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Resumo prova I direito das coisas I

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Prévia do material em texto

Vanessa Zardo Erbe 
1 
 
DIREITO DAS COISAS I 
Avaliação I 
1. CONCEITO: direito das coisas é o complexo das normas jurídicas referentes as 
coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Coisa é gênero de objetos que não são humanos. 
Regras de coisas que não são humanas, mas podem com ele ter relações. Regras das pessoas 
sobre as coisas. Coisa é gênero do qual bens são espécies. As coisas que existem em abundância 
no universo, como o ar atmosférico e a água dos oceanos, por exemplo, deixam de ser bens em 
sentido jurídico. O vocábulo coisa designa, mais particularmente, os bens que são, ou podem 
ser, objeto de direitos reais. O direito das coisas resume-se em regular o poder dos homens, no 
aspecto jurídico, sobre a natureza física, nas suas mais variadas manifestações, mais 
precisamente sobre os bens e os modos de sua utilização econômica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gozo e fruição: uso; fruto; habitação; uso para fins de moradia; direito real de uso; 
direito de laje. 
Garantia: penhor; hipoteca; anticrese; propriedade fiduciária. 
Garantia da propriedade: promitente comprador (gera somente expectativa de 
direito, o qual se efetiva com o registro do contrato de compra e venda). 
2. IMPORTÂNCIA: 
a. Função social da propriedade: prevista no art. 5º, incisos XXII1 e 
XXIII2 e art. 170, inciso III3, da Constituição Federal. 
i. Rural: produção de alimentos, de trabalho, respeito aos 
direitos trabalhistas e previdenciários, cumprimento dos 
tributos em geral; 
ii. Urbana: local de moradia, de trabalho, de respeito aos direitos 
trabalhistas e previdenciários e cumprimento das obrigações 
tributárias. 
b. Função socioambiental: 
i. Rural: função social + preservação e conservação dos recursos 
naturais. Ex.: APP e RL. 
ii. Urbana: função social + preservação e conservação dos 
recursos naturais. Ex.: impossibilidade de uso de toda a 
superfície do terreno. 
 
1 XXII - é garantido o direito de propriedade; 
2 XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
3 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, 
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os 
seguintes princípios: III - função social da propriedade; 
Conteúdo 
Posse 
Direitos reais 
Próprias 
Alheias 
Propriedade 
Gozo e fruição 
Garantia 
Garantia de 
Propriedade 
Vanessa Zardo Erbe 
2 
 
3. DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E PESSOAIS: A grande diferença 
entre direitos reais e pessoas é sua natureza. Direitos reais recaem sobre pessoas e direitos reais 
sobre coisas (diz que se tem titularidade sobre a coisa). Os direitos reais consistem no poder 
jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. No polo 
passivo incluem-se os membros da coletividade, pois todos devem abster-se de qualquer atitude 
que possa turbar o direito do titular. No momento que alguém viola esse direito, o sujeito 
passivo que era indeterminado, torna-se determinado. O direito pessoal, por sua vez, consiste 
em uma relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode exigir do passivo determinada prestação. 
Constitui uma relação de pessoa a pessoa e tem, como elementos, sujeito ativo, sujeito passivo 
e a prestação. O direito real tem, por outro lado, como elementos essenciais: o sujeito ativo, a 
coisa e a relação ou poder do sujeito sobre a coisa, chamado domínio. Os direitos pessoais, e 
em geral os direitos relativos, só podem ser violados pela pessoa particularmente obrigada e 
não por terceiros. O direito brasileiro adota a teoria dualista (clássica ou tradicional), a qual dita 
que o direito real é formulado considerando-se uma relação direta e imediata entre seu titular e 
a coisa; e o direito pessoal como uma relação entre uma pessoa, titular do direito, e o devedor, 
obrigado a cumprir uma prestação em benefício do primeiro. 
a. Caracteres distintivos: o direito real é um direito absoluto, de 
conteúdo patrimonial, cujas normas, substancialmente de ordem pública, estabelecem entre 
uma pessoa e uma coisa determinada uma relação imediata, que prévia publicidade obriga a 
sociedade a abster-se de praticar qualquer ato contrário ao mesmo, nascendo, para hipótese de 
violência, uma ação real que outorga a seus titulares as vantagens inerentes ao jus persequendi 
e ao jus praeferendi. As normas que regulam direitos reais são de ordem pública, natureza 
cogente, as que disciplinam o direito obrigacional, são, em regra, dispositivas ou facultativas, 
permitindo às partes o livre exercício da autonomia da vontade. O direito real caracteriza-se 
pela efetivação direta, sem a intervenção de quem quer que seja e o direito pessoal pressupõe 
necessariamente a intervenção de outro sujeito do direito. O objeto do direito real há de ser, 
necessariamente, uma coisa de natureza determinada, enquanto a prestação do devedor, objeto 
da obrigação que contraiu, pode ser genérico, bastando que seja determinável. A violação de 
um direito real sempre consiste num fato positivo. O direito real concede ao titular um direito 
permanente porque tende à perpetuidade, enquanto o direito pessoal é transitório. Somente os 
direitos reais podem ser adquiridos por usucapião. O direito real só encontra um sujeito passível 
no momento em que é violado. 
3.1. Princípios fundamentais dos direitos reais: 
a) princípio da aderência: estabelece um vínculo, uma relação de senhoria entre 
o sujeito e a coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir. O 
direito real gera uma relação direta e imediata. O vínculo jurídico se apega, de tal sorte, que o 
titular do direito pode perseguir a coisa, onde quer que ela se encontre, seja quem for o devedor. 
A aderência do direito real à coisa não é senão a constatação do fato de que o direito real 
permanece incidindo sobre o bem, ainda que circule de mão em mão e se transmita a terceiros, 
pois o aludido direito persegue a coisa4. 
b) princípio do absolutismo: os direitos reais se exercem erga omnes, ou seja, 
contra todos, que devem se abster de molestar o titular. Surge dai o direito de sequela ou jus 
persequendi, isto é, de perseguir a coisa e de reivindicá-la em poder 5de quem quer que esteja. 
Direito de sequela: é o que tem o titular de direito real de seguir a coisa em poder de todo e 
qualquer detentor ou possuidor. 
 
4 Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-
la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
5 Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só 
se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), 
salvo os casos expressos neste Código. 
Vanessa Zardo Erbe 
3 
 
c) princípio da publicidade: os direitos reais sobre imóveis só se adquirem com 
o registro, no Cartório de Registro de Imóveis do respectivo título; os sobre móveis, só depois 
da tradição. Sendo oponíveis erga omnes, faz-se necessário que todos possam conhecer os seus 
titulares, para não molestá-los. O registro e a tradição atuam como meios de publicidade dos 
direitos reais. No que diz respeito especificamente às coisas móveis, manifesta-se 
precipuamente esta publicidade por meio da posse. 
d) princípio da taxatividade: os direitos reais são criados pelo direito positivo. A 
lei os enumera de forma taxativa, não ensejando, assim, a aplicação analógica da lei. Previstos 
no art. 1.225 do CC. Não significa que os direitos reais sejam apenas os apontados no 
mencionado artigo, existindooutros disciplinados no mesmo diploma e os instituídos em leis 
especiais diversas. 
e) princípio da tipicidade: os direitos reais existem de acordo com os tipos legais. 
f) princípio da perpetuidade: a propriedade é um direito perpétuo, pois não se 
perde pelo não uso, mas somente pelos meios e formas legais. A característica da perpetuidade 
dos direitos reais não é absoluta, embora tenham mais estabilidade do que os direitos 
obrigacionais, pois também se extinguem em determinadas circunstâncias, como mencionado. 
g) princípio da exclusividade: não pode haver dois direitos reais, de igual 
conteúdo, sobre a mesma coisa. 
h) princípio do desmembramento: são também transitórios, pois desmembram-
se do direito-matriz, que é propriedade. Quando se extinguem, como no caso de morte do 
usufrutuário, por exemplo, o poder que existia em mão de seus titulares retorna ao proprietário, 
em virtude do princípio da consolidação. A tendência natural é a ulterior reunificação desses 
direito no direito de propriedade matriz. 
3.2. Figuras híbridas ou intermédias: 
a) obrigações propter rem: é a que recai sobre uma pessoa, por força de 
determinado direito real. Só existe em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do 
domínio ou detentor de uma coisa. São obrigações que surgem ex vi legis, atreladas a direitos 
reais. Essas obrigações são concebidas como ius ad rem (direitos por causa da coisa). Configura 
um direito misto, pois não são puramente reais, nem essencialmente pessoais. 
b) ônus reais: são obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade, 
constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omnes, como, por exemplo, a renda 
constituída sobre imóvel. Aderem e acompanham a coisa. Para que haja um ônus real, é 
essencial que o titular da coisa seja realmente um devedor e não apenas proprietário ou 
possuidor de bem cujo valor assegura o cumprimento de dívida alheia. Nos ônus reais, porém, 
o titular da coisa responde mesmo pelo cumprimento de obrigações constituídas antes da 
aquisição de seu direito. 
c) obrigações com eficácia real: são as que, sem perder seu caráter de direito a 
uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado 
bem. 
4. POSSE: 
4.1. Conceito: é o exercício de fato, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes 
a propriedade. Posse é a conduta de dono. Sempre que haja o exercício dos poderes de fato, 
inerentes a propriedade, existe a posse, a não ser que alguma norma diga que esse exercício 
configura a detenção e não a posse. Possuidor é “todo aquele que tem de fato o exercício, pleno 
ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade” (art. 1.196). O legislador é quem deve 
dizer quando esse exercício configura detenção e não posse. Não induzem posse os atos de mera 
permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou 
clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade (art. 1.208). 
 
 
Vanessa Zardo Erbe 
4 
 
 
 Utendi Fruendi Reavendi Disponendi 
POSSE 
 
PROPRIEDADE 
 
 4.2. Manifestação da posse: 
a) Jus possidendi: manifestação da posse em razão de uma causa pré-
determinada/pré-existente. A posse não tem qualquer autonomia, constituindo-se em conteúdo 
do direito real. No jus possidendi se perquire o direito, ou qual o fato em que se estriba o direito 
que se argúi. Ex.: posse do apagador em razão do contrato com a UPF. 
b) Jus possessionis: exercício da posse sem causa certa e determinada. Derivada 
de uma posse autônoma, independente de qualquer título. Posse mansa e pacífica. Não se atende 
senão à posse; somente essa situação que se considera, para que logre os efeitos jurídicos que a 
lei lhe confere. 
4.3. Teorias sobre a posse: 
a) Teoria Subjetiva (Savigny): pressupõe dois elementos, os quais são: corpus 
(coisa) e animus (vontade – vontade de ter a coisa para si). A posse caracteriza-se pela 
conjugação de dois elementos: o corpus, elemento objetivo que consiste na detenção física da 
coisa, e o animus, elemento subjetivo, que se encontra na intenção de exercer sobre a coisa um 
poder no interesse próprio e de defende-la contra a intervenção de outrem. Não é propriamente 
a convicção de ser dono, mas a vontade de tê-la como sua, de exercer o direito de propriedade 
como se fosse o seu titular. Para essa teoria, os dois elementos são indispensáveis, pois, se faltar 
o corpus, inexiste posse, e, se faltar o animus, não existe posse, mas mera detenção. A aludida 
teoria não encontrou sustentáculo. Savigny, então, criou uma terceira categoria, a posse 
derivada, reconhecida na transferência de direitos possessórios, e não do direito de propriedade, 
e aplicável ao credor pignoratício, ao precarista e ao depositário de coisa litigiosa. O conceito 
de animus e corpus sofreram modificações na própria teoria subjetiva. 
b) Teoria objetiva (Ihering): pressupõe um único elemento, qual seja corpus 
(coisa). Não empresta à intenção (animus) a importância que lhe confere a teoria subjetiva, 
considera-o como já incluído no corpus e dá ênfase, na posse, ao seu caráter de exteriorização 
da propriedade. Para que a posse exista, basta o elemento objetivo, pois ela se revela na maneira 
como o proprietário age em face da coisa. Basta o corpus para caracterização da posse. A posse, 
então, é a exteriorização da propriedade, a visibilidade do domínio, o uso econômico da coisa. 
A visibilidade da posse tem uma influência decisiva sobre sua segurança. Protege-se a posse 
não certamente para dar ao possuidor elevada satisfação de ter o poder físico sobre a coisa, mas 
para tornar possível o uso econômico da mesma em relação às suas necessidades. Essa teoria 
foi adotada pelo Código Reale, em seu art. 1.196. 
Não é possuidor o servo na posse, aquele que conserva a posse em nome de 
outrem, ou em cumprimento de ordens ou instruções daquele em cuja dependência se encontre. 
4.4. Detenção: se há relação de hierarquia, não dispõe de forma livre, não exerce 
posse pura, mas sim mera detenção. Ocorre sempre que houver uma relação de hierarquia, 
superioridade ou dependência entre o proprietário (verdadeiro possuidor) e aquele que detêm a 
coisa sob ordem. Chamado de detentor ou fâmulo da posse. Falta de independência da vontade 
do detentor, que age como determina o possuidor. Embora não tenham o direito de invocar, em 
seu nome, a proteção possessória, não se lhes recusa, contudo, o direito de exercer a 
autoproteção do possuidor, quanto às coisas confiadas a seu cuidado, consequência natural do 
seu dever de vigilância. A primeira parte do art. 1.208 proclama que “não induzem posse os 
atos de mera permissão ou tolerância”, acrescendo em sua segunda parte que, também não 
Vanessa Zardo Erbe 
5 
 
autorizam a posse, “os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a 
clandestinidade”. Os aludidos atos impedem o surgimento da posse. Enquanto perdurar a 
violência ou a clandestinidade não haverá posse. Cassada a prática de tais atos ilícitos, surge a 
posse injusta, viciada, assim considerada em relação ao precedente possuidor. A injustiça da 
posse fica circunscrita ao esbulhado e ao esbulhador. Não há posse de bens públicos. 
4.5. Natureza Jurídica: a posse não pode ser considerada direito real, visto que 
não está taxada na lei, mas também não pode ser considerada direito pessoal, conquanto 
regulada na lei como situação de fato. A posse é direito especial, sui generis.6 Dizer que a posse 
apresenta natureza real significa enquadrá-la, equivocadamente, na categoria jurídica de direito 
real, quando na verdade é pertencente a uma categoria especial, típica e autônoma, cuja base é 
o fato do sujeito sobre um determinado bem da vida destinadoà satisfação de suas necessidades, 
não do direito. 
4.6. Composse: significa o exercício da posse coletiva de duas ou mais pessoas 
sobre coisa indivisa. Todos os compossuidores podem cumprir atos possessórios. “Art. 1.199. 
Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos 
possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores”. É o que se sucede com 
os adquirentes de coisa comum. Admite-se composse em todos os casos em que ocorre o 
condomínio, pois ela está para a posse assim como este para o domínio. Cada qual possuirá, 
pois, uma parte abstrata, assim como, no condomínio, casa comproprietário é dono de uma 
parte ideal da coisa. Isso não significa dizer que casa compossuidor esteja impedido de exercer 
o seu direito sobre toda a coisa. Cada qual, per se, pode invocar a proteção possessória para 
defesa do objeto comum. Cada possuidor só pode exercer na coisa comum atos possessórios 
que não excluam a posse dos outros. Podem os compossuidores estabelecer uma divisão de fato 
para utilização pacífica do direito de cada um, surgindo, assim, a composse pro diviso. 
4.7. Classificação da posse: 
a) posse direta: aquela na qual o possuidor tem a coisa sob sua gerência e poder 
imediato. Havendo desdobramentos sucessivos da posse, terá posse direta apenas 
aquele que tiver a coisa consigo: o último integrante da cadeia dos 
desdobramentos sucessivos. 
b) posse indireta: ocorre quando o possuidor não tem a coisa para si 
imediatamente. 
a) posse exclusiva: é a posse de um único possuidor. É aquela em que uma única 
pessoa, física ou jurídica, tem sobre a coisa. A posse exclusiva pode ser plena ou 
não. Posse plena é aquela em que o possuidor exerce de fato os poderes inerentes 
à propriedade, como se sua fosse a coisa. 
b) posses paralelas: posses múltiplas, em que ocorre concorrência ou 
sobreposição de posses (existência de posses de natureza diversa sobre a mesma 
coisa). 
a) posse justa: aquela não obtida de forma violenta, clandestina ou precária. 
Posse justa é aquela isenta de vícios, aquela que não repugna ao direito, por ter 
sido adquirida por algum dos modos previstos na lei, sem vício jurídico externo. 
b) posse injusta: o possuidor obtém a posse de forma ilícita, de três maneiras: a) 
violência: constrangimento por violência ou grave ameaça. A violência pode ser 
física ou moral. É indiferente que a violência tenha sido praticada sobre a própria 
pessoa do esbulhado, ou sobre aqueles que exerciam a posse em nome deste; b) 
clandestinidade: obtida por ocultamento, as escondidas; c) precariedade: posse 
mediante traição, abuso de confiança. É a posse adquirida viciosamente. O código 
civil ao enumerar os vícios da posse, não os esgotou, tratando-se de rol 
 
6 § 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é 
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. 
Vanessa Zardo Erbe 
6 
 
exemplificativo. Os vícios que maculam a posse são ligados à sua aquisição. 
Mesmo viciada, porém, a posse será justa em relação as demais pessoas estranhas 
ao fato. A posse é injusta em face do precedente possuidor. A precariedade, 
diferente das demais, ocorre em momento posterior a aquisição da posse. 
a) posse de boa-fé: o possuidor não tem conhecimento de eventuais vícios que 
maculam a posse. O possuidor ignora o vício ou obstáculo que impede a aquisição 
da coisa. Deve haver a crença de que se encontra em situação legítima. Conquanto, 
não se pode considerar de boa-fé a posse de quem, por erro inescusável ou 
ignorância grosseira, desconhece o vício que macula sua posse. A jurisprudência 
tem salientado a necessidade de a ignorância derivar de erro escusável. O código 
civil estabelece presunção de boa-fé em favor de quem tem justo título, salvo 
prova em contrário, ou quando a lei expressamente admite essa presunção. Essa 
presunção é juris tantum. A conversão da posse não se verifica no momento em 
que o possuidor tem conhecimento da existência do vício ou do obstáculo, mas, 
sim, quando as circunstâncias firmem a presunção de que não os ignora. 
b) posse de má-fé: o possuidor sabe que sua posse é viciada, ou seja, não deveria 
acontecer. Já está na posse, não é quem obteve. Se o possuidor tem consciência 
do vício que impede a aquisição da coisa e, não obstante, a adquire, torna-se 
possuidor de má-fé. A dúvida relevante sobre a coisa exclui a possibilidade da 
boa-fé, bem como exclui a culpa do possuidor na aquisição da posse. 
a) posse nova: é a de menos de ano e dia. 
b) posse velha: é a de ano e dia ou mais. O decurso do prazo tem o condão de 
consolidar a situação de fato, permitindo que a posse seja considerada purgada 
dos defeitos da violência e da clandestinidade. 
a) ação de força nova: ajuizada até ano e dia do início da perturbação da posse. 
Permite medida liminar judicial de recolocação na posse. 
b) ação de força velha: proposta após ano e dia da perturbação da posse, por isso, 
não permite medida liminar judicial. Assim, o proponente deve aguardar até a 
sentença para ter a posse de volta. 
a) posse natural: é a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a 
coisa. 
b) posse civil ou jurídica: é a que se adquire por força de lei, sem necessidade de 
atos físicos ou da apreensão material da coisa. A que se transmite ou se adquire 
pelo título. 
a) posse ad interdicta: aquela que pode ser defendida pelas ações possessórias 
(interditos possessórios), quando molestada, mas não conduz à usucapião. Para 
ser protegida pelos interditos basta que a posse seja justa, isto é, que não contenha 
vícios da violência, clandestinidade ou precariedade. 
b) posse ad usucapionem: posse que reúne as características necessárias para se 
transformar em propriedade, por meio da ação de usucapião. É a que se prolonga 
por determinado lapso de tempo estabelecido na lei, deferindo ao seu titular a 
aquisição do domínio. 
a) posse pro diviso: é a exercida de forma individualizada (determinada, 
delimitada) dentro da coisa indivisa. 
b) posse pro indiviso: é aquela em que o possuidor da coisa exerce a posse 
comum sobre partes ideais da coisa indivisa (composse). 
4.8. Aquisição da posse: 
a) Aquisição originária: é aquela na qual não há relação entre o antigo possuidor e 
o atual. O atual possuidor fica livre de todas as máculas e vícios que manchavam a posse. 
Pode ser adquirida por meio de: a) apreensão: mero apoderamento sobre a coisa. 
Vanessa Zardo Erbe 
7 
 
Quem pode adquirir a posse? 
São espécies de perda da posse: 
Apropriação da coisa mediante ato unilateral do adquirente, desde que subordinada aos 
requisitos da teoria possessória. A apreensão se dá não pelo contato físico, mas pelo fato de 
o possuidor os deslocar para sua esfera de influência. Quanto aos bens imóveis, a apreensão 
se dá pela sua ocupação; b) exercício de direito: ocorre no caso de direitos reais sobre coisas 
alheias; c) disposição da coisa ou do direito: caracteriza conduta normal do titular da posse 
ou domínio. Possibilita a evidenciação inequívoca da apreensão da coisa ou do direito. 
Adquire-se a posse de maneira originária quando não há consentimento de possuidor 
precedente. Quando o modo é originário, surge uma nova situação de fato, que pode ter 
outros defeitos, mas não os vícios anteriores. 
b) Aquisição derivada: quando a posse decorre de um negócio jurídico. ocorre a 
partir de relação entre o antigo e o atual possuidor. Transfere todos os vícios da posse. Pode 
ser adquirida por meio de: a) tradição: entrega da coisa, desdobrando-se em: I – real: efetiva 
entrega da coisa; II – simbólica: entre de coisaque simboliza o principal; III – ficta: só 
acontece na cognição humana, a qual desmembra-se em: 1. Traditio brevi manu: possuidor 
de coisa alheia passa a possuir em nome próprio; 2. Constituto possessório: possuidor em 
nome próprio passa a possuir em nome alheio. A tradição pressupõe um acordo de vontades, 
um negócio jurídico de alienação, quer a título gratuito ou oneroso; b) sucessão na posse: a 
posse pode ser adquirida, também, em virtude de sucessão inter vivos ou mortis causa. Art. 
1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos 
caracteres. Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; 
e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. 
 
 Proclama o art. 1.205 do CC: A posse pode ser 
adquirida: I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; II - por terceiro 
sem mandato, dependendo de ratificação. A posse, conforme o inciso I, pode ser adquirida 
pela própria pessoa que a pretende, se for capaz, se não tiver capacidade legal, poderá 
adquiri-la se estiver representada ou assistida por seu representante. Representante abrange 
também o procurador. A vontade na aquisição da posse é aquela natural e não a revestida 
dos atributos necessários à constituição de um negócio jurídico. Daí ser possível, tanto ao 
incapaz realiza-la por si só, sem manifestação de vontade negocial, como ao seu 
representante adquirir a posse em seu nome. 
4.9. Perda da posse: impossibilidade de exercício de fato das prerrogativas da posse 
sobre o objeto. Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do 
possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. Art. 1.224. Só se considera 
perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém 
de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. 
 
a) Abandono: renúncia da posse pelo possuidor, manifestando, 
voluntariamente, a intenção de largar o que lhe pertence, como quanto 
atira à rua um objeto seu. A perda definitiva, porém, dependerá da 
posse de outrem, que tenha apreendido a coisa abandonada. A 
configuração do abandono depende, além do não uso da coisa, o 
ânimo de renunciar o direito, realizando-se, concomitantemente, o 
perecimento dos elementos corpus e animus. Somente pode-se haver 
como perdida desde que o possuidor, avisado do ocorrido, se abstenha 
de reaver a coisa, ou desde que, tentando retomá-la, é repelido. 
b) Tradição: entrega/transferência do objeto possuído para outrem. A 
entrega da coisa, com o ânimo de efetuar a tradição, gera a demissão 
da posse e sua consequente perda. 
Vanessa Zardo Erbe 
8 
 
c) Pela perda propriamente dita da coisa: o objeto se encontra em local 
incerto e não sabido. Recaindo a posse em bem determinado, se este 
desaparece, torna-se impossível exercer o poder físico em que se 
concretiza. 
d) Destruição: perda total do objeto. Não possui mais nenhuma 
finalidade. Pode-se resultar de acontecimento natural ou fortuito. 
Perde-se também a posse quando a coisa deixa de ter as qualidades 
essenciais à sua utilização ou o valor econômico e, ainda, quando 
impossível se torna distinguir uma coisa da outra. 
e) Pela colocação da coisa fora do comércio: porque se tornou 
inaproveitável ou inalienável. Verifica-se a perda da posse pela 
impossibilidade de ter o possuidor poder físico sobre o objeto da 
posse. 
f) Pela posse de outrem: início do exercício da posse de alguém cessa 
a mesma para os antigos possuidores. Ainda que a posse nova tenha 
se firmado contra a vontade do antigo possuidor, se este não foi 
mantido ou reintegrado, em tempo oportuno. A perda da posse pelo 
primitivo possuidor não é definitiva. 
4.10. Recuperação de coisas móveis e títulos ao portador: embora não haja 
previsão legal, nada impede que o proprietário que tenha perdido título ao portador ou 
dele haja sido injustamente desapossado, o reivindique da pessoa que o detiver ou 
requeira sua anulação e substituição por outro, pelo procedimento comum. Em relação à 
coisa móvel ou semovente, prevalecerá a regra geral, aplicável também aos imóveis, de 
que o proprietário injustamente privado da coisa que lhe pertence pode reivindicá-la de 
quem quer que a detenha. Art. 1268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição 
não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou 
estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de 
boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono. 
4.11. Perda da posse para o ausente: Só se considera perdida a posse para quem 
não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, 
tentando recuperá-la, é violentamente repelido (art. 1.224). o dispositivo legal quer dizer 
é que a simples ausência não importa na perda da posse, podendo o possuidor, embora 
ausente, continuar na posse solo animo, ainda que a coisa possuída por ele tenha sido 
ocupada por um terceiro, durante a sua ausência. 
4.12. Efeitos da posse: 
a) proteção possessória: existem duas formas, a primeira delas, extrajudicial, 
trata-se da autodefesa ou desforço imediato (art. 1.210, §1º7), que permite o uso de força 
própria e de terceiros (proporcionalidade) para proteção possessória (possuidor direto de 
boa-fé). A segunda forma, judicial, através das ações possessória (interditos 
possessórios): I – ação de manutenção da posse: serve para manter na posse o possuidor 
turbado; II – ação de reintegração de posse: objetiva devolver a posse ao possuidor 
esbulhado; III – ação de interdito proibitório: cabe ao possuidor que está sendo ameaçado 
em relação a sua posse. No caso da autodefesa, o possuidor tem que agir de imediato, 
com suas próprias forças, embora possa ser auxiliado por amigos e empregados, 
permitindo-lhe, ainda, se necessário, o emprego de armas. Pode o guardião da coisa 
 
7 Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no 
de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1o O possuidor 
turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; 
os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da 
posse. 
Vanessa Zardo Erbe 
9 
 
exercer a autodefesa, em benefício do possuidor ou do representado. Há que se observar 
certos requisitos para que a defesa possa ser legítima. Em primeiro lugar é necessário que 
se faça logo, imediatamente após a agressão. Em segundo lugar, a realçai deve-se limitar 
ao indispensável à retomada da posse. Os meios empregados devem ser proporcionais à 
agressão. 
* Imissão de posse: é a ação judicial capaz de colocar (imitir) o possuidor pela 
primeira vez na posse. 
b) percepção dos frutos: 
 
 
 
 
 
 
Indenização: engloba tudo o que se perdeu, mais acessórios, juros, correções, 
danos morais etc. 
Restituição: engloba apenas aquilo que se perdeu. 
Os frutos devem pertencer ao proprietário, como acessórios da coisa. Essa regra, 
contudo, não prevalece quando o possuidor está possuindo de boa-fé, isto é, com a 
convicção de que é seu o bem possuído. A condição fundamental, pois, para que o 
possuidor ganhe os frutos é sua boa-fé, ou seja, o pensamento de que é proprietário8. O 
código civil brasileiro requer a existência de justo título para a aquisição dos frutos, 
porque deve ter direito a eles a posse que se assemelha à propriedade, ou tem sua 
aparência. 
*Produtos: são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhesa 
quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, como as pedras e os metais, que 
se extraem das minas. 
* Frutos: são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e 
renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte. Dividem-se quanto 
sua origem (naturais, industriais e civis) e quanto ao seu estado (pendentes – enquanto 
unidos a coisa que os produziu; percebidos/colhidos – depois de separados; estantes – 
separados e armazenados para venda; percipiendos – os que deviam ser, mas não foram 
colhidos; consumidos – os que não existem mais pois foram utilizados). 
O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. 
Embora o possuidor de boa-fé tenha direito aos frutos percebidos, não o tem quanto aos 
pendentes, nem aos colhidos antecipadamente, que devem ser restituídos, deduzidas as 
despesas de produção e custeio. Esse direito só é garantido ao possuidor de boa-fé 
enquanto esta se mantenha. Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se 
colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por 
dia. Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, 
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se 
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. 
I – possuidor de boa-fé: durante a posse ou enquanto durar a posse tem o direito 
de perceber os frutos. Cessada a posse deve ressarcir os frutos colhidos por antecipação, 
também, aqueles que se perderam porque não colhidos. 
 
8 Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. 
Frutos 
Naturais: independem da ação humana para sua formação 
Industriais: existem especialmente pela ação humana 
Civis: se originam do capital ou patrimônio 
Vanessa Zardo Erbe 
10 
 
II – possuidor de má-fé: durante a posse não possui direitos. Cessada a posse deve 
indenizar os frutos colhidos por antecipação e, também, aqueles que se perderam porque 
não colhidos. 
Dos Frutos Boa-fé Má-fé 
 
Durante 
 
 
Depois de cessada 
 
 
c) responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa: o possuidor de boa-fé 
não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não tiver dado causa9. Vale dizer 
que a responsabilidade do possuidor não se caracteriza, a menos que tenha agido com 
dolo ou culpa. O possuidor de má-fé responde sempre pela perda ou deterioração da 
coisa, salvo se comprovar que a coisa teria se perdido ou deteriorado mesmo sem sua 
posse10. 
d) indenização das benfeitorias e o direito de retenção: 
I – necessárias: possuidor de boa-fé e má-fé possuem direito de indenização. 
II – úteis: somente o possuidor de boa-fé possui direito de indenização, possuidor 
de má-fé realizou mera liberalidade. 
III – voluptuária: possuidor de boa-fé tem direito de indenização ou levantamento 
(pode dissociar a benfeitoria da coisa principal). 
d.1) despesas: possuidor de boa-fé: com a realização das benfeitorias, tem direito 
a ser indenizado pelo valor atual. Caso não for, cabe direito de retenção da coisa para 
benfeitorias uteis e necessárias. Possuidor de má-fé tem direito ao ressarcimento pelo 
valor da época da realização. Não cabe direito de retenção em qualquer caso. 
e) usucapião: trata-se de um procedimento judicial ou extrajudicial que 
transforma a posse em propriedade, desde que a posse seja qualificada e preencha os 
requisitos legais. 
 5. PROPRIEDADE: 
5.1. Conceito: propriedade é a situação jurídica consistente em uma relação 
dinâmica e complexa entre uma pessoa (dono) e a coletividade, em virtude da qual são 
assegurados àquele os direitos exclusivos de usar, gozar, dispor e reaver um bem. É o 
direito real pelo qual seu titular tem todos os poderes sobre a coisa, quais sejam: uso, 
gozo, disposição e direito de reavê-la de quem quer que injustamente a possua ou 
detenha11. 
5.2. Teorias: 
a) teoria da ocupação: segundo Planiol é da condição humana ocupar as coisas e 
exercer sobre elas prerrogativas de domínio (propriedade). Vislumbra o fundamento do 
direito de propriedade na ocupação das coisas, quando não pertenciam a ninguém. Essa 
teoria é bastante combatida, por entender-se que a ocupação é apenas modo de aquisição 
da propriedade, mas não tem substância para justificar o direito. 
 
9 Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não 
der causa. 
10 Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que 
acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. 
11 O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder 
de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 
Vanessa Zardo Erbe 
11 
 
b) teoria da especificação: segundo Ihering, a propriedade é um desdobramento 
(fruto) do trabalho. Somente o trabalho humana, transformando a natureza e a matéria 
bruta, justifica o direito de propriedade. Este é somente um dos meios de produzir ou 
valorizar a riqueza e, por isso, não pode ser fundamento da propriedade. 
c) teoria da lei: Montesquieu/Hobbes. A propriedade só existe quando prevista na 
legislação. A propriedade é instituto de direito positivo. 
d) teoria da natureza humana: entende intrínseca ao ser humano a propriedade, 
assim, as pessoas se apropriam (e não ocupam) a coisa. 
e) teoria da dignidade humana: a propriedade integra o mínimo existencial que 
compõe a dignidade humana, assim a plenitude se dá com as prerrogativas. 
f) teoria eclética: a propriedade existe como decorrência de todas as ações e 
planos do ser humano, bem como da legislação. Adotada pelo CC. 
5.3. Extensão: 
a) móveis: uso proveitoso, para destinação inicial ou outra, sem prejudicar 
terceiros. 
b) imóveis: se for imóvel, uso do espaço aéreo e do subsolo suficientes para 
manutenção da propriedade (uso, gozo, fruição, disposição e direito de reaver), sem ferir 
direito de terceiros. 
5.4. Classificação: 
a) plena: o proprietário dispõe de todas as prerrogativas inerentes a propriedade. 
b) limitada: em razão de questões jurídicas externas (voluntárias ou legais) as 
prerrogativas do proprietário restam limitadas. Quando pesa sobre ela ônus real. Ex.: 
Usufruto. 
c) resolúvel: o direito de propriedade se extingue com a verificação de um evento 
condicional ou a termo (futuro incerto ou futuro certo). 
5.5. Restrições: 
a) voluntárias: impostas pelo titular da propriedade. Ex.: Bem de Família 
(impenhorabilidade, incomunicabilidade e inalterabilidade) e RPPN; 
b) legais: impostas pela legislação. Ex.: direito de vizinhança; direito agrário; 
direito ambiental; domínio público. 
5.5. Domínio Público: poder de gerenciamento que o Estado lato sensu exerce 
sobre a coisa. Arts. 20 a 26 da CF. há possibilidade de delegação entre os membros para 
manutenção. Não há transferência de propriedade, mas sim de domínio. 
a) bens públicos: pertencem aos entes públicos, integrando seu patrimônio. 
Regem-se pelos princípios: inalienabilidade, imprescritibilidade, impenhorabilidade e 
não oneração. Podem ser alienados somente mediante lei de autorização. Não são 
passíveis de penhora em execução. Não recaí sobre eles direitos reais sobre coisas alheias. 
Não cabe usucapião. 
► Terras rurais e terrenos urbanos: restrições da União por meio do INCRA, do 
Estatuto das Cidades e da legislação ambiental. Restrições municipais por meio da Lei 
Orgânica do Município. Estas restrições são impostas ao patrimônio particular.► Terras devolutas: porções imóveis sem registro que, por isso, são levadas a 
efetividade do registro, passando ao domínio público. Via de regra, da União e por acordo, 
dos Estados Membros. 
► Mar territorial: faixa marítima compreendida entre a linha base (baixa-mar) e 
o limite de 12mm, contempla domínio público (superfície, fundo do mar e espaço aéreo) 
para a União. * Zona Contígua: 12mm a partir do mar territorial, União com poder de 
fiscalização; *Zona Econômica Exclusiva: 200 mm a partir do mar territorial, serve a 
supervisão dos negócios jurídicos pelo Estado Brasileiro; *Plataforma continental: 
200mm a partir da linha base, limitando águas internacionais. 
Vanessa Zardo Erbe 
12 
 
► Terras ocupadas pelos índios: pertencem a União que sede usufruto aos 
silvícolas. 
► terrenos de marinha: faixa de 33 metros a partir do preamar médio (limite da 
água) que, quando em áreas urbanas, pertencem ao Município, nos demais casos, à União. 
Fica restrito o uso e a fruição. 
► terrenos acrescidos: dizem respeito ao aumento de propriedade por fato 
externo. Ex.: avulsão. 
► terrenos reservados: domínio público numa faixa de 15 metros em raio, 
momentâneo, para facilitar obra de benefício social. Ex.: servidão de trânsito. 
► faixa de fronteira: restrição acentuada ao exercício do direito de propriedade. 
Construções novas e modificações necessitam de autorização. Corresponde a faixa de 
150km da fronteira. 
► vias e logradouros públicos: pertencem ao órgão público que os construiu, 
assim, a propriedade é público e o uso é exercido por todos. Direito de propriedade 
absolutamente restrito. Não incide IPTU. 
► águas públicas: todas as águas são públicas, salvo àquelas originadas por 
represamento artificial em propriedade privada. O uso da água pode ser público ou 
particular. 
► recursos naturais: os recursos naturais pertencem a União, havendo 
participação na lavra do proprietário do solo. Os recursos podem ser extraídos mediante 
parcerias. 
► espaço aéreo: convenção de chicago. Pertence ao Estado soberano titular do 
território. 
► florestas: basicamente pertencem ao poder público. Instituto Chico Mendes. 
Se forem especialmente protegidas, pertencem à União. Designadas a partir de 
características especiais. Sofrem restrições do Estado (U, EM, DF, M). Quando 
classificadas como espaços especialmente protegidos (floresta nacional) são geridas pelo 
Instituto Chico Mendes, A fiscalização do uso restrito é de todo o poder público. 
► fauna: Lei 5.197/67. A fauna sofre restrições legislativas da União, 
especialmente fauna silvestre e animais em extinção. Trato e comercialização precisam 
de licença ambiental.

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