Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A T U A _ L I D A D E S A T U A _ L I D A D E S A T U A _ L I D A D E SEB O O K 2 0 1 8 97 Este eBook é dedicado aos curiosos sobre os principais assuntos e acontecimentos ocorrendo no Brasil e no mundo. Se você irá prestar vestibulares e ENEM, este material é perfeito para você! Aqui você encontrará alguns dos assuntos mais debatidos ao longo de 2018: a crise migratória, a ascensão da extrema direita mundialmente, os movimentos separatistas no mundo, as reformas do Governo Temer, a Intervenção Federal no Rio de Janeiro, os 30 anos da Constituição Federal e muito mais. O destaque é para o assunto intolerância, fenômeno presente no Brasil e no mundo, que pode ser observado em diversos episódios de racismo, machismo, xenofobia, misoginia e LGBTfobia, por exemplo. Dentro de cada capítulo, contextualizamos essas questões com linguagem simples e acessível, buscando contemplar os temas em toda a sua complexi- dade e explicando suas dinâmicas. Bom estudo, Equipe Politize! O L Á ! A T U A _ LI D A D E S A T U A _ LI D A D E S A T U A _ LI D A D E S + 0 4 0 7 1 1 1 3 1 5 1 8 2 1 2 3 2 7 2 9 3 1 3 4 3 7 4 0 4 5 4 8 5 1 5 3 5 6 5 9 6 1 [internet] Fake news: o que as notícias falsas têm a ver com a gente, com a polarização e as eleições? [mundo] O que separatismo? O caso da Catalunha [mundo] A disputa por Jerusalém, a cidade sagrada [mundo] África do Sul, a democracia na África e as heranças da colonização [mundo] O que é missão de paz? O fim da MINUSTAH, missão de paz do Brasil no Haiti [mundo] Existem limites para a liberdade de expressão? [mundo] O que é extrema-direita? A volta da extrema-direita na Europa [mundo] Brexit: as implicações da saída do Reino Unido da União Europeia [intolerância] O que é intolerância? [intolerância] Intolerância religiosa [intolerância] Racismo [intolerância] A escalada da homofobia no Brasil [intolerância] Refugiados no mundo: o que é e como está a crise humanitária? [intolerância] Xenofobia no Brasil e no mundo [Brasil] 30 anos da Constituição Federal de 1988 [Brasil] Ditadura militar no Brasil - de 1964 a 1985 [Brasil] Crise econômica: o que é? [Brasil] Prisão após condenação em segunda instância e o caso de Lula [Brasil] O que é Intervenção Federal? A intervenção no Rio de Janeiro [Brasil] A Reforma da Previdência [Brasil] A Reforma Trabalhista 97 O Q U E E S T Á ACONTECENDO N O B R A S I L E N O M U N D O ? + F A K E N E W S N E W S O QUE AS NOTÍCIAS FALSAS TÊM A VER COM A GENTE, COM A POLARIZAÇÃO E AS ELEIÇÕES? + F A K E N E W S N E W S 0 5 Ah, as notícias falsas. As fake news estão por todo lugar! Boatos, mentiras e factóides infestam as nossas linhas de notícias das redes sociais – os newsfeed –, os nossos aplicativos de mensagens instantâneas e até as conversas com amigos e família. As notícias falsas estão diretamente relacionadas a outro fenômeno contemporâneo, no Brasil e no mundo: a polarização, que consiste nessa atmosfera de combate nos discursos, em que as pessoas não conseguem discutir ideias, somente se atacam. Leia mais: saiba tudo sobre notícias falsas e pós-verdade neste texto, além do contexto do Brexit e das eleições presidenciais nos EUA em 2016, e como a política tem relação direta com esses fenômenos junto, também, à polarização. “A polarização destrói a possibilidade de diálogo cívico, promovendo a desconfi- ança em relação àqueles que discordam. A polarização deve ser distinguida do conflito de ideias, valores e interesses, que reconhece a legitimidade de visões plurais e dissidentes sobre os mais diver- sos temas.” Sobrevivendo nas Redes, documento criado pelo Internet Lab, a Fundação FHC e o Monitor do debate político na internet. O CONTEXTO DA POLARIZAÇÃO NO BRASIL: DESDE 2014, COM COXINHAS E PETRALHAS Foto: Ricardo Stuckert | Insituto | 17/04/2016 As eleições de 2014 tiveram numerosos episódios marcantes, principalmente em função das eleições presidenciais que ocorreriam naquele ano. Um deles foi a completa divisão social por conta de crenças políticas. Ou era coxinha, ou era petralha – referindo-se aos então eleitores de Aécio Neves e Dilma Rousseff, respectivamente. Os debates eram calorosos, as conversas se resumiam a ataques pessoais ou ideológicos, raramente se limitavam à discussão de ideias, ideologias, posiciona- mentos sobre políticas públicas e sobre qual forma de desenvolvimento se espera para o país. Quatro anos depois, a situação é a mesma. O processo de polarização de crenças passa por uma série de fatores. Dentre eles estão: i) as notícias falsas, ii) a desinformação em massa – mesmo vivendo em uma sociedade hiperconecta- da –, iii) incluindo até mesmo a atuação de robôs nas redes sociais, que muitas vezes buscam potencializar os movimentos em massa e “causar discórdia”. Os resultados desses fatores podem causar instabili- dade inclusive no processo democrático, como as eleições de 2018 – e é exata- mente isso que queremos evitar. O Brasil fornece o cenário perfeito para que a guerra informativa tome conta do debate político. Não apenas pela forte polarização ideológica, mas também pela ampla utilização de redes sociais pelos brasileiros com acesso à internet. As redes sociais se tornaram um terreno fértil para fomentar a polarização dos discursos por meio do impulsionamento de notícias falsas e da utilização de algoritmos. Estes, por sua vez, nos dão a sensação de que vivemos em uma “bolha”, em que todos os nossos contatos pensam de forma parecida com a nossa. Sendo assim, o que se pode fazer para combater as fake news nas eleições? Primeiramente, saber identificá-las. Algumas dicas são importantes: i) checar sempre a fonte de informações, ii) checar as datas de publicações, iii) questionar as pessoas sobre a procedência daquele vídeo, foto ou COMO COMBATER FAKE NEWS NAS ELEIÇÕES DE 2018? 0 6 Leia mais: neste texto, encontre tudo sobre o movimento #NãoValeTudo, que visa ao uso ético das tecnologias “corrente no Whatsapp”, iv) estar sempre de olho em agências que se especializaram em checar informações – bons exemplos são o Aos Fatos e a Agência Lupa. Tendo em mente que os algoritmos das redes sociais funcionam de maneira a mascarar informações contraditórias, senso crítico não é suficiente. Portanto, pode-se usar uma lista de passos de checagem, como esta do Aos Fatos. Além disso, preste atenção nos resultados de pesquisas que já foram feitas em relação às fake news; você pode ler mais dicas sobre como combater as notícias falsas nas eleições neste texto. Outra questão que devemos pensar é sobre como os atores da arena política têm responsabilidade não só em não criar, nem reproduzir notícias falsas. É preciso que partidos políticos, pré-candidatos e pessoas envolvidas no processo ajam de maneira a combater a desinformação e a fim de qualificar o debate político, geran- do discussão e diálogo entre grupos soci- ais, pessoas de diferentes origens, locais e crenças. Promover o uso ético da tecnolo- gia nunca foi tão necessário e pode ser determinante em todo o processo democrático das eleições de 2018. O Q U E É S E P A R A _ T I S M O ? + O Q U E É S E P A R A _ T I S M O ? O C A S O D A C A T A L U N H A M U N D O Em outubro de 2017, o Parlamento da Catalunha convocou um referendo para votar uma possível separação da região do restante da Espanha. Em resposta, o governo central espanhol declarou a votação ilegal e reprimiu manifestações. Mas você entende o que é o movimento separatista da Catalunha, que está no centro de toda essa discussão? Dica: o Politize! já explicou detalhada-mente o que é separatismo. Vai lá dar uma olhada! Mas podemos adiantar, de forma resumida, que se trata do desejo de uma região a ser independente do país no qual está inserido – ao qual ela “pertence”. A Catalunha é uma região localizada no nordeste da Espanha e é reconhecida como autônoma pelo Estado espanhol, mas não é independente dele. Segundo os opositores do movimento separatista, essa condição de independência é ilegal do ponto de vista constitucional. Ou seja, a Catalunha, como região autônoma, possui algumas características próprias, como o idioma catalão e o direito de ter um Parlamento próprio, que decide autonomamente os investimentos em saúde, segurança e educação local. Mas essa autonomia não é total, já que a Catalunha possui fortes laços com o governo espanhol, o que é garantido pela Constituição de 1978. O QUE É A CATALUNHA? GOVERNO CATALÃO: UM CONTEXTO HISTÓRICO 0 9 O movimento separatista catalão susten- ta-se em diversos argumentos, confira 7 deles: 1. Autonomia catalã em jogo: um processo de re-centralização estaria acontecendo, o que reduziria a autonomia política catalã e colocaria a região sob comando de Madri. 2. A Espanha teria roubado a Catalunha: um dos políticos pró-independência publi- cou que a Catalunha contribuia com pouco mais de 16 bilhões de euros no orçamento comum da Espanha, o que totalizaria 8,4% do PIB regional. 3. Constituição de 1978: segundo a campanha separatista, essa Constituição é hostil aos catalães. Seria preciso superá-la, desfazer-se do vínculo com ela e, por isso, propor a independência. 4. Prosperidade econômica: defende-se que, independente, a Catalunha seria mais rica. 6. Legitimidade do referendo: segundo o governo catalão, que tem como lema “referendo é democracia”, o referendo de outubro de 2017 teria sido legal. 7. A guerra de 1714 teria sido separatista: a guerra de sucessão que ocorreu na Espanha teria sido uma guerra de separação da Catalunha com relação à Espanha. 5. Autodeterminação: o princípio defendi- do pela ONU é acionado pelos separatistas. O QUE OS CATALÃES ARGUMENTAM? Foto: Ricardo Stuckert | Insituto | 17/04/2016 No dia do referendo, a polícia atuou tentando frear a votação, fazendo uso da violência, sem sucesso. Do ponto de vista jurídico, o governo espanhol acionou o artigo 155 da Constituição de 1978. Tal artigo diz que o governo central espanhol tem direito de atuar para garan- tir a proteção dos interesses gerais nacionais caso alguma Comunidade Autônoma, como a Catalunha, aja contra esses interesses. Posteriormente, o governo de Madri “desmontou” o Parlamento catalão e convocou novas eleições. Todos os membros do corpo administrativo catalão tiveram que deixar seus cargos, sendo substituídos pelos que foram eleitos no dia 21 de dezembro de 2017. Essa eleição não saiu conforme o desejado pelo governo espanhol, já que os separatistas renovaram sua maioria absoluta no parlamento. A Catalunha representa uma impor- tante parcela da economia espanhola: PIB maior do que o de Madri; Forte parque industrial nos ramos da carne suína e de produção química, que geram empregos e atraem investimentos; É a região espanhola que mais recebe turistas; 40% da energia nuclear no país é produzida em usinas catalãs. - - - - QUAL FOI A REAÇÃO DO GOVERNO ESPANHOL? POR QUE A ESPANHA NÃO RECONHECE O REFERENDO? 1 0 conquiste sua independência, outros separatismos ganhem força ao serem inspirados pela vitória de uma luta semelhante. Não apoiar movimentos separatistas – que existem às dezenas na Europa – é uma forma de evitar um “efeito dominó” que poderia se alastrar pelo continente e até pelo mundo inteiro. A ONU, por sua vez, pediu que as autori- dades espanholas investigassem os atos de violência diante das centenas de espanhóis feridos nas manifestações e indicou que a solução para o conflito seria o diálogo político. Os países buscam não apoiar movimentos separatistas. Essa estratégia também evita que, caso a Catalunha realmente O QUE A COMUNIDADE INTERNACIONAL DIZ SOBRE A CATALUNHA? A CIDADE SAGRADA A D I S P U T A P O R J E R U S A L É M M U N D O A D I S P U T A P O R J E R U S A L É M 1 2 Em maio de 2018, os Estados Unidos inauguraram sua embaixada em Jerusalém, o que significa que eles passaram a reconhecer a cidade como a capital de Israel. Essa mudança gerou inúmeros protestos por parte dos palestinos, resultando, inclusive, em mortes. A grande polêmica por trás desse fato é que tanto judeus quanto palestinos reivindicam a posse de Jerusalém como capital do seu Estado, por ser um local sagrado para essas religiões. da Jordânia - um país aliado aos Palestinos. Entenda o conflito de Israel e Palestina de 1979 até os dias atuais neste texto! Leia mais: Israel e Palestina - o conflito do ano 0 ao final da Segunda Guerra Mundial. Em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, os judeus assumem o controle da cidade de jerusalém inteira. A ONU e diversos países, no entanto, não reconhecem como legal a posse de Jerusalém Oriental por Israel e por esse motivo, os países transferiram suas embaixadas para Tel Aviv. Isso porque, se mantivessem suas representações em Jerusalém, estariam concordando que esta é a capital de Israel. Apesar de aliados históricos dos judeus, os Estados Unidos sempre buscaram agir de forma neutra, inclusive, se colocando como mediador para a resolução do conflito entre israelenses e palestinos. Com a iniciativa dos Estados Unidos de inaugurarem sua embaixada em Jerusalém, Donald Trump demonstra que o país não está mais tão neutro e assim favorece seus aliados históricos israelenses. A EMBAIXADA DOS ESTADOS UNIDOS EM JERUSALÉM O primeiro acordo sobre a posse de Jerusalém foi estabelecido no Plano da ONU de 1947 para a partilha da Palestina, que criava o Estado de Israel e o Estado da Palestina. Segundo esse acordo, a cidade seria um caso especial – um “corpus separatum” – que deveria ter uma admin- istração internacional. Porém, em 1948, logo após a guerra de Independência de Israel, durante um conflito entre Israel e seus vizinhos, Jerusalém foi dividida entre Jerusalém Ocidental – de controle A HISTÓRIA EM TORNO DE JERUSALÉM Jerusalém está localizada no Oriente Médio, dentro de uma região que é historicamente disputada por judeus e palestinos. Apesar da Organização das Nações Unidas ter definido a Partilha do território em 1947, Israel estendeu seu domínio em áreas consideradas palestinas. Ambos os povos proclamam para si o direito à região e diversos conflitos foram travados entre eles. Atualmente, a disparidade entre Israel e Palestina é grande. Enquanto os Israelenses possuem um dos exércitos mais bem preparados do mundo e situação econômica estável, a Palestina sofre com a divisão política interna e com uma fraca economia. Você pode saber todos os detalhes dessa história nesses textos que o Politize! preparou: ISRAEL E PALESTINA Israel e Palestina - o conflito do ano 0 ao final da Segunda Guerra Mundial. Israel e Palestina: da resolução 181 da ONU ao início dos anos 90. Israel e Palestina - de 1979 aos dias atuais. A DEMOCRACIA NA ÁFRICA E AS HERANÇAS DA COLONIZAÇÃO _ Á F R I C A D O S U L M U N D O Á F R I C A D O S U L Em 2018, a África do Sul chamou atenção do mundo quando o então presidente, Jacob Zuma, deixou o cargo em fevereiro. Apesar do destaque, a saída de Zuma da presidência da África do Sul é só uma das situações delicadas pela qual o país passa. Para te ajudar a entender o que vem acontecendo no país, o Politize! separou 5 pontos essenciais para com- preender os últimos 500 anos da história sul-africana - leia-osneste texto! Nelson Mandela, o primeiro presidente após o fim do apartheid – regime segrega- cionista racial, que teve fim apenas em 1994 –, governou entre 1994 e 1999. Nesse período, Mandela teve muitas missões, sendo uma das principais buscar a reconciliação do país, já que osanos de apartheid criaram fissuras na nação. 1 4 DESAFIOS PARA O PRÓXIMO GOVERNO E ELEIÇÕES DE 2019 Cyril Ramaphosa – até então vice-presi- dente, também vinculado ao CNA – assumiu o cargo com a missão de salvar a economia e buscar reestruturar seu parti- do, objetivando as eleições em 2019. Para recuperar a credibilidade do CNA, Ramaphosa deve investigar mais a fundo acusações de corrupção e buscar com- ba-ter a desigualdade econômica racial – já que 90% da riqueza do país concen- tra-se nas mãos de 10% da população, a maioria brancos. Cheryl Hendricks, professora da Universidade de Johannesburgo, pensa de forma semelhante e afirma que a África do Sul precisa de uma nova liderança para entender asmudanças que precisam ser feitas em Estados pós coloniais, os quais têm uma inclinação “a modos não democráticos de governança”. Se você quiser entender mais a fundo a complexidade dos acontecimentos na África do Sul, confira o texto completo. Nele, o Politize! mostra como fatos acontecidos há 500 anos ainda impactam a sociedade sul-africana. GOVERNO ZUMA E A CORRUPÇÃO Para isso, formou-se uma Comissão da Verdade a fim de investigar crimes, julgar transgressores e compensar vítimas. O que é apartheid? O apartheid foi um sistema de segregação racial instituído na África do Sul em 1948 pelas elites brancas que controlavam o país e sustentava-se no mito da superioridade racial europeia. Baseando-se na crença de que os brancos europeus eram superiores aos negros e outras etnias, os brancos acreditavam que deveriam viver separados. Leia tudo sobre apartheid neste texto. O ex-presidente acabou cedendo à pressão de seu partido – o CNA – para renunciar. Ao encarar mais de 790 acusações de corrupção, Zuma foi um dos principais responsáveis pela queda de popularidade do partido. Ele deixou seu cargo em um momento crítico da África do Sul. O país, que cresceu economica- mente na primeira década dos anos 2000 – sob o governo de Thabo Mbeki –, fechou 2017 com uma taxa de desemprego de 27,7% – número que, entre jovens de 18 a 25 anos, atinge 66%. O BRASIL NA MISSÃO DE PAZ NO HAITI M I N U S T A H M U N D O M I N U S T A H - - - - - - - - - O Politize! já te explicou o que é uma Missão de Paz: resumidamente, trata-se de uma operação que serve como instrumento para auxiliar países devasta- dos por conflitos a criar condições para que a paz seja alcançada no local. Mas você sabia que o Brasil participa bastante dessas operações? Pois é, nosso país até liderou a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti. Que tal entender o motivo e a importância da MINUSTAH para o Brasil? Esse passado afeta o atual Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, que em 2014 era 0,48 – o mais baixo das O Conselho de Segurança criou a MINUSTAH a fim de levar ajuda humanitária, promover a normalidade institucional no país, restabelecer a segu- rança e proteger os direitos humanos. Américas e o 163º mais baixo no mundo, dentre 186 Estados. Foi a principal colônia francesa nas Américas; Aboliu a escravidão em 1789 – o que só aconteceu no Brasil em 1888; Conquistou sua independência em 1804 (fim da Revolução Haitiana) e por isso pagou uma alta indenização à França; Foi ocupado pelos EUA entre 1915 e 1934. Entre 1957 e 1986 o Haiti vivenciou uma violenta ditadura; Após a ditadura, os militares assumiram o poder; Em 1990 foram realizadas eleições, onde Jean-Bertrand Aristide tornou-se presidente; Em 2004, Aristide renunciou ao cargo por pressão popular; Bonifácio Alexandre, então presidente da Suprema Corte, assumiu a presidência do país e solicitou ajuda à ONU, já que conflitos entre grupos pró e contra Aristide colocaram o Haiti à beira de uma guerra civil. - - Fim da MINUSTAH: em 2017 o Conselho de Segurança finalizou a MINUSTAH, já que o objetivo principal da missão foi cumprido com a realização das eleições em 2016; MINUJUSTH: após a MINUSTAH, criou-se Missão das Nações Unidas de Apoio à Justiça para consolidar o processo de fortalecimento das instituições públicas do Haiti. 1 6 POR QUE A MINUSTAH DUROU TANTO TEMPO? Ao ser formada, previa-se que o fim da MINUSTAH se daria quando seus objeti- vos fossem concluídos. Entretanto, impre- vistos prolongaram a operação diversas vezes, como o terremoto em 2010 e o Furacão Matthew em 2016. POR QUE O BRASIL ADERIU À MINUSTAH? Aceitar coordenar a MINUSTAH é uma maneira de o Brasil ampliar seu peso na Comunidade Internacional e fortalecer sua campanha para um assento permanente no Conselho de Segurança. HAITI: UM PANORAMA HISTÓRICO POR QUE A MINUSTAH FOI CRIADA? 1 7 “Peacekeepers” brasileiras em atividades no Batalhão do Brasil na MINUSTAH. Desde 2004, mais de 190 mulheres integraram as tropas brasileiras no Haiti (Foto: Ministério da Defesa | Flickr ). CRÍTICAS À MINUSTAH HAITIANOS NO BRASIL Organizações e cidadãos consideravam a operação uma nova ocupação militar estrangei- ra, disfarçada de ajuda humanitária. Durante a MINUSTAH, várias acusações de abuso sexual, violência e estupro foram feitas contra os capacetes azuis. Em 2010, houve um surto de cólera no Haiti. Investigações apontaram que a doença fora trazida por tropas do Nepal. Pode-se relacionar a participação brasileira na MINUSTAH com o fluxo migratório de haitianos recebido na segunda década do século XXI. Ações simbólicas tiveram impacto na visão da população haitiana sobre o Brasil, como a partida amistosa de 2004, que contou com a participação de Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Fenômeno e a visita do ex presidente Lula em fevereiro de 2010, onde afirmou que o povo haitiano seria bem vindo ao Brasil. Até o fim de 2016, 67 mil autorizações de residência foram emitidas para haitianos. Entretanto, esses estrangeiros se depararam outra característica brasileira: a xenofobia. Se você quiser entender mais a fundo a MINUSTAH e sua importância para o Brasil, acesse o conteúdo completo. M U N D O E X I S T E M L I M I T E S P A R A A L I B E R D A D E D E E X P R E S S Ã O ? Nos últimos anos, vários movimentos sociais de minorias – que na verdade são maiorias em quantidade – reivindicam igualdade e rechaçam o tratamento que recebem: racistas, machistas, xenófo- bos, misóginos, LGBTfóbicos. Casos de ofensas e discriminação – perpetuadas por meio de xingamentos em redes sociais, de ofensas e brigas, de assédios morais, entre outros – têm tido repercussão social, midiática e na justiça. Aí dois direitos entram em conflito e surge a dúvida: qual direito se sobressai? O direito à liberdade de expressão, de quem realizou essas falas, ou o direito à vida – à crença, à religião, a ir e vir –, de quem as sofreu? 1 9 A todas as brasileiras, brasileiros e estrangeiros residentes no país. Em resumo, a todas as pessoas que estiverem em território nacional. Do banqueiro ao gari, do bancário ao professor, do ministro ao estudante. A liberdade de expressão é uma garantia fundamental ao exercício da cidadania e à participação social em ambientes como audiências públicas e conselhos municipais. pensamento e a livre expressão da ativi- dade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. É também um direito assegurado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU). A liberdade é um direito fundamental dosbrasileiros, segundo a Constituição de 1988. No artigo 5º, que dispõe sobre as garantias e deveres individuais e coletivos, são considerados invioláveis os direitos: “à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Na história recente do Brasil, apesar de prevista na Constituição de 1967, a liberdade de expressão foi amplamente restringida durante a ditadura civil-militar. Nos anos mais duros da época, era coibida qualquer forma de manifestação de pensamento, credo e ideologia política. Esse direito só veio a ser restabelecido e reintegrado com a Constituição Cidadã. Quanto à liberdade de expressão, a Constituição garante a livre manifestação do O QUE É LIBERDADE DE EXPRESSÃO? EXISTEM LIMITES PARA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO? A QUEM É ESTENDIDA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO? É a partir da reivindicação desse direito que surgiram as democracias modernas, em que não é permitida a censura a qualquer pessoa por parte do governo ou de qualquer entidade. Numa democracia, a ideia é que haja pluralidade de pensamento e, consequentemente, a manifestação de ideias, ideais e valores, levando a discussões e diálogos. Todas as vezes em que a liberdade de expressão começa a ser restringida, a diversidade de pensamento é afetada diretamente e, assim, começa a surgir o autoritarismo. O que poucos sabem é que, assim como qualquer outra, a liberdade de expressão tem limites: é proibido o anonimato pela Liberdade de expressão e democracia Constituição, a fim de que ninguém deixe de lidar também com as consequências do que fala, por exemplo. Assim como são proibidas ofensas que firam a dignidade da pessoa, sua integridade e imagem, ou que sejam falaciosas. Por exemplo, existe uma lei que tipifica racismo como crime; logo, impedir uma pessoa de acessar determinado estabelecimento apenas por ela ser negra, por exemplo, é uma atitude que pode e deve ser punida. As leis e a justiça ainda estão aprendendo a lidar com crimes dessa natureza, pois por muito tempo eles não foram denun- ciados; o mesmo acontece quando esses crimes acontecem na esfera online. Em muitos desses casos no Brasil, as pessoas não ganham seu processo na justiça contra os xingamentos e ofensas discrimi- natórias que receberam, de forma anôni- ma ou não – como quando o ex- candidato à presidência, Levy Fidelix, foi absolvido por ofender pessoas homossexuais. 2 0 Por outro lado, a Justiça ao redor do mundo tem agido de forma a proteger a dignidade das pessoas ofendidas – como o Parlamento Europeu, que impôs sanções ao parlamentar que fez falas misóginas em sessão plenária. Nenhuma forma de preconceito e discrim- inação é uma maneira de expressão; além de crime, é uma violação ao direito alheio – à vida, à liberdade e à segurança, que são direitos fundamentais. DECLARAÇÕES PRECONCEITUOSAS SÃO UMA MANEIRA DE SE EXPRESSAR? A ASCENSÃO DA EXTREMA DIREITA NA EUROPA _ Á F R I C A D O S U L M U N D O O Q U E É E X T R E M A D I R E I T A ? Os movimentos de extrema direita, apesar de apresentarem variações conforme as regiões do mundo, possuem alguns posicionamentos comuns, como uma agenda nacionalista forte e resistên- cia à perda de soberania do país - têm uma certa rejeição à globalização e tendências de cooperação econômica. Sua ideologia tem caráter ultraconservador, extremista e, em muitos casos, seus adeptos adotam posturas preconceituosas e xenófobas - que é o medo ou aversão ao estrangeiro. Tanto na Europa quanto nos Estados Unidos - onde esses movimentos estão mais evidentes - percebe-se que são motivados pela sensação de insatisfação de parte da população com a situação econômica, que muitas vezes é relaciona- da à globalização e consequente abertura do país. Assim, há o fortalecimento de ideais nacionalistas e de fechamento do país em relação à outras nações. Quando os posicionamentos políticos são extremistas, tanto para a esquerda, quanto para a direita, há tendências de que se construam governos totalitários 2 2 que levaram a adoção de medidas de austeridade fiscal - controle de gastos - por parte dos governos. Com isso, os padrões de vida dos europeus sofreram certo declínio, o que levou à insatisfação da população. Em paralelo às dificuldades financeiras, esses países passaram a receber muitos estrangeiros devido à crise migratória - a maior desde a Segunda Guerra Mundial - enfrentada principalmente, pelos países da África e do Oriente Médio. Esses imigrantes buscam abrigo no continente europeu devido à guerras, perseguição política ou dificuldades econômicas enfrentadas em seus países. Porém, eles são vistos como ameaças por parte da população europeia - que acredita que eles podem ocupar seus postos de trabalho ou sobrecarregar os serviços públicos, por exemplo - e passam a defender um maior controle das frontei- ras. Essa situação faz crescer o sentimento de xenofobia e racismo em relação aos diferentes povos. Leia mais: Imigrante, refugiado e asilado: quais são as diferenças? A EXTREMA DIREITA NA EUROPA O QUE LEVA AO SURGIMENTO DE UMA EXTREMA DIREITA? ou ditatoriais. É por essa razão que existe um temor em relação ao crescimento desses movimentos, pois é comum que grupos extremistas defendam ações anti- democráticas, que ferem os direitos humanos e que disseminam preconceitos e ideias de superioridade de alguns grupos de pessoas em relação a outros. Em 2017 aconteceram eleições presiden- ciais para países chave da União Europeia, como a França, a Alemanha e a Holanda. Nesses três países, os partidos de extrema direita foram derrotados, mas tiveram nítido crescimento em relação aos anos anteriores. As duas principais causas para o crescimento desse fenômeno na Europa são: a crise econômica enfrentada pelo continente e o aumento da imigração devido à crise humanitária atual dos refugiados. A Europa, que há décadas atrás apresen- tava uma situação econômica e padrões de vida bastante satisfatórios, passou a enfrentar dificuldades, principalmente após a crise de 2008. Os países europeus começaram a apresentar maiores índices de desemprego e dificuldades econômicas B R E X I T : AS IMPLICAÇÕES DA SAÍDA DO REINO UNIDO DA UNIÃO EUROPEIA M U N D O B R E X I T : B R E X I T : No dia 23 de junho de 2016, os cidadãos do Reino Unido participaram de um plebiscito em que podiam escolher entre duas opções: o Reino Unido permanecer ("remain") ou deixar ("leave") a União Europeia (UE). No fim das contas, venceu a opção pela saída dos britânicos da UE, com 52%. Vamos entender um pouco melhor as implicações do Brexit? A realização e o resultado do plebiscito sobre a presença do Reino Unido na União Europeia traduzem um sentimento negativo compartilhado por muitos euro- peus em relação a essa organização. A crise dos refugiados, considerada pela ONU a maior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial, é uma das razões da desconfiança da população – também por conta da xenofobia de alguns grupos – com relação às políticas que o país instituirá e às obrigações que têm de cumprir como membro da UE, como o asilo de pessoas. Inclusive, com a ascensão de partidos de extrema-direita na Europa, têm crescido as visões nacionalistas, xenófobas e preconceituo- sas com o que é "exterior", gerando o isolamento de sua cultura, população e país perante o mundo e do que ocorre nele. A campanha pelo Brexit certamente foi muito fortalecida pela percepção de que o Reino Unido estava sendo prejudicado pela facilidade com que muitos estrangeiros conseguiam migrar para o país. A alegação de que o país não possui controle efetivo sobre suas próprias fronteiras por causa da União Europeia pesou bastante para oresultado final. Além da questão da imigração, também há o argumento de que a União Europeia cria uma situação injusta entre seus membros, em que países com economias mais fortes (como Alemanha, França e Reino Unido) “sustentam” países economicamente mais fracos e endivida- dos (Espanha, Portugal, Grécia, Itália, etc). Outro fator determinante é o crescimen- to do isolamento e da cultura do medo não só no continente europeu, mas como em todo o mundo. Há um isolamento de 2 4 Em março de 2017 os termos de saída começaram a ser negociados e há previsão de que encerrem apenas em 2019. Isso porque os trâmites são burocráticos, complexos e novos, visto que essa é a primeira vez em que um país deseja sair da União Europeia. Quanto à política interna no Reino Unido, o cenário consiste em incertezas também. A primeira-ministra Theresa May, do partido Conservador, assumiu o cargo após a renúncia de David Cameron em função do resultado do plebiscito. Em meados de 2017, ela perdeu capital político e popular em função de ataques terroristas que ocorreram na Inglaterra. pessoas e grupos sociais em função das desigualdades sociais e diferenças culturais entre eles e, em função disso, muitos grupos não enxergam no outro um semelhante. Por desconhecer o outro, há o sentimento de ameaça – de perda de emprego, de violência e demais outros fatores. POR QUE O REINO UNIDO ESCOLHEU DEIXAR A UNIÃO EUROPEIA? COM A VITÓRIA DO BREXIT, O QUE ACONTECE? Quanto às negociações, algumas coisas já foram decididas, tais como: Economia: o Reino Unido irá pagar uma indenização de 39 bilhões de libras, o equivalente a algo próximo de 200 bilhões de reais, à União Europeia. Outra definição foi a continuidade de con- tribuições financeiras do Reino Unido para o orçamento da UE até o ano de 2020. Economia | em negociação: apesar da escolha de sair do bloco econômico, o Reino Unido não quer perder as vantagens econômicas que advém dessa participação. A primeira-ministra Theresa May tem a intenção de manter o acordo de livre-comércio, sendo o Reino Unido então um país não-membro; por outro lado, a União Europeia está dividida entre manter uma relação comercial amigável com o Reino Unido ou ser restritivo a fim de pressionar o país a não sair do bloco. A boa relação comercial entre países membros e não-membros da UE garante melhores taxas alfandegárias e um relacionamento comercial vantajoso em termos de trocas, conexões e tarifas mais baixas. Imigração: uma proposta quanto à imigração já foi decidida: cidadãos euro- peus que residem no Reino Unido podem continuar sua vida no país, assim como é válida a permanência de britânicos que vivem em países da União Europeia. Imigração | em negociação: apesar de ainda não serem conhecidas as conse- quências exatas em relação à imigração, é provável que haja maior controle na entrada de estrangeiros no país. Porém, não há políticas definidas ainda. 2 5 Fotografia: Duncan Hull via Flickr I N T O L E _ R Â N C I A : A P A U T A D E 2 0 1 8 A MANIFESTAÇÃO MÁXIMA DO DESRESPEITO E PRECONCEITO IN TO LE R Â N CI A I N T O L E R Â N C I A : I N T O L E R Â N C I A : I N T O L E R Â N C I A : Com frequência escutamos ou lemos relatos de desrespeito e intolerância em razão de opiniões políticas, orientação sexual, religião, nacionalidade, raça, entre outros. Motivada pela prevenção de atrocidades como as que ocorreram durante a Segunda Guerra Mundial, em 1948, as Nações Unidas aprovaram a Declaração Universal dos Direito Humanos (DUDH). Esse documento define os direitos fundamentais dos seres humanos, sem distinção de cor, sexo, língua, raça, opinião, nacionalidade ou classe social. Segundo indica o Dossiê sobre intolerân- cia do Guia do Estudante, são três as principais origens dos comportamen- tos intolerantes. Atualmente há dois fatores que contribuem para o crescimento de com- portamentos intolerantes: a internet e as redes sociais. Além da velocidade com que as informações circulam na rede, o distanciamento que existe entre as pes- soas oferece uma certa segurança para que estas expressem opiniões que se 2 8 sentiriam constrangidas de manifestar pessoalmente. Além disso, as bolhas virtuais nos aproximam apenas de pessoas com pensamentos semelhantes ao nosso, dificultando o nosso acesso a pessoas com opiniões diferentes. Porém, conhecer os posicionamentos diferentes é importante para que possa- mos exercitar a empatia e promover o diálogo, valores fundamentais em uma sociedade democrática. O QUE GERA A INTOLERÂNCIA? O primeiro deles é o isolamento e a cultura do medo. Nesse caso, a dificuldade em aceitar diferenças faz com que se veja uma ameaça naquele que não é um semelhante, o que como consequência gera um isolamento de grupos. A segunda razão seria o individualis- mo e o imediatismo, que retrata uma sociedade que coloca seus interesses pessoais na frente dos interesses coletivos e não se interessa em conhecer opiniões diferentes das suas. Por fim, teríamos as crises econômicas e políticas, que motivadas pela insatis- fação da população, contribuem para o fortalecimento de discursos intolerantes, que buscam por culpados pela situação e propõem soluções simples para a superação das crises. Um dos exemplos nesse caso é o Holocausto, que culpava os judeus pelas dificuldades econômicas enfren- tada na Alemanha e viu no extermínio desse povo a solução para o problema. - - - econômica IN TO LE R Â N CI A + I N T O L E R Â N C I A R E L I G I O S A A religião, já foi e ainda é, motivação para guerras e conflitos. A intolerância religiosa atinge todas as crenças, mas a perseguição a determinadas religiões é mais ou menos intensa conforme a região e a época. No Império Romano, por exemplo, os católicos foram perseguidos. Na Idade Média, católicos perseguiram judeus e pagãos. No Brasil, os port gueses não aceitavam as crenças religiosas dos índios e os catequizaram; e no período da escravidão, proibiam os negros de cultuar seus deuses. O artigo 5º da nossa Constituição atual prevê a liberdade de crença e de cultos religiosos e determina que o Estado é laico. Mas nem sempre foi assim. A Constituição de 1824, por exemplo, declarou oficial a religião católica no país e proibiu a realização de cultos públicos de outras religiões. Apesar de hoje nossas leis determinarem a liberdade religiosa, exercer uma fé pode não ser tão livre assim no Brasil. Segundo o Disque 100 do Ministério dos Direitos Humanos, há em média, uma denúncia de intolerância religiosa a cada 15 horas no Brasil. As religiões mais atacadas são as de matriz afro, como a umbanda e o candomblé. Há muitos exemplos de intolerância religiosa fora do Brasil também. Em Myanmar, país vizinho da China e Tailândia, por exemplo, está acontecendo um genocídio já denunciado pela ONU de uma minoria muçulmana chamada rohingya. No Tibet, há um conflito entre os budistas e o Partido Comunista Chinês, que matou milhares de tibetanos e causou a destruição de diversos templos. No Sudão, uma guerra civil ocorre há décadas, que dentre outras motivações, está relacionada à divisão entre muçul- manos e não muçulmanos. E no Iraque, os conflitos entre as correntes sunitas e xiitas da religião islâmica já foram responsáveis por milhares de mortes. 3 0 Leia mais: Genocídios no mundo - há como preveni-los? As religiões, que nasceram como propósitos de solidariedade, união, paz e respeito ao próximo, tornaram-se motivo de conflitos e intolerâncias. Essa dificul- dade em aceitar a existência de um Deus diferente do seu ainda é motivo de grandes tragédias. Para não alimentar sentimentos intolerantes em relação à outros indivíduos,é preciso respeitar as diferentes crenças e manifestações religiosas e assim contribuir para uma sociedade mais democrática e saudável. LIBERDADE RELIGIOSA COMO UM DIREITO INTOLER NCIA RELIGIOSA: UM FENÔMENO BRASILEIRO E MUNDIAL - COMO ESSA PRÁTICA É ESTRUTURADA NO BRASIL IN TO LE R Â N CI A R A C I S M O “Teoria ou crença que estabelece uma hierarquia entre as raças (etnias)”. Doutrina que fundamenta o direito de uma raça, vista como pura e superior, de dominar outras. Preconceito exagerado contra pessoas pertencentes a uma raça (etnia) diferente, geralmente considerada inferior. Atitude hostil em relação a certas categorias de indivíduos. - - - - Racismo por si só é um tema delicado. Entretanto, casos recentes deste crime vêm tomando espaço na mídia. Um exemplo foi o ocorrido em 2017, na cidade de Charlottesville, EUA. Lá, a extrema direita promoveu uma manifes- tação, reunindo grupos de supremacistas brancos como a KKK (Ku Klux Klan, organização abertamente racista) e também neonazistas. Como resposta, também ocorreram manifestações de pessoas contra esses ideais de superiori- dade racial. Infelizmente, a manifestação resultou em extrema violência e morte. O governo chegou a declarar estado de emergência, dada a gravidade da situação. Com este exemplo, fica claro a necessi- dade de se discutir sobre o racismo, bem como suas origens e consequências. Leia mais: Neonazismo, o rosto do nazismo na atualidade. O racismo, no Brasil, se projeta de manei- ra estrutural. Ele possui raízes lá no inicio do país, quando a mão de obra escrava negra foi usada para construir as bases da sociedade em que vivemos. Pessoas foram retiradas de seus lares, assim como suas culturas também lhes foram nega- das. O que vivemos hoje em dia é um reflexo de todo este histórico, e, apesar do Na lei brasileira, existem os crimes de racismo e injúria racial, vamos explicar a diferença entre os dois: O crime de racismo se configura quando alguém se recusa ou impede o acesso de uma pessoa negra a determinados ambientes, sejam eles comerciais ou não. Além disso, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível, ou seja, Primeiramente, é interessante com- preender que o termo “racismo” não possui uma definição concreta e predomi- nante. Segundo o dicionário Michaelis, racismo é: Leia também: Por que o índice de negros em cargos políticos é baixo? 3 2 país estar melhor do que estava antes em termos de equidade, ainda há muito a ser feito. Infelizmente, os números sobre o racismo no Brasil não são animadores. De acordo com a ONU Brasil, um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos em nosso país. E a punição para estes crimes, em sua maioria, seguem sem solução. Um exemplo foi o caso da ex-vereadora pelo Rio de Janeiro, Marielle Franco, que, em 13/03/18, foi assassinada, junto de seu motorista. E o caso, até a publicação deste eBook, segue sem encontrar os responsáveis. O QUE É RACISMO? RACISMO: DADOS ATUAIS O QUE A LEI BRASILEIRA PREVÊ PARA O CRIME DE RACISMO? quem praticou pode ser punido indepen- dente de quando cometeu o crime. O repúdio ao terrorismo e ao racismo está previsto no Art. 4º da Constituição Federal. Já a injúria racial acontece quando a honra de alguém é ofendida usando de elementos como raça, cor, etnia, religião ou origem. Está associada ao uso de palavras com teor depreciativo e/ou ofensivo referentes à raça ou cor. O crime de injúria, por sua vez, está previsto no Código Penal. O condenado deve cumprir pena de detenção de um a seis meses ou multa. Contudo, se a injúria conter elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou deficiente, a pena aumenta para reclusão de um a três anos. Somente com a união, e não com a segregação dos povos, é possível lutar para a conquista de direitos. Vamos nos lembrar de que o racismo, além de ferir os direitos humanos, é crime. 3 3 Manifestantes de extrema-direita acendem tochas em protesto na Universidade da Virgínia Foto: STRINGER / ALEJANDRO ALVAREZ/NEWS2SHARE IN TO LE R Â N CI A L G B T F O B I A N O B R A S I L Dados sobre a violência no Brasil mostram que a comunidade LGBT+ ainda vive com medo da violência gerada pela LGBTfobia. Que tal entender mais sobre isso? Em 2006, a então deputada Iara Bernardi apresentou um Projeto de Lei que obje- tivava criminalizar preconceitos contra sexualidade e identidade de gênero. Entretanto, o projeto da lei anti- LGBTfobia foi arquivado no Senado após passar oito anos sem aprovação. Esse congelamento do processo pode ser explicado pelo grande debate que o PLC gerou entre seus defensores e opositores. Ao falar de LGBTfobia, uma das dificuldades encontradas é a falta de estatísticas oficiais, fundamentais na criação de políticas públicas. Enquanto governos de vários países preocupam-se em levantar dados que ajudem a entender a realidade da comuni- dade LGBT, o Brasil toma poucas atitudes nesse quesito, o que torna necessário recorrer ao trabalho de organizações não-governamentais que desenvolvem pesquisas nesse sentido para obter dados sobre LGBTfobia no Brasil.O termo LGBTfobia não é tão conhecido, pois outro é normalmente usado para se referir à intolerância com a população LGBT+: a homofobia. Tecnicamente, essa expressão refere-se apenas à hostilidade direcionada a homossexuais – lésbicas e gays –, mas o termo se popularizou e é utilizado amplamente. O Politize! já te explicou a importância de minorias LGBT+ conquistarem maior visibilidade neste texto, e é justamente por isso que termos particulares, como “lesbofobia” e “transfobia”, vêm surgindo. Isso chama mais atenção a intolerâncias “específicas” e ressalta a existência de grupos muitas vezes invisibilizados. O QUE É LGBTFOBIA? LGBTFOBIA NO BRASIL: DADOS DA VIOLÊNCIA LGBTFOBIA É CRIME? programa Brasil sem Homofobia, lançado em 2004, que gerou a iniciativa Escola sem Homofobia. A ação constituía na distribuição de um material didático que orientaria os professores na educação sobre “valores de respeito à paz e à não-discriminação por orientação sexual”. Em 2011, a pressão de setores conservadores da sociedade aumentou e o governo acabou desistindo de distribuir o que ficara conhecido como “kit gay”. O principal argumento contra a iniciativa era de que tal material incentivava a homossexuali- dade. Já as pessoas que apoiavam o kit Escola sem Homofobia defendem que a educação é o caminho mais rápido para o combate à LGBTfobia. E você, o que acha que o poder público deveria fazer para combater a LGBTfobia no Brasil? Se quiser saber mais sobre isso, acesse o conteúdo completo! Uma das maneiras de combater a LGBTfobia é por meio da criação de políticas públicas – instrumento que possibilita aos governantes promover ações em busca da garantia de direitos de diversos grupos da população. Um exemplo famoso, e polêmico, foi o A política brasileira não está imune à LGBTfobia, como mostrou o projeto da “cura gay”. Apresentado em 2011 pelo deputado federal João Campos, o texto buscava anular a decisão tomada pelo Conselho Federal de Psicologia em 1999, que proibia a realização de terapias para alteração da sexualidade, após a Organi- zação Mundial da Saúde (OMS) retirar, em 1991, a homossexualidade da lista de doenças mentais. Em outras palavras, o projeto buscava liberar “tratamentos” para uma “cura gay”. Psicólogos e ativistas LGBT+ se posicionaram contra o projeto, o qual acabou sendo arquivado a pedido do próprio João Campos, já que seu partido – o PSDB – era contra o texto. 3 6 LGBTFOBIA NA POLÍTICA COMO COMBATER A LGBTFOBIA? IN TO LE RÂ N CI A A C R I S E D O S R E F U G I A D O S A C R I S E D O S R E F U G I A D O S+ Para compreender a crise dos refugiados, é necessário entender quem são os refugiados. Trata-se de um grupo específico de imigrantes que recebem essa denominação após terem saído de seu país por conta de “fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas”, em situações nas quais “não possa ou não queira regressar”. A ONU considera esta a pior crise humanitária do século e também o maior fluxo de refugiados desde a II Guerra Mundial. Em 2016, o grupo de pessoas que se deslocou de seus países fugindo de perseguições políticas e guerras chegou a 65,6 milhões – não em trânsito no momento, mas que passaram por essa situação desde que esses números são compilados. O número registrou alta de 10,3% na comparação com 2014, depois de uma estabilidade entre 1996 e 2011. Leia também: Imigrante, refugiado e asilado: quais são as diferenças? Metade do fluxo anual de refugiados são sírios, devido à fuga da guerra civil em que o país está desde 2011. De acordo com dados de 2016 da ONU, 13,5 milhões de sírios dependem de assistência humanitária, o equivalente a ¾ da população do país. 3 8 O World Migration Report 2018, levanta- mento realizado pela OIM, aponta quais os conflitos que mais geram refugiados. Com base em dados de 2016, a Síria ocupa o primeiro lugar nesse ranking, seguida pelo Afeganistão – que vive em meio à violência há 30 anos, fato que já levou 2,5 milhões de cidadãos a deixarem o país. Os conflitos no Sudão do Sul colocaram o país em terceiro lugar nesse ranking, com 1,4 milhões de refugiados. Juntos, os três países representam os locais de origem de 55% dos refugiados no mundo inteiro. países do Oriente Médio: Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito. Esses receberam pelo menos 4,3 milhões de pessoas desde o início da crise, o que representa 95% dos refugiados sírios, e demandam muito mais assistência dos serviços públicos do que em países europeus. A CRISE DOS REFUGIADOS E A GUERRA CIVIL NA SÍRIA A CRISE DOS REFUGIADOS: ALÉM DA SÍRIA Os países que servem como porta de entrada de refugiados na Europa são Grécia e Itália, ambos recebem essas pes- soas pelo Mar Egeu e Mediterrâneo, respectivamente. Para fazer essa traves- sia, os refugiados se colocam em alto risco, tamanho o desespero de sair de seus países. Apesar de a crise dos refugiados ter atin- gido a Europa com força, a maior parte das pessoas que fugiram da guerra na Síria dirigiu-se principalmente para cinco ROTAS TRAÇADAS DURANTE A CRISE DOS REFUGIADOS + Como já explicado, os principais destinos de refugiados são países vizinhos, já que essas pessoas geralmente são muito pobres e mal têm condições de cruzar a fronteira mais próxima. Tal tendência não é vista apenas nos arredores da Síria, mas também no Afeganistão – que vê seus cidadãos buscando principalmente o Paquistão e o Irã – e no Sudão do Sul – onde refugiados buscam segurança em Uganda e na Etiópia. Esse fluxo é demonstrado no gráfico a seguir: A União Europeia é um bloco de países em que imperam algumas regras. Algumas dessas regras entraram em discussão com o agravamento da crise dos refugiados, como a livre circulação de pessoas e mer- cadorias. Países como Alemanha e Suécia têm aceitado abrigar refugiados com menos complicações, como é o caso da Grécia, Áustria e Hungria. Que tal saber mais sobre as políticas migratórias de 5 países? É só clicar aqui! Se você quiser saber mais sobre a crise dos refugiados, acesse nosso conteúdo completo! 3 9 A ANTI-IMIGRAÇÃO EUROPEIA A União Europeia é um bloco de países em que imperam algumas regras. Algumas dessas regras entraram em discussão com o agravamento da crise dos refugiados, como a livre circulação de pessoas e mer- cadorias. Países como Alemanha e Suécia têm aceitado abrigar refugiados com menos complicações, como é o caso da Grécia, Áustria e Hungria. Que tal saber mais sobre as políticas migratórias de 5 países? É só clicar aqui! Se você quiser saber mais sobre a crise dos refugiados, acesse nosso con- teúdo completo! A ANTI-IMIGRAÇÃO EUROPEIA confira osgráficos aqui! IN TO LE R Â N CI A X E N O F O B I A ? O Q U E É X E N O F O B I A ? O medo de perder status social e sua identidade; A ideia de que apresentam uma ameaça ao sucesso econômico do cidadão, assim como a de que os migrantes tomariam vagas de trabalho; Um modo de reassegurar a identidade nacional e seus limites em tempos de crise; Um sentimento de superioridade; Pouca informação intercultural (o desconhecimento em relação ao estrangeiro e sua diferente aparência, cultura e costumes faz o indivíduo percebê-lo como ameaça). - - - - - O termo “xenofobia” aparece frequente- mente em jornais e notícias que tratam de migrações, principalmente no contexto atual da crise dos refugiados. Vamos entender melhor no que consiste a xenofobia, quando ela costuma se inten- sificar e se o mundo está ficando mais ou menos xenófobo? Em resumo, a xenofobia é o medo ou ódio por estrangeiros ou estranhos, e está vinculada a atitudes e comportamentos discriminatórios. A definição usada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) define que xenofobia seria: “Atitudes, preconceitos e comportamentos que rejeitam, excluem e frequentemente difamam pessoas, com base na percepção de que eles são estranhos ou estrangeiros à comunidade, sociedade ou identidade nacional”. A xenofobia basicamente deriva da ideia de que não-cidadãos apresentam uma ameaça à identidade ou aos direitos individuais do cidadão e se conecta com o conceito de nacionalismo. Comentários discriminatórios, estereotipados ou desumanizantes; Aplicação arbitrária da lei por autoridades locais, como a exclusão de serviços públicos aos quais teriam direito; Ataques e assédios por agentes estatais, comuns principalmente no meio policial e por oficiais de imigração; Ameaças, intimidações e violência pública. - - - - Alguns contextos socioeconômicos podem intensificar a xenofobia. Épocas de crise econômica, que aumentam o desemprego, são exemplos dessa piora. Em geral, se o trabalho realizado pelos imigrantes se limita àquele que a popu- lação local não quer realizar, sua presença é mais aceita. Também é comum a ideia de que se deve priorizar o atendimento e o funcionamen- to de serviços públicos – como de escolas 4 1 O QUE É XENOFOBIA? QUANDO A XENOFOBIA COSTUMA SE INTENSIFICAR? Estudos acerca da xenofobia têm atribuí- do o ódio a estrangeiros a várias causas: POR QUE A XENOFOBIA EXISTE? Há um grande conjunto de comportamen- tos que podemos considerar xenófobos: COMO A XENOFOBIA SE MANIFESTA? e hospitais – aos nativos, especialmente em situações de crise, quando os recursos do Estado se encontram limitados. Sim. A Organização Internacional para Migrações (OIM) estima que, em 2015, havia 244 milhões de migrantes em todo o mundo. Apesar de ser um número expressivo, ele representa apenas 3,3% da população global. Essa proporção tão pequena indica que há uma preferência das pessoas em permanecerem em seus países de origem. Tal tendência é confir- mada pela estimativa de que a migração intranacional – que ocorre dentro do Estado – chegava a 740 milhões em 2009. Contudo, é importante não prestar atenção apenas em números totais – deve-se buscar perceber as mudanças nos fluxos migratórios. Os 244 milhões de migrantes estimados em 2015 repre- sentam um aumento significativo em comparação ao ano 2000, quando 155 milhões de pessoas – 2,8% da população daépoca – tinham saído de seus países de origem. Se você quiser saber mais sobre manifes- tações de xenofobia no mundo, leia nosso texto sobre políticas migratórias em 5 países. No início do século XXI, o Haiti passava por uma crise política grave que levou a ONU a iniciar uma Missão de Paz no país, entretanto a situação social se agravou com o terremoto de 2010. A tragédia causou mais de 200 mil mortes e fez com que muitos haitianos decidissem deixar o país. O Brasil foi o país sul-americano que mais recebeu esses imigrantes. Até o fim de 2016, 67 mil autorizações de residên- cia foram emitidas para haitianos. Quer saber mais sobre a Missão de Paz do Haiti e como ela influenciou na vinda de haitianos ao Brasil? O Politize! explica. 4 2 O FLUXO MIGRATÓRIO MUNDIAL ESTÁ AUMENTANDO? Sim. Estudos em diferentes países docu- mentaram crescimento da intolerância, xenofobia, exclusão étnica e oposição à imigração e diversidade. A crise humanitária – que leva a um grande volume de migrações – faz com que cada vez mais líderes mundiais e chefes de Estados adotem políticas e discursos xenófobos. Uma onda nacionalista em curso pode ser observada em diversos países, como na Europa e nos Estados Unidos de Donald Trump. Sob pretextos de combate ao terrorismo, à imigração irregular e defesa da identidade nacional, têm sido colocadas em pauta agendas racistas e xenófobas em diferentes lugares. Uma pesquisa realizada em 10 países europeus mostrou que 59% dos entrevistados acreditam que a maior presença de imi- grantes em seus territórios aumenta a possibilidade de ataques terroristas. Tal crença é um dos principais motivos para o aumento de práticas xenófobas no continente. O MUNDO ESTÁ FICANDO MAIS XENÓFOBO? IMIGRAÇÃO NO BRASIL: O CASO DA IMIGRAÇÃO HAITIANA XENOFOBIA E IMIGRAÇÃO NO BRASIL Complexo de vira-lata: termo criado pelo escritor Nelson Rodrigues para se referir ao sentimento de inferiori- dade do brasileiro em relação a outros países, perpetuado nas ideias de que problemas como pobreza e corrupção acontecem apenas em Estados como o - Brasil, nunca em nações desenvolvi- das. Uma consequência do complexo de vira-lata são os estereótipos direcionados aos nativos dos países considerados “inferiores”. Enquanto diversas pessoas orgulham-se de suas ascendências europeias, esses mesmos indivíduos muitas vezes entendem que todo imigrante haitiano, por exemplo, é pobre e sem educação. Racismo estrutural: uma pesquisa realizada pela ONU, em 2014, conclu- iu que o racismo no Brasil é “estrutural e institucionalizado”. Assim, a já mencionada interseccionalidade entre racismo e xenofobia torna particular- mente difícil a vida dos imigrantes não-brancos no país. Ameaça econômica: sentimento de que imigrantes apresentam uma ameaça ao sucesso econômico do cidadão, como na ideia de que eles tomariam vagas de trabalho. Tal visão tende a ser amplificada em períodos de crise econômica, quando o desem- prego aumenta. Em geral, se a atividade realizada pelos imigrantes é aquela que os nacionais não querem realizar, sua presença é mais aceita. - Devido à instabilidade política e à escassez de alimentos na Venezuela, o Brasil vem recebendo milhares de venezuelanos. O Ministério da Justiça estima que desde 2015 até junho de 2018, 24.356 venezuelanos pediram refúgio no país. Com a chegada de mais gente a Roraima – por onde essas pessoas entram –, a infraestrutura do estado, que já era precária, foi sobrecarregada, como afirmam os governantes e alguns mora- dores da região. Quer entender melhor o fluxo migratório de venezuelanos? Clique aqui! 4 3 Imigração venezuelana As diferenças no tratamento estão diretamente ligadas ao racismo presente no país. A XENOFOBIA NO BRASIL A Secretaria Especial de Direitos Humanos apresentou um relatório com dados sobre as denúncias de violações de direitos realizadas em 2015, constatando que houve um crescimento de 633% das denúncias de xenofobia no Brasil em comparação com 2014. Várias são as causas da xenofobia. Sentimentos de superioridade e orgulho extremo sobre a identidade nacional são os principais motivos de ódio a estrangeiros na Europa. Mas o que motiva a xenofobia no Brasil? Três razões devem ser destacadas: POR QUE BRASILEIROS SÃO XENÓFOBOS? Não se pode considerar que todos os grupos enfrentam a xenofobia do mesmo modo, já que características como país, gênero, etnia, classe social, religião afetam a recepção desses estrangeiros. No Brasil há uma tradição de orgulho e festejo dos migrantes europeus. Em contrapartida, africanos, haitianos ou venezuelanos, por exemplo, são muitas vezes recebidos de maneira oposta. XENOFOBIA TEM COR, RELIGIÃO E NACIONALIDADE ESPECÍFICAS? - 4 4 Xenofobia é crime Aprovada em maio de 2017, a nova Lei da Migração garante ao migrante os mesmos direitos que um cidadão brasileiro. A legislação encoraja a regular- ização migratória, não permite a prisão de migrantes por estarem irregulares* no país e repudia ações de expulsão e não acolhimento de tais pessoas. *Deve-se usar a palavra “irregular” para se referir a imigrantes não regulamentados pela Polícia Federal, e não “ilegal”. Afinal, migrar é um direito humano e, por isso, não pode ser contra a lei. A Lei nº 7.716 garante que “serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou precon- ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Se você quiser entender mais sobre xeno- fobia no Brasil, leia o conteúdo completo! A NOVA LEI DA MIGRAÇÃO Paróquia de Pacaraima oferece café da manhã para venezuelanos (Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil). + B R A S I L : O Q U E T E M A C O N T E C I D O N O N O S S O P A Í S ? POLARIZAÇÃO? 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 B R A S I L CONSTI_ TUIÇÃO CIDADÃ A Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, é a que rege todo o ordenamento jurídico brasileiro hoje. Desde a independência do Brasil em 1822, é a sétima constituição de nosso país – e a sexta desde que somos uma República. A Constituição de 1988 faz 30 anos em 2018 e é um marco aos direitos dos cidadãos brasileiros, por garantir liber- dades civis e os deveres do Estado. Em 05 de outubro de 1988, sua promulgação foi marcada pelo discurso do então deputado federal e participante da Assembleia Con- stituinte, Ulysses Guimarães: Em 1986, durante a presidência de Sarney, ocorreram eleições para o Congresso Nacional (deputados e senadores). Os 559 eleitos formaram a Assembleia Constitu- inte, que elaborou a nova Constituição entre 1987 e 1988. A maioria dos consti- tuintes eram de partidos do chamado Centro Democrático, partidos como PMDB, PFL, PTB e PDS. O presidente da Constituinte foi o deputado Ulysses Gui- marães, do PMDB. Entre os constituintes também estavam figuras importantes, como os futuros presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer. O resultado de mais de 19 meses de assembleia foi a Constituição de 1988, apelidada de cidadã. É uma constituição muito extensa, com 245 artigos e mais de 1,6 mil dispositivos. Mesmo assim, ela é considerada incompleta, pois vários dispositivos que dependem de regulam- entação ainda não entraram em vigor. Confira a seguir algumas das principais determinações da Carta Magna do país: Sistema presidencialista de governo, com eleição direta em dois turnos para presidente; Transformação do Poder Judiciário em um órgão verdadeiramente inde- pendente, apto, inclusive, para julgar e anular atos do Executivo e Legislativo; Intervencionismo estatal e nacional- ismo econômico; Assistência social, ampliando os dire- itos dos trabalhadores; Criaçãode medidas provisórias, que permitem ao presidente da República, em situação de emergência, decretar leis que só posteriormente serão examinadas pelo Congresso Nacional; Direito ao voto para analfabetos e menores entre 16 e 18 anos de idade o chamado – sufrágio universal; Ampla garantia de direitos funda- mentais, que são listados logo nos primeiros artigos, antes da parte sobre a organização do Estado. 30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 CONHECIDA COMO CONSTITUIÇÃO CIDADÃ 46 "A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade rumo à mudança. Que a promulgação seja nosso grito: Muda para vencer! Muda, Brasil!" A ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE / A ELABORAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO No conjunto, a Constituição de 1988 se caracteriza por ser amplamente democrática e liberal – no sentido de garantir direitos aos cidadãos. Apesar disso, nossa Carta atual foi e continua a ser muito criticada por diversos grupos, que afirmam que ela traz muitas atribuições econômicas e assistenciais ao Estado. O presidente na época da promulgação, José Sarney, chegou a afir- mar que ela tornaria o país “ingov- ernável”, pelo excesso de responsabili- dades sobre o Estado. De todo modo, a Constituição Cidadã é considerada por muitos especialistas como uma peça fun- damental para a consolidação do Estado democrático de direito no país, bem como da noção de cidadania, ainda tão frágil para a população brasileira. Sessão final da Constituinte de 87-88. Foto: Agência Brasil (arquivo). NO BRASIL DE 1964 A 1985 B R A S I L DITADURA MILITAR DITADURA MILITAR DITADURA MILITAR O QUE ACONTECEU DURANTE O REGIME MILITAR? A ditadura civil-militar no Brasil durou 21 anos e instituiu 16 atos institucionais – mecanismos legais que se sobrepunham à Constituição. Antes do Golpe, João Goulart – conhecido como Jango – era o presidente do país. Ele era um repre- sentante trabalhista, do legado de Getúlio Vargas. Era um momento de bastante efervescência e polarização política entre a população. Jango tinha um posiciona- mento político de esquerda e defendia a realização de diversas reformas no país, como a reforma fiscal, universitária e agrária. Como vivíamos em tempos de Guerra Fria, havia medo de um suposto “perigo comunista”. Foi diante desse contexto que em 31 de março de 1964, os militares assumiram o controle do país. Foram 5 os presidentes militares durante esse período: Castello Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo. Durante o período ditatorial houve restrição às liberdades, repressão aos opositores do regime e censura. Um dos atos institucio- nais mais famosos foi o AI 5, que, dentre outras medidas, fechou o Congresso por tempo indeterminado; decretou estado de sítio; cassou mandatos de prefeitos e governadores e proibiu a realização de reuniões. Durante a ditadura tivemos o período do “milagre econômico”, quando as taxas de crescimento do PIB ultrapassaram os 10%. O crescimento da economia somado à euforia após a conquista do tricampe- onato mundial de futebol, levou o governo militar a adotar campanhas publicitárias ufanistas, como “Brasil, ame-o ou deixe-o” ou “Ninguém mais segura esse país”. Esse “milagre” no entanto, além de deixar uma dívida externa muito grande para o país – o que gerou uma dependência por empréstimos nos anos seguintes – foi acompanhado de maior desigualdade de renda. Ou seja, a riqueza se concentrou Atenção! Nos vestibulares, você vai se deparar com o termo “civil-militar” em referência à ditadura brasileira. Isso se deve ao fato de instituições, asso- ciações e empresas civis tiveram papel importante tanto na instauração da ditadura quanto em sua manutenção, como mostrado pela TV UNIVESP. O QUE FOI A DITADURA MILITAR NO BRASIL? ainda mais na mãos dos ricos e a camada de pobres da população tiveram sua situação econômica e social ainda mais precarizada. Em 1973, houve a crise do petróleo no mercado internacional, que intensificou ainda mais a crise econômica do país. Durante o mandato do Figueiredo – último presidente militar do período – a população pedia pela volta das eleições diretas para presidente – tratava-se do movimento Diretas Já. Durante esses 21 anos, as eleições eram indiretas, ou seja, o Congresso Nacional escolhia o presi- dente. Apesar das manifestações, ao final do regime militar, a população não pôde escolher seu representante, que novamente foi eleito por voto indireto. Foi só em 1989, depois da promulgação na nova Constituição, que o pov brasileiro voltou a votar para presidente. 49 A TORTURA NA DITADURA CIVIL- MILITAR BRASILEIRA Em 1971 foi promulgado um decreto-lei que tornava ainda mais rígida a censura à imprensa, os grupos de esquerda sofriam fortes repressões e foram criadas institu- ições para lutar contra eles, como o Departamento de Operações Internas (DOI) e o Centro de Operação da Defesa Interna (CODI), fazendo uso de tortura para cumprir seus objetivos A tortura foi uma prática constante da ditadura no Brasil. Mesmo durante o gov- erno Geisel (1974-79) – no qual foi inicia- da uma abertura política “lenta, gradual e segura”, ou seja, um início da transição para um regime democrático –, as violações aos direitos humanos e repressões violentas continuaram. Leia mais: a tortura como ferramenta do regime militar. O caso mais grave ocorrido durante o gov- erno de Geisel foi a tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog em 1975. Esse episódio gerou grande comoção popular, mas Geisel não tomou providências para punir os responsáveis. A questão da tortura na ditadura civil-militar brasileira foi tão importante que o Politize! preparou um conteúdo apenas sobre ela. Vai lá conferir! C R I S E E C O N Ô M I C A : O QUE É? B R A S I L CRISE ECONÔMICA: O QUE É CRISE ECONÔMICA? Para entender o fenômeno das crises econômicas é preciso antes de tudo lembrar que a economia é cíclica. Isso significa que, apesar de existirem momen- tos de estabilidade, as crises são aconteci- mentos normais do sistema capitalista, ou seja, de tempos em tempos passaremos por elas. O que pode variar são as razões que levam às crises, os setores da economia que serão mais afetados e a intensidade delas, é claro. Em geral, grandes crises afetam de alguma forma todos os países do sistema capitalista, pois as economias são interdependentes. Durante uma crise há declínio da atividade econômica. A demanda por consumo diminui, o que leva à diminuição da taxa de lucro das empresas. Como as empresas passam a lucrar menos, muitas delas acabam demitindo funcionários e isso leva ao aumento de taxas de desemprego. Com mais pessoas desempregadas, a renda diminui, o que leva a um menor consum das famílias, ou seja, menor demanda. Como podemos ver, esse ciclo tende a se reproduzir e se intensificar. Para frear o ciclo, é necessário adotar políticas econômicas de estímulo à economia e o sucesso – ou não – dessas medidas determina a intensidade e duração dessas crises. Há duas classificações de crise conforme sua força e duração: recessão e depressão. As recessões são crises relativamente curtas, são fases nas quais há retração da atividade econômica, aumento do desem- prego, diminuição da produção, nas axas de lucro e nos investimentos. Considera-se em recessão uma economia que apresenta queda no PIB por dois trimestresconsecutivos. Foi o que aconteceu no Brasil entre abril de 2014 e dezembro de 2016, quando tivemos uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento na taxa de desemprego. Já as depressões são crises duradouras – um estado de agravamento da recessão – com forte redução da atividade econômi- ca, falências, altas taxas de desemprego e grandes quedas de produção e investi- mentos. Geralmente considera-se depressão uma recessão que ultrapassa 3 ou 4 anos de duração ou então uma queda drástica no PIB. Um exemplo de depressão foi a Crise de 1929 nos Estados Unidos, originada de um processo de superprodução e levou à quebra da bolsa de valores, impactando países no mundo todo. A Grande Depressão causou pobreza geral nos Estados Unidos e em diversos países do mundo. Aqui, família desempregada, vivendo em condições miseráveis, em Elm Grove, Oklahoma, Estados Unidos. Foto: Domínio Público 52 C A P A B R A S I L PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA E O CASO DE LULA + PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA ARGUMENTOS A FAVOR DA PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA A condenação do ex-presidente da República Luiz Inácio “Lula” da Silva, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, aconteceu em 2017. A decisão em primeiro grau de jurisdição foi feita pelo juiz Sérgio Moro, encarregado de julgar casos da Operação Lava Jato, que o condenou a nove anos e meio de reclusão. A defesa do ex-presidente recorreu à segunda instância do Judiciário, no Tribunal Regional Federal 4, em Porto Alegre. Os desembargadores negaram o recurso de Lula e, inclusive, aumentaram seu tempo de prisão para 12 anos. Por conta dessa decisão e da negação de seu pedido de habeas corpus no Supre- mo Tribunal Federal (STF), Lula foi conde- nado à prisão e se entregou à Polícia Feder- al no dia 07 de abril de 2018. A Constituição diz que a prisão só deve ser feita após a última instância. No entanto, esse entendimento vai e volta no STF. Afinal, qual é o debate sobre prisão em segunda instância? Em 2009, o STF determinou que o réu só podia ser preso após o trânsito em julga- do, ou seja, depois do recurso a todas as instâncias. Antes do esgotamento de recursos, ele poderia no máximo ser con- denado à prisão preventiva. Já em fevereiro de 2016, o Supremo decidiu que um réu condenado em segunda instância já pode começar a cumprir sua pena – ou seja, pode parar na cadeia mesmo enquan- to recorre aos tribunais superiores. Naquele momento, a regra foi aplicada ao caso de um réu específico. No mesmo ano, o STF reafirmou a decisão, que passa a ter validade para todos os casos no Brasil. Algumas questões que ficam são: quais as implicações dessa decisão? Ela ajuda ou piora o trabalho do Judiciário? Ela viola os direitos humanos do acusado? Réus protelam condenação com recur- sos. Os ministros do STF que votaram a favor da prisão após a condenação em segunda instância – seis dos onze magis- trados – consideraram que o recurso a instâncias superiores tornou-se uma forma de protelar ao máximo adecisão final. É para evitar esse quadro que a prisão logo após a segunda instância seria mais justa. O ministro Luiz Fux, por exemplo, afirmou que as decisões são postergadas por “recursos aven- tureiros” e que o direito da sociedade de ver aplicada a ordem penal está sendo esquecido. Você pode ler sobre as funções do STF neste texto. Casos de impunidade pela prisão após trânsito em julgado. O ministro Luís Roberto Barroso mencionou várias situações em que o réu foi condenado em segunda instância e passou vários anos em liberdade ou até mesmo não chegou a ser preso. Foi o caso do ex-senador Luís Estevão foi condenado em 1992 por desviar R$ 169 milhões de uma obra. Depois de apresentar mais de 30 recursos aos tribunais supe- riores, o processo contra ele se arrastou por vinte e quatro anos. Apenas em 2016 saiu o trânsito em julgado e o ex-parlamentar foi parar na prisão. Leia mais exemplos sobre prisão após condenação em segunda instância! 5 4 O modelo de prisão antes do trânsito em julgado é usado em outros países. Entre os países que o adotam estão Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Portugal, Espanha e Argentina. 5 5 ARGUMENTOS CONTRA DA PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA Presunção de inocência. O principal argumento dos cinco ministros contrári- os à prisão em segunda instância é que a Constituição de 1988 liga presunção de inocência ao trânsito em julgado. Presunção de inocência significa que ninguém será considerado culpado até prova em contrário. Portanto, o processo judicial deveria se esgotar antes da prisão do réu. Esse é um direito consti- tucional que, segundo alguns, estaria sendo desrespeitado pelo novo entendi- mento do STF. Revisão de penas injustas. O ministro Ricardo Lewandowski levou ao julga- mento mais recente o dado de que um terço dos pedidos de habeas corpus de condenados em segunda instância que chegam ao Superior Tribunal de Justiça tem suas penas revistas. Esse volume revelaria a importância dos recursos aos tribunais superiores, que corrigem penas injustas. Pressão no sistema carcerário. O sistema carcerário brasileiro encontra-se em estado lastimável e as condenações em segunda instância poderiam agravar ainda mais essa situação. Temos mais de 726 mil presos Leia mais sobre prisão após condenação em segunda instância neste texto do Politize!. no país e a terceira maior população carcerária do mundo. Segundo dados de 2014 do Infopen (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias) mesmo com o número de vagas tripli- cando de 2000 a 2014, o déficit do siste- ma prisional dobrou. Ministros do STJ durante sessão que votou Habeas corpus do ex-presidente Lula. Foto: Lula Marques / Liderança do PT na Câmara A INTERVENÇÃO NO RIO DE JANEIRO B R A S I L O QUE É INTERVENÇÃO FEDERAL? INTERVENÇÃO FEDERAL, INTERVENÇÃO MILITAR E A INTERVENÇÃO NO RJ No dia 16 de fevereiro de 2018 foi decretada Intervenção Federal no Rio de Janeiro, primeira vez em que omecanis- mo é acionado durante a vigência da atual Constituição Federal. Embora muitos artigos mencionem uma Intervenção Militar, o procedimento formalmente adotado foi uma Intervenção Federal. O QUE É INTERVENÇÃO FEDERAL? O QUE É A INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO? O Estado de Defesa, o Estado de Sítio e a Intervenção Federal são medidas extraor- dinárias previstas pela Constituição Fed- eral, que buscam restabelecer ou garantir a continuidade da normalidade consti- tucional ameaçada. Dessa forma, esses instrumentos são Estados de Exceção, que devem ocorrer apenas quando estritamente necessários e por um prazo temporal determinado, sob o risco de darem vazão a impulsos autoritários. A Constituição Federal determina que a República Federativa do Brasil é com- posta pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal, conferindo autonomia a todos esses entes. A Intervenção Federal representa uma situação de anormali- dade, quando é permitido que essa autonomia seja suspendida temporaria- mente. Por ser um Estado de Exceção, a intervenção federal só pode ser acionada em casos específicos e quando não houver outra medida capaz de solucionar a questão. A Intervenção Federal permite a suspensão temporária da autonomia desses, em situações específicas, quando não houver outro remédio capaz de corrigir a situação de anormalidade. O Decreto prevê que “o Interventor poderá requisitar a quaisquer órgãos, civis e militares, da administração
Compartilhar