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Aula 03 - Analise textual

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Aula 3: Textualidade - coesão sequencial. Articulações sintáticas e relações semânticas
Objetivo desta aula
1) Analisar os processos que constituem um texto;
2) Identificar as relações sintático-semânticas em segmentos do texto na tarefa de identificação da mensagem (disjunção, explicação, relação causal, conclusão, comparação etc.).
Introdução
Na aula passada falamos de texto, dos mecanismos que garantem um amontoado de frases ser efetivamente um texto etc. Agora temos mais conhecimento para tratar da textualidade (o mesmo que tessitura do texto), termo que utilizamos na aula anterior para identificar as conexões e a coerência. 
Nessa aula, para aprofundar o assunto, trabalharemos mais aspectos relacionados à coesão como fonte de auxílio à coerência textual.
Também vimos a noção de hipertexto, lembra-se? 
Agora será importante lermos/interpretarmos o conteúdo de determinado texto que envolva outros mecanismos, além da linguagem verbal, para a comunicação da mensagem.
Para começar, vamos relembrar um pouco do que já foi estudado sobre coesão e coerência.
A coesão é um dos requisitos imprescindíveis à construção de todo e qualquer texto. Há, portanto, alguns elementos que funcionam como principais agentes nesse processo, para fazer com que a mensagem aconteça de forma clara e precisa. 
Coesão sequencial e a relação com o sentido
Quando falamos que um texto se caracteriza por apresentar uma ideia completa, queremos dizer que as informações estão conectadas umas às outras coerentemente, ou seja, estabelece-se relações lógicas entre as ideias contidas no texto.
A coesão sequencial que garante a textualidade é facilitada pela utilização de conectivos, como preposições e conjunções. Veja agora novos exemplos de coesão sequencial, clicando nas caixas abaixo:
Adição: Também, e, ainda, não só, mas também, além disso
Proporção: À medida que, quanto mais, ao passo que, à proporção que
Conformidade: Como, segundo, conforme, consoante
Condição: Se, caso, desde que, contanto que
Finalidade: Para que, a fim de que, com o objetivo de, com o intuito de
Lembra-se de que falamos de incoerência na aula passada? 
A junção de informações de forma inadequada é um dos principais motivos da falta de coerência nos textos. 
Veja  um novo exemplo:
Ao lermos esse texto pensamos logo: 
 
“Porém foi excelente? Como assim? Isso não é óbvio? Já que o clima foi favorável, logicamente a colheita foi boa. A surpresa seria ter um clima ruim e mesmo assim uma colheita boa ou um clima ótimo e a colheita ruim.”
 
O porém nos traz a ideia da adversidade, não é mesmo? Então, jamais poderia ser utilizado para juntar essas informações. Por causa da presença dele, temos uma mensagem incoerente.
Não existe uma forma única de fazer a conexão das ideias. Entretanto, dentre as várias possibilidades, é provável que haja junções inadequadas como mostrou o exemplo com o erro. 
 
Assim, deduzimos que nem todas as conexões são possíveis para formar uma ideia completa, coerente. Isso nos leva a perceber que essas junções, que podemos chamar de articulações sintáticas, devem ser utilizadas para encontrar o sentido adequado.
 
Chegamos, então, a uma importante informação: são as articulações sintáticas que estabelecem as relações semânticas.
Mesmo sendo possível perceber a relação existente entre as frases a presença dos elementos articuladores facilitaria muito a apresentação das ideias.
Você consegue pensar em elementos articuladores que poderiam ser usados nestes exemplos?
Os elementos articuladores fazem parte do que chamamos de articulações sintáticas, função responsável pelo estabelecimento das relações semânticas. 
Ao ler um texto, necessitamos estabelecer relações sintático-semânticas (causa, consequência, comparação, disjunção etc.). Isso porque essas relações estabelecem sentido no que se quer comunicar e a arrumação das informações obedece ao estabelecimento do sentido.
 
O que isso quer dizer exatamente?
 
Quer dizer que as palavras, as expressões com as quais ligamos as ideias, estabelecem significados, conduzem o sentido das mensagens. Sendo assim, não se pode utilizar um elemento qualquer para conectar as informações. 
 
É importante, portanto, que tenhamos em mente de forma clara os tipos de relações que podemos estabelecer entre as informações.
Quadro com as principais relações sintático-semânticas.
Veja  agora um trecho do discurso proferido pela escritora Zélia Gattai ao tomar posse no Quadro de Membros Efetivos da Academia Brasileira de Letras, em 21 de maio de 2002, ocupando a cadeira 23, que era do escritor Jorge Amado, com que foi casada por 56 anos.  
Observe, em destaque, alguns elementos articuladores utilizados pela escritora. Depois, clique neles para ver a classificação:
“Meu pai emocionava-se ao nos narrar suas próprias histórias. Digo suas próprias histórias porque  acredito que ele as inventava à medida que nos ia contando. Ele próprio se empolgava e  isso eu percebia, nos momentos mais emocionantes, ao notar arrepios em seu pescoço. Embora  falasse correntemente o português, papai só contava histórias em italiano, matava dois coelhos com um tiro só: divertia os filhos e  ensinava-lhes a sua língua natal.
Com mamãe a coisa já era diferente: embora também  tivesse grande imaginação, preferia nos contar trechos de romances que lia e  filmes que assistia às quintas-feiras, na sessão das senhoras e senhoritas. Embora  tivesse tido pouco estudo, pois  as condições financeiras da família não lhe permitiram frequentar sala de aula por mais de alguns meses, mamãe lia correntemente e  nas leituras em voz alta dava ênfase, empolgando a quem a ouvisse”.
No texto, vimos que há um encadeamento de ideias que promove a textualidade, que lhe dão sentido. Isso ocorre porque são estabelecidas relações sintático-semânticas adequadas.
MAS ATENÇÃO!
Para identificar as relações sintático-semânticas estabelecidas pelos articuladores, é necessário observar o sentido que pode ser depreendido do texto. 
Memorizar a classificação de cada articulador não é suficiente para compreender a sua função.
Observe, por exemplo, que no texto de Zélia Gattai o articulador PORQUE introduz uma explicação, ao passo que o articulador sintático POIS tanto introduz uma ideia de explicação quanto de causalidade.
Coerência sem coesão
Como se conjuga um empresário:
Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Beijou. Saiu. Entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cumprimentou. Assentou-se. Preparou-se. Examinou. Leu. Convocou. Leu. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Conferiu. Vendeu. Vendeu. Ganhou. Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explorou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Depositou. Depositou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou. Repreendeu. Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou. Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu. Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. Estimulou. Beijou. Convidou. Saiu. Chegou. Despiu-se. Abraçou. Deitou-se. Mexeu. Gemeu. Fungou. Babou. Antecipou. Frustrou. Virou-se. Relaxou-se. Envergonhou-se. Presenteou. Saiu. Despiu-se. Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se. Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Despertou. Insistiu. Irritou-se. Temeu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se...
Na sua opinião, os escritos acima podem ser considerados um texto?
Sim, porque é coerente, isto é, apresenta uma continuidade semântica.
Neste texto, a coerência é depreendida da sequência ordenada dos verbos com os quais o autor mostra o dia a dia de um empresário. O autor não precisou utilizar elementos coesivos para construir umtexto.
Coesão e coerência nos processos seletivos
Nos processos seletivos é muito comum pedirem aos candidatos para escreverem redações, não é mesmo? A coesão e a coerência são os principais pontos analisados na hora da avaliação do texto.
A partir de agora você verá dicas para escrever um texto coeso e coerente e tirar de letra essa etapa do processo seletivo. Vamos lá!
1. Conectivos
As relações sintático-semânticas permitem a conexão entre as orações e, por serem tão importantes, é bastante válido que você aprenda algumas dessas conjunções e as suas influências.
Assim, quando você se tornar bem íntimo delas, terá mais segurança na hora de aplicá-las e, com certeza, seu texto será mais claro e coerente, já que você conseguirá estabelecer com mais facilidade as conexões em seu texto.
2. Estruturas sintáticas
Ao revisar seu texto verifique se os verbos que você utilizou estão sendo aplicados de maneira adequada e se estão dizendo realmente aquilo que você pretendia, isto é, veja se existe um verbo mais específico, que não dê margem para o seu leitor interpretar de forma equivocada.
Ao fazer essa revisão é bom checar se os complementos verbais que você utilizou estão de acordo e também as preposições, para evitar problemas de regência, por exemplo.
3. Períodos Longos
Quando escrevemos períodos muito longos as chances de cometermos erros aumentam consideravelmente. Portanto, opte por escrever períodos mais curtos e objetivos. Você perceberá que essa tática auxilia inclusive na pontuação correta de seu texto. Veja um exemplo:
Em 1988 o time foi profissionalizado por ocasião do título de Campeão da Segunda Divisão Estadual, na época da administração de Luiz Gonçalves Lima, Luiz Negrinho, usando o uniforme composto por camisa com listras horizontais verdes e brancas, calção verde e meias verdes, para comemorar o título e para homenagear o membro-fundador, já falecido, que foi presidente do time por muito tempo, e que, mesmo morto, deveria estar pulando de alegria, por ter dedicado toda a sua vida para conquistar o direito de jogar entre os melhores, de jogar com as estrelas que tanto admirava e ver seu time brilhar na televisão aos domingos. 
Observando esse longo período, que apresenta informações bem variadas, verificamos como esse tipo de construção pode prejudicar o entendimento.
4. Fatores de Coerência
Seguem alguns fatores que auxiliam na formação de textos coesos, que você sempre deve observar na hora de escrever:
• O conhecimento de mundo e a preocupação em compartilhar esse conhecimento com os interlocutores; 
• O domínio das regras da língua, possibilitando a combinação dos elementos linguísticos que serão compreendidos pelos interlocutores que também dominam essas regras;
• Os próprios interlocutores, considerando a situação em que se encontram, as suas intenções de comunicação e a função comunicativa do texto. A coerência diz respeito à intenção comunicativa do emissor, mas sempre interagindo, de maneira cooperativa, com o seu interlocutor.
Luci Elaine de Jesus, em seu artigo “Análise Linguística, como desatar esse nó?”, diz que, embora a coesão não seja condição suficiente para que enunciados se constituam em textos, são os elementos coesivos que dão a eles maior legibilidade e evidenciam as relações entre seus diversos componentes. 
Provamos isso ao analisar os exemplos da música “Boa sorte” e do texto “Como se conjuga um empresário”. Notamos como os elos coesivos, apesar de não serem essenciais, ajudam na compreensão do texto.
Porém, a coerência em textos didáticos, expositivos, jornalísticos, por exemplo, pela necessidade de serem sempre claros, já dependem da utilização explícita de elementos coesores.  
Vimos, nesta aula, portanto, que a coesão não garante a coerência, embora influencie o seu estabelecimento. Assim, percebemos que coerência e coesão se completam no processo de produção e compreensão do texto.
Síntese da aula
Nesta aula, você:
Reconheceu os processos que constituem o texto;
Interpretou as informações contidas em um texto que possui outros elementos;
Identificou algumas relações sintático-semânticas que estabelecem a coerência de uma mensagem.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre os seguintes assuntos:
Tipos de coerência textual;
Fatores de coerência.