos aplicados em direitos que podem se transformar em caixa ou serem recebidos até o final do exercício social seguinte, ou seja, durante o exercício social seguinte. Por exemplo, os recebíveis comerciais, conhe- cidos como duplicatas a receber, que são títulos de crédito gerados pelas vendas ou pela prestação de serviços a prazo. Estoques Bens agrupados de acordo com sua natureza e finalidade, tais como mer- cadorias para revenda, matérias-primas, materiais auxiliares, produtos em elaboração, produtos acabados e materiais de consumo geral, incluindo os valores desembolsados para importação de mercadorias. Quadro 2 – Descrição dos principais ativos da empresa. Fonte: Elaborado com base em Hoji, 2014. 11 Os demais ativos devem ser considerados de longo prazo ou permanentes (GITMAN, 2010). Da mesma forma que os ativos, Gitman (2010) também destaca que devemos analisar o passivo pelas óticas de curto e de longo prazo. No curto prazo temos os passivos circulantes, que devem ser pagos até o final do exercício social seguinte. O passivo circulante de uma empresa compreende todas as obrigações exigíveis no curto prazo, isto é, que vencem até o fim do exercício social seguinte, ou até o fim do ciclo operacional. Os passivos circulantes básicos podem ser conferidos no Quadro 3. Passivos Circulantes Descrição Fornecedores São as pessoas físicas e jurídicas que fornecem insumos para as empresas realizarem a produção de bens ou a comercialização de serviços. Empréstimos e financia- mentos Compostos por financiamentos bancários, títulos a pagar, adiantamentos de contratos de câmbio, encargos financeiros a pagar e parcelas de empréstimos e financiamentos de lon- go prazo que se transformam em curto prazo à medida que se aproxima o vencimento. Obrigações fiscais Compostas por Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Ser- viços (ICMS) a recolher, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a recolher, Imposto de Renda (IR-Fonte) a recolher, Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) a recolher, Programa Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) a recolher. Outras obrigações Compostas por salários e ordenados a pagar, encargos sociais a recolher, adiantamentos de clientes e outras contas a pagar. Provisões Compostas, principalmente, por contingências fiscais, provisão para contingências trabalhistas e provisão para garantias. Quadro 3 – Descrição dos principais passivos da empresa. Fonte: Elaborado com base em Hoji, 2014. Os demais passivos e o patrimônio líquido devem ser considerados de longo prazo ou perma- nentes (GITMAN, 2010). Gitman (2010, p. 43) afirma que: “é de praxe listar os ativos em ordem decrescente, dos mais líquidos – caixa – para os menos líquidos”, enquanto que Hoji (2014) é mais abrangente e afirma que, no balanço patrimonial, as contas representativas do ativo e do passivo e patrimônio líquido devem ser apresentadas em ordem decrescente de grau de liquidez para o ativo, e de exigibili- dade para o passivo e patrimônio líquido. Assim, de acordo com Gitman (2010), a ordem de liquidez para os ativos segue o caixa como primeiro item do balanço patrimonial, seguido dos títulos negociáveis. Depois temos as contas a receber, que representam o valor que a empresa tem para receber em função da concessão de crédito das vendas a prazo, e logo após temos então os estoques, que abrangem a matéria- -prima, a produção em andamento, ou seja, os produtos semiacabados e produtos acabados já existentes na empresa. 12 Laureate- International Universities Administração Financeira Que os títulos negociáveis, também denominados ativos financeiros, podem ser consi- derados “quase caixa” de acordo com Gitman (2010)? Isso ocorre porque esses títulos, que normalmente são Letras do Tesouro Nacional e Certificados de Depósitos Bancá- rios, são passíveis de transformar, converter em dinheiro de forma rápida, oferecendo liquidez à empresa e ainda alguns rendimentos pelo tempo que ficarem aplicados. VOCÊ SABIA? Para completar os lançamentos dos ativos, ainda é necessário registrar no ativo não circulante os direitos que a empresa possui e que poderão se tornar caixa após o final do exercício social seguinte e os ativos permanentes, em que o registro ocorre pelo valor líquido, ou seja, após deduzida a depreciação. Sobre os ativos não circulantes, cabe registrar a atualização feita por Hoji (2014, p. 252): o Ativo não circulante é dividido em Ativo realizável a longo prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. O subgrupo de Diferido foi extinto pela Medida provisória nº 449, de 3-12-2008, convertida em Lei nº 11.941, de 27-05- 2009, que determina que o saldo existente em 31-12- 2008 que não puder ser alocado a outro grupo de contas poderá permanecer nessa conta até a sua completa amortização. Com relação aos lançamentos do passivo, e de acordo com a ordem de exigibilidade, Gitman (2010) destaca que no passivo circulante temos o registro dos fornecedores que estão relacio- nados às compras realizadas a credito pela empresa para serem pagas até o final do exercício social seguinte. Depois, podemos conferir os lançamentos dos títulos a pagar e despesas a pagar, sendo os títulos relacionados aos empréstimos de curto prazo realizados em bancos comerciais, e as despesas a pagar são valores referentes a contas que não podem ser faturadas, como por exemplo, os impostos e os salários. No passivo não circulante se registram as obrigações com vencimento superior a um ano. E por fim, o patrimônio líquido mostra o registro dos direitos dos proprietários da empresa. Ainda sobre a composição dos registros do patrimônio líquido, é importante destacar que os lucros retidos são os lucros acumulados, descontados os dividendos, e que já foram reinvestidos na empresa, portanto não representam caixa, pois já foram utilizados no financiamento das ope- rações da empresa (GITMAN, 2010). Com esses dados registrados no Balanço Patrimonial, o administrador financeiro pode conhecer a posição financeira da empresa em determinado período e proceder à análise do desempenho da empresa. Para complementar os conhecimentos das demonstrações contábeis, na sequência vamos abor- dar os principais aspectos da Demonstração de Resultadodo Exercício (DRE). 13 3.3 Demonstrativo de resultados do exercício (DRE) As análises da posição financeira da empresa, realizadas a partir do Balanço Patrimonial, podem ser complementadas pelas análises de resultado das atividades da empresa. Saiba, desde já, que um desses elementos complementares é a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), a qual constitui um documento contábil que apresenta as operações da empresa anualmente. 3.3.1 Aspectos básicos da Demonstração de resultado do exercício (DRE) Na visão de Hoji (2014, p. 255), a DRE apresenta o “fluxo de receitas e despesas, que resulta em aumento ou redução do patrimônio liquido entre duas datas. Ela deve ser apresentada de forma dedutiva, isto é, inicia-se com a receita bruta operacional e dela deduz-se custos e despe- sas, para apurar o lucro líquido”. O autor acrescenta que, se o Balanço Patrimonial apresenta uma situação estática do patrimônio de uma empresa, a DRE demonstra a situação dinâmica da empresa. Na DRE encontramos o registro das vendas, dos custos operacionais e dos encargos financeiros que fornece informações sobre a lucratividade da empresa, sendo comum a DRE abranger o período de um ano, de acordo com o calendário civil (Gitman, 2010). Sua estrutura básica pode ser conferida no Quadro 4. 1. RECEITA OPERACIONAL BRUTA Venda de Mercadorias 2. DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Devoluções de Vendas Abatimentos Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas 3. RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (1-2) 4. CUSTOS DAS VENDAS Custo dos Serviços Prestados 5. RESULTADO OPERACIONAL BRUTO (3-4) 6. DESPESAS OPERACIONAIS Despesas Com Vendas/prest. de serv. Despesas Administrativas (-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS Despesas Financeiras (-) Receitas Financeiras OUTRAS RECEITAS E DESPESAS 7. LUCRO OU PREJUÍZO OPERACIONAL LÍQUIDO (5-6) 8. RESULTADO NÃO OPERACIONAL 14 Laureate- International Universities Administração Financeira Receitas Não-Operacionais (-) Despesas Não-Operacionais 9. RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO ANTES DO IR E CS (± 7 ± 8) 10. Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro 11. LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES (9-10) 12. Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdência para Empregados. 13. RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO (11-12) Quadro 4 – Demonstração do Resultado do Exercício (ano). Fonte: Elaborado com base em Ribeiro, 2013, p. 348. Podemos observar pelo Quadro 2 que os dados registrados na DRE são fundamentais para auxiliar a empresa a realizar medidas de ajustes; por exemplo, se o lucro da empresa num de- terminado período for muito baixo, pode-se pensar em corte nos custos ou aumento nos preços. As empresas concentram seus esforços produtivos para alcançar os lucros que permi- tem a continuidade das atividades. A lucratividade deve ser acompanhada de forma periódica e contínua pelos administradores financeiros e a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) é a fonte mais concreta para essas análises. Leia mais sobre a DRE em <http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/demonstracaodoresultado.htm>. VOCÊ QUER LER? Vamos conhecer as principais informações registradas na DRE. Segundo Hoji (2014), o lucro bruto é aquele apurado com a venda dos bens ou serviços antes de deduzir as despesas, ou seja, é a diferença entre a receita e custos relativos ao período do exercício. O autor diz que podemos en- contrar o lucro bruto com a denominação de lucro operacional bruto quando positivo e prejuízo operacional bruto ou prejuízo bruto, quando negativo. Sobre a receita bruta, Hoji (2014) diz que esta representa o valor das vendas à vista e a prazo dos bens ou serviços e que inclui todos os impostos. Também encontraremos a receita bruta como fa- turamento bruto. O autor chama a atenção para o fato de que, em alguns casos, pode não existir faturamento na empresa e sim apropriação de receitas, como no caso de indústria de construção. Um indicador bastante utilizado nas análises financeiras é a receita líquida. A receita líquida da empresa é composta pelas vendas canceladas, pelos abatimentos e pelos impostos sobre vendas e serviços (HOJI, 2014). Assaf Neto (2009, p. 70) reforça o tema ao dizer que a “receita líqui- da é efetivamente a receita da empresa pela venda de seus produtos e serviços (...) porque os impostos (...) não são seus recursos; apenas transitam por seu caixa” e que os abatimentos são tratados como encargos financeiros. Segundo Hoji (2014), temos o cancelamento de vendas quando os clientes realizam devoluções, enquanto que os abatimentos se referem a descontos concedidos a clientes. O autor cita o exem- plo da redução de preço de bens com defeitos. 15 Com relação aos impostos, devemos considerar aqueles incidentes sobre as vendas e os serviços prestados, gerados na emissão de notas fiscais e faturas, citados por Hoji (2014): Imposto sobre produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS), Imposto sobre Vendas a Varejo de Combustíveis Líquidos e Gasosos (IVVC) e pro- grama de Integração Social (PIS). Cabe destacar que, pelas normas de contabilidade, “os valores cobrados por conta de terceiros, tais como tributos sobre vendas e prestação de serviços, não são benefícios econômicos da em- presa que os recebe e não resultam em aumento do patrimônio líquido” (HOJI, 2014, p. 257). Hoji (2014) diz que o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) representa o custo das mercadorias prontas para serem comercializadas, nas quais os tributos inclusos no preço de compra (ICMS, PIS e Cofins) são recuperados com a dedução do valor dos tributos a recolher sobre vendas e não integram o custo da mercadoria vendida. Já o IPI, o frete e demais custos que não sejam recuperáveis integram o custo da mercadoria vendida. A equação básica do CMV é a seguinte (HOJI, 2014): CMV = estoque inicial + compras – estoque final Observe que o CMV ocorre em empresas comerciais e existirá somente se houver venda, poden- do existir em empresas industriais se estas realizarem atividades de revenda de mercadorias. Mas Hoji (2014) destaca que nas empresas industriais o comum é contabilizar o Custo dos Produtos Vendidos (CPV). Vamos entender. O CPV representa os custos com insumos relativos aos estoques vendidos. Diferentemente do CMV, no CPV não está incluso o IPI sobre compras, que é recuperado deduzindo-o do IPI sobre vendas, da mesma forma que com o ICMS (HOJI, 2014). De acordo com Hoji (2014), no CPV estão inclusos os seguintes tipos de custos: materiais apli- cados no processo de fabricação, mão de obra direta e custo indireto de fabricação e pode ser calculado com a seguinte equação: CPV = EIPA + CPP – EFPA Em que: • EIPA: estoques iniciais de produtos acabados; • CPP: custo de produção do período; • EFPA: estoque final de produtos acabados. Sobre as despesas operacionais, Hoji (2014) diz que são aquelas necessárias para promover, vender e distribuir os produtos, administrar a empresa e financiar as operações: despesas de vendas, despesas administrativas e despesas financeiras líquidas. Por fim, um comentário sobre o lucro líquido ou o prejuízo líquido, que de acordo com Hoji (2014) representa o resultado do exercício após a dedução das despesas operacionais, do Im- posto de Renda e Contribuição Social e das participações e contribuições. Ao final do exercício, o lucro líquido fica à disposição dos acionistas ou sócios da empresa, e pode ser então distribuído ou utilizado para constituir as reservas de lucros: “Se o resultado final for prejuízo líquido, poderá ser compensado comlucros acumulados de exercícios anteriores ou reservas de lucros” (HOJI, 2014, p. 258). 16 Laureate- International Universities Administração Financeira O valor de algumas deduções como, por exemplo, o Imposto de Renda e a Contri- buição Social irão depender se a empresa optou pelo Lucro Real, Lucro Presumido ou pelo Simples Nacional. Leia mais sobre esse tema no artigo “Lucro real, presumido ou simples?”, disponível em: <http://www.portaltributario.com.br/noticias/lucroreal_pre- sumido.htm>. VOCÊ QUER LER? Cabe destacar de que forma as atividades operacionais, de investimento e de financiamento, se relacionam com a demonstração de resultado do exercício (DRE) da empresa. Na relação das atividades operacionais com a DRE temos o registro da parte comercial, ou seja, as vendas, da parte da produção e da parte das despesas de suporte. Assim, as atividades operacionais abran- gem desde a receita bruta até a apuração do lucro operacional e englobam a produção, com o registro dos custos dos produtos vendidos e dos serviços prestados, e a comercialização dos pro- dutos, em que tanto a receita como as despesas comerciais e administrativas são contabilizadas. Na DRE, a relação das atividades de investimentos e financiamentos, também denominada por Hoji (2014) de atividades não operacionais, temos o registro dos investimentos temporários e financiamentos e as atividades extraordinárias e eventuais. Assim, após a apuração do lucro ope- racional, temos o resultado financeiro, que se relaciona com os investimentos e financiamentos. As despesas financeiras oriundas dos contratos de empréstimos e financiamentos são deduzidas para se encontrar o lucro antes do Imposto de Renda (IR). Assim, de forma sucinta, na DRE as atividades operacionais se relacionam com o registro das receitas e dos custos e das despesas operacionais, e as atividades de investimentos e financia- mentos através das despesas financeiras. Para complementar os conhecimentos das demonstrações contábeis, na sequência vamos abor- dar os principais aspectos da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). 3.4 Demonstrativo de fluxo de caixa (DFC) Para compreender o fluxo de recursos que circula e que financia as atividades da empresa, é importante conhecer o Demonstrativo (ou Demonstração) do Fluxo de Caixa (DFC). É necessário primeiro entender, no entanto, os conceitos básicos relacionados ao fluxo de caixa. 3.4.1 Aspectos básicos do demonstrativo de fluxo de caixa O fluxo de caixa é a ferramenta gerencial e de planejamento financeiro através da qual se realiza a mensuração das movimentações de todas as entradas e saídas de recursos financeiros e pode ser utilizado pelos órgãos públicos e pelas empresas (GITMAN, 2010). Para o planejamento e controle financeiro da empresa, é imprescindível o dimensionamento das entradas e das saídas de dinheiro no caixa. A movimentação financeira permite a visualização do que ocorre com as finanças ao longo do tempo, possibilitando corrigir valores ou prever possíveis necessidades de cobertura de caixa. 17 VOCÊ QUER VER? O fluxo de caixa é uma importante ferramenta de planejamento financeiro. Entender o conceito e compreender como se aplica a ferramenta é fundamental na sustentabili- dade dos negócios, pois um fluxo de caixa bem elaborado e monitorado pode auxiliar não só no planejamento de possíveis ajustes nas disponibilidades como também no controle do capital de giro da empresa. Assista ao vídeo em Fluxo de Caixa e Controles Financeiros do Negócio em <http://tv.sebrae.com.br/media/vZuDR/>. Segundo Assaf Neto (2009), o conceito de fluxo de caixa não coincide com o resultado contábil da empresa, uma vez que não são incorporadas em seus cálculos determinadas despesas não desembolsáveis. Por exemplo, a depreciação e alguns desembolsos que não se constituem rigo- rosamente em despesas, como a amortização de dívidas. O fluxo de caixa pode ser administrado por meio da elaboração do orçamento de caixa, que reflete as transações de caixa oriundas das atividades operacionais, das atividades de investi- mentos e das atividades de financiamentos da empresa (GITMAN, 2010). No caso das atividades operacionais, projetam-se as receitas das vendas de bens e serviços, os custos de produção, as despesas de venda e administrativas, incluindo projeção de compra de matéria-prima, gastos com transporte, pagamento de funcionários e custos fixos, como água, telefone e energia elétrica. No caso das atividades de investimento, projetam-se as compras de computadores, móveis, máquinas, equipamentos, veículos e também as aplicações financeiras da empresa. No caso das atividades de financiamento, projetam-se as entradas e saídas oriundas de atividades de financiamento, tais como o pagamento de juros e a amortização de emprésti- mos bancários (GITMAN, 2010). Gitman (2010) diz que, em geral, o orçamento de caixa pode ser elaborado para um ano, mas que o número de períodos depende da natureza do negócio (da sazonalidade das vendas): quan- to mais sazonal, maior o número de intervalos. Vamos conhecer um modelo-padrão na Tabela 1. Salientamos que o formato de orçamento de caixa a seguir é uma das possibilidades, mas cada empresa também pode estudar a especificida- de de seus lançamentos e adaptar o modelo. Ainda, nesse modelo consta o mês 1, que deverá ser estendido para a quantidade de meses que a empresa pretender projetar o orçamento: Orçamento de Caixa Recebimentos (-) pagamentos Fluxo líquido de caixa (+) Saldo inicial de caixa Saldo total de caixa (-) Saldo mínimo de caixa Necessidade de �nanciamento Saldo de caixa excedente Mês 1 Tabela 1 – Formato geral de orçamento de caixa. 18 Laureate- International Universities Administração Financeira Fonte: Elaborado com base em Gitman, 2010, p. 95 e Assaf Neto, 2009, p. 108-109. Pelo Quadro 3 podemos observar que o orçamento de caixa deve conter alguns elementos bási- cos: recebimentos, que são todos os itens relativos a entradas de caixa num período financeiro; pagamentos, que são todos os desembolsos do período coberto; fluxo líquido inicial de caixa, que é o resultado da subtração de recebimentos e pagamentos; saldo total de caixa, que é o resultado da soma do saldo inicial de caixa e do fluxo líquido do período; saldo mínimo de caixa, que é a previsão para cobertura das despesas/custos fixos; necessidade de financiamento, que é o saldo final de caixa menor do que o saldo mínimo caixa; e saldo de caixa excedente, que é o saldo final de caixa maior do que o saldo mínimo de caixa (GITMAN, 2010). Ainda, para manter liquidez da empresa, é importante fazer a previsão de um saldo mínimo de caixa, para ter segurança de forma a cobrir suas necessidades de pagamentos imprevistos e também financiar a falta de sincronia entre as entradas e saídas dos recursos financeiros (ASSAF NETO, 2009, p. 538). O autor diz que a empresa precisa estar preparada com recursos financei- ros disponíveis para realizar os pagamentos nos momentos em que não entrar receita no caixa. O saldo de caixa mínimo pode ser mantido em dinheiro ou aplicações financeiras, desde que essas aplicações possam ser resgatadas a qualquer momento sem custo para a empresa. Esse valor varia de empresa para empresa, mas uma forma de estabelecer esse valor pode ser através de valores históricos para o cálculo do saldo mais apropriado de caixa. Assaf Neto (2009) traz o exemplo que muitas empresas costumam manter em caixa 10 dias de seus desembolsos fixos mensais, e utilizam essa base de valores para determinar o saldo mínimo de caixa. Outras em- presas costumam manter em caixa o valor dos custos fixos para três meses. Ainda podemos destacar a importância de considerarmos o processo inflacionário nas análises dos fluxos de caixa, independente do modelo de fluxo de caixa que a empresa adotar. A inflação é caracterizada peloaumento generalizado e contínuo do nível de preços, o que implica que o dinheiro perde valor ao longo do tempo. Por isso, para conhecer os valores reais do caixa devemos considerar a inflação nos descontos de fluxos de caixa ao valor presente. Acompanhe os índices da inflação através do site do Banco Central do Brasil: <http://www.bcb.gov.br/?RI>. VOCÊ QUER LER? Em função da dificuldade de prever com precisão a inflação futura para o desconto dos fluxos de caixa, as empresas muitas vezes utilizam apenas a taxa mínima de atratividade para descontar os fluxos de caixa para o valor presente. Segundo Assaf Neto (2009), para o desconto da inflação dos fluxos de caixa, podemos utilizar: , em que, i: taxa de inflação. Exemplo: Considere o fluxo de caixa da empresa no valor de R$ 980.000,00 e a taxa de inflação de 6% ao ano, então o valor real desse fluxo de caixa é de: Solução: 19 Ou seja, o poder de compra do fluxo de caixa de R$ 980.000,00 após o desconto da inflação, é de R$ 924.528,30. Com essas delimitações conceituais, vamos ao conhecimento da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). Hoji (2014) coloca que as Normas Brasileiras de Contabilidade indicam que a Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) deve conter os registros da movimentação de entradas e saídas de caixa de determinado período, relacionadas às transações de caixa originárias nas atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos. Segundo Hoji (2014), a DFC pode ser elaborada pelo método direto ou indireto. No caso do método direto, temos os principais itens de recebimento e pagamento pelos seus efetivos valores, o que facilita a visualização e a compreensão dos fluxos financeiros. A DFC pelo método direto pode ser conhecida no Quadro 5. Exercício encerrado em (data) R$ ATIVIDADES OPERACIONAIS Recebimentos Vendas e serviços prestados Recebimentos financeiros Total Pagamentos Fornecedores Custos indiretos e despesas gerais Impostos Encargos financeiros Outros pagamentos Total Caixa líquido gerado pelas operações ATIVIDADES DE INVESTIMENTO Venda de Imobilizado (+) Venda de investimentos permanentes (-) Aquisições de imobilizado (-) Aplicações em investimentos permanentes (-) Aplicações em custo do intangível (-) Aplicações em ativo não circulante 20 Laureate- International Universities Administração Financeira Caixa líquido utilizado nas atividades de investimento ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO Resgate (aplicação) de títulos e valores mobiliários (+) Integralização de capital (+) Novos empréstimos e financiamentos (-) Amortização de empréstimos e financiamentos (-) Pagamentos de dividendos Caixa gerado pelas atividades de financiamento REDUÇÃO NO CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA Saldo no início do exercício Saldo no final do exercício Redução no caixa e equivalentes de caixa Quadro 5 – Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) pelo método direto. Fonte: Elaborado com base em Hoji, 2014. Hoji (2014) salienta que a elaboração da DFC pelo método direto é mais elaborada e, portanto, mais trabalhosa, mas é mais adequada pela maior quantidade de detalhes registrados em todas as operações da empresa. No caso do registro da DFC pelo método indireto, vamos observar o modelo no Quadro 6. Exercício encerrado em (data) R$ ATIVIDADES OPERACIONAIS Lucro (prejuízo) do exercício Despesas (receitas) que não afetam o caixa Depreciação, amortização e exaustão Variações monetárias dos financiamentos e empréstimos Resultado de equivalência patrimonial Lucro na venda do imobilizado Total Aumento dos ativos e passivos operacionais Redução (aumento) de contas a receber 21 Redução (aumento) de impostos a recuperar Redução (aumento) de estoques Redução (aumento) de outros ativos operacionais Aumento (redução) de fornecedores Aumento (redução) de obrigações fiscais Aumento (redução) de salários e encargos sociais Aumento (redução) de outros passivos operacionais Total Caixa líquido gerado pelas operações ATIVIDADES DE INVESTIMENTO Venda de Imobilizado Venda de investimentos permanentes Aquisições de imobilizado Aplicações em investimentos permanentes Aplicações em custo do intangível Aplicações em ativo não circulante Caixa líquido utilizado nas atividades de investimento ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO Resgate (aplicação) de títulos e valores mobiliários Integralização de capital Novos empréstimos e financiamentos Amortização de empréstimos e financiamentos Pagamentos de dividendos Caixa gerado pelas atividades de financiamento REDUÇÃO NO CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA Saldo no início do exercício Saldo no final do exercício Redução no caixa e equivalentes de caixa Quadro 6 – Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) pelo método indireto. Fonte: Elaborado com base em Hoji, 2014. 22 Laureate- International Universities Administração Financeira Conforme vimos no Quadro 6, a DFC elaborada pelo método indireto inicia a partir do lucro ou prejuízo líquido do exercício. Em seguida, fazemos o ajuste dos valores que não impactaram o caixa e complementamos com aumento ou redução dos saldos das contas de ativos e passivos operacionais. Hoji (2014) salienta que, em termos de poder informacional dos fluxos das atividades operacio- nais, a DFC elaborada pelo método indireto é inferior àquela feita pelo método direto, mas é mais fácil de ser elaborada. Conforme o exposto, a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) é uma importante ferramenta na análise, pois apresenta a movimentação financeira da empresa que permite prever aplicação de excedentes de caixa como também cobrir eventuais necessidades de caixa. 23 Síntese • As demonstrações contábeis são regulamentadas pela Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, conhecida como Lei das Sociedades por Ações, que sofreu alterações pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007 e pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. • Dentre as principais demonstrações financeiras obrigatórias das empresas, temos: o Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). • O Balanço Patrimonial (BP) é compreendido como a demonstração contábil que registra os direitos e as obrigações das empresas de curto e de longo prazos, apurados anualmente, sendo que os registros dos direitos são realizados pela ordem de liquidez e o registro das obrigações pela ordem de exigibilidade de pagamento. • A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é o relatório contábil que apura o lucro líquido do exercício. Os dados registrados na DRE auxiliam o administrador financeiro a realizar medidas de ajustes para a empresa. Ainda, a DRE registra as informações interligadas a cada uma das atividades da empresa, sejam elas operacionais, de investimento e de financiamento. • A DFC registra as informações relacionadas à movimentação de entradas e saídas de caixa de períodos determinados, e, tanto pelo método direto como pelo método indireto, é elaborada explicitando as atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos. Síntese 24 Laureate- International Universities Referências ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2009. GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: Person, 2010. HOJI, Masakazu. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira aplica- da, estratégias financeiras, orçamento empresarial. 8. ed. São Paulo: Atlas 2014. RIBEIRO, OsniMoura. Contabilidade básica fácil. – 29. ed. Ampl. E atual. – São Paulo: Sa- raiva, 2013. Bibliográficas
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