Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................02 1. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA ........................................................................03 2. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA.....................................07 3. ENTREVISTA PSICOLÓGICA ......................................................................15 4. DAS CONDIÇÕES DO APLICADOR.............................................................22 5. DA MENSURAÇÃO E AVALIAÇÃO..............................................................30 6. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA SOBRE DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS...............................................................................................32 7. REFERÊNCIAS.............................................................................................40 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2. AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Fonte:psicologiaprapassar.com Segundo Rabelo et al. (2012) a avaliação psicológica figura entre uma das mais importantes atividades do profissional da psicologia. Nessa perspectiva, o desenvolvimento de materiais adequados ao nível de conhecimento dos usuários, no que tange às atividades pertinentes à área, caracteriza o compromisso com a profissionalização dos psicólogos e a preocupação com os instrumentos que fazem parte deste processo. O Conselho Federal de Psicologia - CRP (2010), propõe que a avaliação psicológica é uma atividade restrita ao psicólogo, definida na Lei Nº 4.119 de 27/08/62 (alínea "a", do parágrafo 1° do artigo 13) e isso implica que seus instrumentos, com destaque para os testes psicológicos, sejam de uso restrito a esse profissional, considerando que sua formação o habilita para essa finalidade. No entanto, esse tem sido um dos maiores desafios para a categoria, visto que profissionais de outras áreas de interface com a Psicologia desejam compartilhar o uso de alguns instrumentos psicológicos. 4 A avaliação psicológica é um processo de construção de conhecimentos acerca de aspectos psicológicos, com a finalidade de produzir, orientar, monitorar e encaminhar ações e intervenções sobre a pessoa avaliada, e, portanto, requer cuidados no planejamento, na análise e na síntese dos resultados obtidos (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2010, p.16). Avaliação em Psicologia, refere-se à coleta e interpretação de informações psicológicas, resultantes de um conjunto de procedimentos confiáveis que permitam ao psicólogo avaliar o comportamento. Aplica-se ao estudo de casos individuais ou de grupos ou situações (MENDES et al; 2013). Segundo o referido autor são considerados como procedimentos confiáveis aqueles que apresentem alto grau de precisão e validade. Entende- se por precisão o grau de confiabilidade do instrumento e por validade a capacidade para atingir os objetivos para os quais foi construído. A primeira etapa a ser vencida, em se tratando de avaliação psicológica, é a definição do que avaliar. Quando a avaliação psicológica tem por objetivo a seleção, a resposta a este quesito chama-se perfil profissiográfico (CESCON, 2013). Segundo o referido autor, na prática, agregar todas estas informações em uma análise que seja capaz de utilizá-las de forma integradora e dialética ainda é um desafio. O debate e a reflexão sobre o papel do psicólogo nesta questão são extremamente importantes, uma vez que é necessário manter uma visão crítica que vai além da concepção de investigar o que é patológico ou não, e passa a ter como enfoque a compreensão acerca da subjetividade de determinado indivíduo, visando seu benefício. O conselho federal de psicologia (2013) propõe que o desenvolvimento da avaliação psicológica no seio da Psicologia dependeu do desenvolvimento de estratégias que permitiram derivar inferências acerca do funcionamento do psiquismo humano. Essas estratégias podem ser distinguidas em três grupos: a construção de testes por amostragem de comportamentos ou processos, a construção de testes por relação a grupos selecionados com base em critério e a construção de testes com base na análise da fantasia. 5 A seguir o CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (2013), descreve cada uma dessas abordagens. A estratégia de avaliação dos primeiros instrumentos dependia da elaboração de itens que representassem uma amostragem de comportamentos ou processos ligados aos construtos de interesse. Operações concretas que se acreditava estarem associadas a um determinado processo, por exemplo, um processo cognitivo − eram utilizadas para avaliar aquele construto. Essa relação construto-operação é refletida na conhecida alegação que define inteligência como sendo “o que os testes medem”. Claro que, sabemos, esta simplificação não é suficiente para sustentar um construto, mas marca bem a relação entre o construto e a observação da evidência de sua “existência”. Desse modo, essas técnicas dependiam de maneira importante de uma vinculação muito estreita entre o conteúdo dos itens associados ao construto e as operações requeridas nas respostas do sujeito. Em função dessa estratégia, testes desse tipo possuíam alta validade aparente. O resultado do teste então era indicado pela quantidade de acertos ou de respostas do sujeito coerentes com o construto de interesse; por exemplo, maior concordância com itens de natureza depressiva indicava maior probabilidade de um processo depressivo. Essa estratégia de construção de instrumentos de avaliação por endorso a itens supostamente representativos de comportamentos ou processos ganhava vulto com o progressivo desenvolvimento da psicometria e com o surgimento de novas medidas psicológicas. Mas ao longo desse processo, outra estratégia iria surgir, não baseada na amostragem de comportamentos e processos associados a um construto, mas na articulação de indicadores indiretos empiricamente relacionados ao fenômeno em questão. Essa estratégia depende menos da relação aparente entre o conteúdo do indicador e o construto de interesse: o que dá a relevância a um indicador desse tipo é sua capacidade de identificar pessoas pertencentes a grupos relevantes nos quais a presença desse construto fosse conhecida. 6 Sujeitos para esses grupos são escolhidos com base em critérios independentes relacionados ao construto de interesse. O processo de validação da relação entre os indicadores e o grupo relacionado ao construto é conhecido como validade de critério. Essa estratégia de construção de testes por relação a grupos selecionados com base em critério foi utilizada tanto na seleção de itens para medidas objetivas (questionários e inventários) quanto para a confirmação de indicadores nas técnicasàs quais se convencionou chamar de testes projetivos. Nas medidas objetivas, o exemplo maior surgiu com o Inventário Multifásico Minnesota da Personalidade (MMPI) de Hathaway e McKinley (Graham, 1987). Esses autores validaram suas escalas por um processo que pode ser chamado de “chave empírica”: não importava o conteúdo do item, importava como respondiam as pessoas identificadas em uma determinada condição ou que apresentavam uma determinada característica (FRIEDMAN, LEWAK; NICHOLS, 2000, apud CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2013). Por exemplo, um item capaz de discriminar grupos de pessoas com elevados níveis de paranoia passa a compor a escala de paranoia, independentemente da relação direta (teórica) entre o conteúdo do item e o construto paranoia. Outro exemplo marcante do uso de grupos de critério é o Método de Rorschach (EXNER, 1995/1999, apud CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2013). Por exemplo, a distorção da forma foi relacionada à esquizofrenia ou a presença de sombreados ou cor acromática indicando angústia ou depressão. Uma vez demonstrada a relação entre um indicador e o fenômeno, inicia-se o esforço teórico para compreender os motivos dessa relação. Independentemente da estratégia de construção do instrumento, a validade de critério segue sendo uma importante forma de validação e suporte para identificação das qualidades associadas a uma medida, para classificação e inferência diagnóstica. 7 Portanto, o psicólogo deve buscar, da melhor maneira possível, apreender a relação entre saúde mental e subjetividade, sempre considerando a dimensão social do sujeito. Porém, estamos tão acostumados a pensar em utilizar a avaliação psicológica com o objetivo de chegar a um diagnóstico, que às vezes fica difícil conseguirmos separar o que é individual e o que é social. "Aceitar diferenças individuais, mantendo relações de igualdade, ou melhor, de não dominação, em uma sociedade onde as diferenças são valorizadas em termos de competição, torna-se algo extremamente difícil". (LANE, 1987, p. 72, apud CESCON, 2013). 2. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA Fonte: google.com Avaliação psicológica sempre foi um empreendimento cientificamente fundamentado, intimamente atrelado ao surgimento e à consolidação da Psicologia como ciência e profissão. Em decorrência dessa íntima associação, a Psicologia e o psicólogo passaram rapidamente a ser identificados com a atividade da avaliação psicológica, do psicodiagnóstico e da construção e 8 validação de testes, instrumentos e procedimentos para esses fins (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA,2013). O conselho ainda enfatiza que o elenco de instrumentos psicológicos é bastante variado, incluindo testes psicológicos, questionários, entrevistas, observações situacionais, técnicas de dinâmica de grupo, dentre outros. Os instrumentos de avaliação psicológica mais conhecidos são os testes psicológicos e as entrevistas psicológicas. A Psicologia não pode abdicar dos conhecimentos acumulados, nem retroceder para explicações reducionistas (estritamente sociológicas ou culturais) com o intuito de defesa da profissão. Por outro lado, não é possível negligenciar que a Psicologia detém uma história de desenvolvimento científico atrelada à origem dos testes psicológicos (Woody & Viney, 2017), e que possui um sistema de regulação da formação profissional e do uso de instrumentos psicológicos para oferecer serviços com competência e ética (Tavares, 2010, apud SANTANA,2019, p.03). Os testes psicológicos surgiram a partir da análise de associações e da fantasia (Henry, 1956/1987), em grande parte estimulado pelos desenvolvimentos em psicanálise. O Teste de Associação de Palavras de Carl Gustav Jung pode ser considerado o primeiro deles. Entre os mais conhecidos atualmente estão as técnicas de complementação de frases, as técnicas de apercepção temática (Bellack, 1986; Murray, 1943/2005; Shentoub, 1999; Silva, 1983; Tardivo, 1998), o Teste das Relações Objetais (Rosa & Silva, 2005), o Teste das Fábulas de Duss (Cunha & Nunes, 1993). Algumas técnicas de avaliação permitem estratégias mistas, como o Método de Rorschach (Winer, 2000) e os testes gráficos (Goodenough, 1974; Machover, 1949; Sisto, 2005; Wechsler, 2003), avaliando indicadores com base em critérios empíricos e também se apoiando em análise de elementos de fantasia. Desenvolvimentos recentes têm demonstrado indicadores objetivos relevantes em técnicas que dependiam quase que exclusivamente da análise da fantasia, como é o caso do TAT (SHENTOUB, 1999, apud CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2013). 9 Dá-se grande destaque a esses instrumentos na prática clínica por permitirem a interpretação de aspectos relacionais, estruturais e dinâmicos da personalidade, de modo muito próximo ao processo de análise e interpretação que ocorre na relação terapêutica (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2013). Fonte:rogacionista.edu.br SEGUE ABAIXO ALGUMAS ORIENTAÇÕES DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (2013), SOBRE TESTES E ESCALAS DE AVALIAÇÃO PSICÓLOGICA, QUE O PROFISSIONAL DE PSICOLOGIA DEVE SE ATENTAR. Etapa 1 – Seleção de testes e escalas para avaliação psicológica Ao selecionar um teste ou escala, o psicólogo deverá: • Definir os atributos e características a serem avaliados, investigando na literatura especializada os melhores instrumentos disponíveis para cada objetivo desejado. • Avaliar as características psicométricas dos instrumentos a serem utilizados, tais como: sensibilidade, validade, precisão e existência de normas específicas e atualizadas para a população brasileira. 10 • Considerar a idade, sexo, nível de escolaridade, nível socioeconômico, origem (rural ou urbana), condições físicas gerais, presença de deficiências físicas, nacionalidade e necessidade de equipamentos especiais para aplicação dos instrumentos. • Verificar se os manuais dos testes e/ou escalas possuem informações necessárias para aplicação, correção e interpretação dos resultados dos testes. • Solicitar a ajuda de outro psicólogo para esta atividade, caso não possua algumas das informações acima. Etapa 2 − Administração de testes e escalas psicológicas: No processo de administração de testes ou escalas, o psicólogo deverá: • Prestar informações aos indivíduos envolvidos quanto à natureza e ao objetivo da avaliação e dos instrumentos a serem empregados, obtendo, por escrito o seu consentimento livre e esclarecido para participar no processo de avaliação psicológica. No caso de menores ou pessoas em situação de vulnerabilidade, este consentimento deverá ser obtido por meio de seus responsáveis. • Verificar se o ambiente no qual será realizada a avaliação possui as condições físicas adequadas em termos de espaço, ventilação, mobiliário, qualidade de silêncio, a fim de assegurar o melhor desempenho dos indivíduos envolvidos. • Organizar o material que irá utilizar antes de iniciar uma aplicação, verificando as especificidades de cada tipo de teste envolvido, como mesas especiais, gravadores, etc. 11 • Motivar os indivíduos para realizar a tarefa, tendo, entretanto, o cuidado para não interferir no desempenho do teste. • Desenvolver um relacionamento de confiança (rapport), visto como essencial no processo de aplicação de instrumentos psicológicos em forma individual. • Atentar para os comportamentos dos indivíduos na situação de avaliação, observando a forma de resposta e o envolvimento na situação de avaliação, considerando que estas são variáveis influenciáveis no desempenho nos instrumentos utilizados. • Seguir rigorosamente as instruções, os exemplos, o tempo e outras orientações que se encontrem no manual ou no próprio caderno do teste ou escala, evitando quaisquer improvisações que possam comprometer avalidade dos instrumentos utilizados. • Evitar ausentar-se da sala onde está realizando a avaliação, ou realizar quaisquer outros comportamentos que o possam desviar do processo de avaliação, tais como: conversar com outras pessoas, atender ao telefone, etc. Responsabilizar-se pela qualidade da aplicação dos testes e escalas psicológicas, sendo esta condição essencial para a obtenção de um resultado fidedigno. • É vedado ao psicólogo: Reproduzir material de teste em forma de fotocópias ou em outras formas que não sejam os originais do teste. • Realizar avaliações psicológicas em situações nas quais não ocorra uma relação interpessoal, por exemplo, correios, telefone ou internet. De acordo com as orientações do CFP, os inventários administrados via internet somente poderão ser utilizados com finalidades de pesquisa, 12 respeitando-se as normas específicas para esta situação, como a ser apresentado posteriormente. • Efetivar gravações de sessões de avaliação psicológica sem o consentimento do (s) indivíduo (s) envolvido(s). • Realizar atividades de avaliação psicológica que interfiram no trabalho de outro colega. Utilizar material informatizado como substituição total da presença do psicólogo no processo de avaliação. Etapa 3 – Correção e interpretação dos resultados psicológicos no processo de correção e interpretação dos resultados colhidos na avaliação psicológica, cabe ao psicólogo: • Corrigir os instrumentos utilizados, seguindo os critérios e as tabelas apropriadas para cada finalidade. • Avaliar não só quantitativamente os comportamentos e respostas do sujeito, como também qualitativamente, integrando esses dados com as observações realizadas durante as entrevistas ou aplicação dos instrumentos. • Interpretar os resultados obtidos de forma dinâmica, considerando-os como uma estimativa de desempenho do (s) indivíduo (s) sob um dado conjunto de circunstâncias. • Considerar na interpretação dos resultados dos testes e escalas a atualidade das normas nas tabelas apresentadas, assim como a finalidade de sua avaliação. 13 • Utilizar a análise computadorizada dos resultados, caso assim preferir, somente como um apoio e nunca em total substituição às informações colhidas pelo psicólogo. • Arquivar os dados coletados, de forma confidencial, por um período mínimo de cinco anos, seguindo as normas estabelecidas no nosso código de ética. Etapa 4 – Elaboração de laudos psicológicos e entrevistas de devolução, ao elaborar um laudo psicológico ou realizar uma entrevista para devolução dos resultados obtidos no processo de avaliação, o psicólogo deverá: • Evitar ser influenciado, nas suas conclusões, por valores religiosos, preconceitos, distinções sociais ou pelas características físicas do (s) indivíduo(s) avaliado(s). • Elaborar o seu relatório de maneira clara, abrangendo o indivíduo em todos os seus aspectos, enfatizando a natureza dinâmica e circunstancial dos dados apresentados. • Utilizar-se de linguagem adequada aos destinatários, de modo a evitar as interpretações errôneas das informações, devendo sempre incluir recomendações específicas para os solicitantes. • Evitar fornecer resultados em forma de respostas certas e esperadas aos instrumentos psicológicos utilizados, considerando que tal comportamento inviabilizará o uso futuro destes instrumentos. • Respeitar o direito de cada indivíduo conhecer os resultados da avaliação psicológica, as interpretações feitas e as bases nas quais se fundamentam as conclusões. 14 • Devolver informações sobre avaliação de crianças e adolescentes para o seu responsável, garantindo-lhe o direito previsto em lei. • Guardar sigilo das informações obtidas e das conclusões elaboradas, observando que o anonimato deverá ser sempre mantido, quer seja em congressos, reuniões científicas, entrevistas a rádio ou televisão, situações da prática profissional, ensino ou pesquisa. • Redigir as informações obtidas no processo de avaliação psicológica em forma de laudo, mesmo que seja solicitado somente um parecer. Nesta situação, este laudo deverá ser arquivado, juntamente com as demais informações sobre o indivíduo. Desse o teste psicológico é uma medida objetiva e padronizada de uma amostra do comportamento do sujeito, tendo a função fundamental de mensurar diferenças entre indivíduos, ou entre as reações do mesmo indivíduo em diferentes momentos (VALENTE, 2016). Para que isso ocorra, de acordo com o referido autor quatro condições devem ser satisfeitas a fim de configurar status científico aos instrumentos de avaliação: • A existência de dados científicos sobre os instrumentos, sobretudo validade e precisão; • O registro preciso e objetivo de todas as respostas do sujeito, que em concordância com o tipo de prova podem ser gráficas, de execução ou verbais; • A existência de uma situação padronizada tanto para a aplicação quanto para as condições do material do teste, demonstrando objetividade e clareza nas instruções, de modo que o teste possa ser administrado igualmente para todos os sujeitos; 15 • A presença de normas padronizadas para avaliação e classificação das respostas que o sujeito apresentou, em relação a um grupo de referência; • A fim de ampliar, organizar e sistematizar as observações colhidas pelos testes psicológicos, a avaliação psicológica tem, como uma de suas principais ferramentas, a entrevista. Por fim, como já vimos os testes são de uso exclusivo de Psicólogos. Qualquer pessoa que não seja psicólogo, ao aplicar um teste, pratica o exercício ilegal da profissão, o que caracteriza contravenção penal, punível com prisão de 15 (quinze) dias a 03 (três) meses e multa. 3. ENTREVISTA PSICOLÓGICA Fonte: google.com Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2013) a entrevista psicológica é uma conversação dirigida a um propósito definido de avaliação. Sua função básica é prover o avaliador de subsídios técnicos acerca da conduta do candidato, completando os dados obtidos pelos demais instrumentos utilizados. Tavares (2002, apud Almeida, 2004) ressalta que as técnicas de entrevistas favorecem a manifestação das particularidades do sujeito, permitindo assim ao profissional: https://www.google.com/search?q=entrevista+psicol%C3%B3gica&tbm=isch&ved=2ahUKEwjX4cmt5K7mAhW8B7kGHTnXBtEQ2-cCegQIABAA&oq=entrevista&gs_l=img.1.0.0i67j0j0i131j0l7.20286.22382..23607...0.0..0.115.1009.6j4......0....1..gws-wiz-img.CYDALL8U7iI&ei=aoDxXdeEBLyP5OUPua6biA0&bih=591&biw=1007&rlz=1C1GCEU_pt-BRBR874BR874&hl=pt-BR#imgrc=3d4Zs2ZuQ1ngWM&imgdii=zIxnMbmZ8gzhKM 16 Acesso amplo e profundo ao outro, a seu modo de se estruturar e de se relacionar, mais do que qualquer outro método de coleta de informações. Por exemplo, a entrevista é a técnica de avaliação que pode mais facilmente se adaptar às variações individuais e de contexto, para atender às necessidades colocadas por uma grande diversidade de situações clínicas e para tornar explícitas particularidades que escapam a outros procedimentos. Por meio dela, pode-se testar limites, confrontar, contrapor e buscar esclarecimentos, exemplos e contextos para as respostas do sujeito. Esta adaptabilidade coloca a entrevista clínica em um lugar de destaque inigualável entre as técnicas de avaliação (p. 75). Segundo o referido autor, pode-se dizer que o objeto da entrevista psicológica é a relação entre entrevistador (a quem se pede ajuda) e o entrevistado (aquele que pede ajuda). Da mesma forma, mesmo que a entrevista psicológica seja usada com a finalidade explícita de se fazer algum tipo de avaliação, e nesse caso seu objeto seria o de avaliação de aspectos psicológicos da personalidade, a observação participante, como diz Sullivan (1970), ou a observação da interação,ou a observação do campo, segundo Bleger (1998), é o ponto básico e principal dessa técnica. Entretanto cabe salientar que, apesar de suas vantagens, a entrevista está sujeita a interpretações subjetivas do examinador (valores, estereótipos, preconceitos, etc.). Deve-se, portanto, planejar e sistematizar indicadores objetivos de avaliação correspondentes ao perfil examinado. Sem a manutenção destas condições, a avaliação psicológica corre o risco de ser ineficaz e ineficiente, razão pela qual reforça-se alguns cuidados básicos do trabalho com o seu instrumental (NUNES; NORONHA; AMBIEL, 2012). Pode-se encontrar muitos instrumentos de avaliação nos distribuidores, porém, deve-se selecionar aqueles que sejam adequados aos usuários, ao perfil desejado, validação, padronização, suporte teórico, entre outros. Indica-se a adoção dos seguintes critérios para a escolha dos instrumentos: • Validação e padronização com amostragem brasileira; 17 • Manual em português; • Boa qualidade gráfica e/ou do equipamento e, • Fundamentação teórica aceita pela comunidade científica. Fonte:talentosbrasil.com.br Em relação a avaliação psicológica no contexto judiciário é válido destacar que ambas caminham juntas. A inclusão da psicologia forense nos processos legais foi proveniente da necessidade da justiça de atestar a veracidade de um testemunho, de avaliar a capacidade psicológica de familiares em casos de disputa de guarda, com o objetivo de avaliar se o indivíduo tem ou não algum distúrbio que o incapacite de se responsabilizar pelo ato que cometeu, a avaliação psicológica foi introduzida em causas penais com a finalidade de periciar, e se fazer presente em questões relacionadas ao Direito de Família, ao Juizado da Infância e Juventude, ao Direito Civil, ao Direito Penal e ao Direito do Trabalho (COSTA, et al. 2015). Recorre-se à prova pericial das avaliações psicológicas quando os argumentos ou demais provas de que se dispõe não são suficientes para o convencimento do juiz em seu poder decisório, portanto, esta tem como finalidade última auxiliar o juiz em sua decisão acerca dos fatos que estão sendo julgados. (SILVA, 2003, apud JUNG, 2014, p. 2, apud COSTA, et al. 2015). 18 Conforme Silva (2003) citado por Costa et al. (2015) a influência dos laudos psicológicos nas decisões judiciais é de responsabilidade do psicólogo, apesar de saber que a decisão final será do juiz, o psicólogo forense deve ter uma postura neutra, imparcial, porém não perdendo o foco da solicitação feita pelos agentes judiciais, a escolha dos instrumentos que serão utilizados para o processo de avaliação psicológica deve se adequar as demandas do caso avaliado. Os testes são muito usados não apenas por serem instrumentos de uso exclusivo dos psicólogos, mas por fornecerem indícios mais acurados quanto às necessidades, às defesas psicológicas e aos prejuízos psíquicos, devem ser válidos e fidedignos, de forma a garantir seu uso de forma confiável. Apesar da constante discussão acerca da validade dos instrumentos de avaliação, uma pesquisa realizada por Rovinski e Elgues (1999 apud JUNG, 2014, apud COSTA et al., 2015) com psicólogos forenses no estado Rio Grande do Sul revelou que 87% dos participantes faziam uso de instrumentos psicológicos, além da entrevista clínica. Entre as técnicas mais utilizadas, foram citadas entrevistas, observações de comportamentos. Os testes projetivos e gráficos foram os mais citados (87%), seguidos dos percepto-motores (71%) e, em menor frequência, os inventários e escalas (18%). Com bases nestas pesquisas, os testes projetivos são mais aplicados no âmbito jurídico. Conforme Shine (2005, apud Costa et al., 2015) na entrevista o psicólogo pode envolver terceiros, pessoas da família que possam fornecer mais dados sobre o sujeito para conferir a fidedignidade das respostas fornecidas pelo avaliado. Os testes psicológicos geralmente devem responder as hipóteses levantadas pelo solicitante da avaliação. No Direito Penal, Rovinsky (2003 apud Jung, 2014, apud Costa et al., 2015) afirma que há a utilização dos exames de determinação da responsabilidade penal, quando se necessita esclarecer quão preservadas encontravam-se as capacidades de entendimento e autodeterminação do réu no momento do crime. O exame de insanidade mental, para determinar o grau de 19 culpabilidade, é muito solicitado, pois muitas vezes é utilizado deste artifício para se livrar de uma penalidade. Nos processos por danos morais, por meio da perícia psicológica, leva-se aos autos a realidade psíquica da vítima, o que auxilia na garantia dos direitos humanos ao permitir que tais vítimas reivindiquem seus direitos. Os exames de interdição, também, são pedidos frequentes no Judiciário e consistem em avaliar a capacidade civil do sujeito, se realmente não possui discernimento pleno para exercer os atos da vida civil. Nessas perícias o psicólogo utilizará com frequência testes que avaliam a inteligência e as funções neuropsicológicas, além dos testes que avaliam a personalidade (COSTA et al., 2015). Segundo Jung (2014, apud Costa et al., 2015), no Direito Trabalhista a perícia psicológica busca entender se há nexo de causalidade entre o sofrimento psicológico ou transtorno mental alegado pelo sujeito e o seu ambiente de trabalho, devendo atentar-se para a existência de transtornos psicológicos prévios por consequência de diferentes situações que ocorrem no trabalho, nos casos de assédio moral e o assédio sexual. O psicólogo, também, poderá realizar avaliações psicológicas periciais no contexto da delinquência juvenil; poderá emitir parecer para fornecer subsídios à decisão judicial, nessa avaliação, este profissional deve realizar um amplo e aprofundado estudo das condições psicológicas, socioculturais e familiares, a fim de atender, de fato, às necessidades do adolescente (SERAFIM; SAFFI, 2012 APUD JUNG, 2014, apud COSTA et al., 2015). Em testagem psicológica, o profissional deve realizar investigação in loco, visando conhecer as características dos comportamentos da criança ou do adolescente na escola, em casa e em outros contextos de interação e consequentemente deve também considerar os resultados de forma contextualizada, a partir dos resultados das demais técnicas e procedimentos conduzidos ao longo do processo, incluindo dados de outros profissionais como neurologistas e fonoaudiólogos. Para os casos de disputa de guarda, os avaliadores devem deter-se a examinar o ajustamento da criança, a saúde mental de cada um dos pais, a 20 atitude da criança com cada genitor, a atitude de cada genitor com a criança e a natureza do relacionamento entre os membros da família (JUNG, 2014, apud COSTA et al., 2015). Jung (2014) citado por Costa et al (2015) assegura que a ética do psicólogo forense não se diferencia dos psicólogos de outras áreas de atuação, devem ser observados os códigos de ética do CFP, devem sujeitar-se as avaliações aprovadas pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI). O psicólogo deve garantir o sigilo, assegurar ao avaliado quais os objetivos da avaliação e qual a demanda do judiciário. Jung (2014, apud Costa et al., 2015) afirma que no Brasil existe uma carência de pesquisas no campo da psicologia jurídica, existem poucos testes exclusivamente indicados para o contexto judicial, porém as demandas da sociedade moderna, os direitos humanos, pressionam para que novas técnicas sejam adaptadas. A autora, também, afirma que no Brasil, apenas dois instrumentos que são direcionados às avaliações psicológicas no âmbito jurídico, o PCL-R ou Escala Hare e o IFVD, em outros países existem vários instrumentos para auxiliar as avaliações psicológicas. O Conselho Federal de Psicologia (2013) propõe que, na área jurídica, é imprescindível que aposição do psicólogo no processo de avaliação psicológica seja informada a todos os envolvidos. Assim, sua função, bem como o sigilo do conteúdo das entrevistas e demais dados obtidos com a avaliação, será respeitada, mas aquilo que for relevante para a elucidação da matéria legal será encaminhado ao solicitante do relatório/laudo, evitando com isso transtornos no manejo das técnicas a ser empregadas na construção de qualquer tipo de registro. Vale lembrar que nesse processo estão envolvidos vários atores, entre eles juízes, procuradores, advogados e partes. Shine (2005) apud CFP (2013) registrou exemplo de perícia em ação de disputa de guarda em uma Vara de Família, realizada por uma psicóloga, conforme o episódio que se segue: [...]após entrevistar os adultos em litígio, ele chamou as crianças de 10 a 13 anos para uma entrevista psicológica. Na entrevista ficou sabendo 21 que o avô materno buscava manipular as reações das duas crianças a escreverem “bilhete de amor” à mãe. No enquadre feito com as crianças, o psicólogo garantiu total sigilo para que falassem como meio de assegurar a confiança no vínculo profissional-criança. Na hora de redigir o laudo, se deparou com quesitos complementares do advogado da parte contrária da mãe em que se perguntava ao profissional se os “bilhetes escritos pelas crianças eram autênticos”. Segundo o autor, o erro da psicóloga foi se posicionar como psicoterapeuta e utilizar, no referido caso, o mesmo enquadre para a guarda de sigilo de um psicodiagnóstico infantil, em vez de um enquadre de perícia psicológica, que tem [...] “como objetivo informar a quem de direito sobre o objeto da investigação” (Shine, 2005, p. 05-06, apud CRP, 2013). O sigilo deve ser mantido naquilo que for irrelevante na matéria de investigação. Na compreensão de Zamel e Werlang: Nas perícias psicológicas, os limites do sigilo e dos princípios de confidencialidade sempre deverão constar no consentimento informado de uma avaliação pericial. Fica assim estabelecida como mais uma tarefa inicial de uma perícia colocar para o avaliando quem terá acesso ao laudo e o que poderá constar neste documento. Porém observa-se uma importante diferença entre quebra de confidencialidade (juiz, promotor e advogado tendo acesso aos documentos periciais) e inconfidencialidade, sendo este último um cuidado importante por parte do perito de não permitir o acesso às informações por parte de terceiros. Ainda no campo da avaliação pericial, ressalta-se a importância do posicionamento legítimo e fundamentado em dados empíricos do perito que conduz a avaliação psicológica. Se um psicólogo é chamado pelo sistema judicial para responder a quesitos relativos, por exemplo, à existência de dano moral ou outros que possam implicar a perda de pátrio poder, a institucionalização infantil ou a guarda de uma criança, é porque sua formação o capacitara a compreender a dinâmica envolvida nos casos avaliados e as consequências psicológicas dessas decisões. Assim, pouco contribui quando um perito responde aos quesitos sobre os quais é questionado de forma vaga ou leniente, deixando o juiz com poucos argumentos para uma tomada de decisão em prol da saúde mental e do bem-estar dos envolvidos (CRP, 2013). 22 Da mesma forma que na área pericial, os cuidados com o sigilo de dados na área de saúde, da educação e do trabalho vão além daquilo que se quer resguardar, pois nessas circunstâncias está implicado o vínculo de confiança estabelecido entre os envolvidos. Desse modo, todo informe requer a anuência de quem está sendo submetido ao processo de avaliação. Essa é uma recomendação que pode ser estendida a outros campos de atuação do psicólogo (CRP, 2013). 4. DAS CONDIÇÕES DO APLICADOR Fonte: viacarreira.com Conforme CRP-RJ (2005), os psicólogos só obtiveram a regulamentação do seu trabalho no sistema penitenciário em 1984, com a criação da Lei de Execução Penal (LEP). Ressalva-se que antes mesmo da promulgação dessa lei os psicólogos já desenvolviam suas práticas principalmente nos manicômios judiciários, hoje chamados de Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. Nos antigos manicômios judiciários, os estudantes e psicólogos, contratados ou remanejados de outras secretarias do estado, faziam atendimentos a internos e seus familiares, elaboravam pareceres e https://viacarreira.com/como-ser-fiscal-do-enem/ 23 acompanhavam a evolução do tratamento dispensado aos “loucos infratores”. (CONSELHO, 2005, p. 4). Por meio da Lei de execução Penal, Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, foram instituídos o exame criminológico, a classificação da personalidade do sujeito junto à comissão técnica de classificação (CTC) composta por um psicólogo, um assistente social, um psiquiatra, dois chefes de serviço e presidida pelo diretor da unidade prisional; nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social (Art. 7º). Segundo CFP (2007) citado por Costa et al., (2015) foi por meio desta lei que a prática do psicólogo na área da execução penal foi se aperfeiçoando ao longo dos anos, sem uma formação específica nesse campo de intervenção, já que não era uma discussão privilegiada nos meios acadêmicos. A inserção do psicólogo nestes estabelecimentos prisionais e as atuações serão definidas por seu estilo próprio, seu potencial criativo e as condições institucionais, moldando sua forma de atuar, mesmo tendo como função principal realizar perícia, ou seja, elaborar laudos e/ou pareceres psicológicos para integrar o exame criminológico. Apesar das diferenças regionais, a presença dos psicólogos nas prisões tem sido marcada por muitas lutas e confrontos diários, diante da cultura prisional imposta e por questionamentos sobre a prática pericial do exame criminológico diante desta problemática o CFP regulamentou a Resolução nº 012/2011 que formalizou a atuação do psicólogo no âmbito do sistema prisional. A resolução do CFP nº 017/2012 compreende a atuação do psicólogo como perito, destinando-se a responder questões específicas mediante aplicação de observações, vi sitas domiciliares e institucionais, aplicação de testes psicológicos, utilização de recursos lúdicos e outros instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pela ciência psicológica. O psicólogo deve prezar pelo princípio da autonomia teórico-técnica e ético- -profissional, explicando e informando ao periciando sobre o objetivo, esclarecimento das técnicas utilizadas, data e local da avaliação pericial psicológica. 24 O sigilo dos documentos e avaliações é de total responsabilidade do psicólogo e, quando atuar em equipe multidisciplinar, deve fornecer informações estritamente necessárias às intervenções específicas àquele profissional. Bernadi (2010, apud Costa et al., 2015) afirma que o psicólogo é responsável pelo fornecimento de informação ao magistrado para a decisão do processo judicial, como também trabalhar todas as dimensões do caso. Segundo o referido autor a avaliação psicológica nas instituições é realizada por meio de técnicas e instrumentos psicológicos, os quais são direcionados por meio da dinâmica entre a problemática diagnosticada por avaliações psicológicas de novos internos; avaliações psicológicas solicitadas por advogados e/ou judiciário; avaliações psicológicas pré e pós- encarceramento; acompanhamento de internos com demandas psíquicas e/ou psicopatológicas: depressão, síndrome de abstinência, psicoses, ansiedades generalizadas, conflitos psíquicos; orientação a familiares com o objetivo de fortalecimento dos vínculos com o interno; suporte pré-julgamento; suporte para o retorno ao mundo extramuros, solicitado pelo judiciário, e a decisão final do cumprimento penal, no atendimento na instituição judiciária. Emrelação aos estudantes de psicologia, poderão atuar como aplicadores e avaliadores, desde que sob supervisão direta de psicólogo, de acordo com a Lei N.º 8.859/94 e normas. 25 Fonte: tecnicasdeentrevista.com Sendo certo que os instrumentos e o material a ser usado, a apresentação, a postura e o tom de voz do aplicador e as possíveis interferências externas, podem alterar os resultados do usuário, é importante que se leve em consideração alguns detalhes importantes: • Certificar-se dos objetivos da aplicação, para que possam ser escolhidos os instrumentos que poderão fornecer os melhores indicadores; • Planejar a aplicação dos testes, levando em consideração o tempo necessário bem como o horário mais adequado; • Estar preparado tecnicamente para a utilização dos instrumentos de avaliação escolhidos, estando treinado para todas as etapas do processo de testagem, podendo oferecer respostas precisas às eventuais questões levantadas pelos candidatos, transmitindo-lhes, assim, segurança; • Treinar previamente a leitura das instruções para poder se expressar de forma espontânea durante as instruções; • Quando utilizar cadernos de teste reutilizáveis, verificar sempre suas condições de uso, tais como manchas ou rasuras. Nunca usar testes que apresentem quaisquer alterações que possam interferir no processo de avaliação e seus resultados; • Assegurar-se que o material de teste (cadernos de teste, folhas de respostas, lápis, borracha, etc.) está em número suficiente para todos os candidatos. Deixar sempre o material de reserva, prevenindo eventualidades; • Utilizar vestuário adequado à situação de testagem, evitando o uso de quaisquer estímulos que possam interferir na concentração do candidato; • Registrar as necessárias observações do comportamento durante o teste, de forma a colher material que possa enriquecer a posterior análise dos resultados. A forma de aplicação faz parte da padronização de um teste. Por conseguinte, a sua validade passa, necessariamente, por uma adequada 26 aplicação. Reduções de testes não previstas pelos manuais, utilização de cópias reprográficas ou originais com baixa qualidade de impressão, e instruções diferentes das estabelecidas na padronização, são alguns dos fatores que comprometem a validade dos testes e, por conclusão, os objetivos por que são utilizados. Portanto, na aplicação de qualquer instrumento de avaliação psicológica, devem ser observadas rigorosamente as determinações do seu manual. Assim, devem ser seguidas algumas recomendações básicas e imprescindíveis: • Verificar as condições físicas do candidato ou testando, tais como, se ele tomou alguma medicação que possa interferir no seu desempenho; se possui problemas visuais; se está bem alimentado e descansado. Verificar também se o candidato não está passando por algum problema situacional ou qualquer outro fator existencial que possa alterar o seu comportamento; • Como regra padrão, antes de iniciar a testagem, estabelecer o “rapport”, esclarecendo eventuais dúvidas e informando os objetivos do teste; • Aplicar os testes de forma clara e objetiva, inspirando tranquilidade, evitando, com isto, acentuar a ansiedade situacional típica da situação de teste; • Seguir, rigorosamente, as instruções do manual sem, entretanto, assumir uma postura estereotipada e rígida, razão do porquê é dever do aplicador treinar exaustivamente antes da aplicação; Além das recomendações relativas à aplicação do teste é imprescindível considerar a importância do ambiente quanto à sua adequação. Assim, um ambiente correto deve possuir, no mínimo, as seguintes características: 27 • O ambiente físico de uma sala de aplicação individual deve ter, no mínimo, as dimensões de quatro metros quadrados. Uma sala de aplicação de testes coletivos deve possuir, no mínimo, dois metros quadrados por candidato. Estas medidas são necessárias para o conforto do candidato, reduzindo efeitos negativos, facilitando as tarefas de observação do aplicador e reduzindo as possibilidades de comunicação entre os testando ou que um observe o teste de outro; • O ambiente deve estar bem iluminado por luz natural ou artificial fria, evitando-se sombras ou ofuscamento; • As condições de ventilação devem ser adequadas à situação de teste, considerando-se as peculiaridades regionais do país; • Deve ser mantida uma adequada higienização do ambiente, tanto na sala de recepção como nas salas de teste, escritórios, sanitários e anexos; • As salas de teste devem ser indevassáveis, de forma a evitar interferência ou interrupção na execução das tarefas dos candidatos; Veja a baixo as considerações do Conselho Federal de Psicologia - 2013 De fato, avaliar é uma atividade que implica juízo de valores e requer atenção por parte dos profissionais. Por isso, é imprescindível que os psicólogos sejam rigorosos no emprego das técnicas, com observância às pesquisas produzidas sobre o construto o qual está buscando compreender antes de emitir parecer e sobre a melhor forma de conduzir um processo avaliativo. Isso exige, do profissional, atualizações na área e, dos órgãos de classe, maior atenção ao ensino da avaliação psicológica. 28 Uma das infrações éticas que repercutem com maior impacto social é a imperícia no uso de procedimentos avaliativos para os quais os profissionais não foram qualificados nos cursos de graduação neste país, sobretudo no que se refere aos campos de atuação emergentes. Para o êxito de uma avaliação, é fundamental o conhecimento da sua finalidade e do contexto no qual os resultados obtidos poderão ser úteis. Cada um deles exige do profissional procedimentos específicos. Nesse sentido, para atender às demandas sociais, é imprescindível também que o psicólogo avaliador se aproprie continuamente dos avanços de outras áreas, como é o caso dos estudos sobre Bioética ou sobre o uso de tecnologia informatizada na prática de psicólogos. A discussão dessas novas pesquisas pode contribuir para futuras atualizações sobre os preceitos éticos e deontológicos que devem nortear a profissão. Do Material Utilizado Com os avanços na compreensão da doença mental, da psicopatologia, e, sobretudo, com a introdução do enfoque psicodinâmico como um modelo de compreensão do psiquismo, surgiu o interesse da área de desenvolver instrumentos que propiciassem uma visão dinâmica das individualidades e integrassem aspectos qualitativos do universo subjetivo. Isso estimulou o aparecimento de vários procedimentos que mais tarde vieram a ser denominados de testes projetivos. Esses instrumentos possibilitaram apreender a personalidade do indivíduo avaliado como fenômeno dinâmico e global, favorecendo outra postura profissional, tanto em relação ao modo de fazer avaliações psicológicas quanto em relação aos seus objetivos (CRP, 2013). 29 Fonte: rotajuridica.com.br Os testes psicológicos, independentemente de sua natureza, rapidamente atenderam às necessidades da sociedade e foram inseridos no contexto militar, industrial e institucional. Assim, é pertinente lembrar que o crescente progresso da ciência psicológica e o fortalecimento dos pilares básicos para o desenvolvimento dos testes colaboraram com a expansão do uso desses instrumentos nas primeiras cinco décadas do século XX. O teste psicológico, para ser reconhecido como instrumento de caráter científico, precisa, necessariamente, ser padronizado, o que, quando da sua utilização, exige o uso também padronizado do instrumento. Assim, também o aplicador, nos seus limites de atuação, deve padronizar o material não fornecido pelo teste original e que será utilizado na sua aplicação. Para os demais materiais, seguir rigorosamente as determinações de seusautores. Assim, este manual, considera essenciais os seguintes itens básicos: • Utilizar sempre testes originais. Quando se tratar de material reutilizável, verificar se permanecem em perfeito estado de uso; • Quando o manual do teste determinar a utilização de lápis para sua aplicação, seguir rigorosamente as recomendações quanto ao tipo de grafite e a cor. Como medida de precaução, deixar alguns lápis extras em condições de uso como reserva para eventualidades; 30 • Devem ser utilizadas mesas e cadeiras para teste que facilitem a postura do candidato, que não sejam incômodas e cujo tempo tenha as dimensões necessárias para a execução das tarefas do candidato. É recomendado que não sejam utilizadas carteiras universitárias. De acordo com os Art. 10 e 16 desta mesma Resolução CFP n.º 002/2003, só é permitida a utilização dos testes psicológicos aprovados pelo CFP, e será considerada falta ética a utilização de instrumento que não esteja em condições de uso, salvo os casos de pesquisa (CFP, 2003, apud PADILHA et al., 2007). O uso de testes não-avaliados ou reprovados pela Comissão Consultiva é prejudicial tanto para ciência psicológica, quanto para os profissionais da categoria, que perdem a credibilidade do seu trabalho perante a sociedade. Desse modo, é preciso reverter essa situação, por meio de maior mobilização dos órgãos e associações de classe da psicologia, assim como de pesquisadores, profissionais e estudantes, em um processo de conscientização para a utilização de instrumentos confiáveis que ofereçam melhores serviços à sociedade (PADILHA et al., 2007). 5 DA MENSURAÇÃO E AVALIAÇÃO Ao corrigir e avaliar um teste, o profissional deve seguir rigorosamente as normatizações apresentadas pelo manual. Alguns testes possuem padronização desatualizadas. Procure manter-se atualizado com relação às publicações científicas e novas pesquisas, pois serão através delas que novas padronizações estarão disponibilizadas. O CRP (2003), enfatiza que ao proceder à correção e a avaliação de instrumentos psicológicos, seguir criteriosamente os indicadores e escalas apresentadas nos seus respectivos manuais. 31 Os instrumentos psicométricos estão, basicamente, fundamentados em valores estatísticos que indicam sua sensibilidade (ou adaptabilidade do teste ao grupo examinado), sua precisão (fidedignidade nos valores quanto à confiabilidade e estabilidade dos resultados) e validade (segurança de que o teste mede o que se deseja medir). O profissional de psicologia deve estar também atento para que a mensuração das respostas de um teste e a sua interpretação (avaliação) estejam rigorosamente de acordo com as pesquisas iniciais que permitiram a sua construção e padronização (PADILHA et al., 2007). A forma da mensuração e da avaliação de um instrumento de avaliação psicológica, quando da sua construção, devem fazer parte do conjunto de exigências para sua validação e padronização, concedendo ao teste o seu nível de precisão, fidedignidade e validade (PADILHA et al., 2007). Para proceder a mensuração e avaliação de um teste, o profissional deve seguir rigorosamente as determinações do seu manual, determinações estas padronizadas quando da validação do instrumento. Assim, qualquer variação que ocorra, pode comprometer os resultados (PADILHA et al., 2007). Por outro lado, de acordo com o referido autor na medida que alguns testes estão com sua padronização desatualizada, é essencial que o profissional se mantenha atualizado quanto às publicações científicas e às novas pesquisas, através das quais as atualizações são disponibilizadas. Ao proceder a mensuração e a avaliação de testes psicológicos, devem ser seguidos os indicadores e escalas apresentadas nos seus manuais; verificar ainda, as normas relativas ao grupo de referência à qual pertencem os sujeitos avaliados. Qualquer norma é restrita à população da qual foi derivada. Elas não são absolutas, universais ou permanentes. Elas podem variar de acordo com a época, os costumes e a evolução da cultura. Daí a necessidade periódica de pesquisas de atualização. Por outro lado, 32 dependendo da população para o qual as normas foram estabelecidas, elas podem ser nacionais, regionais, locais ou específicas. Os resultados dos testes psicológicos são interpretados através de normas, ou seja, pelo conjunto de resultados obtidos a partir de amostras de padronização. A amostra de padronização ou normativa constitui-se um grupo representativo de pessoas nas quais o teste foi aplicado. 6. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA SOBRE DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS DECLARAÇÃO Conceito e finalidade da declaração: É um documento que visa a informar a ocorrência de fatos ou situações objetivas relacionado ao atendimento psicológico, com a finalidade de declarar: • Comparecimentos do atendido e/ou do seu acompanhante, quando necessário; • Acompanhamento psicológico do atendido; • Informações sobre as condições do atendimento (tempo de acompanhamento, dias ou horários). • Neste documento não deve ser feito o registro de sintomas, situações ou estados psicológicos. Estrutura da declaração a) Ser emitida em papel timbrado ou apresentar na subscrição do documento o carimbo, em que conste nome e sobrenome do psicólogo, acrescido de sua inscrição profissional ("Nome do psicólogo / N.º da inscrição"). 33 b) A declaração deve expor: - Registro do nome e sobrenome do solicitante; - Finalidade do documento (por exemplo, para fins de comprovação); - Registro de informações solicitadas em relação ao atendimento (por exemplo: se faz acompanhamento psicológico, em quais dias, qual horário); - Registro do local e data da expedição da declaração; - Registro do nome completo do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou carimbo com as mesmas informações. Assinatura do psicólogo acima de sua identificação ou do carimbo. ATESTADO PSICOLÓGICO Conceito e finalidade do atestado: É um documento expedido pelo psicólogo que certifica uma determinada situação ou estado psicológico, tendo como finalidade afirmar sobre as condições psicológicas de quem, por requerimento, o solicita, com fins de: • Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante; • Justificar estar apto ou não para atividades específicas, após realização de um processo de avaliação psicológica, dentro do rigor técnico e ético que subscreve esta Resolução; • Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, subsidiado na afirmação atestada do fato, em acordo com o disposto na Resolução CFP Nº 015/96. Estrutura do atestado A formulação do atestado deve restringir-se à informação solicitada pelo requerente, contendo expressamente o fato constatado. Embora seja um documento simples, deve cumprir algumas formalidades: 34 a) Ser emitido em papel timbrado ou apresentar na subscrição do documento o carimbo, em que conste o nome e sobrenome do psicólogo, acrescido de sua inscrição profissional ("Nome do psicólogo / N.º da inscrição"). b) O atestado deve expor: - Registro do nome e sobrenome do cliente; - Finalidade do documento; - Registro da informação do sintoma, situação ou condições psicológicas que justifiquem o atendimento, afastamento ou falta - podendo ser registrado sob o indicativo do código da Classificação Internacional de Doenças em vigor; - Registro do local e data da expedição do atestado; - Registro do nome completo do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou carimbo com as mesmas informações; - Assinatura do psicólogo acima de sua identificação ou do carimbo. Os registros deverão estar transcritos de forma corrida, ou seja, separados apenas pela pontuação, sem parágrafos, evitando, com isso, riscos de adulterações. No caso em que seja necessária a utilização de parágrafos,o psicólogo deverá preencher esses espaços com traços. O atestado emitido com a finalidade expressa no item 2.1, alínea b, deverá guardar relatório correspondente ao processo de avaliação psicológica realizado, nos arquivos profissionais do psicólogo, pelo prazo estipulado nesta resolução, item V. RELATÓRIO PSICOLÓGICO Conceito e finalidade do relatório psicológico: O relatório psicológico é uma apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica. Como todo DOCUMENTO, deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um instrumental técnico (entrevistas, 35 dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, intervenção verbal), consubstanciado em referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo psicólogo. A finalidade do relatório psicológico será a de apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo da avaliação psicológica, relatando sobre o encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico e evolução do caso, orientação e sugestão de projeto terapêutico, bem como, caso necessário, solicitação de acompanhamento psicológico, limitando-se a fornecer somente as informações necessárias relacionadas à demanda, solicitação ou petição. Estrutura O relatório psicológico é uma peça de natureza e valor científicos, devendo conter narrativa detalhada e didática, com clareza, precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao destinatário. Os termos técnicos devem, portanto, estar acompanhados das explicações e/ou conceituação retiradas dos fundamentos teórico-filosóficos que os sustentam. O relatório psicológico deve conter, no mínimo, 5 (cinco) itens: identificação, descrição da demanda, procedimento, análise e conclusão. Identificação Descrição da demanda (essa expressão estava em laudo) Procedimento Análise Conclusão Identificação É a parte superior do primeiro tópico do documento com a finalidade de identificar: 36 O autor/relator - quem elabora; O interessado - quem solicita; O assunto/finalidade - qual a razão/finalidade. No identificador AUTOR/RELATOR, deverá ser colocado o(s) nome(s) do(s) psicólogo(s) que realizará(ão) a avaliação, com a(s) respectiva(s) inscrição(ões) no Conselho Regional. No identificador INTERESSADO, o psicólogo indicará o nome do autor do pedido (se a solicitação foi da Justiça, se foi de empresas, entidades ou do cliente). No identificador ASSUNTO, o psicólogo indicará a razão, o motivo do pedido (se para acompanhamento psicológico, prorrogação de prazo para acompanhamento ou outras razões pertinentes a uma avaliação psicológica). Descrição da demanda Esta parte é destinada à narração das informações referentes à problemática apresentada e dos motivos, razões e expectativas que produziram o pedido do documento. Nesta parte, deve-se apresentar a análise que se faz da demanda de forma a justificar o procedimento adotado. Procedimento A descrição do procedimento apresentará os recursos e instrumentos técnicos utilizados para coletar as informações (número de encontros, pessoas ouvidas etc) à luz do referencial teórico-filosófico que os embasa. O procedimento adotado deve ser pertinente para avaliar a complexidade do que está sendo demandado. Análise 37 É a parte do documento na qual o psicólogo faz uma exposição descritiva de forma metódica, objetiva e fiel dos dados colhidos e das situações vividas relacionados à demanda em sua complexidade. Como apresentado nos princípios técnicos, "O processo de avaliação psicológica deve considerar que os objetos deste procedimento (as questões de ordem psicológica) têm determinações históricas, sociais, econômicas e políticas, sendo as mesmas elementos constitutivos no processo de subjetivação. O DOCUMENTO, portanto, deve considerar a natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo". Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação teórica que sustenta o instrumental técnico utilizado, bem como princípios éticos e as questões relativas ao sigilo das informações. Somente deve ser relatado o que for necessário para o esclarecimento do encaminhamento, como disposto no Código de Ética Profissional do Psicólogo. O psicólogo, ainda nesta parte, não deve fazer afirmações sem sustentação em fatos e/ou teorias, devendo ter linguagem precisa, especialmente quando se referir a dados de natureza subjetiva, expressando-se de maneira clara e exata. Conclusão Na conclusão do documento, o psicólogo vai expor o resultado e/ou considerações a respeito de sua investigação a partir das referências que subsidiaram o trabalho. As considerações geradas pelo processo de avaliação psicológica devem transmitir ao solicitante a análise da demanda em sua complexidade e do processo de avaliação psicológica como um todo. Vale ressaltar a importância de sugestões e projetos de trabalho que contemplem a complexidade das variáveis envolvidas durante todo o processo. Após a narração conclusiva, o documento é encerrado, com indicação do local, data de emissão, assinatura do psicólogo e o seu número de inscrição no CRP. 38 RELATÓRIO MULTIPROFISSIONAL O relatório multiprofissional é resultante da atuação da(o) psicóloga(o) em contexto multiprofissional, podendo ser produzido em conjunto com profissionais de outras áreas, preservando-se a autonomia e a ética profissional dos envolvidos. I - A(o) psicóloga(o) deve observar as mesmas características do relatório psicológico nos termos do artigo 11. II - As informações para o cumprimento dos objetivos da atuação multiprofissional devem ser registradas no relatório, em conformidade com o que institui o Código de Ética Profissional do Psicólogo em relação ao sigilo. Estrutura: O relatório multiprofissional deve apresentar, no que tange à atuação da(o) psicóloga(o), asinformações da estrutura detalhada abaixo, em forma de itens ou texto corrido. I - O Relatório Multiprofissional é composto de cinco itens: a) Identificação; b) Descrição da demanda; c) Procedimento; d) Análise; e) Conclusão Identificação: Neste item, a(o) psicóloga(o) deve fazer constar no documento: I - Título: "Relatório Multiprofissional"; II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome completo ou nome social completo e, quando necessário, outras informações sócio demográficas; III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento, especificando se a solicitação foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, 39 instituições públicas ou privadas, pela(o) própria(o) usuária(o) do processo de trabalho prestado ou por outros interessados; IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido; V - Nome das autoras(res): identificação do nome completo ou nome social completo das(os) profissionais responsáveis pela construção do documento, com indicação de sua categoria profissional e o respectivo registro em órgão de classe, quando houver. Descrição da demanda: Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or) do documento, deve descrever as informações sobre o que motivou a busca pelo processo de trabalho multiprofissional, indicando quem forneceu as informações e as demandas que levaram à solicitação do documento. I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e deverá apresentar o raciocínio técnico-científico que justificará procedimentos utilizados pela(o) psicóloga(o) e/ou pela equipe multiprofissional. Procedimento: Devem ser apresentados o raciocínio técnico-científico, que justifica o processo de trabalho realizado pela(o) psicóloga(o) e/ou pela equipe multiprofissional,e todos os procedimentos realizados pela(o) psicóloga(o), especificando o referencial teórico que fundamentou suas análises e interpretações. A descrição dos procedimentos e/ou técnicas privativas da Psicologia deve vir separada das descritas pelas(os) demais profissionais. Análise: Neste item orienta-se que cada profissional faça sua análise separadamente, identificando, com subtítulo, o nome e a categoria profissional. I - O relatório multiprofissional não isenta a(o) psicóloga(o) de realizar o registro documental, conforme Resolução CFP n.º 01/2009 ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la. Conclusão: 40 A conclusão do relatório multiprofissional pode ser realizada em conjunto, principalmente nos casos em que se trate de um processo de trabalho interdisciplinar. A(O) psicóloga(o) deve elaborar a conclusão a partir do relatado na análise, considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo, podendo constar encaminhamento, orientação e sugestão de continuidade do atendimento ou acolhimento. I - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão, carimbo, em que conste nome completo ou nome social completo dos profissionais, e os números de inscrição na sua categoria profissional, com todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura da(o) psicóloga(o) na última página. II - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do relatório multiprofissional, que este não poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no item de identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata de documento extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao relatório multiprofissional por parte da pessoa, grupo ou instituição, após a sua entrega em entrevista devolutiva. LAUDO PSICOLÓGICO O laudo psicológico é o resultado de um processo de avaliação psicológica, com finalidade de subsidiar decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda. Apresenta informações técnicas e científicas dos fenômenos psicológicos, considerando os condicionantes históricos e sociais da pessoa, grupo ou instituição atendida. I - O laudo psicológico é uma peça de natureza e valor técnico-científico. Deve conter narrativa detalhada e didática, com precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao destinatário, em conformidade com os preceitos do Código de Ética Profissional do Psicólogo. II - Deve ser construído com base no registro documental elaborado pela(o) psicóloga(o), em conformidade com a Resolução CFP n.º 01/2009, ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la, e na interpretação e análise dos dados obtidos por meio de métodos, técnicas e procedimentos reconhecidos cientificamente 41 para uso na prática profissional, conforme Resolução CFP n.º 09/2018 ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la. III - Deve considerar a demanda, os procedimentos e o raciocínio técnico- científico da profissional, fundamentado teórica e tecnicamente, bem como suas conclusões e recomendações, considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo. IV - O laudo psicológico deve apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo de avaliação psicológica, limitando-se a fornecer as informações necessárias e relacionadas à demanda e relatar: o encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico, a hipótese diagnóstica, a evolução do caso, orientação e/ou sugestão de projeto terapêutico. V - Nos casos em que a(o) psicóloga(o) atue em equipes multiprofissionais, e havendo solicitação de um documento decorrente da avaliação, o laudo psicológico ou informações decorrentes da avaliação psicológica poderão compor um documento único. VI - Na hipótese do inciso anterior, é indispensável que a(o) psicóloga(o) registre informações necessárias ao cumprimento dos objetivos da atuação multiprofissional, resguardando o caráter do documento como registro e a forma de avaliação em equipe. VII - Deve-se considerar o sigilo profissional na elaboração do laudo psicológico em conjunto com equipe multiprofissional, conforme estabelece o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Estrutura: O laudo psicológico deve apresentar as informações da estrutura detalhada abaixo, em forma de itens. I - O Laudo Psicológico é composto de seis itens: a) Identificação; b) Descrição da demanda; c) Procedimento; d) Análise; e) Conclusão; 42 f) Referências. Identificação: Neste item, a(o) psicóloga(o) deve fazer constar no documento: I - Título: "Laudo Psicológico"; II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome completo ou nome social completo e, quando necessário, outras informações sócio demográficas; III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento, especificando se a solicitação foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pela(o) própria(o) usuária(o) do processo de trabalho prestado ou por outras(os) interessadas(os); IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido; V - Nome da(o) autora(or): identificação do nome completo ou nome social completo da(do) psicóloga(o) responsável pela construção do documento, com a respectiva inscrição no Conselho Regional de Psicologia. Descrição da demanda: Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or) do documento, deve descrever as informações sobre o que motivou a busca pelo processo de trabalho prestado, indicando quem forneceu as informações e as demandas que levaram à solicitação do documento. I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e deverá apresentar o raciocínio técnico-científico que justificará procedimentos utilizados. Procedimento. Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do laudo deve apresentar o raciocínio técnico-científico que justifica o processo de trabalho realizado pela(o) psicóloga(o) e os recursos técnico-científicos utilizados no processo de avaliação psicológica, especificando o referencial teórico metodológico que fundamentou suas análises, interpretações e conclusões. I - Cumpre, à(ao) autora(or) do laudo, citar as pessoas ouvidas no processo de trabalho desenvolvido, as informações objetivas, o número de encontros e o tempo de duração do processo realizado. II - Os procedimentos adotados devem ser pertinentes à complexidade do 43 que está sendo demandado e a(o) psicóloga(o) deve atender à Resolução CFP n.º 09/2018, ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la. Análise: Nessa parte do documento, a(o) psicóloga(o) deve fazer uma exposição descritiva, metódica, objetiva e coerente com os dados colhidos e situações relacionadas à demanda em sua complexidade considerando a natureza dinâmica, não definitiva e não-cristalizada do seu objeto de estudo. I - A análise não deve apresentar descrições literais das sessões ou atendimentos realizados, salvo quando tais descrições se justifiquem tecnicamente. II - Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação teórica que sustenta o instrumental técnico utilizado, bem como os princípios éticos e as questões relativas ao sigilo das informações. Somente deve ser relatado o que for necessário para responder a demanda, tal qual disposto no Código de Ética Profissional do Psicólogo. III - A(o) psicóloga(o) não deve fazer afirmações sem sustentação em fatos ou teorias, devendo ter linguagem objetiva e precisa, especialmente quando se referir a dados de natureza subjetiva. Conclusão: Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do laudo deve descrever suas conclusões a partir do que foi relatado na análise, considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo. I - Na conclusão indicam-se os encaminhamentos e intervenções, diagnóstico, prognósticoe hipótese diagnóstica, evolução do caso, orientação ou sugestão de projeto terapêutico. II - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão, carimbo, em que conste nome completo ou nome social completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional, com todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura da(o) psicóloga(o) na última página. 44 III - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do laudo, que este não poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no item de identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata de documento extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao laudo por parte da pessoa, grupo ou instituição, após a sua entrega em entrevista devolutiva. Referências: Na elaboração de laudos, é obrigatória a informação das fontes científicas ou referências bibliográficas utilizadas, em nota de rodapé, preferencialmente. PARECER Conceito e finalidade do parecer: Parecer é um documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo. O parecer tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no campo do conhecimento psicológico, através de uma avaliação especializada, de uma "questão-problema", visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão, sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que exige de quem responde competência no assunto. Estrutura O psicólogo parecerista deve fazer a análise do problema apresentado, destacando os aspectos relevantes e opinar a respeito, considerando os quesitos apontados e com fundamento em referencial teórico-científico. Havendo quesitos, o psicólogo deve respondê-los de forma sintética e convincente, não deixando nenhum quesito sem resposta. Quando não houver dados para a resposta ou quando o psicólogo não puder ser categórico, deve-se utilizar a expressão "sem elementos de convicção". Se o quesito estiver mal 45 formulado, pode-se afirmar "prejudicado", "sem elementos" ou "aguarda evolução". O parecer é composto de 4 (quatro) itens: Identificação Exposição de motivos Análise Conclusão Identificação Consiste em identificar o nome do parecerista e sua titulação, o nome do autor da solicitação e sua titulação. Exposição de Motivos Destina-se à transcrição do objetivo da consulta e dos quesitos ou à apresentação das dúvidas levantadas pelo solicitante. Deve-se apresentar a questão em tese, não sendo necessária, portanto, a descrição detalhada dos procedimentos, como os dados colhidos ou o nome dos envolvidos. Análise A discussão do PARECER PSICOLÓGICO se constitui na análise minuciosa da questão explanada e argumentada com base nos fundamentos necessários existentes, seja na ética, na técnica ou no corpo conceitual da ciência psicológica. Nesta parte, deve respeitar as normas de referências de trabalhos científicos para suas citações e informações. Conclusão 46 Na parte final, o psicólogo apresentará seu posicionamento, respondendo à questão levantada. Em seguida, informa o local e data em que foi elaborado e assina o documento. 7. REFERÊNCIAS DE ALMEIDA, Nemésio Vieira. A entrevista psicológica como um processo dinâmico e criativo. Psic, São Paulo , v. 5, n. 1, p. 34-39, jun. 2004 . ARAUJO, Maria de Fátima. Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Psicol. teor. prat., São Paulo, v. 9, n. 2, p. 126-141, dez. 2007. CESCON, Luciana França. Avaliação psicológica: passado, presente e futuro. Est. Inter. Psicol., Londrina , v. 4, n. 1, p. 99-109, jun. 2013. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Manual de Elaboração de Documentos Decorrentes de Avaliações Psicológicas Resolução CFP N.º 007/2003. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Avaliação Psicológica. Diretrizes na regulamentação da profissão. Brasília – DF. 2010. FORMIGA, N.S. & Mello, I. (2000). Testes psicológicos e técnicas projetivas: Uma integração para um desenvolvimento da interação interpretativa indivíduo- psicólogo. Psicologia: Ciência e Profissão, 20, 8-11. Hoffmann, M.H., Carbonelli, E. & Montoro, L. (1996). Álcool e segurança no trânsito (II): a infração e sua prevenção. Psicologia: Ciência e Profissão, 16, 2, 25-30. MENDES, Lorena Samara et al. Conceitos de avaliação psicológica: conhecimento de estudantes e profissionais. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 33, n. 2, p. 428-445, 2013. http://www.crpsp.org.br/portal/orientacao/resolucoes_cfp/fr_cfp_007-03.aspx 47 NUNES, Maiana Farias Oliveira; NORONHA, Ana Paula Porto; AMBIEL, Rodolfo Augusto Matteo. Entrevistas devolutivas em pesquisa em avaliação Psicológica. Psicol. cienc. prof. , Brasília, v. 32, n. 2, p. 496-505, 2012. PADILHA, Sandra; NORONHA, Ana Paula Porto; FAGAN, Clarissa Zanchet. Instrumentos de avaliação psicológica: uso e parecer de psicólogos. Aval. psicol., Porto Alegre , v. 6, n. 1, p. 69-76, jun. 2007 PASQUALI, L. (1999). Instrumentos psicológicos: Manual prático de elaboração. Brasília, DF: LabPAM / IBAPP. RODRIGUES, A. (1979). Estudos em Psicologia Social. Petrópolis, RJ: Vozes. SBARDELINI, E. T. B. (1990, Outubro). O uso e a validade dos testes psicológicos aplicados aos motoristas: Formação do psicólogo para atuar em VALENTE, Maria Luísa Louro de Castro. História dos testes psicológicos. Bol. psicol, São Paulo , v. 66, n. 144, p. 125-129, jan. 2016 .
Compartilhar