Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thais Souza Alves Gestão Financeira Sumário 03 CAPÍTULO 4 – Por que entender as demonstrações financeiras é tão importante para a gestão empresarial? ......................................................................05 Introdução ....................................................................................................................05 4.1 Demonstrações financeiras mais usuais, como compreendê-las? ...................................06 4.1.1 Princípios contábeis .........................................................................................06 4.1.2 Características das demonstrações ....................................................................08 4.1.3 Principais demonstrações financeiras .................................................................10 4.1.4 Como ocorrem as escriturações contábeis? ........................................................10 4.2 Ponto de equilíbrio como indicador de segurança do negócio. ......................................13 4.2.1 Mas como calcular o ponto de equilíbrio? ..........................................................14 4.3 Alavancagem financeira – As organizações devem utilizar-se da técnica na busca pela lucratividade? .....................................................................................16 4.4 Como as demonstrações financeiras podem apoiar a tomada de decisões? ....................18 Síntese ..........................................................................................................................22 Referências Bibliográficas ................................................................................................23 Capítulo 4 05 Introdução Você já ouviu falar em demonstrações financeiras? Sabe quais são as ferramentas apropriadas para a sua elaboração? Sabe por que entender as demonstrações financeiras é tão importante para a gestão empresarial? Nosso objetivo aqui é fornecer conhecimento, estudo e atualizações a respeito dos conceitos e regras que envolvem as demonstrações financeiras, assim como a execução de seus princípios para que profissionais da área tenham condições de propor a seus clientes e usuários informa- ções relevantes para a tomada de decisões, de forma assertiva, na condução de seu negócio, buscando o tão almejado ponto de equilíbrio. Identificaremos quais as demonstrações financeiras são mais essenciais para gestão, percebendo as necessidades de utilização e seus propósitos. Entenderemos o quanto é necessário vender para que as receitas sejam igualadas aos custos, assim, encontrando o ponto de equilíbrio e identificando a oportunidade de utilizar a técnica de alavancagem financeira, por fim, analisando as diversas formas de obtenção de rentabilidade por meio do endividamento. Topa vir conosco explorando essa estrada do conhecimento? Então, vamos lá! As demonstrações financeiras são relatórios gerados para apresentação aos clientes, investidores e usuários diversos com fins distintos, assim como necessidades distintas. Servem para apresen- tação de exigências de órgãos do governo e/ou autoridades fiscais. Essas demonstrações têm como base as regras estabelecidas na Norma Brasileira de Contabili- dade (NBC) com objetivo de fornecer informações e dados para uso geral e que sejam assertivas na tomada de decisões. Tais demonstrações são emitidas em períodos predeterminados, na sua maioria anuais, e procuram responder as demandas de um número considerável de usuários, sejam eles investidores, fornecedores, clientes em geral e sociedade civil. As demonstrações integram um núcleo de informações financeiras emitidas por empresas ou organizações. Esse núcleo ou conjunto normalmente é composto pelo Balanço Patrimonial, De- monstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstrações das mutações do patrimônio líqui- do, Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), notas explicativas e outras que podem ser inclusas se solicitadas, todas devidamente assinadas pelo responsável contábil pela produção do mate- rial. Para compreendermos esse universo, precisamos conhecer a sua evolução histórica. Comecemos pelos princípios, que foram as primeiras manifestações orientadoras da contabilida- de, que dariam início à criação dos princípios contábeis. O que são eles? São as normas e re- gras pelos quais os conceitos primários da contabilidade foram conduzidos em um formato mais amplo, por exemplo, como poderemos ver no Princípio da Entidade, em que a contabilidade de uma empresa não poderá se misturar com a dos sócios. Logo após, surgiram os procedimentos contábeis, que representam a formatação dos lançamentos contábeis utilizados para que os prin- cípios fossem expostos na escrituração contábil. Assim, nasceram os órgãos legais, que regem, controlam e fiscalizam até hoje as atividades e processos ligados às finanças. Por que entender as demonstrações financeiras é tão importante para a gestão empresarial? 06 Laureate- International Universities Gestão Financeira 4.1 Demonstrações financeiras mais usuais, como compreendê-las? As demonstrações financeiras têm por objetivo prover dados sobre a situação do patrimônio e das finanças, a performance e alterações financeiras dentro da organização para que sirvam de respaldo para gestores na tomada de decisões. Elas também têm por finalidade demonstrar os resultados administrativos da organização e sua capacidade de prestar contas. As demonstrações apresentam dados sobre a posição de patrimônio, em especial, àquelas pro- vidas do balanço. Os dados a respeito da performance, normalmente, são gerados a partir da DRE. As demais demonstrações são apresentadas em documentos à parte. Entretanto, antes de falarmos sobre o desenvolvimento das demonstrações, precisamos compre- ender aqueles que a precedem: os princípios contábeis. O livro “A Interpretação das Demonstrações Financeiras”, de Benjamin Graham e Spen- cer B. Meredith, é um material de leitura simples, destinado àqueles que não possuem conhecimento algum sobre contabilidade e análise de demonstrações financeiras, com foco nas principais: DRE e Balanço Patrimonial. Segue a lógica de que as demonstra- ções financeiras não permeiam um caminho árduo e contraditório, como a maioria dos gestores acreditam. VOCÊ QUER LER? Atualmente, existem inúmeras técnicas contábeis que devem ser avaliadas no processo de gera- ção da escrita contábil e na geração das demonstrações, mas é válido ressaltar que os princípios antecedem as normas, além, é claro, de serem o “coração” da administração. Lembre-se da relevância dos princípios contábeis e que eles foram os primeiros na construção das demonstrações. Vamos começar? Acompanhe-nos! 4.1.1 Princípios contábeis Os princípios contábeis são as verdadeiras regras que delimitam o emprego da contabilidade. Eles evitam que instituições e entidades da classe adotassem regras próprias para padronização e registro de seus dados, o que tornaria impossível uma mensuração ou analise padrão funda- mental aos interesses dos investidores, sócios e interessados. Eles é que regem a contabilidade e possuem três particularidades que ocorrem de forma simultânea: • ser praticável: eliminando complexidade e/custos inadequados; • ser objetivo: quando os dados consequentes de sua finalidade não sofrem influência daqueles que os fornecem; • ser útil: quando o resultado deles originar informações importantes e de valor aos usuários das demonstrações. Agora, vejamos cada um dos princípios e suas definições. Princípio da Entidade 07 Este princípio evidencia o patrimônio como instrumento da contabilidade e confirma a soberania do patrimônio, em separado de relacionar-se com um indivíduo ou um conjunto de indivíduos, uma sociedade qualquer, com ou sem finalidade lucrativa. Assim sendo, o patrimônioda empre- sa não se mistura com o patrimônio dos sócios ou investidores, ou seja, a entidade contém o patrimônio, porém, a recíproca não é real. Princípio da Continuidade Este princípio supõe que a entidade terá continuidade no futuro e, logo, a medida e o surgimento dos fragmentos do patrimônio consideram essa conjunção. Neste princípio, as demonstrações geralmente são organizadas na hipótese de que a entidade permanecerá em conta em um futuro próximo. Assim, entende-se que a entidade não possui o plano nem tem o dever de entrar em liquidação. E se esse plano ocorrer, as demonstrações devem ser preparadas em uma outra base e assim sendo divulgada. Princípio da Oportunidade O princípio trata do processo de medir e demonstrar os fragmentos do patrimônio para gerar dados íntegros. A falta de integridade na geração e na publicação dos dados contábeis pode acarretar em perda de sua importância. Por isso, é relevante ponderar a relação entre a conve- niência e a confiança das informações. Princípio do Registro pelo Valor Original Este princípio dispõe dos fragmentos do patrimônio que, inicialmente, são registrados por valores de origem das transações, todos explícitos em moeda nacional. As bases de medida deverão ser usadas de formas diferentes ao longo do tempo. Confira a seguir. • custo histórico; • variação do custo histórico, abrangendo os seguintes fatores: custo corrente, valor realizável, valor presente, valor justo e pela atualização monetária. O Princípio da Atualização Monetária Este princípio dispõe da atualização e manutenção do valor inicial. Princípio da Competência Este princípio dispõe que os resultados das operações e outras situações sejam lançados nos períodos a que de fato se referirem, independentemente do tempo em que foram pagos ou rece- bidos. Ele também supõe que, de forma simultânea, haja o enfrentamento de receitas e despesas. As demonstrações nesses casos são geradas pelo regime de competência, em que os efeitos das operações e outras situações são lançados quando ocorrem e seus registros informados nas de- monstrações do tempo em que se referem. Princípio da Prudência Este princípio dispõe a respeito da admissão do menor valor para os fragmentos do ativo e do maior valor do passivo. De forma geral, quando se mostrem possibilidades igualmente válidas para a mensuração das mutações que modifiquem o patrimônio líquido. 08 Laureate- International Universities Gestão Financeira Figura 1 – Princípio da prudência: as despesas se mostram menores do que as receitas. Fonte: Thinglass, Shutterstock, 2016. 4.1.2 Características das demonstrações A enorme quantidade de dados e informações geradas a partir do uso dos sistemas de conta- bilidade, especialmente aquelas precedentes das demonstrações financeiras contábeis, serão imensamente úteis à gestão da empresa. Porém, como dissemos há pouco, devem ser elaboradas com base na NBC e seus princípios. VOCÊ QUER VER? O curta metragem “História da Contabilidade (2006)” retrata a história da trajetória evolutiva da Contabilidade, desde os primórdios das civilizações até os dias atuais. Acesse o link: <https://www.youtube.com/watch?v=qw5wbbPwXTg>. Com isso, que- remos que se lembre da história que precede as demonstrações financeiras, antes de aplicá-las. As normas delineiam as regras contábeis que existem hoje e os princípios clareiam o caminho dos procedimentos que serão utilizados quando os registros contábeis começarem a ser lançados, assim como as demonstrações. Entretanto, quando as demonstrações se respaldam em suas características qualitativas, elas ga- nham maior luminosidade, vindo a agregar aos princípios. Podemos verificar que características são essas a seguir. Acompanhe-nos! Relevância Os dados e informações devem ser relevantes na tomada de decisões, isto é, devem possuir qua- lidade técnica e real que possam influenciar decisões, colaborando na avaliação de ocorrências passadas, presentes e até futuras, com o intuito de corrigir processos. 09 Compreensibilidade As informações devem ser compreensíveis àqueles que irão analisá-las e devem estar à disposi- ção de forma razoável ao entendimento. Contudo, é importante reforçar que compreensibilidade não elimina a relevância dos dados e/ou sua omissão. Materialidade Informações materiais que possuem relevância, omissões ou equívocos podem conduzir ao equí- voco na tomada de decisões. Mas é impróprio deixar de corrigir desvios ou erros das práticas contábeis com fins de alcançar posição específica o do patrimônio ou alteração no seu desem- penho. Confiabilidade As informações surgidas das demonstrações precisam e devem ser confiáveis. Dessa forma, ela estará livre de equívocos, apresentando de maneira adequada o que de fato pretende. Primazia da essência sobre a forma Operações e outras ocorrências e formas deverão ser contabilizadas conforme sua natureza, e não somente por causa de sua forma legal. Com isso, a confiança e credibilidade aumentam sensivelmente. Prudência É a manutenção de um determinado grau de cuidado, até podemos chamar de precaução na aplicação de convicções necessárias ao estimado pela empresa. De acordo com as variáveis de incerteza, evitando superestimar ativos ou até receitas. Integralidade As informações contábeis necessitam ser completas, resguardando o limiar de custo e concre- tude. Qualquer omissão ou erro pode gerar informações não verdadeiras ou até considerá-las enganosas e não confiáveis. Comparabilidade Os avaliadores ou usuários devem comparar as demonstrações da empresa em um determinado período de tempo, a fim de apontar direções em sua estrutura de patrimônio e em sua perfor- mance. Com base nele, os usuários deverão ter condições de diferenciar as demonstrações para fins comparativos também em desempenho assim como em questões operacionais. Figura 2 – A importância da confiabilidade dos dados e informações nas demonstrações contábeis. Fonte: create jobs 51, Shutterstock, 2016. 10 Laureate- International Universities Gestão Financeira 4.1.3 Principais demonstrações financeiras Em todo final de exercício contábil, a empresa emitirá as demonstrações financeiras com base dos dados escriturados, que irão apresentar com clareza a situação atual do patrimônio das empresas e as alterações (mutações) ocorridas no período. Confira a seguir quais são os dados escriturados. • Balanço Patrimonial. • Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados. • Demonstração do Resultado do Exercício. • Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. • Demonstração dos fluxos de caixa. • Notas explicativas. Essas demonstrações não são aplicadas para todos os tipos de empresa e cada uma vai depen- der de suas obrigatoriedades legais. Elas serão divulgadas indicando os valores referentes às demonstrações do período anterior. As demonstrações apresentam para onde foram destinados os lucros, de acordo com o orien- tado pela administração da empresa e são complementadas por notas, as chamadas notas ex- plicativas, e outros painéis demonstrativos que sejam necessários para explanação da situação do patrimônio e seus resultados. Empresas cujo volume financeiro ao final do exercício não for maior que R$ 20.000,00 não serão obrigadas a emitir e publicar as demonstrações das origens e aplicações dos recursos. 4.1.4 Como ocorrem as escriturações contábeis? As escriturações contábeis deverão ser guardadas permanentemente, de acordo com a legisla- ção, devendo verificar procedimentos e medidas ordenados no período e registrar as alterações/ mutações do patrimônio, conforme o regime de competência. Caso ocorram tais mutações de efeitos importantes deverão ser indicadas em notas, assim como suas consequências. As em- presas registram suas disposições em documentos paralelos, sem modificar a estruturação das demonstraçõespedidas por lei. As demonstrações deverão ser informadas aos usuários de acordo com as regras normativas dos órgãos especializados. Segundo o IBRACON (NPC 27), [...] as demonstrações contábeis são uma representação monetária estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis também mostram os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos que lhe são confiados. Todos os dados e informações, assim como as notas que explicam às demonstrações, apoiam os usuários a calcular os resultados e seus fluxos financeiros futuros, podendo, assim, auxiliar na melhor tomada de decisões. 11 Agora, entenderemos mais especificamente o que cada uma dessas demonstrações apresenta e pode colaborar aos gestores empresariais. Continue conosco! Balanço Patrimonial (BP) O Balanço Patrimonial é um documento composto por Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. O que é cada um deles? Vejamos. O Ativo apresentado envolve os direitos, bens e outras aplicações dispostas à organização e que são capazes de prover benefícios financeiros futuros. O Passivo reúne as origens dos recursos, denominados por obrigações a terceiros, que são resultados dos relacionamentos que exigirão ativos para sua quitação referentes a produtos ou serviços adquiridos. Já o Patrimônio Líquido nasce da diferença entre Ativos e Passivos, é o resultado da equação. Sendo assim, quanto maior for o valor do Passivo, mais recursos do Ativo precisará para cobrir a operação. Ele é estabelecido com base na Lei nº 6.404/1976 (artigos 176 a 182, e artigo 187) e NBC T.3. Balanço Patrimonial (PL) Ativo Passivo Patrimônio Líquido (PL) Quadro 1 – Como é feita a composição do Balanço Patrimonial. Fonte: Elaborado pela autora, 2016. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) A DLPA é um documento contábil que apresenta as alterações e os motivos pelo quais eles ocorreram, entre saldos iniciais e finais na conta de Lucros e Prejuízos, descritas no Patrimônio Líquido. Este documento é de publicação obrigatória em sociedades limitas e alguns outros tipos de em- presas, mas em algumas oportunidades poderá ser substituído pela Demonstração das Mutações (DMPL), contanto que seja de fato inclusa na demonstração, pois sua abrangência é muito maior por apresentar as outras contas do PL. Esta demonstração será precisa apresentar: saldo inicial do exercício; possíveis ajustes de perío- dos anteriores; correção monetária; reversões das reservas e o lucro líquido do período; parcelas dos lucros que foram inclusas no capital; dividendos; saldo final do exercício; e o volume do dividendo por ações do capital social investido. Demonstração do Resultado do Exercício O Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE) apresenta, de forma vertical e resumida, a composição do resultado do exercício, confrontando as receitas, custos e despesas, seguindo o regime de competência. Este demonstrativo apresenta o resumo econômico dos resultados da operação empresarial, e como resultado do confronto citado anteriormente nasce a concepção de lucro ou prejuízo, a depender do maior volume das despesas ou custos ou das receitas. Sua apuração ocorre de forma verticalizada, com resumos ordenados por período, com o intuito de facilitar o entendimento e consequente tomada de decisão. As contas são organizadas de forma agrupada. Veja a seguir. • Lucro ou prejuízo e sua monta por ação do capital. • Participações de empregados, investidores, mesmo em forma de previdência ou fundos de assistência, não lançados como despesas. 12 Laureate- International Universities Gestão Financeira • Receita bruta das vendas, deduções sobre as vendas, descontos e impostos. • Receita líquida das vendas, CMV (custo das mercadorias vendidas) e lucro bruto. Despesas de vendas, financeiras, gerais, administrativas, operacionais e deduzidas das receitas. • Lucro ou prejuízo da operação, receitas e despesas outras. • Resultado antes do TI (Imposto de Renda) e provisão para imposto. Receita ( – ) Despesa Lucro ou prejuízo Sempre em sentido verticalizado Figura 3 – A composição do DRE confronta receita, custo e despesa. Fonte: Elaborada pelo autor, 2016. Normalmente, o DRE é elaborado e emitido para fins de divulgação de periodicidade anual, po- rém, muitos gestores a utilizam mensalmente para fins de controle e administração de recursos. Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) é um documento contábil que apresenta as alterações na condição financeira da empresa e é indispensável para avaliação e posterior análise de planejamento e tomada de decisão. Nele constam as variações existentes em um determinado período de tempo, apresentando a dinâmica do patrimônio naquele momento. Para sua elaboração, é necessário possuir: • origens dos recursos: o lucro do período, acrescentado da depreciação, amortização afinado pela modificação dos resultados; • capital social e reservas de capital; • capital de terceiros; • aplicação de recursos reunidos em: Dividendos, Direitos do ativo imobilizado, redução do passivo exigível e aumento do ativo realizável; • o excedente ou falta das origens dos recursos relacionados às aplicações; • os saldos iniciais e finais do ativo e passivo circulante, assim como o montante do capital circulante e sua condição de elevação ou redução no exercício. Demonstração de fluxo de caixa Na sequência, existe o Demonstrativo de Fluxo de Caixa (DFC). Este relatório demonstra as ori- gens das receitas das operações existentes e de possíveis financiamentos referente ao uso do va- lor monetário por determinado período de tempo. Ele apresenta as movimentações de entradas e saídas registradas no caixa, sejam elas operacionais ou não, pois não existe exigibilidade fiscal para isso quando a empresa pertence ao grupo de micro a médio porte. Este relatório mantém o controle de capital de giro da empresa, planeja recebíveis e mantém os compromissos atualiza- dos, evitando exposição no mercado e problemas com fornecedores. 13 Com base no relatório citado, é possível termos uma visão completa da estrutura financeira ope- racional da empresa, tornando mais segura as decisões estratégicas, garantindo a sobrevivência do negócio a médio e longo prazo. No entanto, a análise individual destes demonstrativos pode comprometer a visão do empreen- dedor, causando grandes equívocos, prejudicando a continuidade do negócio. O livro “Fluxo de Caixa - Demonstrações Contábeis”, de Alexandre Costa Quintana, tem por objetivo dissertar sobre as Demonstrações Contábeis, com ênfase na Demons- tração dos Fluxos de Caixa, cuja obrigatoriedade de apresentação passou a ocorrer a partir da Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. A edição descreve as principais alterações das demonstrações contábeis e os principais quocientes de análise. VOCÊ QUER LER? Notas explicativas As notas explicativas têm por finalidade reforçar a informação que, por seu volume, não pôde ser citada dentro dos demonstrativos ou perderia a clareza se misturada ao restante dos dados. A legislação explica que, ao tratar das notas explicativas, a empresa deverá apontar os principais métodos de avaliação dos princípios elementares do patrimônio, tais como: estoques, deprecia- ção, amortização, provisões e riscos. Porém, outros itens podem ser explicados pelas notas. Por exemplo: participações em outras empresas se forem importantes; aumento do ativo; garantiaa terceiros e /ou obrigações; taxas de juros; vencimentos; compras de ações; ajuste de períodos anteriores; situações que possam interferir na situação econômica e nos resultados da empresa de alguma maneira. 4.2 Ponto de equilíbrio como indicador de segurança do negócio. No mercado atual, a competitividade estabelecida é fator chave para o sucesso ou fracasso de qualquer empresa. Por isso, é preciso identificar e elevar as formas e ferramentas gerenciais para que elas se mantenham mais eficientes e eficazes, fazendo com que a empresa alcance índices de sustentabilidade crescentes, consequentemente, atendendo as exigências do mercado. Em meio a esse ambiente nasce a capacidade de adotar corretos pontos de equilíbrio para análise da empresa, pois as diversas variáveis, como custos, preço e margens, possibilitam aos empresários assumir determinados critérios que ajudarão na tomada de decisões. Com isso, po- demos afirmar que o ponto de equilíbrio é uma das ferramentas mais atuais e eficazes da gestão empresarial. Mas, afinal, o que é o ponto de equilíbrio? Santos (2000, p. 176) descreve que o Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) é aquele em que as receitas totais são iguais aos custos totais acrescidos de um lucro mínimo de retorno do capital investido. O ponto de equilíbrio ou ponto crítico, como também é conhecido, é um dos indicadores mais fáceis de calcular, e é esse índice que informa aos empreendedores quanto é necessário faturar minimamente para cobrir seus compromissos fixos e variáveis. Mas, ainda não sobrará nada para repor investimentos ou para divisão entre os sócios. 14 Laureate- International Universities Gestão Financeira Figura 4 – A constante busca para superar o ponto de equilíbrio. Fonte: wavebreakmedia, Shutterstock, 2016. Porém, a partir da venda de novos produtos, a margem passará a ser positiva e, consequente- mente, passará a gerar lucro para a empresa. Essa informação é essencial para a análise de viabilidade da empresa e dela em relação ao mercado em que atua. 4.2.1 Mas como calcular o ponto de equilíbrio? Por meio da aplicação da seguinte fórmula de maneira simples: PE = Custos e Despesas Índice de Margem de Contribuição Por isso, antes de calcular o PE, é necessário buscarmos o índice da margem de contribuição e o valor total dos custos e despesas do mês. Vejamos isso em um exemplo? Então, acompanhe a seguir. Uma empresa projeta vendas de 1000 unidades de seu produto principal, a um preço unitário de R$ 50,00. Para produção de cada unidade, o custo é de R$ 20,00, acrescentando-se ainda R$ 15,00 de despesas gerais. Além, é claro, do custo por unidade de R$ 6.000 ao mês. Unitário Total (+) Receita 50,00 50.000,00 ( – ) Custos do produto (CPV) 20,00 20.000,00 ( – ) Despesas variáveis 15,00 150.000,00 (=) Margem de contribuição 15,00 15.000,00 (=) Margem de contribuição % 30% 30% ← ( – ) Custo e despesa fixa 6.000,00 ← (=) Lucro bruto 9.000,00 (=) Ponto de equilíbrio (R$) 20.000,000 ← (=) Ponto de equilíbrio (unids) 400,00 Tabela 1 – Cálculo do PE para o exemplo. Fonte: Elaborada pelo autor, 2016. 15 Após calcular as informações fornecidas pela tabela anterior, inserimos os dados na seguinte fórmula: PE = Custos e Despesas / índice de Margem de contribuição Custos e despesas = 6.000,00 Margem de contribuição = 30% ou 0,3 PE = 6.000 / 0,3 PE = R$ 20.000,00 Com isso, podemos verificar que a quantidade mínima a faturar é de 400 unidades com valor de R$ 20.000,00 para alcançar o PE, pagando todos os seus custos e despesas, e contribuindo para acumulação dos lucros. George Sebastião Guerra Leone é Doutor em Administração pela UFRJ, Mestre em Contabilidade pela Universidade Sul da Califórnia, escritor de inúmeros livros e artigos referentes à Contabilidade e, especialmente, ao ponto de equilíbrio contábil, como “Custos: planejamento, implantação e controle”, que faz larga abrangência sobre o tema. Atualmente, trabalha com professor da área em diversas faculdades no país. VOCÊ O CONHECE? Para Crepaldi (2009, p. 232), o ponto de equilíbrio “[...] é representado pelo volume de vendas necessárias para que a empresa possa cumprir com seus compromissos financeiros”. Seu cálculo é obtido pelo total de custos e despesas fixas menos os custos e despesas que não foram desem- bolsadas financeiramente, como a depreciação, amortização e exaustão de bens, dividido pela margem de contribuição. PE (R$) PE (Qtdade) Qtdade Custo Fixo Custo Variável Custo total Lucro Receita Figura 5 – Representação gráfica do Ponto de Equilíbrio. Fonte: Elaborada pelo autor, 2016. 16 Laureate- International Universities Gestão Financeira O ponto de equilíbrio possui a capacidade de mostrar a quantidade de unidades necessárias para que a empresa passe a dar lucro. De acordo com essa afirmação, podemos concluir que, quanto mais vender, mais rápido alcançará o PE. Mas vale frisarmos que, a partir de determina- dos volumes de faturamento, são acionados pontos máximos determinando o que deve ser realizado com a estrutura de custos fixos. Ou seja, avaliar a capacidade produtiva máxi- ma, porque, às vezes, é preciso investir ou elevar a estrutura para que a empresa consiga pro- duzir mais. Dessa forma, também podemos concluir que o empresário deverá conhecer o ponto máximo de otimização de sua estrutura atual e, o momento em que a ampliação for necessária, o ponto de equilíbrio deverá ser elevado. Poucas empresas conhecem suas quantidades mínimas de produtos a serem vendidos ou produ- zidos para que possam obter resultados positivos, isso porque muitos empresários não conhecem a ferramenta ou não veem o ponto de equilíbrio como uma técnica de fácil utilização. Nossa indicação de leitura é o livro “Gestão de Estratégica de Custos”, de José Her- nandez Perez Jr., Luís Martins de Oliveira e Rogério Guedes Costa. Nele, os autores explicam como calcular e entender o Ponto de Equilíbrio Contábil e Econômico de forma, proporcionando ao empreendedor o entendimento e a capacidade de conhecer profundamente sua empresa com vistas a um futuro mais equilibrado. VOCÊ QUER LER? Conforme disse Martins (2003), o Ponto de Equilíbrio também pode ser obtido em moeda (Recei- ta Necessária) ou em quantidade produzida. Podemos calcular o Ponto de Equilíbrio de somente um produto ou agregando vários produtos. Por fim, podemos concluir que a análise do Ponto de Equilíbrio permite, de forma simples e efi- caz, identificar onde estão os descontroles, variações nas diversas composições de sua formação, assim como possibilita avaliações para planejar os ajustes necessários e corrigi-los a tempo de recuperar possíveis prejuízos no intuito de buscar a reorganização e o realinhamento futuro. 4.3 Alavancagem financeira – As organizações devem utilizar-se da técnica na busca pela lucratividade? Antes de explicar o que o termo alavancagem financeira propõe, vamos compreender o sentido da palavra alavancar. Alavancar é aplicar uma energia ou força que seja capaz de aumentar, multiplicar, impulsionar. Um bom exemplo é a imagem a seguir, de uma gangorra estabelecendo o peso do homem versus a ilustração do cifrão. 17 Figura 6 – Alavancagem financeira: energia ou força capaz de impulsionar os negócios. Fonte: musicman, Shutterstock, 2016. A alavancagem financeira caracteriza o processo da tomada de recursos de terceiros para au- mento de ganhos, também chamada de salto de lucratividade empresarial. Uma maior alavan- cagem pode significar um aumento de retorno para empresas, porém, ela também eleva o risco e a exposição a uma eventual insolvência. Então, podemos entender que alavancagem financeira se refere ao efeito financeiro da elevação do nível de endividamento. Nesse movimento, sempre perceba que os custos de financiamento sãomenores que o rendimento de dada operação de investimento. De forma geral, afirmamos que o efeito da alavancagem financeira é positivo quando a Rentabilidade dos investimentos (ROE) é maior. A prática da alavancagem gera benefícios naturais para os possuidores do capital da empresa, sem a necessidade de elevar o capital investido, gerando, assim, maior retorno financeiro. Então, podemos afirmar que a alavancagem financeira pode ser descrita como o fator multiplicador do capital da empresa. A alavancagem financeira não depende tão somente desse fato, como também das condições do financiamento propostas pelo mercado, os quais são chamados de custos do financiamento. Claro que no momento de decidir por um financiamento, é preciso estar atento à influência que esse acréscimo provocará na condição financeira da empresa e seu risco a curto e longo prazo. Com isso, podemos calcular com base na Fórmula da Alavancagem Financeira (AF). Veja a fór- mula a seguir: AF = A CP × (ROE – CCA) Onde: AF = Efeito de Alavancagem Financeira A = Ativo CP = Capitais Próprios 18 Laureate- International Universities Gestão Financeira ROE = Rentabilidade do Investimento CCA = Custo Médio dos Capitais de terceiros Um bom exemplo seria o de um investidor após uma análise apurada de ações negociadas na bolsa, conseguiu prever uma enorme chance de seu preço se elevar em 30%. No entanto, existe uma questão, ele somente possui parte do recurso para investir, então opta por buscar um em- préstimo no banco a juros de 5% ao mês. Se a previsão dele se realizar e as ações subirem 30% em pouco tempo, ele poderá pagar o empréstimo e lucrará muito mais do que se tivesse sido prudente e investisse somente o que tinha em posse. Parece perfeito, não é mesmo? Porém, será que só existe parte boa nessa operação? Mas e se as ações despencassem? Além de perder o investimento, ainda precisaria pagar juros ao banco. Você já ouviu falar de alavancagem operacional e grau de alavancagem financeira? A alavancagem operacional parte do pressuposto de elevação das vendas, contrapondo- -se aos custos fixos. É estabelecida em razão da relação entre as Receitas da operação e o Lucros antes do Imposto de Renda (IR), também conhecida como LAJIR. Já o grau de alavancagem financeira é a elevação de rentabilidade dos investidores, em razão do uso de capital de terceiros, onde cada empresa mostra a estrutura de operações próprias e individuais, a utilização do capital de terceiros em sociedades distintas, com isso, produzindo resultados também distintos a respeito de alavancagem. Podemos concluir que, o grau de alavancagem financeira de uma empresa ou negócio é a razão entre o capital investido pela empresa e seu endividamento de longo prazo, apresen- tando dessa fora a equação: Endividamento a longo prazo / Capital investido Por isso, perceba que, quanto mais alto for o resultado desse quociente, maior será o grau da alavancagem e, quanto mais alta for a extensão do capital de terceiros em razão do capital próprio, maior também será o grau de alavancagem financeira. VOCÊ SABIA? Portanto, conhecer o risco é o primeiro passo antes de iniciar um investimento. Às vezes, os em- presários utilizam estratégias de alavancagem de patrimônio, pensando em multiplicação dos lucros e elevação das cotas e, consequentemente, elevação do volume de dinheiro, considerando que, se a operação for lucrativa, será perfeito. Caso contrário, os prejuízos precisarão ser assu- midos. Em alguns casos pode ser ainda mais perigoso e corre-se o risco de perder mais do que o calculado e, assim, o investidor precisará cobrir a perda. Rara a possibilidade? Sim, mas não impossível. Por isso reforçamos a ideia de que estar atento ao capital e saber se o investimento está de acordo com o seu perfil, conhecendo a carteira de fundos, ou seja, de onde está comprando o dinheiro, é mais do que necessário, é imprescindível. 4.4 Como as demonstrações financeiras podem apoiar a tomada de decisões? Já entendemos que as demonstrações financeiras são conjuntos de dados e/ou informações ela- boradas e emitidas pelas empresas com finalidade de prestar contas e informar os investidores, 19 acionistas, órgãos governamentais e usuários a situação econômica da empresa. Além disso, vimos como calcular os possíveis resultados no futuro e seus fluxos financeiros. Segundo o IBRACON, as Demonstrações Contábeis (ou Financeiras): [...] são uma representação monetária estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis também mostram os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos que lhe são confiados. É essencial compreender que as capacidades de informações propostas pelas demonstrações financeiras desempenham papel relevante para os gestores financeiros e possuem finalidade geral de propor soluções adequadas à falta de capital financeiro. Além disso, é preciso cuidar para que as projeções futuras sejam essencialmente positivas. Assim, podemos afirmar que os demonstrativos são ferramentas essenciais para análise e projeção de recursos, ideias para enumeração dos tipos de sistemas de informações financeiras e gerenciais das empresas. Elas contribuem para clareza e facilitação do entendimento contábil, antes tão rebuscado e limitado aos entendidos da área, gerando informações específicas a respeito da movimentação financeira e adequação das necessidades de seus usuários. A história das análises de demonstrações contábeis é tão antiga quanto a história da contabilidade. No início, era parte da contabilidade e realizada de forma básica. Ao final do século XIX, com o surgimento dos bancos e com a necessidade de dados e informações mais seguras, as técnicas de análise de balanço foram aprimoradas. Com o passar do tempo, começaram a ser exigidas novas demonstrações para verificação e liberação de crédito com a DRE (ainda nesse tempo conhecida como Balanço Econô- mico) e a DFC (até então conhecida como Balanço Financeiro). VOCÊ SABIA? Os demonstrativos possuem a capacidade primordial de auxiliar na tomada de decisões empre- sariais, é com base nele que gestores e empresários fazem suas decisões. Sendo assim, podemos afirmar que a responsabilidade sobre a geração de tais informações que compõem esse demons- trativo é ainda mais importante. A tomada de decisão fundamenta o trabalho de um administrador. De fato, quem administra toma muitas decisões sobre os mais diversos assuntos, diariamente, e a qualidade dessas deci- sões tem impacto muito significativo no desempenho da organização. Tendo em vista esse ce- nário, a tomada de decisão não é um processo trivial e fácil já que cada alternativa de decisão está diretamente associada à incerteza de suas consequências e impactos (SOBRAL; PECI, 2008). O processo de tomar decisões relaciona-se de forma estreita com o planejamento estratégico, certo de que todo planejamento contorna a tomada de decisões. Em realidade, somente pode- mos planejar quando a finalidade for o aprimoramento do processo de decisão. Podemos afirmar que a tomada de decisão é uma escolha que fazemos quando nos deparamos com alternativas múltiplas ou opções diversas. A tomada de decisão acontece quando reagimos a uma questão ou problema. 20 Laureate- International Universities Gestão Financeira Tomar decisões ou decidir simplesmente é a forma de orientar uma das opções entre as várias possibilidades. Assim, quando gestores decidem, eles optam dentre uma série de opções viáveis e escolhem poraquela que parece ser a melhor em particular. Sendo assim, a tomada de decisões é composta por métodos diferentes que estão inter-relacio- nados com a capacidade de fundamental de analisar e escolher. A consolidação das demonstrações contábeis é exigida para empresas de capital aber- to e grupos societários. Ela é apresentada em conjunto: demonstrações contábeis da investidora com suas controladas. A finalidade é consolidar o processo de reunir saldos das contas de mesma natureza, excluir saldos das transações e de participações em ou- tras empresas que formam o núcleo. A empresa-mãe, também chamada controladora, deverá consolidar suas demonstrações e de suas controladas a partir do dia que assu- mir seu controle, seja individual ou conjuntamente. Os registros de ajustes ou exclusões deverão ser realizados em documentos de apoio ou auxiliares, não gerando qualquer tipo de escrituração das empresas em formam o grupo econômico contábil. VOCÊ SABIA? O objetivo básico de toda organização é o seu crescimento: agregar valor econômico, conside- rando que o retorno dos ativos deverá superar os custos do capital investido, mantendo a empre- sa mais competitiva e alinhada ao mercado. Essa preocupação deverá também ser estabelecida no momento em que as empresas elaboram as demonstrações, quanto às regras e normas que as regulamentam, além da legislação vigente que exige que publiquem suas demonstrações de for- ma correta, assim como quando estas forem exigidas com parceiros, investidores e órgãos legais. Em resumo, fica claro reconhecer que as informações de análise das demonstrações financeiras são e serão usadas pelos gestores na melhoria de desempenho da operação, e pelos parceiros, credores e avaliadores para identificar a possibilidade da empresa em cumprir com seus compro- missos. A finalidade máxima do gestor é maximizar o valor da organização, aproveitando, assim, os pontos mais fortes, com o cuidado para corrigir seus pontos fracos. Para isso, a análise de demonstrações irá claramente fornecer dados e informações, proporcio- nando capacidade de comparar o desempenho da empresa com outros do mesmo ramo, avaliar as tendências ao longo do tempo de sua existência e calcular sua capacidade econômica. O gestor poderá identificar deficiências e escolher a melhor forma de desempenho da empre- sa, comparando os valores dos demonstrativos financeiros, analisando, de forma estática e ao mesmo tempo dinâmica, o panorama estabelecido para ela mesma, seja economicamente ou financeiramente. CASO É possível afirmar que uma empresa consiga administrar seus recursos sem o conhecimento e utilização das demonstrações financeiras mais essenciais e também as obrigatórias por lei? A resposta é não. E iremos lhe mostrar por meio de um exemplo prático e, assim, notar seus pro- pósitos. Uma indústria de autopeças precisa saber o quanto é preciso vender para que as receitas sejam igualadas aos custos, encontrando, assim, o ponto de equilíbrio, pois identificou uma possível oportunidade de alavancar os recursos financeiramente por meio do endividamento, uma vez que perceberam que essa prática gera benefícios naturais para os possuidores do capital da empresa. Após analisar algumas informações bancárias do possível endividamento, permanecem sem a certeza da realização da operação e, com isso, possivelmente perderão a oportunidade 21 do negócio, isso porque não possuem a prática de analisar suas demonstrações financeiras e, consequentemente, não sabem qual seu real passivo e os compromissos a pagar de longo prazo. Então, não conseguem mensurar quais as taxas de juros são mais adequadas a seu fluxo de caixa. Agora reflita: A alavancagem financeira pode então ser descrita como o fator multiplicador do capital da em- presa, considerando a existência do benefício financeiro do endividamento. Sendo assim, quan- do a alavancagem financeira aumenta, também se elevam os ganhos para os investidores. Ela não depende tão somente desse fato, como também das condições do financiamento propostas pelo mercado, os quais são chamados de custos do financiamento. Claro que no momento de decidir por um financiamento, é preciso estar atento à influência que esse acréscimo provocará na condição financeira da empresa, seu risco a curto e longo prazo e nos dados históricos da empresa que somente poderão ser avaliados com base nas demonstrações, nesse caso, a De- monstração de Resultados do Exercício (DRE) e o Balanço Patrimonial, que fornecem informações relevantes a respeito dos compromissos a pagar e receitas de longo. Dessa forma, a empresa terá a posição de seus saldos, possuindo, assim, informações assertivas para a tomada de decisões, portanto, a decisão de investir no endividamento para alavancagem de capital. 22 Laureate- International Universities Agora você já conhece os mecanismos que giram em torno das demonstrações financeiras para gestão, já compreende sua relevância como instrumento de apoio à tomada de decisões, bem como identifica quais as demonstrações mais usuais e as mais essenciais para a gestão, perce- bendo as necessidades de utilização e seus propósitos. Neste capítulo, você também teve a oportunidade de: • conhecer como surgiu a contabilidade, seus princípios e principais características; aprender como ocorrem as escriturações contábeis; • identificar quanto é necessário vender para que as receitas sejam igualadas aos custos, dessa forma, encontrando o ponto de equilíbrio; • aprender a calcular o ponto de equilibro com ênfase na segurança do negócio; • utilizar a técnica de alavancagem financeira como busca pela lucro; • identificar oportunidades de utilização da técnica de alavancagem por meio do endividamento; • compreender como as demonstrações financeiras podem assegurar a continuidade e o crescimento da organização. SínteseSíntese 23 Referências BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, Diário Oficial da União, 17 de dezembro de 1976. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 05 jun. 2016. CREPALDI, Silvio A. Curso Básico de Contabilidade de Custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009 FBC – Fundação Brasileira de Contabilidade. História da Contabilidade. Disponível em: <ht- tps://www.youtube.com/watch?v=qw5wbbPwXTg>. Acesso em: 12 jun. 2016. GRAHAM, Benjamin; MEREDITH, Spencer B. A Interpretação das Demonstrações Financeiras. São Paulo: Saraiva, 2012. IBRACON – Instituto de Auditores Independentes do Brasil. NPC 27 - Demonstrações Contábeis - Apresentação e Divulgações. Disponível em: <http://www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues/ detPublicacao.php?cod=137> Acesso em: 05 jun. 2016. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Contabilidade Comercial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. PEREZ JR, José Hernandez; OLIVEIRA, Luís Martins de; COSTA, Rogério Guedes. Gestão Estra- tégica de Custos. São Paulo: Atlas, 2012. QUINTANA, Alexandre Costa. Fluxo de Caixa – Demonstrações contábeis de acordo com a Lei 11.638/07. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2012. REZENDE, Denis Alcides. Sistemas de Informações Organizacionais: guia prático para proje- tos em cursos de administração, contabilidade e informática. São Paulo: Atlas, 2005. SANTOS, Joel J. Análise de custos. São Paulo: Atlas, 2000. SOBRAL, Filipe; PECI, Alketa. Administração: Teoria e Prática no Contexto Brasileiro. São Paulo: Pearson, 2008. Bibliográficas
Compartilhar