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A entrevista em pesquisa

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A entrevista em pesquisa
Instrumento de pesquisa:
Entrevista não envolve instrumental técnico complexo;
Pergunta ou discussão de temas pré-definidos;
Instrumento favorito na pesquisa qualitativa de coleta e análise de dados;
Entrevista em pesquisa é mais formalizada pois deve atender ao foco do que é pesquisado;
Objetivo do pesquisador: Obter falas daqueles que pressupõe ser capazes de ter o que dizer sobre o tema do projeto;
Entrevista semi-estruturada como procedimento de coleta de dados.
Análise de conteúdo:
 Método de análise dos conteúdos da comunicação de modo a descrevê-los e interpretá-los em termos de apreensão e entendimento dos significados, por meio de um processo complexo de passos para além de uma leitura superficial;
Útil para processar informações de documentos de comunicação (verbal e/ou não verbal), derivadas de entrevistas , gravações, vídeos, depoimentos, entre outros, todos transcritos à posteriori;
Método científico para transformação do material verbalizado em categorias temáticas, passíveis de análise e interpretação;
A análise de conteúdo também permite a obtenção de dados quantitativos, se o pesquisador desejar;
Na pesquisa qualitativa, trata-se a organização dos temas do material de modo a estudar as características da mensagem, seu valor como informação, as palavras, idéias e afetos nela expressos = Análise temática;
Atividades seqüenciais para análise de conteúdo: Pré-análise; Exploração do material;Tratamento dos resultados, inferências e interpretação.
Análise de conteúdo Pré - análise
Organiza-se o material a ser analisado com o objetivo de torná-lo operacional e sistematizar as idéias iniciais. Passos:
Leitura Flutuante: Para conhecer o texto, deixando-se invadir por impressões e orientações. Efetuada diversas vezes.
Escolha dos Documentos: Demarcação do universo dos documentos a serem analisados, constituindo-se um corpus (conjunto dos documentos a serem submetidos às regras de procedimentos analíticos) 
- Exaustividade = Não selecionar o material, analisar tudo.
- Representatividade = Sujeitos representativos do que se quer investigar; Análise; Estatística (quantitativa) ou analítica (qualitativa).
- Homogeneidade = Critérios precisos de escolha dos materiais 
- Pertinência = Entrevista com informações relevantes à pesquisa
 c) Formulação de Hipóteses: Podem ou não ser estabelecidas na pré-análise, mas elas 
 derivam do que surge no material analisado.
Unidades de Conteúdo: Trabalha-se o texto em recorte, agregação e enumeração das verbalizações, para obtenção de uma representação de conteúdo do que os entrevistadores verbalizaram.
Na pré-análise, todo o material é lido e relido inúmeras vezes, sendo necessário marcar o texto, escrever comentários à margem, cortar porções do texto e colar em certa ordem. 
Análise de conteúdo Exploração do material
Unidades de registro/ significado/ contexto: Permitem a exploração do material através do agrupamento por semelhança de significados.
Categorias iniciais: Servem para condensar os elementos comuns; Normalmente são-lhes atribuídos títulos. Critérios para organização das categorias iniciais Semântico (temas); Sintático (substantivos e verbos); Léxico (sinônimos e sentidos próximos); Expressivo (classificação – ex: perturbações do comportamento).
Categorias intermediárias: Análise das categorias iniciais para condensação mais abrangente das informações.
Categorias finais: Síntese da categoria, de modo a obter-se o tema investigado.
Análise de conteúdo Tratamento dos achados, inferência e interpretação
Apresentação coerente das sínteses categoriais.
Teoria de escolha norteia a compreensão teórica.
Tratamento dos resultados: Organização dos resultados, permitindo a elaboração de tabelas que condensam e destacam as informações fornecidas para análise.
Inferência: Tentativa de dedução das informações a partir dos dados.
Interpretação: Explicações para o objeto de estudo investigado. 
Considerações éticas
Todas as pesquisas devem ter o preenchimento do TCLE ( Termo de consentimento livre e esclarecido).
O sujeito é informado do tipo de pesquisa que irá participar, da possibilidade de desistência a qualquer momento, do sigilo quanto à sua identidade (direito à privacidade) e outros dados, como os possíveis riscos envolvidos (proteção contra danos).
Deve ser lido, esclarecidas as dúvidas e assinado pelo participante da pesquisa.
Tem por base o principio bioético do respeito pela pessoa nos seus valores fundamentais, reconhecendo a autonomia do entrevistado
Atitude eticamente correta
Código civil brasileiro dos direitos da personalidade 
Código penal: sigilo da informação
CFP e ministério da saúde: Obrigatoriedade do TCLE 
A entrevista de triagem
Espaço de acolhimento, escuta e ajuda terapêutica.
Lugar de continência
Importante espaço de acolhida e de escuta para a pessoa que se encontra em sofrimento psíquico.
Tarefas gerais do entrevistador (expert na área):
- Procura de um significado para as perturbações do sujeito.
- Auxílio para descobrir recursos que o aliviem 
(Ambas possuem valioso cunho terapêutico)
Queixa principal
É a razão declarada pelo paciente para procurar ajuda, porém, nem sempre é o problema mais importante.
É importante para direcionar o início da entrevista de triagem, pois pode ser o problema mais importante na mente do paciente.
Por outro lado, pode ser a negação total de que algo está errado, indicando sobre seu grau de insight. 
O paciente pode ser submetido a uma entrevista inicial e relatar estados psicológicos considerados doentios pelos familiares, mas ser apontado como uma qualidade pelo paciente, pois este pode não ter clareza do que ocorre consigo.
Postura e função do entrevistador
Sem memória e sem desejo.
Atitude do terapeuta que permite compreensão mais clara e profunda dos motivos que levaram a pessoa a procurar ajuda.
Entrevistador conduz o processo, dirigindo os diversos momentos da entrevista em função de seus objetivos primordiais de diagnóstico e de indicação terapêutica.
Garante ambiente de sigilo, confortável e imbuído da idéia de que o sujeito é aceito e valorizado como pessoa única.
Baseado em seus conhecimentos teórico-técnicos e em seus recursos emocionais, avalia os aspectos pessoais, relacionais e internos da pessoa com o objetivo de conhecê-lo o mais profundamente possível.
Busca ativa de informações verbais e não verbais (postura,forma de se vestir, maneira de falar etc) necessárias para compreender o estado atual do entrevistado.
Profissional deve ser capaz de se mover com espontaneidade ao longo dos temas trazidos.
Tempo limitado: entrevista semi-estruturada.
O entrevistador pode fazer perguntas para auxiliar o sujeito a iniciar seu relato, expressar suas opiniões. No final da entrevista, pode fazer ligações entre os temas abordados e resumos do que compreendeu.
Profissional pode se valer de perguntas, comentários, confrontações, esclarecimentos, explicações, assinalamentos e interpretações de ensaio.
Além de reunir dados necessários, tais intervenções auxiliam o sujeito a obter maior consciência do seu problema e maior motivação para aderir ao tratamento.
Papel do entrevistado
Pelo sofrimento psíquico, vem em busca de tratamento. Pode ou não ter consciência da situação ou conflito.
Não é colaborador passivo, apenas respondendo às perguntas do psicólogo.
Participação ativa e colaborativa: Informa e comunica a respeito de suas dificuldades, seus sentimentos e conflitos; Traz a percepção que tem do seu problema, bem como as expectativas em relação a um atendimento e suas fantasias associadas à forma como deseja ser ajudado.
Objetivos
São os objetivos de uma entrevista que definem estratégias, intervenções, alcances e limites.
No enfoque psicodinâmico, a entrevista de triagem objetiva: Elaborar uma história clínica; Definir hipóteses de diagnóstico descritivo e psicodinâmico; Definir hipótese de prognóstico; Formular indicação terapêutica.
História Clínica
Pressupõeuma reconstituição global da vida do paciente, como um marco referencial em que a problemática atual se enquadra e ganha significado.
História de vida: Oferece os dados para as hipóteses de diagnóstico descritivo e psicodinâmico.
História atual: Esclarecimentos dos sintomas e circunstancia em que surgiram; Estressores; Influência/ influenciador de relações sociais, sexuais, familiares e profissionais; Desconforto/desadaptação. 
Hipótese de Diagnóstico Descritivo
Diagnóstico baseado no DSM-IV TR (CID-10): Insuficiente para uma compreensão profunda e para a formulação do prognóstico, mas essencial para orientar em um primeiro momento o raciocínio clínico quanto à escolha de um tratamento mais adequado: Psicoterapia; Psicofarmacoterapia; Terapia ocupacional; outros.
Hipótese de Diagnóstico Psicodinâmico
Visa entender o quanto e como a pessoa está doente, como adoeceu e qual o ganho secundário da doença.
Hipótese psicodinâmica mínima, precoce ou inicial (HPI)
Objetiva explicar os sintomas e os problemas referidos pelo paciente à luz da teoria de estrutura de personalidade: Conflitos subjacentes ao problema atual; Forças em jogo; Ansiedades decorrentes; Mecanismos de defesa mobilizados.
Prognóstico
Conhecer é poder prever 
Necessário analisar as condições diagnósticas: Inicio da doença; Tipo de psicopatologia; Contexto sociofamiliar; Recursos do ego; Grau de motivação; Grau de insight.
Verificar contexto assistencial quanto às possibilidades terapêuticas.
Indicação Terapêutica
Abordagem: Teoria subjacente 
Tipo: Individual/ Familiar/ Grupal/ Ambulatorial/ Particular
Busca de esclarecimentos sobre causas físicas e de medicamentos que possam confundir o diagnóstico.
Considerar as condições de vida do paciente: Recursos financeiros; Disponibilidade de horário; Acesso físico; Apoio familiar.
Grau de motivação/ Insight.
A Entrevista
Insight: Consciência da enfermidade, flexibilidade e crítica, expressão simbólica, conexão ideo-afetiva entre passado e presente, busca e aliança ao entrevistador.
Intermediária: Grau de contato com a realidade, reflexão e juízo crítico, empatia.
Recursos egóicos: Orientação, percepção, afeto e conduta (básicos); Tolerância à ansiedade e frustração; Controle de impulsos; Rigidez do superego; Mecanismos de defesa principais; Autoimagem; Relações objetais .
Padrão sócio-familiar: Dinâmica familiar indica condições de rede de apoio para recuperação.
Fases da Entrevista
Inicial: Razões da consulta e possibilidades de ajuda; Coleta de dados sóciodemográficos; Estabelecimento de vínculo de confiança ; Análise das ansiedades, fantasias e defesas.
Intermediária: Entrevistado é ativo no processo. Aprofundamento da problemática; Investigação das zonas de conflito; Maior consciência e suas questões: perguntas abertas, clarificações e recapitulações. 
Final: Retomada do processo para fechamento e devolução; Interpretações panorâmicas. O entrevistador deve fornecer e explicar os passos futuros (marcação de novas consultas, encaminhamento para outro profissional); Entrevistado expressa opinião e sentimentos.
Laudo Psicológico
Avaliação Psicológica
A avaliação psicológica é entendida como processo técnico científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas, de métodos, de técnicas e instrumentos.
I- Princípios norteadores da elaboração documental; II- Modalidades de documentos; III- Conceito/ Finalidade/ Estrutura; IV- Validade dos documentos; V- Guarda dos documentos. 
Resolução CFP 007/2003
Institui o manual de elaboração de documentos escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica e revoga a Resolução CFP 17/2002.
Princípios norteadores na elaboração de documentos: 1 – Princípios técnicos da linguagem escrita; 2- Princípios éticos e técnicos (ÉTICOS: Observância dos princípios e dispositivos do Código de Ética Profissional do Psicólogo. / TÉCNICOS: As questões de ordem psicológica têm determinações históricas, sociais, econômicas e políticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no processo de subjetivação.) 
Modalidades de documentos: 1- Declaração; 2- Atestado psicológico; 3- Relatório/Laudo psicológico; 4- Parecer psicológico. (OBS: A declaração e o parecer psicológico não são documentos decorrentes da avaliação psicológica, embora muitas vezes apareçam desta forma. Por isso o CFP considerou importante constarem deste manual a fim de que os mesmos sejam diferenciados.)
Declaração
É um documento que visa informar a ocorrência de fatos ou situações objetivas relacionados ao atendimento psicológico, com a finalidade de declarar: 
- Comparecimento do atendido e/ou do seu acompanhante, quando necessário;
- Acompanhamento psicológico do atendido;
- Informações sobre as condições do atendimento (tempo de acompanhamento, dias e horários).
 OBS: Neste documento não deve ser feito registro de sintomas, situações ou estados psicológicos. 
Atestado Psicológico
É um documento expedido pelo psicólogo que certifica uma determinada situação ou estado psicológico, tendo como finalidade afirmar sobre as condições psicológicas de quem, por requerimento, o solicita, com fins de : 
- Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante;
- Justificar estar apto ou não para atividades específicas, após realização de um processo de avaliação psicológica, dentro do rigor técnico e ético que subscreve a Resolução;
- Solicitar afastamento e/ou dispensa de solicitante, subsidiado na afirmação atestada do fato, em acordo com o disposto na Resolução CFP 015/96.
Relatório/ Laudo Psicológico
Definição: Apresentação descritiva acerta de situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica.
Como todo documento, deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um instrumental técnico (entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, intervenção verbal), consubstanciado em referencial técnico filosófico e científico adotado pelo psicólogo.
Finalidade: Apresentar procedimentos e conclusões gerados pelo processo da avaliação psicológica. Relato sobre encaminhamentos, intervenções, diagnóstico, prognóstico e evolução do caso, orientação e sugestão de projeto terapêutico bem como, caso necessário, solicitação de acompanhamento psicológico. Limitar-se a fornecer somente as informações necessárias relacionadas à demanda, solicitação ou petição.
Parecer
Documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo.
Tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no campo do conhecimento psicológico, através de uma avaliação especializada, de uma questão-problema. 
Visa dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão, sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que exige de quem responde competência no assunto. 
Dos Documentos
Validade do conteúdo: Deverá considerar a legislação vigente nos casos já definidos. Não havendo, o psicólogo indicará o prazo de validade de acordo com as características avaliadas, das informações obtidas e dos objetivos da avaliação, dispondo dos fundamentos para a indicação, devendo apresentá-los sempre que solicitado. Datar e assinar o documento.
Guarda e condições: Documentos de avaliação devem ser guardados no prazo mínimo de 5 anos, sendo de responsabilidade tanto do psicólogo quanto da instituição em que ocorreu a avaliação. O prazo pode ser ampliado nos casos previstos em lei, por determinação judicial ou em casos específicos. Na extinção do serviço psicológico, seguir orientações do Código de Ética (lacração e declaração ao CFP).
Resultados
Os resultados de um processo de avaliação devem abordar de forma compreensível, objetiva e clara a problemática que causou a solicitação.
A pessoa que é avaliada tem odireito de saber os resultados de sua avaliação e o psicólogo deve ter habilidades para integrar diferentes informações, provindas de diferentes fontes.
O profissional Psicólogo deve conhecer a ciência psicológica e reconhecer que ética e técnica caminham juntas.

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