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MARCIA CRISTINA COSTA D ALMADA

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOMOTRICIDADE 
 
 NA ESTIMULAÇÃO PRECOCE DO 
 
PARALIZADO CEREBRAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por: Márcia Cristina Costa D’Almada 
 
Orientador: 
Professor: Vilson Sergio de Carvalho 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Abril/ 2007 
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOMOTRICIDADE 
 
 NA ESTIMULAÇÃO PRECOCE DO 
 
PARALIZADO CEREBRAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este trabalho foi realizado com o intuito de esclarecer a 
todos aqueles, sejam eles: pais, profissionais..., que se 
relacionam com crianças que tem seqüela de paralisia 
cerebral mostrando os benefícios da psicomotricidade 
atuando na estimulação precoce, enfatizando a importância 
deste tratamento ser iniciado logo após o nascimento 
ficando claro que o manuseio correto pelos seus pais, em 
apoio ao tratamento é de suma importância para o 
desenvolvimento global da criança 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA 
 
 
 
 
 
Este estudo foi realizado a partir de pesquisas a fontes bibliográficas, sites, e 
artigos em revista, com o objetivo de obter o material necessário para 
orientação e esclarecimentos de pais, profissionais e a quem mais possa 
interessar o assunto a cerca dos benefícios ocasionados pela psicomotricidade 
atuando na estimulação precoce de criança com seqüela de paralisia cerebral. 
Visto que pais e outras pessoas do convívio da criança estando esclarecidos 
podem atuar em conjunto com o terapeuta em perfeita sintonia objetivando a 
melhora em todos os tipos de atividades da criança. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPÍGRAFE 
 
Uma mãe especial 
Deus, passeando sobre a terra, seleciona seus instrumentos para a preservação da 
espécie humana com grande cuidado e deliberação. À medida que vai observando, Ele manda 
seus anjos fazerem anotações em um bloco gigante. 
“Elizabete Souza... vai ter um menino. Santo protetor da mãe: São Mateus”. 
“Mariana Ribeiro... menina. Santa protetora da mãe: Santa Cecília”. 
“Claudia Antunes”... Esta terá gêmeos. Santo protetor... mande São Geraldo protegê-
la. Ela esta estácostumada com quantidade”. 
Finalmente Deus dita um nome a um dos anjos, sorri e diz: “Para esta, mande uma 
criança excepcional”. 
O anjo cheio de curiosidade pergunta: “Porque justamente ela Senhor? Ela é tão 
feliz”. Exatamente, responde Deus, sorrindo. Eu poderia confiar uma criança deficiente a uma 
mãe que não conhecesse o riso? Isto seria cruel!” 
“Mas será que ela terá paciência suficiente?” 
“Eu não quero que ela tenha paciência demais, se não ela vai acabar se afogando 
num mar de desespero e auto-compaixão. Quando o choque e a tristeza passarem, ela 
controlará a situação. Eu a estava observando hoje, ela tem um conhecimento de si mesma e 
um senso de independência, que são raros, e ao mesmo tempo, tão necessários para uma 
mãe. Veja a criança que vou confiar a ela, tem todo o seu mundo próprio”. 
“Ela tem que trazer esta criança para o mundo real e isto não vai ser nada fácil”. 
“Mas senhor, eu acho que ela nem acredita em Deus!” 
Deus sorri. “Isso não importa, dar-se um jeito. Esta mãe é perfeita ela tem a dose 
exata de egoísmo de que vai precisar”. 
O anjo engasga. “Egoísmo? Isto é virtude?” 
 Deus balança a cabeça afirmativamente. “Se ela não for capaz de se separar da 
criança de vez em quando, ela não vai sobreviver. Sim, aqui está a mulher a quem eu vou 
abençoar com uma criança menos “perfeita” do que as outras. Ela ainda não tem consciência 
disto, mas ela será invejada. Ela nunca vai considerar banal qualquer palavra pronunciada por 
seu filho. Por mais simples que seja o balbucio desta criança, ela o receberá como um grande 
presente, nenhuma conquista desta criança será vista como corriqueira. Quando a criança 
disser mamãe pela primeira vez, esta mulher será testemunha de um milagre e saberá recebe-
lo”. 
“Quando ela mostrar uma árvore ou um por do sol ao seu filho e tentar ensina-la a 
repetir árvore e sol, ela será capaz de enxergar minhas criações como poucas pessoas são 
capazes de vê-las”. 
“Eu vou permitir que ela veja claramente as coisas que eu vejo: ignorância, crueldade 
e preconceito. Então vou fazer com que ela seja mais forte que tudo isso. Ela nunca estará 
sozinha eu estarei a seu lado a cada minuto de cada dia de sua vida, porque ela estará 
fazendo o meu trabalho e estará aqui ao meu lado”. 
E qual será o santo protetor desta mãe? Pergunta o anjo com a caneta na mão. 
 Deus novamente sorri. “Nenhum! Basta que ela se olhe no espelho”. 
 
(Adaptação de “The Special Mother” de Erma Bombeck). 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Primeiramente a Deus por ter me dado vida e saúde. 
À meus amados filhos pelo fato de eles existirem em minha 
vida. 
À minha querida mãe pelo profundo orgulho e credibilidade que 
ela tem por mim. 
À minha estimada irmã pelo companheirismo. 
A meu marido e meu pai pela ajuda que me dão. 
E a todos que de alguma forma colaboraram para a 
realização deste trabalho. 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus Pacientes, é por eles que 
busco o meu aperfeiçoamento profissional, além do meu 
crescimento pessoal. 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução .......................................................................................................08 
Capítulo I : história da psicomotricidade .....................................................10 
1.1 O reconhecimento ....................................................................................13 
Capítulo 2: Psicomotricidade ........................................................................16 
2.1 Quem é o psicomotricista.........................................................................18 
2.3 O Desenvolvimento psicomotor ..............................................................20 
2.4 Tônus .........................................................................................................21 
2.6 Movimento ................................................................................................22 
Capítulo 3: O início de tudo ..........................................................................24 
3.1 Sistema nervoso .......................................................................................25 
3.2 Reflexo....................................................................................................... 28 
3.3 Reação de Retificação ..............................................................................30 
3.4 Escala de maturação ............................................................................... 33 
Capítulo 4: Paralisia cerebral .........................................................................36 
4.1 Significado .................................................................................................36 
4.2 A importância de brincar ......................................................................... 45 
4.3 A aceitação ............................................................................................... 46 
Conclusão .......................................................................................................48 
Bibliografia ......................................................................................................49 
Webgrafia .........................................................................................................50RESUMO 
 
Ao se falar de Psicomotricidade estamos falando da valorização do 
homem de seus através de estímulos, do movimento, de trocas afetivas, sons, 
do desenvolvimento do seu ambiente, fatos cotidianos e relações com os outro, 
sabendo-se que todas as possibilidades de movimento do ser humano são 
naturais, porque a sua natureza assim o permite. Devemos então estimular de 
modo a dar meios necessários à progressão e aquisição de sua autonomia. 
Lembrando que o movimento pode ser o aspecto mais humanizante de toda a 
aprendizagem, e com ele podemos obter respostas significativas em cada 
etapa do processo maturativo, e, portanto enriquecendo especificamente o 
desenvolvimento de cada ser, no domínio motor e mental. O trabalho 
psicomotor tem por objetivo desenvolver esse aspecto comunicativo com o 
corpo o que significa dar ao individuo a possibilidade de dominar seu corpo 
economizando sua energia, completando e aperfeiçoando seus movimentos. 
Para se falar de criança com paralisia cerebral, devemos entender que na 
verdade, se trata de uma seqüela causada por uma lesão cerebral que pode 
ser de origem pré-natal, peri-natal ou pós-natal, causando um distúrbio senso 
motor impedindo o seu desenvolvimento psicomotor normal. É ainda 
necessário entender o desenvolvimento físico (motor) da criança “normal”, 
incluindo padrões básicos mais importantes do movimento, fundamentais para 
as suas futuras atividades. Visto isto, podem-se compreender melhor, o motivo 
de a criança com seqüela de paralisia cerebral se mover de certo modo, e o 
que pode estar interferindo em seu movimento. A participação da mãe ou seu 
substituto junto ao terapeuta, levara a criança a obter a espontaneidade 
necessária para a progressão de seu desenvolvimento global. Concluímos 
então, que quanto mais cedo ou precoce se da o estímulo dos movimentos, 
maiores serão as chances de desenvolvimento desta pessoa. 
 
 INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho foi realizado com o intuito de esclarecer o desenvolvimento 
através da psicomotricidade na criança com paralisia cerebral de 0 a 3 anos, 
oferecendo aos pais e/ou familiares (e a quem mais possa interessar), 
informações que funcionem como uma bússola, orientando-os para melhor 
compreensão deste distúrbio senso-motor deste distúrbio senso-motor. 
 Psicomotricidade é a ciência que estuda e trabalha o corpo em 
movimento, ciência esta, que esta a cada dia ganhando maior importância no 
desenvolvimento global do indivíduo, em todas as suas etapas de vida, por 
estar atrelada a outras ciências (biologia, psicologia, neurologia, psicanálise, 
sociologia e lingüística), principalmente por ser uma terapia. Segundo 
A psicomotricidade valoriza o homem através de estímulos, de 
movimento, de trocas afetivas, sons, do desenvolvimento do seu ambiente, 
fatos cotidianos e relações com os outros, sabendo-se que todas as 
possibilidades de movimento do ser humano, são naturais, porque a sua 
natureza assim o permite. O ser humano é uma criatura ativa, todo o seu ser 
esta envolvido com o movimento. O movimento é mais do que uma 
necessidade fisiológica, é a mais pura interpretação do seu “eu” interior. 
Portanto a psicomotricidade nos mostra que o homem é o seu corpo, seu corpo 
fala por ele até mesmo a sua revelia às vezes. 
 Para se falar de criança com paralisia cerebral, devemos entender que 
na verdade, se trata de uma seqüela causada por uma lesão cerebral, levando 
a um distúrbio senso motor, impedindo o desenvolvimento psicomotor normal. 
Suas causas podem ser de origem pré-natal, peri-natal ou pós-natal. Esta é 
lesão estática não é progressiva, não se agrava, e nem tão pouco é 
contagiosa. “A natureza da deficiência motora varia de acordo com a época, 
localização e grau em que a lesão cerebral tenha ocorrido. (Elliasson et. A. 
1996)”. Faz-se ainda necessário, entender o desenvolvimento físico (motor) da 
criança “normal”, incluindo padrões básicos mais importantes do movimento, 
fundamentais para as suas futuras atividades. Objetivando com isto, 
compreender melhor, uma criança com paralisia cerebral tornando-se mais fácil 
avalia-la, entendendo o motivo de ela se mover de certo modo, e o que pode 
estar interferindo em seu movimento. 
 Tratar e mobilizar uma criança que sofre de paralisia cerebral, nos leva a 
solucionar muitos problemas, porém a participação e cooperação dos pais são 
primordiais, pois, quando estes trabalham no tratamento em sintonia com o 
terapeuta aumentam as chances de melhora desta criança, favorecendo assim, 
o desenvolvimento de suas capacidades visando sua autonomia, 
independendo de suas limitações. 
 Através do movimento associado ao pensamento e a afetividade, 
podemos obter respostas significativas em cada etapa do processo maturativo, 
e, portanto, obter o enriquecimento específico de cada ser humano com o 
ambiente, tanto no domínio motor como no mental, favorecendo assim, a auto-
estima do seu “eu” interior como sujeito. O trabalho psicomotor tem por objetivo 
desenvolver esse aspecto comunicativo com o corpo o que significa dar ao 
individuo a possibilidade de dominar seu corpo economizando sua energia, 
completando e aperfeiçoando seus movimentos. A experiência do corpo é a 
descoberta do ritmo interno, através do qual pode mobilizar a via de 
comunicação que há em seu interior. O corpo deve ser motivado e, contudo ter 
um sentido – porque me movo e para quê? 
Devemos então, enfatizar a importância de se interferir 
terapeuticamente, o mais cedo ou precocemente possível, para dar a estas 
crianças os meios necessários, para progressão e aquisição de sua 
independência. 
 Este trabalho foi elaborado em quatro capítulos onde no primeiro capítulo 
descreveremos história da psicomotricidade, no segundo capítulo 
discursaremos o seu significado e objetivo, no terceiro capítulo abordaremos 
desenvolvimento do ser em termos pré e pós-natal, e ao final, no quarto 
capítulo falaremos sobre a paralisia cerebral, sua definição e seus problemas 
correlatos. 
 
 CAPÍTULO 1 
 HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE 
 
A história da psicomoticidade nasce com a história do corpo. A 
concepção de definição que o homem tem de seu próprio corpo nos faz voltar 
às origens da humanidade. 
Os homens pré-históricos, pelas condições de vida a que os obrigava o 
meio ambiente físico, pelo perigo de vida que constantemente se expunha, pela 
necessidade de proteger-se cada vez melhor pelas lutas mortais, tinham 
grandes qualidades físicas, que administravam com inteligência superior à dos 
outros animais. As habilidades de correr, andar, saltar, arremessar, curvar a 
cabeça, nadar num rio, subir montanhas e etc. 
A transformação do mundo exterior que o homo sapiens foi capaz de 
desencadear e produzir com a sua mobilidade construtiva, sequencializada e 
medializada através dos instrumentos imaginados, criados, e utilizados por ele 
próprio, formam a base da construção de sua consciência, vital para o 
desenvolvimento do cérebro. “Verdadeiro mistério só comparável ao da origem 
da vida” (Popper. 1977). A consciência que nasce da ação intencional e 
imaginada obedece às leis de propriedades que estão na origem do trabalho e 
da formação das funções mentais superiores que marcam definitivamente a 
evolução sócio-cultural. 
“No Homo Sapiens e na criança a origem do pensamento põe em jogo 
uma antecipação do movimento. A antecipação do fim a atingir leva a uma 
planificação e seqüência de condutas previamente estabelecidas no cérebro 
antes de serem materializadas pela motricidade. A invenção de ferramentas 
artificiais permite aespécie humana à reflexão de sua relação com o mundo 
exterior”. (Fonseca, 1998 p.386). 
A origem da psicomotricidade nos confunde com a história da educação 
física Morizot (1982), por ocasião do primeiro congresso brasileiro de 
psicomotricidade no Rio de Janeiro ao abordar o que pode ser considerado 
como um dos primeiros momentos da psicomotricidade, referindo-se á idéia de 
Aristóteles que entendeu o homem como uma certa quantidade de matéria (o 
corpo) moldada numa forma (alma), já fazendo referencia a inter-relação entre 
o corpo e a alma. O pensador grego dava bastante valor a ginástica, pois ela 
servia para “dar graça, vigor e educar o corpo” (op.cit. p.175), Aristóteles 
explica a ginástica, de movimento como algo muito mais do que um simples 
exercício, ele acredita que deve-se encontrar o melhor exercício para cada 
pessoa de acordo com o temperamento desta. Já Platão professa uma 
concepção muito clássica do corpo em harmonia com a cultura tradicional da 
Grécia antiga “O corpo é o meio para se conhecer a realidade”. 
Outro marco significante deu-se com a ação assumindo importância na 
consciência que o indivíduo tem de si mesmo e do mundo exterior, sendo aqui 
o movimento um componente essencial na estruturação psicológica do eu. O 
corpo é tão unido à pessoa chegando a se misturarem. 
 Desde o século XIX o termo psicomotricidade tem sido utilizado na área 
médica e as primeiras pesquisas que deram origem ao campo psicomotor e 
apresentam enfoque eminentemente neurológico. Nesta época constatou-se 
que existem disfunções graves no corpo sem que o cérebro tenha nenhuma 
lesão. 
Dupré apresentou pela primeira vez em 1920, O termo psicomotricidade, 
significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento. O 
neuropsiquiatra em 1909 definiu a síndrome da debilidade motora debilidade 
motriz, através das relações entre o corpo e inteligência dando início ao estudo 
dos transtornos psicomotores, patologias não relacionadas a indicio 
neurológico estudadas pela psicomotricidade. (Dupré apud Fonseca, 1995). 
Wallon médico, psicólogo e pedagogo, foi o grande precursor da 
psicomotricidade, foi ele quem impulsionou as primeiras tentativas de estudo 
da reeducação psicomotora. Em 1925 ele começou a relacionar a motricidade 
com a emoção, salientando a importância do aspecto afetivo como anterior a 
qualquer tipo de comportamento, para ele existe uma evolução tônica e 
corporal, explicando o que chamou de “diálogo corporal”. Para ele, o 
movimento é a única expressão e o primeiro instrumento do psiquismo. O 
alcance desta dimensão do movimento e do corpo da criança permite a este 
célebre autor francês, apresentar uma concepção original da evolução mental. 
Wallon refere-se ao esquema corporal não como uma unidade biológica ou 
psíquica, mas como uma construção, elemento de base para o 
desenvolvimento da personalidade da criança. O papel da função tônica e da 
emoção nos progressos da atividade de relação são encarados, como 
processos básicos da intervenção psicomotora. A importância da atividade 
postural e da atividade sensório-motora com pontos de partida da atividade 
intelectual são eminentemente defendidos na perspectiva do desenvolvimento 
da criança. É sempre a ação motriz que regula o aparecimento e o 
desenvolvimento das formas mentais (Wallon apud Fonseca, 1995). 
 
Eduard Guilmain em 1935 foi quem elaborou protocolos de exames para 
medir e diagnosticar transtorno psicomotor. Publicou a obra clássica: 
Fonctions Psychomotrices et Troubles du Comportement. Ele definiu da 
seguinte forma os objetivos da reeducação psicomotora: “Seguindo em todas 
as crianças a organização das funções do sistema nervoso à medida que se 
opera a maturação, podemos reabilitar as manifestações próprias das suas 
funções em causa” (Guilmain apud Fonseca, 1995, p.10). 
Ajuriaguerra desenvolveu um trabalho profundo dentro da neurofisiologia 
e neuropsiquiatria infantil, considerando que a evolução da criança, é sinônima 
de conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo: “A 
criança é o seu corpo”. É importantíssima a comunicação não verbal sendo a 
mesma, suporte indiscutível e insubstituível da linguagem humana. Corpo 
evolui conforme sua aprendizagem. Estudou por muito tempo a criança e foi o 
ponto de referência de vários outros autores. Redefiniu o conceito de 
debilidade motora e delimitou com clareza os transtornos psicomotores no seu 
manual de psiquiatria infantil. Ele desenvolveu um trabalho profundo dentro da 
neurofisiologia e neuropsiquiatria infantil, estudou por muito tempo a criança e 
foi o ponto de referência de vários outros autores (Ajuriaguerra apud Alves, 
2007). 
 
1.1 O reconhecimento 
Em Fevereiro do ano de 1963, a universidade da Salpêtrie confere o 
certificado de capacidade em reeducação da psicomotricidade 
Em 1968 Vayer, Lapierre e Aucoutrier, criam a Sociedade Francesa de 
Educação e Reeducação Psicomotora, transformando os conceitos de 
“ginástica corretiva”, influenciando também a maioria das escolas francesas, 
belgas, suíças e italianas. Os métodos de Borel Maisonny e o “Bom Départ”, 
surgiram na mesma época. A partir do anos setenta, Wallon continua a 
influenciar o pensamento psicológico desta década.Começa a ser delimitada a 
diferença entre uma postura reeducativa e terapêutica, ocupando-se do corpo 
em sua globalidade valorizando a relação, a afetividade e o emocional.Daí 
resultam os trabalhos na esfera da educação:Brandão, Lê Booulch, Lapierre, 
Defontaine,Vítor da Fonseca, Harrow, Merleau-Ponty, Piaget. Outros nomes 
importantes da área de Psicomotricidade são: Bernard Anconturier, A. Luria, 
Jea Berges, JeanClaude, V.Fonseca, etc. (Vayer, Lapierre ,Aucoutrier, Borel 
Maisonny, Borel Maisonny, Lê Booulch, Defontaine apud Fonseca, 1995). 
Segundo Lê Boulch (1982), a educação psicomotora concerne uma 
formação de base indispensável a toda criança normal ou com problemas. Ela 
ainda responde, segundo ele, por uma dupla finalidade: Assegurar o 
desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidades da criança e ajuda 
sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se por meio de intercâmbio com o 
ambiente humano. 
Ele afirma também que a imagem do corpo representa uma forma de 
equilíbrio entre as funções psicomotoras e a sua maturidade. Ela não 
corresponde só a uma função, mas sim a um conjunto funcional cuja finalidade 
é favorecer o desenvolvimento. Salientando que os movimentos espontâneos 
mesmo que impensados dependem das nossas experiências anteriores, não se 
tratando de memória intelectual, mas sim verdadeiramente uma memória 
corporal, que é completamente cheia de afeto e condicionada por ele. 
O desenvolvimento da psicomotricidade têm se dado de modo desigual 
nos diferentes países havendo aqueles que negam a sua existência, como no 
Reino Unido e, em países Anglo saxônicos. 
Na Europa existem duas escolas tradicionais na área da 
psicomotricidade desde, a francesa e a alemã. Na França em 1974, foi criado o 
diploma de estado “Psicoreeducador”, que, em 1985 foi denominado de 
diploma de estado” Psicomotricista”. 
No Brasil há aproximadamente trinta anos, iniciou-se o treinamento na 
área de psicpmotricidade por meio de profissional estrangeiro, hoje o Brasil 
possui o curso de graduação reconhecido pelo MEC portaria nº. 536 de 
10/05/95. Existem também os cursos de pós-graduação em universidades 
públicas e particulares: latu-senso formando especialistas em psicomotricidade 
e cursos estricto-sensu formando mestres em psicomotricidade. 
Não podemos negar a influência da escola francesa de psiquiatria e 
psicologia infantil no Brasil e no mundo e finalmente na historia dapsicomotricidade devemos esta influência aos mestres Duprè, Ajuriaguerra, 
Soubiron, Wallon, e etc. que legaram ao mundo os primeiros estudos sobre a 
psicomotricidade. Os franceses tinham consciência da importância do gesto e 
pesquisaram profundamente os temas corporais. Wallon falou sobre tônus 
relaxamento e Ajuriaguerra combinou às suas pesquisas, a importância do 
tônus dita por Wallon e seus descritos sobre o diálogo tônico. Dra. Giselle 
Soubiran iniciou sua pratica de relaxação psicomotor, empenhada cada vez 
mais em mostrar ao mundo a importância do tônus no seu dia a dia. No Brasil, 
Antonio Branco Lefevre buscou as obras de Ajuriaguerra, influenciado por sua 
formação em Paris, a organização da primeira escala de avaliação 
neuromotoras para crianças brasileiras (Duprè, Ajuriaguerra, Soubiron, Wallon, 
Lefevre apud hptt://www.ispegae-oipr.com.br/psico_história.php) 
A Dra. Helena Antipoff trouxe ao nosso país, a sua experiência em 
deficiência mental baseada na pedagogia do interesse derivada do 
conhecimento do sujeito sobre si mesmo, como caminho Conquista 
social. Em 1977 é fundado o GAE (Grupo de Atividades Especializadas). 
Nesta época só existia bibliografia em francês e algumas obras em espanhol. 
Dra. Costallat foi quem traduziu a primeira obra para o português, que contava 
a história da psicomotricidade no mundo e deixava clara a fundamental 
contribuição da escola francesa, aliás, a única a ser citada e reverenciada por 
ela, sempre. Seus mestres: Dr. Ajuriaguerra e Dra. Soubiran, (Antipoff,, 
Costallat e Ajuriaguerra apud hptt://www.ispegae-
oipr.com.br/psico_história.php) 
Em 1979, no primeiro Encontro Nacional de Psicomotricidade, em São 
Paulo, reuniu-se em torno de 1500 pessoas para ver, ouvir e aprender com a 
Dra. Soubiran e com a Dra. Costallat, sobre Psicomotricidade e educação. 
Soubiran demonstrou ao público, sua técnica de Relaxação, conquistando 
todos com seu charme, competência e disposição, para nós brasileiros, 
tornou-se a mãe da “psicomotricidade e da relaxação psicomotora”, ou como é 
conhecida: “madame Soubiran”. (Soubiran e Costallat apud Alves, 2007) 
 Sociedade Brasileira de Psicomotricidade foi fundada em 1980, é uma 
entidade de caráter científico cultural, sem fins lucrativo, que agrega 
psicomotricistas e representantes regionais em sete estados de três das cinco 
regiões do país. 
O profissional de psicomotricidade trabalha com crianças em fase de 
desenvolvimento, bebês de alto risco, crianças com dificuldades e / ou atraso 
no desenvolvimento global, pessoas portadoras de necessidades especiais, 
pessoa da terceira idade e seus familiares. O psicomotricista atua na área de 
saúde e educação pesquisando, ajudando, prevenindo e cuidando do homem 
na aquisição, no desenvolvimento e nos distúrbios da integração somapsíquica 
 
 
 CAPÍTULO 2 
 PSICOMOTRICIDADE 
 
 Psicomotricidade tem o homem como objeto de estudo, e se ocupa do 
corpo em movimento, é a capacidade que o homem tem de se movimentar com 
a intenção de fazê-lo, de forma que o movimento pressuponha o exercício de 
múltiplas funções, psicológicas: memória, atenção, raciocínio, discriminação, 
afetividade etc. Sobretudo, o corpo é um dos instrumentos mais poderoso que 
o sujeito tem, para expressar seus conhecimentos, idéias, sentimentos, e 
emoções. O corpo fala pelo homem, muitas vezes à sua revelia. É o corpo que 
o une o homem ao mundo, e lhe dá a experiência necessária para que ele 
construa o seu “eu”. 
 O estudo da psicomotricidade centraliza-se nos processos de jogo de 
tensões e descontrações musculares que, em última análise, viabiliza o 
movimento. Esse controle é estudado na sua relação com processos cognitivos 
e afetivos. Ou seja, através do movimento podemos melhorar a organização do 
desenvolvimento das capacidades intelectivas, psíquicas e adaptativas do ser, 
tornando-o ajustado ao meio em que vive. Desenvolvendo também, um 
trabalho constante sobre as condutas motoras, neuro-motoras e perceptivo-
motoras, onde através destas condutas o indivíduo vai tomar consciência do 
seu próprio corpo, desenvolvendo e aprimorando seu equilíbrio, coordenação 
global e fina. Auxiliando esse indivíduo a ser o que ele é capaz de ser, porque 
o movimento não é um processo isolado estando em estreita relação com a 
conduta e a personalidade. Logo, a intervenção psicomotora se situara a nível 
global, tentando modificar toda a sua atitude em relação ao seu corpo, 
procurando respeitar as diferenças individuais baseadas no desenvolvimento 
psico-social. 
 
 
2.1 Definição 
 Psicomotricidade é a ciência que vem cada vez mais, aumentando sua 
importância no desenvolvimento geral do homem em todas as suas fases, 
principalmente por estar ligada a outras ciências como a psicologia, 
psicanálise, neurologia, biologia, lingüística, pedagogia. Isso se dá porque a 
psicomotricidade, estuda terapeuticamente a relação entre o homem e seu 
corpo, considerando não só os aspectos psicomotores, mas sim, os cognitivos 
e os sócio-afetivos, que o constituem como sujeito. 
“A pisicomotricidade consiste na unidade dinâmica das atividades, dos 
gestos, das atitudes e posturas, enquanto sistema expressivo, realizador e 
representativo do “ser-em-ação” e da “coexistência” com outrem” (Chazaud, 
ipud Alves, 2005 p.15). 
A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade definiu de forma abrangente 
o que vem a ser psicomotricidade: “é uma ciência que tem por objetivo o 
estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações do seu 
mundo interno e externo “(SBP,1982, p.5). 
 Psicomotricidade é a realização do pensamento através do movimento 
preciso, equilibrado e com pouco gasto de energia. Já Maria Rodrigues, define 
a psicomotricidade ou psicocinética ou educação pelo movimento como: todo o 
movimento que o homem executa à nível do córtex cerebral, é a ciência que 
tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas 
relações com o seu mundo interno e externo (Rodrigues,2003, p.12). 
Em razão de o homem ser seu objeto de estudo, através de suas 
relações com o corpo em movimento, a psicomotricidade é uma técnica em que 
se cruzam muitos conhecimentos, e que utiliza as aquisições de numerosas 
ciências. Portanto, pode-se dizer que psicomotricidade é uma terapia. A 
psicomotricidade empenha-se em mostrar que o homem é o seu corpo, ele é 
antes de tudo um ser falante, e ao denominar-se, ele fala através de seu corpo 
(às vezes até mesmo a sua revelia). Eis o que o caracteriza. 
A reeducação psicomotora tem como objetivo o desenvolvimento do 
corpo do homem, dando a ele a chance de: dominar seu corpo economizando 
sua energia, de pensar em seus gestos, além de completar e aumentar seu 
equilíbrio e coordenação, a fim de aumentar-lhe a eficácia e a estética, Livre de 
constrangimentos, embaraços ou vergonha. 
 
2.2 Quem é o psicomotricista 
O profissional de psicomotricidade trabalha com crianças em fase de 
desenvolvimento, bebês de alto risco, crianças com dificuldades e / ou atraso 
no desenvolvimento global, pessoas portadoras de necessidades especiais, 
pessoa da terceira idade e seus familiares. O psicomotricista atua na área de 
saúde e educação pesquisando, ajudando, prevenindo e cuidando do homem 
na aquisição, no desenvolvimento e nos distúrbios da integração somapsíquica 
Os processos mentais humanos são sistemas funcionais complexos. O 
cérebro humano é composto, por unidades básicas, cada uma delas possuindo 
uma função particular e peculiar, no todo, que constituem a atividade mental 
nas suas múltiplas e variadas formas (Lúria ipud Fonseca 1995.p.56). Segundo 
dados concretosda patologia cerebral humana, há condições suficientemente 
seguras para distinguir três unidades fundamentais, cuja participação é 
necessária a qualquer tipo de atividade mental, quer no movimento voluntário e 
na elaboração práxia e psicomotora, quer na produção da linguagem falada ou 
escrita. Mantém o tônus necessário do córtex (e de corpo). Os processos 
mentais apresentam substratos neurológicos específicos, se trata de sistemas 
funcionais totais, que se originam da atividade cooperativa das unidades 
funcionais cada uma com sua função específica numa espécie de constelação 
de centros de trabalho. 
Nasce a Bateria Psimomotora (BPM) que tem o objetivo de analisar 
qualitativamente a disfunção ou a integridade psicomotora que caracteriza a 
aprendizagem da criança, tentando atingir uma compreensão aproximada de 
como trabalha o cérebro, e, simultaneamente dos mecanismos que constituem 
a base dos processos mentais da psicomotricidade. 
 Essas unidades fundamentais nas quais, o trabalho do cérebro se 
edifica, são elas: 
a) primeira unidade = A primeira unidade funcional regula o tônus 
cortical e a função de vigilância (de alerta). Já no desenvolvimento uterino entra 
em atividade e desempenha um papel decisivo no parto e nos primeiros 
processos de maturação motora. Comporta dois fatores psicomotores: a 
tonicidade e equilibração. 
b) segunda unidade = A segunda unidade funcional capta e processa e 
armazena informações que vem do meio exterior, entra em jogo o 
desenvolvimento extra-uterino, desempenhando o papel de transição entre o 
organismo e o meio, entre o espaço intra corporal e o extra corporal comporta 
três fatores psicomotores: lateralidade, noção de corpo e estruturação espaço 
temporal. 
c) terceira unidade =A terceira unidade programa, regula e verifica a 
atividade mental. Depende das outras duas unidades. Retifica-as em termos de 
plantificação de condutas cada vez mais conscientizadas e corticalizadas. 
Comporta dois fatores psicomotores: praxia global e praxia fina. . 
O entendimento dos processos de controle da motricidade é muito 
importante para a promoção do desenvolvimento humano. Durante a primeira 
infância, e parte da adolescência, a maior atenção deve ser dada à aquisição 
das capacidades e dos movimentos. Esta é uma fase marcada pela velocidade 
do desenvolvimento cerebral. Um grande número de botões sinápticos crescem 
ou passam a funcionar, constituindo a fase de maior plasticidade macroscópica 
cerebral, havendo uma gravação de caminhos de memória definitivos, pelo 
aumento da potencialização elétrica, ocorrendo também, o desenvolvimento de 
habilidades motoras, de processos mentais e de interiorização das 
estimulações sensoriais. A plasticidade cerebral e a capacidade de 
aprendizagem continuam após esta fase, porém, em um ritmo mais lento. 
Devido a isto, o desenvolvimento motor ou de capacidades físicas, nesta fase 
da primeira infância, não deve ser tomado como parâmetros, para o 
planejamento das atividades motoras, já que uma pessoa é diferente da outra, 
portanto, duas crianças não responderão igualmente à estímulos, promovidos 
por métodos de treinamento criados para o desenvolvimento psico-motor. A 
aquisição da capacidade de dos movimentos intencionais, exige uma grande 
diversidade de vivências motoras, atenção à aspectos qualitativos, tais como: 
ritmo, ambiente, equilíbrio, coordenação e descontração. Cabe informar que o 
desenvolvimento das capacidades psicomotoras é muito importante para a 
integração da personalidade, já que as limitações com o próprio corpo e com 
os movimentos afetam a segurança e a auito-estima dificultando as relações 
inter-pessoais. 
Segundo Lê Boulch (1982) a educação psicomotora concerne uma 
formação de base indispensável a toda criança normal ou com problemas. Ela 
ainda responde, segundo ele, por uma dupla finalidade: Assegurar o 
desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidades da criança e ajuda 
sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se por meio de intercâmbio com o 
ambiente humano. 
Ele afirma também que a imagem do corpo representa uma forma de 
equilíbrio entre as funções psicomotoras e a sua maturidade. Ela não 
corresponde só a uma função, mas sim a um conjunto funcional cuja finalidade 
é favorecer o desenvolvimento. Salientando que os movimentos espontâneos 
mesmo que impensados dependem das nossas experiências anteriores, não se 
tratando de memória intelectual, mas sim verdadeiramente uma memória 
corporal, que é completamente cheia de afeto e condicionada por ele. 
 
2.3 Desenvolvimento Psicomor (DPM) 
 E de suma importância para a abordagem psicomotora do homem a 
função do tônus muscular. Ele atua em todos os níveis de personalidade 
psicomotora e participa de todas as funções motrizes (equilíbrio, coordenação 
e dissociação). É, sobretudo material para expressão da emoção, sendo 
mecanismo vital para a comunicação não verbal, ou seja, Podemos transmitir , 
mesmo sem palavras,todo nosso estado interior (dor,medo, alegria tristeza e 
até nosso conceito de nós mesmos), através da “linguagem corporal“. Portanto, 
o tônus muscular depende muito da estimulação do meio, todo movimento 
realiza-se sobre um fundo tônico e um dos aspectos fundamentais é sua 
ligação com as emoções. A boa evolução da afetividade é expressa através da 
postura, de atitudes e de comportamento etc. 
“Desenvolvimento é uma processo ordenado, 
regular e contínuo que envolve todas as áreas do 
organismo e da personalidade” (Alves, 2005, p. 87). 
 
2.4 Tônus 
 Quanto a sua definição: Tônus Muscular é o estado de relativa tensão 
(vigília) em que se encontra o músculo normal permanentemente ou em seu 
estado de repouso. Ele esta presente em todas as funções motrizes do 
organismo, como o equilíbrio, a coordenação, o movimento etc. O tônus 
quando em transição muscular, estado de flutuação, passando de estado de 
hipotonia para hipertonia e vice versa, apresenta-se o que denominamos de: 
Clônus Muscular. 
O tônus apresenta as seguintes alterações: 
a) Normotonia = quando o tônus esta em seu estado normal de vigília; 
b) Hipertonia = quando há o aumento excessivo dessa tensão. A 
Hipertonia apresenta duas variáveis: 1) Hipertonia elástica, ela é espástica 
(espasticidade é uma perturbação do tônus por um aumento ao estiramento 
que pode diminuir abruptamente), e 2) Hipertonia plástica, ela é rígida. 
c) Hipotonia = quando há a diminuição excessiva desta tensão. 
 “O tônus apresenta-se como uma tensão que 
regula controla a atividade postural suporte do 
movimento” (Ajuriaguerra Apud, Alves, 2005, p. 60). 
 
A base das atividades musculares é a tensão muscular. 
 2.5 O movimento 
 O ser humano é uma criatura ativa que se expressa através do 
movimento, É possível controlar os movimentos naturais do homem, de forma 
que eles expressem seus desejos ordenados e planejados na vida. Qualquer 
que seja o meio de movimento o ser que se movimenta aprende durante todo o 
seu desenvolvimento, adquirindo experiência. Quanto mais se movimenta mais 
ao longe leva a educação. A aprendizagem através do movimento proporciona 
a qualquer pessoa o valor do significado do auto-conhecimento. 
Já no ventre materno o feto prova, através de gesticulações que esta 
bem vivo. Após seu nascimento, logo nos primeiros dias, o recém nascido tem 
necessidade de movimento e tem direito a plena liberdade dos quatro 
membros. O movimento é vital, para criança normal (e mais ainda se ela tiver 
qualquer deficiência), para um desenvolvimento físico, intelectual e emocional 
da criança. Ele permite a ela explorar o mundo exterior através de experiênciasconcretas, pelas quais são construídas as noções básicas do desenvolvimento. 
O movimento é o primeiro veículo usado pelo homem com o intuito de 
comunicação, é o meio pelo qual todo homem recorre quando não pode fazê-lo 
por meio de palavra. A maioria deles parece ser tão naturais que, é difícil 
acreditar que muitos foram aprendidos. Os tipos de movimentos são: 
Movimento reflexo (involuntários), movimento voluntário (intencionais) e 
movimento automático (de início voluntário depois automático ex. marcha) 
Devido ao grande desenvolvimento das atividades intelectuais, tem se 
esquecido do homem como totalidade. O homem tem necessidade de equilíbrio 
rítmico e, portanto, os seus movimentos simples e primitivos são a base para 
seu desenvolvimento físico e saúde. 
 Através do movimento associado ao pensamento e a afetividade, 
podemos obter respostas significativas em cada etapa do processo maturativo, 
e, portanto, obter o enriquecimento específico de cada ser humano com o 
ambiente, tanto no domínio motor como no mental, favorecendo assim, a auto-
estima do seu “eu” interior como sujeito. A experiência do corpo é a descoberta 
do ritmo interno, através do qual pode mobilizar a via de comunicação que há 
em seu interior. O corpo deve ser motivado. O movimento é a característica 
necessária para a aprendizagem, onde podemos obter respostas significativas 
em cada etapa do processo maturativo, enriquecendo especificamente o 
desenvolvimento de cada ser, no domínio motor e mental. 
Se faz necessário uma ajuda, que seja ao mesmo tempo estimulante e 
sem imposições, para favorecer o desenvolvimento psicomotor. Refeições, 
troca de fraldas, cuidados com a higiene, banhos, modo de carregar a criança e 
etc. devem ser momentos aproveitados para ser dado estímulos necessários 
para o bom desenvolvimento do bebê através de brincadeiras diálogos e 
cantigas. 
O homem é um organismo ativo, e o movimento é vital para o seu bem 
estar. A vida humana é atribuída ao movimento, desde os movimentos amplos 
até as minúsculas pulsações vísceras. Assim a ausência de movimento no 
período pré natal é causa de alarme. 
Para se entender o que ocorre com uma criança com Paralisia Cerebral, 
é importante compreender o neuro-desenvolvimento ser humano normal, desde 
sua fase Embrionária. É de grande importância compreendermos que a vida 
pós-natal e a motricidade do recém nascido nada mais é do que a continuidade 
da vida intra-uterina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CAPÍTULO 3 
 O INÍCIO DE TUDO 
 
O ciclo vital se dá inicio com a fecundação, que é quando o 
espermatozóide penetra no óvulo formando o embrião (concepção, 
organização genética). Após mais ou menos sete dias da fecundação acontece 
a nidação (implantação do óvulo fecundado no útero). Mais ou menos duas 
semanas após a fecundação o embrião acelera sua reprodução iniciando os 
vestígios da formação dos primeiros órgãos inclusive do sistema nervoso 
central. Entre oito e dezeseis semanas o embrião vira feto, inicia-se a 
sensibilização oral, extensão de tronco, deglutição e reflexo de Babinski, e 
também inicia-se os movimentos pré respiratórios. Há o surgimento dos 
membros e órgãos. Entre a vigésima segunda e vigésima quarta semanas o 
feto já apresenta reflexo tônico do pescoço e de preensão e controle físico-
químico. Por volta da vigésima sétima semana o feto começa a ter sensações 
como a dor. A partir da trigésima oitava semana o feto atinge a vitalidade do 
nascimento (bebê a termo). As células nervosas se desenvolvem bastante 
entre o sexto mês de gestação até, mais ou menos cinco seis anos de idade 
(desenvolvimento neuronal). 
O desenvolvimento intra urerino é o alicerce para a vida o 
desenvolvimento da vida extrauterina. 
O desenvolvimento do cérebro tem início logo após a concepção e 
continua após o nascimento. Ao nascer o ser humano apresenta algumas 
estruturas já prontas, definidas como, por exemplo: a cor dos cabelos, a cor 
dos olhos, sexo, outras estão por se desenvolver, neste último caso encontra-
se parte do sistema nervoso, que precisa de condições favoráveis para seu 
pleno funcionamento e desenvolvimento. Os movimentos, ações e enfim a 
integração do homem as condições do meio ambiente, estão na dependência 
de um sistema muito especial chamado “Sistema Nervoso”, que precisa de 
condições favoráveis para o seu pleno funcionamento e desenvolvimento. 
3.1 O sistema nervoso 
O movimento as ações, enfim a integração do homem ás condições do 
Meio ambiente dependem do sistema nervoso. O sistema nervoso 
compreende Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico. 
 O sistema nervoso central compreende em encéfalo (cérebro, cerebelo, 
ponte ou protuberância e bulbo). 
Na superfície do encéfalo localiza-se uma massa cinzenta onde se 
acumulam os neurônios (neles são armazenadas as informações, são 
percebido os sentidos e são processados os dados obtidos à partir de 
estímulos exteriores), essa área superficial é chamada de córtex cerebral que é 
a zona de controle motor ou de sensibilidade. E lê tem a maior importância no 
grau de desenvolvimento do indivíduo. Mais profundamente no encéfalo se 
encontra a massa cinzenta, onde praticamente não se encontram corpos de 
neurônio, mas apenas suas ramificações (dendritos e axônios). Em todo o 
encéfalo são numerosos os centros nervosos, como os centros da visão, do 
paladar, da audição, do olfato, da dor, da fome, da cócegas, da raiva, da 
coordenação motora (este muito amplo e se subdivide em áreas 
correspondentes aos diversos pontos do corpo), da associação visual para a 
leitura, do centro de regulação respiratória, cardíaca, centro termorregulador 
etc. O córtex é, portanto, o centro de controle dos atos conscientes e 
inconscientes e também da inteligência. 
Afora o encéfalo o sistema nervoso central é constituído pela medula 
(ou raquidiana). É ela quem faz a transição entre as diversas partes do corpo. 
Os estímulos vem da pele e dos órgãos até a medula, e dela vão ao cérebro, 
também as ordens motoras vem do cérebro até a medula e daí são distribuídas 
para pontos específicos do corpo. Todo o sistema nervoso central fica 
protegido por uma caixa óssea (crânio e coluna vertebral) e por meninges : 
dura-máter, aracnóide e pia-máter. 
O Sistema Nervoso Periférico compõe-se dos nervos cranianos que 
nascem diretamente do cérebro (12 pares). Alguns partem do cérebro, outros 
da ponte, e outros ainda do bulbo. Alguns são sensitivos, outros motores e 
outros por sua vez são mistos. Inervam a cabeça o pescoço e os ombros, 
apenas o pneumogástrico ou vago penetra no tronco e inerva as numerosas 
vísceras.Já os nervos raquianos nascem todos na medula raquidiana são em 
número de 31 pares e são todos mistos, isto é transmitem sensações da pele e 
dos órgãos para a medula como transmitem ordem motora destas para os 
músculos. Cada nervo raquiano tem uma raiz posterior (sensitiva) e uma raiz 
anterior (motora), nas proximidades da medula, e nervos raquianos com as 
suas ramificações. 
Chama-se Arco reflexo a resposta imediata após a excitação de um 
nervo sem a vontade do indivíduo. Alguns arcos reflexos têm apenas a atuação 
da medula, sem a participação do cérebro. Neste caso, o estimulo entra na 
medula pela raiz posterior, atravessa a massa cinzenta por meio de um 
neurônio de associação saindo da medula pela raiz anterior, por um neurônio 
motor. Há arcos reflexos que se fazem apenas entre o neurônio sensitivo e o 
neurônio motor, não existindo entre eles o neurônio de associação. Mas 
também ocorrem arcos reflexos mais complexos e envolvemestímulos que 
vão ao córtex cerebral e dele voltam trazendo informações para medula. 
O hemisfério central direito comanda as atividades do lado esquerdo do 
corpo, assim como as atividades do lado direito estão sob o comando do 
hemisfério cerebral esquerdo. 
O Sistema Nervoso Autônomo ou neuro vegetativo é formado por nervos 
que trabalham sem a participação da vontade ou da consciência do indivíduo. 
Esses nervos se dividem em dois grupos: Sistema Simpático e Sistema 
Parassimpático. Eles funcionam sempre em antagonismo, do que resulta das 
atividade equilibrada dos órgãos. Os nervos do simpático nascem dos ramos 
anteriores dos nervos raquianos, ao nível da região média da medula raquiana. 
Os nervos parassimpático nascem diretamente do encéfalo (pneumogástrico) e 
das porções mais inferiores da medula raquiana (neste último caso, também de 
ramos anteriores dos nervos raquianos). 
Em síntese, o sistema nervoso tem duas funções: 
a) Colocar o indivíduo em relação com o mundo exterior 
b) Promover o relacionamento entre as diferentes partes do organismo. 
No desenvolvimento mental da criança o que ocorre não é simplesmente uma 
maturação dos instintos naturais, ele se desdobra no processo de atividade 
objetiva e na comunicação com os adultos onde estão contidas práxis e a 
linguagem do ser humano. “A maturação do cérebro, como um sistema 
dinâmico que é, forma-se a partir da influência decisiva do meio envolvente”. 
(Fonseca,1995, p.50) 
Durante os primeiros anos de vida algumas células corticais novas são 
acrescentadas, as células ficam maiores e as já existentes estabelecem mais 
conexões entre si. O cérebro fica mais pesado. O sistema nervoso não se 
desenvolve de uma só vez e obedece a uma seqüência, é preciso pedir a 
criança o que ela for capaz de realizar levando em consideração seu processo 
de maturação. A maturação do cérebro como sistema dinâmico que é, forma-se 
a partir da influência decisiva do meio envolvente. O ser humano tem uma 
característica peculiar do reino animal, nasce como cérebro imaturo e inocluso. 
De fato só alguns processos como os reflexos estão presentes ao nascimento, 
outros dependem da ajuda exterior. 
O cérebro é efetivamente um sistema que combina diferentes do sistema 
nervoso, cujo trabalho conjunto não só tende a uma análise e uma síntese 
extremamente complexa da realidade, como também implica a regulação e a 
planificação das mais complexas formas da atividade humana. No 
desenvolvimento mental da criança o que ocorre não é simplesmente uma 
maturação dos instintos naturais, ele se desdobra no processo de atividade 
objetiva e na comunicação com os adultos onde estão contidas práxis e a 
linguagem do ser humano. 
A maturação do cérebro, como um sistema dinâmico que é forma-se a 
partir da influência decisiva do meio envolvente. ( Fonseca,1995.p.50) 
Vários cuidados e exames pediátricos devem ser realizados no recém 
nascido, como por exemplo: pele, órgãos genitais, face, cabeça, tórax, 
abdômen, sistemas sensoriais, fontanelas, cordão umbilical, Com o intuito de 
identificar: malformações congênitas, patologias, anomalias, lesões ou 
disfunções cerebrais etc. Objetivando a importantíssima identificação precoce 
para se poder intervir o mais rapidamente possível. Não podemos esquecer 
que uma criança com seqüela de paralisia cerebral ou com necessidades 
especiais, deve ter iniciado seu tratamento logo após seu nascimento. 
Dentro destes cuidados, temos como fundamental a observação: dos 
reflexos, do tônus e da mobilidade espontânea, estes três aspectos 
diferenciados constituem o repertório neurobiológico inicial com o qual o recém 
nascido vai iniciar a aprendizagem sócio-história. 
 
3.2 Reflexo 
 Reflexo é uma certa resposta para um determinado estímulo que 
envolve a unidade anatômica chamada arco reflexo, no qual a parte superior do 
sistema nervoso central (cérebro) não participa indo somente até a medula, são 
movimentos executados imediatamente como reação a um estímulo 
determinado. São inatos não precisam de aprendizagem para a sua produção 
embora a experiência os aperfeiçoem. Mais de setenta reflexos primitivos. 
 A observação destes reflexos compreende necessariamente uma 
maturação tônica concomitante. Já foram detectados no período neonatal. A do 
bebê deve compreender uma simples observação subdividida nos aspectos: de 
comportamento global evolutivo, alternância vigilância-sono, reatividade, choro 
e atividade sensorial. No que diz respeito a observação dos reflexos (ou dos 
automatismos primários), os reflexos mais importantes são: 
1) Reflexos orais e periorais = Os reflexos da deglutição e da sucção 
estão presentes no recém nascido, a cabeça orienta-se no sentido da zona 
perional estimulada (reflexos dos pontos cardiais). A ausência pode sugerir 
defeito no desenvolvimento; 
2) Reflexo dos olhos (pupilar e palpebral) = Vários reflexos se observam 
a nível dos olhos. Os mais importantes são: reflexo de pestanejar, e o 
reflexo da não fixação, o reflexo de rotação (dependente da função vestibular) 
e o reflexo da pupila; 
3) Reflexo de moro (do abraço) = Resposta global a um estímulo 
inesperado ou a um estímulo antigravítico. É um reflexo vestibular, que 
consiste numa abdução e numa extensão de braços, acompanhados de choro 
vigoroso. Trata-se também de um mecanismo de alerta que deve desaparecer 
por volta de três a quatro meses de idade; 
4) Reflexo de preensão = Verifica-se quando se estimula a palma da 
mão, provocando uma flexão de dedos, ficando a mão fechada. Constitui um 
reflexo tônico dos flexores dos dedos. A estimulação nas costas das mãos 
provoca o reflexo oposto; 
5) Reflexo de preensão plantar = De zero a oito meses estimula-se a 
base dos metatarsos a criança responderá com a flexão total dos dedos; 
6) Reflexo do pé = Flexão da perna provocada por simples estimulação 
na sola do pé, podendo causar movimento ipsilateral. Este reflexo deve 
desaparecer por volta dos oito meses; 
7) Reflexo da anca = Provocado por flexão de uma perna, originando 
flexão da perna contrária; 
8) Reflexo da marcha = Por estimulação da superfície plantar do pé, com 
o bebê suspenso ou seguro pelas axilas, este evoca a flexão projetada da 
perna contrária com extensão da perna apoiada, evidenciando num movimento 
similar à marcha; 
 9) Reflexo de calcanhar = Provocado por uma percussão ou pressão, 
implicando em extensão de membro; 
 10) Reflexo tônico do pescoço (RTCA) = reflexo postural assimétrico em 
que se verifica a orientação, para o mesmo lado da cabeça e do braço, com 
flexão contra lateral do joelho e braços. Desaparece por volta de dois, tres 
meses. Nas crianças com paralisia cerebral, este reflexo persiste e pode até 
aumentar (e o RTCS) aparece entre dois e três meses e vai até seis oito meses 
= flexionado-se a cabeça da criança os membros superiores se fletem e os 
inferiores se estendem, ao se estender a cabeça os membros superiores se 
estendem e os superiores se flexionam; 
 11) Reflexo de incurvação = A estimulação de uma região paravertebral 
leva a uma incurvação de todo o corpo da criança, no sentido do ponto 
estimulado; 
 12) Reflexo de Landau = O bebê na suspensão ventral evidencia uma 
extensão da cabeça, na coluna e nas pernas. Trata-se de uma associação do 
reflexo labiríntico de retificação com certos reflexos cervicais; 
 13) Reflexos ósteo-tendinosos = Normalmente exagerados nas crianças 
com paralisia cerebral; 
 14) Reflexo palmomental = Abertura da boca por estimulação da palma 
da mão; 
15) Reflexo da passagem de obstáculo = Provocado por estimulação 
dorsaldo pé com flexão da perna. 
 16) Reflexo tônico labiríntico = De zero a dois meses. A criança em 
supino apresenta epistótomo e em prono flexão total; 
 Esses reflexos devem desaparecer com o tempo, dando lugar a 
aquisições motores ontogenéticas, como as que emergem como conseqüência 
do desenvolvimento postural. A ausência e a persistência contínua desses 
reflexos podem refletir uma perturbação neurológica e por isso fornecem uma 
informação muito relevante para o diagnóstico evolutivo, a identificação 
precoce e maturação da criança. 
 
 3.3 Reações de Retificação 
 As reações de retificação existem para poder coordenar o corpo. 
Movimentos harmoniosos controlados e reagir contra a força da gravidade. 
Permitem o ajustamento dos segmentos do corpo entre si imprescindíveis para 
que o organismo possa realizar mudanças corporais permitindo ações 
antigravitacionais harmoniosos e funcionais. 
 1) Reação labiríntica de retificação = a criança colocada em prono com o 
nariz e a boca sobre o travesseiro girará e cabeça podendo se dizer que é o 
início da reação labiríntica de retificação, esta é a reação que coloca a cabeça 
em posição normal em relação ao espaço; 
 2) Reação Cervical de Retificação = É o complemento da labiríntica. 
Aparece após o nascimento e vai até mais ou menos os três quatro meses. 
Criança em supino flete e gira a cabeça a cabeça para um dos lados e ela 
responderá como um todo. Esta reação permite rolar em bloco; 
 3) Reação Corporal de Retificação = Aparece após os seis meses. 
Criança em supino gira a cabeça para um dos lados e ela responderá girando o 
seu corpo dissociando cinturas pélvica e escapular; ·. 
 4) Reação Óptica de Retificação = Aparece aos cinco meses. Criança 
conserta o corpo de acordo com os estímulos visuais (retificação da cabeça em 
relação ao corpo através das vias ópticas ajuda a orientação espacial do corpo 
sobre a via de sentido visual); 
 5) Reação do Elevador = aparece com seis meses, criança de gatas em 
superfície móvel elevando-se ela bruscamente para cima a criança faz flexão 
de cotovelos e abaixa a cabeça, quando a superfície é levada bruscamente 
para baixo a criança faz hiper extensão de cabeça e membros superiores; 
 6) Retificação Protetora dos Braços = Surgirá para frente aos seis 
meses, para os lados aos oito meses e para trás aos dez ou doze meses. É a 
extensão súbita dos braços para a proteção das quedas; 
A observação do tônus aborda o tônus de fundo e o tônus de ação. O 
tônus de fundo é revelado pela extensibilidade e pela passividade. O tônus de 
ação é evidenciado pela motilidade, pelo endireitamento da cabeça, pelo 
endireitamento global, e pelo endireitamento do eixo corporal, quando a criança 
é mantida por um apoio plantar. 
O tônus é um reforço às aquisições motores automáticas primárias. A 
sua maturação se dá no sentido caudo-cefálico, isto é, o sentido inverso das 
aquisições locomotoras, que seguem como já vimos o sentido céfalo-caudal. 
A exploração desta dupla e dialética aquisição, segundo Dargassies, 
permite determinar a idade fetal neurológica. 
Segundo Gesell citado por Fonseca (1998) a escala de desenvolvimento 
até os cinco anos de idade, compreendendo os seguintes comportamentos: 
a) Comportamento adaptativo aos ajustamentos sensório-motores e 
percepções das relações; 
b) Comportamento motor global (postura e marcha); 
c) comportamento motor fino (preensão e dextralidade); 
 d) Comportamento lingüístico (fatores de comunicação verbal e não 
verbal); 
e) Comportamento pessoal-social (reações pessoais à cultura social). 
Estes cinco aspectos do comportamento desenvolveram-se 
interdependentemente, contendo processos normais de maturação. O 
comportamento transforma-se em estrutura e em função. O corpo cresce e o 
comportamento também, pensamento e movimento não se opõem, a 
diferenciação neurológica produz a sua maturação evolutiva. 
Como defende Wallon o desenvolvimento da criança é um misto de 
inovação e de renovação. A motricidade e o psíquico, embora sendo duas 
realidades diferentes, são igualmente duas realidades solidárias. 
O período que compreende o nascimento e a aquisição da linguagem é 
um período de extraordinário desenvolvimento mental, sendo, decisivo para 
todo desenvolvimento psíquico: representa a conquista através da percepção 
dos movimentos de todo o universo prático em que a criança esta envolvida. O 
bebê manifesta interesse e necessidade de intercâmbio com ambiente 
humano, sendo a comunicação instaurada entre a criança e o meio em que 
vive um dos fatores principais para o desenvolvimento. 
As funções de relação musculares e sensoriais são pobres. O recém-
nascido submetido a gravidade, não tem tônus suficiente para assegurar o seu 
equilíbrio de seu corpo; sua motricidade se limita a reações impulsivas, 
essencialmente localizadas nos membros. No momento em que a criança entra 
no meio aéreo, a quantidade e a qualidade de sinais aumentam e resultam 
numa atuação importante do processo de maturação sensorial e dos centros 
nervosos correspondentes. Os estímulos cutâneos, visuais e auditivos 
ocasionados pela presença humana são fatores essenciais ao desenvolvimento 
vão permitir que a criança estabeleça um contato ativo com o ambiente. 
 
3.4 Escala de maturação 
* Um mês de idade = Padrão flexor, mãos fechadas, rotação da cabeça 
para um dos lados sendo este movimento involuntário para um dos lados, 
consegue levantar a cabeça por alguns segundos, em decúbito dorsal (barriga 
para cima) reflexo tônico de pescoço. Não tem controle de cabeça nem tronco. 
* Dois meses de idade = Diminuição do padrão flexor, início dos 
movimentos voluntários, esboço do rolar pela reação labiríntica de retificação. # 
Três meses de idade = Fim do padrão flexor, elevação da cabeça com 
extensão de tronco, mãos mais abertas, início da coordenação bubo-manual 
(mão na boca por prazer), já sustenta a cabeça, mas não senta,quando 
sustentada nas axilas , levanta os pés alternadamente (reflexo de marcha). 
* Quatro meses de idade = Cabeça já erguida e pernas esticadas início 
de movimento de flexo extensão de joelhos, na posição de quatro apoios 
(gatas) transfere o peso para os membros superiores preparação para 
engatinhar, tenta levantar a partir do deitado, interessa-se pelos pés. 
* Cinco meses = Criança em DV (barriga para baixo), faz apoio com as 
mãos e começa a brincar de elevar o quadril, engatinha, e apresenta esboço de 
RPB para frente, tenta sentar sozinha. 
* Seis meses de idade = Criança com já controla melhor o tronco, brinca 
na posição de gatas, começa a engatinhar. 
* Sete meses de idade = Criança já tem controle de cabeça e tronco e 
inicia sentar sozinha, manipula objetos com ambas as mãos, apresenta esboço 
de RPB para os lados, começa a ficar de pé colocando o peso sobre as pernas, 
mas não por muito tempo. 
* Oito meses de idade = Criança tenta passar de urso (gatas com 
joelhos estendidos) para PO (posição ortostática – de pé), apresenta bipedismo 
com suporte por um tempo maior, estabelece-se bem preferência manual 
(lateralidade). 
* Nove meses de idade = criança engatinha mais para trás do que para 
frente, as pernas ainda não fazem o movimento correto, começa apresentar a 
curvatura fisiológica da lombar, inicia o RPB para trás, consegue sustentar bem 
peso do corpo sobre os pés desaparecendo o reflexo de preensão dos dedos. 
* Dez meses de idade = Já realiza o balanceio em PO, apresenta RPB 
para frente, para os lados e para trás, consegue se deslocar com os glúteos. 
* Onze meses/ Onze meses e meio = Apresenta esboço de marcha livre, 
já realiza trocas posturais corretas (coordenaçãoe equilíbrio satisfatórios), 
passa de deitado para sentado, desta para gatas, e desta para PO. 
* Um ano de idade = Anda com aumento da base de sustentação 
(pernas abertas), por estar aprimorando seu equilíbrio estático e dinâmico e 
coordenação, sobe e desce escadas com apoio, começa a aprender a correr. 
* Dois anos de idade = Criança corre com flexão de joelho, sobe e desce 
escadas sem apoio (descendo coloca os dois pés no mesmo degrau), já anda 
com bom equilíbrio para frente, para os lados e para trás, consegue agachar 
para pegar um objeto, levantar e continuar andando com equilíbrio. 
* Três anos de idade = criança já pula com os dois pés e inicia pular e 
ficar em um pé só aprimorando o equilíbrio inicia andar de triciclo. 
* E daí por diante o desenvolvimento e aprendizado é constante 
Dependendo do afeto, do estado emocional e do estímulo externo do 
meio em que vive uma criança poderá apresentar um desenvolvimento mais 
rápido que outra de mesma idade, sem que isto represente alguma alteração 
patológica. Cada criança é única, é diferente da outra. 
 Um bebê privado de mobilidade terá a dificuldade de desenvolver a sua 
percepção corporal. O possível retardo ou parada no desenvolvimento desta 
criança pode ser acentuado pelo desenvolvimento anormal do relacionamento 
entre mãe e filho, que é um fator importantíssimo no processo de maturação da 
criança. 
 É preciso pedir para a criança o que ela é capaz de realizar, levando em 
consideração seu processo de maturação. 
O desenvolvimento é contínuo, a criança desenvolve-se de maneira 
contínua desde que nasce. Crescimento em altura e peso, desenvolvimento 
intelectual e afetivo dependem de influências comuns. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CAPÍTULO 4 
 PARALISIA CEREBRAL 
 
O termo Paralisia Cerebral vem do Grego = Paralysis – Significa 
fraqueza / perda de função motora e/ou sensorial. Cerebral é relativo ao 
cérebro. 
William Little em 1860 foi quem descreveu pela primeira vez a Paralisia 
Cerebral, relacionando suas alterações a hipóxia perinatal e dos traumas de 
parto como fatores determinantes de lesões cerebrais irreversíveis (William 
Little apud www.apcb.org.br/paralisia) 
Freud em 1897 foi quem praticamente inventou, onde empregou a 
expressão “Paralisia Cerebral Infantil”, dando a entender que a criança 
acometida por ela ficará imobilizada, sendo que este fato ocorre somente com 
uma parcela dos pacientes, como efeito progressivo da hipotonia (excesso de 
tônus muscular), devido à gravidade da lesão e ausência de terapias 
adequadas. Em virtude da má colocação verbal desta “patologia”, algum 
especialista tem adotado outros termos como: Incapacidade Motora Cerebral 
(IMC), Distrofia Cerebral Ontogênica (DCO), Encefalopatia Crônica da Infância 
(ECI), com o intuito de evitar qualquer associação, do termo paralisia, com o 
julgamento da capacidade mental da pessoa. Quando esta capacidade é 
afetada, trata-se de deficiências múltiplas. 
 
 4.1 Significado 
 A definição de paralisia cerebral é o conjunto de distúrbios motores 
causados por uma lesão do cérebro imaturo ocasionada pela falta de 
oxigenação do tecido nervoso ou alguma agressão relacionada ao cérebro, 
levando a uma desordem do movimento e da postura devida, interferindo 
assim, no desenvolvimento motor normal da criança. (Esta lesão pode ocorrer 
desde o período embrionário até os cinco anos de idade). Acontecendo antes 
do parto, no momento do parto ou após o parto. 
 De acordo com a época, localização e grau em que a lesão cerebral 
tenha ocorrido, existirá uma variação da natureza da deficiência; podemos 
então dividir estas lesões em três períodos: 
 a) Pré-natal = Estas lesões podem ocorrer quando há a ameaça de aborto, 
nos primeiros meses de gestação, traumas diretos no abdome da mãe, 
exposições ao raios x, infecções adquiridas durante a gravidez (sífilis, rubéola, 
toxoplasmose), incompatibilidade do fator Rh da mãe e do pai. As dificuldades 
enfrentadas no período gestacional (condições patológicas como má circulação 
placentária ou enfermidades materna, uso de drogas, etc.) têm a ação evidente 
sobre o feto, agindo sobre o metabolismo da criança. 
 b) Neo-natal = Estas lesões ocorrem quando há uma falta de oxigenação na 
hora do nascimento da criança. As causas são partos difíceis principalmente em 
fetos muito grandes e mães pequenas, parto muito demorado ou o uso de 
fórceps, manobras obstétricas violentas e os bebês que nascem prematuramente 
(antes dos nove meses e pesando menos de dois quilos). Possuem um maior 
risco de apresentar paralisia cerebral. 
c) Pós-Natal = O período recém-nato tem os seus riscos no caso de logo nos 
primeiros meses de vida, febre muito alta (39°C ou acima), desidratações graves. 
Existem também lesões nos casos de infecções por meningite ou encefalite, 
traumatismos crânios-encefálicos, asfixia por afogamento, envenenamento por 
gás ou por chumbo. Além do sarampo. Estes são os fatores de risco para a 
paralisia cerebral. 
A paralisia Cerebral é uma lesão estática, não se agrava, o quadro não é 
progressivo, e também não é contagiosa. A deficiência motora expressa-se em 
padrões normais de postura e movimento, associados com um tônus postural 
anormal. No entanto, algumas características (seqüelas e deformidades), 
quando não tratadas devidamente, poderão mudar com o tempo, sendo assim 
progressivas. Uma única criança pode mudar de uma categoria diagnóstica 
para outra durante o processo de maturação. Os distúrbios mais relevantes são 
os motores, sem necessariamente, implicar na deficiência mental associada, a 
inteligência pode ir do normal ao subnormal. 
 Essas crianças, devido ao desenvolvimento incompleto, parecem por 
vezes, não ter nascido de fato, sendo, de alguma forma, imaturas para 
estabelecer contato como mundo que as espera. Dependendo da área cerebral 
afetada, quanto ao tônus muscular a pessoa com a seqüela de paralisia 
cerebral pode apresentar as seguintes características no comportamento 
motor: 
 a) Espásticas = É uma paralisia causada no sistema piramidal 
ocasionadas por traumatismo no moto neurônio superior do córtex ou nas vias 
que terminam na medula espinhal. Espasticidade é uma perturbação do tônus 
por um aumento da resistência ao estiramento, que pode diminuir 
abruptamente. Os músculos estão em contração contínua havendo aparente 
fraqueza do seu condutor antagonista. Há a incapacidade de relaxar os 
músculos. As deformidades das articulações se desenvolvem (Os músculos 
espásticos não tem crescimento normal) e podem com o tempo tornar-se 
contraturas fixas. Flexão e rotação interna dos quadris, flexão dos joelhos e 
equinismo são as deformidades mais freqüentes nas crianças que adquirem a 
marcha. Podendo ainda, desenvolver luxação paralítica dos quadris e 
escoliose. 
Pode haver a Tetraplegia que é o acometimento dos braços, pernas, 
tronco e cabeça (envolvimento total). A tetraplegia esta relacionada a 
problemas que determinam sofrimento central difuso grave (infecções, hipóxia 
e traumas), ou com malformações cerebrais graves. 
 Quando a lesão atinge principalmente a porção do trato piramidal 
responsável pelos movimentos das pernas, ocorre a Diplegia Espástica onde 
os movimentos dos membros inferiores são maiores do que dos membros 
superiores. Esta forma é menos grave do que a tetraplegia. A maioria das 
crianças adquire marcha independente antes dos oito anos de idade. 
 Quando ocorrem malformação cerebral, acidentes vasculares ocorridos 
ainda na vida intra-uterina e traumatismo crânio encefálico, há a Hemiplegia 
Espastica, queé o acometimento de um dos lados do corpo. A criança com 
este tipo de comprometimento tem bom prognóstico e adquirem marcha 
independente. Algumas apresentam um tipo de distúrbio sensorial que impede 
ou dificulta o reconhecmento com a mão do lado da hemiplegia. 
 b) Atetósicas = Esta paralisia tem a lesão localizada no gânglio basal no 
trato extrapiramidal. Atetose é o comprometimento neurológico dos 
movimentos involuntários de pequenas articulações (articulações distais). São 
movimentos lentos que se tornam exacerbados na tentativa de se realizar 
movimentos voluntários. Apresenta constantes movimentos involuntários de 
contorção das extremidades e da língua. 
 Podemos ter as formas: 1) coreoatetósica, que é a associação de 
movimentos involuntários contínuos, uniformes e lentos (atetose) e rápidos, 
arrítmicose de início súbitos (coreicos). 2) Distônica, que apresenta 
movimentos intermitentes de torção devido à contração simultânea das 
musculaturas agonista e antagonista, muitas vezes acometendo somente um 
lado do corpo. Os movimentos involuntários são leves ou acentuados e são 
raramente observados durante o primeiro ano de vida. Nas formas graves 
antes desta idade a criança apresenta hipotonia (tônus muscular diminuído) e o 
desenvolvimento motor é bastante atrasado. Muitas crianças não são capazes 
de falar, andar ou realizar movimentos voluntários funcionais sendo, portanto 
dependentes para as suas atividades de vida diária. 
c) Atáxicas = Esta lesão esta localizada no cerebelo. Suas 
características são: incoordenação, dificuldade de equilíbrio, e seus 
movimentos são sem ritmo e sem direção, apresentando tremores ao serem 
realizados. A marcha realizada é cambaleante por causa da deficiência de 
equilíbrio. Assim como nas formas extra-piramidais de paralisia cerebral, 
durante o primeiro ano de vida, a alteração observada é a hipotonia. A 
alteração mais encontrada frequentemente é a ataxia associada a sinais 
piramidais (tônus muscular aumentado e reflexos exacerbados). É raro de se 
encontrar ataxia pura na paralisia cerebral. 
 d) Mistas = Paralisia que apresenta a associação de mais de uma 
característica das já citadas acima. Devido à interdependência e interligação 
dos sistemas as lesões raramente ocorrem em uma única região isoladamente 
 Na Paralisia Cerebral, conforme o número de extremidades acometidas 
podemos também denominar: 
a) Monoplegia = Afeta apenas um membro. 
d) Triplegia = Três membros são afetados. 
e) Paraplegia = Somente os membros inferiores são afetados. 
 Essas crianças podem também, ser agitadas, hipersensíveis, apáticas, 
imprevisíveis. Além disso, em muitos casos, a idade cronológica da criança 
não corresponde à idade de desenvolvimento da mesma. Podem-se ter, ainda, 
alterações que afetem a visão, a audição e a fala, além de problemas 
específicos de aprendizagem e, possivelmente, alguns problemas físicos e/ou 
envolvimentos emocionais. Todos estes aspectos deverão ser levados em 
conta quando se avaliam os problemas de cada paciente. Para que se possa 
compreender melhor uma criança com seqüela de paralisia cerebral, se faz 
necessário entender o desenvolvimento físico (motor), da criança “normal”, 
incluindo padrões básicos mais importantes do movimento, fundamentais para 
as suas futuras atividades. Tornando-se mais fácil a avaliação de uma criança 
que apresente a lesão, e o entendimento do motivo de ela se mover de certo 
modo, e o que pode estar interferindo em seu movimento. A abordagem correta 
de todos os problemas associados implica diretamente no sucesso do 
tratamento. 
a) Retardo Mental = A avaliação cognitiva de crianças com algum 
comprometimento é difícil, pois a maioria dos testes aplicados para esta 
avaliação dependem de respostas verbais e motoras, podendo levar a um 
resultado incorretos, se forem baseados no julgamento das impressões iniciais. 
O retardo mental é mais comumente observado nas crianças com tetraplegia 
espástica. 
b) Alterações Visuais = ao nascer a criança tem seu sistema visual ainda 
imaturo, normalmente em torno dos três meses de idade a criança já é capaz 
de fixar e acompanhar um objeto em movimento, mas a visão binocular 
somente se desenvolve entre o terceiro e o sétimo mês de idade. As células 
responsáveis pela acuidade visual só alcançam a maturidade em torno dos 
quatro anos de idade. 
Na paralisia cerebral o estrabismo é freqüente. Catarata (opacidade do 
cristalino), Coriorretinite (inflamação da coróide e da retina) e glaucoma 
(aumento da pressão ocular) são desordens encontradas nas infecções 
congênitas. Nos prematuros, o oxigênio para tratar a síndrome do esforço 
respiratório pode alterar o crescimento dos vasos sanguíneos da retina 
predispõe a miopia, estrabismo, e glaucoma. Nos casos mais graves, a retina é 
descolada do fundo do olho devido a uma cicatriz fibrosa, ocasionado perda da 
visão. Devido a isto todos os prematuros tratados com oxigeno-terapia deverão 
ter avaliações oftalmológicas periódicas. O córtex é a região do lobo occipital 
responsável pela recepção e decodificação da informação enviada pelos olhos, 
uma lesão nesta área pode acarretar perda visual, que neste caso é 
denominada de deficiência visual cortical (DVC). Suas causas mais freqüentes 
são hipóxia, infecções do sistema nervoso central, traumatismo crânio-
encefálico e hidrocefalia. Os testes eletrofisiológicos completam a avaliação 
clínica e podem determinar se a causa da deficiência visual esta nos olhos ou 
no cérebro. Algumas crianças podem desenvolver alguma função visual, e de 
alguma maneira, a estimulação favorece o desenvolvimento da visão. É de 
suma importância ser feita a diferenciação de atraso da maturação visual e 
DVC nas crianças que apresentarem alterações aos exames de estímulos 
visuais. As crianças com atraso da maturação visual geralmente, não têm 
história de problemas durante a gestação e têm exame oftalmológico normal, 
embora possam apresentar algum atraso do desenvolvimento psicomotor. O 
prognóstico é bom, há a melhora espontânea da função visual no decorrer do 
desenvolvimento da criança. 
c) Deficiência auditiva = Em Todos os bebês devem ser avaliados com 
as técnicas de audiometria de tronco cerebral, consiste em estimulação das 
vias acústicas e captação dos potenciais bioelétricos gerados nas vias 
cocleares no interior do tronco encefálico. Infecções congênitas (rubéola, 
toxoplasmose, citomegalia), baixo peso ao nascer (menos de 1500g); 
hiperbilirrubinemia neonatal grave, meningite bacteriana, asfixia perinatal, e o 
uso de medicações tóxicas para ouvido (ex: estreptomicina) constituem fatores 
de risco. Quanto mais cedo se faz o diagnóstico, mais se favorece o processo 
de aprendizagem pela intervenção precoce. 
d) Dificuldade para alimentação = Em crianças com acometimento total, 
são comuns as desordens de sucção, mastigação e deglutição. Devido a estas 
dificuldades, muitas vezes há a oferta de alimentos, próprios para bebês, para 
crianças com idade acima de seis meses, podendo ocorrer quadros de 
anemias carenciais (principalmente a falta de ferro), desnutrição e infecções de 
repetição. Desnutrição prejudica o crescimento e a criança não responde 
adequadamente a estímulos prejudicando seu desenvolvimento normal. 
e) Constipação Intestinal = quanto mais tempo às fezes permanecem no 
colo, mais endurecidas às fezes ficam resultando na constipação (prisão de 
ventre). A constipação intestinal crônica acontece por vários fatores, dentre 
eles, pequena ingestão de líquidos e fibras, pouca atividade física, e o uso de 
medicações como por ex. certos antiepiléticos. 
f) Epilepsia = Os neurônios (células nervosas)

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