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MODELO DE DETERMINAÇÃO DA RENDA COM ECONOMIA ABERTA Me. Geisiane Michelle Zanquetta de Pintor geisiane.pintor@unila.edu.br Economia aberta de pequenas dimensões Demanda ou oferta de capitais não afeta a taxa de juros internacional INTRODUZINDO O SETOR EXTERNO NO MODELO CLÁSSICO Economia no longo prazo Todos os preços são flexíveis Produto da economia é determinado pelo estoque de fatores de produção existentes Equilíbrio se dará em uma situação de pleno emprego dos fatores Nível de produto é dado por fatores reais, independe de variáveis monetárias Demanda sempre ajusta a oferta 𝑌 = 𝐶 + 𝐼 + 𝐺 + (𝑋 −𝑀) 𝑌 − 𝐶 − 𝐼 − 𝐺 = (𝑋 −𝑀) Saldo em conta corrente (𝑋 − 𝑀) corresponde à diferença entre a produção interna (𝑌) e a absorção doméstica (𝐶 + 𝐼 + 𝐺) 𝑌 − 𝐶 − 𝑇 + (𝑇 − 𝐺) − 𝐼 = (𝑋 −𝑀) 𝑌 − 𝐶 − 𝑇: poupança privada (Sp) 𝑇 − 𝐺: poupança pública (Sg) 𝑆𝑝 + 𝑆𝑔 − 𝐼 = 𝑋 −𝑀 Sendo 𝑆𝑝 + 𝑆𝑔 = 𝑆 poupança interna 𝑆 − 𝐼 = 𝑋 −𝑀 Saldo em transações correntes iguala a diferença entre a poupança interna e o investimento na economia Se houver um excesso de poupança sobre investimento, haverá um superávit em transações correntes Se o investimento superar o nível de poupança, haverá um déficit em transações correntes S – I: corresponde ao saldo da Conta Capital e Financeira do Balanço de Pagamentos com sinal invertido (S – I) e o saldo em conta corrente refletem o mesmo fenômeno: Insuficiência ou excesso de poupança interna frente às oportunidades de investimento da economia Excesso ou insuficiência de absorção interna frente ao produto Suposição: Livre mobilidade de capitais (todos os países possuem acesso ao mercado de capitais internacionais) Economia pequena, cujo tamanho é insignificante para exercer qualquer pressão no sentido de alterar o preço neste mercado, a taxa de juros passa a ser dada para essa economia (ela é tomadora de preço) Para determinarmos o saldo em transações correntes para esta economia, basta determinarmos qual será a diferença entre poupança e investimento, isto é, o saldo da Conta Capital e Financeira a esta taxa de juros dada pelo mercado internacional 𝐼 = 𝐼(𝑟) Nível de investimento variando inversamente com a taxa real de juros Poupança pode ser deduzida: De uma função consumo do tipo keynesiana, em que o consumo (e a poupança) depende basicamente do nível de produto De uma função consumo do tipo escolha intertemporal, em que a taxa real de juros exerce um papel de destaque na determinação de como a renda se aloca entre consumo e poupança Função consumo keynesiana: 𝑆 = 𝑌 − 𝐶 Sendo: C = C(Y) Y = F(K, L) Como no modelo de longo prazo, Y é dado pelo estoque de fatores de produção, C também será dado e também a poupança (sendo esta independente da taxa de juros) Nível de investimento é obtido pela função investimento, considerando-se o nível de taxa de juros internacional (r*), que passa a ser o que prevalecerá na economia 𝑟 − 𝑟∗ 𝐼 = 𝐼 𝑟∗ Saldo da conta capital: 𝐼 𝑟∗ − 𝑆 Saldo em conta corrente (TC) é o da Conta Capital e Financeira com sinal invertido 𝑇𝐶 = 𝑆 − 𝐼 𝑟∗ Se a taxa de juros internacional for maior (como 𝒓𝑩 ∗ ) do que a taxa de juros que equilibraria a oferta e a demanda agregada no caso de uma economia fechada (𝒓𝑨), haverá um superávit em transações correntes, uma vez que o investimento será inferior à poupança Se a taxa de juros internacional for inferior (𝒓𝑪 ∗ ) a que igualaria poupança e investimento, no caso de uma economia fechada, haverá um déficit em transações correntes devido ao excesso de investimento DETERMINAÇÃO DO SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES. MODELO CLÁSSICO COM PEQUENA ECONOMIA ABERTA E CONSUMO INDEPENDENTE DA TAXA DE JUROS I S I,S r TC > 0 TC < 0 TC = 0 𝒓𝑪 ∗ 𝒓𝑩 ∗ 𝒓𝑨 = 𝒓𝑨 ∗ 𝒓𝑨 = 𝒓𝑨 ∗ Taxa de juros internacional é exatamente igual àquela que iguala poupança interna e investimento em uma economia fechada Saldo em conta corrente será zero 𝒓𝑩 ∗ Taxa de juros internacional se eleva Leva a redução do investimento e a um superávit em conta corrente Poupança se elevará, diminuindo o consumo, e com isso a absorção interna reduz-se ainda mais, ampliando o superávit DETERMINAÇÃO DO SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES. MODELO CLÁSSICO COM PEQUENA ECONOMIA ABERTA E CONSUMO DEPENDENTE DA TAXA DE JUROS DETERMINAÇÃO DO SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES. MODELO CLÁSSICO COM PEQUENA ECONOMIA ABERTA E CONSUMO DEPENDENTE DA TAXA DE JUROS I S I,S r TC > 0 TC < 0 𝒓𝑪 ∗ 𝒓𝑩 ∗ 𝒓𝑨 = 𝒓𝑨 ∗ TC = 0 Conta Capital e Financeira Reflete as condições de financiamento da economia frente às oportunidades de investimento Independe da taxa de câmbio Capital flui para os locais em que encontra melhores oportunidades de valorização Conta corrente Uma vez que o nível de renda está dado, dependerá basicamente da taxa de câmbio real 𝑋 −𝑀 = 𝑇𝐶 = 𝑇𝐶 𝜃 DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO REAL Dada a taxa de juros internacional e o nível de renda, a taxa real de câmbio será determinada de tal modo a garantir a igualdade entre o saldo da conta capital e financeira e da conta corrente com sinais invertidos DETERMINAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO REAL MODELO CLÁSSICO COM PEQUENA ECONOMIA ABERTA A taxa de câmbio real será a necessária para fazer com que a oferta ou demanda de divisas pelas transações correntes iguale, respectivamente, a demanda ou a oferta de divisas pela conta capital e financeira TCS-I 𝜽𝑬 TC; S-I 𝜽 POLÍTICAS ECONÔMICAS PODEM AFETAR O SALDO EM CONTA CORRENTE E A TAXA DE CÂMBIO REAL Modelo clássico Política econômica não afeta o nível de produto, que é dado pelo estoque de fatores de produção Moeda afeta apenas as variáveis nominais, não tendo qualquer impacto sobre variáveis reais Política monetária, ao tratar de setor externo, afetaria apenas a taxa de câmbio nominal, que acompanharia a alteração nos demais preços nominais, de modo a manter-se a taxa de câmbio real constante POLÍTICA FISCAL: AUMENTO NO GASTO PÚBLICO NÃO ACOMPANHADO POR ELEVAÇÃO NOS IMPOSTOS Aumento no gasto público não afeta a dotação de fatores da economia, não tem qualquer impacto sobre a renda Como os impostos não se alterarão, a poupança privada permanece a mesma Aumento nos gastos públicos provocará uma redução da poupança governamental (T - G), que levará a uma queda da poupança interna Como a economia é pequena, a taxa de juros internacional mantém-se constante, permanecendo o mesmo nível de investimento POLÍTICA FISCAL: AUMENTO NO GASTO PÚBLICO NÃO ACOMPANHADO POR ELEVAÇÃO NOS IMPOSTOS Aumento dos gastos públicos terá como efeitos um aumento no saldo da conta capital e financeira Diminui o saldo de poupança menos investimento, que é a conta capital e financeira com sinal invertido Como o saldo em conta corrente é igual ao da conta capital e financeira com sinal invertido, este se deteriorará, o que se faz com uma valorização da taxa de câmbio real MODELO CLÁSSICO COM PEQUENA ECONOMIA ABERTA EFEITO DE UMA POLÍTICA FISCAL NACIONAL EXPANSIONISTA I 𝑺𝟏 𝒓∗ TC 𝜽𝑬 𝑺𝟐 𝐒 − 𝐈 𝟏𝐒 − 𝐈 𝟐 𝜽𝑬 TC < 0 TC;S-I 𝜽 S, I r POLÍTICA ADUANEIRA NACIONAL PROTECIONISTA Imposição de medidas protecionistas (Ex.: elevação de tarifas, imposição de cotas, proibições a determinadas importações) Não possuem qualquer impacto sobre a poupança e o investimento Mantém inalteradoo saldo da conta capital e financeira Fazem com que as importações diminuam Saldo em conta corrente se eleva para cada nível de taxa de câmbio real (desloca para a direita a curva de saldo em conta corrente) POLÍTICA ADUANEIRA NACIONAL PROTECIONISTA Não há qualquer alteração no saldo da conta capital e financeira Situação final será o mesmo saldo em conta corrente Taxa de câmbio real terá que se valorizar Acarretará diminuição das exportações, uma vez que o produto nacional se encarecerá frente ao dos demais países Importações não diminuirão tanto quanto o fariam, se o câmbio não se valorizasse, uma vez que o barateamento destas importações, em decorrência do câmbio, diminui o efeito decorrente da política protecionista MODELO CLÁSSICO COM PEQUENA ECONOMIA ABERTA EFEITO DE UMA POLÍTICA ADUANEIRA NACIONAL PROTECIONISTA I 𝑻𝑪𝟏 𝜽𝟏 TC; S-I 𝜽 S,I r S 𝐒 − 𝐈 𝜽𝟐 𝑻𝑪𝟐 POLÍTICAS FISCAIS NO RESTO DO MUNDO Governos resolvem gastar mais Resultado: redução da poupança em nível mundial, o que provocará uma elevação na taxa de juros internacional Aumento na taxa de juros provocará uma redução do investimento no país POLÍTICAS FISCAIS NO RESTO DO MUNDO Nível de poupança interna não se altera (política fiscal interna e o nível de renda permanecem os mesmos) Com isso haverá uma diminuição no saldo da conta capital e financeira, o que significa um aumento no saldo em conta corrente, o que necessitará de uma desvalorização da taxa de câmbio real MODELO CLÁSSICO COM PEQUENA ECONOMIA ABERTA EFEITO DE UMA POLÍTICA FISCAL DO RESTO DO MUNDO EXPANSIONISTA I TC 𝜽𝟏 ∗ S 𝑺 − 𝑰 𝟐𝑺 − 𝑰 𝟏 TC; S-I 𝜽 𝜽𝟐 ∗ 𝒓𝟏 ∗ 𝒓𝟐 ∗ S, I r MODELO CLÁSSICO COM PEQUENA ECONOMIA ABERTA: EFEITOS DA POLÍTICA ECONÔMICA Saldo de transações correntes Taxa de câmbio real Política fiscal nacional expansionista Diminuição do saldo (ou aparecimento de déficit) Valorização da taxa de câmbio real Política fiscal do resto do mundo expansionista Aumento do saldo (ou aparecimento de superávit) Desvalorização da taxa de câmbio real Política aduaneira nacional protecionista Sem efeito sobre o saldo Valorização da taxa de câmbio real ECONOMIA ABERTA