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atualidades 2018

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Este eBook é dedicado aos curiosos sobre os principais assuntos
e acontecimentos ocorrendo no Brasil e no mundo. Se você irá
prestar vestibulares e ENEM, este material é perfeito para você! 
Aqui você encontrará alguns dos assuntos mais debatidos ao longo 
de 2018: a crise migratória, a ascensão da extrema direita
mundialmente, os movimentos separatistas no mundo, as reformas 
do Governo Temer, a Intervenção Federal no Rio de Janeiro, os 30 
anos da Constituição Federal e muito mais. O destaque é para o 
assunto intolerância, fenômeno presente no Brasil e no mundo, que 
pode ser observado em diversos episódios de racismo, machismo, 
xenofobia, misoginia e LGBTfobia, por exemplo. Dentro de cada 
capítulo, contextualizamos essas questões com linguagem simples e 
acessível, buscando contemplar os temas em toda a sua complexi-
dade e explicando suas dinâmicas. 
Bom estudo,
Equipe Politize!
O L Á !
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[internet] Fake news: o que as notícias falsas têm a ver com a gente, com a
polarização e as eleições?
[mundo] O que separatismo? O caso da Catalunha
[mundo] A disputa por Jerusalém, a cidade sagrada
[mundo] África do Sul, a democracia na África e as heranças da colonização
[mundo] O que é missão de paz? O fim da MINUSTAH, missão de paz do Brasil no Haiti
[mundo] Existem limites para a liberdade de expressão?
[mundo] O que é extrema-direita? A volta da extrema-direita na Europa
[mundo] Brexit: as implicações da saída do Reino Unido da União Europeia
[intolerância] O que é intolerância?
[intolerância] Intolerância religiosa
[intolerância] Racismo
[intolerância] A escalada da homofobia no Brasil
[intolerância] Refugiados no mundo: o que é e como está a crise humanitária?
[intolerância] Xenofobia no Brasil e no mundo
[Brasil] 30 anos da Constituição Federal de 1988
[Brasil] Ditadura militar no Brasil - de 1964 a 1985
[Brasil] Crise econômica: o que é?
[Brasil] Prisão após condenação em segunda instância e o caso de Lula
[Brasil] O que é Intervenção Federal? A intervenção no Rio de Janeiro
[Brasil] A Reforma da Previdência
[Brasil] A Reforma Trabalhista
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O Q U E E S T Á
ACONTECENDO
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O QUE AS NOTÍCIAS FALSAS
TÊM A VER COM A GENTE, COM A
POLARIZAÇÃO E AS ELEIÇÕES?
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0 5
Ah, as notícias falsas. As fake news estão 
por todo lugar! Boatos, mentiras e 
factóides infestam as nossas linhas de 
notícias das redes sociais – os newsfeed –, 
os nossos aplicativos de mensagens 
instantâneas e até as conversas com 
amigos e família. As notícias falsas
estão diretamente relacionadas a outro 
fenômeno contemporâneo, no Brasil e no 
mundo: a polarização, que consiste nessa 
atmosfera de combate nos discursos, em 
que as pessoas não conseguem discutir 
ideias, somente se atacam. 
Leia mais: saiba tudo sobre notícias falsas 
e pós-verdade neste texto, além do
contexto do Brexit e das eleições
presidenciais nos EUA em 2016, e como a 
política tem relação direta com esses 
fenômenos junto, também, à polarização.
“A polarização destrói a possibilidade de 
diálogo cívico, promovendo a desconfi-
ança em relação àqueles que discordam.
A polarização deve ser distinguida do
conflito de ideias, valores e interesses, 
que reconhece a legitimidade de visões 
plurais e dissidentes sobre os mais diver-
sos temas.” Sobrevivendo nas Redes,
documento criado pelo Internet Lab, a 
Fundação FHC e o Monitor do debate 
político na internet.
O CONTEXTO DA POLARIZAÇÃO NO BRASIL:
DESDE 2014, COM COXINHAS E PETRALHAS
Foto: Ricardo Stuckert | Insituto | 17/04/2016
As eleições de 2014 tiveram numerosos 
episódios marcantes, principalmente
em função das eleições presidenciais
que ocorreriam naquele ano. Um deles
foi a completa divisão social por conta de
crenças políticas. Ou era coxinha, ou
era petralha – referindo-se aos
então eleitores de Aécio Neves e
Dilma Rousseff, respectivamente. Os 
debates eram calorosos, as conversas
se resumiam a ataques pessoais ou 
ideológicos, raramente se limitavam à 
discussão de ideias, ideologias, posiciona-
mentos sobre políticas públicas e sobre 
qual forma de desenvolvimento se espera 
para o país.
Quatro anos depois, a situação é a 
mesma. O processo de polarização de 
crenças passa por uma série de fatores. 
Dentre eles estão: i) as notícias falsas,
ii) a desinformação em massa – mesmo 
vivendo em uma sociedade hiperconecta-
da –, iii) incluindo até mesmo a atuação de 
robôs nas redes sociais, que muitas vezes 
buscam potencializar os movimentos em 
massa e “causar discórdia”. Os resultados 
desses fatores podem causar instabili-
dade inclusive no processo democrático, 
como as eleições de 2018 – e é exata-
mente isso que queremos evitar.
O Brasil fornece o cenário perfeito para 
que a guerra informativa tome conta do 
debate político. Não apenas pela forte 
polarização ideológica, mas também pela 
ampla utilização de redes sociais pelos 
brasileiros com acesso à internet. As redes 
sociais se tornaram um terreno fértil
para fomentar a polarização dos discursos 
por meio do impulsionamento de notícias 
falsas e da utilização de algoritmos.
Estes, por sua vez, nos dão a sensação de 
que vivemos em uma “bolha”, em que 
todos os nossos contatos pensam de 
forma parecida com a nossa. Sendo assim, 
o que se pode fazer para combater as
fake news nas eleições?
Primeiramente, saber identificá-las.
Algumas dicas são importantes:
i) checar sempre a fonte de informações, 
ii) checar as datas de publicações,
iii) questionar as pessoas sobre a
procedência daquele vídeo, foto ou
COMO COMBATER FAKE NEWS 
NAS ELEIÇÕES DE 2018?
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Leia mais: neste texto, encontre tudo 
sobre o movimento #NãoValeTudo,
que visa ao uso ético das tecnologias
“corrente no Whatsapp”, iv) estar sempre 
de olho em agências que se especializaram 
em checar informações – bons exemplos 
são o Aos Fatos e a Agência Lupa. 
Tendo em mente que os algoritmos
das redes sociais funcionam de maneira
a mascarar informações contraditórias, 
senso crítico não é suficiente. Portanto, 
pode-se usar uma lista de passos de 
checagem, como esta do Aos Fatos. Além 
disso, preste atenção nos resultados de 
pesquisas que já foram feitas em relação 
às fake news; você pode ler mais dicas 
sobre como combater as notícias falsas 
nas eleições neste texto.
Outra questão que devemos pensar é 
sobre como os atores da arena política 
têm responsabilidade não só em não criar, 
nem reproduzir notícias falsas. É preciso 
que partidos políticos, pré-candidatos e 
pessoas envolvidas no processo ajam de 
maneira a combater a desinformação e a 
fim de qualificar o debate político, geran-
do discussão e diálogo entre grupos soci-
ais, pessoas de diferentes origens, locais e 
crenças. Promover o uso ético da tecnolo-
gia nunca foi tão necessário e pode ser 
determinante em todo o processo 
democrático das eleições de 2018.
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Em outubro de 2017, o Parlamento da 
Catalunha convocou um referendo para 
votar uma possível separação da região
do restante da Espanha. Em resposta, o
governo central espanhol declarou a 
votação ilegal e reprimiu manifestações. 
Mas você entende o que é o movimento 
separatista da Catalunha, que está no 
centro de toda essa discussão? 
Dica: o Politize! já explicou detalhada-mente o que é separatismo. Vai lá dar uma 
olhada! Mas podemos adiantar, de forma 
resumida, que se trata do desejo de uma 
região a ser independente do país no qual 
está inserido – ao qual ela “pertence”.
A Catalunha é uma região localizada
no nordeste da Espanha e é reconhecida 
como autônoma pelo Estado espanhol, 
mas não é independente dele.
Segundo os opositores do movimento
separatista, essa condição de
independência é ilegal do ponto de vista
constitucional. Ou seja, a Catalunha, como 
região autônoma, possui algumas
características próprias, como o idioma 
catalão e o direito de ter um Parlamento 
próprio, que decide autonomamente os 
investimentos em saúde, segurança e 
educação local. Mas essa autonomia não é 
total, já que a Catalunha possui fortes 
laços com o governo espanhol, o que é 
garantido pela Constituição de 1978.
O QUE É A CATALUNHA?
GOVERNO CATALÃO:
UM CONTEXTO HISTÓRICO
0 9
O movimento separatista catalão susten-
ta-se em diversos argumentos, confira
7 deles:
1. Autonomia catalã em jogo: um processo 
de re-centralização estaria acontecendo, 
o que reduziria a autonomia política catalã 
e colocaria a região sob comando
de Madri.
2. A Espanha teria roubado a Catalunha: 
um dos políticos pró-independência publi-
cou que a Catalunha contribuia com 
pouco mais de 16 bilhões de euros no 
orçamento comum da Espanha, o que 
totalizaria 8,4% do PIB regional.
3. Constituição de 1978: segundo a
campanha separatista, essa Constituição 
é hostil aos catalães. Seria preciso 
superá-la, desfazer-se do vínculo com ela 
e, por isso, propor a independência.
4. Prosperidade econômica: defende-se 
que, independente, a Catalunha seria
mais rica.
6. Legitimidade do referendo: segundo o 
governo catalão, que tem como lema
“referendo é democracia”, o referendo de 
outubro de 2017 teria sido legal. 
7. A guerra de 1714 teria sido separatista: 
a guerra de sucessão que ocorreu na 
Espanha teria sido uma guerra de
separação da Catalunha com relação
à Espanha.
5. Autodeterminação: o princípio defendi-
do pela ONU é acionado pelos
separatistas.
O QUE OS CATALÃES ARGUMENTAM?
Foto: Ricardo Stuckert | Insituto | 17/04/2016
No dia do referendo, a polícia atuou 
tentando frear a votação, fazendo uso da 
violência, sem sucesso. Do ponto de vista 
jurídico, o governo espanhol acionou o 
artigo 155 da Constituição de 1978.
Tal artigo diz que o governo central
espanhol tem direito de atuar para garan-
tir a proteção dos interesses gerais
nacionais caso alguma Comunidade 
Autônoma, como a Catalunha, aja contra
esses interesses.
Posteriormente, o governo de Madri 
“desmontou” o Parlamento catalão
e convocou novas eleições. Todos os
membros do corpo administrativo catalão 
tiveram que deixar seus cargos, sendo 
substituídos pelos que foram eleitos no 
dia 21 de dezembro de 2017.
Essa eleição não saiu conforme o
desejado pelo governo espanhol, já que
os separatistas renovaram sua maioria 
absoluta no parlamento.
A Catalunha representa uma impor-
tante parcela da economia espanhola:
PIB maior do que o de Madri;
Forte parque industrial nos ramos
da carne suína e de produção
química, que geram empregos e
atraem investimentos;
É a região espanhola que mais recebe 
turistas; 
40% da energia nuclear no país é
produzida em usinas catalãs.
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QUAL FOI A REAÇÃO DO
GOVERNO ESPANHOL?
POR QUE A ESPANHA NÃO 
RECONHECE O REFERENDO?
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conquiste sua independência, outros
separatismos ganhem força ao serem 
inspirados pela vitória de uma luta
semelhante. Não apoiar movimentos
separatistas – que existem às dezenas na 
Europa – é uma forma de evitar um “efeito 
dominó” que poderia se alastrar pelo
continente e até pelo mundo inteiro.
A ONU, por sua vez, pediu que as autori-
dades espanholas investigassem os atos 
de violência diante das centenas de
espanhóis feridos nas manifestações e 
indicou que a solução para o conflito seria 
o diálogo político.
Os países buscam não apoiar movimentos 
separatistas. Essa estratégia também 
evita que, caso a Catalunha realmente 
O QUE A COMUNIDADE
INTERNACIONAL DIZ SOBRE
A CATALUNHA?
A CIDADE SAGRADA
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Em maio de 2018, os Estados Unidos
inauguraram sua embaixada em 
Jerusalém, o que significa que eles 
passaram a reconhecer a cidade como a 
capital de Israel. Essa mudança gerou 
inúmeros protestos por parte dos
palestinos, resultando, inclusive, em 
mortes. A grande polêmica por trás desse 
fato é que tanto judeus quanto palestinos 
reivindicam a posse de Jerusalém como 
capital do seu Estado, por ser um local 
sagrado para essas religiões.
da Jordânia - um país aliado aos
Palestinos. Entenda o conflito de Israel
e Palestina de 1979 até os dias atuais 
neste texto!
Leia mais: Israel e Palestina - o conflito do 
ano 0 ao final da Segunda Guerra Mundial.
Em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, 
os judeus assumem o controle da cidade 
de jerusalém inteira. A ONU e diversos 
países, no entanto, não reconhecem como 
legal a posse de Jerusalém Oriental por 
Israel e por esse motivo, os países
transferiram suas embaixadas para Tel 
Aviv. Isso porque, se mantivessem suas 
representações em Jerusalém, estariam 
concordando que esta é a capital de Israel. 
Apesar de aliados históricos dos judeus, 
os Estados Unidos sempre buscaram
agir de forma neutra, inclusive, se
colocando como mediador para a 
resolução do conflito entre israelenses
e palestinos. Com a iniciativa dos
Estados Unidos de inaugurarem sua 
embaixada em Jerusalém, Donald Trump 
demonstra que o país não está mais tão
neutro e assim favorece seus aliados 
históricos israelenses. 
A EMBAIXADA DOS ESTADOS 
UNIDOS EM JERUSALÉM
O primeiro acordo sobre a posse de 
Jerusalém foi estabelecido no Plano da 
ONU de 1947 para a partilha da Palestina, 
que criava o Estado de Israel e o Estado da 
Palestina. Segundo esse acordo, a cidade 
seria um caso especial – um “corpus
separatum” – que deveria ter uma admin-
istração internacional. Porém, em 1948, 
logo após a guerra de Independência de 
Israel, durante um conflito entre Israel e 
seus vizinhos, Jerusalém foi dividida entre 
Jerusalém Ocidental – de controle 
A HISTÓRIA EM TORNO
DE JERUSALÉM
Jerusalém está localizada no Oriente 
Médio, dentro de uma região que é 
historicamente disputada por judeus e 
palestinos. Apesar da Organização 
das Nações Unidas ter definido a 
Partilha do território em 1947, Israel 
estendeu seu domínio em áreas
consideradas palestinas. Ambos os 
povos proclamam para si o direito à 
região e diversos conflitos foram 
travados entre eles. Atualmente, a 
disparidade entre Israel e Palestina é 
grande. Enquanto os Israelenses 
possuem um dos exércitos mais bem 
preparados do mundo e situação 
econômica estável, a Palestina sofre 
com a divisão política interna e com 
uma fraca economia. 
Você pode saber todos os detalhes 
dessa história nesses textos que o 
Politize! preparou:
ISRAEL E PALESTINA
Israel e Palestina - o conflito do ano 0 
ao final da Segunda Guerra Mundial.
Israel e Palestina: da resolução 181 
da ONU ao início dos anos 90. 
Israel e Palestina - de 1979 aos
dias atuais. 
A DEMOCRACIA NA ÁFRICA E AS
HERANÇAS DA COLONIZAÇÃO
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Em 2018, a África do Sul chamou atenção 
do mundo quando o então presidente, 
Jacob Zuma, deixou o cargo em fevereiro. 
Apesar do destaque, a saída de Zuma da 
presidência da África do Sul é só uma das 
situações delicadas pela qual o país 
passa. Para te ajudar a entender o que 
vem acontecendo no país, o Politize! 
separou 5 pontos essenciais para com-
preender os últimos 500 anos da história
sul-africana - leia-osneste texto!
Nelson Mandela, o primeiro presidente 
após o fim do apartheid – regime segrega-
cionista racial, que teve fim apenas em 
1994 –, governou entre 1994 e 1999. 
Nesse período, Mandela teve muitas 
missões, sendo uma das principais buscar 
a reconciliação do país, já que osanos de 
apartheid criaram fissuras na nação.
1 4
DESAFIOS PARA O PRÓXIMO
GOVERNO E ELEIÇÕES DE 2019
Cyril Ramaphosa – até então vice-presi-
dente, também vinculado ao CNA – 
assumiu o cargo com a missão de salvar a 
economia e buscar reestruturar seu parti-
do, objetivando as eleições em 2019. Para 
recuperar a credibilidade do CNA,
Ramaphosa deve investigar mais a fundo 
acusações de corrupção e buscar com-
ba-ter a desigualdade econômica racial – 
já que 90% da riqueza do país concen-
tra-se nas mãos de 10% da população, a 
maioria brancos. Cheryl Hendricks,
professora da Universidade de
Johannesburgo, pensa de forma
semelhante e afirma que a África do Sul 
precisa de uma nova liderança para 
entender asmudanças que precisam ser 
feitas em Estados pós coloniais, os quais 
têm uma inclinação “a modos não 
democráticos de governança”. 
Se você quiser entender mais a fundo a 
complexidade dos acontecimentos na 
África do Sul, confira o texto completo. 
Nele, o Politize! mostra como fatos
acontecidos há 500 anos ainda impactam a 
sociedade sul-africana.
GOVERNO ZUMA E A CORRUPÇÃO
Para isso, formou-se uma Comissão da 
Verdade a fim de investigar crimes, julgar 
transgressores e compensar vítimas. 
O que é apartheid? O apartheid foi um 
sistema de segregação racial instituído na 
África do Sul em 1948 pelas elites brancas 
que controlavam o país e sustentava-se no 
mito da superioridade racial europeia. 
Baseando-se na crença de que os brancos 
europeus eram superiores aos negros e 
outras etnias, os brancos acreditavam que 
deveriam viver separados. Leia tudo sobre 
apartheid neste texto.
O ex-presidente acabou cedendo à 
pressão de seu partido – o CNA – para 
renunciar. Ao encarar mais de 790 
acusações de corrupção, Zuma foi um dos 
principais responsáveis pela queda de 
popularidade do partido. Ele deixou seu 
cargo em um momento crítico da África 
do Sul. O país, que cresceu economica-
mente na primeira década dos anos 2000 
– sob o governo de Thabo Mbeki –, fechou 
2017 com uma taxa de desemprego de 
27,7% – número que, entre jovens de 18 a 
25 anos, atinge 66%. 
O BRASIL NA MISSÃO
DE PAZ NO HAITI
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O Politize! já te explicou o que é uma 
Missão de Paz: resumidamente, trata-se 
de uma operação que serve como
instrumento para auxiliar países devasta-
dos por conflitos a criar condições para 
que a paz seja alcançada no local. Mas 
você sabia que o Brasil participa bastante 
dessas operações? Pois é, nosso país até 
liderou a Missão das Nações Unidas para 
a Estabilização do Haiti. Que tal entender 
o motivo e a importância da MINUSTAH 
para o Brasil?
Esse passado afeta o atual Índice de 
Desenvolvimento Humano (IDH) do país, 
que em 2014 era 0,48 – o mais baixo das 
O Conselho de Segurança criou a 
MINUSTAH a fim de levar ajuda 
humanitária, promover a normalidade 
institucional no país, restabelecer a segu-
rança e proteger os direitos humanos.
Américas e o 163º mais baixo no mundo, 
dentre 186 Estados.
Foi a principal colônia francesa
nas Américas;
Aboliu a escravidão em 1789 – o que
só aconteceu no Brasil em 1888;
Conquistou sua independência em 
1804 (fim da Revolução Haitiana) e
por isso pagou uma alta indenização
à França;
Foi ocupado pelos EUA entre
1915 e 1934.
Entre 1957 e 1986 o Haiti
vivenciou uma violenta ditadura;
Após a ditadura, os militares
assumiram o poder;
Em 1990 foram realizadas eleições, 
onde Jean-Bertrand Aristide
tornou-se presidente;
Em 2004, Aristide renunciou
ao cargo por pressão popular;
Bonifácio Alexandre, então
presidente da Suprema Corte,
assumiu a presidência do país e
solicitou ajuda à ONU, já que
conflitos entre grupos pró e contra 
Aristide colocaram o Haiti à beira
de uma guerra civil.
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Fim da MINUSTAH: em 2017 o
Conselho de Segurança finalizou
a MINUSTAH, já que o objetivo
principal da missão foi cumprido com
a realização das eleições em 2016;
MINUJUSTH: após a MINUSTAH, 
criou-se Missão das Nações Unidas
de Apoio à Justiça para consolidar
o processo de fortalecimento das
instituições públicas do Haiti.
1 6
POR QUE A MINUSTAH
DUROU TANTO TEMPO?
Ao ser formada, previa-se que o fim da 
MINUSTAH se daria quando seus objeti-
vos fossem concluídos. Entretanto, impre-
vistos prolongaram a operação diversas 
vezes, como o terremoto em 2010 e o 
Furacão Matthew em 2016.
POR QUE O BRASIL
ADERIU À MINUSTAH?
Aceitar coordenar a MINUSTAH é uma 
maneira de o Brasil ampliar seu peso
na Comunidade Internacional e fortalecer 
sua campanha para um assento
permanente no Conselho de Segurança.
HAITI: UM PANORAMA HISTÓRICO
POR QUE A MINUSTAH
FOI CRIADA?
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“Peacekeepers” brasileiras em atividades no Batalhão do Brasil na MINUSTAH. Desde 2004, mais de
190 mulheres integraram as tropas brasileiras no Haiti (Foto: Ministério da Defesa | Flickr ).
CRÍTICAS À MINUSTAH
HAITIANOS NO BRASIL
Organizações e cidadãos consideravam a
operação uma nova ocupação militar estrangei-
ra, disfarçada de ajuda humanitária.
Durante a MINUSTAH, várias acusações de 
abuso sexual, violência e estupro foram feitas 
contra os capacetes azuis.
Em 2010, houve um surto de cólera no Haiti. 
Investigações apontaram que a doença fora
trazida por tropas do Nepal.
Pode-se relacionar a participação brasileira na 
MINUSTAH com o fluxo migratório de haitianos 
recebido na segunda década do século XXI. Ações 
simbólicas tiveram impacto na visão da população 
haitiana sobre o Brasil, como a partida amistosa
de 2004, que contou com a participação de
Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Fenômeno e a visita 
do ex presidente Lula em fevereiro de 2010, onde 
afirmou que o povo haitiano seria bem vindo ao 
Brasil. Até o fim de 2016, 67 mil autorizações
de residência foram emitidas para haitianos.
Entretanto, esses estrangeiros se depararam outra 
característica brasileira: a xenofobia. 
Se você quiser entender mais a fundo a 
MINUSTAH e sua importância para o Brasil, 
acesse o conteúdo completo.
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Nos últimos anos, vários movimentos 
sociais de minorias – que na verdade são 
maiorias em quantidade – reivindicam 
igualdade e rechaçam o tratamento
que recebem: racistas, machistas, xenófo-
bos, misóginos, LGBTfóbicos. Casos de
ofensas e discriminação – perpetuadas 
por meio de xingamentos em redes
sociais, de ofensas e brigas, de assédios 
morais, entre outros – têm tido
repercussão social, midiática e na justiça. 
Aí dois direitos entram em conflito e 
surge a dúvida: qual direito se sobressai? 
O direito à liberdade de expressão, de 
quem realizou essas falas, ou o direito à 
vida – à crença, à religião, a ir e vir –, de 
quem as sofreu?
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A todas as brasileiras, brasileiros e 
estrangeiros residentes no país. Em 
resumo, a todas as pessoas que estiverem 
em território nacional. Do banqueiro ao 
gari, do bancário ao professor, do ministro 
ao estudante. A liberdade de expressão é 
uma garantia fundamental ao exercício da 
cidadania e à participação social em
ambientes como audiências públicas e 
conselhos municipais. 
pensamento e a livre expressão da ativi-
dade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de 
censura ou licença. É também um direito 
assegurado na Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, de 1948, promulgada 
pela Organização das Nações Unidas 
(ONU).
A liberdade é um direito fundamental dosbrasileiros, segundo a Constituição de 
1988. No artigo 5º, que dispõe sobre
as garantias e deveres individuais e
coletivos, são considerados invioláveis os 
direitos: “à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade”. Na história 
recente do Brasil, apesar de prevista na 
Constituição de 1967, a liberdade de
expressão foi amplamente restringida 
durante a ditadura civil-militar. Nos anos
 mais duros da época, era coibida qualquer 
forma de manifestação de pensamento, 
credo e ideologia política. Esse direito
só veio a ser restabelecido e reintegrado
com a Constituição Cidadã. Quanto
à liberdade de expressão, a Constituição 
garante a livre manifestação do 
O QUE É LIBERDADE DE
EXPRESSÃO?
EXISTEM LIMITES
PARA A LIBERDADE
DE EXPRESSÃO?
A QUEM É ESTENDIDA A
LIBERDADE DE EXPRESSÃO?
É a partir da reivindicação desse direito 
que surgiram as democracias modernas, 
em que não é permitida a censura a 
qualquer pessoa por parte do governo ou 
de qualquer entidade. Numa democracia, 
a ideia é que haja pluralidade de
pensamento e, consequentemente, a
manifestação de ideias, ideais e valores, 
levando a discussões e diálogos. Todas as 
vezes em que a liberdade de expressão 
começa a ser restringida, a diversidade de 
pensamento é afetada diretamente e, 
assim, começa a surgir o autoritarismo.
O que poucos sabem é que, assim como 
qualquer outra, a liberdade de expressão 
tem limites: é proibido o anonimato pela 
Liberdade de expressão
e democracia
Constituição, a fim de que ninguém deixe 
de lidar também com as consequências do 
que fala, por exemplo. Assim como são 
proibidas ofensas que firam a dignidade 
da pessoa, sua integridade e imagem, ou 
que sejam falaciosas. Por exemplo, existe 
uma lei que tipifica racismo como crime; 
logo, impedir uma pessoa de acessar 
determinado estabelecimento apenas por 
ela ser negra, por exemplo, é uma atitude 
que pode e deve ser punida.
As leis e a justiça ainda estão aprendendo 
a lidar com crimes dessa natureza, pois 
por muito tempo eles não foram denun-
ciados; o mesmo acontece quando esses 
crimes acontecem na esfera online. Em 
muitos desses casos no Brasil, as pessoas 
não ganham seu processo na justiça 
contra os xingamentos e ofensas discrimi-
natórias que receberam, de forma anôni-
ma ou não – como quando o ex- candidato 
à presidência, Levy Fidelix, foi absolvido 
por ofender pessoas homossexuais.
2 0
Por outro lado, a Justiça ao redor do 
mundo tem agido de forma a proteger a 
dignidade das pessoas ofendidas – como o 
Parlamento Europeu, que impôs sanções 
ao parlamentar que fez falas misóginas em 
sessão plenária.
Nenhuma forma de preconceito e discrim-
inação é uma maneira de expressão; além 
de crime, é uma violação ao direito alheio 
– à vida, à liberdade e à segurança, que são 
direitos fundamentais.
DECLARAÇÕES
PRECONCEITUOSAS SÃO UMA
MANEIRA DE SE EXPRESSAR?
A ASCENSÃO DA EXTREMA
DIREITA NA EUROPA
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D I R E I T A ?
Os movimentos de extrema direita, 
apesar de apresentarem variações
conforme as regiões do mundo, possuem 
alguns posicionamentos comuns, como 
uma agenda nacionalista forte e resistên-
cia à perda de soberania do país - têm uma 
certa rejeição à globalização e tendências 
de cooperação econômica. Sua ideologia 
tem caráter ultraconservador, extremista 
e, em muitos casos, seus adeptos adotam 
posturas preconceituosas e xenófobas - 
que é o medo ou aversão ao estrangeiro. 
Tanto na Europa quanto nos Estados 
Unidos - onde esses movimentos estão 
mais evidentes - percebe-se que são 
motivados pela sensação de insatisfação 
de parte da população com a situação 
econômica, que muitas vezes é relaciona-
da à globalização e consequente abertura 
do país. Assim, há o fortalecimento de 
ideais nacionalistas e de fechamento do 
país em relação à outras nações. 
Quando os posicionamentos políticos são 
extremistas, tanto para a esquerda, 
quanto para a direita, há tendências de 
que se construam governos totalitários 
2 2
que levaram a adoção de medidas de
austeridade fiscal - controle de gastos - 
por parte dos governos. Com isso, os 
padrões de vida dos europeus sofreram 
certo declínio, o que levou à insatisfação 
da população.
Em paralelo às dificuldades financeiras, 
esses países passaram a receber muitos 
estrangeiros devido à crise migratória - a 
maior desde a Segunda Guerra Mundial - 
enfrentada principalmente, pelos países 
da África e do Oriente Médio. Esses 
imigrantes buscam abrigo no continente 
europeu devido à guerras, perseguição 
política ou dificuldades econômicas 
enfrentadas em seus países. Porém, eles 
são vistos como ameaças por parte da 
população europeia - que acredita que 
eles podem ocupar seus postos de 
trabalho ou sobrecarregar os serviços 
públicos, por exemplo - e passam a 
defender um maior controle das frontei-
ras. Essa situação faz crescer o sentimento 
de xenofobia e racismo em relação aos 
diferentes povos. 
Leia mais: Imigrante, refugiado e asilado: 
quais são as diferenças?
 
A EXTREMA DIREITA NA EUROPA
O QUE LEVA AO SURGIMENTO 
DE UMA EXTREMA DIREITA?
ou ditatoriais. É por essa razão que existe 
um temor em relação ao crescimento 
desses movimentos, pois é comum que 
grupos extremistas defendam ações anti-
democráticas, que ferem os direitos 
humanos e que disseminam preconceitos 
e ideias de superioridade de alguns grupos 
de pessoas em relação a outros. 
Em 2017 aconteceram eleições presiden-
ciais para países chave da União Europeia, 
como a França, a Alemanha e a Holanda. 
Nesses três países, os partidos de extrema 
direita foram derrotados, mas tiveram 
nítido crescimento em relação aos anos 
anteriores. As duas principais causas para 
o crescimento desse fenômeno na Europa 
são: a crise econômica enfrentada pelo 
continente e o aumento da imigração 
devido à crise humanitária atual
dos refugiados. 
A Europa, que há décadas atrás apresen-
tava uma situação econômica e padrões 
de vida bastante satisfatórios, passou a 
enfrentar dificuldades, principalmente 
após a crise de 2008. Os países europeus 
começaram a apresentar maiores índices 
de desemprego e dificuldades econômicas
B R E X I T :
AS IMPLICAÇÕES DA
SAÍDA DO REINO UNIDO
DA UNIÃO EUROPEIA
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B R E X I T :
B R E X I T :
No dia 23 de junho de 2016, os cidadãos 
do Reino Unido participaram de um
plebiscito em que podiam escolher entre 
duas opções: o Reino Unido permanecer 
("remain") ou deixar ("leave") a União 
Europeia (UE). No fim das contas, venceu 
a opção pela saída dos britânicos da UE, 
com 52%. Vamos entender um pouco 
melhor as implicações do Brexit?
A realização e o resultado do plebiscito 
sobre a presença do Reino Unido na 
União Europeia traduzem um sentimento 
negativo compartilhado por muitos euro-
peus em relação a essa organização. A 
crise dos refugiados, considerada pela 
ONU a maior crise humanitária desde a 
Segunda Guerra Mundial, é uma das 
razões da desconfiança da população – 
também por conta da xenofobia de alguns 
grupos – com relação às políticas que o 
país instituirá e às obrigações que têm de 
cumprir como membro da UE, como o 
asilo de pessoas. Inclusive, com a 
ascensão de partidos de extrema-direita 
na Europa, têm crescido as visões 
nacionalistas, xenófobas e preconceituo-
sas com o que é "exterior", gerando o 
isolamento de sua cultura, população
e país perante o mundo e do que
ocorre nele.
A campanha pelo Brexit certamente
foi muito fortalecida pela percepção
de que o Reino Unido estava sendo
prejudicado pela facilidade com que 
muitos estrangeiros conseguiam migrar 
para o país. A alegação de que o país
não possui controle efetivo sobre
suas próprias fronteiras por causa da
União Europeia pesou bastante para oresultado final.
Além da questão da imigração, também 
há o argumento de que a União Europeia 
cria uma situação injusta entre seus
membros, em que países com economias 
mais fortes (como Alemanha, França
e Reino Unido) “sustentam” países
economicamente mais fracos e endivida-
dos (Espanha, Portugal, Grécia, Itália, etc).
Outro fator determinante é o crescimen-
to do isolamento e da cultura do medo 
não só no continente europeu, mas como 
em todo o mundo. Há um isolamento de
2 4
Em março de 2017 os termos de saída 
começaram a ser negociados e há previsão 
de que encerrem apenas em 2019. Isso 
porque os trâmites são burocráticos,
complexos e novos, visto que essa é a 
primeira vez em que um país deseja sair da
União Europeia. 
Quanto à política interna no Reino Unido, 
o cenário consiste em incertezas também. 
A primeira-ministra Theresa May, do
partido Conservador, assumiu o cargo 
após a renúncia de David Cameron em 
função do resultado do plebiscito.
Em meados de 2017, ela perdeu capital
político e popular em função de ataques
terroristas que ocorreram na Inglaterra. 
pessoas e grupos sociais em função das 
desigualdades sociais e diferenças 
culturais entre eles e, em função disso, 
muitos grupos não enxergam no outro um 
semelhante. Por desconhecer o outro, há 
o sentimento de ameaça – de perda
de emprego, de violência e demais
outros fatores.
POR QUE O REINO UNIDO
ESCOLHEU DEIXAR A UNIÃO 
EUROPEIA?
COM A VITÓRIA DO BREXIT,
O QUE ACONTECE?
Quanto às negociações, algumas coisas já 
foram decididas, tais como:
Economia: o Reino Unido irá pagar uma 
indenização de 39 bilhões de libras,
o equivalente a algo próximo de 200 
bilhões de reais, à União Europeia.
Outra definição foi a continuidade de con-
tribuições financeiras do Reino Unido 
para o orçamento da UE até o ano
de 2020.
Economia | em negociação: apesar da 
escolha de sair do bloco econômico,
o Reino Unido não quer perder as
vantagens econômicas que advém dessa
participação. A primeira-ministra Theresa 
May tem a intenção de manter o acordo 
de livre-comércio, sendo o Reino Unido 
então um país não-membro; por outro 
lado, a União Europeia está dividida entre 
manter uma relação comercial amigável 
com o Reino Unido ou ser restritivo a fim 
de pressionar o país a não sair do bloco.
A boa relação comercial entre países 
membros e não-membros da UE garante 
melhores taxas alfandegárias e um
relacionamento comercial vantajoso em 
termos de trocas, conexões e tarifas
mais baixas. 
Imigração: uma proposta quanto à 
imigração já foi decidida: cidadãos euro-
peus que residem no Reino Unido podem 
continuar sua vida no país, assim como é 
válida a permanência de britânicos que 
vivem em países da União Europeia.
Imigração | em negociação: apesar de 
ainda não serem conhecidas as conse-
quências exatas em relação à imigração, é 
provável que haja maior controle na 
entrada de estrangeiros no país. Porém, 
não há políticas definidas ainda. 
2 5
Fotografia: Duncan Hull via Flickr
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A MANIFESTAÇÃO MÁXIMA
DO DESRESPEITO
E PRECONCEITO
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Com frequência escutamos ou lemos
relatos de desrespeito e intolerância em 
razão de opiniões políticas, orientação 
sexual, religião, nacionalidade, raça,
entre outros. Motivada pela prevenção de
atrocidades como as que ocorreram 
durante a Segunda Guerra Mundial,
em 1948, as Nações Unidas aprovaram
a Declaração Universal dos Direito 
Humanos (DUDH). Esse documento 
define os direitos fundamentais dos seres 
humanos, sem distinção de cor, sexo, 
língua, raça, opinião, nacionalidade ou 
classe social. 
Segundo indica o Dossiê sobre intolerân-
cia do Guia do Estudante, são três
as principais origens dos comportamen-
tos intolerantes. Atualmente há dois fatores que
contribuem para o crescimento de com-
portamentos intolerantes: a internet e as 
redes sociais. Além da velocidade com
que as informações circulam na rede, o 
distanciamento que existe entre as pes-
soas oferece uma certa segurança para 
que estas expressem opiniões que se
2 8
sentiriam constrangidas de manifestar 
pessoalmente. Além disso, as bolhas
virtuais nos aproximam apenas de
pessoas com pensamentos semelhantes 
ao nosso, dificultando o nosso acesso a 
pessoas com opiniões diferentes.
Porém, conhecer os posicionamentos 
diferentes é importante para que possa-
mos exercitar a empatia e promover o 
diálogo, valores fundamentais em uma
sociedade democrática. 
O QUE GERA A INTOLERÂNCIA?
O primeiro deles é o isolamento e
a cultura do medo. Nesse caso, a
dificuldade em aceitar diferenças faz 
com que se veja uma ameaça naquele 
que não é um semelhante, o que como
consequência gera um isolamento
de grupos. 
A segunda razão seria o individualis-
mo e o imediatismo, que retrata uma 
sociedade que coloca seus interesses 
pessoais na frente dos interesses
coletivos e não se interessa em
conhecer opiniões diferentes das suas. 
Por fim, teríamos as crises econômicas 
e políticas, que motivadas pela insatis-
fação da população, contribuem
para o fortalecimento de discursos
intolerantes, que buscam por culpados 
pela situação e propõem soluções
simples para a superação das crises. 
Um dos exemplos nesse caso é o
Holocausto, que culpava os judeus 
pelas dificuldades econômicas enfren-
tada na Alemanha e viu no extermínio 
desse povo a solução para o problema. 
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econômica
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A religião, já foi e ainda é, motivação
para guerras e conflitos. A intolerância
religiosa atinge todas as crenças, mas a 
perseguição a determinadas religiões
é mais ou menos intensa conforme a 
região e a época. No Império Romano, por
exemplo, os católicos foram perseguidos. 
Na Idade Média, católicos perseguiram 
judeus e pagãos. No Brasil, os port gueses 
não aceitavam as crenças religiosas dos 
índios e os catequizaram; e no período da 
escravidão, proibiam os negros de cultuar 
seus deuses. 
O artigo 5º da nossa Constituição atual 
prevê a liberdade de crença e de cultos 
religiosos e determina que o Estado é 
laico. Mas nem sempre foi assim. A
Constituição de 1824, por exemplo, 
declarou oficial a religião católica no país 
e proibiu a realização de cultos públicos 
de outras religiões. Apesar de hoje nossas 
leis determinarem a liberdade religiosa,
exercer uma fé pode não ser tão livre 
assim no Brasil. Segundo o Disque 100 do 
Ministério dos Direitos Humanos, há em 
média, uma denúncia de intolerância
religiosa a cada 15 horas no Brasil.
As religiões mais atacadas são as de 
matriz afro, como a umbanda e
o candomblé.
Há muitos exemplos de intolerância
religiosa fora do Brasil também.
Em Myanmar, país vizinho da China e 
Tailândia, por exemplo, está acontecendo 
um genocídio já denunciado pela ONU de 
uma minoria muçulmana chamada 
rohingya. No Tibet, há um conflito entre 
os budistas e o Partido Comunista Chinês, 
que matou milhares de tibetanos e causou 
a destruição de diversos templos.
No Sudão, uma guerra civil ocorre há 
décadas, que dentre outras motivações, 
está relacionada à divisão entre muçul-
manos e não muçulmanos. E no Iraque, os 
conflitos entre as correntes sunitas e 
xiitas da religião islâmica já foram 
responsáveis por milhares de mortes. 
3 0
Leia mais: Genocídios no mundo - há como 
preveni-los?
As religiões, que nasceram como
propósitos de solidariedade, união, paz e 
respeito ao próximo, tornaram-se motivo 
de conflitos e intolerâncias. Essa dificul-
dade em aceitar a existência de um Deus 
diferente do seu ainda é motivo de 
grandes tragédias. Para não alimentar 
sentimentos intolerantes em relação à 
outros indivíduos,é preciso respeitar as 
diferentes crenças e manifestações
religiosas e assim contribuir para uma 
sociedade mais democrática e saudável. LIBERDADE RELIGIOSA COMO 
UM DIREITO
INTOLER NCIA RELIGIOSA: 
UM FENÔMENO BRASILEIRO
E MUNDIAL
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COMO ESSA PRÁTICA É
ESTRUTURADA NO BRASIL
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“Teoria ou crença que estabelece uma 
hierarquia entre as raças (etnias)”.
Doutrina que fundamenta o direito de 
uma raça, vista como pura e superior, 
de dominar outras.
Preconceito exagerado contra pessoas 
pertencentes a uma raça (etnia)
diferente, geralmente considerada 
inferior.
Atitude hostil em relação a certas 
categorias de indivíduos.
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Racismo por si só é um tema delicado. 
Entretanto, casos recentes deste crime 
vêm tomando espaço na mídia.
Um exemplo foi o ocorrido em 2017, na 
cidade de Charlottesville, EUA. Lá, a 
extrema direita promoveu uma manifes-
tação, reunindo grupos de supremacistas 
brancos como a KKK (Ku Klux Klan,
organização abertamente racista) e 
também neonazistas. Como resposta, 
também ocorreram manifestações de 
pessoas contra esses ideais de superiori-
dade racial. Infelizmente, a manifestação 
resultou em extrema violência e morte.
O governo chegou a declarar estado de 
emergência, dada a gravidade da situação. 
Com este exemplo, fica claro a necessi-
dade de se discutir sobre o racismo, bem 
como suas origens e consequências.
Leia mais: Neonazismo, o rosto do
nazismo na atualidade.
O racismo, no Brasil, se projeta de manei-
ra estrutural. Ele possui raízes lá no inicio 
do país, quando a mão de obra escrava 
negra foi usada para construir as bases da 
sociedade em que vivemos. Pessoas 
foram retiradas de seus lares, assim como 
suas culturas também lhes foram nega-
das. O que vivemos hoje em dia é um 
reflexo de todo este histórico, e, apesar do 
Na lei brasileira, existem os crimes de 
racismo e injúria racial, vamos explicar a 
diferença entre os dois:
O crime de racismo se configura quando 
alguém se recusa ou impede o acesso de 
uma pessoa negra a determinados
ambientes, sejam eles comerciais ou não.
Além disso, o crime de racismo é 
inafiançável e imprescritível, ou seja, 
Primeiramente, é interessante com-
preender que o termo “racismo” não 
possui uma definição concreta e predomi-
nante. Segundo o dicionário Michaelis, 
racismo é:
Leia também: Por que o índice de negros 
em cargos políticos é baixo?
3 2
país estar melhor do que estava antes em 
termos de equidade, ainda há muito a
ser feito. 
Infelizmente, os números sobre o racismo 
no Brasil não são animadores. De acordo 
com a ONU Brasil, um jovem negro é 
assassinado a cada 23 minutos em nosso 
país. E a punição para estes crimes, em sua 
maioria, seguem sem solução.
Um exemplo foi o caso da ex-vereadora 
pelo Rio de Janeiro, Marielle Franco,
que, em 13/03/18, foi assassinada, junto 
de seu motorista. E o caso, até a
publicação deste eBook, segue sem 
encontrar os responsáveis. 
O QUE É RACISMO?
RACISMO: DADOS ATUAIS
O QUE A LEI BRASILEIRA PREVÊ 
PARA O CRIME DE RACISMO?
quem praticou pode ser punido indepen-
dente de quando cometeu o crime.
O repúdio ao terrorismo e ao racismo
está previsto no Art. 4º da
Constituição Federal. 
Já a injúria racial acontece quando a 
honra de alguém é ofendida usando de 
elementos como raça, cor, etnia, religião 
ou origem. Está associada ao uso de
palavras com teor depreciativo e/ou
ofensivo referentes à raça ou cor. O crime 
de injúria, por sua vez, está previsto no 
Código Penal. O condenado deve cumprir 
pena de detenção de um a seis meses ou 
multa. Contudo, se a injúria conter 
elementos referentes à raça, cor, etnia, 
religião, origem, condição de pessoa idosa 
ou deficiente, a pena aumenta para 
reclusão de um a três anos.
Somente com a união, e não com a
segregação dos povos, é possível lutar 
para a conquista de direitos. Vamos nos 
lembrar de que o racismo, além de ferir os 
direitos humanos, é crime.
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Manifestantes de extrema-direita acendem tochas em protesto na Universidade da Virgínia 
Foto: STRINGER / ALEJANDRO ALVAREZ/NEWS2SHARE
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L G B T F O B I A
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Dados sobre a violência no Brasil 
mostram que a comunidade LGBT+ ainda 
vive com medo da violência gerada pela 
LGBTfobia. Que tal entender mais
sobre isso? 
Em 2006, a então deputada Iara Bernardi 
apresentou um Projeto de Lei que obje-
tivava criminalizar preconceitos contra 
sexualidade e identidade de gênero. 
Entretanto, o projeto da lei anti-
LGBTfobia foi arquivado no Senado após 
passar oito anos sem aprovação.
Esse congelamento do processo pode ser 
explicado pelo grande debate que o PLC 
gerou entre seus defensores e opositores.
Ao falar de LGBTfobia, uma das
dificuldades encontradas é a falta de 
estatísticas oficiais, fundamentais na 
criação de políticas públicas. 
Enquanto governos de vários países 
preocupam-se em levantar dados que 
ajudem a entender a realidade da comuni-
dade LGBT, o Brasil toma poucas atitudes 
nesse quesito, o que torna necessário 
recorrer ao trabalho de organizações 
não-governamentais que desenvolvem 
pesquisas nesse sentido para obter dados 
sobre LGBTfobia no Brasil.O termo LGBTfobia não é tão conhecido, 
pois outro é normalmente usado para se 
referir à intolerância com a população 
LGBT+: a homofobia. Tecnicamente, essa 
expressão refere-se apenas à hostilidade 
direcionada a homossexuais – lésbicas e 
gays –, mas o termo se popularizou e é 
utilizado amplamente. O Politize! já te 
explicou a importância de minorias 
LGBT+ conquistarem maior visibilidade 
neste texto, e é justamente por isso que 
termos particulares, como “lesbofobia” e 
“transfobia”, vêm surgindo. Isso chama 
mais atenção a intolerâncias “específicas” 
e ressalta a existência de grupos muitas 
vezes invisibilizados. 
O QUE É LGBTFOBIA?
LGBTFOBIA NO BRASIL:
DADOS DA VIOLÊNCIA
LGBTFOBIA É CRIME?
programa Brasil sem Homofobia, lançado 
em 2004, que gerou a iniciativa Escola
sem Homofobia. 
A ação constituía na distribuição de um 
material didático que orientaria os
professores na educação sobre “valores 
de respeito à paz e à não-discriminação 
por orientação sexual”. Em 2011, a 
pressão de setores conservadores da 
sociedade aumentou e o governo acabou 
desistindo de distribuir o que ficara
conhecido como “kit gay”. O principal 
argumento contra a iniciativa era de que 
tal material incentivava a homossexuali-
dade. Já as pessoas que apoiavam o kit 
Escola sem Homofobia defendem que a 
educação é o caminho mais rápido para o 
combate à LGBTfobia. 
E você, o que acha que o poder público 
deveria fazer para combater a LGBTfobia 
no Brasil? Se quiser saber mais sobre isso, 
acesse o conteúdo completo!
Uma das maneiras de combater a
LGBTfobia é por meio da criação de
políticas públicas – instrumento que
possibilita aos governantes promover 
ações em busca da garantia de direitos
de diversos grupos da população.
Um exemplo famoso, e polêmico, foi o 
A política brasileira não está imune à 
LGBTfobia, como mostrou o projeto da 
“cura gay”. Apresentado em 2011 pelo 
deputado federal João Campos, o texto 
buscava anular a decisão tomada pelo 
Conselho Federal de Psicologia em 1999, 
que proibia a realização de terapias para 
alteração da sexualidade, após a Organi-
zação Mundial da Saúde (OMS) retirar, em 
1991, a homossexualidade da lista de 
doenças mentais. Em outras palavras, o 
projeto buscava liberar “tratamentos” 
para uma “cura gay”. Psicólogos e ativistas 
LGBT+ se posicionaram contra o projeto, 
o qual acabou sendo arquivado a pedido 
do próprio João Campos, já que seu
partido – o PSDB – era contra o texto.
3 6
LGBTFOBIA NA POLÍTICA
COMO COMBATER
A LGBTFOBIA?
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A C R I S E D O S
R E F U G I A D O S
A C R I S E D O S
R E F U G I A D O S+
Para compreender a crise dos refugiados, 
é necessário entender quem são os
refugiados. Trata-se de um grupo
específico de imigrantes que recebem 
essa denominação após terem saído de 
seu país por conta de “fundados temores 
de perseguição por motivos de raça, 
religião, nacionalidade, grupo social ou 
opiniões políticas”, em situações nas quais 
“não possa ou não queira regressar”.
A ONU considera esta a pior crise 
humanitária do século e também o maior 
fluxo de refugiados desde a II Guerra 
Mundial. Em 2016, o grupo de pessoas 
que se deslocou de seus países fugindo de 
perseguições políticas e guerras chegou a 
65,6 milhões – não em trânsito no 
momento, mas que passaram por essa 
situação desde que esses números são 
compilados. O número registrou alta de 
10,3% na comparação com 2014, depois 
de uma estabilidade entre 1996
e 2011.
Leia também: Imigrante, refugiado e 
asilado: quais são as diferenças?
Metade do fluxo anual de refugiados são 
sírios, devido à fuga da guerra civil em que 
o país está desde 2011. De acordo com 
dados de 2016 da ONU, 13,5 milhões
de sírios dependem de assistência 
humanitária, o equivalente a ¾ da
população do país.
3 8
O World Migration Report 2018, levanta-
mento realizado pela OIM, aponta quais 
os conflitos que mais geram refugiados. 
Com base em dados de 2016, a Síria ocupa 
o primeiro lugar nesse ranking, seguida 
pelo Afeganistão – que vive em meio à 
violência há 30 anos, fato que já levou 2,5 
milhões de cidadãos a deixarem o país.
Os conflitos no Sudão do Sul colocaram o 
país em terceiro lugar nesse ranking, com 
1,4 milhões de refugiados. Juntos, os três 
países representam os locais de origem de 
55% dos refugiados no mundo inteiro.
países do Oriente Médio: Turquia, Líbano,
Jordânia, Iraque e Egito. Esses receberam 
pelo menos 4,3 milhões de pessoas desde 
o início da crise, o que representa 95% dos 
refugiados sírios, e demandam muito mais 
assistência dos serviços públicos do que 
em países europeus. 
A CRISE DOS REFUGIADOS E
A GUERRA CIVIL NA SÍRIA
A CRISE DOS REFUGIADOS: 
ALÉM DA SÍRIA
Os países que servem como porta de 
entrada de refugiados na Europa são 
Grécia e Itália, ambos recebem essas pes-
soas pelo Mar Egeu e Mediterrâneo, 
respectivamente. Para fazer essa traves-
sia, os refugiados se colocam em alto 
risco, tamanho o desespero de sair de 
seus países.
Apesar de a crise dos refugiados ter atin-
gido a Europa com força, a maior parte 
das pessoas que fugiram da guerra na 
Síria dirigiu-se principalmente para cinco 
ROTAS TRAÇADAS DURANTE A 
CRISE DOS REFUGIADOS
+
Como já explicado, os principais destinos 
de refugiados são países vizinhos, já que 
essas pessoas geralmente são muito 
pobres e mal têm condições de cruzar a 
fronteira mais próxima. Tal tendência não 
é vista apenas nos arredores da Síria, mas 
também no Afeganistão – que vê seus 
cidadãos buscando principalmente o 
Paquistão e o Irã – e no Sudão do Sul – 
onde refugiados buscam segurança
em Uganda e na Etiópia. Esse fluxo é
demonstrado no gráfico a seguir:
A União Europeia é um bloco de países em 
que imperam algumas regras. Algumas 
dessas regras entraram em discussão com 
o agravamento da crise dos refugiados, 
como a livre circulação de pessoas e mer-
cadorias. Países como Alemanha e Suécia 
têm aceitado abrigar refugiados com 
menos complicações, como é o caso da 
Grécia, Áustria e Hungria. 
Que tal saber mais sobre as políticas 
migratórias de 5 países? É só clicar aqui! 
Se você quiser saber mais sobre a
crise dos refugiados, acesse nosso
conteúdo completo!
3 9
A ANTI-IMIGRAÇÃO EUROPEIA
A União Europeia é um bloco de países em 
que imperam algumas regras. Algumas 
dessas regras entraram em discussão com 
o agravamento da crise dos refugiados, 
como a livre circulação de pessoas e mer-
cadorias. Países como Alemanha e Suécia 
têm aceitado abrigar refugiados com 
menos complicações, como é o caso da 
Grécia, Áustria e Hungria. 
Que tal saber mais sobre as políticas 
migratórias de 5 países? É só clicar aqui! 
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crise dos refugiados, acesse nosso con-
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A ANTI-IMIGRAÇÃO EUROPEIA
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O Q U E É
X E N O F O B I A ?
O medo de perder status social e
sua identidade;
A ideia de que apresentam uma 
ameaça ao sucesso econômico do 
cidadão, assim como a de que
os migrantes tomariam vagas
de trabalho;
Um modo de reassegurar a identidade 
nacional e seus limites em tempos
de crise;
Um sentimento de superioridade;
Pouca informação intercultural (o 
desconhecimento em relação ao 
estrangeiro e sua diferente aparência, 
cultura e costumes faz o indivíduo
percebê-lo como ameaça).
-
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-
-
O termo “xenofobia” aparece frequente-
mente em jornais e notícias que tratam de 
migrações, principalmente no contexto 
atual da crise dos refugiados. Vamos 
entender melhor no que consiste a
xenofobia, quando ela costuma se inten-
sificar e se o mundo está ficando mais
ou menos xenófobo?
Em resumo, a xenofobia é o medo ou ódio 
por estrangeiros ou estranhos, e está 
vinculada a atitudes e comportamentos 
discriminatórios. A definição usada pelo 
Alto Comissariado das Nações Unidas 
para os Refugiados (ACNUR) define que 
xenofobia seria:
“Atitudes, preconceitos e comportamentos 
que rejeitam, excluem e frequentemente 
difamam pessoas, com base na percepção
de que eles são estranhos ou
estrangeiros à comunidade, sociedade ou
identidade nacional”.
A xenofobia basicamente deriva da ideia 
de que não-cidadãos apresentam uma 
ameaça à identidade ou aos direitos
individuais do cidadão e se conecta com o 
conceito de nacionalismo. 
Comentários discriminatórios, 
estereotipados ou desumanizantes;
Aplicação arbitrária da lei por
autoridades locais, como a exclusão 
de serviços públicos aos quais
teriam direito;
Ataques e assédios por agentes 
estatais, comuns principalmente no 
meio policial e por oficiais de 
imigração;
Ameaças, intimidações e
violência pública.
-
-
-
-
Alguns contextos socioeconômicos 
podem intensificar a xenofobia. Épocas de 
crise econômica, que aumentam o
desemprego, são exemplos dessa piora. 
Em geral, se o trabalho realizado pelos 
imigrantes se limita àquele que a popu-
lação local não quer realizar, sua presença 
é mais aceita.
Também é comum a ideia de que se deve 
priorizar o atendimento e o funcionamen-
to de serviços públicos – como de escolas 
4 1
O QUE É XENOFOBIA?
QUANDO A XENOFOBIA
COSTUMA SE INTENSIFICAR?
Estudos acerca da xenofobia têm atribuí-
do o ódio a estrangeiros a várias causas:
POR QUE A XENOFOBIA EXISTE?
Há um grande conjunto de comportamen-
tos que podemos considerar xenófobos:
COMO A XENOFOBIA
SE MANIFESTA?
e hospitais – aos nativos, especialmente 
em situações de crise, quando os recursos 
do Estado se encontram limitados.
Sim. A Organização Internacional para 
Migrações (OIM) estima que, em 2015, 
havia 244 milhões de migrantes em todo 
o mundo. Apesar de ser um número 
expressivo, ele representa apenas 3,3% 
da população global. Essa proporção tão 
pequena indica que há uma preferência 
das pessoas em permanecerem em seus 
países de origem. Tal tendência é confir-
mada pela estimativa de que a migração 
intranacional – que ocorre dentro do 
Estado – chegava a 740 milhões em 2009.
Contudo, é importante não prestar 
atenção apenas em números totais – 
deve-se buscar perceber as mudanças 
nos fluxos migratórios. Os 244 milhões 
de migrantes estimados em 2015 repre-
sentam um aumento significativo em 
comparação ao ano 2000, quando 155 
milhões de pessoas – 2,8% da população 
daépoca – tinham saído de seus países
de origem.
Se você quiser saber mais sobre manifes-
tações de xenofobia no mundo, leia nosso 
texto sobre políticas migratórias em
5 países.
No início do século XXI, o Haiti passava 
por uma crise política grave que levou a 
ONU a iniciar uma Missão de Paz no país, 
entretanto a situação social se agravou 
com o terremoto de 2010. A tragédia 
causou mais de 200 mil mortes e fez com 
que muitos haitianos decidissem deixar o 
país. O Brasil foi o país sul-americano que 
mais recebeu esses imigrantes. Até o fim 
de 2016, 67 mil autorizações de residên-
cia foram emitidas para haitianos.
Quer saber mais sobre a Missão de Paz do 
Haiti e como ela influenciou na vinda de 
haitianos ao Brasil? O Politize! explica.
4 2
O FLUXO MIGRATÓRIO
MUNDIAL ESTÁ AUMENTANDO?
Sim. Estudos em diferentes países docu-
mentaram crescimento da intolerância, 
xenofobia, exclusão étnica e oposição à 
imigração e diversidade. A crise 
humanitária – que leva a um grande 
volume de migrações – faz com que cada 
vez mais líderes mundiais e chefes de 
Estados adotem políticas e discursos 
xenófobos. Uma onda nacionalista em 
curso pode ser observada em diversos 
países, como na Europa e nos Estados 
Unidos de Donald Trump.
Sob pretextos de combate ao terrorismo, 
à imigração irregular e defesa da
identidade nacional, têm sido colocadas 
em pauta agendas racistas e xenófobas 
em diferentes lugares. Uma pesquisa
realizada em 10 países europeus
mostrou que 59% dos entrevistados 
acreditam que a maior presença de imi-
grantes em seus territórios aumenta a 
possibilidade de ataques terroristas.
Tal crença é um dos principais motivos 
para o aumento de práticas xenófobas
no continente.
O MUNDO ESTÁ FICANDO
MAIS XENÓFOBO?
IMIGRAÇÃO NO BRASIL: O CASO 
DA IMIGRAÇÃO HAITIANA
XENOFOBIA
E IMIGRAÇÃO
NO BRASIL
Complexo de vira-lata: termo criado 
pelo escritor Nelson Rodrigues para se 
referir ao sentimento de inferiori-
dade do brasileiro em relação a outros 
países, perpetuado nas ideias de que 
problemas como pobreza e corrupção 
acontecem apenas em Estados como o 
-
Brasil, nunca em nações desenvolvi-
das. Uma consequência do complexo 
de vira-lata são os estereótipos
direcionados aos nativos dos países 
considerados “inferiores”. Enquanto 
diversas pessoas orgulham-se de suas 
ascendências europeias, esses 
mesmos indivíduos muitas vezes 
entendem que todo imigrante
haitiano, por exemplo, é pobre e
sem educação.
Racismo estrutural: uma pesquisa 
realizada pela ONU, em 2014, conclu-
iu que o racismo no Brasil é “estrutural 
e institucionalizado”. Assim, a já
mencionada interseccionalidade entre 
racismo e xenofobia torna particular-
mente difícil a vida dos imigrantes 
não-brancos no país.
Ameaça econômica: sentimento de 
que imigrantes apresentam uma 
ameaça ao sucesso econômico do 
cidadão, como na ideia de que eles 
tomariam vagas de trabalho. Tal visão 
tende a ser amplificada em períodos 
de crise econômica, quando o desem-
prego aumenta. Em geral, se a
atividade realizada pelos imigrantes é 
aquela que os nacionais não querem 
realizar, sua presença é mais aceita.
-
Devido à instabilidade política e à
escassez de alimentos na Venezuela, o 
Brasil vem recebendo milhares de
venezuelanos. O Ministério da Justiça 
estima que desde 2015 até junho de 
2018, 24.356 venezuelanos pediram 
refúgio no país. Com a chegada de mais 
gente a Roraima – por onde essas pessoas 
entram –, a infraestrutura do estado, que 
já era precária, foi sobrecarregada, como 
afirmam os governantes e alguns mora-
dores da região. 
Quer entender melhor o fluxo migratório 
de venezuelanos? Clique aqui!
4 3
Imigração venezuelana As diferenças no tratamento estão
diretamente ligadas ao racismo presente 
no país.
A XENOFOBIA NO BRASIL
A Secretaria Especial de Direitos 
Humanos apresentou um relatório com 
dados sobre as denúncias de violações de 
direitos realizadas em 2015, constatando 
que houve um crescimento de 633% das 
denúncias de xenofobia no Brasil em 
comparação com 2014.
Várias são as causas da xenofobia.
Sentimentos de superioridade e orgulho 
extremo sobre a identidade nacional são 
os principais motivos de ódio a 
estrangeiros na Europa. Mas o que motiva 
a xenofobia no Brasil? Três razões devem 
ser destacadas:
POR QUE BRASILEIROS
SÃO XENÓFOBOS?
Não se pode considerar que todos os 
grupos enfrentam a xenofobia do mesmo 
modo, já que características como país, 
gênero, etnia, classe social, religião 
afetam a recepção desses estrangeiros. 
No Brasil há uma tradição de orgulho
e festejo dos migrantes europeus. Em 
contrapartida, africanos, haitianos ou 
venezuelanos, por exemplo, são muitas 
vezes recebidos de maneira oposta.
XENOFOBIA TEM COR, RELIGIÃO 
E NACIONALIDADE ESPECÍFICAS? -
4 4
Xenofobia é crime
Aprovada em maio de 2017, a nova Lei da 
Migração garante ao migrante os 
mesmos direitos que um cidadão
brasileiro. A legislação encoraja a regular-
ização migratória, não permite a prisão de 
migrantes por estarem irregulares* no 
país e repudia ações de expulsão e não 
acolhimento de tais pessoas.
*Deve-se usar a palavra “irregular” para se 
referir a imigrantes não regulamentados pela 
Polícia Federal, e não “ilegal”. Afinal, migrar 
é um direito humano e, por isso, não pode ser 
contra a lei.
A Lei nº 7.716 garante que “serão
punidos, na forma desta Lei, os crimes 
resultantes de discriminação ou precon-
ceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional”. 
Se você quiser entender mais sobre xeno-
fobia no Brasil, leia o conteúdo completo!
A NOVA LEI DA MIGRAÇÃO
Paróquia de Pacaraima oferece café da manhã para venezuelanos
(Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil).
+ B R A S I L :
O Q U E T E M
A C O N T E C I D O
N O N O S S O P A Í S ?
POLARIZAÇÃO?
30 ANOS DA
CONSTITUIÇÃO
DE 1988
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CONSTI_
TUIÇÃO
CIDADÃ
A Constituição de 1988, conhecida como 
Constituição Cidadã, é a que rege todo o 
ordenamento jurídico brasileiro hoje. 
Desde a independência do Brasil em 1822, 
é a sétima constituição de nosso país – e a 
sexta desde que somos uma República. A 
Constituição de 1988 faz 30 anos em 
2018 e é um marco aos direitos dos 
cidadãos brasileiros, por garantir liber-
dades civis e os deveres do Estado. Em 05 
de outubro de 1988, sua promulgação foi 
marcada pelo discurso do então deputado 
federal e participante da Assembleia Con-
stituinte, Ulysses Guimarães:
Em 1986, durante a presidência de Sarney, 
ocorreram eleições para o Congresso 
Nacional (deputados e senadores). Os 559 
eleitos formaram a Assembleia Constitu-
inte, que elaborou a nova Constituição 
entre 1987 e 1988. A maioria dos consti-
tuintes eram de partidos do chamado 
Centro Democrático, partidos como 
PMDB, PFL, PTB e PDS. O presidente da 
Constituinte foi o deputado Ulysses Gui-
marães, do PMDB. Entre os constituintes 
também estavam figuras importantes, 
como os futuros presidentes Fernando 
Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da 
Silva e Michel Temer.
O resultado de mais de 19 meses de 
assembleia foi a Constituição de 1988, 
apelidada de cidadã. É uma constituição 
muito extensa, com 245 artigos e mais de 
1,6 mil dispositivos. Mesmo assim, ela é 
considerada incompleta, pois vários 
dispositivos que dependem de regulam-
entação ainda não entraram em vigor. 
Confira a seguir algumas das principais 
determinações da Carta Magna do país:
Sistema presidencialista de governo, 
com eleição direta em dois turnos 
para presidente;
Transformação do Poder Judiciário 
em um órgão verdadeiramente inde-
pendente, apto, inclusive, para julgar e 
anular atos do Executivo e Legislativo;
Intervencionismo estatal e nacional-
ismo econômico;
Assistência social, ampliando os dire-
itos dos trabalhadores;
Criaçãode medidas provisórias, que 
permitem ao presidente da República, 
em situação de emergência, decretar 
leis que só posteriormente serão 
examinadas pelo Congresso Nacional;
Direito ao voto para analfabetos e 
menores entre 16 e 18 anos de idade 
o chamado – sufrágio universal;
Ampla garantia de direitos funda-
mentais, que são listados logo nos 
primeiros artigos, antes da parte 
sobre a organização do Estado.
30 ANOS DA 
CONSTITUIÇÃO DE 1988
CONHECIDA COMO 
CONSTITUIÇÃO CIDADÃ
46
"A Constituição pretende ser a voz, a 
letra, a vontade política da sociedade 
rumo à mudança. Que a promulgação 
seja nosso grito: Muda para vencer! 
Muda, Brasil!"
A ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE / A 
ELABORAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
No conjunto, a Constituição de 1988 se 
caracteriza por ser amplamente 
democrática e liberal – no sentido de 
garantir direitos aos cidadãos. Apesar 
disso, nossa Carta atual foi e continua a 
ser muito criticada por diversos grupos, 
que afirmam que ela traz muitas 
atribuições econômicas e assistenciais 
ao Estado. O presidente na época da 
promulgação, José Sarney, chegou a afir-
mar que ela tornaria o país “ingov-
ernável”, pelo excesso de responsabili-
dades sobre o Estado. De todo modo, a 
Constituição Cidadã é considerada por 
muitos especialistas como uma peça fun-
damental para a consolidação do Estado 
democrático de direito no país, bem 
como da noção de cidadania, ainda tão 
frágil para a população brasileira.
Sessão final da Constituinte de 87-88. Foto: Agência Brasil (arquivo).
NO BRASIL
DE 1964 A 1985
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DITADURA
MILITAR
DITADURA
MILITAR
DITADURA
MILITAR
O QUE ACONTECEU DURANTE 
O REGIME MILITAR?
A ditadura civil-militar no Brasil durou 21 
anos e instituiu 16 atos institucionais – 
mecanismos legais que se sobrepunham
à Constituição. Antes do Golpe,
João Goulart – conhecido como Jango – 
era o presidente do país. Ele era um repre-
sentante trabalhista, do legado de Getúlio 
Vargas. Era um momento de bastante 
efervescência e polarização política entre 
a população. Jango tinha um posiciona-
mento político de esquerda e defendia a 
realização de diversas reformas no país, 
como a reforma fiscal, universitária e 
agrária. Como vivíamos em tempos de 
Guerra Fria, havia medo de um suposto 
“perigo comunista”. Foi diante desse
contexto que em 31 de março de 1964, os 
militares assumiram o controle do país.
Foram 5 os presidentes militares durante 
esse período: Castello Branco, Costa e 
Silva, Médici, Geisel e Figueiredo. Durante 
o período ditatorial houve restrição às 
liberdades, repressão aos opositores do 
regime e censura. Um dos atos institucio-
nais mais famosos foi o AI 5, que, dentre 
outras medidas, fechou o Congresso por 
tempo indeterminado; decretou estado 
de sítio; cassou mandatos de prefeitos e 
governadores e proibiu a realização de 
reuniões.
Durante a ditadura tivemos o período do 
“milagre econômico”, quando as taxas de 
crescimento do PIB ultrapassaram os 
10%. O crescimento da economia somado 
à euforia após a conquista do tricampe-
onato mundial de futebol, levou o governo 
militar a adotar campanhas publicitárias 
ufanistas, como “Brasil, ame-o ou deixe-o” 
ou “Ninguém mais segura esse país”.
Esse “milagre” no entanto, além de deixar 
uma dívida externa muito grande para o 
país – o que gerou uma dependência
por empréstimos nos anos seguintes –
foi acompanhado de maior desigualdade 
de renda. Ou seja, a riqueza se concentrou 
Atenção! Nos vestibulares, você vai se 
deparar com o termo “civil-militar” em 
referência à ditadura brasileira. Isso se 
deve ao fato de instituições, asso-
ciações e empresas civis tiveram papel 
importante tanto na instauração da 
ditadura quanto em sua manutenção, 
como mostrado pela TV UNIVESP.
O QUE FOI A DITADURA 
MILITAR NO BRASIL?
ainda mais na mãos dos ricos e a camada 
de pobres da população tiveram sua
situação econômica e social ainda mais 
precarizada. Em 1973, houve a crise do 
petróleo no mercado internacional, que 
intensificou ainda mais a crise econômica 
do país. 
Durante o mandato do Figueiredo – 
último presidente militar do período – a 
população pedia pela volta das eleições 
diretas para presidente – tratava-se do 
movimento Diretas Já. Durante esses 21 
anos, as eleições eram indiretas, ou seja,
o Congresso Nacional escolhia o presi-
dente. Apesar das manifestações, ao final 
do regime militar, a população não pôde 
escolher seu representante, que
novamente foi eleito por voto indireto. 
Foi só em 1989, depois da promulgação 
na nova Constituição, que o pov
 brasileiro voltou a votar para presidente. 
49
A TORTURA NA
DITADURA CIVIL-
MILITAR BRASILEIRA
Em 1971 foi promulgado um decreto-lei 
que tornava ainda mais rígida a censura à 
imprensa, os grupos de esquerda sofriam 
fortes repressões e foram criadas institu-
ições para lutar contra eles, como o 
Departamento de Operações Internas 
(DOI) e o Centro de Operação da Defesa 
Interna (CODI), fazendo uso de tortura 
para cumprir seus objetivos
A tortura foi uma prática constante da 
ditadura no Brasil. Mesmo durante o gov-
erno Geisel (1974-79) – no qual foi inicia-
da uma abertura política “lenta, gradual e 
segura”, ou seja, um início da transição 
para um regime democrático –, as 
violações aos direitos humanos e 
repressões violentas continuaram.
Leia mais: a tortura como ferramenta do 
regime militar.
O caso mais grave ocorrido durante o gov-
erno de Geisel foi a tortura e morte do 
jornalista Vladimir Herzog em 1975. Esse 
episódio gerou grande comoção popular, 
mas Geisel não tomou providências para 
punir os responsáveis. 
A questão da tortura na ditadura 
civil-militar brasileira foi tão importante 
que o Politize! preparou um conteúdo 
apenas sobre ela. Vai lá conferir!
C R I S E
E C O N Ô M I C A : O QUE É?
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CRISE
ECONÔMICA: 
O QUE É CRISE 
ECONÔMICA?
Para entender o fenômeno das crises 
econômicas é preciso antes de tudo
lembrar que a economia é cíclica. Isso 
significa que, apesar de existirem momen-
tos de estabilidade, as crises são aconteci-
mentos normais do sistema capitalista, ou 
seja, de tempos em tempos passaremos 
por elas. O que pode variar são as razões 
que levam às crises, os setores da
economia que serão mais afetados e a 
intensidade delas, é claro. Em geral, 
grandes crises afetam de alguma forma 
todos os países do sistema capitalista, pois 
as economias são interdependentes. 
Durante uma crise há declínio da atividade 
econômica. A demanda por consumo 
diminui, o que leva à diminuição da taxa de 
lucro das empresas. Como as empresas 
passam a lucrar menos, muitas delas 
acabam demitindo funcionários e isso leva 
ao aumento de taxas de desemprego. Com 
mais pessoas desempregadas, a renda 
diminui, o que leva a um menor consum
das famílias, ou seja, menor demanda. 
Como podemos ver, esse ciclo tende a se 
reproduzir e se intensificar. Para frear
o ciclo, é necessário adotar políticas 
econômicas de estímulo à economia e
o sucesso – ou não – dessas medidas
determina a intensidade e duração
dessas crises. 
Há duas classificações de crise conforme 
sua força e duração: recessão e 
depressão. 
As recessões são crises relativamente 
curtas, são fases nas quais há retração da 
atividade econômica, aumento do desem-
prego, diminuição da produção, nas 
axas de lucro e nos investimentos.
Considera-se em recessão uma economia 
que apresenta queda no PIB por dois 
trimestresconsecutivos. Foi o que
aconteceu no Brasil entre abril de 2014 e 
dezembro de 2016, quando tivemos uma 
retração do Produto Interno Bruto (PIB)
e aumento na taxa de desemprego. 
Já as depressões são crises duradouras – 
um estado de agravamento da recessão – 
com forte redução da atividade econômi-
ca, falências, altas taxas de desemprego e 
grandes quedas de produção e investi-
mentos. Geralmente considera-se 
depressão uma recessão que ultrapassa 
3 ou 4 anos de duração ou então uma 
queda drástica no PIB. Um exemplo de 
depressão foi a Crise de 1929 nos
Estados Unidos, originada de um
processo de superprodução e levou à 
quebra da bolsa de valores, impactando 
países no mundo todo. 
A Grande Depressão causou pobreza geral nos Estados 
Unidos e em diversos países do mundo. Aqui, família 
desempregada, vivendo em condições miseráveis, em 
Elm Grove, Oklahoma, Estados Unidos.
Foto: Domínio Público
52
C A P A
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PRISÃO APÓS
CONDENAÇÃO
EM SEGUNDA
INSTÂNCIA E O
CASO DE LULA
+
PRISÃO APÓS 
CONDENAÇÃO EM 
SEGUNDA INSTÂNCIA
ARGUMENTOS A FAVOR DA 
PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO 
EM SEGUNDA INSTÂNCIA
A condenação do ex-presidente da 
República Luiz Inácio “Lula” da Silva, por 
corrupção passiva e lavagem de dinheiro, 
aconteceu em 2017. A decisão em primeiro 
grau de jurisdição foi feita pelo juiz Sérgio 
Moro, encarregado de julgar casos da 
Operação Lava Jato, que o condenou a 
nove anos e meio de reclusão. A defesa do 
ex-presidente recorreu à segunda instância 
do Judiciário, no Tribunal Regional Federal 
4, em Porto Alegre. Os desembargadores 
negaram o recurso de Lula e, inclusive, 
aumentaram seu tempo de prisão para 12 
anos. Por conta dessa decisão e da negação 
de seu pedido de habeas corpus no Supre-
mo Tribunal Federal (STF), Lula foi conde-
nado à prisão e se entregou à Polícia Feder-
al no dia 07 de abril de 2018.
A Constituição diz que a prisão só deve ser 
feita após a última instância. No entanto, 
esse entendimento vai e volta no STF. 
Afinal, qual é o debate sobre prisão em 
segunda instância?
Em 2009, o STF determinou que o réu só 
podia ser preso após o trânsito em julga-
do, ou seja, depois do recurso a todas as 
instâncias. Antes do esgotamento de 
recursos, ele poderia no máximo ser con-
denado à prisão preventiva. Já em 
fevereiro de 2016, o Supremo decidiu que 
um réu condenado em segunda instância 
já pode começar a cumprir sua pena – ou 
seja, pode parar na cadeia mesmo enquan-
to recorre aos tribunais superiores. 
Naquele momento, a regra foi aplicada ao 
caso de um réu específico. No mesmo ano, 
o STF reafirmou a decisão, que passa a ter 
validade para todos os casos no Brasil.
Algumas questões que ficam são: quais as 
implicações dessa decisão? Ela ajuda ou 
piora o trabalho do Judiciário? Ela viola os 
direitos humanos do acusado? 
Réus protelam condenação com recur-
sos. Os ministros do STF que votaram a 
favor da prisão após a condenação em 
segunda instância – seis dos onze magis-
trados – consideraram que o recurso a 
instâncias superiores tornou-se uma 
forma de protelar ao máximo adecisão 
final. É para evitar esse quadro que a 
prisão logo após a segunda instância 
seria mais justa. O ministro Luiz Fux, 
por exemplo, afirmou que as decisões 
são postergadas por “recursos aven-
tureiros” e que o direito da sociedade 
de ver aplicada a ordem penal está 
sendo esquecido. Você pode ler sobre 
as funções do STF neste texto.
Casos de impunidade pela prisão após 
trânsito em julgado. O ministro Luís 
Roberto Barroso mencionou várias 
situações em que o réu foi condenado 
em segunda instância e passou vários 
anos em liberdade ou até mesmo não 
chegou a ser preso. Foi o caso do 
ex-senador Luís Estevão foi condenado 
em 1992 por desviar R$ 169 milhões 
de uma obra. Depois de apresentar 
mais de 30 recursos aos tribunais supe-
riores, o processo contra ele se 
arrastou por vinte e quatro anos. 
Apenas em 2016 saiu o trânsito em 
julgado e o ex-parlamentar foi
parar na prisão. Leia mais exemplos
sobre prisão após condenação em
segunda instância!
5 4
O modelo de prisão antes do trânsito 
em julgado é usado em outros países. 
Entre os países que o adotam estão 
Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, 
Alemanha, França, Portugal, Espanha
e Argentina.
5 5
ARGUMENTOS CONTRA DA 
PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO 
EM SEGUNDA INSTÂNCIA
Presunção de inocência. O principal 
argumento dos cinco ministros contrári-
os à prisão em segunda instância é que a 
Constituição de 1988 liga presunção 
de inocência ao trânsito em julgado. 
Presunção de inocência significa que 
ninguém será considerado culpado até 
prova em contrário. Portanto, o processo 
judicial deveria se esgotar antes da 
prisão do réu. Esse é um direito consti-
tucional que, segundo alguns, estaria 
sendo desrespeitado pelo novo entendi-
mento do STF.
Revisão de penas injustas. O ministro 
Ricardo Lewandowski levou ao julga-
mento mais recente o dado de que um 
terço dos pedidos de habeas corpus 
de condenados em segunda instância 
que chegam ao Superior Tribunal de 
Justiça tem suas penas revistas. Esse 
volume revelaria a importância dos 
recursos aos tribunais superiores, que 
corrigem penas injustas. 
Pressão no sistema carcerário.
O sistema carcerário brasileiro
encontra-se em estado lastimável e as
condenações em segunda instância 
poderiam agravar ainda mais essa
situação. Temos mais de 726 mil presos 
Leia mais sobre prisão após condenação 
em segunda instância neste texto
do Politize!.
no país e a terceira maior população 
carcerária do mundo. Segundo dados 
de 2014 do Infopen (Levantamento 
Nacional de Informações Penitenciárias) 
mesmo com o número de vagas tripli-
cando de 2000 a 2014, o déficit do siste-
ma prisional dobrou. 
Ministros do STJ durante sessão que votou Habeas corpus do ex-presidente Lula.
Foto: Lula Marques / Liderança do PT na Câmara
A INTERVENÇÃO NO
RIO DE JANEIRO
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O QUE É
INTERVENÇÃO
FEDERAL?
INTERVENÇÃO FEDERAL,
INTERVENÇÃO MILITAR
E A INTERVENÇÃO NO RJ
No dia 16 de fevereiro de 2018 foi 
decretada Intervenção Federal no Rio de 
Janeiro, primeira vez em que omecanis-
mo é acionado durante a vigência da atual 
Constituição Federal. Embora muitos 
artigos mencionem uma Intervenção
Militar, o procedimento formalmente 
adotado foi uma Intervenção Federal.
O QUE É INTERVENÇÃO FEDERAL?
O QUE É A INTERVENÇÃO FEDERAL 
NO RIO DE JANEIRO?
O Estado de Defesa, o Estado de Sítio e a 
Intervenção Federal são medidas extraor-
dinárias previstas pela Constituição Fed-
eral, que buscam restabelecer ou garantir 
a continuidade da normalidade consti-
tucional ameaçada. Dessa forma, esses 
instrumentos são Estados de Exceção, 
que devem ocorrer apenas quando
estritamente necessários e por um prazo 
temporal determinado, sob o risco de 
darem vazão a impulsos autoritários. 
A Constituição Federal determina que
a República Federativa do Brasil é com-
posta pela União, Estados, Municípios e 
Distrito Federal, conferindo autonomia a 
todos esses entes. A Intervenção Federal 
representa uma situação de anormali-
dade, quando é permitido que essa 
autonomia seja suspendida temporaria-
mente. Por ser um Estado de Exceção, a 
intervenção federal só pode ser acionada 
em casos específicos e quando não 
houver outra medida capaz de solucionar 
a questão. A Intervenção Federal permite 
a suspensão temporária da autonomia 
desses, em situações específicas, quando 
não houver outro remédio capaz de
corrigir a situação de anormalidade. 
O Decreto prevê que “o Interventor 
poderá requisitar a quaisquer órgãos, 
civis e militares, da administração

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