Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PSICOMOTRICIDADE NA ESTIMULAÇÃO PRECOCE DO PARALIZADO CEREBRAL Por: Márcia Cristina Costa D’Almada Orientador: Professor: Vilson Sergio de Carvalho Rio de Janeiro Abril/ 2007 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PSICOMOTRICIDADE NA ESTIMULAÇÃO PRECOCE DO PARALIZADO CEREBRAL Este trabalho foi realizado com o intuito de esclarecer a todos aqueles, sejam eles: pais, profissionais..., que se relacionam com crianças que tem seqüela de paralisia cerebral mostrando os benefícios da psicomotricidade atuando na estimulação precoce, enfatizando a importância deste tratamento ser iniciado logo após o nascimento ficando claro que o manuseio correto pelos seus pais, em apoio ao tratamento é de suma importância para o desenvolvimento global da criança METODOLOGIA Este estudo foi realizado a partir de pesquisas a fontes bibliográficas, sites, e artigos em revista, com o objetivo de obter o material necessário para orientação e esclarecimentos de pais, profissionais e a quem mais possa interessar o assunto a cerca dos benefícios ocasionados pela psicomotricidade atuando na estimulação precoce de criança com seqüela de paralisia cerebral. Visto que pais e outras pessoas do convívio da criança estando esclarecidos podem atuar em conjunto com o terapeuta em perfeita sintonia objetivando a melhora em todos os tipos de atividades da criança. EPÍGRAFE Uma mãe especial Deus, passeando sobre a terra, seleciona seus instrumentos para a preservação da espécie humana com grande cuidado e deliberação. À medida que vai observando, Ele manda seus anjos fazerem anotações em um bloco gigante. “Elizabete Souza... vai ter um menino. Santo protetor da mãe: São Mateus”. “Mariana Ribeiro... menina. Santa protetora da mãe: Santa Cecília”. “Claudia Antunes”... Esta terá gêmeos. Santo protetor... mande São Geraldo protegê- la. Ela esta estácostumada com quantidade”. Finalmente Deus dita um nome a um dos anjos, sorri e diz: “Para esta, mande uma criança excepcional”. O anjo cheio de curiosidade pergunta: “Porque justamente ela Senhor? Ela é tão feliz”. Exatamente, responde Deus, sorrindo. Eu poderia confiar uma criança deficiente a uma mãe que não conhecesse o riso? Isto seria cruel!” “Mas será que ela terá paciência suficiente?” “Eu não quero que ela tenha paciência demais, se não ela vai acabar se afogando num mar de desespero e auto-compaixão. Quando o choque e a tristeza passarem, ela controlará a situação. Eu a estava observando hoje, ela tem um conhecimento de si mesma e um senso de independência, que são raros, e ao mesmo tempo, tão necessários para uma mãe. Veja a criança que vou confiar a ela, tem todo o seu mundo próprio”. “Ela tem que trazer esta criança para o mundo real e isto não vai ser nada fácil”. “Mas senhor, eu acho que ela nem acredita em Deus!” Deus sorri. “Isso não importa, dar-se um jeito. Esta mãe é perfeita ela tem a dose exata de egoísmo de que vai precisar”. O anjo engasga. “Egoísmo? Isto é virtude?” Deus balança a cabeça afirmativamente. “Se ela não for capaz de se separar da criança de vez em quando, ela não vai sobreviver. Sim, aqui está a mulher a quem eu vou abençoar com uma criança menos “perfeita” do que as outras. Ela ainda não tem consciência disto, mas ela será invejada. Ela nunca vai considerar banal qualquer palavra pronunciada por seu filho. Por mais simples que seja o balbucio desta criança, ela o receberá como um grande presente, nenhuma conquista desta criança será vista como corriqueira. Quando a criança disser mamãe pela primeira vez, esta mulher será testemunha de um milagre e saberá recebe- lo”. “Quando ela mostrar uma árvore ou um por do sol ao seu filho e tentar ensina-la a repetir árvore e sol, ela será capaz de enxergar minhas criações como poucas pessoas são capazes de vê-las”. “Eu vou permitir que ela veja claramente as coisas que eu vejo: ignorância, crueldade e preconceito. Então vou fazer com que ela seja mais forte que tudo isso. Ela nunca estará sozinha eu estarei a seu lado a cada minuto de cada dia de sua vida, porque ela estará fazendo o meu trabalho e estará aqui ao meu lado”. E qual será o santo protetor desta mãe? Pergunta o anjo com a caneta na mão. Deus novamente sorri. “Nenhum! Basta que ela se olhe no espelho”. (Adaptação de “The Special Mother” de Erma Bombeck). AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus por ter me dado vida e saúde. À meus amados filhos pelo fato de eles existirem em minha vida. À minha querida mãe pelo profundo orgulho e credibilidade que ela tem por mim. À minha estimada irmã pelo companheirismo. A meu marido e meu pai pela ajuda que me dão. E a todos que de alguma forma colaboraram para a realização deste trabalho. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus Pacientes, é por eles que busco o meu aperfeiçoamento profissional, além do meu crescimento pessoal. SUMÁRIO Introdução .......................................................................................................08 Capítulo I : história da psicomotricidade .....................................................10 1.1 O reconhecimento ....................................................................................13 Capítulo 2: Psicomotricidade ........................................................................16 2.1 Quem é o psicomotricista.........................................................................18 2.3 O Desenvolvimento psicomotor ..............................................................20 2.4 Tônus .........................................................................................................21 2.6 Movimento ................................................................................................22 Capítulo 3: O início de tudo ..........................................................................24 3.1 Sistema nervoso .......................................................................................25 3.2 Reflexo....................................................................................................... 28 3.3 Reação de Retificação ..............................................................................30 3.4 Escala de maturação ............................................................................... 33 Capítulo 4: Paralisia cerebral .........................................................................36 4.1 Significado .................................................................................................36 4.2 A importância de brincar ......................................................................... 45 4.3 A aceitação ............................................................................................... 46 Conclusão .......................................................................................................48 Bibliografia ......................................................................................................49 Webgrafia .........................................................................................................50RESUMO Ao se falar de Psicomotricidade estamos falando da valorização do homem de seus através de estímulos, do movimento, de trocas afetivas, sons, do desenvolvimento do seu ambiente, fatos cotidianos e relações com os outro, sabendo-se que todas as possibilidades de movimento do ser humano são naturais, porque a sua natureza assim o permite. Devemos então estimular de modo a dar meios necessários à progressão e aquisição de sua autonomia. Lembrando que o movimento pode ser o aspecto mais humanizante de toda a aprendizagem, e com ele podemos obter respostas significativas em cada etapa do processo maturativo, e, portanto enriquecendo especificamente o desenvolvimento de cada ser, no domínio motor e mental. O trabalho psicomotor tem por objetivo desenvolver esse aspecto comunicativo com o corpo o que significa dar ao individuo a possibilidade de dominar seu corpo economizando sua energia, completando e aperfeiçoando seus movimentos. Para se falar de criança com paralisia cerebral, devemos entender que na verdade, se trata de uma seqüela causada por uma lesão cerebral que pode ser de origem pré-natal, peri-natal ou pós-natal, causando um distúrbio senso motor impedindo o seu desenvolvimento psicomotor normal. É ainda necessário entender o desenvolvimento físico (motor) da criança “normal”, incluindo padrões básicos mais importantes do movimento, fundamentais para as suas futuras atividades. Visto isto, podem-se compreender melhor, o motivo de a criança com seqüela de paralisia cerebral se mover de certo modo, e o que pode estar interferindo em seu movimento. A participação da mãe ou seu substituto junto ao terapeuta, levara a criança a obter a espontaneidade necessária para a progressão de seu desenvolvimento global. Concluímos então, que quanto mais cedo ou precoce se da o estímulo dos movimentos, maiores serão as chances de desenvolvimento desta pessoa. INTRODUÇÃO Este trabalho foi realizado com o intuito de esclarecer o desenvolvimento através da psicomotricidade na criança com paralisia cerebral de 0 a 3 anos, oferecendo aos pais e/ou familiares (e a quem mais possa interessar), informações que funcionem como uma bússola, orientando-os para melhor compreensão deste distúrbio senso-motor deste distúrbio senso-motor. Psicomotricidade é a ciência que estuda e trabalha o corpo em movimento, ciência esta, que esta a cada dia ganhando maior importância no desenvolvimento global do indivíduo, em todas as suas etapas de vida, por estar atrelada a outras ciências (biologia, psicologia, neurologia, psicanálise, sociologia e lingüística), principalmente por ser uma terapia. Segundo A psicomotricidade valoriza o homem através de estímulos, de movimento, de trocas afetivas, sons, do desenvolvimento do seu ambiente, fatos cotidianos e relações com os outros, sabendo-se que todas as possibilidades de movimento do ser humano, são naturais, porque a sua natureza assim o permite. O ser humano é uma criatura ativa, todo o seu ser esta envolvido com o movimento. O movimento é mais do que uma necessidade fisiológica, é a mais pura interpretação do seu “eu” interior. Portanto a psicomotricidade nos mostra que o homem é o seu corpo, seu corpo fala por ele até mesmo a sua revelia às vezes. Para se falar de criança com paralisia cerebral, devemos entender que na verdade, se trata de uma seqüela causada por uma lesão cerebral, levando a um distúrbio senso motor, impedindo o desenvolvimento psicomotor normal. Suas causas podem ser de origem pré-natal, peri-natal ou pós-natal. Esta é lesão estática não é progressiva, não se agrava, e nem tão pouco é contagiosa. “A natureza da deficiência motora varia de acordo com a época, localização e grau em que a lesão cerebral tenha ocorrido. (Elliasson et. A. 1996)”. Faz-se ainda necessário, entender o desenvolvimento físico (motor) da criança “normal”, incluindo padrões básicos mais importantes do movimento, fundamentais para as suas futuras atividades. Objetivando com isto, compreender melhor, uma criança com paralisia cerebral tornando-se mais fácil avalia-la, entendendo o motivo de ela se mover de certo modo, e o que pode estar interferindo em seu movimento. Tratar e mobilizar uma criança que sofre de paralisia cerebral, nos leva a solucionar muitos problemas, porém a participação e cooperação dos pais são primordiais, pois, quando estes trabalham no tratamento em sintonia com o terapeuta aumentam as chances de melhora desta criança, favorecendo assim, o desenvolvimento de suas capacidades visando sua autonomia, independendo de suas limitações. Através do movimento associado ao pensamento e a afetividade, podemos obter respostas significativas em cada etapa do processo maturativo, e, portanto, obter o enriquecimento específico de cada ser humano com o ambiente, tanto no domínio motor como no mental, favorecendo assim, a auto- estima do seu “eu” interior como sujeito. O trabalho psicomotor tem por objetivo desenvolver esse aspecto comunicativo com o corpo o que significa dar ao individuo a possibilidade de dominar seu corpo economizando sua energia, completando e aperfeiçoando seus movimentos. A experiência do corpo é a descoberta do ritmo interno, através do qual pode mobilizar a via de comunicação que há em seu interior. O corpo deve ser motivado e, contudo ter um sentido – porque me movo e para quê? Devemos então, enfatizar a importância de se interferir terapeuticamente, o mais cedo ou precocemente possível, para dar a estas crianças os meios necessários, para progressão e aquisição de sua independência. Este trabalho foi elaborado em quatro capítulos onde no primeiro capítulo descreveremos história da psicomotricidade, no segundo capítulo discursaremos o seu significado e objetivo, no terceiro capítulo abordaremos desenvolvimento do ser em termos pré e pós-natal, e ao final, no quarto capítulo falaremos sobre a paralisia cerebral, sua definição e seus problemas correlatos. CAPÍTULO 1 HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE A história da psicomoticidade nasce com a história do corpo. A concepção de definição que o homem tem de seu próprio corpo nos faz voltar às origens da humanidade. Os homens pré-históricos, pelas condições de vida a que os obrigava o meio ambiente físico, pelo perigo de vida que constantemente se expunha, pela necessidade de proteger-se cada vez melhor pelas lutas mortais, tinham grandes qualidades físicas, que administravam com inteligência superior à dos outros animais. As habilidades de correr, andar, saltar, arremessar, curvar a cabeça, nadar num rio, subir montanhas e etc. A transformação do mundo exterior que o homo sapiens foi capaz de desencadear e produzir com a sua mobilidade construtiva, sequencializada e medializada através dos instrumentos imaginados, criados, e utilizados por ele próprio, formam a base da construção de sua consciência, vital para o desenvolvimento do cérebro. “Verdadeiro mistério só comparável ao da origem da vida” (Popper. 1977). A consciência que nasce da ação intencional e imaginada obedece às leis de propriedades que estão na origem do trabalho e da formação das funções mentais superiores que marcam definitivamente a evolução sócio-cultural. “No Homo Sapiens e na criança a origem do pensamento põe em jogo uma antecipação do movimento. A antecipação do fim a atingir leva a uma planificação e seqüência de condutas previamente estabelecidas no cérebro antes de serem materializadas pela motricidade. A invenção de ferramentas artificiais permite aespécie humana à reflexão de sua relação com o mundo exterior”. (Fonseca, 1998 p.386). A origem da psicomotricidade nos confunde com a história da educação física Morizot (1982), por ocasião do primeiro congresso brasileiro de psicomotricidade no Rio de Janeiro ao abordar o que pode ser considerado como um dos primeiros momentos da psicomotricidade, referindo-se á idéia de Aristóteles que entendeu o homem como uma certa quantidade de matéria (o corpo) moldada numa forma (alma), já fazendo referencia a inter-relação entre o corpo e a alma. O pensador grego dava bastante valor a ginástica, pois ela servia para “dar graça, vigor e educar o corpo” (op.cit. p.175), Aristóteles explica a ginástica, de movimento como algo muito mais do que um simples exercício, ele acredita que deve-se encontrar o melhor exercício para cada pessoa de acordo com o temperamento desta. Já Platão professa uma concepção muito clássica do corpo em harmonia com a cultura tradicional da Grécia antiga “O corpo é o meio para se conhecer a realidade”. Outro marco significante deu-se com a ação assumindo importância na consciência que o indivíduo tem de si mesmo e do mundo exterior, sendo aqui o movimento um componente essencial na estruturação psicológica do eu. O corpo é tão unido à pessoa chegando a se misturarem. Desde o século XIX o termo psicomotricidade tem sido utilizado na área médica e as primeiras pesquisas que deram origem ao campo psicomotor e apresentam enfoque eminentemente neurológico. Nesta época constatou-se que existem disfunções graves no corpo sem que o cérebro tenha nenhuma lesão. Dupré apresentou pela primeira vez em 1920, O termo psicomotricidade, significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento. O neuropsiquiatra em 1909 definiu a síndrome da debilidade motora debilidade motriz, através das relações entre o corpo e inteligência dando início ao estudo dos transtornos psicomotores, patologias não relacionadas a indicio neurológico estudadas pela psicomotricidade. (Dupré apud Fonseca, 1995). Wallon médico, psicólogo e pedagogo, foi o grande precursor da psicomotricidade, foi ele quem impulsionou as primeiras tentativas de estudo da reeducação psicomotora. Em 1925 ele começou a relacionar a motricidade com a emoção, salientando a importância do aspecto afetivo como anterior a qualquer tipo de comportamento, para ele existe uma evolução tônica e corporal, explicando o que chamou de “diálogo corporal”. Para ele, o movimento é a única expressão e o primeiro instrumento do psiquismo. O alcance desta dimensão do movimento e do corpo da criança permite a este célebre autor francês, apresentar uma concepção original da evolução mental. Wallon refere-se ao esquema corporal não como uma unidade biológica ou psíquica, mas como uma construção, elemento de base para o desenvolvimento da personalidade da criança. O papel da função tônica e da emoção nos progressos da atividade de relação são encarados, como processos básicos da intervenção psicomotora. A importância da atividade postural e da atividade sensório-motora com pontos de partida da atividade intelectual são eminentemente defendidos na perspectiva do desenvolvimento da criança. É sempre a ação motriz que regula o aparecimento e o desenvolvimento das formas mentais (Wallon apud Fonseca, 1995). Eduard Guilmain em 1935 foi quem elaborou protocolos de exames para medir e diagnosticar transtorno psicomotor. Publicou a obra clássica: Fonctions Psychomotrices et Troubles du Comportement. Ele definiu da seguinte forma os objetivos da reeducação psicomotora: “Seguindo em todas as crianças a organização das funções do sistema nervoso à medida que se opera a maturação, podemos reabilitar as manifestações próprias das suas funções em causa” (Guilmain apud Fonseca, 1995, p.10). Ajuriaguerra desenvolveu um trabalho profundo dentro da neurofisiologia e neuropsiquiatria infantil, considerando que a evolução da criança, é sinônima de conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo: “A criança é o seu corpo”. É importantíssima a comunicação não verbal sendo a mesma, suporte indiscutível e insubstituível da linguagem humana. Corpo evolui conforme sua aprendizagem. Estudou por muito tempo a criança e foi o ponto de referência de vários outros autores. Redefiniu o conceito de debilidade motora e delimitou com clareza os transtornos psicomotores no seu manual de psiquiatria infantil. Ele desenvolveu um trabalho profundo dentro da neurofisiologia e neuropsiquiatria infantil, estudou por muito tempo a criança e foi o ponto de referência de vários outros autores (Ajuriaguerra apud Alves, 2007). 1.1 O reconhecimento Em Fevereiro do ano de 1963, a universidade da Salpêtrie confere o certificado de capacidade em reeducação da psicomotricidade Em 1968 Vayer, Lapierre e Aucoutrier, criam a Sociedade Francesa de Educação e Reeducação Psicomotora, transformando os conceitos de “ginástica corretiva”, influenciando também a maioria das escolas francesas, belgas, suíças e italianas. Os métodos de Borel Maisonny e o “Bom Départ”, surgiram na mesma época. A partir do anos setenta, Wallon continua a influenciar o pensamento psicológico desta década.Começa a ser delimitada a diferença entre uma postura reeducativa e terapêutica, ocupando-se do corpo em sua globalidade valorizando a relação, a afetividade e o emocional.Daí resultam os trabalhos na esfera da educação:Brandão, Lê Booulch, Lapierre, Defontaine,Vítor da Fonseca, Harrow, Merleau-Ponty, Piaget. Outros nomes importantes da área de Psicomotricidade são: Bernard Anconturier, A. Luria, Jea Berges, JeanClaude, V.Fonseca, etc. (Vayer, Lapierre ,Aucoutrier, Borel Maisonny, Borel Maisonny, Lê Booulch, Defontaine apud Fonseca, 1995). Segundo Lê Boulch (1982), a educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda criança normal ou com problemas. Ela ainda responde, segundo ele, por uma dupla finalidade: Assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidades da criança e ajuda sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se por meio de intercâmbio com o ambiente humano. Ele afirma também que a imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio entre as funções psicomotoras e a sua maturidade. Ela não corresponde só a uma função, mas sim a um conjunto funcional cuja finalidade é favorecer o desenvolvimento. Salientando que os movimentos espontâneos mesmo que impensados dependem das nossas experiências anteriores, não se tratando de memória intelectual, mas sim verdadeiramente uma memória corporal, que é completamente cheia de afeto e condicionada por ele. O desenvolvimento da psicomotricidade têm se dado de modo desigual nos diferentes países havendo aqueles que negam a sua existência, como no Reino Unido e, em países Anglo saxônicos. Na Europa existem duas escolas tradicionais na área da psicomotricidade desde, a francesa e a alemã. Na França em 1974, foi criado o diploma de estado “Psicoreeducador”, que, em 1985 foi denominado de diploma de estado” Psicomotricista”. No Brasil há aproximadamente trinta anos, iniciou-se o treinamento na área de psicpmotricidade por meio de profissional estrangeiro, hoje o Brasil possui o curso de graduação reconhecido pelo MEC portaria nº. 536 de 10/05/95. Existem também os cursos de pós-graduação em universidades públicas e particulares: latu-senso formando especialistas em psicomotricidade e cursos estricto-sensu formando mestres em psicomotricidade. Não podemos negar a influência da escola francesa de psiquiatria e psicologia infantil no Brasil e no mundo e finalmente na historia dapsicomotricidade devemos esta influência aos mestres Duprè, Ajuriaguerra, Soubiron, Wallon, e etc. que legaram ao mundo os primeiros estudos sobre a psicomotricidade. Os franceses tinham consciência da importância do gesto e pesquisaram profundamente os temas corporais. Wallon falou sobre tônus relaxamento e Ajuriaguerra combinou às suas pesquisas, a importância do tônus dita por Wallon e seus descritos sobre o diálogo tônico. Dra. Giselle Soubiran iniciou sua pratica de relaxação psicomotor, empenhada cada vez mais em mostrar ao mundo a importância do tônus no seu dia a dia. No Brasil, Antonio Branco Lefevre buscou as obras de Ajuriaguerra, influenciado por sua formação em Paris, a organização da primeira escala de avaliação neuromotoras para crianças brasileiras (Duprè, Ajuriaguerra, Soubiron, Wallon, Lefevre apud hptt://www.ispegae-oipr.com.br/psico_história.php) A Dra. Helena Antipoff trouxe ao nosso país, a sua experiência em deficiência mental baseada na pedagogia do interesse derivada do conhecimento do sujeito sobre si mesmo, como caminho Conquista social. Em 1977 é fundado o GAE (Grupo de Atividades Especializadas). Nesta época só existia bibliografia em francês e algumas obras em espanhol. Dra. Costallat foi quem traduziu a primeira obra para o português, que contava a história da psicomotricidade no mundo e deixava clara a fundamental contribuição da escola francesa, aliás, a única a ser citada e reverenciada por ela, sempre. Seus mestres: Dr. Ajuriaguerra e Dra. Soubiran, (Antipoff,, Costallat e Ajuriaguerra apud hptt://www.ispegae- oipr.com.br/psico_história.php) Em 1979, no primeiro Encontro Nacional de Psicomotricidade, em São Paulo, reuniu-se em torno de 1500 pessoas para ver, ouvir e aprender com a Dra. Soubiran e com a Dra. Costallat, sobre Psicomotricidade e educação. Soubiran demonstrou ao público, sua técnica de Relaxação, conquistando todos com seu charme, competência e disposição, para nós brasileiros, tornou-se a mãe da “psicomotricidade e da relaxação psicomotora”, ou como é conhecida: “madame Soubiran”. (Soubiran e Costallat apud Alves, 2007) Sociedade Brasileira de Psicomotricidade foi fundada em 1980, é uma entidade de caráter científico cultural, sem fins lucrativo, que agrega psicomotricistas e representantes regionais em sete estados de três das cinco regiões do país. O profissional de psicomotricidade trabalha com crianças em fase de desenvolvimento, bebês de alto risco, crianças com dificuldades e / ou atraso no desenvolvimento global, pessoas portadoras de necessidades especiais, pessoa da terceira idade e seus familiares. O psicomotricista atua na área de saúde e educação pesquisando, ajudando, prevenindo e cuidando do homem na aquisição, no desenvolvimento e nos distúrbios da integração somapsíquica CAPÍTULO 2 PSICOMOTRICIDADE Psicomotricidade tem o homem como objeto de estudo, e se ocupa do corpo em movimento, é a capacidade que o homem tem de se movimentar com a intenção de fazê-lo, de forma que o movimento pressuponha o exercício de múltiplas funções, psicológicas: memória, atenção, raciocínio, discriminação, afetividade etc. Sobretudo, o corpo é um dos instrumentos mais poderoso que o sujeito tem, para expressar seus conhecimentos, idéias, sentimentos, e emoções. O corpo fala pelo homem, muitas vezes à sua revelia. É o corpo que o une o homem ao mundo, e lhe dá a experiência necessária para que ele construa o seu “eu”. O estudo da psicomotricidade centraliza-se nos processos de jogo de tensões e descontrações musculares que, em última análise, viabiliza o movimento. Esse controle é estudado na sua relação com processos cognitivos e afetivos. Ou seja, através do movimento podemos melhorar a organização do desenvolvimento das capacidades intelectivas, psíquicas e adaptativas do ser, tornando-o ajustado ao meio em que vive. Desenvolvendo também, um trabalho constante sobre as condutas motoras, neuro-motoras e perceptivo- motoras, onde através destas condutas o indivíduo vai tomar consciência do seu próprio corpo, desenvolvendo e aprimorando seu equilíbrio, coordenação global e fina. Auxiliando esse indivíduo a ser o que ele é capaz de ser, porque o movimento não é um processo isolado estando em estreita relação com a conduta e a personalidade. Logo, a intervenção psicomotora se situara a nível global, tentando modificar toda a sua atitude em relação ao seu corpo, procurando respeitar as diferenças individuais baseadas no desenvolvimento psico-social. 2.1 Definição Psicomotricidade é a ciência que vem cada vez mais, aumentando sua importância no desenvolvimento geral do homem em todas as suas fases, principalmente por estar ligada a outras ciências como a psicologia, psicanálise, neurologia, biologia, lingüística, pedagogia. Isso se dá porque a psicomotricidade, estuda terapeuticamente a relação entre o homem e seu corpo, considerando não só os aspectos psicomotores, mas sim, os cognitivos e os sócio-afetivos, que o constituem como sujeito. “A pisicomotricidade consiste na unidade dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e posturas, enquanto sistema expressivo, realizador e representativo do “ser-em-ação” e da “coexistência” com outrem” (Chazaud, ipud Alves, 2005 p.15). A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade definiu de forma abrangente o que vem a ser psicomotricidade: “é uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações do seu mundo interno e externo “(SBP,1982, p.5). Psicomotricidade é a realização do pensamento através do movimento preciso, equilibrado e com pouco gasto de energia. Já Maria Rodrigues, define a psicomotricidade ou psicocinética ou educação pelo movimento como: todo o movimento que o homem executa à nível do córtex cerebral, é a ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com o seu mundo interno e externo (Rodrigues,2003, p.12). Em razão de o homem ser seu objeto de estudo, através de suas relações com o corpo em movimento, a psicomotricidade é uma técnica em que se cruzam muitos conhecimentos, e que utiliza as aquisições de numerosas ciências. Portanto, pode-se dizer que psicomotricidade é uma terapia. A psicomotricidade empenha-se em mostrar que o homem é o seu corpo, ele é antes de tudo um ser falante, e ao denominar-se, ele fala através de seu corpo (às vezes até mesmo a sua revelia). Eis o que o caracteriza. A reeducação psicomotora tem como objetivo o desenvolvimento do corpo do homem, dando a ele a chance de: dominar seu corpo economizando sua energia, de pensar em seus gestos, além de completar e aumentar seu equilíbrio e coordenação, a fim de aumentar-lhe a eficácia e a estética, Livre de constrangimentos, embaraços ou vergonha. 2.2 Quem é o psicomotricista O profissional de psicomotricidade trabalha com crianças em fase de desenvolvimento, bebês de alto risco, crianças com dificuldades e / ou atraso no desenvolvimento global, pessoas portadoras de necessidades especiais, pessoa da terceira idade e seus familiares. O psicomotricista atua na área de saúde e educação pesquisando, ajudando, prevenindo e cuidando do homem na aquisição, no desenvolvimento e nos distúrbios da integração somapsíquica Os processos mentais humanos são sistemas funcionais complexos. O cérebro humano é composto, por unidades básicas, cada uma delas possuindo uma função particular e peculiar, no todo, que constituem a atividade mental nas suas múltiplas e variadas formas (Lúria ipud Fonseca 1995.p.56). Segundo dados concretosda patologia cerebral humana, há condições suficientemente seguras para distinguir três unidades fundamentais, cuja participação é necessária a qualquer tipo de atividade mental, quer no movimento voluntário e na elaboração práxia e psicomotora, quer na produção da linguagem falada ou escrita. Mantém o tônus necessário do córtex (e de corpo). Os processos mentais apresentam substratos neurológicos específicos, se trata de sistemas funcionais totais, que se originam da atividade cooperativa das unidades funcionais cada uma com sua função específica numa espécie de constelação de centros de trabalho. Nasce a Bateria Psimomotora (BPM) que tem o objetivo de analisar qualitativamente a disfunção ou a integridade psicomotora que caracteriza a aprendizagem da criança, tentando atingir uma compreensão aproximada de como trabalha o cérebro, e, simultaneamente dos mecanismos que constituem a base dos processos mentais da psicomotricidade. Essas unidades fundamentais nas quais, o trabalho do cérebro se edifica, são elas: a) primeira unidade = A primeira unidade funcional regula o tônus cortical e a função de vigilância (de alerta). Já no desenvolvimento uterino entra em atividade e desempenha um papel decisivo no parto e nos primeiros processos de maturação motora. Comporta dois fatores psicomotores: a tonicidade e equilibração. b) segunda unidade = A segunda unidade funcional capta e processa e armazena informações que vem do meio exterior, entra em jogo o desenvolvimento extra-uterino, desempenhando o papel de transição entre o organismo e o meio, entre o espaço intra corporal e o extra corporal comporta três fatores psicomotores: lateralidade, noção de corpo e estruturação espaço temporal. c) terceira unidade =A terceira unidade programa, regula e verifica a atividade mental. Depende das outras duas unidades. Retifica-as em termos de plantificação de condutas cada vez mais conscientizadas e corticalizadas. Comporta dois fatores psicomotores: praxia global e praxia fina. . O entendimento dos processos de controle da motricidade é muito importante para a promoção do desenvolvimento humano. Durante a primeira infância, e parte da adolescência, a maior atenção deve ser dada à aquisição das capacidades e dos movimentos. Esta é uma fase marcada pela velocidade do desenvolvimento cerebral. Um grande número de botões sinápticos crescem ou passam a funcionar, constituindo a fase de maior plasticidade macroscópica cerebral, havendo uma gravação de caminhos de memória definitivos, pelo aumento da potencialização elétrica, ocorrendo também, o desenvolvimento de habilidades motoras, de processos mentais e de interiorização das estimulações sensoriais. A plasticidade cerebral e a capacidade de aprendizagem continuam após esta fase, porém, em um ritmo mais lento. Devido a isto, o desenvolvimento motor ou de capacidades físicas, nesta fase da primeira infância, não deve ser tomado como parâmetros, para o planejamento das atividades motoras, já que uma pessoa é diferente da outra, portanto, duas crianças não responderão igualmente à estímulos, promovidos por métodos de treinamento criados para o desenvolvimento psico-motor. A aquisição da capacidade de dos movimentos intencionais, exige uma grande diversidade de vivências motoras, atenção à aspectos qualitativos, tais como: ritmo, ambiente, equilíbrio, coordenação e descontração. Cabe informar que o desenvolvimento das capacidades psicomotoras é muito importante para a integração da personalidade, já que as limitações com o próprio corpo e com os movimentos afetam a segurança e a auito-estima dificultando as relações inter-pessoais. Segundo Lê Boulch (1982) a educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda criança normal ou com problemas. Ela ainda responde, segundo ele, por uma dupla finalidade: Assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidades da criança e ajuda sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se por meio de intercâmbio com o ambiente humano. Ele afirma também que a imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio entre as funções psicomotoras e a sua maturidade. Ela não corresponde só a uma função, mas sim a um conjunto funcional cuja finalidade é favorecer o desenvolvimento. Salientando que os movimentos espontâneos mesmo que impensados dependem das nossas experiências anteriores, não se tratando de memória intelectual, mas sim verdadeiramente uma memória corporal, que é completamente cheia de afeto e condicionada por ele. 2.3 Desenvolvimento Psicomor (DPM) E de suma importância para a abordagem psicomotora do homem a função do tônus muscular. Ele atua em todos os níveis de personalidade psicomotora e participa de todas as funções motrizes (equilíbrio, coordenação e dissociação). É, sobretudo material para expressão da emoção, sendo mecanismo vital para a comunicação não verbal, ou seja, Podemos transmitir , mesmo sem palavras,todo nosso estado interior (dor,medo, alegria tristeza e até nosso conceito de nós mesmos), através da “linguagem corporal“. Portanto, o tônus muscular depende muito da estimulação do meio, todo movimento realiza-se sobre um fundo tônico e um dos aspectos fundamentais é sua ligação com as emoções. A boa evolução da afetividade é expressa através da postura, de atitudes e de comportamento etc. “Desenvolvimento é uma processo ordenado, regular e contínuo que envolve todas as áreas do organismo e da personalidade” (Alves, 2005, p. 87). 2.4 Tônus Quanto a sua definição: Tônus Muscular é o estado de relativa tensão (vigília) em que se encontra o músculo normal permanentemente ou em seu estado de repouso. Ele esta presente em todas as funções motrizes do organismo, como o equilíbrio, a coordenação, o movimento etc. O tônus quando em transição muscular, estado de flutuação, passando de estado de hipotonia para hipertonia e vice versa, apresenta-se o que denominamos de: Clônus Muscular. O tônus apresenta as seguintes alterações: a) Normotonia = quando o tônus esta em seu estado normal de vigília; b) Hipertonia = quando há o aumento excessivo dessa tensão. A Hipertonia apresenta duas variáveis: 1) Hipertonia elástica, ela é espástica (espasticidade é uma perturbação do tônus por um aumento ao estiramento que pode diminuir abruptamente), e 2) Hipertonia plástica, ela é rígida. c) Hipotonia = quando há a diminuição excessiva desta tensão. “O tônus apresenta-se como uma tensão que regula controla a atividade postural suporte do movimento” (Ajuriaguerra Apud, Alves, 2005, p. 60). A base das atividades musculares é a tensão muscular. 2.5 O movimento O ser humano é uma criatura ativa que se expressa através do movimento, É possível controlar os movimentos naturais do homem, de forma que eles expressem seus desejos ordenados e planejados na vida. Qualquer que seja o meio de movimento o ser que se movimenta aprende durante todo o seu desenvolvimento, adquirindo experiência. Quanto mais se movimenta mais ao longe leva a educação. A aprendizagem através do movimento proporciona a qualquer pessoa o valor do significado do auto-conhecimento. Já no ventre materno o feto prova, através de gesticulações que esta bem vivo. Após seu nascimento, logo nos primeiros dias, o recém nascido tem necessidade de movimento e tem direito a plena liberdade dos quatro membros. O movimento é vital, para criança normal (e mais ainda se ela tiver qualquer deficiência), para um desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança. Ele permite a ela explorar o mundo exterior através de experiênciasconcretas, pelas quais são construídas as noções básicas do desenvolvimento. O movimento é o primeiro veículo usado pelo homem com o intuito de comunicação, é o meio pelo qual todo homem recorre quando não pode fazê-lo por meio de palavra. A maioria deles parece ser tão naturais que, é difícil acreditar que muitos foram aprendidos. Os tipos de movimentos são: Movimento reflexo (involuntários), movimento voluntário (intencionais) e movimento automático (de início voluntário depois automático ex. marcha) Devido ao grande desenvolvimento das atividades intelectuais, tem se esquecido do homem como totalidade. O homem tem necessidade de equilíbrio rítmico e, portanto, os seus movimentos simples e primitivos são a base para seu desenvolvimento físico e saúde. Através do movimento associado ao pensamento e a afetividade, podemos obter respostas significativas em cada etapa do processo maturativo, e, portanto, obter o enriquecimento específico de cada ser humano com o ambiente, tanto no domínio motor como no mental, favorecendo assim, a auto- estima do seu “eu” interior como sujeito. A experiência do corpo é a descoberta do ritmo interno, através do qual pode mobilizar a via de comunicação que há em seu interior. O corpo deve ser motivado. O movimento é a característica necessária para a aprendizagem, onde podemos obter respostas significativas em cada etapa do processo maturativo, enriquecendo especificamente o desenvolvimento de cada ser, no domínio motor e mental. Se faz necessário uma ajuda, que seja ao mesmo tempo estimulante e sem imposições, para favorecer o desenvolvimento psicomotor. Refeições, troca de fraldas, cuidados com a higiene, banhos, modo de carregar a criança e etc. devem ser momentos aproveitados para ser dado estímulos necessários para o bom desenvolvimento do bebê através de brincadeiras diálogos e cantigas. O homem é um organismo ativo, e o movimento é vital para o seu bem estar. A vida humana é atribuída ao movimento, desde os movimentos amplos até as minúsculas pulsações vísceras. Assim a ausência de movimento no período pré natal é causa de alarme. Para se entender o que ocorre com uma criança com Paralisia Cerebral, é importante compreender o neuro-desenvolvimento ser humano normal, desde sua fase Embrionária. É de grande importância compreendermos que a vida pós-natal e a motricidade do recém nascido nada mais é do que a continuidade da vida intra-uterina. CAPÍTULO 3 O INÍCIO DE TUDO O ciclo vital se dá inicio com a fecundação, que é quando o espermatozóide penetra no óvulo formando o embrião (concepção, organização genética). Após mais ou menos sete dias da fecundação acontece a nidação (implantação do óvulo fecundado no útero). Mais ou menos duas semanas após a fecundação o embrião acelera sua reprodução iniciando os vestígios da formação dos primeiros órgãos inclusive do sistema nervoso central. Entre oito e dezeseis semanas o embrião vira feto, inicia-se a sensibilização oral, extensão de tronco, deglutição e reflexo de Babinski, e também inicia-se os movimentos pré respiratórios. Há o surgimento dos membros e órgãos. Entre a vigésima segunda e vigésima quarta semanas o feto já apresenta reflexo tônico do pescoço e de preensão e controle físico- químico. Por volta da vigésima sétima semana o feto começa a ter sensações como a dor. A partir da trigésima oitava semana o feto atinge a vitalidade do nascimento (bebê a termo). As células nervosas se desenvolvem bastante entre o sexto mês de gestação até, mais ou menos cinco seis anos de idade (desenvolvimento neuronal). O desenvolvimento intra urerino é o alicerce para a vida o desenvolvimento da vida extrauterina. O desenvolvimento do cérebro tem início logo após a concepção e continua após o nascimento. Ao nascer o ser humano apresenta algumas estruturas já prontas, definidas como, por exemplo: a cor dos cabelos, a cor dos olhos, sexo, outras estão por se desenvolver, neste último caso encontra- se parte do sistema nervoso, que precisa de condições favoráveis para seu pleno funcionamento e desenvolvimento. Os movimentos, ações e enfim a integração do homem as condições do meio ambiente, estão na dependência de um sistema muito especial chamado “Sistema Nervoso”, que precisa de condições favoráveis para o seu pleno funcionamento e desenvolvimento. 3.1 O sistema nervoso O movimento as ações, enfim a integração do homem ás condições do Meio ambiente dependem do sistema nervoso. O sistema nervoso compreende Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico. O sistema nervoso central compreende em encéfalo (cérebro, cerebelo, ponte ou protuberância e bulbo). Na superfície do encéfalo localiza-se uma massa cinzenta onde se acumulam os neurônios (neles são armazenadas as informações, são percebido os sentidos e são processados os dados obtidos à partir de estímulos exteriores), essa área superficial é chamada de córtex cerebral que é a zona de controle motor ou de sensibilidade. E lê tem a maior importância no grau de desenvolvimento do indivíduo. Mais profundamente no encéfalo se encontra a massa cinzenta, onde praticamente não se encontram corpos de neurônio, mas apenas suas ramificações (dendritos e axônios). Em todo o encéfalo são numerosos os centros nervosos, como os centros da visão, do paladar, da audição, do olfato, da dor, da fome, da cócegas, da raiva, da coordenação motora (este muito amplo e se subdivide em áreas correspondentes aos diversos pontos do corpo), da associação visual para a leitura, do centro de regulação respiratória, cardíaca, centro termorregulador etc. O córtex é, portanto, o centro de controle dos atos conscientes e inconscientes e também da inteligência. Afora o encéfalo o sistema nervoso central é constituído pela medula (ou raquidiana). É ela quem faz a transição entre as diversas partes do corpo. Os estímulos vem da pele e dos órgãos até a medula, e dela vão ao cérebro, também as ordens motoras vem do cérebro até a medula e daí são distribuídas para pontos específicos do corpo. Todo o sistema nervoso central fica protegido por uma caixa óssea (crânio e coluna vertebral) e por meninges : dura-máter, aracnóide e pia-máter. O Sistema Nervoso Periférico compõe-se dos nervos cranianos que nascem diretamente do cérebro (12 pares). Alguns partem do cérebro, outros da ponte, e outros ainda do bulbo. Alguns são sensitivos, outros motores e outros por sua vez são mistos. Inervam a cabeça o pescoço e os ombros, apenas o pneumogástrico ou vago penetra no tronco e inerva as numerosas vísceras.Já os nervos raquianos nascem todos na medula raquidiana são em número de 31 pares e são todos mistos, isto é transmitem sensações da pele e dos órgãos para a medula como transmitem ordem motora destas para os músculos. Cada nervo raquiano tem uma raiz posterior (sensitiva) e uma raiz anterior (motora), nas proximidades da medula, e nervos raquianos com as suas ramificações. Chama-se Arco reflexo a resposta imediata após a excitação de um nervo sem a vontade do indivíduo. Alguns arcos reflexos têm apenas a atuação da medula, sem a participação do cérebro. Neste caso, o estimulo entra na medula pela raiz posterior, atravessa a massa cinzenta por meio de um neurônio de associação saindo da medula pela raiz anterior, por um neurônio motor. Há arcos reflexos que se fazem apenas entre o neurônio sensitivo e o neurônio motor, não existindo entre eles o neurônio de associação. Mas também ocorrem arcos reflexos mais complexos e envolvemestímulos que vão ao córtex cerebral e dele voltam trazendo informações para medula. O hemisfério central direito comanda as atividades do lado esquerdo do corpo, assim como as atividades do lado direito estão sob o comando do hemisfério cerebral esquerdo. O Sistema Nervoso Autônomo ou neuro vegetativo é formado por nervos que trabalham sem a participação da vontade ou da consciência do indivíduo. Esses nervos se dividem em dois grupos: Sistema Simpático e Sistema Parassimpático. Eles funcionam sempre em antagonismo, do que resulta das atividade equilibrada dos órgãos. Os nervos do simpático nascem dos ramos anteriores dos nervos raquianos, ao nível da região média da medula raquiana. Os nervos parassimpático nascem diretamente do encéfalo (pneumogástrico) e das porções mais inferiores da medula raquiana (neste último caso, também de ramos anteriores dos nervos raquianos). Em síntese, o sistema nervoso tem duas funções: a) Colocar o indivíduo em relação com o mundo exterior b) Promover o relacionamento entre as diferentes partes do organismo. No desenvolvimento mental da criança o que ocorre não é simplesmente uma maturação dos instintos naturais, ele se desdobra no processo de atividade objetiva e na comunicação com os adultos onde estão contidas práxis e a linguagem do ser humano. “A maturação do cérebro, como um sistema dinâmico que é, forma-se a partir da influência decisiva do meio envolvente”. (Fonseca,1995, p.50) Durante os primeiros anos de vida algumas células corticais novas são acrescentadas, as células ficam maiores e as já existentes estabelecem mais conexões entre si. O cérebro fica mais pesado. O sistema nervoso não se desenvolve de uma só vez e obedece a uma seqüência, é preciso pedir a criança o que ela for capaz de realizar levando em consideração seu processo de maturação. A maturação do cérebro como sistema dinâmico que é, forma-se a partir da influência decisiva do meio envolvente. O ser humano tem uma característica peculiar do reino animal, nasce como cérebro imaturo e inocluso. De fato só alguns processos como os reflexos estão presentes ao nascimento, outros dependem da ajuda exterior. O cérebro é efetivamente um sistema que combina diferentes do sistema nervoso, cujo trabalho conjunto não só tende a uma análise e uma síntese extremamente complexa da realidade, como também implica a regulação e a planificação das mais complexas formas da atividade humana. No desenvolvimento mental da criança o que ocorre não é simplesmente uma maturação dos instintos naturais, ele se desdobra no processo de atividade objetiva e na comunicação com os adultos onde estão contidas práxis e a linguagem do ser humano. A maturação do cérebro, como um sistema dinâmico que é forma-se a partir da influência decisiva do meio envolvente. ( Fonseca,1995.p.50) Vários cuidados e exames pediátricos devem ser realizados no recém nascido, como por exemplo: pele, órgãos genitais, face, cabeça, tórax, abdômen, sistemas sensoriais, fontanelas, cordão umbilical, Com o intuito de identificar: malformações congênitas, patologias, anomalias, lesões ou disfunções cerebrais etc. Objetivando a importantíssima identificação precoce para se poder intervir o mais rapidamente possível. Não podemos esquecer que uma criança com seqüela de paralisia cerebral ou com necessidades especiais, deve ter iniciado seu tratamento logo após seu nascimento. Dentro destes cuidados, temos como fundamental a observação: dos reflexos, do tônus e da mobilidade espontânea, estes três aspectos diferenciados constituem o repertório neurobiológico inicial com o qual o recém nascido vai iniciar a aprendizagem sócio-história. 3.2 Reflexo Reflexo é uma certa resposta para um determinado estímulo que envolve a unidade anatômica chamada arco reflexo, no qual a parte superior do sistema nervoso central (cérebro) não participa indo somente até a medula, são movimentos executados imediatamente como reação a um estímulo determinado. São inatos não precisam de aprendizagem para a sua produção embora a experiência os aperfeiçoem. Mais de setenta reflexos primitivos. A observação destes reflexos compreende necessariamente uma maturação tônica concomitante. Já foram detectados no período neonatal. A do bebê deve compreender uma simples observação subdividida nos aspectos: de comportamento global evolutivo, alternância vigilância-sono, reatividade, choro e atividade sensorial. No que diz respeito a observação dos reflexos (ou dos automatismos primários), os reflexos mais importantes são: 1) Reflexos orais e periorais = Os reflexos da deglutição e da sucção estão presentes no recém nascido, a cabeça orienta-se no sentido da zona perional estimulada (reflexos dos pontos cardiais). A ausência pode sugerir defeito no desenvolvimento; 2) Reflexo dos olhos (pupilar e palpebral) = Vários reflexos se observam a nível dos olhos. Os mais importantes são: reflexo de pestanejar, e o reflexo da não fixação, o reflexo de rotação (dependente da função vestibular) e o reflexo da pupila; 3) Reflexo de moro (do abraço) = Resposta global a um estímulo inesperado ou a um estímulo antigravítico. É um reflexo vestibular, que consiste numa abdução e numa extensão de braços, acompanhados de choro vigoroso. Trata-se também de um mecanismo de alerta que deve desaparecer por volta de três a quatro meses de idade; 4) Reflexo de preensão = Verifica-se quando se estimula a palma da mão, provocando uma flexão de dedos, ficando a mão fechada. Constitui um reflexo tônico dos flexores dos dedos. A estimulação nas costas das mãos provoca o reflexo oposto; 5) Reflexo de preensão plantar = De zero a oito meses estimula-se a base dos metatarsos a criança responderá com a flexão total dos dedos; 6) Reflexo do pé = Flexão da perna provocada por simples estimulação na sola do pé, podendo causar movimento ipsilateral. Este reflexo deve desaparecer por volta dos oito meses; 7) Reflexo da anca = Provocado por flexão de uma perna, originando flexão da perna contrária; 8) Reflexo da marcha = Por estimulação da superfície plantar do pé, com o bebê suspenso ou seguro pelas axilas, este evoca a flexão projetada da perna contrária com extensão da perna apoiada, evidenciando num movimento similar à marcha; 9) Reflexo de calcanhar = Provocado por uma percussão ou pressão, implicando em extensão de membro; 10) Reflexo tônico do pescoço (RTCA) = reflexo postural assimétrico em que se verifica a orientação, para o mesmo lado da cabeça e do braço, com flexão contra lateral do joelho e braços. Desaparece por volta de dois, tres meses. Nas crianças com paralisia cerebral, este reflexo persiste e pode até aumentar (e o RTCS) aparece entre dois e três meses e vai até seis oito meses = flexionado-se a cabeça da criança os membros superiores se fletem e os inferiores se estendem, ao se estender a cabeça os membros superiores se estendem e os superiores se flexionam; 11) Reflexo de incurvação = A estimulação de uma região paravertebral leva a uma incurvação de todo o corpo da criança, no sentido do ponto estimulado; 12) Reflexo de Landau = O bebê na suspensão ventral evidencia uma extensão da cabeça, na coluna e nas pernas. Trata-se de uma associação do reflexo labiríntico de retificação com certos reflexos cervicais; 13) Reflexos ósteo-tendinosos = Normalmente exagerados nas crianças com paralisia cerebral; 14) Reflexo palmomental = Abertura da boca por estimulação da palma da mão; 15) Reflexo da passagem de obstáculo = Provocado por estimulação dorsaldo pé com flexão da perna. 16) Reflexo tônico labiríntico = De zero a dois meses. A criança em supino apresenta epistótomo e em prono flexão total; Esses reflexos devem desaparecer com o tempo, dando lugar a aquisições motores ontogenéticas, como as que emergem como conseqüência do desenvolvimento postural. A ausência e a persistência contínua desses reflexos podem refletir uma perturbação neurológica e por isso fornecem uma informação muito relevante para o diagnóstico evolutivo, a identificação precoce e maturação da criança. 3.3 Reações de Retificação As reações de retificação existem para poder coordenar o corpo. Movimentos harmoniosos controlados e reagir contra a força da gravidade. Permitem o ajustamento dos segmentos do corpo entre si imprescindíveis para que o organismo possa realizar mudanças corporais permitindo ações antigravitacionais harmoniosos e funcionais. 1) Reação labiríntica de retificação = a criança colocada em prono com o nariz e a boca sobre o travesseiro girará e cabeça podendo se dizer que é o início da reação labiríntica de retificação, esta é a reação que coloca a cabeça em posição normal em relação ao espaço; 2) Reação Cervical de Retificação = É o complemento da labiríntica. Aparece após o nascimento e vai até mais ou menos os três quatro meses. Criança em supino flete e gira a cabeça a cabeça para um dos lados e ela responderá como um todo. Esta reação permite rolar em bloco; 3) Reação Corporal de Retificação = Aparece após os seis meses. Criança em supino gira a cabeça para um dos lados e ela responderá girando o seu corpo dissociando cinturas pélvica e escapular; ·. 4) Reação Óptica de Retificação = Aparece aos cinco meses. Criança conserta o corpo de acordo com os estímulos visuais (retificação da cabeça em relação ao corpo através das vias ópticas ajuda a orientação espacial do corpo sobre a via de sentido visual); 5) Reação do Elevador = aparece com seis meses, criança de gatas em superfície móvel elevando-se ela bruscamente para cima a criança faz flexão de cotovelos e abaixa a cabeça, quando a superfície é levada bruscamente para baixo a criança faz hiper extensão de cabeça e membros superiores; 6) Retificação Protetora dos Braços = Surgirá para frente aos seis meses, para os lados aos oito meses e para trás aos dez ou doze meses. É a extensão súbita dos braços para a proteção das quedas; A observação do tônus aborda o tônus de fundo e o tônus de ação. O tônus de fundo é revelado pela extensibilidade e pela passividade. O tônus de ação é evidenciado pela motilidade, pelo endireitamento da cabeça, pelo endireitamento global, e pelo endireitamento do eixo corporal, quando a criança é mantida por um apoio plantar. O tônus é um reforço às aquisições motores automáticas primárias. A sua maturação se dá no sentido caudo-cefálico, isto é, o sentido inverso das aquisições locomotoras, que seguem como já vimos o sentido céfalo-caudal. A exploração desta dupla e dialética aquisição, segundo Dargassies, permite determinar a idade fetal neurológica. Segundo Gesell citado por Fonseca (1998) a escala de desenvolvimento até os cinco anos de idade, compreendendo os seguintes comportamentos: a) Comportamento adaptativo aos ajustamentos sensório-motores e percepções das relações; b) Comportamento motor global (postura e marcha); c) comportamento motor fino (preensão e dextralidade); d) Comportamento lingüístico (fatores de comunicação verbal e não verbal); e) Comportamento pessoal-social (reações pessoais à cultura social). Estes cinco aspectos do comportamento desenvolveram-se interdependentemente, contendo processos normais de maturação. O comportamento transforma-se em estrutura e em função. O corpo cresce e o comportamento também, pensamento e movimento não se opõem, a diferenciação neurológica produz a sua maturação evolutiva. Como defende Wallon o desenvolvimento da criança é um misto de inovação e de renovação. A motricidade e o psíquico, embora sendo duas realidades diferentes, são igualmente duas realidades solidárias. O período que compreende o nascimento e a aquisição da linguagem é um período de extraordinário desenvolvimento mental, sendo, decisivo para todo desenvolvimento psíquico: representa a conquista através da percepção dos movimentos de todo o universo prático em que a criança esta envolvida. O bebê manifesta interesse e necessidade de intercâmbio com ambiente humano, sendo a comunicação instaurada entre a criança e o meio em que vive um dos fatores principais para o desenvolvimento. As funções de relação musculares e sensoriais são pobres. O recém- nascido submetido a gravidade, não tem tônus suficiente para assegurar o seu equilíbrio de seu corpo; sua motricidade se limita a reações impulsivas, essencialmente localizadas nos membros. No momento em que a criança entra no meio aéreo, a quantidade e a qualidade de sinais aumentam e resultam numa atuação importante do processo de maturação sensorial e dos centros nervosos correspondentes. Os estímulos cutâneos, visuais e auditivos ocasionados pela presença humana são fatores essenciais ao desenvolvimento vão permitir que a criança estabeleça um contato ativo com o ambiente. 3.4 Escala de maturação * Um mês de idade = Padrão flexor, mãos fechadas, rotação da cabeça para um dos lados sendo este movimento involuntário para um dos lados, consegue levantar a cabeça por alguns segundos, em decúbito dorsal (barriga para cima) reflexo tônico de pescoço. Não tem controle de cabeça nem tronco. * Dois meses de idade = Diminuição do padrão flexor, início dos movimentos voluntários, esboço do rolar pela reação labiríntica de retificação. # Três meses de idade = Fim do padrão flexor, elevação da cabeça com extensão de tronco, mãos mais abertas, início da coordenação bubo-manual (mão na boca por prazer), já sustenta a cabeça, mas não senta,quando sustentada nas axilas , levanta os pés alternadamente (reflexo de marcha). * Quatro meses de idade = Cabeça já erguida e pernas esticadas início de movimento de flexo extensão de joelhos, na posição de quatro apoios (gatas) transfere o peso para os membros superiores preparação para engatinhar, tenta levantar a partir do deitado, interessa-se pelos pés. * Cinco meses = Criança em DV (barriga para baixo), faz apoio com as mãos e começa a brincar de elevar o quadril, engatinha, e apresenta esboço de RPB para frente, tenta sentar sozinha. * Seis meses de idade = Criança com já controla melhor o tronco, brinca na posição de gatas, começa a engatinhar. * Sete meses de idade = Criança já tem controle de cabeça e tronco e inicia sentar sozinha, manipula objetos com ambas as mãos, apresenta esboço de RPB para os lados, começa a ficar de pé colocando o peso sobre as pernas, mas não por muito tempo. * Oito meses de idade = Criança tenta passar de urso (gatas com joelhos estendidos) para PO (posição ortostática – de pé), apresenta bipedismo com suporte por um tempo maior, estabelece-se bem preferência manual (lateralidade). * Nove meses de idade = criança engatinha mais para trás do que para frente, as pernas ainda não fazem o movimento correto, começa apresentar a curvatura fisiológica da lombar, inicia o RPB para trás, consegue sustentar bem peso do corpo sobre os pés desaparecendo o reflexo de preensão dos dedos. * Dez meses de idade = Já realiza o balanceio em PO, apresenta RPB para frente, para os lados e para trás, consegue se deslocar com os glúteos. * Onze meses/ Onze meses e meio = Apresenta esboço de marcha livre, já realiza trocas posturais corretas (coordenaçãoe equilíbrio satisfatórios), passa de deitado para sentado, desta para gatas, e desta para PO. * Um ano de idade = Anda com aumento da base de sustentação (pernas abertas), por estar aprimorando seu equilíbrio estático e dinâmico e coordenação, sobe e desce escadas com apoio, começa a aprender a correr. * Dois anos de idade = Criança corre com flexão de joelho, sobe e desce escadas sem apoio (descendo coloca os dois pés no mesmo degrau), já anda com bom equilíbrio para frente, para os lados e para trás, consegue agachar para pegar um objeto, levantar e continuar andando com equilíbrio. * Três anos de idade = criança já pula com os dois pés e inicia pular e ficar em um pé só aprimorando o equilíbrio inicia andar de triciclo. * E daí por diante o desenvolvimento e aprendizado é constante Dependendo do afeto, do estado emocional e do estímulo externo do meio em que vive uma criança poderá apresentar um desenvolvimento mais rápido que outra de mesma idade, sem que isto represente alguma alteração patológica. Cada criança é única, é diferente da outra. Um bebê privado de mobilidade terá a dificuldade de desenvolver a sua percepção corporal. O possível retardo ou parada no desenvolvimento desta criança pode ser acentuado pelo desenvolvimento anormal do relacionamento entre mãe e filho, que é um fator importantíssimo no processo de maturação da criança. É preciso pedir para a criança o que ela é capaz de realizar, levando em consideração seu processo de maturação. O desenvolvimento é contínuo, a criança desenvolve-se de maneira contínua desde que nasce. Crescimento em altura e peso, desenvolvimento intelectual e afetivo dependem de influências comuns. CAPÍTULO 4 PARALISIA CEREBRAL O termo Paralisia Cerebral vem do Grego = Paralysis – Significa fraqueza / perda de função motora e/ou sensorial. Cerebral é relativo ao cérebro. William Little em 1860 foi quem descreveu pela primeira vez a Paralisia Cerebral, relacionando suas alterações a hipóxia perinatal e dos traumas de parto como fatores determinantes de lesões cerebrais irreversíveis (William Little apud www.apcb.org.br/paralisia) Freud em 1897 foi quem praticamente inventou, onde empregou a expressão “Paralisia Cerebral Infantil”, dando a entender que a criança acometida por ela ficará imobilizada, sendo que este fato ocorre somente com uma parcela dos pacientes, como efeito progressivo da hipotonia (excesso de tônus muscular), devido à gravidade da lesão e ausência de terapias adequadas. Em virtude da má colocação verbal desta “patologia”, algum especialista tem adotado outros termos como: Incapacidade Motora Cerebral (IMC), Distrofia Cerebral Ontogênica (DCO), Encefalopatia Crônica da Infância (ECI), com o intuito de evitar qualquer associação, do termo paralisia, com o julgamento da capacidade mental da pessoa. Quando esta capacidade é afetada, trata-se de deficiências múltiplas. 4.1 Significado A definição de paralisia cerebral é o conjunto de distúrbios motores causados por uma lesão do cérebro imaturo ocasionada pela falta de oxigenação do tecido nervoso ou alguma agressão relacionada ao cérebro, levando a uma desordem do movimento e da postura devida, interferindo assim, no desenvolvimento motor normal da criança. (Esta lesão pode ocorrer desde o período embrionário até os cinco anos de idade). Acontecendo antes do parto, no momento do parto ou após o parto. De acordo com a época, localização e grau em que a lesão cerebral tenha ocorrido, existirá uma variação da natureza da deficiência; podemos então dividir estas lesões em três períodos: a) Pré-natal = Estas lesões podem ocorrer quando há a ameaça de aborto, nos primeiros meses de gestação, traumas diretos no abdome da mãe, exposições ao raios x, infecções adquiridas durante a gravidez (sífilis, rubéola, toxoplasmose), incompatibilidade do fator Rh da mãe e do pai. As dificuldades enfrentadas no período gestacional (condições patológicas como má circulação placentária ou enfermidades materna, uso de drogas, etc.) têm a ação evidente sobre o feto, agindo sobre o metabolismo da criança. b) Neo-natal = Estas lesões ocorrem quando há uma falta de oxigenação na hora do nascimento da criança. As causas são partos difíceis principalmente em fetos muito grandes e mães pequenas, parto muito demorado ou o uso de fórceps, manobras obstétricas violentas e os bebês que nascem prematuramente (antes dos nove meses e pesando menos de dois quilos). Possuem um maior risco de apresentar paralisia cerebral. c) Pós-Natal = O período recém-nato tem os seus riscos no caso de logo nos primeiros meses de vida, febre muito alta (39°C ou acima), desidratações graves. Existem também lesões nos casos de infecções por meningite ou encefalite, traumatismos crânios-encefálicos, asfixia por afogamento, envenenamento por gás ou por chumbo. Além do sarampo. Estes são os fatores de risco para a paralisia cerebral. A paralisia Cerebral é uma lesão estática, não se agrava, o quadro não é progressivo, e também não é contagiosa. A deficiência motora expressa-se em padrões normais de postura e movimento, associados com um tônus postural anormal. No entanto, algumas características (seqüelas e deformidades), quando não tratadas devidamente, poderão mudar com o tempo, sendo assim progressivas. Uma única criança pode mudar de uma categoria diagnóstica para outra durante o processo de maturação. Os distúrbios mais relevantes são os motores, sem necessariamente, implicar na deficiência mental associada, a inteligência pode ir do normal ao subnormal. Essas crianças, devido ao desenvolvimento incompleto, parecem por vezes, não ter nascido de fato, sendo, de alguma forma, imaturas para estabelecer contato como mundo que as espera. Dependendo da área cerebral afetada, quanto ao tônus muscular a pessoa com a seqüela de paralisia cerebral pode apresentar as seguintes características no comportamento motor: a) Espásticas = É uma paralisia causada no sistema piramidal ocasionadas por traumatismo no moto neurônio superior do córtex ou nas vias que terminam na medula espinhal. Espasticidade é uma perturbação do tônus por um aumento da resistência ao estiramento, que pode diminuir abruptamente. Os músculos estão em contração contínua havendo aparente fraqueza do seu condutor antagonista. Há a incapacidade de relaxar os músculos. As deformidades das articulações se desenvolvem (Os músculos espásticos não tem crescimento normal) e podem com o tempo tornar-se contraturas fixas. Flexão e rotação interna dos quadris, flexão dos joelhos e equinismo são as deformidades mais freqüentes nas crianças que adquirem a marcha. Podendo ainda, desenvolver luxação paralítica dos quadris e escoliose. Pode haver a Tetraplegia que é o acometimento dos braços, pernas, tronco e cabeça (envolvimento total). A tetraplegia esta relacionada a problemas que determinam sofrimento central difuso grave (infecções, hipóxia e traumas), ou com malformações cerebrais graves. Quando a lesão atinge principalmente a porção do trato piramidal responsável pelos movimentos das pernas, ocorre a Diplegia Espástica onde os movimentos dos membros inferiores são maiores do que dos membros superiores. Esta forma é menos grave do que a tetraplegia. A maioria das crianças adquire marcha independente antes dos oito anos de idade. Quando ocorrem malformação cerebral, acidentes vasculares ocorridos ainda na vida intra-uterina e traumatismo crânio encefálico, há a Hemiplegia Espastica, queé o acometimento de um dos lados do corpo. A criança com este tipo de comprometimento tem bom prognóstico e adquirem marcha independente. Algumas apresentam um tipo de distúrbio sensorial que impede ou dificulta o reconhecmento com a mão do lado da hemiplegia. b) Atetósicas = Esta paralisia tem a lesão localizada no gânglio basal no trato extrapiramidal. Atetose é o comprometimento neurológico dos movimentos involuntários de pequenas articulações (articulações distais). São movimentos lentos que se tornam exacerbados na tentativa de se realizar movimentos voluntários. Apresenta constantes movimentos involuntários de contorção das extremidades e da língua. Podemos ter as formas: 1) coreoatetósica, que é a associação de movimentos involuntários contínuos, uniformes e lentos (atetose) e rápidos, arrítmicose de início súbitos (coreicos). 2) Distônica, que apresenta movimentos intermitentes de torção devido à contração simultânea das musculaturas agonista e antagonista, muitas vezes acometendo somente um lado do corpo. Os movimentos involuntários são leves ou acentuados e são raramente observados durante o primeiro ano de vida. Nas formas graves antes desta idade a criança apresenta hipotonia (tônus muscular diminuído) e o desenvolvimento motor é bastante atrasado. Muitas crianças não são capazes de falar, andar ou realizar movimentos voluntários funcionais sendo, portanto dependentes para as suas atividades de vida diária. c) Atáxicas = Esta lesão esta localizada no cerebelo. Suas características são: incoordenação, dificuldade de equilíbrio, e seus movimentos são sem ritmo e sem direção, apresentando tremores ao serem realizados. A marcha realizada é cambaleante por causa da deficiência de equilíbrio. Assim como nas formas extra-piramidais de paralisia cerebral, durante o primeiro ano de vida, a alteração observada é a hipotonia. A alteração mais encontrada frequentemente é a ataxia associada a sinais piramidais (tônus muscular aumentado e reflexos exacerbados). É raro de se encontrar ataxia pura na paralisia cerebral. d) Mistas = Paralisia que apresenta a associação de mais de uma característica das já citadas acima. Devido à interdependência e interligação dos sistemas as lesões raramente ocorrem em uma única região isoladamente Na Paralisia Cerebral, conforme o número de extremidades acometidas podemos também denominar: a) Monoplegia = Afeta apenas um membro. d) Triplegia = Três membros são afetados. e) Paraplegia = Somente os membros inferiores são afetados. Essas crianças podem também, ser agitadas, hipersensíveis, apáticas, imprevisíveis. Além disso, em muitos casos, a idade cronológica da criança não corresponde à idade de desenvolvimento da mesma. Podem-se ter, ainda, alterações que afetem a visão, a audição e a fala, além de problemas específicos de aprendizagem e, possivelmente, alguns problemas físicos e/ou envolvimentos emocionais. Todos estes aspectos deverão ser levados em conta quando se avaliam os problemas de cada paciente. Para que se possa compreender melhor uma criança com seqüela de paralisia cerebral, se faz necessário entender o desenvolvimento físico (motor), da criança “normal”, incluindo padrões básicos mais importantes do movimento, fundamentais para as suas futuras atividades. Tornando-se mais fácil a avaliação de uma criança que apresente a lesão, e o entendimento do motivo de ela se mover de certo modo, e o que pode estar interferindo em seu movimento. A abordagem correta de todos os problemas associados implica diretamente no sucesso do tratamento. a) Retardo Mental = A avaliação cognitiva de crianças com algum comprometimento é difícil, pois a maioria dos testes aplicados para esta avaliação dependem de respostas verbais e motoras, podendo levar a um resultado incorretos, se forem baseados no julgamento das impressões iniciais. O retardo mental é mais comumente observado nas crianças com tetraplegia espástica. b) Alterações Visuais = ao nascer a criança tem seu sistema visual ainda imaturo, normalmente em torno dos três meses de idade a criança já é capaz de fixar e acompanhar um objeto em movimento, mas a visão binocular somente se desenvolve entre o terceiro e o sétimo mês de idade. As células responsáveis pela acuidade visual só alcançam a maturidade em torno dos quatro anos de idade. Na paralisia cerebral o estrabismo é freqüente. Catarata (opacidade do cristalino), Coriorretinite (inflamação da coróide e da retina) e glaucoma (aumento da pressão ocular) são desordens encontradas nas infecções congênitas. Nos prematuros, o oxigênio para tratar a síndrome do esforço respiratório pode alterar o crescimento dos vasos sanguíneos da retina predispõe a miopia, estrabismo, e glaucoma. Nos casos mais graves, a retina é descolada do fundo do olho devido a uma cicatriz fibrosa, ocasionado perda da visão. Devido a isto todos os prematuros tratados com oxigeno-terapia deverão ter avaliações oftalmológicas periódicas. O córtex é a região do lobo occipital responsável pela recepção e decodificação da informação enviada pelos olhos, uma lesão nesta área pode acarretar perda visual, que neste caso é denominada de deficiência visual cortical (DVC). Suas causas mais freqüentes são hipóxia, infecções do sistema nervoso central, traumatismo crânio- encefálico e hidrocefalia. Os testes eletrofisiológicos completam a avaliação clínica e podem determinar se a causa da deficiência visual esta nos olhos ou no cérebro. Algumas crianças podem desenvolver alguma função visual, e de alguma maneira, a estimulação favorece o desenvolvimento da visão. É de suma importância ser feita a diferenciação de atraso da maturação visual e DVC nas crianças que apresentarem alterações aos exames de estímulos visuais. As crianças com atraso da maturação visual geralmente, não têm história de problemas durante a gestação e têm exame oftalmológico normal, embora possam apresentar algum atraso do desenvolvimento psicomotor. O prognóstico é bom, há a melhora espontânea da função visual no decorrer do desenvolvimento da criança. c) Deficiência auditiva = Em Todos os bebês devem ser avaliados com as técnicas de audiometria de tronco cerebral, consiste em estimulação das vias acústicas e captação dos potenciais bioelétricos gerados nas vias cocleares no interior do tronco encefálico. Infecções congênitas (rubéola, toxoplasmose, citomegalia), baixo peso ao nascer (menos de 1500g); hiperbilirrubinemia neonatal grave, meningite bacteriana, asfixia perinatal, e o uso de medicações tóxicas para ouvido (ex: estreptomicina) constituem fatores de risco. Quanto mais cedo se faz o diagnóstico, mais se favorece o processo de aprendizagem pela intervenção precoce. d) Dificuldade para alimentação = Em crianças com acometimento total, são comuns as desordens de sucção, mastigação e deglutição. Devido a estas dificuldades, muitas vezes há a oferta de alimentos, próprios para bebês, para crianças com idade acima de seis meses, podendo ocorrer quadros de anemias carenciais (principalmente a falta de ferro), desnutrição e infecções de repetição. Desnutrição prejudica o crescimento e a criança não responde adequadamente a estímulos prejudicando seu desenvolvimento normal. e) Constipação Intestinal = quanto mais tempo às fezes permanecem no colo, mais endurecidas às fezes ficam resultando na constipação (prisão de ventre). A constipação intestinal crônica acontece por vários fatores, dentre eles, pequena ingestão de líquidos e fibras, pouca atividade física, e o uso de medicações como por ex. certos antiepiléticos. f) Epilepsia = Os neurônios (células nervosas)
Compartilhar