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Estrutura e Funções do Cerebelo

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Universidade do Estado de Mato Grosso 
Acadêmica: Gabriela Rodrigues T2 MEDICINA 
 
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NEUROANATOMIA FUNCIONAL - MACHADO 
ESTRUTURA E FUNÇÕES DO CEREBELO CAPITULO 21 
Funções do cerebelo: manutenção do equilíbrio e postura, controle do tônus muscular, 
controle dos movimentos voluntários, aprendizagem motora e funções cognitivas 
especificas. 
 
O cerebelo é composto de dois hemisférios, dorsal ao mesencéfalo e a ponte, faz 
parte do tecto do IV ventrículo. Liga-se à medula e ao bulbo através do pedúnculo 
cerebelar inferior, conecta-se a ponte pelo pedúnculo cerebelar médio, e ao 
mesencéfalo através do pedúnculo cerebelar superior. Na área média do cerebelo, 
uma porção ímpar, o vérmis, ligado lateralmente as duas grandes massas, 
os hemisférios cerebelares. As linhas transversais constituem as folhas do cerebelo. 
Existem sulcos transversais mais pronunciados, como a fissura primária. 
O cerebelo é composto de substância branca internamente, e revestido pelo córtex 
cerebelar contendo substância cinza mais externamente. A divisão do cerebelo em 
lóbulos é apenas topográfica. As tonsilas são bem evidentes na face inferior cerebelar, 
projetando-se medialmente a face posterior do bulbo. 
 
Citoarquitetura do córtex cerebelar 
a) Camada molecular 
 Formada por fibras paralelas 
 Contém dois tipos de neurônios: as células estreladas e células em cesto 
(sinapses axossomaticas) 
b) Camadas de células de Purkinje (média) 
 São os elementos mais importantes do cerebelo 
 Possuem dendritos que se ramificam na camada molecular e de um axônio que 
sai em direção oposta, onde exercem ação inibitória. Esses axônios constituem 
as únicas fibras eferentes do córtex do cerebelo 
 Recebem sinapses diretamente das fibras trepadeiras e indiretamente das 
fibras musgosas 
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 Projeta-se para os núcleos centrais do cerebelo ou para o núcleo vestibular 
(vias de saída do cerebelo) 
c) Camada granular 
 Constituída por células granulares pequenas e de citoplasma reduzido 
 Células granulares são as únicas excitatórias do córtex cerebelar 
(neurotransmissor: glutamato) 
 Possuem vários dendritos e um axônio que atravessa a camada de células de 
Purkinje e, ao atingir a camada molecular se bifurca em T 
o Fibras paralelas: estabelecem sinapses com as células de Purkinje 
 Células de Golgi 
 
Conexões intrínsecas do cerebelo 
As fibras que penetram no cerebelo se dirigem ao córtex cerebelar e são de dois tipos: 
1) Fibras musgosas 
 Representam a terminação dos feixes de fibras que penetram no cerebelo 
 Glutamatergica (excitatória) 
 Trajeto: Fibras musgosas  entram no cerebelo  emitem ramos colaterais  
sinapse excitatória com os neurônios dos núcleos centrais  camada granular 
 ramificação  sinapse excitatória axodendritica com células granulares  
fibras paralelas  ligam-se as células de Purkinje 
2) Fibras trepadeiras 
 São axônios de neurônios situados no complexo olivar inferior 
 Glutamatérgica (excitatória) 
 Terminam enrolando-se em torno dos dendritos das celulas de Purkinje, 
exercendo potente ação excitatória 
Circuito cerebelar básico: impulsos nervosos entram no cerebelo através das fibras 
musgosas, ativam neurônios dos núcleos centrais, células granulares e células de 
purkinje, as quais, inibem os próprios neurônios dos núcleos centrais. Ou seja, as 
celulas de purkinje (ação inibitória) modulam as respostas eferentes do cerebelo. 
Celulas granulares e celulas de Purkinje são moduladas por outras celulas inibitórias: 
celulas de golgi, celulas em cesto e celulas estreladas. Liberam GABA. 
 
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Fonte: Machado,2014 
 
Núcleos centrais e corpo medular do cerebelo 
Núcleos centrais do cerebelo 
Núcleo denteado Núcleo 
emboliforme 
Núcleo globoso Núcleo fastigial 
 
Núcleo fastigial: localiza-se próximo ao plano mediano, em relação com o ponto mais 
alto do teto do IV ventrículo 
Núcleo denteado: é o maior dos núcleos centrais e assemelha-se ao núcleo olivar 
inferior, localiza-se mais lateralmente 
Núcleo globoso e emboliforme (interpósito): semelhantes estrutural e funcionalmente. 
 
Dos núcleos centrais saem as fibras eferentes do cerebelo e neles chegam os axônios 
das células de purkinje e colaterais das fibras musgosas 
O corpo medular do cerebelo é constituído de substancia branca e formado por fibras 
mielínicas, que são principalmente: 
 Fibras aferentes do cerebelo: penetram pelos pedúnculos cerebelares e se 
dirigem ao córtex, onde perdem a bainha de mielina 
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 Fibras formadas pelos axônios das células de Purkinje: dirigem-se aos núcleos 
centrais e, ao sair do córtex, tornam-se mielínicas 
 
Divisão funcional do cerebelo 
Zona medial (vermis) 
 Os axônios das células de purkinje desta zona projetam-se para os núcleos 
fastigial e vestibular lateral 
Zona intermediaria (paravermis) 
 Os axônios das células de purkinje desta zona projetam-se para o núcleo 
interpósito 
Zona lateral (grandes hemisférios) 
 Axônios das células de purkinje desta zona projetam-se para o núcleo denteado 
 
Vestibulocerebelo (arquicerebelo): compreende o lobo floculonodular e tem conexões 
com o núcleo fastigial e os núcleos vestibulares 
Espinocerebelo (paleocerebelo): compreende o vermis e a zona intermedia dos 
hemisférios e tem conexões com a medula 
Cerebrocerebelo (neocerebelo): compreende a zona lateral e tem conexões com o 
córtex cerebral 
 
Conexoes extrínsecas 
Aspectos gerais: 
 Um complexo sistema de vias eferentes influencia os neurônios motores 
 Cerebelo influencia os neurônios motores de seu próprio lado (diferentemente 
do cérebro, que é o lado oposto) 
 Tanto as vias aferentes como eferentes, quando não são homolaterais, sofrem 
duplo cruzamento, fato relevante para a compreensão clínica. 
 
Vestibulocerebelo (equilíbrio e postura) 
Conexões aferentes: 
 Fibras aferentes chegam pelo fascículo vestibulocerebelar 
 Origem nos núcleos vestibulares 
 Distribuição pelo lobo floculonodular 
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 Informações da parte vestibular do ouvido interno sobre: posição da cabeça 
 Manutenção do equilíbrio e postura 
Conexoes eferentes: 
 Células de purkinje do vestíbulocerebelo projetam-se para os neurônios dos 
núcleos vestibulares medial e lateral 
 Lateral: controla musculatura axial e extensora dos membros, manutenção do 
equilíbrio e marcha, fazendo parte do sistema motor medial da medula. 
 Medial: projeções inibitórias controlam movimentos oculares e coordenam os 
movimentos da cabeça e dos olhos 
 
Espinocerebelo (controle do tônus muscular) 
Considerações gerais: 
As conexões são representadas principalmente pelo trato espinocerebelar anterior e 
posterior que penetra no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar superior e inferior 
respectivamente, e terminam no córtex das zonas medial e intermedia. 
Conexoes aferentes: 
Espinocerebelar anterior: 
 Sinais motores que chegam pelo trato corticoespinhal 
 Cerebelo avalia o grau de atividade do trato 
Espinocerebelar posterior: 
 Sinais sensoriais de propriocepção 
 Receptores somáticos que avaliam grau de contração muscular 
 Posição e velocidade do movimento 
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Conexoes eferentes:Via interposito rubroespinhal: axônios das celulas de purkinje  núcleo interposito  
núcleo rubro  tálamo (lado oposto) 
Via interposito-talamo-cortical: tálamo  áreas motoras do córtex cerebral (trato 
corticoespinhal) 
 
 
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A ação do núcleo interpósito se faz diretamente sobre os neurônios motores do grupo 
lateral da coluna anterior, que controlam os músculos distais dos membros 
responsáveis por movimentos delicados. 
 
Os axônios das células de purkinje da zona medial fazem sinapse nos núcleos 
fastigiais de onde sai o trato fastigiobulbar com dois tipos de fibras: fastígio-
vestibulares e fastígio-reticulares. As primeiras fazem sinapse nos núcleos 
vestibulares, a partir dos quais os impulsos nervosos, através do trato vestíbulo-
espinhal, se projetam sobre os neurônios motores; as segundas terminam na 
formação reticular, a partir da qual os impulsos atingem pelos tratos reticuloespinhais, 
os neurônios motores. Em ambos os casos, a influência do cerebelo se exerce sobre 
os neurônios motores do grupo medial da coluna anterior, os quais controlam a 
musculatura axial e proximal dos membros, no sentido de manter o equilíbrio e a 
postura. 
 
 
 
CEREBROCEREBELO (controle de movimentos voluntários e delicados/fino) 
Conexões aferentes: 
 Via cortico-ponto-cerebelar: Fibras pontinas (núcleos pontinhos)  pedúnculo 
cerebelar médio  zona lateral do córtex cerebelar 
Conexoes eferentes: 
 Via dento-talamo-cortical: Axônios das celulas de purkinje (zona lateral)  
núcleo denteado (sinapse)  tálamo (lado oposto)  áreas motores do córtex 
cerebral  trato corticoespinhal neuronio motor 
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 Núcleo denteado participa da atividade motora da musculatura distal dos 
membros responsáveis por movimentos delicados. 
 
 
 
Correlações anatomoclínicas 
Incoordenação dos movimentos: ataxia 
Perda do equilíbrio 
Diminuição do tônus da musculatura esquelética: hipotonia 
 
Síndromes cerebelares 
Síndrome vestibulocerebelar 
 Perda da marcha ou postura de pé e perda do controle dos movimentos 
oculares durante rotação da cabeça 
 Base alargada e ataxia das pernas 
 Tendência a quedas com olhos fechados e abertos 
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Síndrome espinocerebelar 
 Erros de execução motora 
 Falta de processamento de informação proprioceptiva 
 Tremor terminal e redução da precisão de movimento devido a erros na 
cronologia, direção e extensão dos movimentos (dismetria) 
 Ataxia dos membros, nistagmo, alterações da fala (fala arrastada por lesão do 
vermis ou núcleo fastigial – controle vocal) 
 
Síndrome do cérebrocerebelo 
 Atraso do início do movimento 
 Decomposição do movimento multiarticular 
 Disdiadococinesia (dificuldade de fazer movimentos rápidos e alterados) 
 Rechaço (continuidade da resistência muscular) 
 Tremor 
 Dismetria 
 
Lesões do vermis 
 Perda do equilíbrio 
 Alargamento da base de sustentação 
 Marcha ataxica 
 Alterações na fala 
 
Lesões nos hemisférios: 
 Todos membros do lado afetado com alterações de coordenação de movimento 
 
 
Referência bibliográfica: 
 
1. Machado, ABM. Haertel, LM. Neuroanatomia funcional. 3. Ed. – São Paulo: Editora 
Atheneu, 2014

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