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defesa psicopata

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Argumento da defesa
O autor do crime, ao tempo da ação ou omissão, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, é isento de pena, podendo-se-lhe aplicar, entretanto, medida de segurança de internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, ou tratamento ambulatorial. Ora, o art. 97 do mesmo diploma estipula que se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. 
	A inimputabilidade pode ser caracterizada de diversas formas, mas há sempre algumas semelhanças entre os casos, tais como: infundado motivo para matar; pensamentos agressivos e invasivos; e até tentativa de impunibilidade. Nesse sentido, encontramos precedentes pacíficos no STJ:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA. INIMPUTABILIDADE. APLICAÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA DE INTERNAÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. LAUDO PERICIAL QUE SUGERIA MEDIDA MAIS BRANDA. CARÁTER NÃO VINCULANTE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM NÃO CONHECIDA. A Ré conversava com a Vítima, quando esta sugeriu que Rosana fizesse tratamento médico, devido a sua mudança de comportamento repentina; a Acusada enfureceu-se e esfaqueou a ofendida no pescoço. Após lavou a faca e a guardou na gaveta da cozinha Ressalte-se, no entanto, que a Acusada é isenta de pena à vista de sua inimputabilidade, (...) Ante o exposto, declaro ROSANA DAS NEVES DO NASCIMENTO, qualificada nos autos, fls. 20, absolutamente inimputável e a ABSOLVO com fundamento no artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal, impondo-lhe, em consequência, medida de segurança, consistente em internação por tempo indeterminado, fixando-se o prazo inicial de 03 (três) anos para nova avaliação, nos termos do art. 97, § 1º, do Código Penal. (HC 367.674/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 18/04/2017, DJe 25/04/2017)
No mesmo sentido:
POSSIBILIDADE. DECISÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. A definição da medida de segurança não se vincula à gravidade do delito, mas à periculosidade do agente, sendo possível ao magistrado a escolha do tratamento mais adequado ao inimputável, ainda que a ele imputado delito punível com reclusão, desde que fundamentadamente, em observância aos princípios da adequação, da razoabilidade e da proporcionalidade. (AgRg no REsp 832.848/AC, Relator Ministro NEFI CORDEIRO, Quinta Turma, julgado em 02/12/2014, DJe 03/02/2015).
Diante de toda a argumentação in verbis, baseada em fatos explícitos, e concordando com parte da argumentação da douta acusação, no sentido do senhor Patrick Bateman não estar fora de si nas demais circunstâncias, esta defesa requer a absolvição do ato criminoso, tendo em vista a inimputabilidade temporária no momento do ato, movida ao ódio e a inveja instigados pelo capitalismo que o autor encontra-se. Portanto, nos casos em que a incapacidade é momentânea, e cessada após o ato criminoso, é consolidada a determinação da absolvição sem aplicação de medida de segurança.
Outro meio de provar a necessidade do requerimento exposto é pedir para o relator do caso anexar aos autos o resultado de um Teste de Acepção Temática (TaT); fazer uma entrevista semiestruturada junto a um teste de personalidade e, para finalizar, aplicar o teste de Rorschach. Dessa maneira, é inegável a veracidade das informações asseguradas pela defesa.
Não sendo este o entendimento do nobre júri, pugna-se pela utilização de demais tipos de tratamento, como o ambulatorial, senão a internação, a fim de garantir a integridade do autor. A defesa firma a alegação de que o paciente sofre constrangimento ilegal pela imposição da internação, ressaltando que tal medida somente deve ser utilizada de forma excepcional, quando todas as demais alternativas terapêutica foram infrutíferas.
Ora, no caso em tela, trata-se de conduta gravíssima, consistente em homicídio súbito e injustificado de pessoa conhecida, efetuado com golpe de machadadas, unicamente em razão de a vítima ter um cartão de apresentação mais vangloriado, características analogicamente presentes na maioria dos incapazes que cometem atos criminosos. Convém mencionar que não se trata apenas de garantir a segurança alheia, mas, também, de fornecer acompanhamento e atenção necessários a sua saúde mental e, até mesmo, assegurar sua própria integridade.
BRUNO ALVES CURTI 
MINISTÉRIO PÚBLICO DE FRANCA – SP
09/11/2018

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