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ENSAIO SOBRE A DADIVA

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INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ
CIÊNCIAS SOCIAIS-2018
ANTROPOLOGIA II
FABIANA DE LARA KOSTARELLIS
FICHAMENTO
NOME DO AUTOR: MARCEL MAUSS
LIVRO: SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
OBRA EM FICHAMENTO: ENSAIO SOBRE A DÁDIVA – Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas
As dádivas trocadas e a obrigação de retribuí-las (Polinésia)
Extensão desse sistema (liberdade, honra e moeda)
Primeira conclusão
Da dádiva e, em particular, da obrigação de retribuir os presentes
“Na civilização e em muitas outras, as trocas e os contratos se fazem sob a forma de presentes, em teoria voluntários, na verdade obrigatoriamente dados retribuídos”. (p 187)
As dádivas trocadas e a obrigação de retribuí-las (Polinésia)
Prestação total, bens e uterinos contra bens masculinos (Samoa)
 O sistema de oferendas contratuais em Samoa, está relacionado além do casamento também o nascimento do filho, circuncisão, doença, puberdade da moça, ritos funerários, e comércio. O potlatch tem dois componentes importantes a honra e o prestigio do mana, a obrigação absoluta de retribuir as dádivas, com o intuito de não perder o mana, ou seja, o poder, a autoridade, a fonte da riqueza.
Após o nascimento da criança e a distribuição de oloa e os tonga ( bens masculinos e femininos), os pais da criança não se tornavam mais ricos, porém tinham a honra de ter esses grupos reunidos para o nascimento de seu filho. “Assim, a criança que a irmã, e portanto, o cunhado, tio uterino, recebem para criar de seu irmão e cunhado, é ela própria chamada tonga, um bem uterino.” (p 195). É uma ponte para seus pais receberem bens de natureza estrangeira (oloa)
 O espirito da coisa dada (Maori)
Os taonga estão fortemente ligadas as pessoas, ao clã, ao solo, são o veículo de seu mana, da sua força religiosa, mágica e espiritual, segundo a teoria de direito e da religião de maori.
 A palavra hau refere-se a alma e o poder das coisas inanimadas e vegetais. 
Tamati Ranaipiri diz “O hau não é o vento que sopra. De modo nenhum. Suponha que você possua um artigo determinado (taonga) e que me dê esse artigo; você me dá sem preço fixado. Não fazemos negociações a esse respeito. Ora, dou esse artigo a uma terceira pessoa que, depois de transcorrido um certo tempo, decide retribuir alguma coisa em pagamento (utu), ele me da de presente alguma coisa (taonga). Ora, esse taonga que ela me dá é o espírito (hau) do taonga que recebi de você e que dei a ela. Os taongas que recebi pelos taongas (vindos de você), é preciso que eu os devolva. Não seria justo (tika) de minha parte guardar esses taongas para mim, fossem eles desejáveis (rawe) ou desagradáveis (kino). De vo dá-los de volta, pois são um hau do taonga que você me deu. Se eu conservasse esse segundo taonga, poderia advir-me um mal, seriamente até mesmo a morte. Assim é o hau, o hau da propriedade pessoal, o hau dos taongas, o hau da floresta. Kali ena.” (p 198)
Isso significa que aceitar algo de alguém é aceitar sua essência espiritual, sua alma, e conserva-lo pode ser perigoso, pois tem poder mágico e religioso, não é algo inerte e tende a voltar ao seu “lar de origem”.
A obrigação de dar, a obrigação de receber
 Recusar a dar, é o mesmo que declarar guerra, isso quer dizer que se dá porque se é obrigado a isso. É um regime social com uma mentalidade definida, tudo vai e vem como se houvesse uma troca espiritual.
Extensão desse sistema: Liberdade, Honra e moeda
“Ninguém é livre para recusar um presente oferecido. Todos, homens e mulheres, procuram superar-se uns aos outros em generosidade. Havia uma espécie de rivalidade de quem poderia dar o maior número de objetos de mais valor.” (p 212)
Princípios, razões e intensidade das trocas de dádivas (Melanésia)
 Na Melanésia, a noção de moeda aparece com mais facilidade, porém o sistema das dádivas e dessa forma de troca se complica ao mesmo tempo que fica mais complexa.
Nova- Caledônia, Leenhardt reuniu documentos sobre os neocaledônios. Falou sobre o sistema de festas, presentes, prestações de todo tipo, inclusive de moeda, denominado pilou-pilou, que é o mesmo que potlatch. O arauto diz “Se houver um antigo pilou diante do qual não estivermos, lá entre os Wi... etc., que esse inhame se precipite até eles como outrora um inhame semelhante veio deles até nós...” (p 213) , isto é, é a própria coisa que volta, os mesmo fio que passa, outros autores também concordam com esse fato.
No Trobriand, extremidade do mundo Melanésia, há um sistema muito próximo dos neocaledônios, Malinowski lhe dá o nome de Argonautas do Pacífico Ocidental, o Kula, que nada mais é do que uma troca intertribal e intratribal, é uma espécie grande de potlatch, é o constante “dar e tomar”.
Noroeste americano: a honra e o crédito
 As tribos da costa do noroeste americano, vivem de sua pesca mais do que da caça, mas não tem agricultura como os melanésios e polinésios, porém são, muitas ricas, tendo as casas mais solidas de todas as tribos e uma indústria de cedro muito bem desenvolvida. No século XVIII, elas já sabiam coletar, fundir, moldar e cunhar o cobre encontrado em estado natural, alguns de seus cobres, escudos brasonados, serviam como moeda, as belas mantas ditas de Chilkat, que serviam de enfeites eram outro tipo de moeda.
O regime da fratria (Tlingit e Haida), com descendência uterina, e o clã com descendência masculina mitigada dos kwakiutl, os caracteres gerais da organização social e, em particular, mostra-se mais ou menos os mesmos em todas as tribos. Elas te confrarias, chamadas de sociedades secretas, as sociedades dos homens e a sociedade as mulheres. Uma parte das dádivas é destinada a apagar as graduações e as ascensões que ocorrem nessas confrarias. Nas cerimônias xamanísticas, funerárias, nos casamentos dos chefes, nas “vendas dos cobres”, nas iniciações, é onde se realizam os rituais, retribuída pelo “potlatch”, que nada mais é do que o sistema das dádivas trocadas. Que circulam com a “garantia” da virtude de que serão retribuídas, porém não podem ser retribuídos imediatamente, deve haver um tempo necessário para executar uma contraprestação.
As três obrigações: Dar, receber e retribuir
“A obrigação de dar é a essência do potlatch. Um chefe deve oferecer vários potlatch, por ele mesmo, por seu filho, seu genro ou sua filha, por seus mortos. Ele só conserva sua autoridade sobre sua tribo e sua aldeia, até mesmo sua família , só mantém sua posição entre chefes, nacionais e internacionalmente se prova que é visitado com frequência e favorecido pelos espíritos e pela fortuna, que é possuído por ela e que a possui, e ele não pode provar essa fortuna a não ser gastando-a, distribuindo-a, humilhando com ela os outros, colocando-os a sombra do seu nome.” (p 243-244)
No jogo das dádivas, perder o prestígio é de fato perder a alma, o seu direito de encarnar um espirito, de usar um brasão, é perder sua posição social.
Sobre a obrigação de receber, não existe o direito de recusar uma dádiva, agir dessa forma significa perder o “peso do seu nome”, ou ao contrario em alguns casos, afirmar-se vencedor e invencível.
“A obrigação de retribuir é todo o potlatch” (p 249), e deve ser retribuído com juros que variam de 30% a 100% ao ano, dependendo do serviço prestado. A pena da obrigação de retribuir é a escravidão por dívida, ocorre entre os Kwakiut, Haida e Tsimshian. 
A obrigação de convidar é extremamente importante, pois só assim as pessoas tornam-se lhe “reconhecidas” entre os clãs e tribos, evitando conflitos e até mesmo mortes.
A força das coisas
Nas trocas das dádivas, existe uma virtude que há forçam a circularem.
Para os Kwakiutl e os Tsimshian, existem os objetos de consumo e de partilha comum, mas também há as coisas preciosas da família, cobres, mantas, talismãs, que são transmitidos solenemente. No entanto entre alguns Kwakiutl, os objetos sagrados da família não podem ser cedidos, mesmo que apareçam no potlatch.
Cada uma dessas coisas preciosas, possuiu um legado mágico, de origem espiritual e de natureza espiritual, carregada deindividualidade, qualidade, poder e de riquezas.
 A casa mágica é consolidada por deuses e antepassados. Cada uma dessas coisas mágicas, carregada em seu núcleo uma virtude produtora.
A “Moeda de Renome”
São os bens fundamentais do potlatch, os cobres, objetos de crenças e cultos.
A um culto e um mito do cobre em todas essas tribos, “o cobre é identificado ao salmão, ele próprio objeto de culto”. (p 259) Sendo objetos de crenças individuais e especiais.
O cobre principal de cada família de chefes e clãs tem seu próprio valor, sua individualidade, seu nome.
“Eles possuem, além disso, uma virtude atrativa que chama os outros cobres, assim como a riqueza atrai riqueza.” (p 260)
“Eles vivem e tem um movimento autônomo”. (p 261) Não tem como saber do que é capaz a força de um espirito e tamanho da riqueza do outro, o cobre fala, pede para ser dado, destruído, e para ficar aquecido é coberto com mantas.
Primeira conclusão
Em virtude do que foi mencionado, podemos observar que em vários (exceto alguns) grupos encontramos o potlatch, seu objetivo e como são realizados, porém é visível em todos os grupos, a maneira arcaica da troca, no sentindo em que as dádivas são trocadas e retribuídas, no primeiro momento sem “obrigatoriedade”. A forma como acontece essa circulação dentro de cada sociedade, está relacionada com os direitos, autoridade e prestígio dessas pessoas. Uma vez que não chegaram ao contrato individual puro, com a noção de preço e a circulação da moeda.

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