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Sinovite Vilonodular Pigmentada Prof. Julio Cesar de Oliveira • A sinovite vilonodular pigmentada (SVNP) é um tumor sinovial benigno, de etiologia desconhecida, caracterizada por proliferação lentamente progressiva do tecido sinovial, bainhas tendinosas e bursas, podendo causar dano ósseo. • Em 1941, Jaffe et al. definiram três formas clínicas, nas quais a patologia apresenta-se: tenossinovite isolada, sinovite vilonodular difusa e lesão pedunculada. Epidemiologia • É uma doença rara, com incidência de um a dois casos por milhão; • Pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais freqüente entre a terceira e quarta década, com acometimento discretamente predominante no sexo feminino Etiopatogenia • Várias teorias têm sido propostas, baseadas em quais tipos celulares predominam na lesão. Microscopicamente há proliferação de células sinoviais, células espumosas (histiócitos infiltrados por lipídeos e hemossiderina) e células gigantes multinucleadas, entremeadas por tecido fibroso. • Alguns investigadores atribuem a SVNP a um distúrbio do metabolismo de lipídeos como fator precipitante, pela presença de células espumosas. Isso levaria a resposta inflamatória secundária. O curso clínico benigno, assim como a aparência histológica sugerem que a SVNP ocorra em função de uma resposta inflamatória a algum agente desconhecido. Quadro Clínico • Expressa-se de três formas: 1. Tenossinovite nas bainhas dos tendões, como lesão discreta isolada, geralmente indolor, lentamente progressiva, que pode causar erosão no osso adjacente; A mão, principalmente os dedos, são os sítios mais comuns, podendo ocorrer também mais raramente em pés, punhos, joelhos ou tornozelos; • O segundo tipo clínico é a sinovite vilonodular difusa, que se apresenta como edema monoarticular doloroso, de progressão lenta, sendo necessário realizar investigação quanto à etiologia da artrite. O joelho é a articulação mais freqüentemente envolvida, seguida de quadril e tornozelo. Com menor freqüência, pode acometer também mão, ombro, punho e coluna vertebral. Neste último local, o diagnóstico correto se torna mais difícil, devido ao aspecto lítico ósseo da lesão. Quando acomete articulações periféricas, deve- se fazer o diagnóstico diferencial com a sinovite crônica da artrite reumatóide. • A terceira forma de apresentação e a mais rara é o nódulo intra-articular solitário. Nessa forma também o joelho é o local mais acometido. Pode ser confundido com lesão de menisco ou corpo estranho intra-articular, já que os sintomas iniciais são do tipo mecânico, com "travamentos e cliques". Radiologicamente não existem alterações e o diagnóstico muitas vezes é obtido através de artrotomia. Diagnóstico • O diagnóstico é baseado em achados clínicos, radiológicos e por biópsia. O líquido sinovial na SVNP é de coloração vermelho-amarronzada, com baixa concentração de glicose e discreto aumento de proteínas. A contagem de células inflamatórias, na maioria das vezes, é baixa. • Radiologicamente se encontra edema de tecidos moles sem calcificações, com lesões císticas múltiplas subcondrais, bem delimitadas ou erosões justacorticais ovaladas. Osteófitos, calcificações e osteopenia periarticular estão caracteristicamente ausentes. O espaço articular se encontra preservado até em estágios avançados da doença • A tomografia computadorizada (TC) mostra depósitos extensos de hemossiderina através do aumento da atenuação. A ressonância nuclear magnética (RNM) é o exame de imagem mais útil no diagnóstico da SVNP, evidenciando hiperplasia sinovial assim como depósito de hemossiderina. • Outros métodos de imagem incluem arteriografia, artrografia e artroscopia. Nesta última, observa-se sinóvia vermelho-amarronzado, distorcida, com numerosos vilos hipertrofiados e projeções nodulares. Os achados encontrados na biópsia incluem histiócitos mononucleares, células gigantes multinucleadas, células espumosas e depósitos de hemossiderina. Tratamento • O tratamento da SVNP é realizado através da excisão cirúrgica. Freqüentemente os resultados são insatisfatórios, pelas altas taxas de recorrência da lesão, principalmente nos casos de lesões difusas. Isso geralmente ocorre pela inabilidade técnica em excisar completamente a lesão sem causar dano à articulação. • Infiltração intra-articular de radioisótopos (Yttrium-90) foi estudada e alguns resultados demonstraram ser satisfatórios. • Quando há envolvimento de articulação de quadril, a melhor opção terapêutica é a prótese. Na maioria dos casos de tenossinovite, o tratamento é mais bem-sucedido, com menores taxas de recorrências. O emprego de técnicas cirúrgicas modernas deve fazer com que as recorrências diminuam e que os resultados do tratamento sejam melhores Bibliografia • Andrew E. Rosemberg: Tumor and tumor-like lesions of the joints and related structures. In: Kelley WN, Harris ED, Rudy S. Textbook of rheumatology.7th ed, Philadelphia, Saunders, 2005, v.2, p.1789-811. • Arnaldo José HernandezI; Gilberto Luiz CamanhoII; Marcos Henrique LarayaIII; Edimar FávaroIV; Maurício Martinelli FilhoV. Sinovite Vilonodular Pigmentada Localizada do joelho: tratamento por via artroscópica. Acta ortop. bras. vol.13 no.2 São Paulo 2005 • Fabiola Andrea de Carvalho GodoyI; Carlos Alberto Cury FaustinoII; Cláudio Santos MenesesIII; Sergio Tadao NishiIV; César Eduardo Giancoli GóesIV; Abaeté Leite do CantoIII. Sinovite vilonodular pigmentada localizada: relato de caso. Rev. bras. ortop. vol.46 no.4 São Paulo 2011 • Jaffe HL et al. Pigmented villonodular synovitis. Arch Pathol 1941; 31:731-65 3. Myers BW, Masi AT. Pigmented villonodular synovitis and tenosynovitis: A clinical epidemiologic study of 166 cases and literature review. Medicine Baltimore 1980; 59:223-38. • S.Shabat et al:The use of surgery and yttrium 90 in the management of extensive and diffuse pigmented villonodular synovitis of large joints. Rheumatology, 41:1113-18,2002
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