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Resenha Caso dos Exploradores

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A QUESTÃO DOS ESPELEÓLOGOS
Bruna Becker
RA 00211112
Grupo MG1, sala 319
Professora Maria Celeste Cordeiro Leite dos Santos
	“O Caso dos Exploradores de Cavernas”, de Lon Luvois Fuller (jurista norte-americano do século XX) foi publicado em 1949 e é até os dias de hoje amplamente considerado leitura essencial para estudantes e praticantes de Direito.
	O livro de traz o caso ficcional de cinco exploradores de cavernas (espeleólogos) que, ao ficarem presos em uma caverna durante uma expedição, se veem forçados a recorrer ao canibalismo; um deles é morto e devorado para que os outros quatro possam sobreviver até que a equipe de resgate consiga soltá-los. 
	No país em que este caso ocorre, a lei é extremamente clara: a punição para o assassinato é a pena de morte independentemente das circunstâncias. Os quatro exploradores sobreviventes recorrem a decisão, sendo levados à Suprema Corte de Newgarth. O ano é 4300.
	O julgamento do caso na Suprema Corte é feito por cinco magistrados: Ministros Truepenny, Foster, Tatting, Keen, e Handy. Todos explicam os motivos por traz de suas decisões, e estes motivos são a parte central do livro.
	Para o Ministro Truepenny, o direito positivo deve ser seguido ao pé da letra: os acusados cometeram o ato de matar alguém e, mesmo que a vítima tenha dado seu consentimento, a lei é clara no que diz respeito à punição de assassinos. Truepenny representa o ponto de vista da supremacia do juspositivismo.
	Para o Ministro Foster, Truepenny está completamente enganado: o direito positivo tem sua base no direito natural, e é este último que deveria se aplicar à situação dos réus dentro da caverna; por estarem em uma situação-limite, os espeleólogos estavam fora do estado de sociedade e sujeitos apenas às leis naturais, em que a sobrevivência é mais importante do que qualquer outra coisa. Com base nessa ideia jusnaturalista, Foster vota pela absolvição dos quatro, comparando sua decisão de matar com o ato de legítima defesa.
	Tatting não aceita a comparação com legítima defesa por ter sido o ato precedido por deliberação, e questiona vários dos argumentos de Foster. Não consegue, entretanto, chegar a um conclusão em seu voto por acreditar que o caso está cercado de lacunas tanto do ponto de vista do direito natural quanto do direito positivo. Por este motivo ele se abstém.
	Em seu voto, o Ministro Keen argumenta que a decisão diante da Corte não deve levar em conta a moralidade do ato, uma vez que o papel do Judiciário é fazer com que as leis sejam cumpridas; não cabe aos Ministros ali presentes legislar, apenas aplicar o que já está escrito na legislação (pensamento semelhante ao do Ministro Truepenny, uma vez que ambas opiniões se baseiam no positivismo jurídico). Keen é, portanto, a favor de que se mantenha a condenação.
	Para Handy, a decisão deveria ser baseada menos nas interpretações da legalidade do ato e mais na opinião popular, uma vez que é a própria população que deve governar as relações entre pessoas (posição chamada de realismo jurídico). A opinião do povo a respeito do caso dos exploradores era de que os réus não deveriam ser punidos com a pena de morte; Handy vota pela absolvição. Sendo assim, a votação do Supremo termina em empate – a condenação em primeira instância é por este motivo mantida e os quatro exploradores são executados por enforcamento.
	É fácil entender o motivo por traz da importância dada ao livro de Lon Fuller; o autor consegue, em 75 páginas (edição especial para estudantes com edição de Sergio Antonio Fabris), explicar de forma interessante e acessível vários modos de raciocínio jurídico (positivismo, jusnaturalismo, realismo jurídico e o impacto de lacunas jurídicas em casos a que se aplicam). O lugar da obra como bibliografia essencial do estudo do Direito é merecido e certamente será mantido.

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